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Daniel Paul Schreber nasceu em julho de 1842 em uma


renomada família alemã, na cidade de Leipzig.

Seu pai, Dr. Daniel Gottlob Moritz Schreber, era um nomeado


médico ortopedista e Pedagogo, cuja memória é mantida viva até
os dias de hoje como fundador da ginástica terapêutica na
Alemanha.

Schreber era o terceiro filho de uma família de 5 irmãos.

Quando Schreber tinha 19 anos, em 1861, o seu pai faleceu aos


53 anos.

Em 1877 morre o seu irmão mais velho e único homem aos 38


anos, que se suicidou com um tiro na cabeça.

Schreber casou-se em 1878, aos 36 anos, com Ottlin Sabine


Behr, 15 anos mais nova.

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Em 1884 Schreber apresentou os primeiros sinais de distúrbios


mentais, isso aconteceu logo após a sua candidatura à eleição, e
que ele diz em seu livro que a doença foi resultado de excessiva
tensão mental.

Ele foi tratado pelo neurologista Paul Flechsig, o qual tinha uma
relação estritamente profissional. Após 6 meses de internação teve
alta e em relatório formal, Doutor Flechsig relatou a doença como
crise de grave hipocondria.

Após esta crise, Schreber se achou totalmente estabelecido e


passou 8 anos feliz ao lado de sua esposa, rico em honrarias
exteriores e somente de vez em quando, frustrado na esperança de
não ter sido abençoado com um filho.

Sua esposa se sentia sinceramente agradecida ao Doutor


Flechsig e mantinha um porta retrato dele em sua casa, como
homenagem ao homem que tinha “restituído o seu marido”.
Durante este período Schreber sonhou algumas vezes que o seu
distúrbio nervoso havia retornado, e um dia entre o sono e a
vigília imaginou como seria bom tornar-se mulher e se submeter
ao ato da cópula, o que teria rejeitado se estivesse plenamente
consciente.

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Em 1893, a segunda enfermidade apareceu, começando com


uma torturante crise de insônia, onde foi novamente internado na
Clínica do Doutor Flechsig, em Leipzig.

No início de seu internamento ali, expressava mais ideias


hipocondríacas, mas a condição piorou rapidamente. Queixava-se
de ter um amolecimento do cérebro, de que morreria cedo, ideias
de perseguição já surgiam no quadro clínico, baseada em ilusões
sensórias, um alto grau de hiperestesia (grande sensibilidade à luz
e ao barulho). Mais tarde, as ilusões visuais e auditivas tornaram-
se frequentes e seu distúrbio cenestésico (alucinações que o
paciente diz que seu órgão está amolecendo ou apodrecendo)
dominava a totalidade de seu sentimento e pensamento.
Acreditava estar morto e em decomposição, que sofria de peste;
asseverava que seu corpo estava sendo manejado de maneira mais
revoltante, e, como o próprio declarava, passava pelos piores
horrores que alguém possa imaginar, ao ponto de ansiar pela
morte, com várias tentativas de afogar-se durante o banho.

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Schreber acreditava que seu corpo estava se transformando em


um corpo de mulher, ficava no espelho acariciando-se, com a
sensação de que um enorme numero de nervos femininos estavam
todo em seu corpo e seriam fecundados milagrosamente. Ouvia
vozes que zombavam da desconstrução da sua masculinidade e
conversava com o sol como se fosse Deus.

Ele acreditava que seu corpo estava morto e em decomposição,


ficava sentado rígido e imóvel durante horas. Achava que tudo
acontecia em nome de um intuito sagrado, achava-se em
comunicação direta com Deus e ouvia música sagrada,
acreditando que vivia em outro mundo.
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Após o severo combate espiritual sua atitude para com o lado


erótico da vida se alterou, chegou a perceber que o cultivo da
voluptuosidade lhe incubia como um dever e que somente pelo
cumprimento desse dever é que poderia terminar o grave conflito
que irrompera dentro dele.

Em 1894, foi transferido para o Asilo Sonnenstein, onde


permaneceu até que o distúrbio assumiu o seu papel final, lá ele
ficou aos cuidados do Doutor Weber.

Relatório de 1899 do Dr. Weber: “O ponto culminante do


sistema delirante do paciente é a sua crença de ter a missão de
redimir o mundo e restituir à humanidade o estado perdido de
beatitude. Foi convocado a essa tarefa, assim a severa , por
inspiração direta de Deus, pois os nervos, em condições de
grande excitação , assim como os seus estiveram por longo
tempo, têm exatamente a propriedade de exercer atração sobre
Deus – embora isso signifique tocar em assuntos que a fala
humana mal é capaz de expressar. A parte mais essencial de sua
missão redentora é ela ter de ser procedida por sua transformação
em mulher. Não se deve supor que ele deseje ser transformado em
mulher; trata-se antes de um “dever” baseado na Ordem das
Coisas, ao qual não há possibilidades de fugir, por mais que,
pessoalmente, preferisse permanecer em sua própria honorável e
masculina posição na vida. Mas nem ele nem o resto da
humanidade podem reconquistar a vida do além, a não ser
mediante a transformação em mulher (processo que pode ocupar
muitos anos ou mesmo décadas), por meio de milagres divinos.
Ele próprio, está convencido, é o único objeto pelo qual milagres
divinos se realizam, sendo assim o ser humano mais notável que
até hoje viveu sobre a Terra. A toda hora e a todo minuto, durante
anos, experimentou estes milagres em seu corpo e teve-os
confirmados pelas vozes que com ele conversaram. Ele diz que
durante os primeiros anos de sua moléstia, alguns de seus órgãos
corporais sofreram danos tão terríveis que inevitavelmente
levariam à morte qualquer outro homem; viveu por longo tempo
sem estomago, sem intestinos, quase sem pulmões, com o esôfago
rasgado, sem bexiga e com as costelas despedaçadas; costumava
às vezes engolir parte de sua própria laringe com a comida etc.
Mas dizia que os milagres divinos (“raios”) sempre restaurava o
que havia sido destruído. Ele tinha a sensação de que um número
enorme de “nervos femininos” passava para o seu corpo e, a
partir, deles surgiria uma nova raça de homens, que originaria de
um processo de fecundação direta por Deus.

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Em seu relato de 1899, o Dr. Weber diz que Dr. Schreber não
apresentava mais sinais de confusão ou de inibição psíquica, nem
sua inteligência se achava notadamente prejudicada, diz que sua
mente é calma e sua memória excelente. Assim, o estado do
paciente experimentava grandes mudanças e ele agora se
considerava capaz de levar existência independente.

E após a numerosas solicitações aos tribunais , através das quais


o Dr. Schreber esforçou-se por recobrar a liberdade, não repudiou
de modo algum seus delírios ou fez qualquer segredo da intenção
de publicar suas memórias, pelo contrário, estendeu-se sobre a
importância de suas ideias, tais eram sua perspicácia e a força
convincente de sua lógica , que finalmente, e apesar de ser ele
paranoico reconhecido, seus esforços coroaram-se de sucesso.

Em julho de 1902, os direitos civis do Dr. Schreber foram


restabelecidos.

E em 1903 Schreber publica “Memória de um doente dos


Nervos”, relatando com detalhes o percurso de sua doença.
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Em 1911 Freud publica “Notas Psicanalíticas sobre um relato de


Paranóia” baseado nas memórias de Schreber.

Na tentativa de interpretação de Freud, ele diz que não devemos


levantar objeção à hipótese de que a causa ativadora da
enfermidade foi o aparecimento de uma fantasia feminina (isto é,
homosexual passiva) de desejo, que tomou por objeto a figura do
médico. Uma resistência intensa a esta fantasia surgiu por parte da
personalidade de Schreber, e a luta defensiva que se seguiu, e que
talvez pudesse ser assumido alguma outra forma, tomou a forma
de delírio de perseguição. A pessoa por que agora ansiava
tornou-se seu perseguidor , e a essência da fantasia de desejo
tornou-se a essência da perseguição.

Uma das modificações foi a substituição de Flechsig pela figura


superior de Deus. Isso parece, a princípio, um sinal de
agravamento do conflito, mas logo se torna evidente que
preparava o caminho para a segunda mudança, e, com esta, a
solução do conflito. Era impossível para Schreber resignar-se a
representar o papel de uma devassa para com seu médico, mas a
missão de fornecer ao Próprio Deus as sensações voluptuosas que
Este exigia não provocava tal resistência por parte de seu ego. A
emasculação, agora, não era mais uma calamidade; tornava-se
‘consonante com a Ordem das Coisas’, servia de instrumento para
a recriação da humanidade, ‘com uma nova raça de homens,
nascida do espírito de Schreber’. Por esse meio, fornecia-se uma
saída que satisfaria ambas as forças em contenda. Seu ego
encontrava satisfação na megalomania, enquanto que sua fantasia
feminina de desejo avançava e tornava-se aceitável. A luta e a
doença podiam cessar.

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