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Análise Matemática
Material Teórico
Demonstrações matemáticas
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Demonstrações matemáticas
• Introdução
• Raciocínios dedutivo, indutivo e abdutivo
• Papel da demonstração na construção do conhecimento matemático
• Tipos de demonstração
• Para praticar
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conceituar demonstrações; discutir seu papel na construção
do conhecimento matemático; apresentar a técnica
matemática de demonstração.
ORIENTAÇÕES
Olá!
É um assunto que pode parecer difícil, pois trata de formas de pensamento com
as quais você talvez não esteja acostumado(a). Por isso é muito importante que
leia com atenção o material.
Provavelmente, você vai ter dúvidas. Registre-as. Pense sobre elas. Consulte o
material complementar. Pesquise sobre conceitos e demonstrações específicos.
Procure refazer os exemplos. Veja se entendeu cada um dos passos. Faça as
atividades. Elas são parte importante do processo de aprendizado.
Bons estudos!
UNIDADE Demonstrações matemáticas
Contextualização
O tema da unidade são as demonstrações matemáticas. Antes de começarmos,
vamos conversar um pouco sobre a importância de pensar nessa questão.
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Introdução
Uma demonstração é uma forma de argumentar, de fundamentar a confiança na
veracidade de uma afirmação matemática. Com uma demonstração, pretende-se
provar que essa afirmação é verdadeira. Vamos começar nossa discussão falando
de três diferentes formas de justificar de algum modo uma afirmação: o argumento
dedutivo, o argumento indutivo e o argumento abdutivo. Em seguida vamos discutir
mais detalhadamente o papel da demonstração na construção do conhecimento
matemático. Feita essa discussão conceitual, passaremos à parte mais técnica,
tratando dos diferentes tipos de demonstração e nos detendo mais detalhadamente
em um deles: a demonstração por indução matemática.
Premissas são as informações, descritas por sentenças declarativas, que são usadas para
Explor
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7
UNIDADE Demonstrações matemáticas
Avalie esse raciocínio. A conclusão é uma consequência necessária das premissas (a) e (b)?
Não, não é verdade? Nada impede que, além de feijões brancos, haja outros tipos
de feijão no saco. Isso pode ser pouco provável, mas não é possível ter certeza.
Podemos fazer a generalização, mas as premissas não são garantia da conclusão.
Esse tipo de raciocínio é chamado de indutivo, pois as premissas fornecem indícios
convincentes de que a conclusão é verdadeira, mas não a garantem. De casos
particulares, induzimos uma conclusão geral.
Raciocínio indutivo é um tipo de raciocínio que pretende que as premissas sejam provas
Explor
convincentes para a conclusão, mas não garante que são suficientes. Dito de outro modo, no
raciocínio indutivo a conclusão é uma consequência provável das premissas.
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Papel da demonstração na construção
do conhecimento matemático
Como todo modelo explicativo, a divisão descrita no item anterior entre os
diferentes tipos de raciocínio é uma simplificação da realidade, que sempre é
mais complexa e rica de detalhes. Ela, no entanto é interessante porque permite
chamar a atenção para a especificidade do raciocínio matemático dedutivo.
Ressaltamos mais uma vez: as conclusões são inquestionáveis, desde que se
aceitem as premissas. Uma compreensão efetiva disso passa pela experiência
de “destrinchar” demonstrações e de fazer demonstrações. Segundo Almouloud
(2007), “a demonstração em matemática é uma das competências indicadas nos
PCN para o ensino fundamental e para o ensino médio como parte integrante do
currículo da escola básica”. Na medida em que se pretende formar o ser humano,
o aprendizado da Matemática não pode se restringir ao aprendizado de técnicas
que tenham uma potencialidade futura. É importante que o aluno tenha vivência da
especificidade da Matemática, e a experiência com algum tipo de demonstrações
faz parte dessa vivência.
O texto do Prof. Almouloud citado acima está disponível na Web e merece ser lido. Esse texto
Explor
Nosso objetivo aqui é oferecer algumas ideias que possam orientar seu trabalho
como professor ao lidar com demonstrações. Para isso, talvez ajude falarmos de
alguma demonstração específica, mas antes é interessante ter em mente as funções
que uma prova matemática pode ter (ALMOULOUD, 2007):
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9
UNIDADE Demonstrações matemáticas
Uma conjectura é uma sentença matemática que ainda não foi provada, isto é, não existe
Explor
Todo teorema pode ser expresso na forma “Se P é verdade, então Q é verdade”.
P constitui o conjunto de afirmações supostas verdadeiras a partir das quais se
pretende provar Q, a tese do teorema. As sentenças que constituem P são as
hipóteses do teorema. Por exemplo, o teorema de Pitágoras pode ser escrito
assim: “Se ABC é um triângulo retângulo, o quadrado da medida de sua hipotenusa
é igual à soma dos quadrados das medidas de seus catetos.” A hipótese é: ABC
é um triângulo retângulo. A tese é: o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos
quadrados dos catetos.
Importante! Importante!
Atenção! Hipótese em outro contexto pode ser sinônimo de conjectura, isto é, de uma
afirmação cuja verdade não está estabelecida. Aqui não é essa a questão. Aqui hipótese
é um ponto de partida. Não é possível demonstrar nenhuma afirmação a partir do nada,
sempre se usam pontos de partida. Esses pontos podem ser axiomas ou outros teoremas
já provados. Vale a pena pesquisar no dicionário os diferentes significados de hipótese.
O romance “O Teorema do Papagaio”, de Denis Guedj, publicado pela Companhia das Letras
Explor
em 1999, tem como pano de fundo duas conjecturas da teoria dos números: aquela que é
conhecida como o último teorema de Fermat e a conjectura de Goldbach. O último teorema
de Fermat, agora Fermat-Wiles, foi provado em 1995 pelo matemático inglês Andrew Wiles.
A conjectura de Goldbach ainda não foi provada. O romance percorre uma boa parte da
história da Matemática acadêmica e é de leitura agradável.
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Vamos, então, ao exemplo de demonstração. Considere a afirmação “a soma
de dois números inteiros pares é um número par.” Esse é o teorema que queremos
provar. Para identificar qual é a hipótese e qual é a tese, vale a pena reescrever
a afirmação como “se..., então...”: “Se n1 e n2 são dois números inteiros pares,
então “n1 + n2 é um número par”. A hipótese é então “n1 e n2 são dois números
inteiros pares”, e a tese a ser provada é “n1 + n2 é um número par”.
Uma prova alternativa disso é a seguinte: “Todo número par pode ser pensado como
o dobro de outro número. Isso é equivalente a dizer que todo número par nada mais
é do que a soma de uma certa quantidade de 2’s. Somar dois números pares é somar
duas somas de 2’s. Essa soma também terá apenas 2’s como parcelas, logo essa soma
também é um número par.” Esse raciocínio pode ser esquematizado como na Figura 1.
n1 : ... = K pares
1 2 (K+1) K
Essa argumentação pode ser considerada uma prova? Bem, partimos da hipótese,
procuramos entendê-la de modo a desenvolver a tese a partir dela. Talvez algumas
passagens gerem dúvidas, como, por exemplo, a afirmação “Isso é equivalente a dizer
que todo número par nada mais é do que a soma de uma certa quantidade de 2’s”. Um
exemplo pode esclarecer a dúvida: 10 é par, pois é o dobro de 5, e consequentemente
é igual à soma de cinco 2s, como mostrado a seguir 10 = 2 + 2 +2 + 2+ 2.
Cada uma das afirmações pode ser tornada mais palpável por meio de exemplos
para tornar a demonstração mais convincente. Mas é importante sublinhar que esses
exemplos, essas ilustrações, não mudam nem para mais nem para menos a consistência
dessa demonstração. Elas servem apenas para tornar a demonstração mais convincente.
Esse processo de “convencimento” nada mais é do que o trabalho do professor.
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UNIDADE Demonstrações matemáticas
n1 n2 2k 2r
n1 n2 2 k r
Matemático Professor de
profissional matemática
As ideias:
- Recontextualização
Resultados
que encontrou
Os problemas:
- Repersonalização
A formalização:
construção do conhecimento
Conhecimento matemático por parte
matemático dos alunos
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Para a construção do conhecimento matemático por parte dos alunos,
é interessante colocá-los em situação análoga ao do matemático. Muito
frequentemente, o foco é no desenvolvimento lógico-dedutivo da demonstração.
Esse foco é importante, mas também é importante não esquecer a etapa anterior, a
formulação da conjectura a ser demonstrada. Isso ajuda a contextualizar o processo
de demonstração dentro de um trabalho de investigação matemática, o que amplia
as chances de os alunos encontrarem significado na demonstração.
Os trabalhos do Prof. João Pedro da Ponte (p.ex. PONTE et al, 2007) discutem esse tipo de
Explor
abordagem investigativa. Num outro contexto, a Prof. Kristy (1995) narra um exemplo dessa
abordagem numa sala da educação básica, com o auxílio de calculadoras científicas.
Tipos de demonstração
Como vimos anteriormente, a demonstração é a validação por excelência do
conhecimento matemático acadêmico. Conseguir elaborar uma demonstração
inédita constitui uma contribuição significativa para o avanço desse conhecimento.
A que números se refere a afirmação acima? Escolha um deles. O que essa afirmação diz sobre ele?
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13
UNIDADE Demonstrações matemáticas
Ao tentar provar algo, é importante ter clareza do que se pretende provar. Por isso
vale a pena reler várias vezes a afirmação a ser provada, procurando identificar a
que números ela se refere e o que ela diz sobre cada um deles.
No caso acima, você percebe que ela se refere a números inteiros, mas não todos?
Ela fala sobre números inteiros positivos, ou seja, estão excluídos todos os negativos e
o zero. Simbolicamente, podemos escrever que ela se refere a n > 0. Mas essa não é a
única condição. Os números também são menores que 6. Então a condição final é 0 <
n < 6. Concorda? Vamos escolher um número inteiro entre 0 e 6, por exemplo, 4. O
que a afirmação diz sobre ele? Ela fala que o quadrado do número (no caso 4² = 16) é
menor ou no máximo igual a 10 + 5 vezes o número, ou seja, 10 + 5.4 = 10 + 20 =
30. Ora, para 4, isso é verdade, pois 16 (4²) é menor que 30 (10 + 5.4).
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A professora Lurdes Sousa descreve em detalhe esse teorema, sua história e suas relações com
Explor
Demonstração direta
Quando a conjectura, a afirmação a ser provada, abrange uma quantidade
infinita de casos, a demonstração por exaustão é inexequível. Uma possibilidade
é a demonstração direta. Na demonstração direta, partimos da hipótese (P) e,
usando as regras da lógica, da matemática, avançamos procurando chegar à tese
(Q). Um exemplo disso foi a demonstração da asserção “a soma de dois números
pares é um número par” feita acima. Um segundo exemplo pode ser dado para a
afirmação “a soma de dois números ímpares é um número par”.
n1 n2 2k 1 1
2k 2 1
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UNIDADE Demonstrações matemáticas
n1 n2 2k 1 1 2k 2 1
n1 n2 2k 1 2k 2 2
n1 n2 2 k 1 k 2 1
Para poder fazer isso, teremos de fazer aparecer um trinômio quadrado perfeito
para podermos usar o seguinte produto notável: (p + q)² = p² + 2pq + q². Vamos
apresentar a demonstração a seguir:
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1. ax 2 bx c 0 equação original (hipótese)
b c
2. x2 x 0 dividimos tudo por a
a a
b
3. Os termos x2 e a x podem ser considerados os dois primeiros termos do
trinômio quadrado perfeito. Precisamos fazer aparecer o terceiro termo. Para
isso, precisamos identificar quem é o “segundo” no trinômio:
4. p² = x² o primeiro é p = x
b b
5. 2pq = x logo pq = 2a
x
a
b b
6. Se pq é 2a
x (passo 5) e p é x (passo 4), então q = 2a , e consequentemente
b 2
q² = , termo que falta na equação (2)
2a
b
7. Resumindo 3, 4, 5 e 6. Se quisermos transformar x 2 + a x num trinômio
2
quadrado perfeito, temos de fazer aparecer na equação (2) o termo b b
2
2
2 2a 4a
8. Somando e subtraindo b na equação 2:
2a
2 b b2 b2 c
x x 0
a 4a 2 4a 2 a
2
b b2 c
x
0
2a 4a 2 a
2
b b2 c
x
2a 4a 2 a
11. Chegamos finalmente à expressão do tipo “x² = 9”. Agora é tirar a raiz quadrada:
b b2 c
x
2a 4a 2 a
12. Fazendo a subtração dentro da raiz:
b b 2 4ac
x
2a 4a 2
13. Tirando o denominador para fora da raiz:
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UNIDADE Demonstrações matemáticas
14. Isolando o x:
b b 2 4ac
x
2a 2a
b b 2 4ac
x
2a
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afirmação original ser verdadeira e a contrapositiva falsa? Não. Veja, se a afirmação
original é verdadeira, P verdadeiro implica automaticamente que Q é verdadeiro.
Então, se Q é falso (hipótese da contrapositiva), não tem como P ser verdadeiro. P
é falso (tese da contrapositiva).
Em lógica, a contrapositiva de P Q é Q’ P’
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UNIDADE Demonstrações matemáticas
Demonstrando a contrapositiva:
ii) ax 1 b ax 2 b – desenvolvendo Q’
ax 1 ax 2 b b
ax 1 ax 2
ax 2
x1
a
x1 x 2
2) 2x = x Desenvolvendo (1)
4) 2 = 1 ABSURDO!
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Se chegamos a um absurdo, isso quer dizer que a hipótese de trabalho é falsa.
Isto é, não é possível que as afirmações P e Q’ sejam ambas verdadeiras. Ou seja,
há duas alternativas:
2k3 = 4k1k2+2k1+2k2+1
Analise (6): do lado esquerdo temos um número inteiro (passo 3), do lado direito
temos “2k1k2+k1+k2+0,5”. As três primeiras parcelas são números inteiros, mas
a quarta não. Concorda? Então, como a soma de três números inteiros com um
número não inteiro pode ser igual a um número inteiro? Não dá. Isso é um absurdo.
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UNIDADE Demonstrações matemáticas
p
e q inteiros e q não nulo, tais que x = q . Q’ então é dado por “existem p e q inteiros
p
e q não nulo, tais que x = q . Nosso objetivo é provar que P e Q’ são verdadeiras,
p
isto é, que, se p e q existem tais que 2 = q , isso leva necessariamente a um absurdo.
Como ponto de partida, lembremos que se existir um par p e q tal que Q’ seja
verdadeira, existirão infinitos, pois sempre há infinitas frações equivalentes . Veja
dois exemplos de frações equivalentes: 1 2 2 4 3 6 ...,
ou então 7 14 21 .
5 10 15 ..
No primeiro caso, todas as frações são equivalentes a ½ e podem ser representadas
por 0,5. No segundo caso, todas as frações são equivalentes a 7 5 e14podem10
21 ser
15
representadas por 1,4. Essa multiplicidade de frações equivalentes coloca o seguinte
problema: com quais p e q vamos trabalhar? Escolhemos trabalhar com os menores,
aqueles que não podem mais ser simplificados, isto é, escolhemos trabalhar com uma
fração irredutível. Isso afeta a generalidade da demonstração? Não, pois dada uma
fração redutível ela sempre pode ser simplificada até se obter uma fração irredutível.
p
1) 2= parte da hipótese de trabalho
q
2
p
2) 2= Elevando (1) ao quadrado
q2
3) p ² = 2q ² Eliminando o denominador
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√2 pode ser
representada por uma fração
CONTRADIÇÃO!
ABSURDO!
Figura 3 – Esquema ilustrativo da demonstração por redução absurdo de: “a raiz quadrada de 2 não pode ser
representada por uma fração”.
O PIF afirma o seguinte: se uma afirmação vale para um certo número natural
N, e se ela valendo para um número natural maior que N valerá necessariamente
para o número natural seguinte, então ela valerá para todo número natural maior
ou igual a N.
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UNIDADE Demonstrações matemáticas
Figura 4 – Arranjo de dominós. Terminada a montagem dessa fila de dominós, o 1º dominó da fila é tombado. Ao
tombar, ele faz tombar o seguinte, e assim por diante, de modo que todos os dominós irão tombar.
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O PIF afirma que isso é verdade se duas condições forem atendidas. A 1ª condição
afirma que a 1ª afirmação é verdadeira. Isso corresponde a dizer que o 1º dominó
vai tombar. A 2ª condição afirma que se uma afirmação qualquer é verdadeira, a
seguinte também é. Isso corresponde a dizer que o arranjo dos dominós é tal que
se algum qualquer do meio da fila tombar, o seguinte tombará também. Você pode
bem imaginar que, dependendo do arranjo, isso pode não acontecer: o seguinte
está muito distante, ou então, numa curva, os ângulos são tais que ainda que um
caia, ele apenas encosta no seguinte. Isso corresponde a dizer que, conforme o
tipo de afirmação, não é porque ela vale para um certo valor de n que sempre
valerá para o n seguinte – isso vai depender da afirmação.
Vamos agora provar a afirmação acima usando o PIF. Lembrando que dissemos
que o PIF afirma que a afirmação será verdadeira para todo n ≥ N se:
A parte “se vale para k” é a chamada hipótese de indução; a parte “vale para
k+1” é a tese da indução. A ideia é deduzir a tese a partir da hipótese.
k k 1
1 2 3 ... k (Eq. 1)
2
Vamos escrever agora a tese da indução, isto é, a afirmação para k+1: a soma
dos (k + 1) primeiros números é igual a (k 1)(k 1 1) (k 1)(k 2) . Isso pode ser
2 2
escrito como:
1 2 3 k k 1
k 1 k 2 (Eq. 2)
2
A ideia é deduzir a Eq.2 a partir da Eq.1. Compare o lado esquerdo das duas.
Perceba que a soma da Eq.2 nada mais é que a soma da Eq.1 acrescida da parcela
(k+1). Vamos somar essa parcela aos dois lados de Eq.1. Como a Eq.1 é verdadeira,
o resultado continuará sendo verdadeiro.
k k 1
1 2 3 k k 1 k 1 (Eq.3)
2
25
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UNIDADE Demonstrações matemáticas
Compare a Eq.3 com a Eq.2. O lado esquerdo das duas é o mesmo. Agora
devemos provar que o lado direito da Eq.3 é igual ao lado direito da Eq.2. Vamos
começar somando as duas parcelas, pois na Eq.2 só há uma fração:
k k 1 k k 1 2 k 1
k 1 (Eq.4)
2 2
k k 1 k 1 k 2
k 1 (Eq.5)
2 2
k ( k + 1) ( 2k + 1)
1² + 2² + . . . + k 2 =
6
( k + 1 ) ( k + 2 ) ( 2 ( k + 1) + 1 )
1² + 2² + . . . + k 2 + ( k + 1) =
2
1² + 2² + . . . + k 2 + ( k + 1) =
2 ( k + 1) ( k + 2) ( 2k + 3 )
6
26
1² 2² ... k 2 k 1
2 k 1 k 2 2k 3
6
1² 2² ... k 2 k 1
2 k ² k 2k 2 2k 3
6
1² 2² ... k 2 k 1
2 k ² 3k 2 2k 3
6
1² 2² ... k 2 k 1
2 2k ³ 3k ² 6k ² 9k 4 k 6
6
1² 2² ... k 2 k 1
2 2k ³ 9k ² 13k 6
6
k k 1 2k 1
1² 2² ... k 2 k 1 k 1
2 2
k k 1 2k 1
12 22 ... k 2 k 1 k 1
2 2
6
k k 1 2k 1 6 k 1
2
12 22 ... k 2 k 1
2
6 6
12 22 ... k 2 k 1
2 k ² k 2k 1 6 k ² 2k 1
6
2k ³ k ² 2k ² k 6k ² 12k 6
1 2 ... k k 1
2 2 2 2
6
2k ³ 9k ² 13k 6
12 22 ... k 2 k 1
2
6
Compare a expressão final de (5) com a expressão final de (3). São iguais. Isso
mostra que conseguimos deduzir a tese de indução a partir da hipótese de indução.
Ou seja, a 7 afirmação passa pela condição 2 também.
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27
UNIDADE Demonstrações matemáticas
Para praticar
Enunciados
1) Prove por demonstração direta que dados três números inteiros consecutivos
a, b e c, tais que a < b < c, b é a média aritmética de a e c.
2) Prove que se dois números inteiros são divisíveis por um número inteiro x, a
soma dos dois também é. Faça uma demonstração direta.
4) Demonstre por indução matemática que a soma das n primeiras potências é dada por:
n1
7n 1
Sn 7i1 1 7 49 7 n1
i 0 6
Respostas
1) Prove por demonstração direta que dados três números inteiros consecutivos
a, b e c, tais que a < b < c, b é a média aritmética de a e c.
Resolução:
Sejam b = a + 1; c = b + 1 = a + 2; e m a média de a e c.
a c
m é calculada por m
2
Substituindo a e c:
a a 2 2a 2
m a 1
2 2
b = a +1 m = b
2) Prove que se dois números inteiros são divisíveis por um número inteiro x, a
soma dos dois também é. Faça uma demonstração direta.
c=a+b
Devemos provar que c é divisível, isto é, que existe um número inteiro k tal que c = kx
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Se a = px e b = qx a + b = px + qx
c = px + qx c = (p + q)x
Chamando k = p + q
c = kx
c é divisível por x
n² ≤ 2n + 3
n² - 2n - 3 ≤ 0
a > 0 parábola com boca para cima f(n) é negativo entre as raízes.
∆ =( −2 ) − 4.1. ( −3 )
2
∆ =16
2 − 16
n1 =
2.1
n1 = −1
2 + 16
n2 =
2.1
n2 = 3
Como n é natural, n ≥ 0
Logo, se n² ≤ 2n + 3 0 < n ≤ 3
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UNIDADE Demonstrações matemáticas
n −1
7n − 1
=
Sn ∑ =
i =0
7 i −1
1 + 7 + 49 + … + 7 n −1
=
6
S1 = 1
71 1 7 1 6
1
6 6 6
Passo indutivo
Hipótese de indução
7k − 1
S k = 1 + 7 + 49 + . . . + 7k −1 =
6
Provar que
7k +1 − 1
S k +1= 1 + 7 + 49 + . . . + 7k −1 + 7k =
6
Começando:
7k − 1
1 + 7 + 49 + . . . + 7k −1 =
6
7k − 1
1 + 7 + 49 + . . . + 7k −1 + 7k = + 7k
6
7k − 1
S k +1 = + 7k
6
7k − 1 6.7k
S k +1 = +
6 6
7 − 1 + 6.7k
k
S k +1 =
6
7 (1 + 6 ) − 1
k
S k +1 =
6
k
7 .7 − 1
S k +1 =
6
k +1
7 −1
S k +1 =
6
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
The longest domino line in world history
De SHANES DOMINOEZ. Duração: 2 minutos e 10 segundos. Acesso em: 23 out. 2015.
https://www.youtube.com/watch?v=UJLwybR58Nw
Sites
O link a seguir mostra uma brincadeira de 1º de abril relativa ao teorema das
quatro cores. A referência de Weisstein mostra o furo nessa pseudo-demonstração
por contraexemplo:.
http://dererummundi.blogspot.com.br/2009/04/o-teorema-das-4-cores-e-falso.html
Leitura
O princípio da indução finita – uma abordagem no ensino médio.
PEREIRA, Paulo César Antunes. Dissertação em Ensino de Matemática. Instituto de
Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Rio de Janeiro, 2013.
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UNIDADE Demonstrações matemáticas
Referências
ALMOULOUD, Saddo Ag. Prova e demonstração em matemática: problemática
de seus processos de ensino e aprendizagem. 30ª reunião anual da ANPED (GT
19 – Educação Matemática). Caxambu – MG, 7 a 10 de outubro. Timbauda-PE:
Espaço Livro, 2007, v. 1 p.1 - 18.
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