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ESTUDO DIRIGIDO II – Trabalho Prescrito x Trabalho Real

Sane Masson Costa

QUESTÃO 1:

 Os objetivos a serem atingidos e os resultados a serem obtidos, em


termos de produtividade, qualidade, prazo;
 Os métodos e procedimentos previstos;
 As ordens emitidas pela hierarquia (oralmente ou por escrito) e as
instruções a serem seguidas;
 Os protocolos e as normas técnicas e de segurança a serem seguidas;
 Os meios técnicos colocados à disposição – componente da prescrição
muitas vezes desprezado;
 A forma de divisão do trabalho prevista;
 As condições temporais previstas;
 As condições socioeconômicas (qualificação, salário).

QUESTÃO 2:

Situações em que as prescrições não são identificadas com clareza ou que se


apresentam de forma implícita nos induzindo a pensar que se trata de casos
onde o trabalho se desenvolve sem injunções, porém recai sobre o trabalhador
na forma de sobre-trabalho que não é nem remunerado.

QUESTÃO 3:

São ‘normas antecedentes’ vinculadas a aquisições da inteligência e


experiência coletiva (e, neste sentido, bens de todos). Essas normas referem-
se aos saberes técnicos, científicos e culturais historicamente incorporados ao
fazer (como os diferentes saberes e técnicas do campo da saúde).

As normas antecedentes estão vinculadas aos regulamentos, procedimentos


e tecnologias encontradas em determinada situação de trabalho, ao nível de
conhecimento técnico-científico e cultural de uma certa sociedade e aos
valores nela presentes. Ambos os conceitos se referem ao que é dado, exigido
e apresentado ao trabalhador antes de a atividade ter início. Além disso, algo
muito importante: com o conceito de normas antecedentes, podemos
vislumbrar outros níveis de prescrição do trabalho, que muitas vezes não são
apreendidos como tal.

QUESTÃO 4:
O trabalho prescrito não deve ser reduzido à expressão de dominação do
capital, pois tem um papel importante no desenvolvimento das atividades. Sua
ausência, ou a não definição clara dos objetivos, de instruções e de
determinados instrumentos de trabalho, compromete significativamente o
desenvolvimento das atividades e a saúde do trabalhador.

QUESTÃO 5:

É aquilo que é posto em jogo pelo(s) trabalhador(es) para realizar o trabalho


prescrito (tarefa). Logo, trata-se de uma resposta às imposições determinadas
externamente, que são, ao mesmo tempo, apreendidas e modificadas pela
ação do próprio trabalhador.

QUESTÃO 6:

Do ponto de vista dos trabalhadores, as variabilidades estão ligadas,


principalmente, às características das equipes (qualificações e competências
dos diferentes profissionais, se são majoritariamente compostas de mulheres,
de homens ou mistas, diferenças culturais, de ritmo etc.) e às mudanças de
‘estado’ de cada trabalhador durante a jornada, mês ou ano (condições
de saúde, problemas extraprofissionais, nascimento de filhos, desenvolvimento
de competências, expectativas e perspectivas profissionais, efeitos da idade,
fadiga etc.).

QUESTÃO 7:

A organização real do trabalho se baseia na cooperação espontânea entre os


trabalhadores, ao contrário da organização prescrita do trabalho que busca
definir separadamente os papéis, os domínios de competência e as
responsabilidades de cada um. A cooperação não pode ser prescrita: é uma
construção fundada em regras produzidas pelos coletivos de trabalho, a partir
de critérios de eficácia e de valores. Esta cooperação depende de condições
favoráveis à mobilização subjetiva – que por sua vez está relacionada à
dinâmica do reconhecimento das contribuições dos trabalhadores (invenções e
ajustes feitos) para que não haja uma paralisação da produção. Trata-se de
uma dinâmica que passa necessariamente pela visibilidade do que se faz (das
transgressões), exige a possibilidade de confiança, compreende a existência
de um espaço público interno no meio de trabalho, passa por um julgamento –
por parte dos pares, da hierarquia e dos clientes – sobre o ato profissional e o
seu produto, enfim, pelo reconhecimento da contribuição. Logo, o trabalho real
apresenta também uma dimensão subjetiva e intersubjetiva.

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