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-Historicamente, a temática dos Direitos Humanos evoca diversos processos e

momentos na história da humanidade, embora devamos reconhecer que nossos


referenciais sejam de uma História Ocidental ou de uma História vista pelo olhar do
Ocidente, majoritariamente eurocêntrica.
Documentos que são marcos :habeas corpus na Carta Magna inglesa, no século XIII; os
discursos de Frei Bartolomeu de las Casas em favor dos indígenas nas Américas, no
século XVI; as Declarações de Direitos na Independência dos EUA e a Declaração de
Direitos do Homem e do Cidadão da Revolução Francesa.
Contudo, são os resultados das duas grandes guerras mundiais que lançam os alicerces
para a construção de um regime internacional de direitos humanos.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)


-Os direitos humanos devem ser protegidos e promovidos pelos Estados nacionais –
cujas constituições tem papel central de normas garantidoras de direitos
fundamentais, mas não apenas: também as organizações internacionais e a sociedade
civil encarnada nas organizações não-governamentais (ONGs) e nos movimentos
sociais.
-Como avaliar a PE de um país frente os direitos humanos?
Analisar processos de tomada de decisão, negociações internacionais, a participação do
país em conferências, em órgãos de organizações internacionais, inventariar a
assinatura e a ratificação de tratados e convenções de direitos humanos, os quais
revelam o grau de adesão do país ao regime global e ao regime regional de direitos
humanos. Além de analisar o perfil das votações do país em foros multilaterais em
temas de direitos humanos.
-Histórico Brasileiro :
● Ditaduras militares na A.L foram um período sombrio em que os direitos
humanos não tiveram espaço nenhum, as atrocidades cometidas foram inúmeras
mas a partir da década de 70/80 com o afrouxamento das medidas ditadura no
Brasil especificamente eles passaram a voltar a pauta nacional. Com o final da
ditadura e o governo Sarney os D.H foram contemplados fortemente pela
Constituição Federal de 88 que tem sua base na Declaração Universal do Direitos
Humanos.
● A partir daí a PEB-DH passa a firmar-se sobretudo nos foros multilaterais,
tanto no Sistema ONU quanto no Sistema Interamericano (OEA).
● PEB-DH seguiu a trajetória de aderir a tratados e convenções de direitos
humanos, com destaque para a participação do Brasil na Conferência Mundial de
Direitos Humanos, em Viena (1993), quando a diplomacia brasileira assume papel
de honest broker (interlocutor imparcial), realizando a mediação entre países
do Norte e do Sul.
● No governo de FHC (1995-2002), Brasil atua na governança global e pela adesão
a regimes globais e regionais, amparado em uma Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência, com abertura e diálogo com a sociedade civil e as
organizações não governamentais
● Em 1998, o país reconhece a competência da Corte Interamericana de Direitos
Humanos e participa da criação do Tribunal Penal Internacional.
● No governo Lula (2003-2010), os direitos humanos ganharam novo patamar
dentro da estrutura do governo federal, com as secretarias para a mulher e
para a igualdade racial com status ministerial, além da criação de vários
conselhos nacionais com participação da sociedade civil e de movimentos sociais.
Além da criação de programas sociais que tiveram enorme reflexo positivo para
o país.
● O governo de Dilma teve seu início marcado por um conflito com a Corte
Interamericana de Direitos Humanos no Caso da Usina Belo Monte, envolvendo
populações indígenas e comunidades locais. Ao mesmo tempo, adotou posição
mais assertiva em relação a violação sistemática de direitos humanos em
debates e votações multilaterais. Assumiu protagonismo ao lançar o conceito de
“responsabilidade ao proteger”, como crítica à “responsabilidade de proteger”,
que embasou resolução do Conselho de Segurança para intervir na Líbia
● Num patamar mais abrangente, uma das consequências domésticas dos
compromissos assumidos pelo Brasil em Viena/1993, foi a elaboração de
Programas Nacionais de Direitos Humanos (PNDH) para implementar
gradativamente e progressivamente os compromissos assumidos naquela
conferência. Foram elaborados três Planos Nacionais: dois no governo FHC
(1996, 2002) e um no governo Lula (2009).
● Criação muito tardia da comissão da verdade, Brasil foi o unico pais que em
governos transicionais pós ditadura nao adota politicas de reparação as vítimas
e em aferição dos crimes.
● Regressão da agenda de D.H a partir do governo Temer. O Golpe ocorrido no
governo Dilma já se configura como uma grande controvérsia além das
mudanças internas pautadas por políticas ultraliberais que redundaram em
PECs restritivas de direitos.
● ´´Fim`` da agenda de D.H no governo Bolsonaro. A PEB-DH foi uma das áreas mais
atingidas,por via de acelerada desconstrução de um edifício diplomático de mais
de 30 anos. Valores, princípios e conceitos internacionalmente consolidados de
direitos humanos, como “gênero”, “orientação sexual”, “povos indígenas” são
recusados pelo governo e vistos como parte de um “marxismo cultural”, que
estaria submetido a uma lógica de esquerda anti-Ocidental.
-A ideia do “efeito bumerangue” foi elaborada pelas pesquisadoras M. Keck e K.
Sikkink. Por meio de ativismo transnacional nos fóruns globais pode-se pressionar por
mudanças internas nos países, quando há oposição ou resistência a certas políticas e
reconhecimento de direitos. Isso certamente aplicou-se ao Brasil .Muitas dessas
políticas não seriam aprovadas pelo Congresso Nacional , mas acabam sendo
implementadas pelo país via compromissos internacionais.

Migrações e refúgios
O Brasil é visto, e se autopercebe, como país de imigração. PEB-DH
pós-democratização tem trilhado um caminho diferenciado e reconhecido pela ONU
como positivo e cooperativo. O país foi um dos primeiros a assinar a Convenção de
Genebra de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados. Posteriormente aderiu ao Protocolo
de 1967, que levantou as reservas temporal e geográfica da definição da pessoa
refugiada. Em 1997, aprovou a lei brasileira de refugiados, que inclui da definição
ampliada de refúgio14 , e é considerada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR) uma lei avançada.O país mantém política de fronteiras abertas e
acolhe pessoas refugiadas de mais 80 países.

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