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Transportes, Construção
Civil, Rural e Terceiro Setor
Unidade 4:
Obrigações na contabilidade
da construção civil
Objetivos
• Conhecer os conceito de custo, despesa e receita da atividade da
construção civil;
Formação do custo
A formação do custo na incorporação imobiliária está definida na IN n.º
84/1979 e detalhada na Orientação OCPC 01 (R1) - Entidades de Incorporação
Imobiliária (CFC, 2008).
Cabe destacar que, de acordo com o item 6.4, seção III, da IN n.º 84/1979,
em hipótese alguma “as despesas com as vendas, as despesas financeiras, as despe-
sas gerais e administrativas e quaisquer outras, operacionais e não operacionais”,
poderão ser consideradas como custo dos imóveis vendidos.
Custo orçado
O custo orçado pode ser compreendido como uma previsão dos custos que
a empresa incorrerá para executar determinada obra. Esse conceito é relevante
principalmente para os casos de venda antes do término da obra, pois, de acordo
com o art. 28 do Decreto-Lei n.º 1.598/1977, nessas situações:
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Custo incorrido
Os custos incorridos, também conhecidos como custos pagos, correspon-
dem aos custos desembolsados relativos “a bens ou serviços adquiridos ou contra-
tados para específica aplicação no empreendimento de que a unidade negociada
faça parte” (BRASIL, 1979, item 7.1).
Para conhecer como o fluxo dos custos incorridos podem ser classificados,
acesse o Ambiente Virtual e interaja com o objeto de aprendizagem “Fluxo de custos”.
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Unidade 4
Despesas
De acordo com o item 98 do CPC 47, as empresas devem reconhecer como
despesas os seguintes custos:
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exercício social e são concluídas em outro(s). Assim, a alocação desses itens gera
reflexos importantes no Ativo, no Passivo e no Patrimônio Líquido da organização
(SOUSA, 2015).
Fonte: Adaptado pela Univates com base em Rios e Marion (2020, p. 172).
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Unidade 4
Isso mesmo! Um contrato pode ser um acordo entre a empresa e o cliente. Tenha em
mente que, um acordo ou contrato é válido quando contém: a) agente capaz; b) obje-
to lícito, possível, determinado ou determinável; e c) forma prescrita ou não defesa em
lei, como definido pelo Código Civil (BRASIL, 2002, art. 104). Ou seja, independente do
acordo (ou contrato), ser por escrito ou não, contendo os requisitos citados pela nor-
ma, ocorre a identificação do contrato. Apesar disso, lembre-se de que a atividade de
construção civil geralmente é recorrente de um contrato assinado (formal) em razão
do tempo que pode levar para uma obra ser completada.
Nessa lógica, para que o CPC 47 surta efeitos, alguns critérios devem ser
atendidos, conforme Gelbcke, Santos, Iudícibus e Martins (2018, p. 540):
• “As partes devem ter aprovado o contrato, quer seja por escrito ou oralmen-
te, e devem estar comprometidas a cumprir com suas respectivas obriga-
ções;
• A entidade deve conseguir identificar os direitos de cada parte em relação
aos bens ou serviços a serem transferidos;
• A entidade deve conseguir identificar as condições de pagamento dos bens
ou serviços a serem transferidos; e
• O contrato deve ter substância comercial, isto é, espera-se que o risco, os
prazos ou os montantes dos fluxos de caixa futuros da entidade sofram mu-
danças como resultado da execução do contrato” (GELBCKE; SANTOS;
IUDÍCIBUS; MARTINS, 2018, p. 540).
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No entanto, de acordo com o CPC 47, item 27, o bem ou o serviço é carac-
terizado como distinto quando alcançar dois critérios concomitantemente:
Lembre-se
A etapa de identificação de obrigações de performance consiste em identificar
cada promessa de entregar um bem ou prestar um serviço em um contrato com
um cliente. No ramo da construção civil, essa etapa consiste em, por exemplo, identifi-
car a unidade a ser entregue ao cliente.
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Unidade 4
• Ao longo do tempo
É quando ocorre a transferência do controle de bem ou serviço em etapas. O
item 35 do CPC 47 esclarece que é satisfeita a obrigação de performance e ocorre
o reconhecimento das receitas ao longo do tempo se um dos seguintes critérios for
atendido:
“(a) o cliente recebe e consome simultaneamente os benefícios gerados pelo
desempenho por parte da entidade à medida que a entidade efetiva o de-
sempenho (ver itens B3 e B4);
(b) o desempenho por parte da entidade cria ou melhora o ativo (por exem-
plo, produtos em elaboração) que o cliente controla à medida que o ativo é
criado ou melhorado (ver item B5); ou
(c) o desempenho por parte da entidade não cria um ativo com uso alterna-
tivo para a entidade (ver item 36) e a entidade possui direito executável (en-
forcement) ao pagamento pelo desempenho concluído até a data presente
(ver item 37)” (CFC, 2016, item 35).
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Unidade 4
A partir desses dados, é possível constatar que a empresa CompraCerta Imóveis LTDA,
com atividade de construção e incorporação imobiliária, realizou a venda de um so-
brado pelo valor de R$ 250.000,00. O sobrado será entregue 10 dias após a assinatura
do contrato.
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Balanço Patrimonial
Balanço Patrimonial, de acordo com o art. 178 da Lei n.º 6.404/1976, deve
ser apresentado da seguinte forma:
Ativo Passivo
Ativo Circulante Passivo Circulante
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Unidade 4
• Disponível
Contempla as contas com saldos de caixa e bancos.
• Tributos a compensar
Nesta conta, registram-se os valores dos impostos retidos, como, por exem-
plo, o IRRF e o INSS sobre notas de serviço.
• Despesas antecipadas
Nesta conta, registram-se os valores de despesas pagas antecipadamente,
como prêmios de seguros ou assinatura de periódicos.
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• Investimento
Neste subgrupo, são registrados os valores correspondentes às participações
em outras empresas.
• Imobilizado
Veja as contas mais comuns de serem encontradas neste subgrupo, bem
como a que correspondem seus respectivos valores:
a) Edificações
Imóveis em que a entidade está localizada.
b) Móveis e utensílios
Móveis da entidade, usados diariamente.
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c) Veículos
Veículos utilizados no desempenho das atividades.
d) Máquinas e equipamentos
Maquinários utilizados em obras.
e) Equipamentos de informática
Aparelhos de informática usados pela entidade.
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f ) Estandes e unidades-modelo
Investimentos em estandes de vendas. Esta é uma conta específica da ativi-
dade da incorporação imobiliária.
g) Obras em andamento
Unidades-modelo que ainda estão em fase de construção.
• Intangível
Neste subgrupo, devem ser registrados os valores que compreendem os
bens que são abstratos, como marcas e patentes, além dos valores que correspon-
dem à amortização.
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• Fornecedores
Nesta conta, registram-se os valores em aberto relativos às compras a prazo
dos materiais de construção ou de serviços prestados.
• Terrenos
Nesta conta, registram-se os valores correspondentes às aquisições dos ter-
renos, seja para revenda, seja para construção. Esta é uma conta característica da
atividade da incorporação imobiliária.
• Tributos a recolher
Nesta conta, registram-se os tributos, tais como IRPJ, CSLL, COFINS, PIS,
IRRF e ISS.
• Adiantamento de cliente
Compreende os valores recebidos antecipadamente dos clientes. Esta conta
representa uma obrigação que a entidade tem para com o cliente, o que é uma ca-
racterística comum na atividade da construção civil.
• Capital social
Corresponde ao registro dos valores integralizados pelos sócios. Como ex-
plicado por Sousa (2015), o saldo desta conta só pode ser alterado caso ocorra
alteração no contrato social, ou estatuto social, conforme o caso.
• Reservas de capital
Nesta conta, são registrados os saldos de valores destinados a reforçar o ca-
pital social da empresa.
• Reserva de lucros
Fazem parte deste subgrupo as contas de Reserva Legal, Reserva Estatutária,
Reserva para Contingência, Reserva de Incentivos Fiscais, Reserva de Lucros Reti-
dos e Reserva de Lucros a Realizar.
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Receita
- Custo dos imóveis vendidos e dos serviços prestados
= Resultado bruto
- Despesas com vendas
- Despesas gerais e administrativas
+ Outras receitas operacionais
- Outras despesas operacionais
+ Ganho (ou – perda) com a Equivalência Patrimonial
= Resultado Operacional antes do resultado financeiro
+ Receitas financeiras
- Despesas financeiras
= Lucro antes do IR e CSLL
- Provisão IR e CSLL
= Resultado líquido das operações continuadas
+ ou - Valor líquido de:
Resultado líquido das operações descontinuadas, após tributos
Resultado após os tributos decorrentes da mensuração do valor justo menos despesas de venda
ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição para venda que se constituem a unidade
operacional descontinuada
= Resultado antes das participações
- Participações de debenturistas, empregados, administradores e partes beneficiárias
= Lucro ou prejuízo líquido do exercício
Lucro líquido por ação de capital
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Unidade 4
disso, nem todas as atividades da construção civil têm o mesmo tratamento tribu-
tário. Algumas empresas podem se enquadrar no Simples Nacional, outras estão
obrigadas ao Lucro Real. Enfim, cada atividade deve ser analisada individualmen-
te, pois, dependendo do regime tributário e da atividade, as empresas podem estar
sujeitas às obrigações distintas.
Lembre-se
As obrigações tributárias são distribuídas em “principais” e “acessórias”. O Código
Tributário Nacional (CTN), em seu artigo 113, estabelece que as obrigações prin-
cipais passam a existir com a ocorrência de um fato gerador e tem por objetivo o paga-
mento de tributo ou alguma penalidade (multa), sendo extinta após o seu pagamento.
Já as obrigações acessórias decorrem de legislação tributária, cujo objetivo é a presta-
ção de informações para arrecadação do tributo e para fiscalização. De forma resumida,
a obrigação principal compõe o imposto devido, e a obrigação acessória é relativa à
entrega da declaração referente ao imposto devido (BRASIL, 1966).
a) IRPJ e CSLL
De acordo com a Lei n.º 9.249/1995, nas atividades de contratos de cons-
trução com regime de tributação no Lucro Presumido, a base de cálculo do IRPJ é
reduzida a 8% para as atividades imobiliárias e prestação de serviços com emprego
de materiais, enquanto nas atividades de prestação de serviços de construção sem
emprego de materiais, a base é reduzida a 32%.
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De acordo com a Lei n.º 9.249/95, a alíquota do IRPJ corresponde a 15% in-
cidente sobre a base de cálculo presumida. Além disso, caso a empresa apure lucro
mensal superior a R$ 20.000,00, esta deve recolher, a título de Adicional de IRPJ,
o valor correspondente a 10% sobre o que exceder R$ 20.000,00. Para as empresas
que apuram o lucro presumido de forma trimestral, deve-se multiplicar o valor de
R$ 20.000,00 pelo número de meses apurados e aplicar a alíquota de 10% sobre o
excedente.
IRPJ
Receita operacional bruta 1.200.000,00
% de Lucro Presumido 8%
Base de cálculo reduzida
96.000,00 (1.200.000,00 x 8%)
(Lucro Presumido da entidade)
Alíquota de IRPJ 15%
Valor do IRPJ devido 14.400,00 (96.000,00 x 15%)
Adicional de IRPJ
36.000,00 (96.000,00 – [20.000,00 x
(Base de cálculo do adicional: Lucro Presumi-
3 = 60.000,00])
do da entidade x número de meses apurados)
Alíquota do adicional 10%
IRPJ adicional 3.600,00 (36.000,00 x 10%)
Total do IRPJ devido 18.000,00 (14.400,00 + 3.600,00)
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Unidade 4
CSLL
Receita operacional bruta 1.200.000,00
% de Lucro Presumido 12%
Base de cálculo reduzida
144.000,00 (1.200.000,00 x 12%)
(Lucro Presumido da entidade)
Alíquota CSLL 9%
CSLL devida 12.960,00
Conceito
96.000,00: No Lucro Presumido, presume-se que o lucro da organização corres-
ponda a 8% do seu faturamento bruto para o cálculo do IRPJ.
Desafio
Calcule o IRPJ e a CSLL de uma empresa com atividade imobiliária que auferiu
receita equivalente a 200.000,00. Apure o adicional de IRPJ conforme o caso.
IRPJ
Receita operacional bruta 750.000,00
% de Lucro Presumido 32%
Base de cálculo reduzida
240.000,00 (750.000,00 x 32%)
(Lucro Presumido da entidade)
Alíquota de IRPJ 15%
Valor do IRPJ devido 36.000,00 (240.000,00 x 15%)
Adicional de IRPJ
180.000,00 (240.000,00 –
(Base de cálculo do adicional: Lucro Presumi-
[20.000,00 x 3 = 60.000,00])
do da entidade x número de meses apurados)
Alíquota do adicional 10%
IRPJ adicional 18.000,00 (180.000,00 x 10%)
Total do IRPJ devido 54.000,00 (36.000,00 + 18.000,00)
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CSLL
Receita operacional bruta 750.000,00
% de Lucro Presumido 32%
Base de cálculo reduzida
240.000,00 (750.000,00 x 32%)
(Lucro Presumido da entidade)
Alíquota CSLL 9%
CSLL devida 21.600,00
Conceito
240.000,00: No Lucro Presumido, presume-se que o lucro da organização corres-
ponda a 8% do seu faturamento bruto para o cálculo do IRPJ.
b) PIS e COFINS
A tributação do PIS e da COFINS é baseada em uma alíquota que incide
sobre o faturamento bruto da entidade. A alíquota do PIS corresponde a 0,65%
(Lei n.º 9.715/1998), e a alíquota da COFINS corresponde a 3%, ambos incidentes
sobre a receita bruta (Lei n.º 9.718/1998).
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c) Contribuição Previdenciária
As empresas do ramo da construção civil possuem como alternativa reco-
lher a Contribuição Previdenciária de duas formas.
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Presunção 8% 12%
Alíquota 15% 9%
Atividade
Agora que você já estudou os conceitos de custo, despesa e receita e as de-
monstrações contábeis da atividade da construção civil, realize a atividade proposta.
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Referências
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BRASIL. Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em:
29 ago. 2020.
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