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Tema: Governança Corporativa – II

Prof. Bruno Caraciolo


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Governança Corporativa

A governança corporativa “sobe a régua” de práticas a serem


observadas pela companhia, seus conselheiros, diretores,
acionistas controladores, investidores, auditores..

Essa prática iniciada nas companhias abertas hoje é


amplamente aplicada em companhias fechadas, sociedades
limitadas e outras entidades, visando sempre aumentar o
valor de mercado da entidade.

Por reduzir os conflitos de interesse entre os interessados, a


governança corporativa tem sido moldada e aplicada até
mesmo no âmbito de famílias de detentoras de grande
patrimônio.
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“Em 1991, o Banco da Inglaterra criou uma comissão para elaborar um


Código das Melhores Práticas de Governança que tinha o Sir Adrian
Cadbury como chairman (presidente do conselho). A Comissão
Cadbury era um trabalho conjunto da Bolsa de Valores de Londres, da
entidade de contadores da Inglaterra e do Conselho de Relatórios
Financeiros. Desse esforço resultou o Relatório Cadbury, que foi
divulgado em dezembro de 1992, inspirado na prática do mercado de
capitais norte-americano. Em suas principais linhas estão as
seguintes: a descrição das responsabilidades do conselho, a definição
dos membros do conselho (dispondo sobre quem não deve ser
conselheiro), realce à participação de membros independentes no
conselho e disposição sobre a necessidade de comitês de conselho
(especificamente um comitê de auditoria, um de nomeação e um de
remuneração)”
https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/9643/1/RB%2024%20Aspectos%20de%20Governan%C
3%A7a%20Corporativa%20Moderna%20no%20Brasil_P_BD.pdf
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“O aparecimento da governança corporativa na Itália está


ligado à batalha da compra da Telecom Itália pela Olivetti
(que fez uma oferta de takeover hostil da ordem de US$ 48,5
bilhões) e ao Comitê Draghi (este propôs a privatização e a
modernização da Bolsa de Milão, a adoção de balanços
transparentes e relatórios financeiros semestrais, a
divulgação da remuneração dos conselheiros e investigações
mais rigorosas sobre o uso de informação privilegiada). Com
isso, seu capitalismo familiar dá lugar a um novo modelo.”
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“Na França, o grande passo foi dado pela publicação do


Relatório Vienot, que recomenda transparência pública para a
remuneração dos diretores e conselheiros, a limitação de até
cinco conselhos em que um conselheiro pode exercer o
cargo, a maximização do ganho dos acionistas, a criação de
comitês – especialmente os de auditoria e remuneração – e a
eleição de conselheiros independentes. E com isso, 87% das
empresas que compõem o índice CAC da Bolsa de Paris
seguem as recomendações do Relatório Vienot.”
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Seguindo a tendência, diversas disposições da Lei brasileira das


S/A foram modificadas no final dos anos 90 e início dos anos 2000,
incluindo:

1. Proteção aos acionistas minoritários na hipótese de fechamento


de capital da companhia, estipulando a obrigação de se realizar
oferta pública, por preço justo, sujeita a revisão por solicitação de
acionistas que representem pelo menos 10% do capital social.

2. Redução da proporção no capital social entre ações


preferenciais e ordinárias, para 50%, exigindo maior
representatividade do capital social em ações com direito a voto,
visando aumentar a quantidade de ações necessárias ao exercício
do controle.
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3. Eleição de um membro do Conselho de Administração por


acionistas titulares de ações preferenciais que detenham pelo
menos 10% do capital social. No caso de acionistas titulares
de ações com direito a voto é assegurada a eleição de um
membro a titulares de 15% do total das ações com direito a
voto.

4. Direito dos acionistas titulares de ações com direito a voto


de alienar suas ações por preço correspondente a 80% do
valor das ações integrantes do bloco de controle, em oferta
pública a ser realizada quando da alienação do controle da
companhia (tag-along).
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5. A criação de vantagens mais efetivas às ações


preferenciais negociados no mercado de valores mobiliários
(art. 17, § 1º). § 1o Independentemente do direito de receber ou não o valor de
reembolso do capital com prêmio ou sem ele, as ações preferenciais sem direito de voto ou
com restrição ao exercício deste direito, somente serão admitidas à negociação no mercado
de valores mobiliários se a elas for atribuída pelo menos uma das seguintes preferências ou
vantagens: I - direito de participar do dividendo a ser distribuído, correspondente a, pelo
menos, 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido do exercício, calculado na forma do art.
202, de acordo com o seguinte critério: a) prioridade no recebimento dos dividendos
mencionados neste inciso correspondente a, no mínimo, 3% (três por cento) do valor do
patrimônio líquido da ação; e b) direito de participar dos lucros distribuídos em igualdade de
condições com as ordinárias, depois de a estas assegurado dividendo igual ao mínimo
prioritário estabelecido em conformidade com a alínea a; ou II - direito ao recebimento de
dividendo, por ação preferencial, pelo menos 10% (dez por cento) maior do que o atribuído a
cada ação ordinária; ou III - direito de serem incluídas na oferta pública de alienação de
controle, nas condições previstas no art. 254-A, assegurado o dividendo pelo menos igual ao
das ações ordinárias.
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6. O fortalecimento do direito de recesso, pois, além de se


acrescentar cisão, em determinadas hipóteses, no rol das
deliberações possíveis de recesso alterou-se o critério legal
de dispersão, que passa a ser relacionado à espécie ou
classe de ação do acionista dissidente.

7. Previsão da possibilidade de se instituir estatutariamente a


arbitragem como forma de resolução dos conflitos entre os
acionistas e a companhia, ou entre os acionistas
controladores e os acionistas minoritários (art. 109, § 3º).”

https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/9643/1/RB%
2024%20Aspectos%20de%20Governan%C3%A7a%20Corpo
rativa%20Moderna%20no%20Brasil_P_BD.pdf
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Em 1999 surge o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


(IBGC), principal referência nacional na difusão das melhores
práticas de governança corporativa. Entre as diversas publicações
do IBGC encontra-se o Código de Melhores Práticas, hoje em sua
quinta edição. O referido documento apresenta como princípios
básicos da governança corporativa:

Transparência: Consiste no desejo de disponibilizar para as partes


interessadas as informações que sejam de seu interesse e não
apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos.
Não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro,
contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis)
que norteiam a ação gerencial e que conduzem à preservação e à
otimização do valor da organização
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Equidade: Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico


de todos os sócios e demais partes interessadas
(stakeholders), levando em consideração seus direitos,
deveres, necessidades, interesses e expectativas.

Prestação de Contas (accountability): Os agentes de


governança7 devem prestar contas de sua atuação de modo
claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo
integralmente as consequências de seus atos e omissões e
atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos
seus papéis
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Responsabilidade Corporativa: Os agentes de governança


devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das
organizações, reduzir as externalidades8 negativas de seus
negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando
em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos
capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano,
social, ambiental, reputacional etc.) no curto, médio e longo
prazos.
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Entre as principais recomendações do Código de Melhores


Práticas do IBGC se pode citar:

a) O estatuto/contrato social deve, sempre que aplicável,


contemplar: i. situações nas quais os detentores de
participação sem direito de voto adquiram esse direito; ii.
cláusulas de extinção de eventuais direitos políticos ou
econômicos diferenciados, em função de afastamento do
princípio “uma ação, um voto” (sunset clause); iii. eventuais
mecanismos de proteção contra tomada de controle (poison
pills);
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iv. cláusulas sobre as regras de funcionamento da


assembleia, forma de convocação, documentação, realização
e participação dos sócios; v. mecanismos para identificação e
resolução de casos de conflito de interesses nas assembleias
e no conselho de administração; vi. dispositivos sobre o
número de conselheiros, mandato, eventual renovação e
desligamento, sua independência e qualificação técnica, bem
como hipóteses de substitui- ção e vacância do cargo,
avaliação de desempenho e adoção de regimento interno; vii.
existência e atribuições dos comitês do conselho, incluindo o
de auditoria, mas não se limitando a ele;
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viii. dispositivos sobre o número de diretores, mandato,


qualificação técnica, atribui- ções dos diretores
individualmente e da diretoria e regras para a substituição de
diretores nas hipóteses de afastamento tanto temporário
quanto definitivo; ix. regras para a elaboração de laudo de
avaliação e dispositivo normatizando o direito de venda (tag
along), acompanhado da definição de acionista controlador e
regras para a respectiva oferta pública; x. cláusulas de
arbitragem e/ou outras formas de resolução de conflito (vide
1.4);
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xi. existência de políticas relevantes, tais como: distribuição


de dividendos, com a indicação de dividendo mínimo
obrigatório; comunicação; divulgação e negociação de ações;
contribuições e doações; prevenção e detecção de atos de
natureza ilícita; xii. informações sobre o arquivamento e a
disponibilização de acordo de acionistas; xiii. adoção de
código de conduta (vide 5.1); xiv. regras para eleição,
instalação e funcionamento do conselho fiscal, em caráter
permanente ou não (vide 4.2); xv. prazo máximo após o qual
a recontratação dos auditores deve ser submetida pelo
conselho de administração para ratificação da assembleia
geral (vide 4.3.2); xvi. mecanismos para disciplinar as
transações entre partes relacionadas;
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xvii. proibição de empréstimos e garantias em favor do


controlador e dos administradores (vide 5.5); xviii.situações
em que os sócios têm direito de se retirar da organização e
as condições para que isso aconteça (preferencialmente com
preços condizentes ao valor econômico da organização).

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