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INSTITUTO POLITÉCNICO DO CÁVADO E DO AVE

ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO


LICENCIATURA EM FISCALIDADE

18. Subsídios / Depreciações e amortizações


TRIBUTAÇÃO DO RENDIMENTO DAS PESSOAS COLETIVAS (IRC)

Luís Filipe Esteves


Barcelos, 2023/2024
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SUBSÍDIOS
✓ Não são de acrescer os subsídios (conta 593) relacionados com AFT e
Ativos Intangíveis (AI) com vida útil definida, na medida em que são
levados numa base sistemática à conta de rendimentos (7883 –
Imputação de subsídios para investimentos, por contrapartida, a débito,
da conta 593), logo, RC = RF (subsídios ao investimento).
✓ Apenas se relacionados com AFT não depreciáveis (ex.: terrenos) é que
deverá acrescer-se a VP+, pois, neste caso, mantêm-se no Capital
Próprio, logo, RF (VP+) ≠ RC.

• Desde 2016, no caso de Ativos Intangíveis sem vida útil definida, são
amortizados em 10 anos (apesar de GC ≠ GF…), logo, são levados a rendimentos
numa base sistemática, no máximo em 10 anos (apesar de RC ≠ RF…).
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Luís Filipe Esteves
SUBSÍDIOS

✓ Subsídios à exploração (compensação por baixos preços de venda ou


de elevados preços de custo): são rendimento na totalidade (RC = RF),
podendo existir um diferimento à medida que os gastos subsidiados vão
ocorrendo (correlação gastos / rendimentos).
✓ Subsídios à criação de postos de trabalho (condição de manutenção
do posto de trabalho por um determinado período, por exemplo, 3 anos):
São subsídios à exploração, devendo, no entanto, ser periodizados, logo,
são contabilizados, a crédito, na conta 75 (1/3) e na conta 282
(Diferimentos – Rendimentos a reconhecer – 2/3), debitando-se esta
conta (e creditando-se a conta 75) nos (dois) anos seguintes.
✓ Subsídios reembolsáveis – são um passivo.
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Luís Filipe Esteves
SUBSIDIOS RELACIONADOS COM ATIVOS NÃO CORRENTES
(Art.º 22.º)

PROPRIEDADES DE
INVESTIMENTO E ATIVOS
ATIVOS DEPRECIÁVEIS OU ATIVOS INTANGÍVEIS SEM OUTROS ATIVOS
BIOLÓGICOS NÃO
AMORTIZÁVEIS VIDA ÚTIL DEFINIDA CONSUMÍVEIS, ex. terrenos
MENSURADOS AO JUSTO
VALOR

S/PERÍODO DE
INCLUSÃO DO SUBSIDIO NA INALIENABILIDADE:
MESMA PROPORÇÃO DA INCLUSÃO EM
DEPRECIAÇÃO OU INCLUSÃO, EM FRAÇÕES IGUAIS, RESULTADOS, EM
AMORTIZAÇÃO INCLUSÃO, EM FRAÇÕES IGUAIS, DURANTE O PERÍODO MÁXIMO PARTES IGUAIS,
DURANTE OS PRIMEIROS 20 DE VIDA ÚTIL (que se deduz da DURANTE 10 ANOS
PERÍODOS DE TRIBUTAÇÃO APÓS quota mínima de depreciação)
O RECONHECIMENTO INICIAL DO QUE SERIA CONSIDERADO SE O
ATIVO ATIVO PREMANECESSE
RECONHECIDO AO CUSTO DE
AQUISIÇÃO C/PERÍODO DE
TEM COMO LIMITE MINIMO A INALIENABILIDADE:
QUE PROPORCIONALMENTE
CORRESPONDER À QUOTA INCLUSÃO, EM
MÍNIMA FRAÇÕES IGUAIS,
DURANTE O PERÍODO
DE INALIENABILIDADE
Art.º 45.º-A
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Luís Filipe Esteves
SUBSÍDIOS

❖ Quanto a AFT (depreciáveis) e AI com vida útil definida (amortizáveis),


(alínea a), n.º 1, art.º 22.º), verifica-se existir uma coincidência entre a
contabilidade e a fiscalidade (RC = RF).
❖ Não obstante, de acordo com o n.º 2, art.º 22.º, caso a depreciação
contabilística seja feita a uma taxa inferior à mínima prevista para efeitos
fiscais (metade da taxa máxima), deverá acrescer-se (VP+) a parte
remanescente do subsídio (RF ≠ RC), para além de ocorrer, ainda, uma
situação de quotas perdidas (assunto a desenvolver posteriormente).
❖ Depreende-se que, analisar o tema dos subsídios relacionados com AFT,
implica conhecer, minimamente, o regime fiscal das depreciações…

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Luís Filipe Esteves
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

Modelo 22 / Quadro 07

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Luís Filipe Esteves
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

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Luís Filipe Esteves
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

Regime Fiscal das depreciações e amortizações (+ DR n.º 25/2009…)


Código do IRC → Art.º 29.º - Elementos depreciáveis
1 - São aceites como gastos as depreciações e amortizações de elementos do
ativo sujeitos a deperecimento, considerando-se como tais:
a) Os ativos fixos tangíveis e os ativos intangíveis;
b) Os ativos biológicos não consumíveis e as propriedades de investimento
contabilizados ao custo de aquisição. Aditado em 2012…
✓ Ativos intangíveis sem vida útil definida: amortização não aceite (art.º 16.º, DR n.º
25/2009), salvo aplicação do art.º 45.º-A (amortização em 20 anos).
✓ Ativos intangíveis com vida útil definida (ou vigência temporal limitada):
amortização aceite fiscalmente.
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DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES
→ Art.º 29.º - Elementos depreciáveis
✓ Ativos biológicos não consumíveis valorizados ao custo aquisição/produção:
depreciação aceite fiscalmente.
✓ Ativos biológicos não consumíveis mensurados ao justo valor: ajustamentos JV
não aceites; depreciação fiscal nos termos do art.º 45.º-A (taxa mínima).
❖ Ativos biológicos consumíveis mensurados ao justo valor: ajustamentos JV
(positivos e negativos) são aceites.
✓ Propriedades investimento mensuradas ao custo de aquisição: depreciação
aceite fiscalmente.
✓ Propriedades de investimento mensuradas ao justo valor: ajustamentos JV não
aceites; depreciação fiscal nos termos do art.º 45.º-A (taxa mínima).

Inf. Vinc. Proc. 4106, Despacho de 26-01-2012: Depreciação 2010 e 2011 de uma vinha.
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DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

→ Art.º 29.º - Elementos depreciáveis


2 - Para efeitos do disposto no número anterior consideram-se sujeitos a
deperecimento os ativos que, com caráter sistemático, sofram perdas de valor
resultantes da sua utilização ou do decurso do tempo.
3 - As meras flutuações que afetem os valores patrimoniais não relevam para
a qualificação dos respetivos elementos como sujeitos a deperecimento.
4 - Salvo razões devidamente justificadas e aceites pela AT, os elementos do
ativo só se consideram sujeitos a deperecimento depois de entrarem em
funcionamento ou utilização.
5 - São igualmente depreciáveis (…) os componentes, as grandes reparações
e beneficiações e as benfeitorias reconhecidos como elementos do ativo
sujeitos a deperecimento nos termos do n.º 1.
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DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

Regime Fiscal das depreciações e amortizações


→ Art.º 30.º - Métodos de cálculo das depreciações e amortizações
1 - O cálculo das depreciações e amortizações faz-se, em regra, pelo método da
linha reta (quotas constantes), atendendo ao seu período de vida útil.
2 - Os sujeitos passivos podem, no entanto, optar pelo método das quotas
decrescentes relativamente aos ativos fixos tangíveis que: (n.º 4, art.º 31.º)
a) Não tenham sido adquiridos em estado de uso;
b) Não sejam edifícios, viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, exceto quando
afetas à exploração de serviço público de transportes ou destinadas a ser
alugadas no exercício da atividade normal do sujeito passivo, mobiliário e
equipamentos sociais.
✓ Coeficientes: Até 5 anos – 1,5; 5 e 6 anos – 2; Mais de 6 anos – 2,5 (n.º 4, art.º 31.º).
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DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

→ Art.º 31.º - Quotas de depreciação ou amortização


1 - No método da linha reta, a quota anual de depreciação ou amortização
que pode ser aceite como gasto do período de tributação determina-se
aplicando as taxas de depreciação ou amortização definidas no decreto
regulamentar que estabelece o respetivo regime aos seguintes valores:
a) Custo de aquisição ou de produção; (…)
Decreto Regulamentar n.º 25/2009…
Tabela I - Taxas específicas (…)
Tabela II – Taxas genéricas (…)
Taxas máximas!
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DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

→ Art.º 31.º - Quotas de depreciação ou amortização


1 - (…)
b) Valor resultante de reavaliação ao abrigo de legislação de caráter
fiscal; (revalorização)
c) Valor de mercado, à data do reconhecimento inicial, para os bens
objeto de avaliação para esse efeito, quando não seja conhecido o custo
de aquisição ou de produção.
2 - Para efeitos da determinação do valor depreciável ou amortizável,
previsto no número anterior:
a) Não são consideradas as despesas de desmantelamento; e
b) Deduz-se o valor residual.
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DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES
→ Art.º 31.º - Quotas de depreciação ou amortização
3 - Relativamente aos elementos para que não se encontrem fixadas taxas de
depreciação ou amortização, são aceites as que pela AT sejam consideradas
razoáveis, tendo em conta o período de vida útil esperada daqueles elementos.
4 - Quando se aplique o método das quotas decrescentes, a quota anual de
depreciação que pode ser aceite como gasto do período de tributação determina-
se multiplicando os valores mencionados no n.º 1, que ainda não tenham sido
depreciados, pelas taxas de depreciação referidas nos n.os 1 e 2, corrigidas pelos
seguintes coeficientes máximos:
a) 1,5, se o período de vida útil do elemento é inferior a cinco anos;
b) 2, se o período de vida útil do elemento é de cinco ou seis anos;
c) 2,5, se o período de vida útil do elemento é superior a seis anos.
5 - O período de vida útil do elemento do ativo é o que se deduz das taxas de
depreciação ou amortização referidas nos n.os 1 e 2.
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DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES
→ Art.º 31.º - Quotas de depreciação ou amortização
6 - As taxas de depreciação de bens adquiridos em estado de uso, de
componentes, de grandes reparações e beneficiações ou de benfeitorias de
elementos dos ativos sujeitos a deperecimento são calculadas com base no
respetivo período de vida útil esperada.
7 - Os sujeitos passivos podem optar no ano de início de funcionamento ou
utilização dos elementos por uma taxa de depreciação ou amortização deduzida da
taxa anual, em conformidade com os números anteriores, e correspondente ao
número de meses contados desde o mês de entrada em funcionamento ou
utilização dos elementos. (amortização por duodécimos…)
8 - No caso referido no número anterior, no ano em que se verificar a transmissão,
a inutilização ou o termo de vida útil dos mesmos elementos só são aceites
depreciações e amortizações correspondentes ao número de meses decorridos
até ao mês anterior ao da verificação desses eventos.
Inf. Vinc. Proc. 1423/2017, Despacho de 31-08-2017: Aquisição AFT em dezembro (duodécimos)
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DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES
Quotas decrescentes
Art.º 6.º, n.º 2, DR 25/2009: Se a depreciação for inferior, num dado exercício, à
que resulta da divisão do valor pendente de reintegração pelo número de anos de
vida útil que restam ao elemento (a contar do início desse exercício), poderá ser
aceite como gasto, até ao termo dessa vida útil, uma depreciação de valor
correspondente ao quociente daquela divisão.
Exemplo: Valor aquisição em 2019 = 60.000; Taxa depreciação = 20%

Valor contabilístico Quota anual


Valor contab./n.º anos
Período início do período 5 anos = 20%*2
Valor Cálculos Valor Cálculos Valor Cálculos
2019 60.000 - 24.000 60.000*40% 12.000 60.000/5
2020 36.000 60.000 - 24.000 14.400 36.000*40% 9.000 36.000/4
2021 21.600 36.000 - 14.400 8.640 21.600*40% 7.200 21.600/3
2022 12.960 21.600 - 8.640 5.184 12.960*40% 6.480 12.960/2
2023 6.480 12.960 - 6.480 2.592 6.480 *40% 6.480 12.960/2
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DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

→ Artigo 31.º-A - (…)


Mudança de métodos de depreciação e amortização e alterações na
vida útil dos ativos não correntes
1 - Os métodos de depreciação e amortização devem ser uniformemente
seguidos nos sucessivos períodos de tributação.
2 - Podem, no entanto, verificar-se mudanças dos referidos métodos e na
vida útil dos ativos sempre que as mesmas se justifiquem por razões de
natureza económica ou técnica e sejam aceites pela AT.

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Luís Filipe Esteves
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

→ Artigo 31.º-A - (…)


3 - O disposto nos números anteriores não prejudica a variação das quotas
de depreciação ou amortização de acordo com o regime mais ou menos
intensivo ou com outras condições de utilização dos elementos a que
respeitam não podendo, no entanto, as quotas mínimas imputáveis ao
período de tributação ser deduzidas para efeitos de determinação do lucro
de outros períodos de tributação. (→ quotas perdidas…)
4 - Para efeitos do número anterior, as quotas mínimas de depreciação ou
amortização são calculadas com base em taxas iguais a metade das
fixadas segundo o método da linha reta, sem prejuízo do disposto no
número seguinte.
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Luís Filipe Esteves
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

Quotas superiores ou inferiores às previstas


✓ Art.º 30.º, n.º 3: A adoção de métodos diferentes, de que resulte a
aplicação de quotas superiores às previstas depende de autorização da
AT, a qual deve ser solicitada até ao termo do período de tributação
(requerimento com os métodos a adotar e as razões que os justificam).
✓ Art.º 31.º-A, n.º 5: A utilização de quotas inferiores às mínimas depende
de comunicação à AT, efetuada até ao termo do período de tributação
(identificação das quotas a praticar e das razões que justificativas).
❖ Despacho do SEAF n.º 99/2021-XXII: Comunicação sem quaisquer acréscimos ou
penalidades (período de tributação de 2020), até ao final de maio de 2021 (com
justificação na quebra de atividade em contexto da pandemia COVID-19).
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DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

→ Artigo 33.º - Elementos de reduzido valor


1 - Nos casos em que o custo unitário de aquisição ou produção de
elementos do ativo sujeitos a deperecimento não ultrapasse € 1.000 é
aceite a sua dedução integral no período de tributação em que seja
reconhecido, exceto quando tais elementos façam parte integrante de um
conjunto que deva ser depreciado ou amortizado como um todo.
✓ SNC: Regra inexistente no SNC… Gastos ou ativos?
✓ Se ativos → depreciação de acordo com a vida útil…
✓ Se for seguido o critério contabilístico, será também esse o critério que deverá
ser seguido em termos fiscais, dado que as depreciações apenas são aceites
fiscalmente quando contabilizadas como gasto no mesmo período de tributação
ou em períodos anteriores (art.º 1.º, n.º 3, DR n.º 25/2009)
✓ Alternativa? Subordinação da contabilidade à fiscalidade… (materialidade…)
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Luís Filipe Esteves
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

→ Artigo 33.º - Elementos de reduzido valor


Informação vinculativa:
1. (…)
7. Ao ser mantida a redacção, podemos concluir que não foi alterado o espírito do
legislador, e que, portanto, só se permite a dedução fiscal da totalidade do custo
de aquisição ou de produção quando o SP o considerar, na íntegra, como gasto
contabilístico, num só período de tributação.
8. Assim, se os elementos a que refere o sujeito passivo têm um período de vida
útil superior a um ano, ficam sujeitos à regra geral, ou seja, à regra prevista no n.º
3 do artigo 1.º do diploma em análise, não lhes sendo aplicável o regime previsto
no seu artigo 19.º e no artigo 33.º do Código do IRC.”

Inf. Vinc. Proc. 2010 000157, Despacho de 11-02-2010 – Aplicação do art.º 33.º no caso de
depreciação de acordo com a vida útil
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Luís Filipe Esteves
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

→ Artigo 34.º - Deprec. e amort. não dedutíveis para efeitos fiscais


1 - Não são aceites como gastos:
a) As depreciações e amortizações de elementos do ativo não sujeitos a
deperecimento;
b) As depreciações de imóveis na parte correspondente ao valor dos
terrenos ou não sujeita a deperecimento; (exemplo a seguir…)
c) As depreciações e amortizações que excedam os limites
estabelecidos nos artigos anteriores;
d) As depreciações e amortizações praticadas para além do período
máximo de vida útil; (quotas perdidas…)
e) As depreciações das viaturas ligeiras de passageiros ou mistas…
(limites a seguir…)
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Luís Filipe Esteves
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

Depreciações de imóveis
• No caso de imóveis, para efeitos de cálculo das depreciações é excluído
o valor do terreno, devendo este, na falta de indicação expressa do
respetivo valor, ser fixado em 25% do valor global (art.º 10.º, n.º 3, DR n.º
25/2009).
Exemplo:
• A empresa ABC, SA adquiriu em 2023 um imóvel por 500.000. O VPT do
imóvel à data da aquisição era de 580.000.
✓ As depreciações são praticadas apenas sobre 375.000 (500.000 x 75%).
• Nota: o VPT, se superior ao valor do contrato (escritura), não releva para
efeitos do cálculo das depreciações, mas apenas no momento da venda
para efeitos de cálculo das +/- valias (art.º 64.º).
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Luís Filipe Esteves
DUPLA PENALIZAÇÃO
✓ Limites aplicáveis ao custo de aquisição de VLP vigentes ao longo dos últimos
anos, para viaturas adquiridas em cada um desses anos (Portaria n.º 467/2010):

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DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

Prática de depreciações de valor superior ao fiscalmente aceite


Depreciações e amortizações tributadas (art.º 20.º, DR n.º 25/2009)
• As depreciações e amortizações que não sejam aceites como gasto fiscal
no período em que foram contabilizadas por excederem as importâncias
máximas admitidas são aceites como gasto fiscal nos períodos seguintes,
na medida em que não excedam as quotas máximas de depreciação ou
amortização fixadas (+ art.º 1.º, n.º 3, DR n.º 25/2009).
Exemplo
• A sociedade X, Lda. adquiriu em 2022, um determinado bem que se
encontra registado na sua contabilidade como ativo fixo tangível, pelo
valor de 20.000. A taxa máxima de depreciação do bem é de 20%.
• A sociedade depreciou o bem à taxa de 50% em 2022 e 2023.
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DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

RESOLUÇÃO

Depreciação Depreciação Correção


Período contabilística aceite Q07
fiscalmente
2022 10.000 4.000 + 6.000
2023 10.000 4.000 + 6.000
2024 4.000 - 4.000
2025 4.000 - 4.000
2026 4.000 - 4.000

Acréscimos: C719/Q07 (GC ≠ GF); Deduções: C763/Q07 (GF ≠ GC)

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Luís Filipe Esteves
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

❖ Quanto a AI sem período de vida útil definido ou com vigência temporal


ilimitada → Artigo 45.º-A:
1 - É aceite como gasto fiscal, em partes iguais, durante os primeiros 20
períodos de tributação após o reconhecimento inicial, o custo de aquisição
dos seguintes ativos intangíveis quando reconhecidos autonomamente, nos
termos da normalização contabilística, nas contas individuais do sujeito
passivo:
a) Elementos da propriedade industrial tais como marcas, alvarás, processos
de produção, modelos ou outros direitos assimilados, adquiridos a título
oneroso e que não tenham vigência temporal limitada; (…)

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Luís Filipe Esteves
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

❖ Quanto a AI sem período de vida útil definido ou com vigência temporal


ilimitada → Artigo 45.º-A:
Contabilidade (desde 2016 – Diretiva UE):
✓ Amortização (gasto) em 10 anos → GC ≠ GF (acrescer x 10 anos) e GF ≠
GC (deduzir x 20 anos).
✓ Subsídio (rendimento) em 10 anos → RC ≠ RF (deduzir x 10 anos) e RF ≠
RC (acrescer x 20 anos).
❖ Acrescer a diferença na amortização (x 10 anos) e deduzir a diferença do
subsídio (x 10 anos)?
Não! 4 (2 + 2) linhas distintas no Q07/DR22...

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Luís Filipe Esteves
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

❖ Quanto a Propriedades de Investimento → Artigo 45.º-A:


2 – O custo de aquisição, as grandes reparações e beneficiações e as
benfeitorias das propriedades de investimento que sejam
subsequentemente mensuradas ao justo valor é aceite como gasto para
efeitos fiscais, em partes iguais, durante o período de vida útil que se deduz
da quota mínima de depreciação que seria fiscalmente aceite caso esse
ativo permanecesse reconhecido ao custo de aquisição.

❖ Aumentos e diminuições do justo valor só são relevantes para efeitos de


IRC nos casos previstos no n.º 9, art.º 18.º…

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Luís Filipe Esteves
DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

❖ Quanto a Ativos biológicos não consumíveis → Artigo 45.º-A:


3 - O custo de aquisição dos ativos biológicos não consumíveis, que sejam
subsequentemente mensurados ao justo valor, é aceite como gasto para
efeitos fiscais, em partes iguais, durante o período de vida útil que se deduz
da quota mínima de depreciação que seria fiscalmente aceite caso esse
ativo permanecesse reconhecido ao custo de aquisição.

❖ Aumentos e diminuições do justo valor só são relevantes para efeitos de


IRC no caso de ativos biológicos consumíveis (al. g), n.º 1, art.º 20.º e al.
k), n.º 1, art.º 23.º e al. b), n.º 9, art.º 18.º).

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SUBSÍDIOS

Caso prático
Em 2023 uma empresa registou 10.000 na conta 7833 - Imputação de subsídios
ao investimento, relativos a um subsídio, no valor 100.000 que havia recebido
para aquisição de uma máquina. A referida máquina foi adquirida em 2020, por
500.000, tendo vindo a ser depreciada à taxa de 20% (quotas constantes).
❖ Quais as consequências em sede IRC relativamente ao subsídio?

Assumindo que em 2020, 2021 e 2022 (e 2024) se procedeu da mesma forma:


✓ Nos primeiros 5 anos [2020 a 2024] → Acrescer 10.000 (RF ≠ RC)
✓ Nos 5 anos seguintes [2025 a 2029] → Deduzir 10.000 (RC ≠ RF)

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Luís Filipe Esteves
SUBSÍDIOS / DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES
Caso prático
A sociedade XYZ Lda recebeu, em 2023, um subsídio de 20.000 destinado à
aquisição de uma marca cujo custo de aquisição, em 2023, foi de 120.000. A
aquisição do direito não tem vigência temporal definida.
❖ Existem correções a efetuar no Q07 da DR22/2023 referentes à
amortização do intangível e ao subsídio?
✓ Amortização: GC = 12.000 (acrescer – art.º 16.º, DR n.º 25/2009); GF =
6.000 (deduzir – art.º 45.º-A, CIRC) (x 10 anos, 1.os 10 anos)
[nos últimos 10 anos: GF = 6.000 (deduzir – art.º 45.º-A, CIRC)]
✓ Subsídio: RC = 2.000 (deduzir); RF = 1.000 (acrescer) (x 10 anos)
[nos últimos 10 anos: RF = 1.000 (acrescer)]
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Luís Filipe Esteves
SUBSÍDIOS / DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

Caso prático
A sociedade XYZ Lda adquiriu, em 2023, por 100.000 um armazém que vai
destinou a arrendamento (propriedade de investimento), o qual foi mensurado
pelo justo valor. A taxa de depreciação prevista no DR n.º 25/2009 é de 5%.
❖ Existem correções a efetuar no Q07 da DR22/2023?
✓ Perdas por redução do justo valor… Não aceites (art.º 18.º, n.º 9, CIRC) →
Acréscimo Q07 (ganhos aumentos JV…)
✓ Depreciação fiscal… Taxa mínima de 2,5% → Dedução Q07 = 2.500 (x 40
anos) (art.º 45.º-A, CIRC)

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Luís Filipe Esteves
SUBSÍDIOS / DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES
Caso prático
Em janeiro de 2023 a empesa ABC, SA adquiriu uma vinha por 100.000. Embora
a taxa de depreciação prevista no DR n.º 25/2009 seja de 5%, a empresa optou
pela mensuração da vinha pelo justo valor.
A referida aquisição beneficiou de um subsídio não reembolsável de 30.000.
❖ Quais as consequências em sede de IRC? [art.º 18.º, n.º 9 e art.º 45.º-A, n.º 3]
✓ Perdas redução do justo valor… Não aceites → Acréscimo Q07 (ganhos JV…)
✓ Depreciação fiscal… Taxa mínima de 2,5% → Dedução Q07 (x 40 anos)
✓ Subsídio… Taxa mínima de 2,5% → Acréscimo Q07? Depende do que foi
feito na contabilidade… Se RC = 5%, então, RC ≠ RF, logo, dedução Q07 [RC
≠ RF (x primeiros 20 anos) e acréscimo Q07 RF ≠ RC (x últimos 20 anos)
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Luís Filipe Esteves
SUBSÍDIOS / DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES
Caso prático: AFT; Valor aquisição = 10.000; Subsídio = 6.000; Taxa de depreciação = 20%.
(normativo aplicável: 31.º, n.º 1, al. a) e 31.º-A, n.º 1, 1.ª parte e 2.ª parte)
MAPA DE DEPRECIAÇÕES
Anos Tx. Dep. Deprec. Dep. Ac. Dep. Ac. Fisc. Notas
1 20% 2 000 2 000 2 000 Sem correções.
2 18% 1 800 3 800 3 800 Sem correções.
3 20% 2 000 5 800 5 800 Sem correções.
4 2% 200 6 000 6 800 Sem correções. Quota perdida de 800.
5 0% 0 6 000 7 800 Sem correções. Quota perdida de 1 000.
6 10% 1 000 7 000 8 800 Sem correções.
7 20% 2 000 9 000 10 000 Acrescer 800 (quota perdida).
8 10% 1 000 10 000 - Acrescer 1 000 (quota perdida).

Nota: No caso de venda do bem, as quotas perdidas refletem-se no cálculo da mais-


valia (art.º 46.º, n.º 2, parte final). Ver exemplo seguinte…
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Luís Filipe Esteves
SUBSÍDIOS / DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES

Caso prático

Retomando o caso prático anterior, admita-se que o AFT foi vendido no decurso
do 6.º ano pelo valor de 5.000 (desconsiderar o coeficiente de desvalorização da moeda).

+VC = 5.000 - (10.000 - 6.000) = 1.000 (deduzir no Q07)

+VF = 5.000 - (10.000 - 7.800) = 2.800 (acrescer no Q07)

✓ A diferença entre a +VC e a +VF, no valor de 1.800, está relacionada com as


quotas perdidas no 4.º e 5.º ano (800 + 1.200)
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Luís Filipe Esteves
SUBSÍDIOS / DEPRECIAÇÕES E AMORTIZAÇÕES
Caso prático: AFT; Valor aquisição = 10.000; Subsídio = 6.000; Taxa de depreciação = 20%.

TRATAMENTO FISCAL SUBSÍDIO


Anos Tx. Dep. Tx. Dep. Fisc. Rend. Fisc. Notas
1 20% 20% 1 200
2 18% 18% 1 080
3 20% 20% 1 200
4 2% 10% 600 Limite mínimo (art.º 22.º, n.º 2).
5 0% 10% 600 Limite mínimo (art.º 22.º, n.º 2).
6 10% 10% 600
7 20% 12% 720 Parte restante.
8 10% - -
Nota: No caso de venda do bem, o valor restante do subsídio será considerado na
totalidade no ano da venda.
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Luís Filipe Esteves

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