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COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Referências Bibliográficas:
Ricardo Alexandre1
Roberval Rocha
Dizer o Direito2

1. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

1.1 COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO TRIBUTÁRIO E COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA –


DIFERENÇAS
Trata-se de uma competência genérica para traçar regras sobre o exercício do poder de tributar.
Competência tributária é o poder constitucionalmente atribuído de editar leis que instituam tributos.
Foi exercendo a competência para legislar sobre direito tributário que a União editou o CTN. Mas foi
exercendo a competência tributária que a mesma União instituiu, por meio de lei, o ITR, o PIS, o
COFINS, entre outros.

1.1.1 COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO TRIBUTÁRIO

No que concerne a matéria tributária, compete a União editar normas gerais de observância
obrigatória para todos os entes tributantes, restando aos Estados e ao DF a competência suplementar
(COMPETÊNCIA CONCORRENTE, art. 24, inc. I, da CF).
IMPORTANTE! Se a União não editar normas gerais, os Estados e o DF exercerão a competência
legislativa plena para atender as suas peculiaridades. Ex.: IPVA.

Diante da ausência de norma geral da União sobre IPVA, cada Estado exerceu a competência legislativa
plena com base no art. 24 § 3º da CF. Isso foi validado pelo STF:
“2. Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA. 3. Competência legislativa plena da
unidade da federação, à falta de normas gerais editadas pela União. Art. 24, § 3º, da Constituição
Federal. Precedentes” (STF, 2.ª T., RE-AgR 191.703/SP, Rel. Min. Néri da Silveira, j. 19.03.2001, DJ
12.04.2002, p. 63).

1
Resumo do capítulo da obra de Ricardo Alexandre.
2
CAVALCANTE. Márcio André Lopes. Dizer o Direito. Extraído do sítio: http://www.dizerodireito.com.br/

1
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Como os Estados exerceram a competência legislativa plena em virtude da ausência de norma geral
editada pela União, se a União vier a editar leis de normas gerais sobre IPVA, todas as normas estaduais
estarão SUSPENSAS no que forem contrárias a lei federal.
IMPORTANTE! Trata-se de uma mera suspensão e não de revogação. A diferença é importante, pois se
posteriormente a lei federal for revogada, as leis estaduais imediatamente recuperam suas respectivas
eficácias, não havendo que se falar em repristinação.

Como caiu em prova:


TC DF 2013 (CESPE): Quando a União deixa de editar normas gerais sobre matéria tributária, cabe aos
estados a prerrogativa de exercer a competência legislativa plena.
Certo.

E em relação aos municípios?


Possuem a competência para legislar sobre assuntos de interesse local (art. 30, inc. I da CF).

1.1.1.1. O CTN como norma geral em matéria tributária – TEORIA DA RECEPÇÃO

É correto afirmar que as normas gerais em matéria tributária, constantes do CTN, têm, hoje, status de
lei complementar, só podendo ser alterada por lei complementar. Mas é errado afirmar que o CTN é
lei complementar.

1.1.1.2 - A REGULAÇÃO das limitações constitucionais ao poder de tributar

O art. 146 II da CF também atribui a LEI COMPLEMENTAR a regulação das limitações constitucionais ao
poder de tributar.
Art. 146. Cabe à lei complementar:
(...)
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

Veja, não cabe a LC inovar, mas tão somente regulamentar. Portanto, tratando-se de imunidade, sua
regulamentação deve ser feita por LC.
Como caiu em prova:

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PGE AM 2016 (CESPE): As limitações ao poder de tributar são normas de restrição da competência
tributária taxativamente previstas na CF.
Errado.

1.1.1.3 - As disposições sobre CONFLITO DE COMPETÊNCIA

O art. 146 I da CF também dispõe que cabe a LC dispor sobre conflitos de competência, em matéria
tributária, entre a União, os Estados, o DF e os Municípios. Vale ressaltar que a CF, ao repartir a
competência tributária, impediu, no plano lógico, a existência de conflitos reais de competência. Estes,
quando aparecem, são apenas aparentes, cabendo a LC apenas estipular os critérios para a resolução
do problema.

1.1.2 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

A CF cria tributos?
NÃO. Apenas outorga a competência para que os entes políticos o façam por meio de leis próprias.

Conceito de competência tributária:


É poder atribuído pela Constituição de editar leis que instituam tributos. Segundo, Roberval Rocha,
“somente as pessoas jurídicas com capacidade de legislar podem ser titulares de competência
tributária”. Do CTN:
Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena,
ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis
Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei.
Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas
de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.

O exercício dessa competência é obrigatório?


NÃO. O exercício do poder atribuído é uma faculdade, não uma imposição constitucional. Cada ente
decide, de acordo com seus critérios de oportunidade e conveniência política, e, principalmente,
econômica, sobre o exercício da competência tributária.

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IMPORTANTE! A LRF afirma que constituem requisitos essenciais na gestão fiscal a instituição, previsão
e efetiva arrecadação de todos os tributos de competência constitucional do ente da federação. A lei
proíbe a realização de transferências voluntárias para os entes federados que deixem de instituir os
IMPOSTOS de sua competência.
Trata-se de uma verdadeira sanção institucional, que parece caminhar em sentido contrário a lição de
que o exercício da competência tributária é facultativo. O dispositivo deve ser interpretado com
cuidado. O espírito da LRF não é o de exigir a criação de tributo a qualquer custo, mas tão somente o de
estimular a criação dos tributos economicamente viáveis.
Em resumo, é requisito essencial da responsabilidade fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação
de todos os tributos economicamente viáveis da competência constitucional do ente da federação.

competência tributária e a indelegabilidade:


Art. 7º A competência tributária é INDELEGÁVEL, salvo atribuição das funções de ARRECADAR ou
FISCALIZAR tributos (capacidade tributaria ativa), ou de EXECUTAR leis, serviços, atos ou decisões
administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos
termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica
de direito público que a conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito
público que a tenha conferido.
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo
ou da função de arrecadar tributos.

Não pode o ente federado editar norma que atribua a outro ente a competência para criar tributo que
lhe foi outorgado pela CF. Essa é a regra.
Como caiu em prova:
SABESP 2018 (FCC): A competência tributária, em regra, é indelegável
Certo.
SABESP 2018 (FCC): Constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado,
do encargo ou da função de arrecadar tributos.
Errado. §3º art. 7º CTN.

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TJPE 2017 (IBFC): A competência tributária detém característica de indelegabilidade, ou seja, não
pode um ente político delegar sua atribuição a outro, mesmo que em virtude de lei, sendo que a
repartição de receitas não gera a perda da competência tributária.
Certo.

A EXCEÇÃO prevista no art. 7º não se refere a todos os aspectos da competência tributária, mas tão
somente a capacidade tributária ativa, denominação dada pela doutrina a parcela meramente
administrativa da competência tributária.
Como caiu em prova:
TCE PR 2016 (CESPE): Ao contrário da capacidade tributária ativa, a competência tributária é
delegável apenas às pessoas jurídicas de direito público.
Errado. capacidade tributária ativa é delegável, a competência tributária não.

Qual é a diferença entre competência tributária e capacidade ativa?


Em sentido estrito, a competência tributária é política e se refere a possibilidade de editar lei
instituindo o tributo, definindo seus elementos essenciais. A capacidade ativa, por sua vez, decorre da
competência tributária, mas possui natureza administrativa, referindo-se as funções de ARRECADAR ou
FISCALIZAR tributos, ou de EXECUTAR leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria
tributária.
Em sentido amplo, a competência tributária seria a soma de quatro atribuições, quais sejam:
INSTITUIR, ARRECADAR, FISCALIZAR e EXECUTAR leis, serviços, atos ou decisões administrativas
relativas ao tributo. No mesmo sentido, a indelegabilidade seria referente apenas à primeira atribuição,
a de instituir o tributo; as demais funções seriam delegáveis.
Em SENTIDO ESTRITO, a competência tributária (política) é indelegável, já a capacidade ativa
(administrativa) é delegável de uma pessoa jurídica de direito público a outra.
IMPORTANTE!!! As questões de concursos que afirmem ser a competência tributária delegável devem
ser consideradas INcorretas. Portanto, A COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA É INDELEGÁVEL.
Lembrar! Delegável é a capacidade tributária ativa.

A delegação da capacidade tributária ativa pode ser revogada?


SIM. Dispõe o Art. 7º § 2º do CTN, que a delegação pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato
unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.

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1.1.3 A REPARTIÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

A COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA é o poder de instituir os tributos, por lei própria e com a necessária
observância as limitações constitucionais ao poder de tributar e as normas gerais editadas pela União.
Nós temos, na Constituição, três tipos de competência tributária: temos a competência privativa ou
exclusiva, temos a competência comum e a competência cumulativa.

1.1.3.1 - Competência PRIVATIVA ou EXCLUSIVA

O primeiro objeto da competência privativa são os impostos. Em relação a eles, temos competência
privativa. Todos os entes podem criar impostos, mas podem criar os impostos discriminados nos arts.
153, 155 e 156, da Constituição. Então, há uma distribuição desses impostos entre os entes da
federação:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III - renda e proventos de qualquer natureza;

IV - produtos industrializados;

V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;

VI - propriedade territorial rural;

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

Como caiu em prova:


TCE PR 2016 (CESPE): A Constituição Federal de 1988 (CF) atribui competência aos entes federados para
instituir e criar tributos. À luz da legislação constitucional e infraconstitucional, assinale a opção correta,
a respeito do instituto da competência tributária.
a) Ao contrário da capacidade tributária ativa, a competência tributária é delegável apenas às pessoas
jurídicas de direito público.
b) A instituição do imposto sobre grandes fortunas é de competência da União, mediante lei
complementar.

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c) Conforme a CF, compete aos municípios instituir imposto sobre a propriedade de veículos
automotores.
d) Cabe aos estados a instituição do imposto sobre serviços de qualquer natureza.
e) A União pode instituir imposto extraordinário na iminência ou no caso de guerra externa, desde que
o faça mediante lei complementar.

ANATEL 2014 (CESPE): De acordo com a CF, compete privativamente à União instituir, entre outros, os
seguintes tributos: imposto de importação, imposto de exportação, imposto de renda, empréstimos
compulsórios e impostos extraordinários, neste último caso em situação de iminência ou de guerra
externa, compreendidos ou não em sua competência tributária.
Certo.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte


interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior;

III - propriedade de veículos automotores.

Como caiu em prova:


TCE PB 2018 (CESPE): A instituição da alíquota do imposto devido em decorrência da realização de uma
doação de bem imóvel mediante negócio realizado entre pessoas residentes no Brasil compete
a) ao estado e ao município ou ao DF.
b) à União e ao estado ou ao DF.
c) à União.
d) ao município de localização do imóvel.
e) ao estado ou ao DF, a depender da localização do imóvel.

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I - propriedade predial e territorial urbana;

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II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou
acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a
sua aquisição;

III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.

Como caiu em prova:


PGM MANAUS 2018 (CESPE): Compete aos municípios instituir o ITCMD.
Errado. Compete aos Estados.
PGM BH 2017 (CESPE): No que se refere às normas constitucionais aplicáveis aos tributos de
competência municipal, assinale a opção correta.
a) É possível a instituição de ISSQN sobre a prestação de serviços de transporte intermunicipal, desde
que observada a alíquota máxima relativa a operações intermunicipais prevista em lei complementar.
b) No caso de subutilização do solo urbano, poderá o poder público municipal, mediante lei
específica para a área incluída no plano diretor, exigir a incidência de IPTU progressivo no tempo.
c) Lei editada após a Emenda Constitucional n.º 29/2000 deverá ser declarada inconstitucional caso
institua cobrança de IPTU com alíquotas diferentes em razão da localização do imóvel.
d) A cobrança do imposto municipal devido por transmissão de bens imóveis por ato inter vivos, a
título oneroso, compete ao município do domicílio tributário do alienante.

TJ AM 2016 (CESPE): Execução fiscal de IPTU ajuizada por determinado município do estado do
Amazonas foi extinta, sem julgamento de mérito, por juiz de primeiro grau, com base na lei de regência.
Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) De acordo com a CF, é concorrente a competência entre município e estado-membro para a
instituição do IPTU. Assim, na hipótese em apreço, o magistrado poderia fundamentar sua decisão na
lei estadual ou na municipal.
b) O estado tem competência para legislar sobre a matéria; portanto, pode o juiz ter-se baseado em
legislação estadual para interromper a execução fiscal.
c) A previsão constitucional da autonomia dos entes federados não abrange a hipótese, uma vez que se
trata de município do próprio estado-membro.
d) Conforme a CF, é do município a competência para instituir o IPTU; só o ente que tem competência
para instituir o tributo tem competência para legislar sobre a matéria.

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e) A instituição de lei estadual referente ao IPTU é constitucional e aplica-se aos tributos e às execuções
fiscais em curso no âmbito do estado e de seus municípios.

Em relação a esses impostos discriminados na Constituição, não poderá haver invasão da competência
tributária. Por isso é privativa. Então, se a União vai tributar a renda, só ela vai fazer isso. O Estado não
pode tributar renda também. E se o Município tributa serviço, a União não pode fazer isso e nem o
Estado. Por isso a competência é privativa: não existe possibilidade de concorrência, não existe
possibilidade de invasão. Isso é inconstitucional.
E em relação aos Estados, Distrito Federal e Municípios, a lista dos impostos prevista nos artigos 155 e
156 é exaustiva. Esses entes somente podem criar aqueles impostos. Não podem criar outros. O Estado
não pode criar um imposto que não está previsto na Constituição.
Já em relação à União, a lista do art. 153 NÃO é exaustiva. Tanto não é exaustiva que a União pode
criar impostos residuais, que são aqueles impostos cujo fato gerador e base de cálculo não estão
previstos na Constituição (têm que ser criados por lei complementar). E a União pode criar Impostos
Extraordinários de Guerra. Então, as possibilidades da União são maiores.
Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-
cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição (impostos residuais – LC);

II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua


competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação
(IEG – LO).

Há outra espécie tributária sobre a qual não pode haver a concorrência. São as contribuições. Em
relação às contribuições, temos que a União poderá criar contribuições especiais que são aquelas
previstas no art. 149 da Constituição e só a União pode criá-las. Estado não pode Município não pode.
Daí ser privativa.
EXCEÇÃO: Só que com relação às contribuições nós também temos competência dos Estados, DF e
Municípios que poderão criar contribuições previdenciárias que serão cobradas de seus servidores.
Elas serão cobradas para o custeio da previdência própria desses entes. Isso está previsto no art. 149,
§ 1º, da Constituição.

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CF Art. 149
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores,
para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não
será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.

E, por último, temos a possibilidade de os Municípios e o DF criarem privativamente a Contribuição


para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública, que é a COSIP. Somente os Municípios e DF,
privativamente, podem criar essa contribuição. Isso está previsto no art. 149-A, da Constituição, que foi
instituído pela EC 39/02.
Súmula Vinculante 41
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

E ainda no âmbito dessa competência privativa, temos mais uma espécie tributária, que é a espécie dos
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS. Os empréstimos compulsórios somente poderão ser criados pela
UNIÃO e somente nas hipóteses do art. 148, da CF. Serão criados por lei complementar.
Art. 148. A UNIÃO, mediante LEI COMPLEMENTAR, poderá instituir EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou


sua iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o


disposto no art. 150, III, "b".

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será VINCULADA À
DESPESA QUE FUNDAMENTOU SUA INSTITUIÇÃO.

1.1.3.2 - Competência tributária COMUM

Ao lado da competência privativa, temos a competência COMUM. Significa dizer: temos o poder de
tributar em relação aos mesmos fatos geradores. A competência é comum, é compartilhada pelos
entes.
IMPORTANTE!!! A competência é comum, mas não é concorrente.

Competência comum entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios em relação às:

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• Taxas
• Contribuições de Melhoria

Fundamento: art. 145, II e III da CF. Todo mundo pode tratar de taxa e contribuição de melhoria.

Qual o fato gerador?


Na taxa, utilização de serviço público (específico e divisível) e exercício de poder de polícia. Na
contribuição de melhoria, valorização de imóvel.

Mas é o mesmo fato gerador para todo mundo?


Sim, por isso, a competência é comum. E isso não implica em invasão da competência porque uma taxa
da União terá por objeto serviço público da União. Uma taxa do Estado é serviço público do Estado e
assim sucessivamente. Mas a competência é comum porque os fatos geradores são os mesmos, são
compartilhados.
Resumindo: O ente que prestar o serviço público específico e divisível ou exercer o poder de polícia,
cobra a respectiva taxa; aquele responsável pela realização de obra pública da qual decorra a
valorização do imóvel pertencente ao particular tem competência para instituir a contribuição de
melhoria decorrente.

Não se pode afirmar, contudo, que todos os entes podem cobrar quaisquer taxas e contribuições de
melhoria, pois a CF também reparte as competências administrativas, de forma que é correto afirmar
que o ente a quem foi deferida a competência para prestar determinado serviço é competente para
criar a respectiva taxa.

DIZER O DIREITO3:
O Município de São Paulo, por meio de lei municipal, instituiu Taxa de Combate a Sinistros, criada com o
objetivo de ressarcir o erário municipal do custo da manutenção do serviço de combate a incêndios.
O art. 1º previa o seguinte:

3 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Inconstitucionalidade de taxa de combate a sinistros instituída por leimunicipal.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a6da680bcb675843419f2ba88a7ab7b8>. Acesso
em: 24/09/2018

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Art. 1º A Taxa de Combate a Sinistros é devida pela utilização efetiva ou potencial dos serviços
municipais de assistência, combate e extinção de incêndios ou de outros sinistros em prédios.

A previsão dessa taxa é válida?


NÃO.
A prevenção e o combate a incêndios são atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros, sendo
consideradas atividades de segurança pública, nos termos do art. 144, V e § 5º da CF/88. A segurança
pública é atividade essencial do Estado e, por isso, é sustentada por meio de impostos (e não por
taxa). Nesse sentido:
(...) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal se consolidou no sentido de que a atividade de
segurança pública é serviço público geral e indivisível, logo deve ser remunerada mediante imposto,
isto é, viola o artigo 145, II, do Texto Constitucional, a exigência de taxa para sua fruição. (...)
STF. Plenário. ADI 1942, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18/12/2015.

A segurança pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios, faz-se, no campo da atividade


precípua, pela unidade da Federação, e, porque serviço essencial, tem como a viabilizá-la a arrecadação
de impostos, não cabendo ao Município a criação de taxa para tal fim.
STF. Plenário. RE 643247/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info
871).

Com base no que foi afirmado acima, alguns autores atribuem aos Estados a competência residual para
a instituição de taxas e contribuição de melhoria, uma vez que os Estados membros detém a
competência administrativa residual. Portanto, a competência residual para a instituição de impostos
é da União; e a competência residual para a instituição de taxas e contribuição de melhorias é do
Estado (e do DF por conta da competência cumulativa).

1.1.3.3 - Competência tributária CUMULATIVA

Está prevista em dois dispositivos constitucionais: art. 147, da CF e o art. 18 do CTN. O art. 147, da
Constituição, vai falar sobre a competência tributária do Distrito Federal e vai dizer que o Distrito
Federal tem a mesma competência dos Estados e a mesma competência tributária dos Municípios.
Por isso, a competência é cumulativa porque acumula a competência dos estados, seja em relação à
competência privativa ou comum e a dos municípios, seja privativa, seja comum.

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Art. 147 - Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for
dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os
impostos municipais.

O art. 18 da CTN vai falar da competência da União para criar impostos estaduais e municipais nos
territórios, desde que o território não seja dividido em municípios, porque se for dividido em
municípios, a competência será só dos impostos estaduais. Por isso é cumulativa: a União acumula,
além da sua própria competência, a estadual e a municipal. Se o território for instituído, assim será
regulada a competência tributária.
Art. 18 - Compete:
I - à União instituir, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos aos Estados e, se aqueles não forem
divididos em Municípios, cumulativamente, os atribuídos a estes;
II - ao Distrito Federal e aos Estados não divididos em Municípios instituir, cumulativamente, os
impostos atribuídos aos Estados e aos Municípios.

1.1.3.4 - BITRIBUTAÇÃO e BIS IN IDEM

Nos casos em que a mesma situação é definida na lei como fato gerador de mais de uma incidência
tributária, aparecem no mundo os fenômenos do bis in idem ou da bitributação.

Bis in idem:
Ocorre o bis in idem quando
- o MESMO ENTE TRIBUTANTE
- edita diversas leis instituindo
- múltiplas exigências tributárias
- decorrentes do mesmo fato gerador.

Não há no texto da CF uma genérica vedação expressa ao bis in idem.


Assim, a União está autorizada a criar contribuição social para financiamento da seguridade social
incidente sobre a receita ou faturamento (CF, art. 195, I, b). No exercício de tal competência, a União
Federal instituiu não somente uma, mas duas contribuições (COFINS e PIS), num cristalino exemplo de
bis in idem.

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Registre-se que, para parte da doutrina, não obstante a diferença das espécies tributárias, também
pode ser considerada bis in idem a tributação do lucro de uma empresa pelo Imposto sobre a Renda das
Pessoas Jurídicas – IRPJ – e pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL
Apesar da inexistência da vedação genérica do bis in idem, há de se recordar que o dispositivo
constitucional que atribui a União Federal a chamada competência residual exige que os novos
impostos criados possuam fatos geradores e base de cálculos diferentes dos discriminados na CF. A
regra restringe a possibilidade do bis in idem, porque impede a União de usar a competência para
clonar um imposto que já se encontra na sua competência.

Bitributação:
Ocorre a bitributação quando
- ENTES TRIBUTANTES DIVERSOS
- exigem do mesmo sujeito passivo
- tributos decorrentes do mesmo fato gerador.

Em face de a CF estipular uma rígida repartição de competência tributária, a bitributação está, como
regra, proibida no Brasil e os casos concretos verificados normalmente configuram conflitos aparentes
de competência, devendo, portanto, ser resolvidos a luz dos respectivos diapositivos constitucionais.
O conflito é sempre aparente e a bitributação é ilegítima, uma vez que somente um ente é
competente para a cobrança do tributo, dependendo a solução apenas da interpretação que o
Judiciário considerar mais adequada as normas que regem o caso concreto. Ex. Dúvida entre IPTU e ITR.

Existem, contudo, duas situações em que a bitributação é legitima (EXCEÇÕES):


A primeira decorre da possibilidade de que a União institua, na iminência ou no caso de guerra
externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária. Perceba-se
então que a União poderia tanto instituir um novo IR (bis in idem – mesmo ente – União – cobrando
mais de uma exação – IR ordinário e IR extraordinário de guerra – com base no mesmo fato gerador)
quanto um novo ICMS (Bitributação – dois entes – União e Estado – cobrando dois tributos – ICMS
ordinário e ICMS extraordinário de guerra – sobre o mesmo fato gerador).
A segunda situação em que pode haver legítima bitributação ocorre nos casos envolvendo Estados-
nações diversos, principalmente no que concerne à tributação da renda. A título de exemplo, quando
um residente no Brasil recebe rendimentos de trabalho realizado no Uruguai, os dois Estados podem
cobrar imposto sobre a renda, sendo a bitributação legítima. A única maneira de evitar a dupla

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incidência é a celebração de tratado internacional, o que não ocorre nos casos envolvendo Brasil e
Uruguai.
DIZER O DIREITO:
Incide o IPI em importação de veículos automotores por pessoa natural, ainda que não desempenhe
atividade empresarial, e o faça para uso próprio.
STF. Plenário. RE 723651/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 03/02/2016.

Não existe imunidade para a importação de veículos


A CF/88 estabelece a imunidade do IPI para produtos exportados. Isso não ocorre, contudo, para
produtos importados. Assim, não existe imunidade no caso de importação de veículos. E não importa se
quem importou é pessoa física ou jurídica, assim como também não interessa o fato de o importador
não exercer o comércio e adquirir o bem para uso próprio.

Não há bitributação e o princípio da não cumulatividade não autoriza a dispensa do imposto


A cobrança do IPI não afronta o princípio da não cumulatividade nem implica bitributação.
Não há que se falar em bitributação porque o IPI só incidirá uma vez: no momento do desembaraço
aduaneiro. Caso posteriormente ele decida vender o carro, não terá que pagar novamente o IPI.
Não há que se falar em não exigência do imposto por conta do princípio da não cumulatividade. Isso
porque o fato de não haver uma operação posterior na qual o importador pudesse fazer o abatimento
do valor pago na importação não conduz à conclusão de que o tributo, nesta hipótese, será indevido,
pois tal conclusão equivaleria a conceder uma isenção de tributo, ao arrepio da lei.
Nas importações para uso próprio, o importador age como substituto tributário do exportador, que não
pode ser alcançado pelas leis brasileiras, descaracterizando o IPI como tributo indireto, em tais
hipóteses.

Princípio da isonomia
A cobrança do IPI para importação de veículos está de acordo com o princípio da isonomia, uma vez que
promove igualdade de condições tributárias entre o fabricante nacional, já sujeito ao imposto em
território nacional, e o fornecedor estrangeiro. Isso porque o fornecedor estrangeiro, como está
exportando o produto, não paga imposto no país de origem e este chegaria ao Brasil em condições
muito mais favoráveis que os produtos produzidos na indústria nacional.

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QUESTÃO DE PROVA:
Discorra acera da Relação entre o PIS e a COFINS, e a CSLL e o IRPJ, e a proibição do bis in idem e da
bitributação.
Vigoram, no direito brasileiro, duas contribuições sociais que incidem sobre a receita ou o faturamento
(COFINS E PIS) e uma que incide sobre o lucro (CSLL), o que levou a doutrina a uma discussão acerca da
ocorrência de bis in idem. Diferentemente da bitributação, que ocorre quando dois entes tributam o
mesmo contribuinte em decorrência do mesmo fato jurídico, o bis in idem ocorre quando a mesma
pessoa jurídica tributa, mais de uma vez, o mesmo fato jurídico.
No que tange à CSLL e ao IRPJ, apesar da existência de posicionamentos doutrinários em sentido
oposto, não há a configuração de bis in idem, pois este se aplica apenas quando a dupla incidência
decorre de tributos da mesma espécie, sendo entendimento do Supremo Tribunal Federal – STF que é
legítimo o uso, em uma contribuição, da mesma base de cálculo de um imposto. Ademais, outro
fundamento, aplicado também em relação à COFINS e ao PIS, é o de que os 4 tributos são originados
de previsão originária da CRFB/88 (constituinte originário), configurando, assim, verdadeira exceção
de bis in idem permitido, já que inexistem normas originárias inconstitucionais.

Como caiu em prova:


BANPARÁ 2013: A invasão de competência pode ocorrer quando há bitributação, ou seja, “bis in idem”.
Um exemplo claro de vedação de “bis in idem” é a norma do Art. 145 §2º da Constituição Federal de 1988,
a qual determina que “as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos”.
Errado.

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