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O Muro É de Armínio Derrubando A Falácia Da Neutralidade Soteriológica
O Muro É de Armínio Derrubando A Falácia Da Neutralidade Soteriológica
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Copyright 2021 por Rodrigo Caeté
ISBN | xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
28 p.; 14x21 cm
Contato: caeterodrigo@gmail.com
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“Deus é revelado nas páginas da Escritura como o único
Soberano, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. Ele
escolhe, designa, determina, predestina e governa tudo e todos. É
isso que significa ser Deus, nada menos que isso.”
(Steven Lawson)
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Introdução
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Não é meu objetivo, neste livreto, desenvolver as doutrinas calvinistas
e arminianas. Caso queira saber mais sobre calvinismo, escrevi outro e-
book intitulado “Calvinismo Oração e Missão”.
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acham que um erro justifica o outro. Para aqueles que
vivem na disputa de egos, escrevi um e-book intitulado
“Jovem, onde está sua Piedade”. Mas para estes que
dizem ser apenas de Jesus, dedico esse livreto. Meu
objetivo é claro: apontar para a incoerência da
neutralidade teológica desses que negam o estudo da
doutrina. Para que você defenda a fé que uma vez por
todas foi certamente entregue aos santos, precisa
dedicar-se ao estudo das doutrinas básicas do
cristianismo. Você deve, sobretudo, estudar a respeito
de como se deu a salvação do homem, campo de
estudo chamado de soteriologia. É aqui que mora o
debate entre arminianos e calvinistas. Digo que você
pode abominar o debate fútil, mas ainda assim
debruçar-se profundamente nos estudos.
Conforme o título desse e-book sugere, minha
proposta será mostrar que aqueles que dizem não ser
nem calvinistas, nem arminianos são, invariavelmente,
mais propensos ao arminianismo. Para provar isso,
esforçar-me-ei para descrever a falácia da
neutralidade soteriológica, uma vez que, mesmo sem
saber, todo mundo tem uma ideia de como se deu a
salvação. Não precisamos de difíceis títulos teológicos
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para definir o que pensamos sobre como foi meu
processo de conversão. Se eu pedir para que você
descreva abaixo seu testemunho de conversão,
certamente haverá nele, implícita ou explicitamente,
uma teoria soteriológica. No fim, você deixará claro se
a salvação foi realizada totalmente e soberanamente
pelo Senhor ou se você teve que “participar aceitando
a Cristo”.
Defendo a tese de que todos nascemos
arminianos. Todos nascemos não apenas em pecado,
mas com um senso próprio de justiça; nascemos
orgulhosos por natureza, confiantes em nossas obras
para salvação. E é o arminianismo que anda abraçado
com as obras humanas. Conquanto possa haver
discordâncias neste ponto, a doutrina arminiana
postula, ainda que minúscula, uma participação
humana na salvação, enquanto que o calvinismo
defende uma salvação totalmente soberana, na qual
mortos, incapazes de ação boa, foram eficazmente
regenerados pelo Senhor. É nesse sentido que afirmo
que todos nascemos arminianos, pois o senso comum
aponta para a necessidade de o homem “aceitar
Jesus”, enquanto que a doutrina bíblica, subscrita pelo
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calvinismo, aponta para uma ação monergística do
Espírito Santo.
Portanto, sendo naturalmente arminianos,
quando negamos o estudo do debate entre calvinistas
e arminianos, decidimos permanecer arminianos. Meu
desejo é que os cristãos possam se dedicar ao estudo
da Palavra de Deus. Precisamos de uma geração
ávida pelo conhecimento de Deus, não apenas para
defender a fé que uma vez por todos foi entregue aos
santos, mas, principalmente, para reputar a Deus
verdadeiramente toda a glória. Glória a Ti, Soberano
Deus, por decidir salvar seus eleitos da justa ira eterna,
amém!
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“A doutrina da soberania de Deus atribui a Deus – Pai,
Filho e Espírito Santo – a glória que lhe é devida, colocando
a criatura no correto lugar dela: no pó.”
(A.W. Pink)
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O Muro é de Armínio
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infinitamente mais bíblico. E é aí que mora o problema
– veremos também daqui a pouco o porquê.
Em terceiro e último lugar, há também aqueles
que fazem essa afirmativa porque encontraram uma
forma mágica de unificar os dois sistemas de
pensamentos teológicos. Nesse momento, surgem os
"calvinianos", os "arminianistas", os calvinistas de 4
pontos, etc. E o resultado é um samba do crioulo doido
soteriológico.2
Eu disse anteriormente que faltam argumentos
lógicos para aqueles que dizem que não são nem
calvinistas nem arminianos. E aqui eu encontro apenas
duas justificativas: a primeira diz respeito ao fenômeno
da preguiça intelectual gospel. É triste e vergonhoso
ver como que o povo cristão brasileiro se mostra um
analfabeto bíblico. Não é à toa que muitos desse
mesmo grupo são facilmente enganados por falsos
mestres, que só precisam de
pessoas desentelectualizadas no momento da
"conversão", pois estas são realmente mais fáceis de
2
Preciso deixar claro que trato, neste e-book, o calvinismo apenas em
seu escopo soteriológico. A doutrina calvinista é muito mais ampla,
abrangendo muitas outras esferas do homem e da sociedade.
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serem ludibriadas. A impressão que dá é que na
salvação Deus concede a Fé ao homem e este, no afã
de participar da mesma, oferece para Deus o cérebro.
A fé cristã não é contrária à razão, mas esta deve se
sobrar perante a Fé. Fé e razão, certamente, nunca
foram palavras opostas. Nesse sentido, uma
alternativa para a fuga de um posicionamento
soteriológico talvez seja o fenômeno da preguiça
intelectual gospel.
Outra justificativa, menos pior, mas tão ilógica
quanto à primeira, se encontra no engano da
neutralidade. Alguns dizem que estão estudando as
duas visões para se posicionarem a respeito, e até se
mostram mais sinceros e desejosos de aprender,
porém estão cometendo o erro de dizer que são
neutros sobre como se dá a salvação.
O problema está na falácia da neutralidade.
Seja no campo político, ideológico ou mesmo religioso,
não existe posicionamento neutro. Sobre o campo
religioso, por exemplo, a Escritura é taxativa ao dizer
que aquele que não é a favor de Cristo, é contra. Veja
o que Jesus diz em Mateus 12.30: “aquele que não
está comigo, está contra mim; e aquele que comigo
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não ajunta, espalha." É absolutamente claro: ou se é
amigo de Cristo ou inimigo. Mesmo que o não cristão
seja uma “boa pessoa”, faça caridade e até mesmo fale
que seja teísta, se o mesmo não se arrepender de seus
pecados e crer em Jesus como salvador, será
considerado inimigo do SENHOR. Neste caso, o muro
é de Satanás.
No posicionamento soteriológico é a mesma
coisa. No final das contas, a pergunta que está sendo
respondida é: quem salva quem? É Deus
absolutamente soberano quem salva ou é Deus com a
participação do homem? Dentro da tradição cristã
clássica: não existe outro ponto: anjos não participam;
Satanás muito menos; nem mesmo o homem
puramente sem a ajuda de Deus. E toda vez que essa
pergunta – quem salva quem – é feita, seja para um
novo convertido, ou mesmo para um experiente,
embora nunca tenham estudado teologia ou ouvido os
termos "calvinistas" e "arminianos", eles vão se
posicionar para um dos dois lados.
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COSMOVISÃO, O QUÊ?
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alguma forma, todos os posicionamentos serão
tomados a partir dessa ótica, dessa cosmovisão. E
como foi dito, a cultura teológico-religiosa pode
também determinar a cor da lente. Podemos olhar para
a história e perceber que, entre os séculos XVII-XIX,
era muito mais normal a Europa se posicionar de forma
mais calvinista, visto isso ser comum na cultura. No
nosso contexto brasileiro é o inverso (infelizmente).
Comumente, a pessoa se converte e, de forma
automática, usa (ou continua com) a lente arminiana.
Na verdade, conforme asseverei, penso que, assim
como todos nós nascemos pecadores, da mesma
forma também nascemos arminianos. Está no DNA de
todo ser humano não dar toda a glória a Deus. No
máximo, podemos dividi-la. E como Deus não aceita
dividi-la com ninguém, Ele entrega essa glória toda
para o homem. Em outras palavras, não hesito em
dizer que o arminiano, de modo indireto, toma a glória
toda para si. A resposta dele à pergunta quem salva
quem é: eu me salvo. A "sorte" dele é que Deus é
misericordioso e decide salvar soberanamente
inclusive os que acham que se salvam. A Deus toda a
glória!
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Eu também disse anteriormente que quem diz
essa frase – não sou nem calvinista nem arminiano.
Sou bíblico – está arrogando para si mesmo um
posicionamento bem mais bíblico e espiritual. Em
princípio, o ônus da prova de dizer que tanto o
arminianismo quanto o calvinismo não são bíblicos é
dessa pessoa. Ela precisa encontrar uma terceira via
de resposta para a pergunta quem salva quem. Mas no
fundo, sabemos quem é esse tipo de gente.
Geralmente, com raras exceções, são os mesmos que,
em Corinto, se diziam mais espirituais (1ª Coríntios
1.10-12). Na 1ª carta do apóstolo Paulo à igreja de
Corinto, no capítulo 3, Paulo repreende algumas
pessoas por se posicionarem a favor de homens
(mesmo homens legítimos, como Paulo e Apolo). Isso
porque alguns estavam preferindo o estilo e a
pregação do apóstolo, enquanto outros já estavam
gostando mais do jeito charmoso de Apolo. Porém,
também tinha aquele famoso grupo que se dizia de
Cristo. Esse era o grupo que se achava mais espiritual.
Ora, nada melhor do que ser diretamente do grupo de
Cristo, não é?!
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O que estava em jogo ali não era teologia
diferente. Paulo e Apolo não estavam falando
doutrinas antagônicas. Falavam a mesma teologia com
estilos distintos. 3 O que ocorre é que aquele povo de
Corinto, de fato, era problemático e escolhia um
homem em detrimento de outro. Segundo o pastor
Hernandes Dias Lopes,4 essa igreja estava dividida em
virtude dos inúmeros partidos dentro dela. Ele diz,
fazendo obviamente uma inferência a partir dos nossos
modelos partidários atuais, que existia, naquela igreja,
o:
1) PLP - Partido Liberal de Paulo. Nesse
partido, estavam os membros fundadores da igreja. Foi
Paulo quem os levou a Cristo. Certamente, era o povo
mais antigo, que dominava tudo e controlava todas as
estruturas da igreja.
2) PFA - Partido Filosófico de Apolo. Não é que
Paulo não fosse intelectual. Era. Mas Apolo era
estiloso literariamente. De Alexandria, centro
3
Calvinistas e arminianos falam de modo distinto teologias divergentes,
enquanto que Paulo, Apolo e Pedro falavam a mesma teologia, mas com
estilos próprios.
4
Conferir comentário Bíblico da 1ª carta de Paulo aos Coríntios, de
Hernandes Dias Lopes. 17
intelectual do mundo da época, Apolo encantava com
sua retórica. Por isso, é provável que o povo do PFA
fosse a galera mais intelectual da igreja.
3) PCP - Partido Conservador de Pedro.
Possivelmente, era o povo judeu. Eram aqueles que se
apegavam à Lei do Antigo Testamento. Pedro,
portanto, era o seu preferido em vista de ele ter sido
reconhecido como o apóstolo da circuncisão.
4) PCJ - Partido Cristão de Jesus. Talvez, o
mais problemático. Você conhece aquelas pessoas
que acham que já aprenderam tudo que tinham para
aprender? Conhece aqueles que se acham os mais
espirituais? Conhece também aqueles que dizem que
quem não é calvinista não é salvo? Pois é, esse era o
povo do Partido Cristão de Jesus.
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misturar as duas doutrinas. Geralmente, o objetivo é
agradar ambos os lados e ter uma melhor aceitação
como “teólogo bonitinho”. Não receio em dizer que
estão também mais propensos ao arminianismo.
Nesse momento, não me leve a mal, mas está
claro nesse texto que Armínio comprou o muro e
ninguém toma dele.5 Misturar tudo ou ficar em cima do
mesmo já é se posicionar. Vamos colocar isso da
forma como se segue:
Neutro = arminiano;
Nem calvinista nem arminiano = arminiano;
Calviniano = arminiano;
Arminianista = arminiano;
Calvinista de 1 ponto = arminiano;
Calvinista de 2 pontos = arminiano;
Calvinista de 3 pontos = arminiano;
Calvinista de 4 pontos arminiano;
O que ainda não se decidiu = arminiano;
O que está estudando e quase se decidindo
pelo calvinismo = arminiano;
5
Infelizmente, tenho que explicar que não estou falando de uma
possível reencarnação de Armínio. Essa é apenas uma figura retórica.
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“Biblista” (conforme citado nesse texto) =
arminiano;
Acabou de se converter no Brasil =
possivelmente arminiano.
Enfim, a lista pode ser grande, mas toda não
posição pelo lado calvinista possivelmente se encontra
do lado arminiano. Qualquer pensamento soteriológico
que não seja embasado nas doutrinas fundamentais
da graça utiliza as lentes arminianas.
Agora, fique calmo. Não perca a paciência por
minha causa. Vejamos algumas resoluções finais.
6
Há um certo reverendo, no Brasil, que brinca dizendo que os
arminianos chegarão ao Céu suados, cansados de suas obras. É evidente
que é apenas uma piada, uma vez que, mesmo arminianos, todos somos
salvos pela graça, por conta dos méritos de Cristo. 20
que defendiam ferrenhamente o calvinismo, mas
evidenciavam frutos da carne.
2) Conforme já dito por mim, também não
penso que todo calvinista vai para o céu. Existem hoje
muitos calvinistas que ainda não entenderam a práxis
do que creem. Muitos andam despreocupados com a
santificação e com o amor ao próximo. É muito comum
encontrar neles aquilo que conhecemos como
ortodoxia morta, quando o estudo toma a primazia e o
Espírito é apagado. O calvinista verdadeiro é aquele
que dá toda a Glória a Deus na doutrina da salvação,
mas mostra isso na prática.
“Pois somos feitura dele, criados em Cristo
Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão
preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2:10)
3) Convivo bem com arminianos. Um dia, fui um
e sei bem como é isso. Penso que há problemas
quando o relacionamento entre ambos é afetado.
Neste caso, Cristo deixou de ser o centro.
4) Também penso que alguns combates não
valem a pena. Existe um bom combate que vale ser
combatido (2ª Timóteo 4.7), e certamente não é o das
redes sociais quando este lugar vira palco de brigas de
21
egos. Muitos combatentes têm se transformado em
sofistas, isto é, argumentam pela argumentação, e não
se preocupam mais com a Verdade, mas apenas com
ganhar mais um debate e mostrar que é inteligente.
5) Finalmente, este livreto não foi escrito
para “refutar” os arminianos, mas essencialmente para
derrubar a ilusão da neutralidade. Meu objetivo
também é fazer com que arminianos e calvinistas não
se esqueçam do velho e conhecido clichê, mas que
vale a pena ser repetido: “o Amor que nos une é maior
do que as diferenças que nos separam”. Menos brigas
e mais Evangelho prático. O amor genuíno é
demonstrado na comunhão dos irmãos.
Então, senhor arminiano, o muro já tem dono.
Cuidado para não cair de graça daí (ou seria da
graça?) Brincadeiras à parte, certa vez Jesus
perguntou: “quem vocês dizem que eu sou”? (Marcos
8. 27-38) As perguntas que você hoje tem que
responder paralelas a essa são: quem salva quem?
Quem é O Salvador? E de que cor é sua lente?
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