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Escrito por:
Don A. Blackerby
Publicado em:
sab, 17/04/2004
Mãe: "Como você vai punir o Barry por ter desobedecido ao horário de
voltar?"
Pai: "Eu não sei. O que você quer fazer?"
Mãe: "Eu não sei. Você é que decide."
Pai: "Eu não posso decidir. Eu vou fazer o que você quiser."
Mãe: "Eu decidi da ultima vez. Desta vez você decide."
Etc…………
Etc…………
Etc…………
Soa familiar? Ou, eles também podem estar tentando decidir em que restaurante
ir, ou ver que filme, ou mesmo, aonde ir nas próximas férias, etc. Esse é um destes
pequenos, mas não menos frustrantes, diálogos que atuam como uma infecção
viral progressiva nos relacionamentos. A estrutura oculta que faz isso aparecer é a
falta de limites. Um limite é quando, numa certa situação, uma pessoa sabe
exatamente o que ela quer (de maneira profunda apesar de nem sempre
demonstrar) e está decidida a exigir com congruência ou então sustentar com
consistência. Uma das principais razões porque alguns têm problemas em
estabelecer limites nos nossos relacionamentos diretos é nossa incapacidade em
pedir o que nós queremos. O que nós REALMENTE QUEREMOS, lá no fundo.
Lógico que existem outros cenários mais sérios que resultam da falta de limites.
Algumas vezes as pessoas permanecem com relacionamentos fracassados por
muito tempo. Alguns indivíduos irão permanecer em relacionamentos abusivos
quando eles não conseguem estabelecer limites. Uma das características mais
óbvias da dependência é a incapacidade de estabelecer limites. Muitos problemas
entre pais/filhos na educação são também um resultado direto disso.
A razão para isso tem três partes. Primeira, algumas vezes nem nós sabemos o
que realmente queremos. Segunda, algumas vezes nós não podemos pedir por
aquilo que nós queremos. Terceira, muitas vezes nós somos "fisgados" pelas
emoções profundamente enraizadas as quais nos jogam para fora dos nossos
limites.
Algumas das razões pelas quais nós não sabemos o que realmente queremos são:
a – nós não sabemos como nos concentrar e ir fundo dentro de nós mesmos para
descobrir; b – nós estamos servindo tanto outra pessoa que nós nos negamos; c –
nós temos receio de revelar o nosso lado mais profundo; d – nós temos medo de
sermos rejeitados; e – nós sentimos que estamos sendo egoístas; f – ou mais
seguido, nós sentimos que aquilo que nós queremos não conta.
As razões pelas quais nós não pedimos o que queremos são iguais quando não
temos certeza. Nós não temos permissão. Nós pensamos que os outros vão nos
considerar egoístas. Nós pensamos que aquilo que nós queremos não interessa
aos outros. Ou, ao pé da letra, nós não sabemos como pedir.
Na terceira razão pela qual não estabelecemos limites, as emoções nos "fisgam"
porque estão enraizadas em problemas não resolvidos da vida, como: precisa
tomar conta de outros, precisamos nos explicar, precisamos nos defender,
precisamos manter a paz, precisamos que gostem de nós ou de sermos amados,
etc. Esses são problemas geralmente ocultos da infância os quais nunca foram
resolvidos, e que tem muito pouco a ver com o nosso atual cônjuge ou situação.
Normalmente, tem muito a ver com a nossa historia pessoal na infância.
Assim, mesmo se nós pudermos determinar o que nós queremos e pedir por isso,
essas emoções irão liquidar com a nossa concentração e nos impedir de manter
os nossos limites. Nós terminamos argumentando sobre coisas que realmente não
nos importam e nos desviamos do nosso pedido original, daquilo que nós
queremos. Quando isso acontece, algumas vezes, nos sentimos manipulados ou
coagidos, ou brabos. Algumas vezes nós brigamos. Outras vezes nós nos
retraímos. A má noticia é que isso acontece com muitas famílias. A falha em
estabelecer limites é um dos principais cancros que roubam a intimidade, o
respeito e a confiança das famílias. A boa noticia é que estabelecer limites é uma
habilidade valiosa e que pode ser aprendida.
REGRAS DA CONFRONTAÇÃO
NÃO FAÇA
Não ataque - Acusar a outra pessoa elicia uma das duas seguintes respostas –
briga ou fuga. Nenhuma das duas respostas é útil no estabelecimento de limites e
causará o aumento da confrontação para uma retirada física ou emocional. Essa
retirada produz uma atmosfera na qual nenhuma das pessoas se sente com
liberdade para falar franca e abertamente. Outro meio de atacar inclui o sarcasmo.
O sarcasmo é muito sutil e dissimulado e difícil de detectar como um ataque.
Também, o uso excessivo da palavra "VOCÊ" causará a outra pessoa sentir como
se você estivesse apontando um dedo verbal para ela e a atacando.
Não use as palavras Mas, Porque, Só, Tentar ou Eu sinto muito – essas
palavras são um convite para prolongar a confrontação. Elas também o seduzem a
se manter distante do seu limite.
FAÇA
a. Diga "Eu quero…" ou "Eu não quero...". Essas são afirmações de limites.
Quando começa a confrontação, e depois que você tiver exposto os
esclarecimentos, as desculpas, etc., foque quase que exclusivamente nos seus
limites. Mesmo que você pense que está sendo cansativo ou redundante, fique
apenas repetindo os seus limites – o que você quer e/ou não quer.
b. Você também pode falar sobre os sentimentos e emoções (seus ou deles). Não
fale sobre situações ou comportamentos. Os exemplos são:
1. "Eu entendo o que você sente ...(apenas uma palavra)..." e então repita o
que você quer ou não quer.
2. "Eu me sinto preocupado quando você ..." e então repita o que você quer
ou não quer.
Lembre que essas regras de confrontação ocorrem DEPOIS de ter ocorrido "uma
discussão razoável". Normalmente os esclarecimentos, desculpas, etc, já
ocorreram e você não precisa repeti-las.
REGRAS DA RAIVA
Muitos de nós somos tão receosos da raiva que nos esquivamos dela e evitamos
estabelecer limites porque nós "não queremos fazer ninguém ficar louco!" Isso nos
priva de nosso poder natural. Raiva é uma emoção natural dada por Deus e que
serve a um propósito. A fim de ser utilizada, nós precisamos simplesmente saber
como lidar com ela para que não aumente e fique fora de controle.
Quando você afaga, você está se ocupando com o diálogo interno, sobre como é
triste a sua sorte nesta vida. Se você se descobre alimentando seu próprio "pote
de piedades" antes de uma confrontação, você está se preparando para ter muitas
emoções as quais podem ser fisgadas pela raiva da outra pessoa. Então você será
facilmente derrubado da sua concentração e a confrontação se torna não
produtiva.
Ensaio é quando você imagina a próxima confrontação e pratica o que você vai
dizer. Você imagina a resposta deles e como ou o que você dirá para contrapor.
Normalmente você vence esses ensaios. O problema com o ensaio é que ele
constrói dentro de você emoções de raiva, de fúria, ou uma justificada indignação
a qual é facilmente fisgada na confrontação quando a outra pessoa não responde
da maneira que você ensaiou. As emoções se tornam muito voláteis e explosivas.
De novo, você perde a sua habilidade de permanecer centrado e firme em seus
limites.
Não reprima
Reprimir é quando você decide bloquear o problema e não tratá-lo – por qualquer
razão. Quando você reprime as emoções e os problemas, eles tendem a aparecer
de repente nas horas imprevistas ou em ocasiões sem relação nenhuma. Reprimir
é como manter a chama sob uma panela de pressão e fechar a válvula de
segurança – alguma hora algo acontece.
Se você foi maltratado pela outra pessoa e depois que você teve a confrontação,
compartilhe as suas emoções e estabeleça o seu limite, tire da sua mente e
desculpe a pessoa, e desligue-se da situação na sua mente e coração. Isso libera
uma grande quantidade de energia emocional para atividades mais produtivas.
Entretanto, tenha certeza de que você tenha na memória o incidente ou a situação,
caso ela ocorra novamente. Não lembrar pode ocasionar abusos repetitivos.
Assim, depois que você se desligar das emoções, é melhor guardar na memória
de um modo separado. Deste modo, você tem a memória mas não a pressão do
excesso da bagagem emocional.
Quando você está numa confrontação, é muito importante para você e para a outra
pessoa saberem que a confrontação é normalmente sobre comportamentos
inaceitáveis e não sobre sentimentos pela pessoa ou seu valor como ser humano.
Por essa razão é importante que você deixe-os saberem disso de uma maneira
amorosa e carinhosa. Também é importante que você mantenha seu limite
enquanto faz isso.
Se você se recordar, relações de limites são declarações básicas sobre o que você
quer para si e o que você quer dos outros. Assim, uma declaração de limites soa
como "Eu quero ..." e/ou "Eu quero que você faça ..." Uma vez que você tenha
apresentado as suas explicações e a lógica para os seus limites, é importante
persistir com sua declaração de limite enquanto estiver concentrado. Uma variação
que pode ser usada é adicionar declarações de afago. Exemplos podem ser: "Eu
me preocupo muito com você E eu quero...." ou, "Eu concordo com você E eu
quero..." ou, quando você sentir que está perdendo sua concentração, "Eu quero
pensar sobre o que você disse E eu quero ..(um certo tempo) .. para fazer isso."
Ou se as emoções estão ficando muito fortes, você pode dizer "Eu adoro a
intensidade das suas emoções E eu quero..." Note que a palavra de conexão é "E"
e não "mas." Não use a palavra "mas" porque ela basicamente apaga da mente
deles a declaração que feita antes.
Você pode obviamente usar combinações das afirmações de afago. Como "Uma
das qualidades sobre você que eu realmente aprecio é a sua intensidade
emocional E eu quero pensar sobre o que você disse por alguns minutos." Ou, "Eu
concordo com algumas das coisas que você disse E eu gosto muito de você para
não pensar sobre isso E eu quero que ..."
Para a maioria , isso ocorre quando você foi acusado, humilhado, atacado,
rejeitado, abusado, ficou brabo, desculpou alguém ou a si mesmo, defendeu
alguém ou a si mesmo, foi atormentado, provocado, agarrado, coagido e/ou
manipulado. Invente uma afirmação que descreva ou que marque isso para você
como uma questão de limite. A minha é "Alerta!"
Entre em contato com seu corpo e suas emoções. Aonde no seu corpo, você
percebe as suas emoções e como diferentes emoções o fazem sentir-se. Algumas
vezes é mais fácil começar a praticar com emoções mais leves e progredir para as
mais pesadas. Faça a pergunta "Como eu me sinto – agora?"
Isso pode ser chamado de sua sabedoria interior, seu eu interior ou sua firmeza de
caráter. Faça a si mesmo a pergunta "O que realmente eu quero – agora?"
Isso pode ser com qualquer um. Escolha alguém que é mais fácil para você afagar.
De fato, escolha diversas pessoas, filhos, netos, cachorro, etc. Pergunte-se "O que
está acontecendo com eles?" Procure pelo positivo com sentimentos de amor e de
afago.
De novo, isso pode ser com qualquer contexto ou situação. Pergunte-se "Eu estou
bem, o que eu quero deles agora?"
INSTALAÇÃO
Etapa 1 – pegue seis folhas de papel e escreva em cada uma delas um dos
estados acima. Coloque-as no chão numa linha reta com cerca de 30 cm entre
cada uma em ordem alfabética.
Etapa 2 – quando estiver pronto, fisicamente pise em cada uma das folhas e
acesse o estado interno tão plenamente quanto possível. Tenha a certeza de fazer
a pergunta fornecida quando você estiver completamente no estado. Faça cada
passo separadamente, com um intervalo entre cada estado para permitir que
a fisiologia retorne ao normal. Quanto mais você conseguir atingir o estado interno,
melhor funcionará.
Etapa 4 – use a estratégia numa situação limite do seu passado. Imagine como
teria sido diferente se você tivesse podido responder deste modo. Discuta a
diferença com alguém. Você pode querer fazer isso com varias situações de
limites do passado. Se você tiver alguma que envolva abuso, etc., você pode
começar com as mais leves.
Etapa 5 – agora imagine as próximas vezes que você pode necessitar
a estratégia do limite. Jogue com esses contextos ou situações na sua mente
enquanto você percorre as seis etapas descritas acima. Quando você estiver
passando pelas etapas, examine como você se sente.
Pai; Chris, eu penso que num dia de semana, você precisa voltar antes das nove
horas. Deste modo você pode ter certeza de que o seu tema de casa está pronto
para ser entregue, relaxar e ter sua mente pronta para o dia seguinte, e descansar
um pouco. Se existir uma situação de emergência ou incomum, chame sua mãe ou
a mim antes das 9:00.
Chris: (num tom lamentoso) Oh paizinho, é muito cedo para voltar para casa. Eu
de qualquer modo não vou me deitar antes das 10:30.
Pai: Numa noite com aula no dia seguinte, eu o quero em casa antes das 9:00.
Chris: (mesmo tom lamentoso e começando a ficar um pouco brabo) Eu acho que
isso é injusto! Nenhum dos meus amigos tem que chegar em casa tão cedo.
Pai: Numa noite com aula no dia seguinte, eu o quero em casa antes das 9:00.
Chris: (ficando mais brabo) Isso não faz sentido para mim. Por que você
estabeleceu as 9 horas? Eu acho que deveria ser as 10:00.
Chris: você está querendo me castigar por alguma coisa. Você não goste de mim
como gosta da Sue.
Pai: Obrigado por perguntar isto. Eu quero que você saiba as consequências.
Cada vez que você perder a hora, na próxima vez a hora de chegada será 30
minutos mais cedo. E se você se atrasar duas vezes, eu vou colocar
consequências adicionais tais como não emprestar as chaves do carro. Posso
contar que você estará aqui as 9:00 numa noite com aula no dia seguinte?