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ELIMINAÇÃO DAS MAIS-VALIAS

NA (DES)AFETAÇÃO DE IMÓVEIS
A ATIVIDADE EMPRESARIAL OU PROFISSIONAL
Paulo Marques O Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021, aprovado
pela Lei n.º 75-B/2020 de 31 de dezembro) veio, final-
Contabilista Certificado || Formador || Consultor fiscal
mente, eliminar as mais-valias geradas pela transferência
entre o património pessoal e a afetação a uma atividade
RESUMO comercial e vice-versa, e criar condições para que as mes-
mas só sejam apuradas e tributadas aquando da venda
do imóvel a terceiros. É um regime mais justo, porque se
aplica a todos os imóveis, e não antecipa tributação face
Em 1992 foi introduzido no Código do IRS (CIRS) um novo
a uma valorização do imóvel no mercado. Ainda assim,
enquadramento fiscal dos atos de afetação ou transferên-
ficaram por acautelar no CIRS alguns problemas de or-
cia de bens imóveis entre o património particular e os
dem prática. De tudo isto daremos conta neste artigo.
ativos comerciais ou industriais ou agrícolas, silvícolas ou
pecuários de empresas individuais do respetivo proprie-
tário. Controverso e complexo, o tratamento fiscal da-
queles atos sempre exigiu muita atenção. Desde 2017, INTRODUÇÃO
aquele regime vinha sofrendo diversas alterações, especi-
ficamente para os imóveis habitacionais objeto daquelas
afetação e transferência. Ano após ano, as mudanças tem A afetação de imóveis à categoria B é obrigatória quando
sido alvo de diversas críticas: de alguns setores de ativida- o seu proprietário neles passa a desenvolver uma ativida-
de, dada a reduzida eficácia das alterações, face aos obje- de empresarial ou profissional e enquadra-se no que o
tivos desejados; de outros setores, por se sentirem preju- CIRS vinha tipificando como afetação de quaisquer bens
dicados pelo diferente tratamento que se mantinha para do património particular a atividade empresarial e profis-
os imóveis sem afetação habitacional; de especialistas sional exercida em nome individual pelo seu proprietário.
fiscais, que apontavam as sucessivas graves lacunas na Não só imóveis, mas também outros bens.
legislação.

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Eliminação das mais-valias na (des)afetação de imóveis a atividade empresarial ou profissional

No caso específico dos imóveis, a afetação é frequente cretizada pelo Governo. Com o OE 2021 entra, finalmen-
em atividades de arrendamento, alojamento local, lotea- te, no caminho certo, ao tratar de igual forma todos os
mentos, construção ou reconstrução para venda. Mas a imóveis e ao evoluir no sentido de serem apenas apura-
afetação é também obrigatória em qualquer outra ativi- das e tributadas mais-valias aquando da venda do imóvel
dade económica como, por exemplo, no caso em que o a terceiros. Para o efeito, introduziu-se um regime de
senhor António é dono de uma loja num centro comercial neutralidade fiscal que visa anular os efeitos tributários
e, depois de ficar sem inquilino, resolve coletar-se na ca- da passagem do imóvel pelo património empresarial, nos
tegoria B do IRS com uma atividade de comércio que pas- sujeitos passivos em que o rendimento tributável da cate-
sa a desenvolver naquela sua loja. Esta afetação para goria B é determinado com base na contabilidade (alínea
efeitos fiscais não é uma opção. Deriva da utilização que b) do n.º 1 do art.º 28.º do CIRS). Se o sujeito passivo for
passa a ser dada ao imóvel numa atividade empresarial tributado pelas regras do regime simplificado, a passa-
ou profissional e a afetação está feita a partir do momen- gem do imóvel pelo património empresarial não terá
to em que a atividade começa a ser desenvolvida no imó- qualquer feito fiscal, salvo se da sua alienação resultar
vel. Nos casos de contabilidade organizada, aquela afeta- uma mais-valia a ser tributada no âmbito da categoria B.
ção ocorre também para efeitos patrimoniais, com regis-
No Relatório do OE 2021 era anunciado que “vai ser eli-
to do imóvel no ativo.
minado o imposto sobre as mais-valias de um imóvel pela
A problemática é antiga e remonta às alterações introdu- transferência entre o património pessoal e a afetação a
zidas no CIRS pelo Decreto-Lei n.º 141/92, de 17 de julho. uma atividade comercial, com particular relevância para
Alterações na altura destacadas no preâmbulo pelo seu as situações de alteração de uso de imóveis afetos ao
caráter inovador e por representarem uma alteração es- alojamento local.”
trutural ao regime de tributação das mais-valias estabele-
Quanto às mais-valias pela transferência de quaisquer
cido no CIRS. Foi, assim, introduzido um novo enquadra-
outros bens (que não imóveis) entre o património pessoal
mento fiscal dos atos de afetação ou transferência de
e a afetação a uma atividade comercial mantém-se o regi-
bens imóveis entre o património particular e os ativos
me que prevê a suspensão da sua tributação até ao mo-
comerciais ou industriais ou agrícolas, silvícolas ou pecuá-
mento da ulterior alienação onerosa dos bens em causa
rios de empresas individuais do respetivo proprietário,
ou da ocorrência de outro facto que determine o apura-
que assentou numa separação “ficcionada” do patrimó-
mento de resultados em condições análogas (entenda-se,
nio da pessoa singular entre património particular em
venda a um terceiro a partir do património da categoria
sentido específico (que integra os elementos não afetos a
B, ou determinação de mais-valias pela transferência para
uma atividade comercial, industrial ou agrícola) e patri-
o património particular dos empresários dos bens que
mónio particular afeto a atividade comercial ou industrial
estavam afetos ao ativo da empresa). Se bem que, não se
(a então categoria C) ou agrícola, silvícola ou pecuária (a
vislumbra utilidade prática da manutenção deste regime
então categoria D). Atividades atualmente todas incluídas
no âmbito dos rendimentos da categoria G do IRS.
na categoria B, sob a designação genérica de rendimentos
empresariais, para além dos rendimentos profissionais
(qualquer atividade de prestação de serviços exercida por
conta própria). A este, vamos referir-nos, para simplifica- 1. ELIMINAÇÃO DE MAIS-VALIAS
ção, unicamente como património empresarial ou ativi- NA AFETAÇÃO DE IMÓVEIS DO PATRIMÓNIO
dade empresarial. PARTICULAR A ATIVIDADE EMPRESARIAL
De 2017 a 2020, esta matéria sofreu várias atualizações,
mas apenas direcionadas a imóveis com afetação habita-
cional, nem todas com contornos e alcance bem defini- A primeira alteração significativa a destacar é o fim das
dos, o que passou também por uma autorização legislati- mais-valias na afetação de imóveis a atividade empresari-
va prevista no Orçamento do Estado para 2019 não con- al. Como previsto no n.º 1 do art.º 10.º do CIRS, constitu-

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Eliminação das mais-valias na (des)afetação de imóveis a atividade empresarial ou profissional

em mais-valias os ganhos obtidos que, não sendo consi- ções, os imóveis cuja afetação foi feita até 31 de dezem-
derados rendimentos empresariais e profissionais, de bro de 2020, e que estão a ser depreciados com base no
capitais ou prediais, resultem de (para além de outras valor de mercado verificado à data da afetação, continu-
situações previstas) afetação de quaisquer bens do patri- am a ser depreciados com base no mesmo valor. Reforça-
mónio particular, com exceção dos bens imóveis, a ativi- se que o registo dos imóveis no ativo da categoria B pelo
dade empresarial e profissional exercida em nome indivi- seu valor de aquisição à data em que os mesmos foram
dual pelo seu proprietário. Reforçamos que, com a intro- adquiridos pelo sujeito passivo na sua esfera particular só
dução naquela norma desta nova alínea i), presentemen- é feito para imóveis cuja afetação à atividade empresarial
te não será identificada (e no futuro não será tributada) ocorra depois de 1 de janeiro de 2021.
qualquer mais-valia resultante da afetação de imóveis a
atividade empresarial. Seja imóvel habitacional, seja in-
dustrial, seja para comércio ou serviços, terminando-se 2. ELIMINAÇÃO DE MAIS-VALIAS
assim com um tratamento diferenciado e mais prejudicial
NA TRANSFERÊNCIA PARA O PATRIMÓNIO
que, desde 2017, existia para os imóveis que não fossem
destinados a utilização habitacional. PARTICULAR DOS EMPRESÁRIOS
DE IMÓVEIS AFETOS AO ATIVO DA EMPRESA
Em sintonia com esta alteração, no n.º 2 do art.º 29.º do
CIRS a referência ao valor de mercado passa a excecionar
os bens imóveis. O valor de mercado à data da afetação
Conforme art.º 3.º do CIRS, na redação dada pelo OE
(que nem sempre era fácil de determinar e que, em algu-
2021, consideram-se rendimentos da categoria B, entre
mas situações vinha gerando litigância entre a Autoridade
outros, as mais-valias apuradas no âmbito das atividades
Tributaria e Aduaneira (AT) e os sujeitos passivos), servia
geradoras de rendimentos empresariais e profissionais,
como valor de realização para cálculo da mais-valia à data
definidas nos termos do art.º 46.º do Código do IRC, de-
da afetação do imóvel, cuja tributação na categoria G
signadamente as resultantes da transferência para o pa-
ficava suspensa até ao momento em que mesmo “saísse”
trimónio particular dos empresários de quaisquer bens
da categoria B, mas também era o valor de aquisição pelo
afetos ao ativo da empresa, com exceção dos bens imó-
qual esse imóvel seria considerado no ativo da atividade
veis.
empresarial. Assim, outra alteração que resulta do OE
2021 é que o valor de aquisição do imóvel, a considerar A alteração que exclui das mais-valias a determinar no
para efeitos na categoria B, em caso de afetação, corres- âmbito da categoria B a transferência de imóveis para o
ponde ao respetivo valor à data em que o mesmo foi ad- património particular dos empresários, aplica-se agora à
quirido pelo sujeito passivo na sua esfera particular, de transferência de todos os imóveis, qualquer que tenha
acordo com as regras previstas nos artigos 45.º (aquisição sido a sua afetação. E, também, quer o imóvel tenha inici-
a título gratuito) ou 46.º (aquisição a título oneroso) do almente sido objeto de afetação do património particular
CIRS. à categoria B, quer o imóvel tenha sido adquirido ou
construído diretamente para o património da atividade
Se o sujeito passivo determinar os seus rendimentos da
empresarial ou profissional.
categoria B com base na contabilidade, será sobre aquele
valor de aquisição que serão determinadas as deprecia- Como fica evidente destas alterações, deixa de haver tra-
ções para efeitos fiscais, em respeito pelas demais regras tamento específico para imóveis com afetação habitacio-
aplicáveis. Será também este o valor pelo qual o imóvel nal, sendo revogados os números 9 do art.º 3.º e 15 do
deve ser inicialmente registado no balanco do empresá- art.º 10.º do CIRS.
rio, sem prejuízo de eventual mensuração subsequente
pelo justo valor ou pelo modelo de revalorização, em fun-
ção do permitido no normativo contabilístico que seja
aplicável. Importa aqui referir que, apesar destas altera-

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Eliminação das mais-valias na (des)afetação de imóveis a atividade empresarial ou profissional

3. CONSEQUÊNCIAS FISCAS NA CATEGORIA B aceites acumuladas de 2021 a 2026 totalizam 18.000 €. E


é este valor que será incluído, em frações iguais, no ren-
DA TRANSFERÊNCIA DE IMÓVEL
dimento do ano em que ocorra a transferência e em cada
PARA O PATRIMÓNIO PARTICULAR um dos três anos seguintes. Assim, nos anos de 2027,
2028, 2029 e 2030, ao rendimento coletável do sujeito
passivo será somado o valor de 4.500 € em cada ano.
Para concretizar um regime de neutralidade fiscal, associ-
ado à permanência e utilização de imóveis no património Para além da reconhecida justiça desta norma (pois se o
empresarial, que posteriormente sejam transferidos para sujeito passivo apenas virá a ser tributado sobre uma
o património particular dos empresários, o OE 2021 inclu- eventual mais-valia se, já em momento posterior à trans-
iu os números 10 e 11 no art.º 3.º do CIRS, com a seguin- ferência do imóvel para o património particular, o vier a
te redação: alienar a um terceiro, é justificável que lhe seja exigida a
reposição do imposto que poupou sobre o gasto com de-
“10 – No caso de transferência para o património par- preciações durante o período de afetação), também se
ticular do sujeito passivo de bens imóveis que tenham regista o facto de a tributação do valor total ser repartida
estado afetos à sua atividade empresarial e profissio- por vários anos. Com isto se diminui a probabilidade de
nal com determinação dos rendimentos com base na prejudicar o sujeito passivo pelo possível facto de um
contabilidade, quando tenham sido praticadas depre- acréscimo de valor substancial ao rendimento, unicamen-
ciações ou imparidades, os correspondentes gastos te no ano da desafetação, poder levar à tributação de
fiscalmente aceites durante o período em que o imóvel algum valor a taxa superior àquela de que o sujeito passi-
esteve afeto à atividade devem ser acrescidos, em fra- vo beneficiou quando viu o seu resultado anual diminuído
ções iguais, ao rendimento do ano em que ocorra a pelas depreciações. Considere-se, por exemplo que, de
transferência e em cada um dos três anos seguintes. 2021 a 2026, aquele sujeito passivo tinha o seu rendi-
11 – O montante total apurado nos termos do número mento tributável sujeito à taxa máxima de IRS de 37%
anterior acresce ao valor de aquisição para a determi- (poupando assim 6.660 € de imposto) e, em 2027, se fos-
nação de quaisquer mais-valias sujeitas a imposto.” se obrigado a dar à tributação a totalidade dos 18.000 €,
o valor de 13.000 € (hipótese) ficaria sujeito à taxa de
Decorre daquele n.º 10 que os gastos com depreciações 45%. O IRS a liquidar sobre os 18.000 € seria assim de
ou imparidades, que tenham sido geradas pelo imóvel e 7.700 €, do que resultaria a reposição de mais 1.040 € de
deduzidas fiscalmente, sejam dados à tributação a partir imposto. Com a tributação de 4.500 € em cada ano, e
o ano em que o imóvel venha a ser transferido do ativo chegando os rendimentos do sujeito passivo à mesma
da categoria B para o património particular do empresá- taxa máxima de IRS de 37%, o imposto a repor durante os
rio. quatro anos será exatamente o mesmo que o montante
poupado anteriormente. Claro que, como a taxa máxima
Admita-se um imóvel que foi adquirido em 2014, pelo
a aplicar decorre da totalidade dos rendimentos que o
valor de 200.000 €, para casa de férias de um determina-
sujeito passivo tenha para englobar em cada ano, varia-
do sujeito passivo. Em 2021, já com a atividade económi-
ções em rendimentos de outras categorias, ou noutros
ca a recuperar, o sujeito passivo coleta-se na categoria B
rendimento da categoria B, também poderão fazer au-
com a atividade de alojamento local e com determinação
mentar ou diminuir tal taxa. Por isso, mesmo com esta
dos rendimentos empresariais e profissionais com base
correção durante quatro anos, poderá haver situações
na contabilidade. Afeta aquele imóvel à atividade pelo
em que o sujeito passivo venha a repor mais imposto do
valor de aquisição e a depreciação anual contabilizada e
que o poupado, mas também poderá acontecer vir a re-
fiscalmente dedutível é de 3.000 € (200.000 € x 75% x 2%,
por menos IRS, se nos anos do acréscimo de rendimento
sendo os 25% não depreciados o valor atribuído ao terre-
decorrente desta norma tiver uma significativa quebra de
no). Se vier a cessar, em 2027, a exploração daquele imó-
rendimento. Embora, como vimos, ao nível do IRS poupa-
vel na referida atividade, as depreciações fiscalmente

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Eliminação das mais-valias na (des)afetação de imóveis a atividade empresarial ou profissional

do/resposto a neutralidade possa não ser conseguida, O efeito prático do n.º 11 é explicado e exemplificado no
esta neutralidade existe claramente na ótica de gastos/ ponto seguinte.
rendimentos considerados para efeitos fiscais, e este é o
claro objetivo da norma.

Para imóveis cuja afetação à atividade empresarial foi 4. CÁLCULO DA MAIS-VALIA


feita até ao ano de 2020, que estão registados no ativo APENAS NA VENDA DO IMÓVEL
do empresário pelo valor de mercado à data de afetação,
e a gerar depreciações com base neste mesmo valor, a
futura transferência para o património particular implica- Tal como referido inicialmente, todas estas alterações
rá igualmente a tributação das depreciações que, nestas visaram criar condições para que as mais-valias de um
condições, tenham sido fiscalmente deduzidas durante imóvel que tenha passado pela transferência entre o pa-
todo o período de afetação. trimónio pessoal e a afetação a uma atividade comercial
e vice-versa, ou tenha sido adquirido no âmbito da ativi-
No CIRS não foi clarificado como esta tributação será ope-
dade comercial e transferido para o património pessoal,
racionalizada. Uma possibilidade será por via de acrésci-
só sejam apuradas aquando da venda do imóvel a tercei-
mo do valor no quadro 4 do anexo C à declaração modelo
ros.
3 de IRS, caso o sujeito passivo se mantenha coletado na
categoria B e com determinação dos rendimentos com Importa referir que, qualquer que tenha sido o contexto
base na contabilidade. Mas se o sujeito passivo cessar a de aquisição do imóvel, se este for alienado enquanto
atividade ou, durante aquele período de quatro anos, vier está a ser utilizado no exercício da atividade empresarial,
a alterar a determinação dos rendimentos para as regras a respetiva mais-valia será calculada e tributada de acor-
do regime simplificado, tal acréscimo não será possível. do com as regras da categoria B que sejam aplicáveis na
Uma solução simples poderá passar por se pedir que o determinação dos rendimentos do sujeito passivo, tal
sujeito passivo declare no anexo C, no ano da desafeta- como até aqui já vinha acontecendo. O que altera numa
ção, o valor total a tributar e a AT considere automatica- situação destas é que, se o imóvel foi inicialmente adqui-
mente na liquidação de IRS um acréscimo de 25% desse rido para o património particular, e posteriormente ocor-
valor em cada um dos quatro anos, qualquer que seja o reu afetação a atividade empresarial, após 1 de janeiro de
enquadramento fiscal do sujeito passivo. O que também 2021, o valor de aquisição a considerar para efeitos de
permitiria à AT emitir uma liquidação de IRS automática cálculo de mais-valias na categoria B será, como já referi-
apenas sobre esse rendimento, caso em algum daqueles do, o valor de aquisição à data em que este foi adquirido
anos seguintes o sujeito passivo não tivesse mais rendi- pelo sujeito passivo, de acordo com as regras previstas
mentos de declaração obrigatória. nos artigos 45.º ou 46.º, consoante o caso. O que poderá
vir a acontecer também relativamente às mais-valias de
A proposta de Lei do Orçamento do Estado incluía uma
imóveis cuja afetação tenha ocorrido antes de 2021, face
norma que previa acréscimo de rendimento após a trans-
ao regime transitório que a seguir explicaremos, mas que,
ferência do imóvel, também no caso de determinação
para situações de alienação enquanto o imóvel está na
dos rendimentos com base na aplicação das regras decor-
categoria B não nos parece favorável.
rentes do regime simplificado, mas a mesma caiu e não
foi incluída na versão final publicada. Pelo que, se a afeta- A “alienação onerosa de direitos reais sobre bens imó-
ção do imóvel decorreu apenas em anos em que o sujeito veis”, desde que não seja de considerar como rendimen-
passivo foi tributado pelo regime simplificado, nenhuma to empresarial, constitui ganho de mais-valias, a tributar
correção haverá a fazer, decorrente da desafetação do no âmbito da categoria G do IRS, como decorre da reda-
mesmo. ção da alínea a) do n.º 1 do art.º 10.º do CIRS, que passou
a incluir apenas a transcrição feita. E o novo n.º 16 do
mesmo artigo passou a prever:

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Eliminação das mais-valias na (des)afetação de imóveis a atividade empresarial ou profissional

“Os ganhos obtidos com a alienação onerosa de direi- ‒ Acréscimo ao rendimento coletável dos anos de
tos reais sobre bens imóveis que tenham estado afetos 2027, 2028, 2029 e 2030 do valor de 4.500 € em cada
à atividade empresarial e profissional do sujeito passi- ano.
vo, são tributados de acordo com as regras da catego-
A que acrescentamos:
ria B, caso a alienação ocorra antes de decorridos três
anos após a transferência para o património particular ‒ Alienação do imóvel em 2032, por 300.000 €;
do sujeito passivo.” ‒ Coeficiente de correção monetária de 1,28
(hipótese);
Da conjugação das duas normas, quanto às mais-valias
‒ Sem outros valores a influenciar a determinação da
obtidas na alienação onerosa de direitos reais sobre bens
mais-valia;
imóveis que tenham estado afetos à atividade empresari-
‒ Quer na data de compra, quer na data de venda, o
al do sujeito passivo, podemos concluir que são tributa-
valor patrimonial tributário do imóvel é inferior ao
das de acordo com:
valor da transação.
• As regras da categoria G, caso a alienação ocorra
Relativamente aos bens transferidos da categoria B para
DEPOIS de decorridos três anos após a transferên-
o património particular do empresário, a redação do art.º
cia para o património particular;
47.º do CIRS foi alterada no sentido de passar a prever
• As regras da categoria B, caso a alienação ocorra que se considera valor de aquisição o valor de mercado à
ANTES de decorridos três anos após a transferên- data da transferência, com exceção dos bens imóveis em
cia para o património particular. que o valor de aquisição corresponde ao valor do bem à
data em que este foi adquirido pelo sujeito passivo, de
A tributação da mais-valia de acordo com as regras da
acordo com as regras previstas nos artigos 45.º ou 46.º,
categoria B, caso a alienação do imóvel ocorra antes de
consoante o caso.
decorridos três anos após a transferência para o patrimó-
nio particular do sujeito passivo é uma norma que visa Assim, a mais-valia a tributar em 2032 será calculada pe-
impedir desafetações abusivas, que não resultem de deci- las regras da categoria G já conhecidas (artigos 43.º e se-
sões do sujeito passivo assentes em substância económi- guintes do CIRS) ajustadas pelas alterações decorrentes
ca quanto ao exercício da atividade sobre o imóvel, e que do OE 2021, como se o imóvel não tivesse “passado” pela
poderiam acontecer apenas com o intuito de, escasso afetação à categoria B:
tempo após a desafetação, ser feita uma alienação com
Valor de realização – valor de aquisição x coeficiente de
tributação bem menos onerosa pelas regras da categoria
correção monetária = 300.000 € – 200.000 € x 1,28 =
G.
300.000 € – 256.000 € = 44.000 €.
Retomando o exemplo que atrás iniciámos, temos:
Para efeitos de englobamento de rendimentos, o saldo
‒ Imóvel adquirido em 2014, pelo valor de 200.000 €;
apurado entre as mais-valias e as menos-valias obtidas no
‒ Em 2021, afetação do mesmo a atividade empresari- mesmo ano por residentes, em alienação onerosa de di-
al desenvolvida na categoria B do IRS; reitos reais sobre bens imóveis, é apenas considerado em
‒ Valor de afetação: 200.000 €; 50% do seu valor, como já acontecia.
‒ Depreciação anual contabilizada e fiscalmente dedu-
Ao art.º 51.º do CIRS (despesas e encargos a considerar
tível, de 2021 a 2026, no valor de 3.000 € por ano,
na determinação das mais-valias da categoria G sujeitas a
num total de 18.000 €;
imposto) foi aditado o n.º 3 que prevê que para efeitos
‒ Transferência do imóvel para o património particular
das mais-valias relativas à alienação onerosa de direitos
do empresário em 2027, sem cálculo e sem tributação
reais sobre bens imóveis não são considerados os encar-
de qualquer mais-valia nesse ano;
gos com a valorização de bens imóveis que tenham sido
realizados durante o período em que permaneceram afe-

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Eliminação das mais-valias na (des)afetação de imóveis a atividade empresarial ou profissional

tos à atividade empresarial. A introdução desta norma que a totalidade das depreciações e imparidades fiscal-
percebe-se perfeitamente, por exemplo, para evitar que mente aceites será refletida no cálculo da mais-valia,
o valor da substituição de uma janela num imóvel en- aquele valor de 9.000 € viria a ser novamente tributado.
quanto este está a ser usado em atividade empresarial, e Ao considerar-se a redução de 9.000 € no cálculo da mais
que foi considerado gasto com conservação e reparação -valia, a tributação total será exatamente sobre o mesmo
(ou até nem teve impacto fiscal direto na categoria B, se valor que teríamos numa mais-valia calculada na catego-
sujeito em regime simplificado, mas ficou diluído nos coe- ria B, em momento em que ainda nenhum valor das de-
ficientes de rendimento não tributados) não seja posteri- preciações e imparidades fiscalmente aceites tenha sido
ormente considerado novamente como despesa na cate- acrescido ao rendimento. Admitindo esta mais-valia de-
goria G. terminada pelas regras do art.º 46.º do CIRC (porque su-
jeito passivo a determinar rendimentos com base na con-
Mas é oportuno questionar sobre uma grave lacuna que
tabilidade) e venda do imóvel por 280.000 €, em 2029
persiste neste novo e mais justo regime: e se o imóvel é
teríamos:
objeto de uma remodelação substancial enquanto afeto
ao património empresarial? Suponha-se um imóvel ad- Valor de realização – [ (valor de aquisição – depreciações
quirido por 100.000 €, ocorre afetação por este valor à para efeitos fiscais) x coeficiente de correção monetária +
categoria B, dois anos depois sofre uma grande reparação valor já tributado cf. n.º 10 do art.º 3.º do CIRS ] =
no valor de 80.000 € (montante que naturalmente vai 280.000 € – [ (200.000 € – 18.000 €) x CCM + 9.000 € ].
passar a ser depreciado e o gasto com depreciações fica
Mas com que regras da categoria B essa mais-valia deve
sujeito ao novo regime do n.º 10 do art.º 3.º do CIRS), e 5
ser calculada? Se o sujeito passivo estiver nesse ano cole-
anos depois é transferido para a esfera particular. É de
tado, parece-nos pacífico que seja pelas regras decorren-
elementar justiça fiscal que o custo de aquisição a consi-
tes do regime de determinação dos rendimentos em que
derar numa eventual posterior venda no âmbito da cate-
esteja enquadrado. Contudo, o cálculo e o valor a tributar
goria G seja de 180.000 €, separado por dois momentos
dessa eventual mais-valia difere consoante os rendimen-
temporais de aquisição, para efeitos de correção monetá-
tos sejam determinados com base na contabilidade ou
ria. Mas tal possibilidade não está expressamente previs-
com base nas regras decorrentes do regime simplificado.
ta na atual redação do art.º 47.º do CIRS e acaba por ser
Além de a tributação ser sobre valor superior, porque na
liminarmente excluída pelo n.º 3 do art.º 51.º do CIRS.
categoria B não se beneficia da tributação sobre apenas
Exige-se que esta injustiça seja corrigida com urgência.
metade do valor da mais-valia, o regime em que a mesma
E se o imóvel for vendido em qualquer data de 2027, venha a ser determinada é mais um fator que obrigará à
2028, 2029 ou 2030, desde que após a transferência não ponderação quanto à decisão de vender o imóvel antes
estejam decorridos três anos? Como vimos, por força do de decorridos três anos após a transferência para o patri-
atual n.º 16 do art.º 10.º do CIRS, a mais-valia será tribu- mónio particular.
tada de acordo com as regras da categoria B.
E se nesse ano o sujeito passivo já não exercer atividade
Importa então recordar que o montante total apurado na categoria B? Com base em que regime será determina-
(entenda-se, já tributado) nos termos do n.º 10 do art.º da a mais-valia? E terá o sujeito passivo que entregar ex-
3.º do CIRS, acresce ao valor de aquisição para a determi- cecionalmente um anexo B, ou anexo C, para se proceder
nação da mais-valia, como determina o n.º 11 do mesmo à tributação na categoria B, mesmo não estando coleta-
artigo. do? Ou será criado um anexo específico (ou quadro espe-
cífico no anexo G) para declarar esta alienação e os valo-
Se, no exemplo apresentado, assumirmos que o imóvel é
res necessários ao cálculo da mais-valia? Já que não nos
vendido em 2029, teremos que em 2027 e 2028 já foram
parece viável a implementação pela AT de um mecanismo
acrescidos ao rendimento 4.500 € em cada ano, num to-
de cálculo automático, pois em muitas situações haverá
tal de 9.000 €. Sem a norma do n.º 11 do art.º 3.º, e por-
valores que não serão do conhecimento da AT e deverão

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ser declarados pelo sujeito passivo. Mais um conjunto de 2 – Os sujeitos passivos que tenham, à data de 1 de
questões que ficam a aguardar esclarecimento. janeiro de 2021, bens imóveis afetos a atividade em-
presarial e profissional podem optar pelo regime ante-
Por fim, não podemos deixar de estranhar a redação dada
rior de apuramento de mais-valias e menos-valias de-
ao já explicado n.º 11 do art.º 3.º do CIRS, onde se refere
correntes da afetação de bens imóveis, devendo indi-
que o valor que já tenha sido tributado nos termos do
car essa opção na declaração periódica de rendimen-
número anterior “acresce ao valor de aquisição para a
tos a que se refere o artigo 57.º do Código do IRS, rela-
determinação de quaisquer mais-valias sujeitas a impos-
tiva ao ano de 2021, bem como identificar os imóveis
to”. Entendemos que o legislador só pode estar a querer
afetos à atividade empresarial e profissional e a data
referir-se à determinação de quaisquer mais-valias sujei-
da sua afetação.”
tas a imposto calculadas e tributadas no âmbito da cate-
goria B. Porque, na prática, esta norma leva à correção de O n.º 1 visa não sujeitar a tributação de mais-valias a fu-
tributação que exemplificámos para cálculo de mais-valia tura transferência para o património particular dos em-
pelas regras da categoria B. Se, como também já vimos presários de imóveis cuja afetação ao património empre-
defendido, a expressão “determinação de quaisquer mais sarial ocorreu até ao final de 2020, caso esse seja o dese-
-valias sujeitas a imposto” quiser abranger as mais-valia jo dos sujeitos passivos.
calculadas e tributadas no âmbito da categoria G, nos
O n.º 2 vem permitir a opção pelo regime anterior de
casos em que o imóvel seja alienado depois de decorridos
apuramento de mais-valias e menos-valias decorrentes
três anos após a transferência para o património particu-
da afetação de bens imóveis. Eventualmente, dada a evo-
lar, teremos esta mais-valia na categoria G diminuída pelo
lução desfavorável dos valores de mercado entre a data
valor das depreciações e perdas por imparidade que fo-
de afetação e a data de transferência, a tributação global
ram deduzidas na determinação do rendimento tributá-
das operações pelo regime anterior pode vir a mostrar-se
vel da categoria B, e posteriormente foram tributadas em
mais vantajosa.
partes iguais no ano da transferência e nos três anos se-
guintes. Ou seja, na categoria B conseguiu-se a explicada Esta opção será mesmo mais vantajosa em caso de alie-
neutralidade em termos de gastos/rendimentos conside- nação de imóvel que esteja no património da atividade
rados para efeitos fiscais, e na categoria G teríamos de- empresarial, em resultado de afetação feita antes 31 de
pois um “desconto” fiscal ao sujeito passivo. Não nos pa- dezembro de 2021, com mais-valia gerada no momento
rece que seja esta a intenção do legislador e não se vis- de afetação com tributação suspensa por efeito da ante-
lumbra razão válida para tal. rior redação da alínea b) do n.º 3 do art.º 10.º do CIRS.
Vejamos um exemplo para se perceber mais facilmente:
‒ Imóvel adquirido em 1990, pelo valor de 100.000 €;
5. REGIME TRANSITÓRIO ‒ Em 2005, afetação do mesmo a atividade empresari-
al desenvolvida na categoria B do IRS;
‒ Valor de afetação = VALOR DE MERCADO à data de
O art.º 369.º da Lei do OE 2021 consagra um regime tran- afetação = 250.000 €;
sitório nos seguintes termos: ‒ Alienação do imóvel em 2022, no âmbito da catego-
“1 – Às mais-valias que se encontram suspensas de ria B, por 300.000 €;
tributação, por força da aplicação da alínea b) do n.º 3 ‒ Quer na data de compra, quer na data de venda, o
do artigo 10.º e do n.º 9 do artigo 3.º do Código do valor patrimonial tributário do imóvel é inferior ao
IRS, aplica-se o novo regime de tributação, aprovado valor da transação.
pela presente lei.
A mais-valia identificada em 2005, aquando da afetação
do imóvel à atividade empresarial ficou com tributação
suspensa até ao “momento da ulterior alienação onerosa

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dos bens em causa ou da ocorrência de outro facto que de eventual especulação relacionada com os valores de
determine o apuramento de resultados em condições mercado, caso ocorra uma alienação no âmbito da cate-
análogas”. goria B. Se há uma mais-valia da categoria G com tributa-
ção suspensa, a opção parece-nos pacífica pois, qualquer
Contudo, face às normas introduzidas no CIRS pelo OE
que seja a evolução futura, será sempre tributada pelas
2021, a mais-valia a tributar em 2022, na categoria B,
regras da categoria G.
deverá ter em conta o valor de aquisição de 100.000 €
(valor da compra em 1990 para o património particular Já a necessidade de identificar os imóveis afetos à ativida-
do sujeito passivo), o valor de realização de 300.000 €, e de empresarial e profissional e a data da sua afetação,
as restantes regras a aplicar no cálculo da mais-valia, em será uma forma de a AT recolher informação, para poste-
função de o sujeito passivo ter os seus rendimentos de- rior controlo, sobre imóveis que estejam afetos a ativida-
terminados com base na aplicação das regras decorrentes de empresarial, mas sem o facto ter sido comunicado à
do regime simplificado ou com base na contabilidade. administração fiscal. Ou porque a afetação ocorreu antes
de os anexos B e C da modelo 3 de IRS passarem a prever
Este exemplo é uma clara situação em que o sujeito pas-
a indicação dessa afetação, ou porque ocorreu depois,
sivo terá poupança fiscal se optar pelo regime anterior de
mas os sujeitos passivos não a declararam.
apuramento de mais-valias e menos-valias decorrentes
da afetação de bens imóveis, nos termos do n.º 2 do art.º
369.º da Lei do OE 2021. Ao fazê-lo, vai beneficiar da tri-
butação da mais-valia suspensa desde 2005 pelas regras CONCLUSÃO
da categoria G. Assim, no quadro 4B - “Afetação de bens
móveis e de bens imóveis a atividade empresarial e pro-
fissional [art.º 10.º, n.º 1, al. a), do CIRS]” do anexo G da Com a explicação e abordagem prática que fizemos neste
declaração de IRS do ano de 2022 irá declarar a aquisição artigo, esperamos ter contribuído para descomplicar, e
em 1990 pelo valor de 100.000 €, a afetação em 2005 por permitir perceber de forma mais simples o atual enqua-
250.000 € e eventuais “Despesas e encargos”. A AT calcu- dramento fiscal dos atos de afetação ou transferência de
lará e tributará esta mais-valia em 2022 pelas regras da bens imóveis entre o património particular e os ativos
categoria G, com a vantagem de apenas metade do seu comerciais ou industriais ou agrícolas, silvícolas ou pecuá-
valor ser tributado. rios de empresas individuais do respetivo proprietário.

E a mais-valia a calcular e tributar, segundo as regras da Como ficou patente, o OE 2021 vem, finalmente, eliminar
categoria B que sejam aplicáveis ao sujeito passivo, terá as mais-valias geradas pela transferência entre o patrimó-
em conta o “valor de aquisição” de 250.000 € (valor de nio pessoal e a afetação a uma atividade comercial e vice-
mercado à data de afetação) e o valor de realização de versa, estando criadas condições para que as mesmas só
300.000 €. Com a deslocação da tributação da valorização sejam apuradas e tributadas aquando da venda do imóvel
entre os 100.000 € e os 250.000 € da categoria B para a a terceiros.
categoria G, fica evidente – mesmo sem fazer cálculos –
Além de estarmos perante um regime mais justo, porque
que será preferível o sujeito passivo optar pelo regime
se aplica a todos os imóveis, e não apenas a imóveis habi-
transitório.
tacionais, na linha das alterações introduzidas desde
Mas não se percebe que se obrigue o sujeito passivo a 2017, é de destacar que a eventual valorização do imóvel
indicar essa opção na declaração modelo 3 de IRS do ano pelo mercado, à data de afetação ou de transferência,
de 2021, quando a alienação (ou a transferência) poderá deixa de ser tratada como capacidade contributiva, e
ocorrer apenas daqui a alguns anos. A não ser que o obje- bem, já que esta valorização não passava – nesse mo-
tivo seja, claramente, comprometer já o sujeito passivo mento – de ganho potencial, não se verificando nenhum
com essa opção, como forma de afastar a possibilidade rendimento real e efetivo auferido pelo sujeito passivo.

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Pese embora toda a evolução positiva operada neste regi-


me, o mesmo enferma de algumas lacunas e deficiências, Consulte as formações
que temos disponíveis
que também evidenciámos neste artigo, e que exigem
esclarecimentos por parte da AT ou mesmo correções no
CIRS.

Assim, ainda não é desta que o assunto eliminação das


para si em:
mais-valias na (des)afetação de imóveis a atividade em-
presarial ou profissional fica encerrado e ficamos, com https://asconta.pt/shop#portfolio
expetativa, a aguardar as clarificações em falta.

. .Viseu, 2021-05-25

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