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Que são esquemas?

Descobrimos que as pessoas diferem naquilo que as deixa deprimidas, ansiosas ou com
raiva. Referimonos a essas diferenças como esquemas. Esquemas são as maneiras
habituais por meio das quais você vê as coisas. Por exemplo, a depressão caracteriza-se
por esquemas relacionados a perda, privação e fracasso; a ansiedade é caracterizada por
esquemas relacionados a ameaça ou medo de fracasso-, e a raiva caracterizase por
esquemas relacionados a insulto, humilhação ou violação de regras. Pesquisas sobre
personalidade indicam que as pessoas diferem nos temas subjacentes à depressão,
ansiedade ou raiva. Cada um de nós vê as próprias experiências em termos de certos
padrões habituais de pensamento. Uma pessoa pode focar muito as questões envolvendo
realização, outra as questões em torno da rejeição, e outra ainda as questões ligadas ao
medo de ser abandonada.

Digamos que seu esquema - sua questão ou vulnerabilidade em particular - esteja


relacionado com realização. As coisas podem estar indo bem para você no trabalho, mas
então você tem um contratempo que ativa seu esquema sobre realização - a necessidade
de ser muito bem-sucedido de modo que não se veja como fracasso. O contratempo no
trabalho pode levar ao esquema de fracasso (ou estar “na média”, o que equivale a
fracasso), e então você fica ansioso ou deprimido. Ou digamos que seu esquema esteja
relacionado a questões de abandono.

Você pode estar muito vulnerável a quaisquer sinais de rejeição ou abandono. Enquanto
o relacionamento for bem, você não fica preocupado. Mas, devido a esse esquema, você
pode preocupar-se com o abandono ou a rejeição. Se o relacionamento acaba, isto o leva
a sentir-se deprimido porque não suporta ficar sozinho.

Como Compensamos Nossos Esquemas?

Se você tem um esquema sobre uma questão específica, pode tentar compensar essa
vulnerabilidade. Por exemplo, se você tem um esquema de fracasso ou indicando que
estar na média seja ruim, você pode trabalhar excessivamente - neste caso, você está
tentando compensar a percepção de que pode acabar sendo inferior ou não ter um
desempenho à altura de seus padrões de perfeição. Você pode compensar checando seu
trabalho repetidas vezes. Como consequência, as pessoas podem vê-lo como muito
absorvido no trabalho.
Você pode encontrar dificuldades em relaxar, pois se preocupa por não estar
trabalhando o suficiente, que algo deixou de ser feito, ou que está perdendo sua
motivação. Se seu esquema é de abandono, você pode compensá-lo dedicando todo o
tempo a seu parceiro ou parceira.

Você pode temer ser assertivo, pois teme ser abandonado. Ou você pode constantemente
buscar reasseguramento junto a seu parceiro de forma a sentir-se seguro, mas isto não
dura muito tempo. Você continua vendo sinais indicando que seu parceiro irá embora.
Outra forma de compensar o esquema de abandono é constituir relações com pessoas
que não satisfazem suas necessidades, mas com quem deseja estar ligado porque não
quer ficar sozinho. Ou permanece em relacionamentos muito além do ponto que parece
razoável, pois pensa que não vai suportar ficar sozinho. Como você pode ver, tentar
compensar os esquemas subjacentes pode criar problemas adicionais.

A “compensação” pode levá-lo a sacrificar suas necessidades, trabalhar


compulsivamente, buscar relacionamentos desvantajosos, preocupação, exigência de
segurança e outros comportamentos problemáticos. E o fato mais importante sobre essas
compensações é que você nunca realmente aborda seu esquema subjacente. Por
exemplo, você pode nem mesmo questionar sua crença de que tem de ser especial,
superior, evitar ficar na média, evitar ficar sozinho, etc. Portanto, você nunca realmente
modifica o esquema. Ele continua lá - pronto para ser ativado por certos
acontecimentos. É sua vulnerabilidade contínua.

Como Evitamos Enfrentar os Esquemas ?

Outro processo que cria problemas é a “esquiva do esquema". Isto significa que você
tenta evitar enfrentar quaisquer questões que toquem seu esquema.

Digamos que você tenha um esquema de fracasso; sua idéia é de que, no fundo, você
deve ser realmente incompetente. Uma maneira pela qual você pode evitar testar esse
esquema é nunca encarar tarefas desafiadoras ou abandonar as tarefas rapidamente. Ou,
digamos que você tenha um esquema que lhe indique ser indigno de amor ou não ser
atraente.

Como você evita enfrentar o esquema? Você pode evitar contatos com as pessoas que
pensam que não irão aceitá-lo. Você pode evitar namorar, pode evitar telefonar aos
amigos, pois assume de antemão que as pessoas acham que você não tem nada a
oferecer. Ou, digamos que você tenha medo de ser abandonado.
Você poderia evitar esse esquema não permitindo aproximar-se de ninguém, ou poderia
romper com a outra pessoa precocemente para não ser rejeitado mais tarde. Outra forma
pela qual as pessoas evitam os esquemas - quaisquer que sejam eles - é por intermédio
de fuga emocional com uso de substâncias ou comportamentos extremos, como beber
muito, usar drogas para aliviar seus sentimentos, comer compulsivamente ou mesmo
atuar sexualmente.

Você pode sentir que lidar com os pensamentos e sentimentos é tão doloroso que
precisa evitá-los ou fugir deles com esses comportamentos que viciam. Tais
comportamentos "escondem” de você seus medos subjacentes, pelo menos enquanto se
alimenta compulsivamente, bebe muito ou usa drogas. É claro, os sentimentos ruins
voltam novamente, pois você não está realmente examinando e contestando os
esquemas subjacentes. E, ironicamente, esses comportamentos que viciam se inserem
nos esquemas negativos, fazendo-o sentir-se ainda pior em relação a si mesmo.

De Onde Vêm os Esquemas?

Aprendemos esses esquemas negativos com nossos pais, irmãos, colegas e parceiros. Os
pais podem contribuir com os esquemas negativos ao fazê-lo sentir que não é bom o
suficiente a menos que seja superior a todos, dizendo a você que é muito gordo ou que
não é atraente, comparando-o com outras crianças que estão “se saindo melhor”,
dizendo que você é egoísta porque tem necessidades, ou se intrometendo em sua vida e
dando ordens, ou ameaçando se matarem ou abandoná-lo. Existem muitas maneiras
diferentes pelas quais os pais ensinam às crianças esses esquemas negativos sobre si
próprias e sobre os outros. Por exemplo, pense nas seguintes experiências reais que
algumas pessoas recordaram sobre como seus pais lhes “ensinaram” os esquemas
negativos:

1. “Você poderia sair-se melhor - por que tirou aquele B?”: esquema envolvendo a
necessidade de ser perfeito ou evitar inferioridade.

2. “Suas coxas são muito gordas e seu nariz é feio”.: esquema de obesidade e feiúra.

3. “Seu primo foi para Harvard - por que você não pode ser mais parecido com ele?”:
esquema de inferioridade e incompetência.

4. “Por que vocês estão sempre reclamando? Vocês não percebem que tenho problemas
ao cuidar de vocês, crianças?’’: esquema de exclusivismo das necessidades.
5. “Talvez eu devesse simplesmente ir embora e deixar vocês crianças cuidarem de si
mesmas”.: esquema de sobrecarga e abandono. Conforme indicamos, outras pessoas que
não nossos pais podem ser fontes de esquemas. Talvez seu irmão ou irmã o tenham
maltratado, levando-o a formar esquemas de abuso, não-merecimento de amor, rejeição
ou controle. Ou talvez seu parceiro ou parceira tenha lhe dito que você não é bom ou
boa o suficiente, levando a esquemas de não ser atraente, não ter valor e não ser digno
de amor. Nós até internalizamos esquemas a partir da cultura popular, como imagens de
ser esbelta e bonita, ter corpo perfeito, de “como homens de verdade deveriam ser’’,
sexo perfeito, rios de dinheiro e enorme sucesso. Essas imagens irreais reforçam
esquemas de perfeição, superioridade, inadequação e imperfeição.

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