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Sumário

AGRADECIMENTOS ............................................................................... 10
SINOPSE ....................................................................................................... 11
CAPÍTULO UM ........................................................................................... 12
CAPÍTULO DOIS ....................................................................................... 24
CAPÍTULO TRÊS ....................................................................................... 56
CAPÍTULO QUATRO ............................................................................... 66
CAPÍTULO CINCO.................................................................................... 97
CAPÍTULO SEIS ....................................................................................... 114
CAPÍTULO SETE ..................................................................................... 133
EPÍLOGO ................................................................................................... 154
FIM... ............................................................................................................. 154
AGRADECIMENTOS
Eu gostaria de agradecer a minha família por todo o apoio deles durante este
momento emocionante da minha vida, especialmente meu marido. Eu não poderia
ter feito isso sem você. Eu também gostaria de agradecer a todos os meus amigos
que estiveram lá por mim, respondendo perguntas e ajudando a me guiar, Judy,
Reese, Sally, Julie, Reese, Fern, Beth, Susan e Narelle. Obrigado, senhor
SINOPSE
CAPÍTULO UM

Isis observou silenciosamente a abóbada aberta de sua nave espacial, o


Hunter, observando como Betelgeuse se aproximava. Deusa, seu planeta era
lindo. Uma joia brilhante na escuridão do espaço, orientando-os para casa e
ela nunca percebeu isso. Todos esses anos... e nunca viu como seu mundo
parecia do espaço. Por quê? Ela sempre quis vê-lo. Pediu a Oryon para que
a levasse para esta sala nos primeiros anos depois da sua união, mas algo
sempre era mais importante e ela finalmente parou de pedir.
Uma vez por ano, por mais de vinte cinco anos, era autorizada a viajar
para Tornian com Oryon e ouvir o primeiro discurso do ano do Imperador
aos Senhores. Isso ocorreu no início deste ano com o Imperador Wray
apresentando Kim, declarando-a Torniana e tornando-a sua Imperatriz,
chocando a todos. A única outra Assembleia que as
fêmeas podiam participar era as Cerimônias de União como aquela da qual
acabaram de sair.
Desta vez, ela não pediu. Apenas saiu de suas câmaras e abriu a própria
cúpula. Vários guerreiros olharam de forma estranha quando ela passou, mas
ninguém a impediu. Por que ela não fez isso há anos atrás?
Ao entrar, pegou no bolso o comunicador que a Imperatriz Kim lhe
deu e não sabia por que não fez isso antes. Não considerou possível que uma
fêmea pudesse ir e vir como quisesse, que ela tivesse o direito de fazê-lo. Sabia
melhor agora, graças a ela... e suas amigas.
Ela agora tinha fêmeas que considerava amigas e por causa disso,
percebeu que havia muitas coisas das quais tinha direito, como ajudar a
governar sua Casa e outras coisas que nunca pensou ser possível... como
sentir prazer quando Oryon se unisse a ela.
Ela queria fazer mais do que sentar-se ao lado de Oryon, como ele
permitiu pela primeira vez apenas no outro dia. Ela queria ficar ao seu lado e
ser uma parte importante de sua vida, suas vidas e ajudá-lo a governar
Betelgeuse, não apenas ser a fêmea que lhe deu descendência.
Ele permitiria isso? Ele passou por muitas mudanças em seu
relacionamento desde a Cerimônia de União. Eles agora descansavam juntos
todas as noites, a noite inteira, se unindo ou não. Eles se beijaram e foi
incrível, mas Isis descobriu depois de conversar com Kim e Abby que
havia coisas ainda mais incríveis que poderiam fazer juntos. Coisas que Isis
queria tentar.
— Isis? — A pergunta tranquila de Oryon a fez se virar para encontrar
o único macho que sempre quis, juntando-se a ela na sala.
— Sim? — Ela perguntou.
— Por que está aqui? — Ele questionou. Recebeu dezenas de
palavras frenéticas, detalhando cada passo da jornada de sua
Senhora. Nenhum deles soube o que fazer quando a viram caminhar pelos
corredores sem ele, acenando com a cabeça.
— Você sabia que esta é a primeira vez que vejo Betelgeuse do espaço?
— Perguntou, ignorando sua pergunta. Seu olhar voltou ao planeta do outro
lado da cúpula.
— O quê? — Oryon olhou para ela e para seu planeta. — Isso não
pode ser. Voltamos para casa muitas vezes e...
— E toda vez que pedi que você me trouxesse aqui, outras coisas eram
sempre mais importantes.
— Isso não é verdade! — Oryon negou, mas sabia que era
verdade. Isis pediu durante os primeiros anos de sua união e ele não a
trouxe. — Por que você não disse alguma coisa?
— Teria importado? — Perguntou, já conhecendo a resposta
e Oryon flexionou a mandíbula.
Oryon não sabia o que dizer. Sua Isis mudou tanto nas últimas
semanas. Seu mundo mudou e ele ainda estava tentando se ajustar. Nunca
antes Isis teria ousado se aventurar fora de suas câmaras sozinha. Nunca
antes o questionou, não assim. No entanto, nunca antes se sentiu tão...
satisfeito. Ele e Isis agora descansavam juntos, todas as noites. Eles
compartilhavam beijos, toques especiais e refeições. Por que nunca pensou
em fazer isso antes? Porque nunca pensou em permitir
isso. As fêmeas Tornianas raramente tinham contato com seus machos fora
das uniões e então, apenas para lhe dizer o que queriam para permanecer ou
levar quando iam embora para se unir a outro macho. Sim, Isis era diferente,
ela realmente conversava com ele sobre sua prole e permitia que ele a tocasse
durante as uniões, mas nunca indicou que queria mais.
Agora eles faziam as refeições juntas e ele começou a gostar disso, de
como ela perguntava sobre seu dia.
Agora, Isis pressionava seus lábios nos dele naquela coisa maravilhosa
chamada de beijo que aprenderam com o Rei Grim e sua Rainha.
Agora, sua Isis descansava com ele, todas as noites. Despertar para
encontrá-la em seus braços era... Oryon não tinha certeza do que, mas
gostava muito.
Mas foi ela, permitindo que ele a tocasse... sempre que quisesse e que
ela devolvesse o toque foi o que mais apreciou. Sentiu-se excitado, mas
calmo ao mesmo tempo. Parecia certo, sentia-se natural e sabia que nunca
poderia viver sem isso agora. Especialmente não quando tanto em suas vidas
mudava. Ynyr, seu terceiro macho foi escolhido pelo próprio Imperador
para substituir Bertos como Lorde. Dizer que Oryon ficou chocado, era um
eufemismo. Isis sempre lhe disse que Ynyr era especial, que ele era mais do
que seu manno acreditava e ela tinha razão.
Ela foi a única em insistir em mandar Ynyr ao Imperador para
treinamento especial, para que ele pudesse voltar para Betelgeuse para
ajudar Oryon com o treinamento de seus guerreiros. Fazendo da Casa Rigel,
um lugar onde todos gostariam de enviar seus jovens para treinamento.
Agora, Ynyr levaria esse treinamento para Etruria, onde precisaria de
todas as habilidades que aprendeu para reparar o dano
que Bertos e Risa causaram e criaram em sua própria casa.
Ull, seu primeiro macho, estava lutando para chegar a um acordo com
tudo o que aconteceu. Ull não foi escolhido na Cerimônia de União e apesar
disso ter ferido seu orgulho, poderia superar tudo isso, pois, nenhum macho
foi escolhido. Mas então, Ynyr foi nomeado Lorde de uma das casas mais
importantes do Império e uma fêmea da Terra o escolheu como seu macho.
Com isso, Ull não estava lidando bem e Oryon sabia que era sua culpa.
Ull nunca precisou lutar da mesma forma que Ynyr. Ele nunca realmente
entendeu o que não era ser um primeiro macho. Oryon sim, porque ele era o
segundo macho de seu manno e sabia que seu lugar era apoiar seu
irmão. Não foi até seu vigésimo ano, com a morte de seu irmão em batalha
que Oryon se tornou próximo na linha de sucessão.
Ull sempre soube que um dia ele seria o Senhor, por isso, atrairia pelo
menos uma fêmea. Nunca duvidou disso, mas agora o fazia.
— Meu Senhor. — Oryon virou-se para encontrar seu Capitão atrás
dele. — Estamos nos aproximando de Betelgeuse.
— Eu sei, Shen. — Oryon disse com impaciência, observando
enquanto Isis se aproximava da cúpula.
— Eu... sim, meu Senhor. — Shen gaguejou surpreso pela impaciência
da voz de seu Senhor. — Mas você supervisiona pessoalmente nossa
chegada.
— Não desta vez, Shen, cuide disso em meu lugar.
— Sim, meu Senhor. — Dando a Isis de volta um olhar
rápido, Shen curvou-se e saiu da sala.
Oryon esperou até que Shen se afastasse antes de se mover para
Isis. Lentamente, ele aproximou-se dela tocando um ponto na cúpula. — É
ali que está nossa casa. — Ele disse calmamente, seus lábios tocando a orelha
dela enquanto falava.
Isis levantou a mão, cobrindo lentamente os dedos dele com os dela,
enquanto ela também tocava sua casa. — Ali? — Ela perguntou suavemente.
— Sim. — Ele disse, curvando os dedos para segurar os dela.
— É lindo. — Ela suspirou, recostando-se contra seu poderoso peito.
— Não tão bonito como você. — Ele disse bruscamente.
Inclinando o rosto para cima, ela viu de perto seus lábios, seu cabelo
escuro e o brilho de seus incríveis olhos cinza. — Você acha que eu sou
bonita?
— A criatura mais bela que a Deusa já criou. — Ele disse a ela antes
de tomar seus lábios em um beijo duro.
Virando, Isis envolveu seus braços ao redor dele, devolvendo o beijo,
puxando-o ainda mais perto.
— Deusa, Isis. — Oryon gemeu, suas mãos se movendo para segurar
seu traseiro firme, puxando-a contra seu eixo pulsando. Ele não
podia acreditar no quão rápido ela o despertava agora. Tudo o que precisava
era um toque, um olhar e ele estava pronto para se unir a ela.
— Toque-me Oryon. — Ela implorou, guiando uma de suas mãos a
seu peito, apertando-a de maneira encorajadora.
— Sim! — Ele concordou, movendo a mão, puxando a manga de sua
cobertura, revelando o glorioso pedaço de carne ao seu olhar. Inclinando-se,
ele tomou a ponta dura em sua boca, chupando da forma como descobriu
que a deixava selvagem.
Esticando-se nos dedos dos pés, Isis ofereceu-lhe mais. —
Mais Oryon. — Ela implorou, sentindo seu canal inundar e apertar com
necessidade. Suas uniões anteriores nunca foram como esta. Enquanto se
tocavam mais e descansavam juntos, Oryon ainda lhe dava prazer com a
boca primeiro. O sexo oral, como ela foi informada por Kim e Abby, deixava
seu canal molhado o suficiente para ele entrar nela. Agora, ela sabia que seu
canal já estava molhado e queria que ele entrasse, queria saber se poderia
sentir prazer enquanto ele estava dentro dela como as fêmeas da Terra
podiam.
Levantando a mão, desabotoou a calça, a mão se movendo para agarrar
seu eixo duro como uma rocha, liberando-o. Esta era outra coisa
que ela sempre quis fazer, mas nunca pensou ser possível, agora faria o que
parecia certo, natural com seu macho.
— Isis! — Oryon ofegou, afastando a boca de seu seio em estado de
choque. Deusa, ela nunca o tocou assim e seus quadris instintivamente se
moveram. Parecia impressionante.
— Eu quero você, Oryon. — Isis disse levantando olhos escuros para
o dele, deixando-o ver sua necessidade enquanto ela o apertava. —
Agora! Eu preciso de você dentro de mim agora!
A mente de Oryon estava confusa. Esta não era a maneira correta de
se unir com sua Isis. Ele precisava agradá-la com a boca primeiro, mas suas
mãos não o ouviam. Elas estavam levantando Isis e afastando-se, para
encostar suas costas contra a cúpula enquanto ele se posicionava entre suas
pernas abertas.
Quando a cabeça maciça de seu pênis cutucou sua entrada, uma gota
escorrendo dele o fez parar e um momento de sanidade voltou. — Isis... —
Ele começou, mas antes que pudesse dizer mais, as pernas que estavam ao
redor de seus quadris se apertaram, empurrando seu pênis para o único lugar
que queria, dentro dela.
Ofegando, Oryon bateu uma mão na cúpula. Deusa, ela estava mais
gostosa e linda do que nunca antes e não conseguiu evitar se aproximar ainda
mais dela.
— Sim, Oryon! — Isis gritou, agarrando seus ombros enquanto seus
quadris se moviam contra ele, seu canal já molhado e pulsando. — Mais. —
Ela exigiu.
Oryon não conseguia se lembrar de um momento em que se sentiu tão
fora de controle, nem mesmo durante sua primeira união quando teve
sua primeira vez dentro de uma fêmea. Essa experiência alterou sua vida,
tornando-o um macho, mas isso... isso mudava tudo. Sua Isis não
estava apenas permitindo que ele aproveitasse seu prazer, ela estava
contribuindo para isso, aumentando-o com cada golpe e parecia receber o
mesmo prazer em troca.
Com cada golpe profundo e forte, ele jurava que ela ficava mais
apertada, pulsando ao redor dele até que de repente ela gritou, suas paredes
o apertando dolorosamente. Ele não pode fazer nada além de rugir,
enquanto se liberava dentro dela.
Oryon descobriu que suas pernas não eram tão fortes e firmes como
pensou, enquanto lutava para manter os dois em posição vertical. Nunca
antes ele experimentou algo tão magnífico quanto sentir a liberação de Isis
enquanto ele estava dentro dela. Isso deixou sua própria liberação mais
poderosa, como se sua alma explodisse e ele soubesse que agora
estavam unidos por toda eternidade.
— Meu Senhor! — O som de seus guerreiros se aproximando para
ver por que o Senhor rugiu, fez Oryon recuperar sua força rapidamente. Ele
separou seus corpos, certificando-se de que Isis estivesse firme em seus pés,
antes de colocar seu eixo ainda semiduro de volta em sua calça. Ninguém
deveria ver sua Isis assim. Ela era para seus olhos e apenas para ele.
Girando, ele encontrou mais de uma dúzia de guerreiros invadindo a
sala de observação, suas bocas estavam abertas enquanto observavam a
condição de seu Senhor.
— Por que estão aqui? — Oryon exigiu.
— Meu Senhor, o Guerreiro Shen falou... — Seus olhos foram para o
reflexo de Lady Isis na cúpula enquanto ela arrumava sua cobertura, mas não
antes de ver a curva firme de seu traseiro. — Nós ouvimos seu rugido e
pensamos que estivesse pedindo ajuda.
— Desde quando eu preciso de assistência quando estou com minha
Senhora? — Oryon rosnou com raiva. — Saiam! Agora! Ou tudo o que
encontrarão será minha espada! — Seus guerreiros tropeçaram para
obedecer a seu Senhor, Shen sendo o último a sair.
Oryon esperou até ter certeza de que estavam sozinhos antes de voltar
para Isis. Sua respiração quase parou com o que encontrou. Os antebraços
de Isis estavam pressionados contra seu peito. Seus punhos cobriam seus
lábios, inchados de seus beijos. Seu rosto estava corado e lágrimas escorriam
de seus olhos bem fechados. Deusa, o que ele fez? Como ele poderia
consertar isso?
Então ela fez algo que ele nunca esperou, abriu os olhos e começou a
rir. Uma risada cheia de alegria que fez com que seus olhos cintilassem e um
grande sorriso curvou seu rosto.
— Oh Deusa, Oryon! Você viu seus rostos? — Perguntou ofegante, as
lágrimas escorrendo por seu rosto. — Eles realmente pensaram... isso... —
Ela descobriu que não podia continuar. Deusa, realmente? Eles sabiam que
era apenas ela e Oryon na sala. Não havia como ela poder prejudicá-lo!
— Você poderia, sabe. — Ele disse colocando um braço de cada lado
dela, colocando-a entre seu corpo duro e a cúpula.
— Poderia? — Ela perguntou ainda rindo, sem perceber falou em voz
alta.
— Prejudicar-me. Você é a única que pode. — Seus olhos eram sérios
quando encontraram os dela.
— O quê? — Ela sussurrou, seu humor desaparecendo.
— Você Isis, é a minha única fraqueza. Eu sacrificaria tudo por você,
até minha honra.
Os olhos de Isis percorreram o rosto que ela amava desde que o viu
pela primeira vez aos dezoito anos. Ele era ainda mais bonito para ela agora,
porque agora, ela realmente o conhecia e ele era um macho maravilhoso. Ele
era seu macho e não queria que sacrificasse nada. Ao aproximar-se, ela
gentilmente segurou seu rosto. — Eu nunca pediria isso a você Oryon. Eu
te amo muito. Sempre amei. — Ficando nas pontas dos pés ela gentilmente
beijou seus lábios.
— E eu te amo Isis. — Ele murmurou contra seus lábios, seu coração
inchando com as palavras. — Vamos, vamos para casa. — Empurrando a
cúpula, Isis percebeu um sorriso diabólico em seus lábios, um que lhe dizia
que estava pensando em algo particularmente impertinente.
— O que você está pensando? — Ela perguntou.
— Estou pensando que precisamos viajar mais, para que eu possa
mostrar-lhe Betelgeuse do espaço toda vez que retornamos.
Isis sentiu todo o seu corpo se inclinar em direção ao que Oryon estava
insinuando. — Na próxima vez, teremos certeza de fecharmos a porta.
— E trancá-la. — Oryon concordou saindo com ela da sala de
observação, sem notar a estrela que brilhou mais por um momento.
CAPÍTULO DOIS

Foi com novos olhos que o olhar de Isis percorreu sua casa, a
Casa Rigel. Seu exterior era feito de troncos maciços colhidos séculos antes,
que formavam paredes grossas e impenetráveis. Pedras que pareciam
sentinelas silenciosas diante de um conjunto de portas enormes. Algum
tempo no passado distante, os artesãos esculpiram uma cena de caça
intrincada nessas portas, anunciando tudo o que se esperava daqueles que
passavam por elas. À medida que as portas se abriam, a imensa lareira acolhia
o cansativo caçador e afastava o frio durante a estação fria.
A Casa Rigel não era um lugar magnificamente elegante como a Casa
Torino. Era mais simples e confortável, exatamente o que a casa do planeta
de um caçador precisava ser. Machos de todo o Império iam ali para
aprimorar suas habilidades de caça e rastreamento, para provar que eram
dignos de serem chamados de Guerreiros. Através destas portas esculpidas, as
gerações dos maiores Guerreiros do Império passaram e isso enchia Isis de
orgulho, saber que seu macho era seu Senhor.
Franzindo o cenho, ela olhou para os lugares óbvios da sala e para
aqueles que não tão óbvios. Ela conversou muito com Lisa sobre o que fez
na casa Luanda e mostrando abertamente o que o Rei Grim lhe
deu. Sobre como ela lidou com tudo, porque Isis queria fazer o mesmo ali. Ela
queria que a Casa Rigel brilhasse tanto quanto Betelgeuse no espaço e agora
percebeu que sabia como fazê-lo.
Este lugar definitivamente precisava de uma fêmea para fazê-lo
brilhar. Havia sujeira nos cantos, equipamentos sujos empilhados contra as
paredes e as janelas sequer eram limpas. Sua câmara nunca ficaria em tal
condição e nem a de Oryon. Então por que não era essa mesma atenção dada
para o restante da Casa? Bem, ela se certificaria de que fosse agora.
— Isis? — A pergunta de Oryon a fez olhá-lo. Ela
encontrou Oryon junto com todos os machos que retornaram
de Tornian observando-a.
— Sim? — Ela perguntou.
— Alguma coisa errada? — Eles estavam passando pela entrada, em
direção a sua ala como sempre, quando ela desacelerou e depois parou.
— Claro que não, estava apenas inspecionando a sala, certificando-me
de que ela refletisse bem em seu Senhor.
Oryon ergueu uma sobrancelha para as palavras dela, então deixou seu
olhar percorrer a sala. Ele não via nada fora do lugar. Guerreiros se reuniam
ali depois de treinar ou uma grande caçada, aquecendo-se diante do fogo e
contando histórias. Grandes cadeiras e uma mesa foram colocadas antes do
fogo por esse motivo. A Casa Rigel não era tão formal como Torino. Não
tinha nenhuma extravagância ou seu alto brilho. A Casa Rigel era uma casa
de guerreiros. Sua Isis queria que fosse algo mais?
— Não vejo nada fora do lugar. — Disse ele.
— Não, não fora de lugar, simplesmente não tão bem como poderia
ser. — Quando Oryon franziu a testa, ela passou o braço através dele e
sorriu. — Não se preocupe. Eu falarei com Mestre Kaspar sobre isso mais
tarde.
— Você fará o quê? — Oryon perguntou em uma voz enganosamente
suave. Ela realmente pensava que ele a deixaria conversar com o
Mestre Kaspar?
— Eu disse. — Isis repetiu, olhando-o firme. Ela conhecia aquele
tom. Era o único que ele usava quando estava extremamente descontente
com um macho. — Que conversaria com o Mestre Kaspar para garantir que
esta sala fosse adequadamente limpa no futuro. Não deve haver sujeira nos
cantos e as janelas precisam ser limpas.
— Você não conversará com ele. — Grunhiu Oryon.
— Como? — Isis exigiu, afastando a mão de seu braço.
— Eu disse...
— Eu ouvi o que você disse Oryon. — Ela respondeu de forma todos
puderam ouvir que ela estava tão irritada quanto ele. Não seria
ordenada como se fosse um de seus Guerreiros. Ela era sua Senhora e exigia
o mesmo respeito dele que exigia que outros lhe dessem. — Eu
simplesmente não acredito que você disse isso. Não para mim.
Com isso ela chocou a todos, pois nenhum deles já ouviu Lady Isis
levantar a voz e muito menos vê-la agir assim.
∞∞∞∞∞

Oryon observou confuso enquanto Isis se afastava dele. — Sigam-na!


— Ele ordenou a dois de seus guerreiros. — Certifiquem-se que ela chegue
a nossa ala com segurança.
— Sim, meu Senhor. — Os machos se curvaram e rapidamente foram
atrás de Isis.
— Parece que o tempo que ela passou com as fêmeas terrestres a fez
esquecer seu lugar. As palavras de Ull fez Oryon olhá-lo, junto com Vali e
Zev.
— O lugar dela? — Oryon se virou para seu primeiro macho.
— Sim, ela não pode simplesmente falar com outro
macho. Insulta você.
— Como isso me insulta Ull? — Oryon perguntou suavemente.
— Ela pensa se unir a outro macho de sua própria casa. — Ull franziu
a testa, parecendo irritado por declarar o óbvio.
— E você acha que é por isso que sua mãe deseja falar com o
Mestre Kaspar, para iniciar uma união? — Oryon precisava admitir que está
foi sua reação inicial às palavras de Isis. Foi por isso que ele falou com ela
daquela forma. Agora ouvindo alguém dizer isso, percebia que era um
absurdo.
Sua Isis o amava, o amou desde o início. Ela o escolheu há vinte e cinco
anos e com todas as palavras, todas as ações, ela provou que nunca se
arrependeu. Nenhuma vez em todos esses anos, olhou para outro
macho. Ela recusou todas as ofertas. Não começaria agora.
Ela declarou para todos por que queria conversar com
Mestre Kaspar. Ele era o Mestre da Casa Rigel, responsável por assegurar
que as operações do dia-a-dia da Casa fossem atendidas. Ela queria mais
atenção dada à aparência do Grande Salão, queria que refletisse bem nele. Isso
foi o que a Rainha Lisa fez com a Casa Luanda e obviamente, Isis queria
fazer o mesmo ali.
— Claro. É a única razão pela qual uma fêmea conversa com um
macho. — Continuou Ull.
— Então, foi o que a Imperatriz fez quando se dirigiu à
Assembleia? Ela estava procurando por um novo macho para se unir? —
Oryon perguntou, sentindo sua raiva retornar. — Foi o que a Rainha Lisa
fez quando também falou lá?
— Não, claro que não. — Disse Ull com desdém. — Isso foi
diferente. São fêmeas da Terra.
— Então, você está dizendo que nossas fêmeas Tornianas devem ser
tratadas de forma diferente das fêmeas da Terra? Que elas não têm o direito
de conversar com quem quiserem, sempre que desejarem, sem estarem
interessadas em se unir a estes machos?
— Não é nossa cultura. — Disse Ull.
— É a cultua da minha Senhora. — Grunhiu Oryon, dando um passo
ameaçador em direção ao primeiro macho. Ele olhou para os outros machos
na sala. — E eu não aceitarei que você ou alguém a insulte, dizendo de outra
forma.
Oryon girou, descobrindo que precisava sair da sala antes de fazer
algo que nunca fez antes, atacar com raiva uma de suas crias.

∞∞∞∞∞

Isis não podia acreditar que Oryon falou com ela daquela forma, como
se fosse uma jovem recém-unida que precisava ser informada de seu
lugar. Ela conhecia seu lugar e já não seria relegada à câmara. Ficaria
ao lado de Oryon, ajudando e apoiando-o em sua casa. Pelo menos era onde
queria ficar. Talvez Oryon não sentisse o mesmo.
Entrando na câmara de descanso de Oryon, ela bateu a porta na cara
dos dois guerreiros que Oryon enviou atrás dela.
Ele achava que ela não sabia o caminho? Bufou enquanto atravessava a
sala. Abriu a porta para a escada que levaria a sua câmara. Seu passo
hesitou. Olhando para cima, pensou nos quartos superiores que ocuparam
todo o segundo andar da ala do Senhor.
Ela passou mais da metade de sua vida nesse quarto, apresentou quatro
crias masculinas dignas e aptas, os observou crescer daquelas janelas. E se
alguém lhe tivesse perguntado antes dessa viagem se estava feliz naquele
quarto, teria dito que sim.
Mas não agora.
Agora sabia que havia muito mais que poderia fazer. Muito mais
que ela queria fazer. Não podia voltar para aquele quarto agora. Sentia-se
como uma prisão.
Virando, ela olhou ao redor da câmara de repouso de Oryon. Passou
por ali muitas vezes no passado, pois era a única maneira de entrar em sua
câmara. Uma proteção extra para as fêmeas Tornianas se, de modo que os
machos incapazes nunca pudessem alcançá-las. Agora, ela se perguntava se
não era apenas outra maneira de controlar uma fêmea.
Ela realmente passou muito pouco tempo nesta sala, com exceção das
discussões. Oryon sempre preferia discutir em seus quartos, onde não seriam
interrompidos. Quão estranho isso lhe parecia agora, pois poderiam ser
interrompidos tão facilmente ali. Agora se perguntava se era para que
ninguém soubesse que discutiam.
Ele tinha vergonha dela?
Lentamente, atravessou a sala, entrando no quarto quase vazio. A
lareira que sempre brilhou, aquecendo a sala e permitindo que ela visse seu
caminho durante suas uniões, agora estava fria. Frente a ela havia um sofá
grande que, após uma inspeção mais próxima, parece ter visto dias
melhores. Olhando ao redor, percebeu que a maioria dos móveis parecia
estar na mesma condição. Tudo exceto a cama. Estava coberta de tecidos
ricos, lençóis suaves e travesseiros que uma vez adorou.
Por que o restante foi negligenciado?
Betelgeuse era um planeta próspero. Por que Oryon não usava suas
riquezas para seu próprio conforto?
Pensando, ela percebeu que quase toda a Casa Rigel era assim, esparsa
e... fria... enquanto seus quartos nunca eram... era sua culpa isso? Oryon
de alguma forma esgotou os recursos que Betelgeuse fornecia com ela
ali? Ela sempre pensou que ficar significaria exatamente o contrário, sem a
necessidade de atrair outra fêmea, a Casa Rigel seria capaz de reter mais de
sua riqueza. Estava errada?
O som da abertura da porta a fez se virar. Os machos que serviam sob
o mestre Kaspar, atravessaram o limiar, carregando a bagagem de Oryon e
ela. Quando a viram, congelaram como se estivessem chocados com sua
presença na câmara de descanso de seu Senhor.
Bem, eles terão que se acostumar a isso, Isis pensou, porque era ali que
ficaria. — Coloque os dois aqui mesmo. — Ela ordenou apontando para as
portas que sabia que levaram ao armário de Oryon.
— O que... — Eles gaguejaram, olhando uns para os outros com óbvia
confusão.
— Faça o que Lady Isis diz. — Ordenou Oryon, sua voz profunda
aumentando enquanto ele entrava na câmara, seus olhos aborrecidos sobre
os machos.
— Sim... sim, meu Senhor. — Disseram eles, movendo-se rapidamente
para colocar a bagagem onde Isis indicou antes de saírem rapidamente,
enquanto o Senhor e a Senhora olhavam silenciosamente um para o outro.
Oryon lentamente se aproximou de Isis, tentando avaliar seu
humor. Ela estava muito irritada quando se afastou dele, mas agora parecia
ter se acalmado, voltando para a fêmea calma que conhecia. Pelo menos era
assim que parecia.
— Você deseja fazer mais do que apenas descansar na minha Câmara
comigo? — Ele perguntou hesitante, sem saber se era o motivo pelo qual
deixou seus pertences ali.
— Sim. — Os olhos de Isis procuraram os dele para ver se isso o
perturbava. — Bem, se você não se importar. — Ela se viu adicionando.
— Importar? — Oryon estendeu a mão para acariciar sua bochecha
com os nós dos dedos. — Não há nada no universo que me agradaria mais
do que saber que você esta aqui esperando por mim.
— Eu sempre estive aqui Oryon. — Ela disse a ele. — Mas não quero
mais esperar por você, quero ser parte de sua vida.
— Você quer conversar com quem quiser. — Ele suspirou forte,
esfregando a testa. — Ir para onde quiser dentro da Casa Rigel.
— E nas terras. — Ela disse com o olhar percorrendo seu rosto de
aparência cansada.
— Você sabe que isso causará problemas. — Disse ele, afastando-se
para ficar diante de uma janela que dava para o campo de treinamento, que
mudou todos esses anos, então Isis podia ver sua prole.
— Por quê? — Ela perguntou ficando atrás dele e colocando uma mão
gentil em suas costas.
— Porque os machos pensarão que quer se unir a eles.
— Isso é ridículo. — Isis resmungou com seus olhos indo para o
campo escurecendo. — Em todos esses anos nunca considerei outro macho,
recusei todas as ofertas. Tenho agora quarenta e três anos de idade e não
apresentei descendência por mais de quinze anos. Nenhum macho
consideraria se unir a mim, mesmo que eu oferecesse.
— É aí que você está errada, Isis. — Oryon virou-se para olhar para
ela, sua mão cobrindo a dela. Ele a colocou sobre o coração dele. —
Qualquer macho ficaria orgulhoso de tê-la como sua. Com descendência ou
não. Você é linda, gentil, amorosa e quando descobrirem sobre as fêmeas
descansando com um macho.
— Você é o único macho com quem quero descansar Oryon, o único
macho que eu amo.
— Eu sei disso, mas... você precisa saber que já estão se perguntando,
um deles sua própria prole, Ull.
— Ull... — Isis balançou a cabeça triste. — O universo de Ull
de repente mudou e ele não está mais seguro de seu lugar nele.
— Seu lugar? Seu lugar está aqui. Em Betelgeuse. — Oryon franziu a
testa para ela.
— Você tem certeza? — Ela questionou suavemente. — Eu sei que
ele sempre pensou que fosse. Nunca houve dúvida em sua mente de
que ele seria o próximo Lorde Rigel. Mas agora seu irmão... seu terceiro irmão,
aquele que deveria voltar para Betelgeuse para apoiá-lo, treinar seus futuros
guerreiros e ajudar a tornar sua Casa mais forte, foi nomeado Senhor de uma
Casa mais poderosa que a sua.
— Nada disso para Ull o impede de um dia se tornar Lorde Rigel. —
Respondeu Oryon.
— Não, não, mas como você disse, esse será um dia
enquanto hoje Ynyr é Lorde Rigel. Hoje, Ynyr tem uma fêmea, uma fêmea que
provavelmente lhe dará uma prole feminina. Abby escolheu
Ynyr quando poderia ter escolhido Ull, assim como o Imperador poderia ter
escolhido Ull para governar Etruria. Ela não fez e ele também não. Agora,
todos estão comparando o que Ull se tornará um dia com o que Ynyr é. Ull,
pela primeira vez em sua vida, está sendo visto como o irmão menor e seu
orgulho está ferido. — O olhar de Isis foi para o movimento lá fora no
campo de treinamento.
— Você realmente acredita nisso?
— Você não? — Ela apontou para a janela para onde Ull, na luz
desvanecida, está nu até a cintura e estava atacando uma estação de treino
com a espada. A raiva preenchia todos os movimentos.
— Nunca o vi duvidar de si mesmo antes. —
Disse Oryon calmamente, observando como grandes pedaços de madeira
voavam da estação.
— Ele nunca precisou. É por isso que está lutando tanto agora. Com
o tempo, ele lidará com isso e encontrará seu caminho.
— Como você sabe disso? — Oryon afastou o olhar de seu primeiro
macho para olhar sua Senhora.
— Porque você é seu manno e ensinou-lhe como ser um macho
verdadeiramente apto e digno. Ele encontrará seu caminho, Oryon. Sua
honra permitirá que ele não faça nada menos.
— Você é verdadeiramente um presente da Deusa, minha Isis. —
Gentilmente ele passou uma mão sobre sua cabeça. — Um, que eu acho que
não valorizei o suficiente.
Nas palavras de Oryon, Isis sentiu os olhos encherem de
lágrimas. Ela sempre soube que seu macho cuidaria dela. Via isso e cada
toque, cada ação, mas ouvi-lo dizer...

∞∞∞∞∞

— Meu Senhor. — O Capitão Shen estava parado dentro da entrada


da câmara de descanso de seu Senhor.
— O que é, Shen? — Oryon perguntou com impaciência, voltando-se
para enfrentar o seu Capitão.
— Os outros chefes estão esperando por você em sua sala de
comando. — Shen informou seu Senhor.
Oryon ficou surpreso ao descobrir que esqueceu sobre o encontro que
sempre tinha com seus Guerreiros-Chefe ao retornar a Betelgeuse. Eles o
informavam sobre o que aconteceu em sua ausência e onde sua atenção
precisava ir primeiro. Oryon descobriu que queria sua atenção em sua Isis,
mas não podia negligenciar seu dever.
— Diga-lhes que estarei lá em breve.
— Sim, meu Senhor. — Com um leve arco, Shen virou-se e saiu.
— Eu preciso ir, Isis.
— Mas está tarde, Oryon. Não pode esperar até amanhã?
— Não. Eu sempre encontro meus chefes quando
retorno. É necessário, especialmente desta vez, quando tanto ocorreu. Eles
terão perguntas, perguntas que precisam ser respondidas pelo Senhor para
que possam transmitir informações corretas para outras pessoas.
— Informações sobre Bertos e Risa.
— Isso e sobre o que precisam fazer se quiserem se apresentar às
fêmeas da Terra. A declaração do Imperador de que podem escolher
qualquer macho, deixará todos ansiosos.
— Wray também declarou que agora é responsabilidade de uma Casa
garantir que a fêmea fosse bem cuidada e protegida.
— Sim.
— A Casa Rigel será capaz de fazer isso? — Ela perguntou hesitante.
— Claro! Por que você pensaria o contrário? — Oryon franziu a testa
para ela.
— É apenas que as demandas que as fêmeas da Terra fazem podem
ser um fardo para uma Casa.
— E por isso acha que eu não seria capaz de fornecer adequadamente
para você? — Oryon não conseguiu evitar o choque ou a dor de sua voz. —
Sempre satisfiz todas as suas necessidades.
— Você e eu sabemos que continuará fazendo-o. Não foi isso que
questionei Oryon. — Isis tentou acalmá-lo rapidamente.
— Então, o que está questionando?
— Bem, se a Casa Rigel não terá nenhum problema em apoiar mais
fêmeas, por que o Senhor está vivendo em uma câmara que é tão
esparsamente decorada como a de um jovem treinando?
— O quê? — Oryon não pode esconder sua confusão.
— Você é meu macho, Oryon. Meu Senhor, no entanto, o único
conforto que toma para si mesmo é a cama que compartilha comigo! Por
quê? Minha recusa em deixá-lo colocou um fardo tão grande na nossa casa
que você nem pode ter o conforto mais básico?
— Isis... — Oryon parou quando percebeu o que estava realmente
questionando. Ela pensava que sua casa sofria por causa dela, por causa do
que ele lhe deu, quando na verdade, floresceu. Isis nunca fez nenhuma
exigência extravagante, como ele ouviu sobre outras fêmeas. Ela tinha
travesseiros que gostava, ocasionalmente pedia um tecido caro, mas nada que
prejudicasse os recursos da Casa. Ele conhecia machos que demoravam
décadas a se recuperar das demandas que uma fêmea fez, enquanto outras
nunca o faziam.
— Sim, Oryon? — Isis perguntou com uma voz bamba.
— Não, Isis. — Ele gentilmente puxou-a em seus braços. — Você não
o fez. Minhas câmaras são assim por que... — Ele deixou seu olhar percorrer
o lugar e encolheu os ombros. — Eu não sei mais nada. Guerreiros não tem
conforto, não como as fêmeas. O meu conforto é você. Vê-la. Segurá-
la. Unir-me a você. É tudo o que preciso.
— Mas eu quero que tenha mais. Você merece mais, Oryon. Não sabe
disso? Você é um macho tão bom, tão apto e digno. Eu sei que muitos o
julgam por minha causa, por causa da minha recusa em deixá-lo, incluindo o
Imperador.
— Nada disso importa, Isis, porque eu tenho você. Não entende isso?
— Ele usou os polegares para limpar as lágrimas de suas bochechas.
— Eles queriam que você me forçasse a sair. — Disse a ele e viu sua
surpresa por ela saber. — As fêmeas falam sobre isso, Oryon. Não para mim,
mas alto o suficiente para ter certeza de que ouça.
— E isso nunca aconteceu. Você é minha. Minha Isis, meu único
conforto. — Apenas o pensamento de outro macho tocá-la assim... sua voz
tornou-se um rosnado profundo enquanto falava. — Eu nunca permitiria
isso. Eu o mataria primeiro. Você é minha.
— Eu sou. — Isis concordou, esticando-se para beijá-lo.

∞∞∞∞∞
Foi mais tarde que Isis olhou com raiva para a porta em que alguém
teve a coragem de bater. Oryon partiu para sua reunião e ela estava
trabalhando para levar as coisas de sua câmara para a dele. Começou com
um tapete que enrolou e arrastou pela escada curva. Agora ele estava
orgulhosamente em frente ao fogo que Oryon assegurou que estivesse
ardendo antes de partir.
Em seguida, uma pequena mesa, que era a única que podia carregar. Ela
colocou-a ao lado da cadeira, onde sabia que Oryon passava muito tempo já
que quase tinha a impressão de seu corpo nela. Colocou um cobertor sobre
ela para que estivesse lá quando ele precisasse.
Ela estava apenas se preparando para mexer em sua bagagem e
pendurar as coberturas ao lado de Oryon, quando a batida a interrompeu.
— O quê? — Abriu a porta apenas para encontrar dois jovens
assustados da equipe da cozinha de pé do outro lado.
— Senhora... Lorde Oryon ordenou que a última refeição fosse...
trazida para você, minha Senhora. — Um deles gaguejou e corou antes de
desviar o olhar.
Olhando para eles, Isis de repente percebeu que deveriam ser novos
treinandos, uma vez que pareciam mais novos que Zev. Era uma prática
comum acolher novos aprendizes na cozinha para ver como respondiam à
pressão da manhã e às longas horas.
Retrocedendo, ela tentou colocar uma expressão serena no
rosto. Afinal, ela era sua Senhora e permitiu que eles entrassem na câmara. —
Coloque ali. — Ela gesticulou para a mesa baixa entre o sofá e o fogo.
— Sim, minha... minha Senhora. — O macho gaguejou novamente e
eles rapidamente levaram as bandejas para dentro.
— Qual o seu nome? — Isis perguntou.
— Minha Senhora? O segundo macho olhou para ela em estado de
choque.
— Seus nomes. — Disse ela devagar.
— Hum, eu me chamo Nabil.
— Eu sou Galal. — Disse gaguejando e corando.
— Há quanto tempo vocês estão em Betelgeuse? — Perguntou ela.
— Duas... duas semanas. — Disse Galal.
— Entendo, bem-vindos à Casa Rigel.
— Obrigado, minha senhora! — Disseram juntos.
— A última refeição foi entregue a Lorde Oryon ? — Perguntou ela.
— Não, minha Senhora. — Respondeu Nabil. — O cozinheiro disse
que não deveria ser perturbado.
— Isso é ridículo! Já faz horas desde a refeição do meio-dia. Dê-me seu
comunicador. — Ela estendeu a mão.
— Eu... o que, minha Senhora? — Nabil perguntou.
— Seu comunicador, eu sei que você tem um. Todos ajudantes da
cozinha tem.
— Sim, minha Senhora. — Ao procurar no bolso, Nabil tirou
o comunicador e entregou-o cuidadosamente, assegurando-se de não tocá-
la.
Isis o pegou e pressionou o único botão. Esperava-se que os novos
jovens o carregassem sempre que estivessem à disposição do
Guerreiro Lajos, também conhecido como o Cozinheiro.
— O que está levando tanto tempo seus molengas? — A voz irritada
de Lajos explodiu no comunicador. — Eu disse para entregarem esta
refeição e voltarem rapidamente!
— Eles entregaram minha refeição, obrigada Guerreiro Lajos. — Disse
Isis, sua voz calma, evidentemente oposta de Lajos.
— Lady Isis... — O tom e o volume de Lajos imediatamente
suavizaram.
— Foi-me dito que a última refeição ainda não foi levada para
Lorde Oryon e seus Chefes. — Isis foi direto ao assunto.
— Não, minha Senhora. — Disse Lajos a ela.
— Eu quero que envie agora. — Ela ordenou.
— Sinto muito, mas... — Começou Lajos.
— Não há nada de, mas, Guerreiro Lajos. — A voz de Isis tornou-se
tão dura e inflexível como de qualquer Senhor. — Lorde Oryon não comeu
desde a refeição do meio-dia no Hunter. Agora é tarde da noite. Envie
sanduíches de twrci, rashtar e queijo feitos na região de Mriga.
— Minha Senhora. — Lajos tentou interromper.
— Eu não terminei. Você também enviará uma variedade de frutas e
bebidas. O suficiente para todos os guerreiros. Entendeu Lajos?
— Minha Senhora, você não entende. Lorde Oryon não gosta de ser
interrompido durante suas reuniões com seus Chefes.
— Você é aquele que não entende, Guerreiro Lajos. Não deixarei meu
Senhor fazer isso, não mais. Agora, faça o que pedi ou eu mesma irei até a
cozinha e cuidarei disso.
— Eu... sim, minha Senhora. — Disse Lajos adequadamente castigado.
— E Lajos?
— Sim, minha Senhora.
— Quando entregar a refeição certifique-se de deixar seu Senhor saber
que foi porque a Senhora lhe pediu que o fizesse.
— Sim, minha Senhora.
Terminando a ligação, Isis entregou de volta o comunicador para
Nabil. — Obrigada, Nabil. Agora voltem para a cozinha, pois acredito que o
cozinheiro precisará de vocês.
— Sim, minha Senhora. — Eles se curvaram e imediatamente saíram.

∞∞∞∞∞

— Então não houve mais problemas com o treinamento na Região de


Mriga? — Oryon perguntou lendo um relatório.
— Não, meu Senhor. Uma vez que o problema com o equipamento
foi descoberto e corrigido, os ferimentos foram interrompidos. — Informou
um de seus Chefes.
— E a investigação sobre como o equipamento defeituoso chegou
aconteceu? — Oryon perguntou com sua voz enganosamente suave
enquanto olhava para o Chefe Phong, seu Chefe responsável por táticas e
rastreamento.
— Sim, meu Senhor. — Afirmou Phong.
Assentindo com a cabeça, Oryon relaxou e recostou-se na cadeira para
olhar o Capitão e Leads. Eles eram bons machos, cada um deles. A maioria
estava com ele há anos. Ele se perguntou quais iriam querer ir para Luda para
ver se poderiam atrair uma fêmea da Terra.
— Agora, perguntas sobre o que ocorreu em Tornian. — Disse ele,
porque sabia que todos tinham.
Houve silêncio por vários minutos antes do Guerreiro Eike, Chefe dos
treinamentos falar. — É verdade que Lorde Bertos tentou derrubar a Casa
Vastari? Que Lorde Reeve o ajudou?
— Sim. Aparentemente, ele e sua fêmea estavam planejando há anos
se tornarem Imperador e Imperatriz. Juntos, foram responsáveis pelo ataque
contra o Rei Grim e as mortes do Rei Rask, da Imperatriz Adana e do
Príncipe Van. Risa também atacou a Imperatriz Kim e tentou matar a
Princesa Destiny. Ela feriu gravemente a fêmea da Terra que estava
protegendo a Princesa. A fêmea teve uma recuperação completa. — Ele
rapidamente os tranquilizou sabendo que ficariam preocupados.
Mas Risa morreu durante o confronto com a Rainha Lisa.
Silêncio cumprimentou sua declaração quando os Guerreiros
consideraram o que ele dizia. A perda de uma fêmea, qualquer fêmea,
significava que algum macho perdeu a chance de receber descendentes
dela. Oryon realmente acreditava que a loucura que afetou Risa e seu
antepassado, o Imperador Bertos, continuaria afetando qualquer prole futura
que ela produzisse.
— Então, espero que Daco leve a todos, pois a Deusa nunca acolherá
aqueles tão indignos. — Diz Eike.
Oryon concordou com a cabeça. — Por causa desses atos, o
Imperador despojou a Casa Reeve e a Casa Bertos de todo seu poder e
nomeou dois novos Lordes. Lorde Callen de Vesta e Lorde Ynyr de
Etruria. Ele também atribuiu a cada um de nós a tarefa de apoiá-los enquanto
consertam os danos causados e construam Casas respeitáveis. Foi por isso
que deixei a metade dos guerreiros conosco em Tornian para ser dividido
entre Lorde Callen e Lorde Ynyr. — Oryon viu seus Chefes olharem entre
si e disse. — Falem.
— Por que nenhum de nós foi autorizado a
ajudar Ynyr... Lorde Ynyr ou Lorde Callen? — Huntley, seu mais novo
Chefe perguntou. — Seria uma grande honra para qualquer guerreiro fazer
parte da construção de uma nova casa.
— Eu tomei está decisão e não porque penso menos de vocês aqui,
mas porque o tempo era essencial. — O olhar de Oryon percorreu todos os
seus Chefes. — Lorde Callen partiu para Vesta há três dias com guerreiros
do Imperador e de cada Casa. — Oryon olhou a unidade de tempo em seu
pulso. — Eles estão chegando a Vesta neste momento. O Imperador passou
ao Príncipe Tora, que está treinando em Vesta, o controle da Casa até a
chegada de Lorde Callen. E se eu tivesse enviado os guerreiros de Betelgeuse,
vocês se atrasariam por dois dias, porque a nave mais rápida estava em
Tornian. Não enviei nenhum de vocês para ajudar um dos nossos por outro
motivo. Após o ataque, o Imperador imediatamente despachou seus
próprios guerreiros especialmente treinados para Etruria para controlar os
restantes guerreiros de Bertos até que ele nomeasse seu novo Senhor. Ynyr e
sua Senhora chegaram a Etruria há dois dias.
— Senhora? — Todo macho na sala se esticou e se inclinou um pouco
mais perto, querendo ouvir cada palavra.
— Sim, uma fêmea da Terra chamada Abby escolheu Ynyr como seu
macho. — Oryon não tentou esconder seu orgulho.
— Verdadeiramente?
— Não sabiam disso? — Oryon olhou para os guerreiros com
surpresa. — Aconteceu dias atrás.
— Houve rumores de que uma fêmea da Terra se uniu a um macho,
meu Senhor, mas não sabíamos a quem ou se fosse mesmo verdade. Nós
sabíamos que o Imperador dissolveu a Cerimônia de União, então como uma
fêmea poderia se unir a um macho? — Todos olharam para Oryon e
esperaram uma explicação.
— Isso é verdade. O imperador acabou com a Cerimônia de
União. Então, quando a Rainha Lisa percebeu que uma das fêmeas sob a
proteção do Rei desejava se unir a um macho, criaram uma nova cerimônia,
que misturou tradições de ambos os mundos. A família do Rei Grim e minha
família se encontraram no piso da Assembleia, onde Abby se apresentou a
Ynyr.
— Ynyr sabia disso?
— Não, ele não sabia. — Oryon olhou para seus machos e soube que
precisava explicar ainda mais e descobrir se eles reagiriam como Ull. —
Parece que Ynyr teve... contato com Abby antes da Cerimônia de União.
— O quê? — Todos os machos na sala ficaram de pé.
— Sentem-se! — Oryon ordenou, esperando está reação,
porque as ações de Abby e Ynyr quebravam a Lei. Lentamente, os Chefes
obedeceram. — Não é como pensam. Ynyr estava caminhando pelo jardim
murado da câmara feminina quando ouviu uma fêmea chorando. —
Oryon viu vários de seus Chefes franzirem a testa. — Ele sabia que era
contra a Lei se aproximar de uma das fêmeas antes da Cerimônia, mas não
pode simplesmente se afastar e como havia uma parede entre eles...
— Ele... falou com ela? — Qays, o Chefe de Oryon em treinamento
mão-a-mão e o mais silencioso, perguntou suavemente.
— Sim. Ele conseguiu acalmá-la. Ele nunca disse seu nome e ela nunca
disse o dela. Eles nunca se viram, mas conversaram através da parede quase
diariamente, contando sobre si mesmos, sobre seus mundos. Foi durante
esse tempo que Abby desenvolveu sentimentos por ele.
— Mesmo que ela não soubesse quem ele era? O que ele poderia
oferecer?
— Parece que as fêmeas da Terra desenvolvem sentimentos por um
macho antes de se unir a ele... Elas precisam amar... — O uso de Oryon
da palavra antiga chocou muitos. — E se o fizerem, elas permanecerão com
este macho,
Silêncio atordoado cumprimentou Oryon.
— Ela ficaria com um macho... como Lady Isis sempre ficou com
você? — Eike perguntou, em voz baixa. — Ela seria apenas dele?
Oryon deu a Eike um olhar surpreso ao ouvi-lo. Nunca considerou que
um de seus Chefes ou qualquer outro macho Torniano pudesse querer o que
ele e Isis tinham. Isso era uma estranheza do universo.
— Há mais. — Disse Oryon. — Já não será forçada uma fêmea a
escolher apenas aqueles machos que alcançam um status alto e acumulou o
suficiente para apoiá-la. A partir de agora ela pode escolher qualquer macho
que ela considere apto e digno.
— Mas meu Senhor, como um macho poderá apoiá-la se ele não tem
riqueza, nenhum status? — Exigiu Huntley.
— Agora é responsabilidade do macho, o Senhor da Casa ajudar o
macho que a fêmea escolher em sua Casa, que seja devidamente cuidada.
— O Senhor... estaria disposto a nos ajudar? — Huntley perguntou,
choque queimando em seu olhar.
— Claro! — Oryon olhou de Huntley para os outros machos, não
entendendo por que ficaram tão surpresos. — Vocês são os melhores
machos que já tive o privilégio de conhecer. Por que não estaria disposto a
ajudá-los a ter uma fêmea?
— Mas Lady Isis...
— Está ansiosa para ter mais fêmeas em Betelgeuse.
— Mas... isso tirará o você que lhe dá.
Antes que Oryon pudesse responder, uma batida soou na
porta. Dando à porta um olhar irritado, Oryon, ordenou. — Entre!
Lajos entrou, seguido de vários machos que levavam pratos carregados
de comida.
— Qual o significado disso Lajos? — Exigiu Oryon.
— Sinto muito, meu Senhor. — Lajos gesticulou para os machos onde
colocar os pratos. — Eu sei que você prefere não ser perturbado quando
está com seus Chefes, mas fui convidado a lhe trazer a última refeição.
— Convidado? Por quem? — Oryon levantou-se de sua
cadeira. Somente ele poderia dar essa ordem.
— Lady Isis, meu Senhor. — Lajos disse calmamente, sua pele
escurecendo em aparente constrangimento quando admitiu que seguiu a
ordem de uma fêmea.
— Lady Isis ordenou que você nos trouxesse uma refeição? —
Oryon voltou a sentar lentamente.
— Sim, meu Senhor. Ela... — Lajos não conseguiu manter contato
visual com o Senhor.
— Ela o que, Lajos? — Oryon perguntou em voz baixa.
— Ela ameaçou ir para a cozinha-se e fazer a refeição se suas ordens não
fossem seguidas. — Lajos disse, parecendo envergonhado. — Eu sei que
não deveria ter...
— Quando sua Senhora lhe fizer um pedido, deve obedecer,
Guerreiro Lajos. — Disse Oryon com voz dura. — Desde que não
comprometa sua segurança.
— Sim... sim, meu Senhor. — O olhar de Lajos foi para os outros
machos que pareciam igualmente chocados.
— Podem encher seus pratos. — Oryon ordenou a seus Chefes. —
Uma vez que comemos, como minha Senhora exigiu, terminarei de explicar
sobre como o nosso universo mudou.

∞∞∞∞∞
Oryon observou enquanto seus Chefes devoravam a comida
que Lajos trouxe. Por que ele sempre insistiu que não comessem até
terminar? Agora percebeu que isso poderia fazer com que seus machos se
precipitassem na reunião, porque sua fome os distraía de dizer tudo o que
deveriam. Como Isis sabia disso?
— Guerreiros, nosso universo mudou drasticamente desde que eu
parti para a Cerimônia de União. — Oryon viu vários guerreiros colocar
seus pratos à frente. — Continuem comendo, se minha Isis descobrir que
vocês deixaram esta reunião com fome, ela terá minha cabeça. —
Ele não perdeu os olhares atordoados nos rostos do Guerreiro.
— Vocês acham estranho que eu fale assim, quando antes de partir
para a Tornian, eu não o teria feito? — Oryon fez uma pausa tentando
organizar seus pensamentos. — Vocês nesta sala estão entre os meus
guerreiros mais confiáveis e os considero tão próximos quanto meus irmãos.
— Em sua declaração, o peito de todos os machos inchou. — Muitos de
vocês, como o Capitão Shen, estão ao meu lado desde que
meu manno conheceu a Deusa e sei que tem havido tempos difíceis. Machos
menos dignos deixaram a Casa Rigel, optando por servir em outro lugar
porque acreditavam que minha... situação refletia mal sobre eles.
— Meu Senhor. — Shen tentou interrompê-lo, mas Oryon acenou
com a mão e Shen fechou a boca.
— É verdade, Shen e todos vocês sabem disso. Minha Isis se recusou
a me deixar, mesmo depois de me apresentar dois machos aptos. Muitos
encontraram falta comigo por não forçá-la a sair. — Oryon deixou seus
olhos percorrerem os machos na sala. — Então, ela poderia dar
descendência para outros machos, machos que poderiam ser vocês. —
O peito de Oryon apertou com o pensamento de um desses machos que ele
confiava tocar Isis.
— E de verdade, eu teria me encontrado fortemente pressionado para
não matar nenhum macho que tentasse tirar minha Isis de mim antes de ir
para Tornian. Agora, matarei qualquer macho pense em levá-la de mim. Ela é
minha! — Nenhum macho duvidava da verdade nas palavras de seu Senhor.
Oryon suspirou forte e tentou se acalmar. — O que eu preciso explicar
é a razão pela qual minha atitude mudou e espero que entendam
como o universo mudou e que a chance de terem uma fêmea também
mudou.
— Quando a Imperatriz Kim foi apresentada pela primeira vez à
Assembleia, todos nós a descartamos como não sendo uma fêmea
digna. Embora ela fosse muito semelhante às nossas fêmeas, ela não
era realmente Torniana, mesmo que o Imperador a declarasse assim. Ela era
apenas um pequeno ser insignificante para nós... — Oryon viu seus Chefes
concordarem. — Até que ela concebeu... então todos nós tomamos
conhecimento. Nós tentamos forçá-la a nos dizer onde estava seu planeta
para adquirirmos mais como ela e ela recusou. Até se recusou a dizer ao
Imperador. Qual fêmea Torniana é corajosa o suficiente para recusar o seu
macho? — Oryon perguntou enquanto seus olhos percorriam os machos na
sala.
— Meus irmãos, nossas fêmeas nos temem e é culpa nossa, porque
não lhes damos o que realmente precisam e não falo sobre as coisas que lhes
damos agora. A Imperatriz não teme o Imperador, porque sabe que ele ama
e cuida dela tanto quanto ela faz por ele.
— Mas meu Senhor. — Falou Phong. — Elas são fêmeas.
— Sim, com pensamentos, sentimentos e uma mente própria. É o que
esquecemos com o medo da extinção. Nossas fêmeas não
são reprodutoras, como a Rainha Lisa nos acusou de tratá-las.
Nós somos como os Ganglians, que apenas pegam e usam fêmeas para sua
própria diversão. Gostaria que todos estivessem lá para testemunhar a
Rainha na Cerimônia de União, para ver não apenas como ela se colocou
diante de toda a Assembleia, mas como respondeu a qualquer coisa
que percebeu como um insulto ao Rei Grim. Ela defendeu Grim apesar de
ser atacada sob sua proteção. Ela não vê suas cicatrizes como um sinal de
fraqueza, mas sim como um emblema de coragem, acreditando que, se ele
foi forte o suficiente para sobreviver a isso, ele sempre será capaz de protegê-
la e sua prole. É algo que deveríamos ter percebido.
Oryon olhou para o quadro de seu manno que ainda estava na parede
em frente a sua mesa. Ele o manteve lá para lembrá-lo de tudo o que
seu manno lhe ensinou sobre ser um macho apto e digno. Nunca
Oryon duvidou dos ensinamentos de seu mano... até agora.
— Eu nunca me envergonhei de ser um macho Torniano, até me
sentar na Assembleia e ouvir a Rainha Lisa. Ela ficou diante de nós, forte e
orgulhosa e obrigou-nos a reconhecer que o que lhes
fizemos não era diferente do que os Ganglians fizeram com a
Imperatriz. Que o que fizemos com nossas próprias fêmeas fez com que elas
acreditassem que seu único valor para nós era como reprodutoras.
— O quê? — Vários machos ficaram de pé, assim como os da
Assembleia.
— Sentem-se! — Oryon ordenou e esperou até que o fizessem para
continuar. — Ela não estava errada. Não é por isso que tantos desprezaram
minha Isis em sua recusa de se deixar usar desse jeito? Desde que saímos
daqui, percebi que existe a força do corpo que todos nós temos como um
padrão tão alto e então há a força do espírito que parecemos ter
esquecido. Dos dois, acredito que a força do espírito é a mais forte. Foi o
que permitiu que a Imperatriz sobrevivesse com os Ganglians. Foi
o espírito dela, não a força física, que a impediu que a quebrassem. Foi o que
permitiu que o Rei Grim sobrevivesse a seu ataque quando a maioria de nós
teria desistido. — Ele fez uma pausa, olhando para cada macho. — O que
isso diz sobre nós como guerreiros é que preferimos desistir, do que ser
julgado com dureza por outros. Que a forma como olhamos importa mais do
que nossas ações?
— Isso me envergonha, por nunca termos considerado o que os
sequestradores dessas mulheres significavam para elas. Nós pensamos apenas
em nossos próprios desejos e necessidades, nunca nas delas. Nós cometemos
uma grande injustiça com elas e nossas fêmeas. Não é de admirar que a
Deusa tenha nos retido suas bênçãos por tanto tempo.
— Então estamos condenados. — Qays disse e Oryon viu o espírito
desses homens aptos e dignos desaparecerem.
— Não. Não estamos condenados. — Disse Oryon. — Não graças às
nossas ações e à nossa arrogância, mas porque as mesmas fêmeas, as que
julgamos com tanta dureza e as que achamos que poderíamos roubar sem
consequências, nos mostraram o caminho de volta às boas graças da Deusa.
— Como? — Perguntou Qays.
— Ao honrá-las. Ao perceber que são verdadeiramente o mais
importante em todos os universos conhecidos.
— Nós já sabemos disso. — Disse Huntley.
— Que todas as fêmeas são. — Enfatizou Oryon. — Torniana ou
não. Elas têm o direito de se unir a um macho... ou não. Elas têm o direito de
escolher o macho que querem, não importa se ele atingiu um status alto ou
não.
— Meu Senhor, as outras fêmeas...
Oryon sabia o que Phong queria perguntar. — Estão sob a proteção
do Rei Grim em Luda.
— Então os machos de Luda terão as fêmeas. — Huntley disse.
— Não. Eu sei que é o que muitos pensarão, mas o Rei contatou todos
os Senhores para que soubessem que foi decidido que, durante os próximos
dois meses, nenhum macho poderá se apresentar às fêmeas terrestres,
incluindo as suas. As fêmeas compreensivelmente precisam de tempo para
se ajustar a tudo. Em dois meses, os machos interessados poderão enviar
um pedido para Luda, solicitando permissão para se apresentar às
fêmeas. As fêmeas decidirão então quais machos poderão ir a Luda com base
nesse pedido. Apenas então um macho será autorizado a ir para Luda.
Um silêncio atordoado caiu sobre a sala quando Oryon terminou de
falar e todos perceberam que tinham a chance de ter uma fêmea...
CAPÍTULO TRÊS

Era tarde quando Oryon finalmente voltou para sua câmara. Muito
mais tarde do que planejou, mas uma vez que as perguntas começaram, ele
soube que precisava ficar e responder.
Entrando em sua câmara de descanso, Oryon encontrou a escuridão, a
única luz era proveniente do fogo moribundo que uma vez aqueceu a
sala. Seus olhos imediatamente foram para cama e a encontrando vazia,
sentiram o coração apertar. Sua Isis não estava lá. Ela ficou irritada por não
ter retornado antes? Era algo como qual nunca antes se preocupou, a sua
espera.
Cruzando a sala, foi para a escada. Porque se ela estivesse com raiva,
apenas teria que superar isso, pois nunca mais descansaria sem ela. Parando
no alto da escada, ficou surpreso ao encontrar uma escuridão fria. Sua Isis
nunca permitia que sua câmara ficasse fria e ela sempre deixava uma luz
baixa.
E se ela não estava ali...
E se não estava em sua cama...
Onde estava?
Voltando pela escada, ele foi para o outro lado e estava pronto para
despertar toda a Casa quando um pequeno movimento perto do fogo
chamou sua atenção. Silenciosamente, se moveu em direção a ele e sentiu
seu coração apertar novamente. Lá estava... sua Isis... enrolada em sua
cadeira coberta com uma manta que ele sabia ter vindo de sua câmara, com
a cabeça apoiada contra um dos braços da cadeira, os olhos fechados.
Lá estava ela. Seu amor.
Ele deve ter feito um som porque lentamente Isis abriu os olhos e
perguntou com voz rouca: — Oryon?
— Estou aqui Isis. — Ele a tranquilizou, movendo-se para agachar-se
ao lado da cadeira, passando uma mão suavemente ao longo de sua perna. —
Por que você não está na cama, meu amor? — O carinho saiu naturalmente
de seus lábios porque sempre foi verdade.
— Eu estava esperando por você. — Ela estendeu a mão para acariciar
sua bochecha. — Não queria descansar na nossa cama pela primeira vez sem
você.
Suas palavras fizeram o coração de Oryon se apertar e seus olhos se
encherem de lágrimas. Isso era algo que eles deveriam ter tido há
anos. Por que não o fizeram?
— Oryon? — Isis franziu a testa, vendo seus olhos dele com
lágrimas. — O que está errado?
— Nada está errado, minha Isis. Estou muito feliz por você estar aqui
e estou questionando, por que me levou tanto tempo para ver que é onde
você sempre pertenceu. — Isis recompensou suas palavras inclinando-se
para tocar seus lábios em um beijo gentil; um beijo que Oryon aprofundou
rapidamente enquanto ele a abraçava.
Ficando de pé, Oryon a levou para a cama.
Isis suspirou na boca de Oryon quando ele a deitou pela primeira vez
no centro do que era sua cama. Era isso que ela queria. O que sempre quis.
Ele a colocou no centro da cama, seus grossos cabelos pretos se
espalharam ao redor, o contraste perfeito com sua pele rosada e pálida. O
amor naqueles olhos escuros olhando para ele o fazia se sentir o homem
mais poderoso do universo. Sentado em seus calcanhares, ele deixou seus
olhos percorrerem o belo corpo que sempre o despertou. Descobriu que
estava vestindo uma cobertura que ele nunca viu antes. Com tiras finas, era
sedosa, com triângulos mal cobrindo os seios.
— O que é isso? — Ele perguntou, passando um dedo gentil pela alça
fina, acariciando a curva de seu peito.
— É uma cobertura com a qual eu gosto de descansar. — Disse ela.
— Por que nunca vi antes? — Ele perguntou bruscamente.
— Bem. — Disse ela, levantando-se e encorajando o dedo a continuar
sua jornada. — Normalmente quando estou aqui é para nos unirmos e estou
vestindo uma cobertura de união. Quando você vai à minha câmara, eu uso
um manto para me cobrir porque sempre achei que não acharia atraente.
— Você está errada. Eu acho isso muito atraente. — Disse Oryon,
inclinando-se para beijar o vale entre seus seios.
— Acha? — Isis perguntou sem fôlego.
— Sim, mas não tão atraente como quando você não usa nada. — Ele
murmurou contra sua pele. Movendo as mãos, ele deslizou cuidadosamente
as tiras finas, revelando seus lindos seios antes de continuar puxando até que
o removesse completamente do corpo e jogando-o sobre o ombro. Agora
ela estava nua da forma como ele mais amava.
— Você é uma deusa, Isis. — Ele disse com os dedos indo para sua
camisa.
— Aqui, deixe-me ajudá-lo com isso. — Isis disse, levantando-se,
despreocupada com sua nudez. Seus dedos substituíram os dele enquanto
desabotoava a camisa. Isis tomou seu tempo com a tarefa, deixando seus
dedos acariciarem cada centímetro dos músculos, explorando cada fenda que
compunha seu enorme peito, antes de descer ao longo de seu abdômen
acentuado. Seus dedos pararam na cintura de sua calça. Inclinando-se para
frente, colocou um beijo de boca aberta no peito enquanto suas mãos
tiravam a camisa.
— Isis... — Grunhiu Oryon.
— Shhh... — Ela sussurrou. — Quero explorar você. — Movendo a
língua ao longo do peito, ela gostou de sentir o seu sabor
salgado, depois lambeu seu mamilo, observando-o apertar em resposta.
Olhando para ele através de seus cílios, continuou moendo a língua quando
perguntou: — Você deixará?
— Deusa, sim. — Grunhiu Oryon, sentindo que seu eixo se endurecia
ao ver sua boca sobre ele. Amava como ela o lambia, como se fosse seu
deleite favorito. Tirando a camisa, ele deixou suas mãos afundarem em seus
cabelos. Queria mostrar a ela exatamente onde a queria, mas ela rapidamente
se afastou.

— Não. — Ela disse a ele. — Suas mãos ficam aqui. — Ela ordenou
suavemente, puxando-as de seus cabelos para pressioná-las em suas coxas
grossas.
Ao comando de Isis, os olhos de Oryon se arregalaram. Ele se
perguntou de onde esta fêmea ousada veio. Nunca antes sua Isis tomou o
controle de sua união, nem mesmo nas últimas semanas, quando seu
relacionamento mudou tão drasticamente. Segurando suas coxas, ele não
pode deixar de se perguntar o que faria a seguir. Não precisou esperar muito.
Isis não tinha certeza do que a fez pensar que poderia ordenar
a Oryon, mas quando obedeceu, o poder que sentiu foi incrível. Ter esse
macho grande e poderoso fazendo o que ela dizia... fez com que quisesse ver
o quanto ele deixaria que fizesse.
Uma vez que teve certeza de que as mãos de Oryon permaneceriam
onde as colocou, Isis recostou-se e deixou seu olhar percorrer o corpo
magnífico exibido diante dela. O corpo de Oryon rivalizava com o de um
macho com metade de sua idade. Ele não tinha peso extra, como tantos
outros machos de sua idade, Senhor ou Guerreiro. Eles deixavam seus
corpos se suavizarem à medida que envelheciam, acreditando que não
precisavam mais ficar em forma. Não seu Oryon. Ele apreciava seus
exercícios diários com seus Guerreiros e mantinha todos os músculos e
força de quando se uniram. Isso a fez querer lamber e explorar cada
centímetro, cada fenda. Queria experimentar todas aquelas coisas que Abby
e Kim contaram.
Será que Oryon permitiria?
Inclinando-se para frente, ela deu a seu outro mamilo a mesma atenção,
lambendo e provocando com a língua da maneira como Oryon provocava o
seu quando ele a agradava.
— Deusa, Isis. — O corpo inteiro de Oryon tremeu quando sua boca
se agarrou a ele. Seus dedos ficaram brancos enquanto agarrava suas coxas
para evitar que a jogasse na cama e se unisse a ela. Ele disse que ela poderia
explorá-lo, então a deixaria, mesmo que isso significasse se envergonhar
como um jovem guerreiro e se derramar em sua calça.
Isis não podia acreditar que ela, uma fêmea, conseguiu fazer tremer
esse poderoso macho e uma nova sensação de confiança surgiu, tornando-a
mais ousada. Arrastando as unhas ao longo de seu abdômen, ela deslizou as
mãos sob a cintura da calça de Oryon e roçou seu eixo, enquanto ele ofegava
surpreso.
— Isis! — Os quadris de Oryon avançaram para seu toque.
Isis ergueu os olhos para ele e sussurrou: — Eu quero ver isso.
As mãos de Oryon imediatamente abriram a calça, seu eixo saltando
para sua inspeção.
— Deusa, Oryon... — Os olhos de Isis se arregalaram diante da visão,
em todos esses anos ela apenas conseguiu vislumbres dessa parte dele. Seu
eixo era grande, maior do que imaginou que poderia ser e longo. Como isso
se encaixava dentro dela? Hesitante, ela segurou e sentiu sua pele quente, mas
muito mais suave do que esperava. Apertando suavemente, percebeu que a
suavidade terminava sob sua pele, seu eixo era tão duro como o aço
de Tornian. Lentamente, começou a acariciá-lo, achando que seus dedos não
podiam abrigá-lo completamente, especialmente em sua base ainda maior.
Enquanto ela acariciava seu eixo, Oryon levantou involuntariamente
os joelhos, dando-lhe acesso, pela primeira vez, às bolas pesadas entre suas
pernas. O grunhido baixo que saiu da garganta de Oryon enquanto o tocava
a fez olhar para ele, vendo seus olhos brilhando.
— Estou machucando-o? — Ela sussurrou.
— Você está me matando. — Oryon disse e imediatamente ela ficou
pálida. Ela teria afastado as mãos se ele não tivesse segurado seus pulsos. —
Com prazer, Isis. — Ele abaixou a cabeça para que ela pudesse ver a verdade
em seus olhos, então levou suas mãos de volta onde estavam. — — Nunca
nada se sentiu tão surpreendente como seu toque no meu corpo. Não pare.
— Você tem certeza? — Ela perguntou, a fêmea arrojada e confiante
desaparecendo com o pensamento de causar dor.
— Sim Isis, toque-me.
Lentamente, desta vez muito mais delicadamente, Isis deixou que seus
dedos explorassem as bolas pesadas, segurando-as suavemente nas mãos e
sentindo-as. Deixando uma mão ali, ela moveu a outra ao longo de seu eixo
grosso, o polegar deslizando ao longo da veia embaixo, sentindo o pulso.
Alcançando a grande cabeça bulbosa de seu eixo, o polegar lentamente
o rodeou antes de deslizar ao longo de sua fenda, capturando as gotas de
fluido branco e espesso que começavam a escapar.
Levando o polegar para a boca, ela fechou os olhos quando o sabor
forte, doce e levemente salgado de Oryon explodiu pela língua pela primeira
vez. Deusa, nada tinha um gosto tão bom para ela. Sem pensar, ela se
inclinou e segurou seu eixo, levando-o a sua boca.
A respiração de Oryon o deixou enquanto observava sua Isis. No
começo, ele pensou que nada poderia se sentir melhor do que as mãos de
Isis explorando seu peito, sua boca provocando seus mamilos. Então, ela
colocou as mãos dentro de sua calça, acariciando seu eixo e isso foi
melhor. Mas ela não parou aí, segurou suas bolas em suas mãos suaves,
fazendo com que ele vazasse e soube que isso era o melhor. Então, a semente
que ele tentou tão duro segurar, derramou-se e em vez de ofender-se, ela a
capturou, provou e ele soube que nada seria melhor do que isso.
Agora, sua Isis estava fazendo algo que ele nunca ouviu falar de uma
fêmea fazendo. Ela estava tomando-o em sua boca e chupando como se sua
boca fosse seu canal. Movendo seu eixo dentro e fora de sua boca, ela usava
a língua ao redor dele.
Deusa! Nenhum guerreiro poderia suportar tortura tão prazerosa.
— Isis! — Ele rugiu segundos antes de agarrá-la pelos
ombros. Afastando-a de seu eixo, ele ignorou seu grito de protesto, jogou-a
sobre suas costas no centro da cama e a cobriu.
Isis não podia acreditar no quão incrível isso era. Ela
realmente não acreditou em Kim e Abby, que era possível tocar Oryon com
a boca da mesma maneira que ele fazia e que gostaria.
Elas estavam certas. Ela gostou. Senti-lo tremer e saber que era por
causa do que ela estava fazendo com ele, era um sentimento inacreditável e
um que ela nunca queria deixar de sentir. Quando ele a afastou de seu eixo,
ela gritou em protesto, apenas para encontrá-lo cortado quando seus lábios
cobriram o dela em um beijo profundo e duro, cheio de paixão
descontrolada.
Sentindo seu eixo, que apenas segundos atrás estava em sua boca, na
entrada de seu corpo, ela o envolveu com os braços e pernas com
entusiasmo, dando-lhe as boas-vindas.
No fundo de sua mente, Oryon sabia que precisava recuperar seu
controle. Ele não fez nada para agradar suas Isis. Ela lhe deu prazer, no
entanto, ali estava ele, a momentos de se unir a ela.
— Por favor, Oryon. Eu preciso de você dentro de mim.
Qualquer possibilidade de recuperar seu controle foi perdida no pedido
sussurrado de Isis e ele entrou com um forte impulso.
— Isis!
— Mais Oryon! Mais, Deusa! — Ela não percebeu o quão perto estava
de sua liberação, não percebeu que dar prazer a Oryon também poderia
trazer seu prazer. Não esqueceria isso no futuro, mas agora, tudo que podia
fazer era sentir aquele prazer doce e apertado logo antes que ela estivesse
com Oryon profundamente dentro dela.
— Oryon! — Ela gritou com prazer, todo seu corpo se abriu quando
a libertação a atingiu.
Sentindo o corpo de sua Isis apertando ao redor dele, ouvindo o seu
grito de prazer, Oryon empurrou uma última vez, tão profundamente quanto
pode e rugiu sua libertação para ela.
Foi muito mais tarde, enquanto ele estava olhando para o amor de sua
vida dormindo em seus braços, que Oryon se perguntou se ousava confessar
seus anos de mentiras para ela. Ele a observou florescer essas últimas
semanas na presença das fêmeas da Terra. Ela encontrou fêmeas de
mentalidade e ideais semelhantes, o que lhe deu uma confiança que nunca
percebeu que faltava.
Ele a observou interagir com Abby e viu a alegria em seus olhos por
ter outra fêmea na Casa Rigel, mesmo que fosse apenas por meio da união e
nenhuma que ela apresentou. O que ela faria se descobrisse que ele
preventivamente impediu que tivesse mais prole após Zev? Que ele lhe
negou a chance de ter a fêmea que ela desejava ter e dar a ele?
Ainda ficaria com ele?
CAPÍTULO QUATRO

— Vali irá acompanhá-la hoje quando conversar com o Mestre Kaspar.


— Disse Oryon a Isis quando terminaram a primeira refeição na manhã
seguinte em sua câmara. Inclinando-se em sua cadeira, ele olhou para ela e
soube que nunca a viu mais bonita do que ela era neste momento. Ela recém
saiu de sua cama, vestindo uma cobertura na cor da Casa e o brilho de sua
união ainda estava em suas bochechas.
— Por quê? — Isis perguntou, recostando-se na cadeira e franziu a
testa.
— Porque não arriscarei um mal-entendido com o macho enquanto
você estiver conversando com ele.
— Oryon... — Isis deu-lhe um olhar exasperado.
— Não me dê esse olhar Isis. Eu sei que a Rainha Lisa percorre
livremente a Casa Luanda, mas ela ainda tem Guardas que a acompanham e
até você ter uma também, eu ou um de nossa prole irá acompanhá-la.
Isis olhou-o silenciosamente por vários minutos e percebeu que estava
certo. Embora muitas coisas mudaram nas últimas semanas, ainda havia
muitos riscos para uma fêmea, principalmente por causa de machos
incapazes. Ela não acreditava que houvesse algum dentro da Casa Rigel,
pois Oryon nunca os toleraria, mas ele ainda se preocuparia e ela queria
ajudar a aliviar o peso que ele carregava e não adicionar mais.
— Tudo bem. — Ela disse a ele e sorriu enquanto suas sobrancelhas
se erguiam. — Você pensou que eu discutiria.
— Eu... sim. — Ele admitiu.
— Oryon, eu sou uma fêmea Torniana. Eu sei o quão perigoso são os
nossos machos, especialmente depois do que aconteceu na Assembleia dos
Lordes.
— Eu nunca me perdoarei por deixá-la desprotegida...
— Pare! Eu não estava desprotegida. Você ordenou que Zev ficasse
comigo e ele o fez.
— Sim, mas...
— Sem desculpas. Você fez o que sua honra
exigiu Oryon. Você, Ull, Vali, Ynyr e o resto da nossa Casa defenderam o
Imperador. Nunca testemunhei tal demonstração de habilidade, força e
honra contra tantos machos incapazes. A Casa Rigel deveria se sentir
orgulhosa, mostrando que o Senhor realmente é um macho digno e
apto. Mesmo o Imperador foi obrigado a reconhecer isso.
— O Imperador Wray sempre me mostrou respeito, Isis.
— Talvez, mas não o suficiente e não até mesmo quando o apoiou tão
fortemente e isso por minha causa.
— Isis...
— Você sabe que é verdade Oryon. O Imperador disse isso quando
dissolveu a Cerimônia de União.
— Talvez, mas não mudaria nada Isis, pois sem você minha vida não
teria sentido.
Isis deu um sorriso gentil. — Nem eu, mas nosso
universo mudou Oryon. Quando nós saímos daqui, não tinha uma fêmea que
pudesse chamar de amiga. Fui forçada a ver minha prole crescer de longe e
considerada uma estranheza pelo meu próprio povo. Agora, não apenas
tenho amigas, mas uma é a Imperatriz e a outra uma Rainha. Agora posso
falar abertamente não apenas com minha prole, mas também com quem
preciso. Percebo que levará algum tempo para que alguns aceitem, mas estou
certa de que seus machos eventualmente irão.
— Nossos machos, Isis. — Disse Oryon e recompensou suas palavras
com um sorriso brilhante.
— Nossos machos. — Ela concordou, então franziu a testa. — O que
mais está incomodando?
— O quê? — Oryon olhou para ela em choque. — O que você quer
dizer?
— Eu não sei. Parece que algo o está incomodando. O que aconteceu?
Oryon foi salvo de responder por Vali batendo na porta de sua câmara.

∞∞∞

Isis sorriu para Vali enquanto caminhavam pelos corredores ocupados


da Casa Rigel. Vali era seu segundo macho, com apenas vinte e quatro
anos. Ele não era tão amplamente construído como seu manno e irmãos,
mas isso de modo algum significava que era fraco. Ela já tinha
visto Vali enfrentar Ull na prática, esta falta de volume era compensava com
maior velocidade e agilidade. Vali nunca superou Ull, mas Isis acreditava que
era porque ele se recusava a fazê-lo, temendo que outros pudessem então
questionar o direito de Ull de ser seu Senhor.
— Como você está lidando com todas essas mudanças, Vali? —
Perguntou ela.
— O que você quer dizer? — Vali respondeu, dando um olhar duro a
vários machos que os encaravam um pouco mais.
— Bem, Ynyr é agora um Senhor. Ainda não ouvi sua opinião sobre
isso.
— Eu sempre apoiarei as decisões do meu Imperador. — Disse ele
com firmeza.
Isis não podia acreditar em quão frio e distante estava seu segundo
macho. Houve um momento em que ela teria permitido, pensando que não
tinha escolha. Não mais. Puxando-o para uma sala lateral, fechou a porta
antes de encará-lo.
— Que tipo de resposta é essa? — Ela perguntou com raiva.
— Como? — Vali perguntou, endireitando a altura total.
— Oh não, você não falará comigo neste tom, jovem. Eu sou sua mãe
e quando lhe fizer uma pergunta, espero uma resposta verdadeira e
nenhuma dessas atitudes de macho Torniano que você acabou de
demonstrar. Eu apresentei você neste mundo e posso tirá-lo dele.
Vali não pode fazer nada além de encarar sua mãe em estado de
choque. Quem era essa fêmea que ousava falar com ele assim? Que o
enfrentava sem medo? Ele não acreditou quando seu manno disse que ela
manteve sua prole com ela durante o tempo que pode. Nenhuma fêmea fazia
isso, mas Ull disse que ele se lembrava do aroma de ardaighs. Vali não. Por
que não tinha nenhuma lembrança desse tempo com ela? E se não aconteceu
com ele? E se ela não o manteve como os outros?
— O que o está incomodando, Vali? — Isis perguntou, observando o
tom mais escuro nos olhos castanhos de Vali, mesmo que seu corpo
estivesse totalmente relaxado, não revelando nenhuma tensão interna.
— Por que você acha que há algo me incomodando? — Ele perguntou.
— Porque quando você está chateado seus olhos escurecem. Isso
acontece desde que você foi apresentado. — Isis deu-lhe um pequeno sorriso
enquanto pensava. — Lembro-me de estar tão preocupada depois da sua
apresentação. Seus olhos eram quase negros, mas parece que ficou irritado
ao ser forçado a entrar neste estranho mundo novo. Mas uma vez que você
foi coberto e alimentando no meu peito que eles começaram a se transformar
no lindo tom marrom de seu manno.
Vali encontrou-se corando com o comentário de sua mãe. Certamente,
uma mãe não deveria falar dessas coisas com sua prole. Então o que ela
estava dizendo o atingiu.
— Você se lembra de mim? Apresentando-me? — Vali não pode se
impedir de perguntar.
— É claro que sim. — Isis franziu o cenho para ele. — Por que você
pensaria que não?
— Eu... — Vali corou, sem saber se deveria continuar.
— Vali, por favor... fale livremente.
— Manno nos disse em Tornian que você manteve cada um de nós por
um tempo até que as pessoas começassem a fazer perguntas.
— Sim, eu fiz. — Isis concordou com a cabeça.
— Ull lembra-se do cheiro dos ardaighs e sempre que o sente agora,
isso o consola.
— Ele disse isso?
— Sim.
— E isso o incomoda. — Isis podia ver que era isso.
— Sim, porque eu não tenho essa lembrança. Manno disse que seu
quarto sempre estava cheio de ardaighs e se estão, porque eu não me lembro
deles?
— Porque você foi apresentado em uma estação diferente. — Isis
percebeu que Vali não entendia. — Ardaighs apenas crescem nos jardins
durante os três meses da estação mais calorosa. Ull foi apresentado dois
meses antes de florescerem e por algum motivo tivemos uma estação
calorosa extremamente longa nesse ano. Os ardaighs floresceram por mais
de seis meses. Você foi apresentado assim que os ardaighs terminaram sua
última floração. Naquele ano, a estação fria parecia nunca terminar e...
bem, não tenho certeza de que tivemos uma estação quente. Foi então que o
seu manno decidiu construir uma estufa de plantas. Ele disse que fez isso
para que sempre tivéssemos produtos frescos, mas se isso fosse verdade,
teria ali algo mais que ardaighs, certo? O seu Senhor fez isso por mim. Então
eu poderia tê-las durante todo o ano.
— Como ele mudou o campo de treinamento. — Disse Vali.
— Ele contou sobre isso? — Isis perguntou surpresa.
— Sim.
— Seu Senhor é um macho muito bom, Vali, mas isso não é o que você
está perguntando, verdade? Você quer saber por que não tem uma lembrança
especial de mim.
— Sim. — Vali respondeu sufocado.
— Posso tocá-lo Vali? — Isis perguntou, aproximando-se dele.
— O quê? — Ele perguntou chocado.
— Embora eu saiba que você é minha prole, é um macho adulto e não
tenho o direito de tocá-lo sem sua permissão.
— Por que você quer me tocar?
— Para mostrar que, enquanto Ull se lembra do cheiro dos
meus ardaighs, há algo que você teve que ele não.
Assentindo com firmeza, Vali se preparou para não sentir nada, mas
no momento em que sentiu os dedos de sua mãe tocarem sua têmpora, sentiu
a parte de trás deles tocarem seu rosto a maxilar, sentiu-os voltarem e assim
que sentiu isso, foi inundado de lembranças de amor, de segurança e de ser
importante.
— Você sempre foi minha descendência mais difícil, Vali. — Isis disse
suavemente. — Não porque você era difícil de lidar, mas porque era mais
quieto. Nunca gritava quando estava com fome ou quando estava
molhado. Apenas olhava para mim com seus belos olhos castanhos e
esperava que eu soubesse o que precisava. Isso me deixava louca, até que
finalmente percebi que seus olhos escureceriam quando você estava
irritado. Depois disso, as coisas ficaram mais fáceis.
— Ninguém nunca notou isso antes.
— Quem você já deixou se aproximar? — Isis perguntou.
Vali de repente percebeu que não deixava ninguém se aproximar e que
a testa dela estava em seu ombro enquanto ela continuava acariciando sua
bochecha.
— Isso é tudo o que tem incomodado você, meu Vali? — Isis
perguntou suavemente.
— Não. — E Vali encontrou-se dizendo-lhe o quão preocupado
estava com Ull, com Ynyr e com o Império.
— O que mais o preocupa em Ull?
— Que ele nunca estará a altura de Ynyr. — Vali ergueu a cabeça e Isis
viu a escuridão girando em seus olhos.
— É assim que ele vê? — Isis perguntou.
— Sim. Primeiro, o Imperador escolheu Ynyr para Etruria e então
Abby escolheu Ynyr por causa disso.
— Não foi por isso que Abby escolheu Ynyr. — Isis corrigiu.
— Eu sei que isso é o que foi dito e depois de conhecer a Abby eu
concordo, mas Ull nunca verá isso.
— Porque nossas fêmeas sempre escolhem o macho por seu status e
o que ele acumulou para dar a ela. — Disse Isis.
— Sim.
— No entanto, Abby escolheu Ynyr quando ele literalmente não tinha
nada para lhe dar, nem mesmo uma capa.
— Isso não durará muito, pois Ynyr é agora o Senhor da casa mais
próspera e poderosa do Império.
— Uma casa que está em total desordem.
— É verdade, mas isso também não será por muito tempo, não
com Ynyr no comando. — Vali disse com confiança.
— Você tem tanta fé em seu irmão mais novo. — Isis ficou surpresa
com o nível de admiração que ouviu na voz de Vali.
— É claro que Ynyr foi concebido para mais do que servir Ull. O
único que o impedia era ser... — Vali fechou a boca, quando percebeu o que
estava prestes a dizer.
— Um terceiro macho. — Isis terminou para ele. — Minha terceira
prole.
— Sinto muito, mãe. Eu não devia ter falado isso.
— Por quê? É verdade. Eu sei que sou um grande fardo não apenas
para esta casa, mas também para minha prole. Nunca foi minha intenção
quando me recusei a deixar seu manno que vocês sofressem
por minhas decisões. Talvez eu estivesse errada.
— Não! — Vali imediatamente negou.
— Vali...
— Você nunca fez com que qualquer um de nós sofresse e nunca foi
um fardo. Sim, outros criticam nossa Casa porque você ficou, mas suas
opiniões não são importantes.
— Até mesmo a do Imperador?
— Especialmente a dele, especialmente agora, quando percebeu que
você estava certa o tempo todo. Você manteve suas crenças e honra mãe,
quando ninguém mais a apoiou.
— Eu tinha seu manno. — Isis sussurrou.
— Sim. — Vali concordou com a cabeça. — E vocês dois estão
mostrando a todos os machos Tornianos o que eles podem ter... se uma
fêmea o escolherem, mesmo uma Torniana.
— Você faz parecer algo ruim.
— E é. — Os olhos de Vali ficaram densamente
arredondados enquanto ele a olhava. — Porque é algo que a maioria de nós
nunca terá.
— Mas você pode ter uma, Vali. Todos vocês podem.
— Não há fêmeas suficientes, mãe. Mesmo com as da Terra e os novos
jovens.
Isis sentiu que seu coração se apertava por sua prole. — Você não acha
que alguém escolheria você.
— Eu não acho que tenho o direito de perguntar. Não quando há
outros que precisarão mais de descendência.
— Outros como Ull.
— Sim. Ele é um primeiro macho. Um dia será Lorde de
Betelgeuse. Ele deve ter uma fêmea para continuar a linhagem da nossa
família.
— E sua prole não faria o mesmo?
— Sim, mas apenas pode haver um...
— Você se sacrificaria pelo seu irmão mais velho.
— Pelo meu futuro Senhor.
Isis estendeu a mão e tocou a bochecha de Vali. — Você é um
bom macho Vali, digno e apto. Seu irmão tem sorte em tê-lo como seu
segundo.
Vali sentiu seu rosto ficar mais escuro com as palavras sinceras de sua
mãe.
— Juntos, todos faremos o nosso melhor para ajudar Ull a ver
que Ynyr foi escolhido como um Senhor e que Abby o escolheu não pelo
que ele tem, mas por sua aptidão como um macho ou futuro Senhor.
— Essa pode ser uma tarefa difícil, mãe.
— Então, comecemos agora, mostrando-lhe a beleza da Casa que ele
um dia governará. — Entrelaçando o braço com o de sua prole, eles foram
atrás de Kaspar.
∞∞∞

— Você... — Kaspar sentou-se atrás da mesa em seu escritório e


olhou para Lady Isis em estado de choque. Porque ela estava
se aproximando dele assim? Por que estava falando com ele? Por
que Vali permitia isso? — Você o quê?
— Eu disse que queria saber por que os cômodos da Casa Rigel não
estão devidamente limpos. — Isis repetiu.
— Eu pessoalmente supervisionei a limpeza de sua câmara, minha
Senhora. — Disse Kaspar rigidamente.
— Eu não estava falando sobre esses cômodos, Mestre Kaspar. Estava
me referindo ao restante da Casa Rigel. Por que as janelas no hall de entrada
estão sujas? Por que os pisos estão sujos? O mobiliário não foi devidamente
polido?
— A entrada esta como meu Senhor o deseja. —
Respondeu Kaspar com os dentes apertados.
— Você está dizendo que meu Senhor ordenou que deixasse a sujeira
no chão? Que as janelas não fossem limpas?
— Claro que não! — Kaspar falou.
— Então, por que estão? — Isis exigiu e Kaspar não pode fazer nada
além de olhá-la silenciosamente com olhos ardentes. — Reúna seus machos,
Mestre Kaspar. — Ordenou Isis. — E me encontre no hall de entrada. Há
trabalho a ser feito e garantirei que ele seja feito corretamente.
— Eu... você... — Kaspar finalmente gaguejou incapaz de acreditar
que ela pensava que poderia ordená-lo. — Você precisa levá-la de volta a sua
câmara. — Ordenou Kaspar, voltando-se para Vali.
— Lady Isis está aqui com a aprovação e apoio completo de
Lorde Oryon, Mestre Kaspar. — Vali disse com uma voz dura e fria, deixando
claro para o macho menor quem estava no comando ali. — Ela é a Senhora
desta Casa e suas ordens devem ser seguidas. A menos que... — Vali ergueu
uma sobrancelha para Kaspar. — Você deseja explicar ao seu Senhor por
que desrespeitou sua Senhora... e minha mãe. — Vali terminou com um
grunhido.
— Não! Claro que não! — Kaspar imediatamente negou.
— Então reúna seus machos! — Rosnou.
— Sim, claro, Guerreiro Vali. — Kaspar levantou-se de sua mesa para
sair, mas as próximas palavras de Vali o pararam.
— Você está saindo sem mostrar seu respeito por sua Senhora?
Voltando, Kaspar encontrou a mão de Vali segurando o punho de sua
espada e percebeu a seriedade de sua ofensa. — Perdão. — Ele disse
rapidamente, curvando-se para Vali, depois virou para se curvar para Isis pela
primeira vez. — Perdão, minha Senhora, reunirei meus machos e a
encontrarei na entrada.
— Muito bom Mestre Kaspar. — Isis, embora fosse educada com
Kaspar, se certificou que ele soubesse quem estava no comando. — Eu o
verei lá em dez minutos.

∞∞∞

— Obrigada pelo seu apoio Vali. — Isis falou calmamente enquanto


caminhavam em direção ao hall de entrada que queria limpar.
— Ele não tinha o direito de desrespeitá-la assim. — Vali disse irritado
com Kaspar. Quem aquele macho achava que era? — Você é sua Senhora e
minha mãe!
— Sim, mas precisamos dar tempo para que todos se ajustem a todas
as mudanças, não apenas aqui, mas em todo o Império. Haverá... mal-
entendidos.
— Isso não foi um mal-entendido. Isso foi Kaspar totalmente
desconsiderando sua posição. Você é Lady Isis da Casa Rigel. Ele é apenas o
Mestre nela. Está aqui para fazer o seu trabalho, não questioná-lo. — Vali olhou
para a mãe e sorriu. — Eu fiquei impressionado com a forma como você
lidou com ele e ainda assim o deixou saber quem estava no comando.
— É algo que meu mano me disse há muitos anos. Ele me disse que
ao lidar com machos Tornianos, eu precisaria falar suavemente, mas ter uma
mão firme.
— O quê?
A expressão no rosto de Vali fez Isis rir. — Você precisaria conhecê-
lo para entender. — Ela olhou para Vali. — Eu queria que você pudesse
conhecê-lo.
— Ele morreu pouco depois de você se uniu ao meu manno, não é?
— Sim, pouco depois que apresentei Ull. Houve um acidente em sua
loja. Nunca foi totalmente explicado para mim, mas ele estava sozinho e de
alguma forma, se feriu tão severamente que morreu antes que um curandeiro
pudesse verificá-lo.
— Sua loja? Que tipo de loja? — Vali interrogou.
— Meu manno era um Mestre de Madeira. — Isis disse com
orgulho, depois franziu a testa para Vali. — Você não sabia disso?
— Não.
— Ele amava a sensação sob suas mãos, adorava cortá-las e esculpir,
polir algo até que ele revelasse o que deveria ser. — Ela parou na entrada do
hall de entrada e olhou ao redor da sala escassamente mobiliada. — Eu tenho
várias peças em minha câmara. Elas ficariam perfeitas aqui no corredor.
— Você deseja trazer mobiliário feminino para o hall de entrada? —
Perguntou Vali incrédulo.
— O que é um mobiliário feminino? — Isis perguntou, tentando não rir
de sua expressão horrorizada.
— Eu... bem... pequeno... delicado... frágil...
— É assim que você vê as fêmeas? Mesmo depois da semana passada?
— Isis inclinou a cabeça para o lado, dando-lhe um olhar considerável.
— Eu... bem, não, mas o seu mobiliário...
— Acho que você ficará surpreso uma vez que esta sala estiver
devidamente limpa. — Isis olhou ao redor da sala suja na qual entraram. —
Eu lhe mostrarei minhas peças femininas e então você pode me dizer se
nossos machos as acharão confortáveis.
Quando Isis acabou de falar, dez homens entraram na sala. Era óbvio
por suas expressões irritadas que eles não estavam felizes por estar ali e Isis
sabia exatamente a quem agradecer por isso e ele estava seguindo
diretamente atrás deles... Kaspar. Bem, ela não o deixaria controlar suas
relações com os machos em sua Casa. Ninguém o faria mais.
— Bom dia, machos. — Isis deu um passo à frente, deixando-os saber
que ela estava no comando ali. — Eu sou Lady Isis, como bem sabem. — Ela
sorriu para os olhares atordoados que recebeu por falar diretamente com
eles. — Como tenho certeza que já ouviram falar, mudanças drásticas
ocorreram no nosso Império durante as últimas semanas. Mudanças como
uma fêmea conversando com machos com quem ela não deseja se unir. —
Ignorando seus suspiros chocados, Isis continuou, certificando-se de que
seus olhos se encontrassem cada macho. — Eu ainda não sei todos os seus
nomes... mas quero saber. — Ela parou por um momento. — Não, como já
indiquei, porque desejo me unir com um de vocês, mas porque vocês
pertencem à minha casa. Pertencem à Casa do meu Senhor e ele os escolheu
para estarem aqui. Ele acredita que vocês não apenas pertencem aqui, mas
que são um trunfo para sua Casa.
Suas palavras tiveram o efeito desejado. Todos os machos levantaram
os ombros e incharam os peitos.
Seus olhos se estreitaram para o Mestre Kaspar. — No entanto, esta
sala... envergonha o Senhor que mostrou tanta fé em vocês. — Ela viu o
choque no rosto de cada macho enquanto seus olhos percorriam
freneticamente a sala.
— Betelgeuse é o planeta de caçadores. Nossos machos aprendem a
caçar, seguir e treinar aqui e se tornar uns dos guerreiros mais temidos do
universo. Isso não é uma coisa fácil de realizar, nem algo que você pode fazer
e manter. No entanto, isso não significa que o lugar onde eles descansam
depois de uma caçada, o lugar onde eles discutem e aprendem com seus
irmãos de armas, também deve estar imundo. Eles merecem melhor do que
isso e nós daremos a eles.
— Você. — Isis apontou para um macho aleatório. — Qual é o seu
nome?
— Jael... Jael, minha Senhora. — O jovem macho de pele amarela
gaguejou.
— É uma honra conhecê-lo, Jael. Agora, diga-me, o que você vê
quando olha para está sala?
— Minha Senhora vejo o hall de entrada para a Casa Rigel.
— O que mais, Jael? — Ela viu seus olhos se moverem para Kaspar. —

Você está falando comigo, Guerreiro Jael e não com o


Mestre Kaspar. Eu estou perguntando sua opinião.
— Eu não sou um Guerreiro, Lady Isis. — Jael disse a ela, inclinando a
cabeça com vergonha.
— Você ainda está em treinamento?
— Sim minha Senhora.
— Há quanto tempo você está na Casa Rigel?
— Dois anos, Lady Isis. — Respondeu Jael.
— Então eu diria que você está no seu caminho para provar a si
mesmo, Jael, já que aqueles que são indignos são rapidamente eliminados
pelo meu Senhor. Agora me diga. — Ela fez um gesto ao redor da sala. — Bem,
se está sala refletisse sobre você pessoalmente, o que mudaria?
— Eu, bem, minha Senhora, as janelas. A sujeira sobre elas bloqueia a
luz, mas se estivessem limpas...
— Isso deixaria os pisos muito pior.
— Sim, minha Senhora. — Ele disse, abaixando a cabeça como se
estivesse esperando ser punido por falar a verdade.
— Você está certo, Jael.
As palavras de Isis fez Jael olhar para ela em estado de choque.
— Jael, eu quero você e três outros para busquem escadas para que as
janelas possam ser limpas. O restante de vocês. — Isis virou o olhar para os
machos restantes. — Quero que movam este mobiliário para o lado, para que
os pisos possam ser devidamente limpos e isso significa o andar inteiro,
incluindo todos os cantos. Não haverá terra nesta sala.
O silêncio reinou na sala por vários segundos tensos antes
de Jael agarrar os braços dos dois machos ao lado dele e depois de se curvar
rapidamente para Isis, eles se dirigiram para pegar as escadas. Outro grupo
foi mover os móveis. Enquanto vários ficavam ao lado de Kaspar, sem se
moverem.
— Há algum problema, Mestre Kaspar? — Isis perguntou com seus
olhos se estreitando sobre os machos imóveis.
— Não, minha Senhora. — Respondeu Kaspar.
— Bom então, já que você esqueceu de trazer os suprimentos de
limpeza necessários, por que você e os machos ao seu lado não vão buscá-
los? Dessa forma, eles ficarão disponíveis para aqueles que estão fazendo o
que eu pedi.
— Sim, minha Senhora. — Disse Kaspar com os dentes apertados,
fazendo uma leve reverência e girando para sair rapidamente da sala, seguido
por outros três machos.
∞∞∞
Oryon estava escondido nas sombras do corredor superior de frente
para o hall de entrada, seu olhar seguindo Kaspar. Ele confiava
que Vali garantiria a segurança de sua mãe, mas ainda assim... precisava ter
certeza por si mesmo e o corredor privado que ligava a ala do Senhor a seu
centro de comando era o local perfeito para observar. O corredor permitia a
um Lorde acesso rápido ao seu centro de comando em tempos
difíceis. Também permitia que um Senhor visse e ouvisse quem estava em
seu corredor sem ser observado. Ao longo dos anos, Oryon descobriu
muitas coisas dessa maneira, como a falta de respeito de Kaspar por sua
Senhora.
Ele teria que manter um olho no macho, pois enquanto Kaspar estava
com a casa Rigel há muitos anos, ele era conhecido por ter um
temperamento explosivo e não aceitava bem críticas, especialmente não
daqueles que sentia estar por baixo dele.
Oryon o tolerava porque acreditava que Kaspar cuidava bem da
Casa Rigel. Agora precisava repensar isso, com Isis apontando coisas que ele
não viu antes. Talvez fosse hora de uma mudança.
Ao ver Vali se aproximar, Oryon percebeu que seu segundo macho
sabia que ele estava lá o tempo todo. Vali era bom nisso. Ele confiava em
seus sentidos. Virando-se, Oryon seguiu para o Centro
de Comando, confiando em que Vali tivesse tudo sob controle.
∞∞∞

Kaspar não podia acreditar que deveria seguir ordens de uma fêmea.
Senhora da Casa Rigel ou não.
Ele era o Guerreiro Kaspar, Mestre da Casa Rigel. Ele se certificava do
funcionamento da Casa de forma eficiente por anos. Que está fêmea pensasse
ter o direito de criticar como ele exercia seus deveres era uma indignação! Ela
ordenou que ele pegasse os utensílios de limpeza como se ele fosse um servo...
Lorde Oryon deveria ter se livrado dela anos atrás, depois que ela lhe
apresentou um segundo macho. Pois depois disso, não havia motivo para
mantê-la. E se ele o tivesse feito, Kaspar poderia ter conseguido garantir uma
fêmea própria, mas nenhuma fêmea o consideraria, não importava o que
tivesse para oferecer, porque ela estava nesta Casa.
Voltando ao salão, Kaspar forçou uma expressão mais calma o rosto,
que aperfeiçoou ao longo dos anos, mascarando sua raiva interior. Ele sabia
que chegaria o momento em que esta fêmea pagaria todas as vidas que ela
adquiriu.
∞∞∞
Isis sorriu quando seu olhar percorreu o hall de entrada. As janelas
agora brilhavam, deixando entrar tanta luz que os cristais de energia
colocados em taças ao longo das paredes poderiam ser conservados
apenas para uso noturno.
A luz solar de Betelgeuse revelou todos os riscos e cicatrizes deixadas
em seus antigos andares por gerações de guerreiros cruzando-o para aquecer-
se na lareira recém-limpa. Isis adorava todas as imperfeições, pois mostrava que
está sala era usada, não apenas uma decoração.
Virando os olhos para o mobiliário que foi polido, ela franziu a
testa. Ela se moveu para a cadeira mais próxima para inspecioná-lo ainda
mais.
— Mestre Kaspar! — Isis gritou por cima do ombro. — Venha aqui,
por favor. — Enquanto ela acrescentava, por favor, ninguém deveria recusar
seu pedido, incluindo Kaspar.
— Sim, minha Senhora? — O prazer na voz de Kaspar soou forçado.
— Por que esse mobiliário está na Casa Rigel? — Perguntou,
apontando para a variedade de móveis que acabaram de ser limpos.
— Minha Senhora? — Kaspar deu-lhe um olhar verdadeiramente
confuso.
— Este mobiliário não é adhmad sólido. Por quê?
— Claro que sim! — Argumentou Kaspar.
— Não. Não é! — Isis deu-lhe um olhar irritado. E se havia uma coisa
que ela sabia era isso. Ela foi ensinada a como reconhecer todas as suas
diferentes variedades de madeira, juntamente com os acabamentos. O que
ela estava vendo ali era uma madeira de baixa qualidade coberta com um
verniz de Dair caro para enganar. — Isto. — Isis tocou um ponto gasto no
braço da cadeira, é peine de nossa região sul. Não é usado em móveis como
estes, porque são facilmente danificados. Alguém o cobriu com uma
fina camada de Dair. — Ela tocou o ponto mais escuro que não estava
desgastado. — Para fazer você acreditar que é uma madeira de
qualidade sólida.
— Você está errada. — Argumentou Kaspar. — Eu pessoalmente
inspecionei cada peça de mobiliário feita para Casa Rigel.
— Bem, você não deve ser o Mestre da Casa Rigel se é facilmente
enganado. — Isis respondeu. — Jael vire a cadeira.
Jael prontamente atendeu ao pedido de sua Senhora enquanto os
outros observavam silenciosamente.
— Você vê isso? — Isis apontou para parte de baixo de uma das pernas
da cadeira e os dois tipos diferentes de adhmad foram facilmente vistos por
todos. — Quem fez isso deixou assim, então você saberia que não era
sólido. E se tivesse inspecionado como você diz que fez, então saberia que não
é Dair maciço. Quero cada peça de mobiliário nesta sala inclinada. — Isis
ordenou, olhando para os outros machos. — Eu quero inspecionar cada
peça.
— Você está me questionando? — Kaspar não
podia acreditar. Ninguém o questionava. — Questionando minhas
habilidades? — Ele deu um passo ameaçador em direção a Isis, que
rapidamente deu um passo para trás.
— Mais um passo e acabarei com você, Kaspar. — O grunhido
baixo de Vali fez todos os machos na sala congelarem.
Os olhos do Mestre Kaspar se abaixaram e um fio de sangue fino
correu de seu pescoço enquanto Vali pressionava sua espada
contra a garganta de Kaspar.
— Vali. — Isis falou com seu segundo macho com uma voz suave e
calma. — Afaste-se.
— Ninguém. — Vali continuou rosnando e pressionando mais forte
contra a garganta de Kaspar. — Ameaça minha mãe e vive.
— Vali. Por favor. — Isis tentou novamente, colocando
cuidadosamente a mão no braço da espada. Ela nunca viu sua prole tão
furiosa. Vali era calmo e firme, mas agora estava vibrando de raiva.
— O que em nome da Deusa está acontecendo? — Oryon exigiu,
invadindo o hall de entrada.
Oryon passou a manhã lidando com dezenas de decisões que ficou sem
resposta em sua ausência. Algumas eram importantes, como os horários de
treinamento e a seleção dos jovens machos que ele gostaria de aceitar para
treinar. Eram decisões que somente o Senhor poderia tomar. Outras
decisões ele desejava não ter que tomar, como resolver disputas sobre qual
fazendeiro forneceria os vegetais deste mês e a qual comerciante eles dariam
a honra de substituir a roupa da casa. Quando o meio-dia se aproximou,
decidiu que era hora de ver como as coisas estavam indo no hall de
entrada. Encontrar Vali com sua espada na garganta de Kaspar não era o que
esperava.
— Este macho. — Disse Vali, seus olhos nunca deixaram Kaspar. —
Ameaçou minha mãe.
— Ele o quê? — Oryon estava rapidamente ao lado de Isis, segurando
seu rosto com as mãos, os olhos procurando os dela. — Isis?
— Estou bem. — Isis disse, colocando uma mão reconfortante sobre a
dele.
— O que aconteceu? — Perguntou Oryon.
— O Mestre Kaspar ficou... chateado quando questionei sua
capacidade de distinguir mobiliário de qualidade de inferior.
— Móveis? — Os olhos de Oryon foram para todos os móveis
inclinados na sala.
— Sim. — Isis disse a ele.
— Você não acha que estas são peças dignas da Casa Rigel? — Ele
perguntou, então olhou para Vali. — Abaixe sua espada, Vali. —
Quando Vali não
obedeceu imediatamente, Oryon grunhiu. — Agora Vali! Eu quero
ouvir a resposta do Mestre Kaspar.
Lentamente, Vali abaixou a espada, mas ele não a embainhou.
— Você questionou a habilidade de minha Senhora em julgar os
móveis, Mestre Kaspar? — Perguntou Oryon em uma voz enganosamente
calma.
— Senhor. — Kaspar gritou, sua mão indo para garganta ferida. — Eu
estava apenas tentando explicar a sua Senhora que ela estava enganada. Eu
apenas fui em sua direção para apontar o porquê. O Guerreiro Vali reagiu
exageradamente ao meu movimento.
— Realmente? — Oryon olhou sua prole, sabendo Vali nunca reagia
exageradamente. E se ele sentiu uma ameaça, havia uma.
— Sim, meu Senhor. — Disse Kaspar.
— Você questiona o conhecimento de minha Senhora de mobiliário?
— Meu Senhor, eu sei que não deveria fazê-lo, por causa de sua
posição, mas quando se mostrou tão obviamente errada, senti que era
necessário corrigi-la. É compreensível, claro, quer dizer, ela é uma fêmea.
Oryon olhou silenciosamente para Kaspar antes de falar. — Você sabia
Mestre Kaspar, que o manno da minha Isis era o Mestre da Madeira para as
casa de Torino?
— Eu... — O olhar de Kaspar foi para Isis e ele a encontrou olhando
para ele, altiva e orgulhosa. — Não, meu Senhor, não sabia.
— Ele era um macho raro, Mestre Geb. Ele acreditava que sua prole
feminina deveria ser conhecedora e educada. Ensinou-lhe muitas
coisas. Uma delas foi o seu próprio ofício, o de trabalhar com adhmad. —

Oryon deixou suas palavras ecoarem antes de voltar para Isis. — Mostre-me
o que você descobriu, minha Senhora.
Isis olhou para Oryon por um momento, depois se virou para a peça
em questão. — Esta cadeira é feita de peine, uma madeira de baixa qualidade
que foi coberta com uma fina camada de Dair. — Ela apontou para as
diferentes madeiras enquanto falava. — Eu não acredito que o criador
pretendia que alguém acreditasse ser uma madeira sólida. Porque se quisesse,
ele colocaria um pedaço da madeira na base de cada perna para que
ninguém soubesse.
— No entanto, não fez isso. — Disse Oryon.
— Não, não fez.
— As outras peças? — Oryon deixou seu olhar percorrer a sala.
— Ainda não os inspecionei.
— Por favor, Isis, eu preciso saber com o que estamos lidando.
Inclinando a cabeça, Isis virou-se e começou a inspecionar cada peça
do hall de entrada da Casa Rigel. Ela sentiu sua raiva aumentar. Cada peça
nesta sala era a mesma que a cadeira... móveis de qualidade inferior. Por quê?
Oryon cruzou os braços sobre o peito e olhou silenciosamente
para Kaspar enquanto Isis inspecionava os móveis.
— Meu Senhor. — Começou Kaspar.
— Silêncio! — Ordenou Oryon. — Esperaremos para ouvir o que
minha Senhora tem a dizer.
— Mas meu Senhor!
— Você quer encontrar minha espada, Kaspar? — Oryon rosnou

segurando o punho de sua espada. — Porque juro a você, derramarei mais


sangue do que minha prole fez.
Nas palavras de Oryon, Kaspar enrijeceu, sabendo que quando
Lorde Oryon puxava sua espada, ele a usava e Kaspar não estava pronto para
encontrar a Deusa neste dia.
Vendo Isis se aproximar, Oryon virou as costas para Kaspar.
— O que você descobriu, minha Isis? — Oryon perguntou com uma
voz forte, mas gentil.
— É tudo o mesmo, peine coberto com Dair, mas também encontrei
uma marca de artesão.
— Quem?
— Mestre Bardo.
— Bardo?
— Sim. Você o conhece?
— Ele é meu Mestre de Madeira. Kaspar? — Os olhos de Oryon se
fixaram o homem que confiava para dirigir sua casa.
— Senhor, não tenho conhecimento de como isso poderia ter
acontecido.
— Você não é o Mestre da Casa Rigel? — Exigiu Oryon.
— Sim, meu Senhor.
— Você não está encarregado de encomendar o mobiliário para esta
casa?
— Sim, meu Senhor.
— No entanto, reclama não conhecimento sobre isso.
— Não, meu Senhor... quer dizer, sim, meu Senhor.
— Kaspar gaguejou. — Não tenho conhecimento.
— Reúna as contas, Mestre Kaspar e me encontre no centro de
comando em vinte minutos.
— Sim, meu Senhor. — Girando, Kaspar quase fugiu pelo corredor.
— Tire essa porcaria da minha casa! — Oryon ordenou aos outros
machos, que rapidamente se apressaram obedecer ao Senhor. — Vali, escolte
sua mãe de volta a sua câmara e permaneça com ela.
— Sim, manno.
— Oryon. — Isis colocou uma mão gentil em seu braço, franzindo a
testa.
— Eu quero saber que você está segura enquanto eu resolvo isso,
Isis. Algo não está certo.
Isis não tinha certeza do que Oryon estava sentindo, mas confiava
nele. — Tudo bem, mas podemos levar alguns jovens conosco? Podemos
usar esse tempo para classificar os móveis em minha câmara antiga e ter as
peças apropriadas enviadas para a entrada até que as substituições possam
ser feitas.
— Isis... — Oryon não podia acreditar no que estava dizendo.
— Acho que o meu manno ficaria extremamente honrado em ter o que
ele construiu usado no seu hall de entrada. — Ela olhou ao redor da sala. —
Ele costumava me contar histórias sobre as caças aqui quando era um jovem
guerreiro. — Movendo-se, ela permitiu sua mão acariciasse a textura sedosa
do manto, sabendo que não fez exatamente o mesmo em algum momento
no passado. — Como ele gostava de sentar-se diante dessa lareira com
o manno do Imperador, antes de ser Imperador e contar suas histórias...
Isis, perdida em suas lembranças, desconhecia o efeito que suas
palavras nos outros machos da sala.
— A honra é minha, Isis. — Disse Oryon calmamente. — Seu manno
era um homem verdadeiramente apto, digno e talentoso.
— Ele era. — Isis sentiu seus olhos se encherem de lágrimas quando
se lembrou de seu manno, lembrando-se de tudo o que ele ensinou e foi
sobre muito mais do que móveis. Ele foi o único a dizer que tinha o direito
de ficar com apenas um macho, se fosse o que desejava. Disse a ela que
apoiaria essa decisão, independentemente da prole que ela apresentasse, se
seu macho a fizesse feliz.
A própria mãe de Isis, Nurit, quis ficar com ele, mas quando
apresentou Isis, a pressão do manno de Nurit e as promessas do que outros
machos ofereciam para compartilhar seu presente com eles, tornaram-se
impossíveis e ela partiu. Isis não achava que seu manno realmente se
recuperou disso.
Anos depois, quando sua mãe veio ajudar Isis a apresentar Ull, Isis
descobriu que ela sempre se arrependeu desta decisão. Isso a mudou, ela não
era mais a fêmea gentil sobre a qual sempre ouviu falar, ela se tornou uma
fêmea rancorosa e amarga que, depois de cada descendente que Isis
apresentou, a encorajou a deixar Oryon. Quando Isis concebeu Zev, ela se
recusou a permitir que Oryon entrasse em contato com ela, preferindo ficar
sozinha e ter um curandeiro para ajudá-la.
Foi um momento difícil e sua apresentação não foi bem. Por isso que
Isis acreditava que nunca seria capaz de conceber novamente, mesmo que
ainda era jovem. Não tinha importância para Oryon, mas ela sempre quis
dar-lhe uma fêmea.
— Isis... — Oryon estendeu a mão, tocando sua bochecha, quando viu
seus olhos se encherem de lágrimas. Ele sabia que ela era próxima de
seu manno, mais próxima que qualquer fêmea normalmente era e que ainda
o chorava. Era uma homenagem ao macho que Geb foi. Oryon desejava
poder dizer o mesmo sobre sua mãe.
Nurit era uma fêmea conivente e ainda surpreendia Oryon que ela
pode ter apresentado uma fêmea tão maravilhosa quanto Isis. Toda vez que
ele a chamou para ajudar Isis em sua apresentação, Nurit exigia cada vez mais
homenagens, sem se preocupar que Isis sofreria sem ela. Ela não gostava
que Oryon visitasse Isis depois de conceber, afirmando que era
inapropriado. Oryon não se importava com o que Nurit pensava. Isis
era sua fêmea. Ela carregava sua prole. Era o que Isis pensava que importava
e ela sempre queria vê-lo.
— Sinto muito, deixei minha mente vagar. — Inclinando a cabeça em
sua mão, Isis deu-lhe um pequeno sorriso.
— Sobre seu manno.
— Sim, você me conhece bem.
— Eu conheço minha Isis. — Ele deixou seus dedos acariciarem sua
seu rosto.
O som de um sino tocando, anunciando que a refeição do meio-dia
estava pronta, fez ambos se lembrarem de onde estavam.
— Bem, se concordar, pedirei a Jael e aqueles que o ajudaram com as
escadas a irem para nossa ala depois da refeição do meio-dia e assim podem
trazer os moveis.
Oryon olhou para Jael enquanto os outros três se aproximavam
dele. Reconhecia os jovens e estava bem com isso. — Eles estão
bem. Pedirei uma refeição a Lajos para você e Vali.
— E você? — Isis perguntou. — Você também precisa comer.
— Eu irei, depois de lidar com Kaspar.
— Tudo bem. — Isis assentiu. — Eu o vejo mais tarde. — Virando, ela
assentiu com a cabeça para Vali e eles saíram do corredor.

∞∞∞

Oryon esperou até que Isis estivesse fora de alcance antes de falar. Seu
olhar percorreu cada macho, avaliando-os enquanto seu olhar os mantinha
no lugar. — Eu quero que falem sobre o que aconteceu hoje. Porque se
descobrir mais tarde que sabiam de algo e ninguém falou, serão tratados com
dureza por mim.
Um silêncio absoluto cumprimentou a declaração de Oryon. Todos os
machos sabiam que ele os forçaria a sair de sua Casa em desgraça se
descobrisse que estavam mentindo para ele.
— Jael. — Oryon voltou os olhos firmes para o jovem macho quando
ninguém falou.
Um leve tremor o percorreu visivelmente. — Sim... Sim, meu Senhor.
— Você, Fajr, Abir e Eben comerão primeiro, então, imediatamente,
irão para a câmara da minha Senhora onde farão o que ela
ordenar. Entenderam?
— Sim, meu Senhor. — Eles disseram como um.
— Então, o que estão fazendo aqui? — Oryon rugiu. — Vão! Todos
vocês!
Com suas palavras, eles saíram como um.
CAPÍTULO CINCO

Com o que ele estava vendo, os olhos de Vali se arregalaram em


choque. Ele ouviu contos de como a câmara de uma fêmea se pareceria e
como estavam cheias de tesouros, camas luxuosas de todos os universos
conhecidos. Era por isso que os machos trabalhavam tanto, para que
pudessem reunir os itens que precisariam para preencher tais salas, mas isto,
era algo que ele nunca poderia ter imaginado.
— Você parece surpreso Vali. — Isis disse calmamente.
— Eu... bem... sim.
— Por quê? — Isis perguntou, olhando ao redor de seu quarto.
— Porque, não é como eu sempre imaginei que seria.
— Não é? Como você imaginou?
— Eu não sei. Cheio... ocupado... transbordando. — Seus olhos
continuaram percorrendo a sala. Sim, a sala continha tecidos ricos que os
quartos de um macho nunca teriam, mas não eram abundantes como
esperava. Sim, havia móveis, mas não eram as peças delicadas como
disseram, as peças preferidas de uma fêmea, mas robustas que seguravam
confortavelmente um guerreiro Torniano. Seus olhos se concentraram em
uma peça específica, ao lado de uma janela.
Isis aproximou-se da cadeira em que os olhos de sua prole pareciam
focados: — Você gosta? — Perguntou, passando a mão com carinho pelo
encosto alto.
— É uma peça extraordinária. — Disse Vali, sabendo que nunca viu
nada parecido. A cadeira era um tamanho incomum, não grande o suficiente
para se adequar à forma de um macho Torniano do tamanho de seu manno,
mas não do tamanho de sua mãe também. Seu material também não era de
um rico tecido - feminino. Em vez disso, estava coberto de liedr bem gasto, a
pele de um de seus animais mais temidos. Era algo que ele nunca esperava
encontrar em seu quarto. Por que estava ali?
— Venha. Sente-se. — Isis encorajou-o.
— Não! Não posso. — Disse ele.
— Por que não? — Isis perguntou, vendo o desejo em seus olhos. —
Esta era a cadeira favorita do meu manno. Ele projetou especificamente para
machos altos e bem construídos. Por favor? — Ela perguntou
suavemente. — Eu gostaria muito de vê-lo nela.
Vali lentamente sentou-se na cadeira, então se recostou para encontrá-
la perfeita. Passando as mãos ao longo dos braços, achou o liedr suave e
flexível, dizendo-lhe que estava bem cuidada e costumava ser usada. Ao lado
da cadeira havia uma mesa que apenas poderia ter sido feita especificamente
para esta cadeira, pois era da altura perfeita. Na mesa, um livro estava
aberto, virado para baixo. A cadeira estava de frente para a janela e ele
descobriu que tinha a visão perfeita dos campos de prática
abaixo. Seu manno tinha razão sobre ela observando-os. Ao levantar os
olhos, encontrou sua mãe observando-o com o olhar mais estranho em seus
olhos.
— Você parece tão bem sentado aí. — Ela disse calmamente. — Eu
nunca percebi isso antes, porque você também é tão parecido com
o meu manno.
— Seu manno realmente a fez? — Ele perguntou, seus olhos voltando
para cadeira.
— Sim. Ela e a mesa foram as únicas peças que ele fez especificamente
para si. Ele sentava nessa cadeira e projetava sua próxima peça ou me
segurava quando eu tinha um pesadelo, dizendo que me amava. — Lágrimas
encheram os olhos de Isis enquanto ela falava.
— Eu queria poder conhecê-lo. — Vali disse.
— Eu também.
Antes que Vali pudesse falar novamente, o seu comunicador tocou. —
Sim?
— Guerreiro Vali, há quatro machos aqui dizendo que devem se
apresentar a você. — Informou um dos guardas das portas da ala.
— Sim, envie-os. — Vali levantou-se da cadeira. — Você tem certeza
de que deseja mover essas peças para o Hall de entrada? — Vali deixou seus
olhos percorrerem novamente a sala, desta vez entendendo facilmente coisas
que sua mãe não disse.
— Sim, nossos machos precisam de lugares para se sentar após um
longo e difícil dia. As peças do meu manno foram projetadas
especificamente para isso.
— Mas o tecido...
— É mais durável do que você pensa e se for danificado, ele pode ser
facilmente recuperado. Não se preocupe assim.
— Mas se pegarmos estas peças, este quarto ficará vazio.
— O que está bem, já que eu não estou ficando mais neste quarto.
— Você não está? — Os olhos de Vali se arregalaram.
— Não. Estou agora ficando com meu senhor. — Isis disse-lhe com
grande satisfação. — É onde deveria ter ficado o tempo todo.
— Eu... — Antes que Vali pudesse dizer mais, o som de passos
hesitantes na escada o impediu. Movendo-se para ficar entre a escada e sua
mãe, ele colocou a mão no punho da sua espada, tirando apenas depois que
verificou que era apenas os quatro machos que seu manno enviou.
— Olá, Jael. — Isis sorriu enquanto se movia por Vali. — E quem você
trouxe?
— Este é Abir, Fajr e Eben, minha Senhora. — Cada macho se curvou
para ela quando Jael os apresentou.
— Vocês estão em seu segundo ano de treinamento? — Isis
perguntou.
— Sim, minha Senhora. — Disseram-lhe.
— Então, em breve, serão vocês a descasarem neste mobiliário diante
do fogo do hall de entrada do seu Senhor.
Vali precisou esconder o sorriso enquanto os peitos dos quatro machos
incharam com as palavras de sua mãe. Eles sabiam que apenas nos últimos
anos de formação de guerreiros que poderiam sentar-se no hall de
entrada. Para sua Senhora dizer tal coisa, significava que ela acreditava neles.
— Agora. — Isis continuou: — Quero tudo nesta sala, com exceção
da cadeira e da mesa junto à janela, sejam levadas ao hall de entrada,
começando com este sofá. — Ela tocou a peça a qual estava se referindo. —
Serão necessários quatro de vocês para levá-lo, pois é de madeira sólida e
muito pesada. Tomem seu tempo com isso e se acharem que precisam de
mais ajuda, certifiquem-se de obtê-lo. Eu não quero que se
machuquem. Vocês são mais importantes do que qualquer peça de
mobiliário. — Pegando vários itens, ela se virou e foi colocá-los no manto.
Isis não viu os olhares chocados nos rostos dos jovens,
mas Vali sim. Ele sabia que, com estas simples palavras de carinho, sua mãe
assegurou a lealdade destes quatro e ela não sabia o quanto isso significava.
— Sim, minha Senhora. — Eles rapidamente disseram e
imediatamente obedeceram.
∞∞∞
Oryon levou seu tempo observando as contas diante dele. Foram
escritas à mão pelo Mestre Kaspar, afirmando com precisão o que seria
feito para a Casa Rigel, talvez muito exigente. Havia duas assinaturas em cada
fatura. Mestre Kaspar e Mestre Bardo, juntamente com o que o Mestre
Bardo recebeu.
— Como você pode ver meu Senhor, é como eu
disse. Móveis Dair sólidos foram pedidos.
— No entanto, isso não é o que foi recebido — Declarou Oryon,
recostando-se na cadeira.
— Bem, se é verdade, eu não sabia disso até hoje.
— Se...? — Oryon perguntou a Kaspar.
— Meu Senhor, enquanto o entendo apoiando sua Senhora diante dos
jovens treinandos, não é necessário fazê-lo diante de mim.
— Você acha que eu falaria uma mentira... diante dos meus machos...
porque minha Senhora estava presente? — A voz de Oryon aumentava de
tom em cada palavra.
— Somente para não irritar sua fêmea. Eu sei que ela acredita que está
correta.
— Você não ouviu minhas palavras sobre quem é a
minha Senhora? Quem seu manno era? — Oryon enfatizou o título de Isis.
— Claro, meu Senhor, mas não é como se o
Mestre Geb realmente tivesse ensinado alguma coisa a ela. — As palavras de
Kaspar indicavam que o pensamento era ridículo para ele.
— Então você dúvida das minhas palavras. — O tom de Oryon tornou-
se letal.
O olhar de Kaspar foi para o rosto de seu Senhor. Ele finalmente
percebeu que seu Senhor não estava apenas apoiando sua fêmea para não
irritá-la. Ele realmente acreditava nela sobre os móveis. Ela, uma fêmea, abaixo
dele, um macho de alto nível, de confiança em sua Casa.
— Eu... meu Senhor... eu nunca...
— No entanto, você acabou de fazê-lo Mestre Kaspar! Ela disse que o
mobiliário Dair é inferior e não sólido como essas faturas dizem! Por quê?
— Eu... meu Senhor... eu não sei!
— Eu quero todas as faturas para esta Casa! Cada. Fatura.
Entendeu Kaspar?
— Eu... sim, meu Senhor. Mas levará um pouco de tempo para reuni-
las.
— Você tem três horas, Kaspar e depois eu o quero de volta aqui.
— Sim, meu Senhor.
— Enquanto estiver fazendo isso, quero verificar os moveis com o
Mestre Bardo.
Kaspar empalideceu com as palavras de seu Senhor. — Eu... sim, meu
Senhor... três horas. — Girando, Kaspar rapidamente saiu da sala, sua mente
correndo. Porque se Oryon conversasse com Bardo, descobriria o engano de
Kaspar. O que ele faria? Quando ele correu ao virar o corredor, trombou
com Jago.
— Ei! — Jago grunhiu, empurrando Kaspar para longe. — Veja por
onde vai! — Jago nunca gostou de Kaspar, mesmo antes de se tornar o
Mestre da Casa Rigel. Apesar de terem a mesma idade, Kaspar passou vários
anos antes de Jago no treinamento, devido aos seus problemas em Luda
e Kaspar nunca o deixou esquecer. Não que Kaspar conhecesse o motivo...
ninguém sabia a não ser Lorde Oryon e guardou isso para si mesmo. Era algo
que Jago agradecia, mas agora, por causa do que aconteceu em Tornian,
todos sabiam e ele estava sendo tratado de maneira diferente. Por isso que
ele estava a caminho de falar com o Senhor.
— Você quem precisa olhar por onde você anda! Seu bêbado! —
Kaspar disse, apontando para Jago seu passado
vergonhoso. Ignorando Jago, Kaspar continuou caminhando.

∞∞∞

Oryon estava reunindo as faturas que Kaspar deixou e estava se


levantando para sair quando ouviu uma batida em sua porta.
— Entre! — Ele ordenou e ficou surpreso ao ver Jago.
— Meu Senhor. — O braço de Jago cruzou seu peito, enquanto ele se
curvava para o macho que lhe devolveu sua honra.
— Jago, o que posso fazer por você? — Oryon sentou-se novamente.
— Meu Senhor, estou aqui como um macho sóbrio apenas por sua
causa. Permitiu-me recuperar minha honra e lidar com meu passado. Eu
paguei isso trazendo vergonha para sua casa.
— Jago... — Oryon ficou chocado com a declaração do jovem macho
e estava prestes a dizer isso a ele, mas Jago continuou.
— Eu preciso pedir que me liberte do meu voto.
— Por quê? — Oryon perguntou.
— Porque eu não quero trazer mais desonra para sua casa.
— Para onde você vai?
— Eu... eu não sei ainda, mas...
— Não. — Quando Jago abriu a boca para discutir, Oryon ordenou:
— Sente-se!
Lentamente, Jago fez o que o Senhor ordenou.
— Agora me diga exatamente o que está acontecendo.
— Meu Senhor, eu lhe disse.
— Isto é por causa do que foi conhecido em Tornian.
— Sim, meu Senhor. — Jago disse calmamente. — Eu não posso mais
servir...
— Por quê? — Oryon perguntou. — O que mudou?
— Meu Senhor? — Jago deu-lhe um olhar atordoado.
— O que mudou, Jago? Exceto o fato de que todos agora sabem o que
você precisou superar para se tornar um macho digno e honrado que agora
é.
— Meu Senhor? — A surpresa surgiu nos olhos de Jago.
— Somente um macho de grande honra e coragem poderia fazer o que
você fez na frente da Assembleia, Jago. Em frente ao Imperador. Você ficou
de pé e disse a verdade, apesar de refletir mal sobre o macho que era
antes. Você mostrou que um macho, um macho Torniano pode mudar, que
quem somos não é ditado por quem nós éramos. Tenho orgulho de que seja
membro da minha Casa.
— Mas outros...
— É disso que se trata? O que os outros estão pensando e
dizendo? Jago, você não pode deixar isso controlá-lo. Porque se eu fizesse
isso, não teria quatro machos, de quem tenho muito orgulho. Eu não teria
minha Senhora, por quem daria minha vida e não por causa da prole que ela
me deu, mas porque me completa de uma maneira que nunca poderei
explicar verdadeiramente. Sem ela, eu não sou ninguém.
Choque arregalou os olhos de Jago que se sentou em uma cadeira. —
Sua Senhora é uma fêmea extremamente especial, meu Senhor.
— Ela é e agora ela está em sua antiga câmara selecionando móveis
para o hall de entrada. Essa conversa está concluída. Você ficará como
prometeu. É um trunfo para minha Casa, Guerreiro Jago, não uma
responsabilidade e eu quero mantê-lo.
— Obrigado, meu Senhor. — Começando a se levantar, Jago fez uma
pausa. — Meu Senhor?
— Sim? — Oryon ficou de pé, juntando as faturas.
— Por que Lady Isis está selecionando móveis para o hall de entrada?
— Porque parece que o Mestre Bardo entregou-nos moveis de
qualidade inferior fazendo-se passar por madeira sólida.
— Impossível! — Jago imediatamente negou a possibilidade.
— Como? — Oryon perguntou levantando uma sobrancelha.
— O Mestre Bardo nunca faria tal coisa, meu Senhor. Ele é um homem
digno e honrado que se orgulha de seu trabalho.
— No entanto, eu tenho suas faturas em minhas mãos. —
Oryon levantou-as. — Assinadas por ele atestando moveis
de Dair sólido para minha sala, quando o que foi encontrado é peine coberto
com Dair.
— Tudo o que sei é que, se é o que você tem, então é o que foi
solicitado ao Mestre Bardo para construir.
— Você tem tanta fé no macho?
— Sim, meu Senhor. — Jago simplesmente disse.
— Então irá me acompanhar enquanto eu o confronto com isso e
veremos se sua fé está bem colocada.
— Certamente, meu Senhor.

∞∞∞

A loja do Mestre Bardo ficava próxima a Casa Rigel em um pequeno


vale cercado por uma área fortemente florestal. Bardo às vezes trabalhava até
a noite e a paisagem impedia que o barulho atrapalhasse, como estava
acontecendo agora.
Oryon sabia que Bardo era bem apreciado pelo seu povo, não apenas
porque ele era um macho extrovertido, mas também porque era muito
talentoso. Seu mobiliário era muito procurado. Foi por isso que Oryon pediu
que ele fosse o Mestre da Madeira, assegurando que a Casa Rigel sempre
tivesse o melhor. Então ele pensou assim. Agora se perguntava se não
foi enganado.
— Mestre Bardo! — Oryon gritou sobre o barulho da serra, quando
entrou na oficina de Bardo.
Depois de vários minutos, Bardo parou a serra. — Quem, em nome da
Deusa, ousaria gritar com um macho quando ele está usando uma serra? —
Bardo girou, pequenos pedaços de adhmad se agarrando aos cabelos
grisalhos, revelando sua idade avançada. Ele não pareceu perturbado ao
ver Oryon. — Você queria que eu cortasse um braço! Meu Senhor. — Ele
falou no final.
Oryon segurou um sorriso ao ver o macho mais velho, que quase não
se lembrava de respeito. Era algo que ele sempre gostou nele. Ele
via Oryon como apenas outro jovem, um que ele tinha algo para ensinar. O
pensamento de que ele o enganou por todos esses anos fez Oryon franzindo
a testa.
— Estou aqui para falar sobre o mobiliário no hall de entrada da
Casa Rigel.
— Sim? — Bardo bufou, voltando para inspecionar o pedaço
de adhmad no qual estava trabalhando antes de ter sido interrompido. —
Ainda não posso acreditar que você pediu aquilo. Bem, se ter uma Senhora
coloca muita pressão sobre sua Casa, então precisa se livrar dela. O salão de
entrada da Casa Rigel, inferno, toda a Casa apenas deve ter o melhor que
Betelgeuse tem para oferecer e não peças que apenas fingem isso.
— O quê? — Oryon perguntou em uma voz mortal e silenciosa.
— Você ficou surdo, meu Senhor? Ou é que você simplesmente não
gosta de ouvir mais a verdade? — Parece que Bardo passou da fase em que
se importava que um Senhor acabasse com sua vida.
— Eu não sou surdo e sempre ouço a verdade, velho macho e é melhor
você começar a me dar toda ela. Quero saber por que os móveis no meu
salão não são o que foram encomendados!
— Foi exatamente o que foi encomendado, embora quase me recusei a
fazê-lo.
— Eu tenho as faturas aqui! — Gritou Oryon, puxando-as de seu
bolso interno. — Foram encomendados moveis de qualidade, com
madeira sólida!
— Não foi! — Bardo gritou de volta.
Avançando, Bardo pegou os papéis da mão de Oryon mais rápido do
que Oryon pensou que pudesse, pois o macho tinha uma lesão na coxa, que
sofreu em uma batalha que quase lhe custou a vida. Era por isso que ele não
mais tinha o status de guerreiro.
— O que é isso? — Bardo olhou para as páginas.
— São as faturas dos moveis do hall de entrada que você fez.
— Isso é uma mentira! — Girando com sua perna boa, Bardo mancou
em direção a seu escritório, murmurando todo o tempo.
Oryon ergueu uma sobrancelha para Jago, que apenas encolheu os
ombros e ambos seguiram o macho mais velho. Quando chegaram à
pequena sala que parecia ser o escritório de Bardo, eles o encontraram ainda
murmurando sobre jovens incompetentes enquanto abria e fechava gavetas
de arquivo.
Olhando ao redor da sala, Oryon achou surpreendentemente limpo e
organizado. Caminhando até uma mesa de design alta, ele viu que era uma
incrível peça de mobiliário ainda em fase de acabamento. Era grande e sólida,
mas tinha o belo trabalho de escultura e detalhes que Oryon sabia que Isis iria
amar.
— Aqui! — Bardo exclamou triunfante.
Virando, Oryon encontrou Bardo folheando papéis. Puxando um para
fora, Bardo empurrou-o para as mãos de seu Senhor. Olhando para
baixo, Oryon viu que parecia ser uma fatura idêntica a sua, mas esta declarava
a peine coberta de Dair e um preço totalmente diferente. Um que era muito
mais baixo do que o Kaspar afirmou ter pago.
Colocando a fatura de Bardo sobre a
que Kaspar deu- lhe, Oryon descobriu as assinaturas alinhadas
perfeitamente, assim como os números das faturas. Eram apenas as
descrições e os montantes, que estavam diferentes. Oryon sentiu sua raiva
começar a crescer, mas sabia que precisava se controlar.
Bardo não sentia tal inclinação. — Esse filho de Daco! Eu sabia que
deveria ter ido até Rigel para falar sobre o meu desagrado direto para você!
— Girando, Bardo perdeu um pouco do equilíbrio. Ele corou como se
estivesse envergonhado por sua demonstração de fraqueza.
— Por que não foi? — Oryon perguntou, ignorando o tropeço de
Bardo.
— Porque aquele filho de Daco, seu Mestre Kaspar, me informou que
ele também tentou fazê-lo mudar o pedido e que você o informou que era o
Senhor da Casa Rigel e se alguém questionasse suas decisões, os removeria
de Betelgeuse. — O rubor de Bardo escureceu e ele sussurrou tão
silenciosamente que Oryon quase não ouviu. — Eu não tenho mais para
onde ir.
Oryon sentiu seu estômago apertar-se com as palavras deste macho
orgulhoso. Tão orgulhoso que acreditava ser tão pouco valorizado por seu
Senhor.
— Eu nunca teria feito isso Mestre Bardo. — Oryon se aproximou e
apertou o ombro de Bardo com tranquilidade. — Você serviu não apenas o
meu manno, mas eu mesmo, lealmente e bem. Nós não descartamos aqueles
que fazem isso. Você sempre terá um lugar na Casa Rigel.
— Obrigado, meu Senhor. — Desta vez, a voz de Bardo manteve o
tom respeito sincero pelo seu Senhor.
Acenando com a cabeça, sabendo que Bardo estava
desconfortável, Oryon voltou ao assunto em questão. —
Quando Kaspar lhe disse isso?
— Já faz mais de cinco anos, meu Senhor. Começando com as mesas
para o salão.
Oryon franziu a testa, lembrando-se de como as pernas de várias mesas
quebraram, ferindo vários jovens. Kaspar disse a ele que os jovens fizeram
movimentos ásperos, fazendo com que as tábuas se rompessem. Agora ele
se perguntava se isso realmente aconteceu.
— Você tem uma fatura para cada peça feita?
— Sim, meu Senhor. Eu as pegarei.
— Não há necessidade, Mestre Bardo. — Oryon o parou. — Sua
palavra é boa o suficiente para mim. Eu quero que refaça
cada peça como deveria ter sido feita. Quero apenas o que tenha a melhor
qualidade na minha Casa.
— Sim, meu Senhor. — Bardo inclinou-se para ele. — Meu Senhor...
A hesitação na voz de Bardo fez Oryon olhar duro.
— O que o Mestre Bardo?
— Os outros moveis?
— Serão destruídos.
— Eu...
— O que, Mestre Bardo?
— Meu Senhor, há aqueles que podem usá-los, aqueles que não
conseguem comprar um delir sólido.
— Irá remover o emblema da Casa Rigel deles? — Oryon não queria
que ninguém pensasse que era algo que a Casa dele descartou.
— É claro, meu Senhor.
— Então eu os enviarei... depois de conversar com o Mestre Kaspar.
— Trate com ele severamente meu Senhor. — Disse Bardo. — E
verifique todas as faturas. Porque se ele fez isso comigo, então fez com
outros também.
— Eu o farei. Não tenha dúvidas sobre isso. Kaspar selou seu destino
com sua desonra.
CAPÍTULO SEIS

Kaspar ficou gelado, olhando ao redor do escritório, tentando decidir


o que fazer. Não havia como chegar às faturas de Bardo e mudá-las. Esse
macho impróprio mantinha registros imaculados. Quando
Lorde Oryon descobrisse seu engano... mesmo que Kaspar fosse capaz de
jogar a culpa de outra pessoa, Oryon ainda o culparia por não inspecionar os
móveis e então havia a diferença nos custos. Que apenas Kaspar poderia ter
feito.
Percebendo que tudo isso voltaria para ele, Kaspar começou a
suar. Precisava destruir a evidência de seus crimes, precisava de tempo para
fugir antes de ser descoberto. O freneticamente olhava ao redor da
sala. Precisava de uma distração.
Movendo-se em direção a um compartimento escondido na parede,
rapidamente o abriu, tirando a pesada bolsa de créditos que conseguiu
adquirir nos últimos cinco anos. Empurrando-os para outro saco, deixou-o
perto da porta, depois voltou e começou a esvaziar seus arquivos,
empilhando tudo no centro de sua mesa. Agarrando uma vela acesa, jogou-
a na pilha. Na porta, pegou o saco de créditos e esperou tempo suficiente
para se certificar de que os papéis pegassem fogo, logo saiu fechando a porta
para seus crimes.
∞∞∞
— Direita, Jael. — Isis apontou para o local em frente à lareira onde
queria o sofá. Eles finalmente esvaziaram quase todo seu quarto, então ela
e Vali estavam agora no hall de entrada, considerando a colocação das
peças. Seu pai se orgulharia de ver seu sofá no hall de entrada de Oryon. A
vê-lo ali, Isis sentiu seus olhos se encherem de lágrimas e ela não podia
acreditar que levou tanto tempo para perceber que este era o lugar onde
sempre esteve destinado a ficar, tal como ela deveria permanecer
no quarto de Oryon.
— Parece que foi feito especificamente para isso, mãe.
— Vali apareceu atrás dela, colocando uma mão gentil em suas costas.
— Sim. — Ela sussurrou. — Ele ficaria tão honrado por tê-lo aqui,
sabendo que seria usado não apenas pelos guerreiros da Casa Rigel, mas
pelos meus machos.
— Vamos tratá-lo com o respeito que merece.
Isis sorriu para isso. — Você o usará como deveria ser usado, como
um lugar confortável para relaxar e quando sua utilidade acabar, outro o
substituirá.
— Há coisas que nunca podem ser substituídas, mãe. —

Disse Vali suavemente.

— As coisas sempre podem ser substituídas. As pessoas não


podem, Vali.
— Minha Senhora. — Jael a chamou. — Onde você gostaria das peças
restantes?
O restante da tarde pareceu voar, enquanto o hall de entrada da
Casa Rigel se transformava em um lugar onde todos os guerreiros iriam
querer relaxar. Olhando ao redor da sala, Vali não podia acreditar na
diferença. Apenas ontem, quando ele passou por esse salão, não queria parar,
preferindo sua própria câmara. Agora, sabia que ele gostaria de passar tempo
ali. Havia tapetes grossos cobrindo o chão de pedra, a luz fluía através de
janelas limpas e a sala tinha um calor que não tinha nada a ver com o fogo
ardendo. Ele percebeu o cuidado de sua mãe ao colocar cada peça,
parecendo saber o que um macho iria querer depois de um duro dia de
treinamento. Ele nunca pensou que um toque de uma fêmea pudesse fazer
tal diferença.
— Jael, eu sei que está ficando tarde, mas há mais duas peças do meu
quarto que gostaria de mudar. Uma cadeira e uma mesa.
— Claro, minha Senhora. — Respondeu Jael. — Onde você gostaria
que elas fossem colocadas?
— Mãe... — Vali sabia que ela estava se referindo às peças na frente da
janela, as peças personalizadas de seu pai. — Aquelas precisam ficar com
você.
Ignorando-o, Isis continuou conversando com Jael. — Você precisará
fazer a Vali essa pergunta, porque irá levá-las para sua câmara.
— O quê? — Vali deu a sua mãe um olhar chocado. Por que
ela lhe daria peças que eram tão queridas para ela?
— Bem, de toda minha prole, Vali. — Isis lhe deu um olhar suave. —
Você é o mais parecido com o meu manno. Tem o coração de um guerreiro
e a alma sensível da Deusa. Isso é um dom, não uma fraqueza, como alguns
pensariam, pois permite que você veja o que os outros não veem. Você,
acima de todos os outros, apreciará o que o meu manno criou e quando tiver
a sua prole, será capaz de se sentar lá e contar sobre o manno de sua mãe.
— Você realmente me honra mãe. — A voz de Vali estava tensa com a
emoção quando ele cruzou a mão sobre o peito, dando-lhe uma profunda
reverência, mostrando-lhe o maior respeito que um macho Tornian poderia
a uma fêmea.
— Sempre foi minha honra ter você e seus irmãos como prole. Foi uma
das razões pelas quais a Deusa me criou.
— E a outra? — Vali encontrou-se perguntando enquanto se levantava
e sua mãe sorria para ele.
— Para amar o seu manno, é claro. Ele é o meu destino.

∞∞∞

— Jago, quando voltarmos para Rigel, quero que você selecione uma
dúzia de guerreiros, os mais confiáveis.
As palavras de Oryon surpreenderam Jago enquanto caminhavam de
volta para a Casa Rigel. — Meu Senhor? — Perguntou.
— Você tem mais do que provado a si mesmo, confio no seu senso de
honra. — Os olhos de Oryon foram para ele. — Sua força interior é
impressionante. Todos nós temos coisas das quais se envergonhar. É como
lidamos com isso que nos torna os machos que somos. — Naquele
momento, Oryon percebeu que precisava confessar a Isis o que ele
fez. Porque se não o fizesse, todo o seu futuro juntos seria baseado em uma
mentira que poderia destruí-los.
— Meu Senhor? — Perguntou Jago, sem saber onde os pensamentos
de seu Senhor foram.
— As coisas mudarão na Casa Rigel, Jago. Minha Isis se envolverá na
forma como a nossa Casa é dirigida a partir de agora. Ela terá permissão para
se mover livremente pela Casa, mas ela ainda precisará ser protegida e é aí
que você entra.
— Eu, meu senhor? — Perguntou Jago.
— Sim. Você será o Capitão da Guarda da minha Senhora. — Disse-
lhe Oryon.
— Eu? — Jago parou atordoado ao lado de seu Senhor.
— Você. — Repetiu Oryon, virando-se para olhar para o macho. —
Não será uma tarefa fácil a que estou lhe atribuindo. Haverá muitos que
criticarão suas ações. Você vai fazer algo que nenhum macho em Betelgeuse
já teve e isso inclui-me. Você irá interagir diariamente com uma fêmea com
a qual não irá se unir. Precisará entrar em contato com o Guerreiro Agee, o
Capitão da Guarda da Rainha Lisa e pedir seu conselho. Ele saberá o que é
preciso para proteger uma fêmea exigente e sem dúvida Jago, minha Isis será
exigente.
— Eu... meu Senhor... estou honrado.
— Veremos o quão honrado você se sente quando suas ações não forem
apenas questionadas por mim, mas por minha prole masculina, que, acredite,
o observará de perto.
— Eles terão o direito de me destituírem? — Perguntou Jago.
— Não. Quando se trata da segurança da minha Isis, o único que pode
fazê-lo sou eu.
— Nem mesmo Ull? — Jago pressionou, sabendo que como o futuro
Senhor, Ull ele teria o direito.
— Nem mesmo Ull. — Respondeu Oryon.
— Então não terei nenhum problema em lidar com eles, meu Senhor.
Oryon sorriu para a confiança de Jago. O macho percorreu um longo
caminho desde que se apresentou a Oryon para treinar. Ele agora era um
guerreiro que Oryon estava orgulhoso de dizer que era de sua Casa.
— Meu Senhor...
O olhar de repente preocupado no rosto de Jago fez Oryon franzir a
testa. — O quê?
— Fumaça. — Jago apontou para trás de Oryon. — Vindo da
Casa Rigel!
Girando, Oryon observou a área onde Jago apontou. Lá, apenas a fuga
mais fina de fumaça vinha de um lugar do qual nunca deveria vir.
— Isis... — Oryon sussurrou e depois saiu correndo em direção a sua
casa.

∞∞∞

Kaspar moveu-se rapidamente pelos corredores da Casa Rigel,


balançando a cabeça para aqueles que passavam como se nada estivesse
errado. Aqueles que o viram acreditavam que estava indo para sua
câmara. Como Mestre da Casa Rigel, ele tinha sua própria câmara no nível
superior da ala dos Guerreiros. Mas não iria para lá. Ele não tinha nada lá em
que seus créditos não poderiam substituir. Estava realmente indo para porta
que dava acesso aos antigos campos de treinamento. E de lá, atravessaria a
floresta até chegar a Parmelee, a aldeia mais próxima da Casa Rigel. Lá, ele
poderia sair de Betelgeuse.
Ouvindo vozes, Kaspar estava prestes a ignorá-las. Então de repente
reconheceu uma como de Vali.
Daco, ele não tinha tempo para lidar com o segundo macho
de Oryon. Vali questionaria o que estava fazendo e
ele não tinha muito tempo. Logo o incêndio que iniciou seria descoberto.
Escondendo em um canto escuro, Kaspar observou
enquanto Vali dirigia quatro dos próprios machos de Kaspar que estavam
carregando móveis. Moveis!
A mobília foi o que causou esse problema! Isso e o fato de uma fêmea
ter descoberto o que ele estava fazendo com esse mobiliário. E se tivesse
tempo, ele a faria pagar por isso.
Esperando até ter certeza de que não seria visto, Kaspar voltou para o
outro lado, em direção à ala comum da Casa Rigel, decidindo que usaria a
porta na cozinha para escapar. Levaria um pouco mais de tempo para
desaparecer, mas ainda conseguiria.

∞∞∞

— O que você está fazendo na minha cozinha? — Lajos exigiu,


vendo Kaspar entrar durante o momento mais ocupado
do dia. Lajos não gostava de Kaspar. Ele poda dirigir a Casa Rigel, mas
ele não dirigia a cozinha. Lajos não permitia que ninguém o perturbasse antes
de uma refeição ser servida.
— Estou aqui porque desejo estar! — Kaspar disse, recusando-se a
recuar, mesmo agora. Até onde Lagos sabia, Kaspar ainda era o Mestre da
Casa Rigel.
— Ninguém interfere na minha cozinha antes de uma refeição! Agora
saia! — Lagos apontou para porta.
Como Lagos estava apontando para onde Kaspar queria ir, ele não
disse nada, apenas olhou para o macho. Movendo-se em direção à porta, um
saco sobre o ombro, pesado com seus créditos adquiridos, ele encontrou um
dos jovens da cozinha, derrubando a tigela que ele carregava no chão.
— Galal! — Lajos gritou para o jovem macho.
— Sinto muito, Guerreiro Lajos. Eu não o vi. — Galal gaguejou, caindo
de joelhos para limpar a bagunça.
— Você é um macho incapaz! — Kaspar disse para Galal. — Nunca se

tornará um guerreiro forte o suficiente para servir esta Casa, se não consegue
controlar uma tigela! — Depois de lançar palavras cheias de ódio
para Galal, Kaspar saiu pela porta e para liberdade.

∞∞∞

Isis fez um círculo lento na sala que tinha muitas lembranças para
ela. Agora estava vazia. Sorrindo, ela se abraçou. Ela fez isso! Realmente fez
isso! Foi capaz de se mover além das restrições que uma vez fora
colocada sobre ela e ao fazê-lo, descobriu a fêmea que realmente deveria ser.
Não podia esperar para esvaziar o restante deste andar e espalhá-lo por
todo Rigel. Vali ficou espantado com o que viu visto apenas nesta sala, o que
pensaria quando visse o restante?
Entrando no que foi uma vez sua câmara privada, ela olhou para as
coisas lá. A maioria eram itens que Oryon lhe deu, alguns ela gostava...
outros... não tanto, mas sempre os aceitou, porque ele pensou em dar a
ela. Pegando os que mais gostava, voltou a levá-los para sua nova Casa.
Ela tomou seu tempo selecionando o local perfeito para cada item. Um
belo pedaço de vidro estava no peitoril da janela, capturando a luz e enviando
fragmentos de cor em toda a sala. Oryon deu-lhe depois da apresentação
de Ull.
Outra era uma escultura de pedra de um guerreiro, sua espada
levantada, pronta para atacar. Esta era uma peça que Isis nunca gostou. A
expressão do guerreiro era muito rígida, também sem emoção. Era como
se não incomodasse com a morte. Oryon deu-lhe durante seu primeiro ano
ali, um pouco depois da morte de seu manno, tornando-o Senhor.
Seu primeiro instinto foi recusá-lo, deixando-o saber que não era algo
que ela gostava. Então, Oryon contou a ela que era dada ao primeiro macho
de um Senhor, o futuro Senhor. Foi concebido para lembrar o macho que se
ele fosse um Senhor bem sucedido, precisaria manter-se forte e vigilante. O
manno de Oryon deu-lhe momentos antes de sua morte, mesmo que seu
irmão estivesse morto há anos.
Isis descobriu que não poderia recusar o presente depois disso. Ela
sentiu vergonha de admitir que estava aliviada pelo manno de Oryon ter
morrido. Nunca gostou do macho. Ele sempre via Oryon como um macho
abaixo de seu irmão. Era algo que Isis nunca entendeu, porque
seu Oryon era tudo que um Senhor deveria ser e não era nada parecido com
aquele frio guerreiro de pedra. Virando-o levemente, Isis sabia exatamente
onde queria colocar a última peça.
Entre as duas grandes janelas estava a mesa de Oryon. Era uma mesa,
com vários níveis para armazenar coisas. Algumas tinham portas e
outras não. Caminhando até ela, deixou seus dedos trilharem a superfície lisa,
desfrutando de sua sensação sedosa. Esta era a mesa privada de um
Senhor. Havia papéis espalhados por sua ampla superfície, notas sobre
horários de treinamento e lembretes de coisas que ele precisava fazer.
A mesa de seu macho era cheia de coisas que precisavam de sua
atenção, coisas que ele queria fazer. Isso a fez sorrir para perceber que os
dois machos mais importantes de sua vida tinham tanta coisa em comum e
ela sequer percebeu isso.
Bem, agora, eles teriam uma coisa mais em comum. Inclinando-se para
frente, colocou a antiga escultura da Deusa no topo da mesa de Oryon,
centralizando-a para que a Deusa o olhasse amorosamente enquanto
estivesse sentado ali.
Na verdade, ela estava olhando para a minúscula prole que segurava
em seus braços. O manno de Isis disse a ela como era sua linhagem antes da
grande infecção e que acreditava que os machos foram abençoados com
descendentes femininas. Seu próprio manno teve uma fêmea
depois da apresentação de Geb e enquanto Isis nunca a conheceu,
seu mano falava com carinho dela.
Isis rezava todas as noites a esta intrincada escultura. Na primeira vez,
ela orou para que a Deusa lhe permitisse dar Oryon prole feminina, algo que
em seu coração ainda desejava. Mais tarde, quando a prole com que a
Deusa a abençoou cresceu, suas orações mudaram. Começou a orar pela
Deusa para fornecer-lhes fêmeas boas.
Curvando a cabeça, Isis agradeceu a Deusa por todas as bênçãos que
concedeu aos seus machos e pediu ajuda para Ull encontrar seu
caminho. Virando, roçou vários papéis com a manga, espalhando-os pelo
chão.
Balançando a cabeça, Isis ficou de joelhos, juntando os papéis. Quando
estava prestes a se levantar, viu que um deslizou para baixo da
mesa. Rastejando até o final da mesa, ela finalmente alcançou o papel
desgarrado e começou a voltar. Isis começou a se levantar e atingiu a parte
de trás da cabeça na extremidade da mesa.
— Ouch! — Ela estendeu a mão para esfregar a pequena protuberância

que estava se formando. Quando o fez, sua mão bateu em um pequeno


frasco que caiu de seu esconderijo para debaixo da mesa. Rolou pelo chão,
parando apenas quando encontrou o tapete recém-colocado.
Lentamente, Isis estendeu a mão e deixou cair cegamente os papéis na
mesa. Seu olhar nunca deixou o frasco.
O que era aquilo?
Por que Oryon o estava escondendo?
Ainda em suas mãos e joelhos, Isis rastejou cautelosamente em direção
ao frasco, como se fosse tão mortal quanto uma fúria selvagem. Ela pegou
cuidadosamente entre dois dedos e ouviu um leve chocalho do que estava
dentro.
Hesitante, ela torceu a tampa do frasco e colocou tudo o que estava
dentro em sua palma. Comprimidos... pequenas pastilhas azuis... ao levantar
uma, tocou com a língua dela.
Cohosh Gorm! Uma erva que quando usada em quantidades
extremamente pequenas, poderia ajudar em problemas de estômago, em um
comprimido como este... a mente de Isis voou. Ela sabia disso por algum
motivo... por que... sua mãe... sua mãe lhe disse que cohosh concentrada...
os olhos de Isis se arregalaram em choque. Prevenia a concepção!
Por que Oryon tinha aquilo?
Levantando-se, Isis foi descobrir.

∞∞∞

— Use seu comunicador, Jago! — Oryon ordenou sobre seu ombro,


seus olhos nunca deixando a fumaça escura. Ele não ouviu nenhum som de
alarme e sabia que o fogo ainda não foi descoberto. — Entre em contato
com Shen sobre o fogo. Diga-lhe que estamos a caminho e que quero que a
Casa inteira fique segura, especialmente Isis. — Oryon não tinha certeza do
que estava sentindo, mas algo estava muito errado ali e ele precisava se
certificar de que sua Isis estivesse segura.
— Sim, meu Senhor. — Gritou Jago, pegando o comunicador. Ele
sempre soube que seu Senhor era um macho apto, mas ele era pelo menos
vinte anos mais velho do que Jago e Jago estava tendo problemas para
manter-se com ele. Quando Shen respondeu ao chamado de Jago, uma
explosão veio da Casa Rigel, quebrando as janelas.

∞∞∞

Kaspar sorriu enquanto subia a colina. Ele conseguiu. Estava


livre. Não teria mais que servir um Senhor que permitia que uma fêmea
governasse sua Casa. Agora ele poderia atrair uma fêmea. Subindo a colina,
ele parou, encontrando o próprio Oryon, seguido de perto por Jago em uma
corrida.
Percebendo que ainda não o viram, Kaspar girou e voltou rapidamente
para a cozinha da Casa Rigel.
— Eu lhe disse para ficar... — Uma explosão cortou o restante
das palavras Lajos, sacudindo as paredes da Casa Rigel. Panelas e pratos
tremeram e caíram das prateleiras.
Todos os machos na cozinha congelaram, seus olhos indo para Lajos.
— Assegurem a cozinha! — Lajos ordenou imediatamente. —
Desliguem tudo! Cada fogão! Cada forno!
— Mas a refeição... — Alguém ousou dizer.
— Esperará! — Lajos disse com seu olhar indo para o macho estúpido
o suficiente para interrogá-lo. Ele olhou de volta para Kaspar, esperando que
ele assumisse o controle da situação e não o encontrou.
∞∞∞

— Aqui, Guerreiro Vali? — Jael perguntou olhando para a cadeira.


— Sim. Obrigado. — Caminhando até a cadeira que sua mãe lhe
deu, Vali não conseguiu impedir que sua mão percorresse a madeira do
encosto.
— É uma cadeira magnífica. — Jael encontrou-se

dizendo, então abaixou os olhos quando o olhar de Vali se virou para ele. —
Sinto muito, Guerreiro Vali.
— Porque você está se desculpando? Está falando verdade.
— Sim, mas ainda não conquistei o direito de falar com um guerreiro.
— Ele disse calmamente.
— Quem disse isso? — Exigiu Vali. Isso estava errado. Enquanto um
jovem mostrasse respeito, ele podia falar com quem quisesse.
— Mestre Kaspar. — Admitiu Jael a Vali.
— Ele está errado, Jael. — Vali esperou, mas quando Jael não disse
nada e seus olhos se abaixaram, ele percebeu que havia algo de errado ali,
muito mais do que pensava. — Olhe para mim Jael!
O olhar de Jael imediatamente foi para Vali.
— Eu não sei o que o Mestre Kaspar ensinou a você, a nenhum de
vocês. — Os olhos de Vali foram para os outros três jovens na sala. — Mas
você tem o direito de conversar com qualquer macho que desejar, desde que
demonstre respeito. Porque de que outra forma poderá aprender com ele?
— Eu... — Jael olhou para seus amigos.
— Fale livremente Jael. — Ordenou Vali.
— O Guerreiro Kaspar assegurou-nos que não nos permitiria
continuar com nosso treinamento se não fizéssemos o que ordena. Que
Lorde Oryon sempre concorda com suas recomendações.
Vali não podia acreditar que Jael realmente acreditava nisso. — Você
realmente acredita em seu Senhor, um macho digno o suficiente para que
uma fêmea permaneça com ele toda sua vida, seguiria cegamente as
recomendações de qualquer macho?
— Eu... — Os olhos de Jael se arregalaram. — Não, meu...
Guerreiro Vali... o meu Senhor nunca faria isso.
— Ótimo, então sabe que você pode falar com guerreiros
e eu conversarei com o Guerreiro Kaspar sobre... — Uma explosão abafou o
restante das palavras de Vali.

∞∞∞

Isis abriu as portas externas da ala do Senhor, surpreendendo os dois


guerreiros que guardavam a porta. Ao abrir a boca para exigir saber onde seu
senhor estava escutou uma explosão pela casa.
Isis reconheceu a voz do Capitão de Oryon através do comunicador
ordenando que a Casa Rigel fosse assegurada e todos os machos na ala
comum lutassem contra o fogo. A estática interrompeu o restante do pedido.
— Vão! — Isis ordenou aos dois, que estavam olhando para cada um
em pânico.
— Mas minha Senhora!
— Você ouviu o Capitão. Ele precisa de todos os machos!
— Você ficará desprotegida!
— A Casa Rigel precisa ser protegida enquanto
conversamos! Vão! Certifiquem-se de que tenhamos uma casa para
assegurar! Eu ficarei bem! — Girando, Isis voltou a entrar na ala do Senhor e
fechou a porta.

∞∞∞

Kaspar correu pela cozinha, sem se importar com o que alguém


pensava. Porque se Oryon o alcançasse, Kaspar sabia que sua
vida terminaria, pois ele não apenas roubou de seu Senhor, mas também
atacou a Casa de Oryon, colocando fogo.
Ele precisava fugir, mas como? O pedido de Shen veio do
comunicador, exigindo que cada macho respondesse. A ala dos Guerreiros
esta ficando vazio, cada macho apressado em obedecer a ordem de
Shen. Bem, se ele fosse com eles, aumentaria as suspeitas de cada macho.
E se ficasse na ala Comum, Oryon o encontraria. Isso o deixava apenas
com um meio de fuga, a ala do Senhor.
Virando, Kaspar ignorou o jovem macho que derrubou e partiu
correndo.

∞∞∞

Oryon explodiu pela porta da cozinha. Ele sabia exatamente onde


precisava ir. Ele viu as chamas saírem das janelas do escritório de Kaspar no
caminho. O que em nome da Deusa estava acontecendo?
— Lajos! Sua cozinha está segura? — Ele perguntou.
— Sim, meu Senhor! — Lajos rapidamente informou-o. — E eu enviei

meus machos para ajudar o Capitão Shen como ordenado.


Assentindo com a cabeça, Oryon saiu da cozinha. Foi para a escada
que levava ao segundo andar da ala Comum e do escritório de Kaspar.
Uma fumaça grossa cobria o corredor
enquanto Oryon e Jago passavam. Jovens e guerreiros estavam trabalhando
juntos contra as chamas que tentavam se apossar da Casa Rigel. Muitos
pegaram recipientes com água para conter as chamas, enquanto outros
pisavam nas pequenas chamas para abafá-las.
As chamas no corredor foram rapidamente extinguidas, dando-lhes
acesso à fonte, o escritório de Kaspar. No interior, o lugar estava totalmente
destruído, as chamas alimentadas pela quantidade de adhmad na sala e o ar
subindo pelas janelas quebradas. E se não conseguiram controlar o fogo
rapidamente, poderia destruir toda essa ala de Rigel.
∞∞∞

Kaspar não podia acreditar na sua sorte. Levou algum tempo, mas
conseguiu chegar à ala do Senhor sem ser visto. Mesmo os guerreiros que
normalmente guardavam as portas principais foram ajudar a combater o
fogo que ele começou. Não planejou a explosão, esqueceu-se do buama
que escondeu em um armário. Era normalmente uma substância muito
estável, mas quando exposta a altas temperaturas, explodia.
Embora não fosse o que planejou, acabou sendo uma benção da
Deusa, pois abriu caminho para sua fuga. Empurrando a porta externa
para as câmaras de Oryon, ele entrou. Agora, tudo o que precisava fazer era
pular uma das janelas do primeiro andar e poderia desaparecer.
— Oryon? É você?
Ao ouvir a voz da fêmea, Kaspar girou.
CAPÍTULO SETE

Isis estava caminhando de um lado para o outro desde que os guardas


a deixaram.
O que estava acontecendo?
O que explodiu?
Alguém se machucou?
Ela deveria descobrir?
Onde estava Oryon?
Ela não conseguia se lembrar da última vez que se sentiu tão
perturbada e indecisa. Ela foi às janelas de frente para a ala Comum e viu a
fumaça negra que saía de várias janelas e as chamas gananciosas que
lambiam o lado de sua casa.
Os machos vinham correndo dos campos de treinamento, muitos
correram para a ala para ajudar a apagar as chamas, enquanto outros lutavam
do lado de fora, certificando-se que as chamas não se espalhassem para a ala
do Senhor.
Ouvindo a porta exterior se abrir, ela saiu de sua câmara de repouso. —
Oryon? É você? — Ela perguntou antes de parar abruptamente quando viu
quem entrou na câmara. — Kaspar. O que você está fazendo aqui?
Kaspar não podia acreditar. O que ela estava fazendo ali, neste
andar? Ela não pertencia ali. Deveria ter deixado a Casa Rigel anos
atrás. Porque se o tivesse feito, ele seria capaz de atrair uma fêmea. Tudo o
que precisou fazer hoje era culpa dela Ela precisava pagar por isso.
— Kaspar, responda-me, o que você está fazendo aqui? — Isis se
recusava a deixar o macho ver que a intimidava. Esta era a sua Casa. Esta era
sua Câmara. Ele não tinha o direito de estar ali sem permissão.
Kaspar rosnou e se moveu em direção a ela. Ela realmente pensava que
poderia lhe dar ordens? Ele? Ele era o Mestre da Casa Rigel! Ela era apenas
uma fêmea que precisava ser ensinada uma lição.
Isis deu um passo assustado ao rosnado de Kaspar. Nenhum macho
nunca a ameaçou assim antes. Ninguém nunca se moveu para ela como se
quisesse prejudicá-la. E de repente, ela percebeu Kaspar queria machucá-
la. Antes que pudesse se virar e correr, ele a agarrou pelos braços, causando
hematomas.
— Você acha que pode falar assim comigo? — Ele a sacudiu com
força. — Eu sou um Guerreiro Torniano! Eu sou o Mestre da
Casa Rigel! Você não é nada além de uma fêmea e uma inferior a mim.
— Inferior? — Isis descobriu que não poderia se encolher diante deste
macho, não podia deixar de responder. — Eu dei a meu
Senhor quatro machos dignos e aptos!
— Você fêmea estúpida! — Kaspar levantou-a sobre os dedos dos pés
enquanto dizia. — Você deveria ter dado essa prole a outros machos, machos
como eu! Você é o motivo pelo qual nosso Império está em declínio.
— Não! — Isis respondeu. — É por causa
de machos impróprios e indignos como você!
— Sua cadela! — Levantando-a de seus pés, Kaspar jogou-a pelo quarto.
Gritando de dor, Isis bateu na parede e seu mundo ficou negro.

∞∞∞

Demorou algum tempo, mas finalmente conseguiram controlar o fogo,


impedindo que ele se espalhasse. Entrando na sala ainda
fumegante, Oryon inspecionou o dano e percebeu que a maior parte estava
concentrada na mesa onde Kaspar costumava se sentar.
— Isto foi intencionalmente iniciado. — Disse Oryon a ninguém em
particular.
— Concordo. — Ull ficou ao lado de seu manno, seu rosto estava cheio
de fuligem. — Mas a pergunta é por quê? E quem?
— Kaspar. — Vali grunhiu, ficando ao lado de seu irmão, seus olhos
mais escuros. — Por causa do que mamãe descobriu.
— O quê? — Ull olhou para Vali. — Sobre o que você está falando?
— Mamãe descobriu que Kaspar estava permitindo que entregassem
mobiliário de qualidade inferior para a Casa Rigel.
— Não permitindo, encomendando. — Disse-lhes Oryon.
— O quê? — Ambos exclamaram.
— Eu conversei com o Mestre Bardo, vi suas faturas e eu acho.
— Oryon voltou a olhar para o que restava da mesa de Kaspar. — Que o
incêndio foi iniciado com as faturas falsas de Kaspar.
— Esse filho de Daco! — Ull disse.

— Sim e tenho certeza de que isso acontece há muito tempo. —


Oryon concordou.
— Ele estava na casa depois da explosão. — Todas as cabeças se
voltaram para Zev, cujos olhos normalmente brilhantes estavam
incomumente sérios. — Ele passou por mim na cozinha e estava indo para
a sua ala.
— Para a minha ala? — Exclamou Oryon.
— Sim, ele estava carregando uma mochila e me derrubou. Achei
estranho, mas depois esqueci uma vez que cheguei aqui. Sinto muito, manno.
— Não é sua culpa. Você não sabia. — Oryon tranquilizou-o. — Sua
mãe ficará bem. Mahir e Malden estão guardando as portas.
— Mahir e Malden... — Zev franziu a testa para seu manno, seu olhar
indo para trás dele. — Eles estão ali mesmo. — Ele apontou.
— O quê? — Oryon girou para encontrar os dois guerreiros de pé junto
à janela.
— Mahir! Malden!
O grito de Oryon fez os dois machos saltarem e irem para o lado do
Senhor. — Meu Senhor?
— Por quê estão aqui?
— Meu Senhor? — Mahir e Malden o olharam confusos.
— Quem está guardando minha Isis? — Exigiu Oryon.
— Meu Senhor, o Capitão Shen ordenou a todos os machos viessem!
— Exceto aqueles que estavam protegendo minha Isis!
— Meu Senhor, não foram estas ordens a que recebemos e quando
Lady Isis ouviu que a Casa estava sendo assegurada, ela nos ordenou vir.
— Oh de todos os... — Oryon cortou as próximas palavras. A sensação

de que algo errado retornou com uma vingança. — Shen! Proteja esta área! O
restante de vocês. — Ele olhou para sua prole. — Vocês, venham comigo.
— Sim, meu Senhor. — Shen respondeu para o espaço vazio porque os
machos da Casa Rigel já haviam saído.

∞∞∞

Oryon empurrou os machos do seu caminho quando saiu pelo


corredor. Ele precisava chegar a sua Isis, precisava chegar até
ela agora! Precisava se certificar de que estava segura. Kaspar estava disposto
a queimar a Casa Rigel para tentar esconder seus crimes. E se Isis ficou entre
ele e sua liberdade, não havia como dizer o que aquele macho impróprio
poderia fazer com ela.
Oryon levantou a mão enquanto se aproximavam das portas fechadas
de sua ala, sinalizando que seus machos desacelerassem. Eles não
podiam simplesmente entrar cegamente. Ainda não conheciam a situação. E
se Kaspar ainda estivesse lá, poderia prejudicar Isis.
Oryon segurou a maçaneta quando ouviu Isis gritar, seguido pelo som
de algo batendo na parede. Sem se importar que sequer tivesse a sua
espada, Oryon abriu a porta e entrou.

∞∞∞

Kaspar sorriu quando Isis desmaiou no chão. Agora é assim que você trata
uma fêmea. Ele pensou e então olhou ao redor da sala. Ainda tinha
tempo. Talvez devesse fazer uso dela antes de partir. Isso mostraria
a Lorde Oryon, que realmente era o Guerreiro mais apto. Quando deu um
passo em direção a ela, a porta da Câmara se abriu e Oryon entrou.
Com o coração acelerado de medo, Oryon viu Isis caída no chão,
inconsciente, com Kaspar avançando sobre ela. A raiva que encheu Oryon ia
além de qualquer coisa que já sentiu em sua vida e ele se lançou contra o
outro macho.
Kaspar tropeçou de volta sob a furiosa investida do ataque
de Oryon. Ele tentou proteger-se dos golpes do macho mais velho, mas para
cada um que ele bloqueava mais dois o acertavam, o último deixando
Kaspar de joelhos. Olhando para o seu Senhor, Kaspar estava pronto para
pedir piedade, mas nunca teve a chance, pois Oryon lhe deu um soco na
garganta, esmagando sua traqueia.
Sem emoção, Oryon olhou para o macho a quem acabou de dar
um golpe mortal. Kaspar caiu a seus pés, os dedos agarrando seu pescoço,
tentando respirar. Seus olhos imploraram a Oryon por uma misericórdia
que Oryon nunca daria.
— Manno! — A chamada de Vali fez Oryon virar as costas para o
macho moribundo e correr para Isis.

∞∞∞

Isis lutava para encontrar o caminho para fora do nevoeiro que parecia
determinado a cegá-la. Em frente, uma leve luz tentava guiá-la, mas a névoa
tentava bloqueá-la.
— Continue vindo. — Uma voz melódica encorajou Isis, a
surpreendendo. — Venha se quiser a vida pela qual sempre orou.
— O quê? — Isis perguntou com seus olhos procurando a voz, mas via
a neblina.
— Depressa. — A voz disse novamente. — Ou perderá tudo.
Isis não sabia sobre o que a voz estava falando, mas sabia que não
queria perder aquilo pelo qual lutou tanto. Confiando na voz, ela correu em
direção à luz que ficava mais brilhante quanto mais perto
chegava. Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, a névoa
finalmente a soltou e ela foi cercada por uma luz incrível.
— Levou tempo suficiente, criança. — Disse a voz.
Olhando ao redor, Isis encontrou a fonte da voz. Ficando de joelhos,
inclinou a cabeça. — Deusa. — Isis sussurrou reverentemente.
— Levante-se criança. — Disse a Deusa, estendendo a mão para ajudá-
la.
Depois de um momento de hesitação, Isis segurou a mão da Deusa e
um calor incrível a encheu. Tudo ficou repentinamente nítido e claro, havia
cores que ela nunca viu antes e um cheiro diferente, mas todos a
confortavam.
— Como você me confortou por muitos anos, foi a única que me deu
esperança Isis.
— Esperança? — Isis deu-lhe um olhar confuso.
— Sim, de que o povo Torniano valia a pena salvar.
— Eu... — Isis não sabia o que dizer. O que ela poderia ter feito para
chamar a atenção da Deusa?
— Você se recusou a deixar o macho de sua escolha, mesmo que
muitos a condenassem por isso. — A Deusa informou.
— Como eu poderia deixá-lo? — Isis perguntou. — Teria me destruído
me unir a outro.
— Como fez a sua mãe. — A Deusa a olhou com olhos
conhecedores. — Ela tinha sentimentos muito fortes por seu manno e eu
tinha esperanças, mas ela se permitiu ser tentada por coisas. — A Deusa disse
a palavra coisas como se deixasse um mau gosto em sua boca.
— Seu manno a influenciou muito. — Isis não sabia por que estava
defendendo sua mãe, mas sabia, enquanto seu manno nunca a perdoou, ele
continuava tendo fortes sentimentos por ela.
— Em beneficio próprio. — Disse a Deusa.
— Ela ganhou algo deixando meu manno?
— É claro. — Os olhos da Deusa suavizaram. — Você não percebeu.
— Não. Minha mãe?
— Apenas descobriu tarde demais. — A Deusa a informou.
— Foi por isso que ela ficou tão amarga. — A mente de Isis voltou para
todas as coisas que sua mãe lhe disse. Quão duro ela tentou fazer com que
Isis deixasse Oryon.
— Sim. — A Deusa concordou.
— Meu mano sabia?
— Sim.
— Foi por isso que ele disse que me apoiaria se eu quisesse ficar com
apenas um macho. — Isis agora tinha uma melhor compreensão de algumas
das coisas que seu manno lhe dizia.
— O Guerreiro Geb era um macho verdadeiramente apto e digno.
— Ele era. — Isis concordou, reconhecendo o incrível tributo que a
Deusa acabou de conceder a seu manno.
— Você era minha última esperança, Isis. — Disse a Deusa baixinho.
— Eu? — Isis não conseguiu esconder sua surpresa.
— Sim. Porque se você tivesse escolhido outro, se Oryon a forçasse a dar
seu dom para outro, então eu abandonaria toda a esperança com relação
ao povo Torniano, mas você não fez e ele também não. Por isso, eu permiti
que fêmeas compatíveis fossem encontradas.
— Mas... — Isis franziu o cenho para ela.
— Você questiona minha decisão? — A Deusa ergueu uma sobrancelha
e a música cessou.
Isis olhou para Deusa. Apenas semanas atrás, ela não teria sido
corajosa o suficiente para questionar as ações da Deusa. Agora, por causa do
apoio e aceitação que encontrou naquelas que a Deusa chamava de
compatíveis, Isis sentia que precisava fazê-lo. — Kim sofreu.
— Foi necessário... —A Deusa começou e ficou chocada quando foi
cortada.
— Não! Não era! — Isis apontou o dedo para a Deusa. — Você é uma
Deusa! Poderia ter impedido isso! Quando permite algo assim, não é
diferente daqueles que ajudaram o Imperador Lucan!
— Como você se atreve! — O universo escureceu com a raiva da Deusa.

— Eu me atrevo porque é verdade! — Isis se recusava a recuar. — Kim


não precisava sofrer assim. Quase morrer, para você permitir que fossem
encontradas! Você é a Deusa!
Isis não sabia quanto tempo ficou perdida nos olhos da Deusa,
poderiam ter sido minutos ou muitos anos, mas pareceu ver toda a criação
naqueles olhos cinzas turbulentos. Vida e morte, amor e ódio, tristeza e
alegria, bons e maus, todos misturados de maneira que eram quase
inseparáveis na forma como tocavam e se misturaram, assim Isis começou a
entender. — Você não pode ter um sem o outro... — Isis sussurrou.
— Não. — A Deusa respondeu. — Cada um afeta o outro. O que Lucan
fez... outros deveriam ter impedido, mas não o fizeram e minha raiva causou
esses efeitos... eu sou responsável.
— Então conserte.
— Não consigo consertar o que causei. Por isso que um Deus ou
Deusa deve ter cuidado com as orações que eles respondem. Depende
de você, os que prejudicamos, superar o que fiz.
— Como posso fazer isso? — Isis perguntou.
— Você me deu esperança de que uma fêmea Torniana ainda poderia
amar um macho Torniano. Oryon me mostrou que
um macho Torniano poderia amar uma fêmea Torniana. Por causa de vocês
dois, trouxe Kim aqui para descobrir se este Imperador era como Lucan e ele
tem mais do que provado que não é. Ao fazê-lo, descobri que há mais
machos que podem ser como Oryon e Wray se uma fêmea realmente se
importar com eles, se os amar e confiar neles, como antes, antes do que eu fiz
com raiva, mudou esse relacionamento para sempre.
Isis olhou para a Deusa e viu o verdadeiro arrependimento em seus
olhos. — O que devemos fazer?
— O que você está fazendo. O que tem feito. Fique de pé por aquele
que você ama, não importa o que. Haverá tempos difíceis para você,
Isis. Daco não desistirá do que ganhou por causa das minhas ações. — A
Deusa olhou para as estrelas. — É hora de você ir. Seu macho está ficando
muito... impaciente. — Seu olhar voltou para Isis. — Ele a ama muito
Isis. Lembre-se disso nas provas que estão por vir e aprenda com os meus
erros.

∞∞∞

— Por que ela não acorda? — Oryon exigiu do Curandeiro enquanto


olhava para Isis na cama. Ela estava deitada no centro dela, tão imóvel e
pálida.
— Eu não sei, meu Senhor. — O Curandeiro franziu a testa enquanto
observava sua unidade médica. — Não consigo encontrar nenhuma razão
para isso. O golpe na cabeça não foi tão grave.
Não mais capaz de permanecer tão longe de sua Isis, Oryon sentou-se
ao lado dela na cama e recostou-se na cabeceira da cama enquanto colocava
o braço debaixo dela para puxá-la contra seu peito.
— Meu Senhor, ela não deveria se mexer. — Protestou o curandeiro.
— O que ela não deveria estar é inconsciente! — Oryon grunhiu para o
Curandeiro e o olhar que ele lhe deu dizia para não falar novamente.
— Vamos Curandeiro Asa. — O tom de Vali era leve, mas firme,
enquanto ele conduzia o curandeiro para fora do quarto. —
Meu manno sabe o que minha mãe precisa.
— Acorde Isis. — Sussurrou Oryon, ignorando todos os outros na sala
enquanto beijava sua testa. — Acorde para mim, pois a minha vida não tem
sentido sem você nela.

∞∞∞

Toda a prole de Oryon observava e ouvia com espanto enquanto seu


manno conversava com sua mãe. Todos sabiam que sua relação era
incomum e eles eram o produto disso. Eles já os tinham visto juntos,
especialmente em Tornian, mas mesmo assim, não entenderam a verdadeira
profundidade dos sentimentos de seu manno por sua mãe. Não até
que ouviram suas palavras sussurradas e viu as lágrimas que fluíam
livremente pelo seu rosto.
Antes disso, era um macho a quem todos procuravam, quem queriam
imitar, mas ali ele dizia que sua vida não significava nada sem a fêmea em
seus braços. Era verdadeiramente possível? Que uma fêmea pudesse
significar tanto para um macho? Isso o enfraquecia? Ou fortalecia?

∞∞∞
Neblina cercou Isis novamente, mas desta vez não havia luz, nem
voz. Não espere... havia uma voz, mas não era a Deusa. Quem era?
... minha vida não tem sentido sem você nela...
Ela conhecia aquela voz. Oryon! Sem outro pensamento, ela foi em
direção à voz, porque ela sabia sem ele, ela não era nada.
— Oryon...
Todos os machos no quarto congelaram ao ouvir o fraco sussurro de
sua mãe, então observaram com espanto quando seus olhos se abriram,
procurando imediatamente por seu manno.
— Por que você está chorando, meu amor? — Isis sussurrou se
esticando para limpar as lágrimas que não pertenciam ao rosto de seu macho.
— Eu pensei ter perdido você. — Oryon enterrou o rosto no pescoço
dela.
— Você nunca poderia me perder. — Ela prometeu acariciando seu
rosto. E de repente, percebeu que eles não estavam sozinhos e seu olhar se
encontrou com sua prole olhando-os atentamente. Ela percebeu o estado
desgrenhado e tudo veio correndo de volta para ela. — Kaspar! O fogo!
— Ambos foram cuidados. Não há nada com o qual você deva se
preocupar. — Oryon rapidamente a tranquilizou. — Apenas precisa
descansar.
— O fogo acabou? Todo mundo está seguro? — Isis continuou
perguntando, seus olhos foram para sua prole, vendo as coberturas cheias de
fuligem, procurando por ferimentos.
— Sim, assim como nossa casa e prole. — Oryon sabia que era o seu
verdadeiro medo, que algo houvesse acontecido com sua prole. — Descanse
Isis, estarei aqui quando você acordar.
Quando sua mão foi sobre o coração de Oryon, ela deixou sua batida
constante tranquilizá-la e dormiu.

∞∞∞

Quando Isis acordou, estava sozinha. Levantando, descobriu que já era


noite e alguém começou um fogo na lareira. Pode ver bandejas de comida
esperando em uma mesa baixa diante do sofá. Tudo parecia quente e
convidativo. Mas onde estava Oryon?
— Estou aqui. — A voz firme de Oryon veio da entrada separando a
câmara externa da câmara de repouso. Ull precisava de ajuda na coordenação
da limpeza e eu não queria incomodá-la. Sinto muito por não estar aqui
quando acordou. — Ele rapidamente se moveu para o lado dela, seus olhos
procurando o dela ao menor incômodo de dor.
— Estou bem. — Ela o tranquilizou rapidamente, segurando seu braço
para que pudesse se levantar mais. — Qual era o problema de Ull?
— Ele estava preocupado com o dano que o incêndio causou na
estrutura da ala Comum. — Ele disse distraidamente, mais preocupado em se
certificar de que ela estivesse firme em seus pés do que Ull.
— O que você disse a ele para fazer? — Isis perguntou.
— Eu disse a ele para entrar em contato com o Mestre Bardo. Ele
poderá orientá-lo sobre o que precisa ser feito e quem está qualificado para
fazê-lo.
— Seu Mestre da Madeira?
— Sim.
— Você confia nele? Mesmo depois de fabricar esse mobiliário? — Isis
questionou.
— Ele fez o que Kaspar ordenou. Eu também vi as faturas. Seu único
pecado é que nunca as verificou comigo. Kaspar assegurou-lhe que eu o
removeria da minha Casa. Kaspar culpava você por isso.
— Culpou-me? — Isis olhou para ele chocada.
— Sim, Kaspar disse a Bardo que suas demandas estavam colocando
uma pressão sobre os recursos da nossa Casa. Foi por isso que pedi a peine
em vez de uma boa madeira.
— E Bardo acreditou nele?
— Infelizmente sim, mas foi corrigido.
— Bom, nenhum macho deveria ter medo de vir falar com você. É um
macho apto e digno, Oryon.
— Obrigado, meu amor. Agora venha, você precisa comer. Eu pedi ao
cozinheiro algumas coisas para você escolher.
Apenas depois, depois de terem comido que Oryon levantou-se para
acender o fogo e Isis estava recostando-se no sofá que sua mão roçou o
frasco que colocara no bolso mais cedo.
— Eu quero que Asa a verifique novamente antes de descansarmos,
Isis. — Oryon virou as costas para o fogo e encontrou sua Isis olhando para
ele com uma expressão peculiar em seu rosto.
— Foi Asa quem lhe deu isso? — Isis levantou o frasco para que ele
brilhasse a luz do fogo.
— Deu-me o quê? — Oryon deu um passo mais perto antes de parar
bruscamente, empalidecendo. — Onde você conseguiu isso? — Ele
sussurrou, sua voz tensa.
— Caiu de debaixo de sua mesa quando coloquei a estátua da Deusa
sobre ela. É cohosh gorm. — Os olhos Isis escureceram com a traição
quando olhou para ele. — Por quê? — Perguntou ela. — Nós falamos sobre
isso depois que Ynyr foi apresentado.
— E então você concebeu Zev! — Disse Oryon com mais força do que
pretendia. — Você se recusou a permitir que sua mãe a atendesse e quase a
perdi durante sua apresentação! Eu não permitiria que isso acontecesse
novamente!
— Isso não é verdade! — Isis levantou-se. — Sim, tive um momento
difícil com Zev, mas isso foi culpa minha. Esperei muito para
notificar Asa. E se o tivesse deixado ele me examinar enquanto eu estava
carregando Zev, como Lisa agora está fazendo com seu curandeiro, então
teria sido mais fácil.
— Eu não queria me arriscar! — Oryon recusava-se a recuar.
— Essa não era uma decisão sua! Você sabe que queria dar-lhe mais
descendentes.
— E eu queria você! — Oryon passou os dedos irritados pelos cabelos.
— Deusa, Isis, você me deu quatro machos aptos e dignos antes dos
trinta anos! Seu corpo estava dizendo para você parar! Não queria ouvi-lo,
então fiz o que achei necessário para permanecer comigo!
— Você me deixou pensar que estava em falta com você.
— Eu nunca fiz isso! — Ele negou. — Não por palavras ou obras!
— Eu queria tanto lhe dar uma fêmea... — Isis sussurrou, seus olhos se
enchendo de lágrimas.
— E nós dois sabemos o que aconteceria se tivesse. — Oryon disse a
ela, recusando-se a ser influenciado por suas lágrimas.
— Eu não teria deixado você Oryon. Ninguém poderia me obrigar a
isso.
Oryon moveu-se para sua cadeira, sentando com um suspiro forte,
esfregando as mãos sobre o rosto — Eles acabariam levando-a Isis. — Ele
levantou olhos cansados para ela. — Eles teriam vindo e levado você.
— Quem? Wray? — Isis se recusava a acreditar.
— Não, não Wray, seu manno, já havia movimentos de
descontentamento depois que Vali foi apresentado. E se eu não fosse um
Senhor...
— Ele teria me tirado de você? — Isis empalideceu com o
pensamento. — Forçando-me a unir com outro?
— Sim. Ele me informou que era apenas por causa da minha posição
e apoio continuo que não o fez, mas que, se você me desse uma fêmea,
ele seria forçado a fazê-lo.
Isis abaixou-se em frente a Oryon, colocando uma mão gentil no
joelho. — Por que você não me disse? — Perguntou ela.
— Porque eu sabia que você estava disposta a assumir o risco. Eu não
estava. Precisava de você na minha vida, Isis. Apenas o pensamento de outro
macho... — O rosto de Oryon escureceu no pensamento.
— Você ainda assim não deveria ter escondido isso de mim,
especialmente com a forma como as coisas mudaram.
— Eu sei. — Ele cobriu sua mão com a dele e apertou. — Percebi isso
hoje depois de conversar com Jago.
— Jago? — Isis franziu a testa, perguntando-se o que Jago poderia ter
dito a Oryon para que ele lhe dissesse.
— Ele queria ser liberado de seu voto, porque todos agora conhecem
as decisões impróprias que tomou no passado.
— Mas ele as superou. Rompeu seu vício em uísque e recuperou sua
honra.
Sua defesa dizia a Oryon que ela estava tão orgulhosa de ter Jago em
sua Casa como ele estava. — Sim, ele enfrentou-os e seguiu em frente. Foi
então que percebi que precisava fazer o mesmo com você. Eu precisava falar
sobre o cohosh gorm e esperava que me perdoasse. Irá me perdoar,
Isis? Perdoar-me por querer mantê-la segura, por querer mantê-la comigo e
sua prole? Pois ficamos perdidos sem você.
Isis olhou profundamente nos olhos de seu macho e viu que ele estava
honestamente preocupado que não o perdoasse. Ela pensou no pedido da
Deusa, de que Isis precisava aprender com seu erro de julgar com rapidez e
então não conseguir corrigi-lo e percebeu que não precisava do conselho da
Deusa.
Não havia nada nos universos conhecidos que pudesse fazer com que
ela deixasse seu Oryon. Certamente, não um engano que foi cometido com
as melhores intenções, mas se certificaria de que nunca mais acontecesse.
— Eu nunca deixaria você, Oryon. Já não provei isso a você? —
Quando ela disse isso foi puxada para seus braços: — Eu quero seu voto de
que nada assim nunca mais acontecerá novamente. Eu sou sua Senhora e
tenho o direito de saber se estou sendo ameaçada, mesmo que seja pelo
Imperador.
— Tem meu voto! — Oryon imediatamente declarou.
Isis evitou seu abraço novamente. — E eu quero que você pare de
tomar isso.
— O quê? — Os olhos de Oryon se estreitaram.
— Tenho quarenta e três anos de idade, Oryon, as chances de ainda
ser capaz de conceber são mínimas. Mas quero saber que, se não o fizer, é
porque é a vontade da Deusa, não por causa de uma droga.
Durante vários minutos, Oryon apenas a observou, então estendeu a
mão, esperando.
Isis entregou-lhe o frasco.
Oryon levantou-se e depois caminhou até o fogo. Agarrou firmemente
o manto com uma mão enquanto a outra segurava o frasco. — Meu voto. —
Ele olhou para ela com olhos duros. — Mas exijo seu voto em troca. Que se
for a vontade da Deusa que conceba, então verá imediatamente o
Curandeiro Asa e a Curandeira Rebecca. Você fará o que eu quiser. Não
importa o que! Não posso perdê-la Isis!
Isis abriu a boca para argumentar, então percebeu que não podia. Ela
exigiria o mesmo se de alguma forma a situação fosse revertida.
— Meu voto. — Ela cruzou a sala para o lado dele. — E você nunca irá
me perder, porque sempre estarei aqui. — Disse ela colocando a mão sobre
seu coração.
Cobrindo a mão dela com o dele, Oryon jogou o frasco no fogo e
colocou seu futuro nas mãos da Deusa e orou para que ela fosse
misericordiosa.
EPÍLOGO

— Você será? — As palavras sussurradas, tão perto de sua orelha,


enviaram um arrepio de excitação através da Deusa enquanto os braços de
seu companheiro a cercavam, puxando suas costas contra seu peito duro.
— Serei o quê? — Ela perguntou baixinho em seu abraço.
— Misericordiosa. — Beijando seu ombro, ele olhou para o casal que
ela estava observando com tanta atenção.
— Eles sempre foram os seus favoritos.
— Sim, eles são e sim, eu serei. Talvez mais do que se espera. — A
Deusa sorriu à medida que a ideia crescia. — Oh sim, serei muito
misericordiosa.
— Hmm, bem, acho que você deve primeiro mostrar a seu
companheiro. Venha descansar comigo, meu amor. — Ele persuadiu e rindo,
a Deusa permitiu ser levada.

FIM...

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