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FACULDADE DE CIÊNCIAS MEDICAS E JURITICAS – FACMED

MANTENEDORA DA FACULDADE DO BICO DO PAPAGAIO - FABIC

ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA E NEONATAL

TREINO DE MUSCULATURA RESPIRATÓRIA EM CRIANÇAS E


ADOLESCENTES COM FIBROSE CÍSTICA

RESPIRATORY MUSCULATURE TRAINING IN CHILDREN AND ADOLESCENTS


WITH CYSTIC FIBROSIS

Nome: Jocimara da Cruz Santos


Orientadora: Profa DraJuliana Fernandes

São Paulo
2022
FACULDADE DE CIÊNCIAS MEDICAS E JURITICAS – FACMED
MANTENEDORA DA FACULDADE DO BICO DO PAPAGAIO - FABIC

TREINO DE MUSCULATURA RESPIRATÓRIA EM CRIANÇAS E


ADOLESCENTES COM FIBROSE CÍSTICA

RESPIRATORY MUSCULATURE TRAINING IN CHILDREN AND ADOLESCENTS


WITH CYSTIC FIBROSIS

Monografia apresentada a Faculdade de Ciências


Médicas e Jurídicas (FACMED) e Mantenedora da
Faculdade do Bico do Papagaio (FABIC), como parte em
pré-requisitos para obtenção do título de especialista em
fisioterapia intensiva pediátrica e neonatal, sob orientação
da Prof. Dra. Juliana Fernandes

São Paulo
2022
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6

METÓDOS .................................................................................................................. 7

Estratégias de pesquisa ........................................................................................ 7

Critérios de elegibilidade ................................................................................... 7

AVALIAÇÃO DO RISCO DE VIÉS ............................................................................ 8

RESULTADOS .......................................................................................................... 10

ESTUDOS INCLUIDOS ........................................................................................... 10

RISCO DE VIÉS ........................................................................................................ 14

DISCUSSÃO ............................................................................................................. 15

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 18

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 19
RESUMO

INTRODUÇÃO: A Fibrose cística (FC) também conhecida como


muscoviscidose é uma doença autossômica recessiva crônica, identificada por meio
de alterações no DNA regulador da condutância transmembrana. O excesso de
muco irregular nas vias aéreas é o principal causador de inflamação e infecções nos
pulmões, gerando anomalia no sistema respiratório. O diafragma é um músculo
inspiratório que pode fadigar depois de praticar exercício físico, por esse motivo tem
sido desenvolvidas pesquisas sobre a eficácia do treino da musculatura respiratória
(TMR), que tem como otimizar a resistência dos músculos inspiratórios e
expiratórios. OBJETIVO: Investigar os benefícios do treino muscular respiratório em
pacientes com fibrose cística, mostrando se há mudanças significativas quanto à
tolerância ao exercício físico e resistência muscular respiratória. MÉTODO: Trata-se
uma revisão sistemática entre os meses maio/2021 a fevereiro 2022, foram
utilizados artigos científicos retirados das bases de dados Scopus, PubMed, PeDro,
e Embase, a partir das buscas foram encontrados 251 artigos, de acordo com os
critérios desta revisão 245 artigos foram excluídos. RESULTADOS: A partir dos
critérios de inclusão desta revisão, 6 artigos fizeram parte da tabela de resultados.
Em todos os estudos os participantes tiveram diagnóstico confirmado de fibrose
cística, e como intervenção todos receberam treino da musculatura respiratória, a
freqüência de sessões, tempo e execução também variaram, sendo 2 a 5 vezes na
semana, 20 a 30 minutos de TMR, todos os estudos descreveram métodos de
avaliação (teste função pulmonar e teste físico) como um critério para realizar a
intervenção. Conclusão: O treino da musculatura respiratória mostrou-se eficaz e
benéfico significativamente, propiciando o aumento da resistência dos músculos
respiratórios, tolerância ao esforço físico e melhora da qualidade de vida, além do
aumento PImáx e PEmáx.

PALAVRAS CHAVES: Crianças e adolescentes, fisioterapia, treino muscular


respiratório, fibrose cística.
ABSTRACT

INTRODUCTION: Cystic fibrosis (CF) also known as muscoviscidosis is a


chronic autosomal recessive disease, identified through changes in the DNA that
regulates transmembrane conductance. Excess irregular mucus in the airways is the
main cause of inflammation and infections in the lungs, causing anomaly in the
respiratory system. The diaphragm is an inspiratory muscle that can fatigue after
physical exercise, for this reason, research has been carried out on the effectiveness
of respiratory muscle training (RMT), which optimizes the resistance of the inspiratory
and expiratory muscles. OBJECTIVE: To investigate the benefits of respiratory
muscle training in patients with cystic fibrosis, showing whether there are significant
changes in physical exercise tolerance and respiratory muscle resistance. METHOD:
This is a systematic review between the months of May/2021 to February 2022,
using scientific articles taken from the Scopus, PubMed, PeDro, and Embase
databases, from the searches, 251 articles were found, according to the criteria from
this review 245 articles were excluded. RESULTS: Based on the inclusion criteria of
this review, 6 articles were included in the results table. In all studies, participants
had a confirmed diagnosis of cystic fibrosis, and as an intervention, all received
respiratory muscle training, the frequency of sessions, time and execution also
varied, being 2 to 5 times a week, 20 to 30 minutes of RMT, all the studies described
assessment methods (pulmonary function testing and physical testing) as a criterion
for performing the intervention. Conclusion: Respiratory muscle training proved to
be effective and significantly beneficial, providing increased resistance of respiratory
muscles, tolerance to physical effort and improved quality of life, in addition to
increasing MIP and MEP.

KEY WORDS: Children and adolescents, physical therapy, respiratory muscle


training, cystic fibrosis.
6

INTRODUÇÃO

A Fibrose cística (FC) também conhecida como muscoviscidose, (8) é uma


doença autossômica recessiva crônica, identificada por meio de alterações no DNA
regulador da condutância transmembrana, essa alteração diminui a excreção de
cloreto causando ressecamento nas glândulas exócrinas, por conseqüência
comprometendo o sistema respiratório digestivo e reprodutor.(5)o
Estima – se que pessoas com fibrose cística podem viver até 45 anos,(5) a
doença é mais comum na população da Europa, sendo 1 a cada 3.500
nascimentos.(7) Já no Brasil podem ser alternados segundo a localidade, na região
do Rio Grande do Sul os números associam-se à Europa, sendo 1 a cada 2.000 e 1
a cada 5.000 nascimentos, já nos estados de Minas gerais, Paraná e Santa Catarina
apresenta 1 a cada 9.000 nascimentos. (8)
O excesso de muco irregular nas vias aéreas é o principal causador de
inflamação e infecções nos pulmões, gerando anomalia no sistema respiratório, que
por conseqüência gera bronquiectasia e obstrução em vias áreas superior,
diminuindo o volume de força expiratório, assim gerando dispnéia excedente, sendo
a principal queixa em pacientes com FC.(5)
A cifose torácica também é comum em pacientes com FC, sendo que, essa
deformidade pode levar limitação da complacência pulmonar, reduzindo o volume e
capacidade pulmonar, levando ao aumento do esforço a resistência respiratória. (5)
Segundo estudos, o diafragma é um músculo inspiratório que pode fadigar
depois de praticar exercício físico, por esse motivo tem sido desenvolvidas
pesquisas sobre a eficácia do treino da musculatura respiratória (TMR), que tem
como objetivo otimizar a resistência dos músculos inspiratórios e expiratórios, dessa
forma aumentando a tolerância a atividade física. (4)
Encontram-se na literatura dois tipos de treino realizado através de um
aparelho manual sendo a pressão e fluxo, a respiração é realizada por meio de uma
pequena abertura, restringindo a passagem de ar, aumentando o esforço
respiratório, a fim de vencer a resistência do aparelho. Por esse motivo é utilizada
uma carga, sendo uma Pressão Inspiratória Máxima (PImáx) e Pressão Expiratória
Máxima (PEmáx), ajustado na válvula de acordo com a resistência máxima do
paciente, a condução da intensidade ao exercício é realizada através séries,
7

repetições, tempo, e sessões, podendo ser em modo contínuo ou intervalado, o


treino precisa ser feito acompanhado de um fisioterapeuta especializado. (1, 2, 3, 4, 5)
Esse estudo tem como objetivo investigar os benefícios do treino muscular
respiratório em pacientes com fibrose cística, mostrando se há mudanças
significativas quanto à tolerância ao exercício físico e resistência muscular
respiratória.

MÉTODOS

Estratégias de pesquisa
O presente estudo trata-se uma revisão sistemática entre os meses
maio/2021 a fevereiro 2022. O intuito do trabalho foi comparar a resistência dos
músculos respiratórios, tolerância ao exercício físico e qualidade de vida, após um
programa de treino da musculatura respiratória em crianças e adolescentes com
fibrose cística. Para realizar a pesquisa foram utilizados artigos científicos retirados
das bases de dados Scopus, PubMed, PeDro, e Embase onde foram utilizada as
seguintes palavras chaves e termos: “Children and teenager” OR “Physiotherapy”
OR “Respiratory muscle training” OR “Cystic fibrosis”.

Critérios de elegibilidade
A partir das buscas foram encontrados 251 artigos, no qual os critérios de
exclusão foram títulos que não condizia com o tema, estudos somente em adultos,
técnicas que não havia semelhança com a intervenção, como manobras de higiene
brônquica, e pacientes hospitalizados. De acordo com os critérios desta revisão 245
artigos foram excluídos, sendo apenas 6 selecionados.
8

AVALIAÇÃO DO RISCO DE VIÉS

O risco de viés foi classificado de todos os estudos incluídos, utilizando a ferramenta


PEDRO. Foram analisados os seguintes itens:
Critério de elegibilidade
Alocação randomizada
Alocação oculta
Comparação dos dados basais
Cegamento dos pacientes
Cegamento dos terapeutas
Cegamento dos avaliadores
Follow up (perda aceitável de até 20% - confirmar)
Análise de intenção de tratar
Comparação intergrupos
Estimativas pontuais e variabilidade
9

Figura 1 – Fluxograma PRISMA do processo de inclusão do procedimento de


seleção de artigos
Identificação

Registro identificados por Registros adicionais


meio da pesquisa no banco identificados por outras
de dados (n= 251) fontes (n= 1)

Registros após duplicados


removidos (n= 254)
Triagem

Registros excluídos
(n = 245)
Registros selecionados Por título
(n= 9) Faixa etária
Outras doenças respiratórias
Elegibilidade

Não submetidos à TMR

Artigos de texto completo


Artigos de texto completo
excluídos, com motivos (n = 3)
avaliados quanto à
elegibilidade (n = 6)
Estudos sem TMR = 3
Incluídos

Estudos incluídos na
síntese qualitativa (n = 6)
10

RESULTADOS

A partir dos critérios de inclusão desta revisão, 6 artigos fizeram parte da


tabela de resultados. Nos seguintes estudos as idades dos pacientes variaram 6 a
18 anos, porém dois estudos incluíram adultos 24-34 anos. Em todos os estudos os
participantes tiveram diagnóstico confirmado de fibrose cística, e como intervenção
todos receberam treino da musculatura respiratória, destes apenas um teve objetivo
de avaliar a força muscular respiratória através medição, outro estudo investigou o
TMR combinado com treino aeróbio. A freqüência de sessões, tempo e execução
também variaram, sendo 2 a 5 vezes na semana, 20 a 30 minutos de TMR, as séries
e repetições de cada artigo foram dessemelhante. Os desfechos foram PImáx,
PEmáx, resistência muscular respiratória, capacidade ao exercício, e qualidade de
vida.

ESTUDOS INCLUIDOS

Foram incluídos 5 ensaios clínicos randomizados, e 1 revisão sistemática.


Dentre eles de acordo com a tabela somente um não houve melhorias significativas,
após o TMR, os demais foram eficaz e benéfico aos pacientes. Todos os estudos
descreveram métodos de avaliação (teste função pulmonar e teste físico) como um
critério para realizar a intervenção.
Tabela 1 – Características dos estudos incluídos na revisão sistemática (n= 6) 11

Autor/ Ano
Objetivo Participantes/ PeDro Desfechos Intervenção Resultados
Tipo de estudo
Os dois grupos receberam o TME,
durante 6 semanas, todos os pacientes
• Pico de fluxo de
realizaram treinamento de 20 min, duas
Investigar o efeito do 30 Pacientes tosse (PFT) O grupo de treinamento
vezes ao dia, por 5 dias na semana,
treinamento muscular • Força muscular apresentou melhora do
usando PEP de limiar de dispositivo de
expiratório (TME) no Separados em dois respiratória PFT, PEmáx, PImáx, já o
exercício muscular respiratório, sendo
Emirza Cigdem pico fluxo de tosse e em grupos, todos • Funções grupo simulação também
em média 5–20 cmH2O de pressão. A
el al, segundo lugar nas receberam a mesma pulmonares apresentou melhora do
carga de treinamento foi determinada
2021 funções musculares intervenção • Capacidade de PFT, porém quando
usando 30% da PEmáx no grupo de
ECR respiratórias, exercício exercício comparado os valores
treinamento, recalculada a cada 2
funcional capacidade e Idade 8-18 anos • Qualidade de vida achados na PEmáx os
semanas, já no grupo simulação, a carga
qualidade de vida na classificação global resultados foram maiores
de treinamento foi mais baixa
fibrose cística. 8/10 de pontuação de no grupo intervenção.
(5cmH2O). A força dos músculos
mudança (CGPM)
respiratório foram medidos a cada 2
semanas.

GI realizou treino aeróbio + TMI, já GC


Avaliar os efeitos do
• PImax realizou apenas treino aeróbio. GI
treinamento muscular
• Aptidão começou com aquecimento de 10 min
inspiratório (TMI)
cardiorrespiratória em cicloergômetro, continuado de 20-40
combinado de 8 20 Pacientes
(VO2pico) min no mesmo, e 'jogo ativo'(correr e
semanas e exercício
(desfechos jogar futebol, 15 min), foi realizado treino
(resistência+aeróbico) Grupo controle (GC)
primários) de força muscular em MMSS, MMII +
no volume pulmonar, grupo intervenção TME melhorou o PFT e a
Abdominais, sendo 1 série de 12- 15
força muscular (GI), os dois grupos PEmáx, vitalidade. G1
Sosa Elena et al, • Força muscular repetições. Cada criança realizou duas
inspiratória (PImáx) e tinham 6 meninos e 4 apresentou aumento PImáx
2013 dinâmica sessões de TMI durante o dia, a sessão
aptidão meninas, total 10 e tolerância aos exercícios
ECR • Composição durou 5min. De 30 inspirações através
cardiorrespiratória partipantes em cada. segundo questionário
corporal de um dispositivo contra uma carga
(VO2pico) e força respondido pelos pais.
• Qualidade de vida correspondente a 40% (semanas 1-2) e
muscular dinâmica, Idade 6-17 anos
(QV) em pacientes 50% de Plmax (semanas 3-4), e para
composição corporal e
pediátricos 40% PImax avaliada após a semana 4
qualidade de vida (QV) 7/10
ambulatoriais com (semanas 5-8). Após o período de
em pacientes
FC (desfechos intervenção, os participantes do grupo de
pediátricos
secundários). intervenção efetuaram destreinamento
ambulatoriais com FC.
de 4 semanas.
12

Autor/ Ano
Objetivo Participantes/ PeDro Desfechos Intervenção Resultados
Tipo de estudo

Não houve alterações


Reexaminar a potencial
significativas em PImax no
influência do
grupo controle, porém o
treinamento muscular
20 Pacientes grupo experimental
inspiratório TMI em
Pacientes foram treinados antes do aumentou
jovens crianças com FC
Grupo Experimental • Função respiratória protocolo com dispositivo Threshold, significativamente a PImax
Sawyer Elspeth e secundariamente
(GE) = 10 Grupo • Força muscular aprendendo realizar inspiração máxima. uma média de 13%
et al, avaliar se um programa
Controle (GC) = 10 respiratória GE foi utilizado 60% de carga de PImáx, (p<0,01). Há melhorias na
1993 de TMI poderia ser
• Tolerância ao o GC 10% de carga. Todos foram força muscular inspiratória,
ECR efetivamente
Idade 7-14 anos exercício treinados por 30 minutos, sete vezes na volumes e capacidade
incorporado ao
semana. máxima de exercício.
programa de fisioterapia
7/10 Porém está não evidente
de um grupo de
quanto ao aumento PImáx,
pacientes relativamente
devido aos baixos valores
jovens.
apresentados.

• Função pulmonar
• Capacidade de
exercício
Não há evidencias
• Qualidade de vida
19 estudos, onde 9 Os estudos incluíram treinamento completas que o TRM é
(desfechos
estudos com 202 muscular inspiratório ou expiratório, ou eficaz em pacientes com
primários)
participantes. em conjunto, com carga resistiva (fluxo FC. Os dois estudos em
Determinar a eficácia do
resistivo ou limiar de pressão, ou crianças e jovens não
treinamento muscular • Função dos
N Hilton el al, Dois estudos em conjuntamente) e treinamento de especificou qual carga ou
respiratório em músculos
2018 criança hiperpneia normocápnica. Todos os intensidade utilizada,
resultados clínicos em respiratórios
RS estudos foram ensaio randomizado freqüência e tempo dos
pessoas com fibrose • Força e resistência
Idade 6-18 anos / 9- controlado (ERC). Apenas Dois estudos exercícios, e quais dados
cística. muscular respiratória
24 anos relataram faixas etárias que incluíram achados no teste. Por esse
• Frequência e
crianças, adolescentes e adultos jovens; motivo fica incerto os
duração das
4/10 6 a 24 anos. resultados dos estudos
infecções
revisado.
respiratórias
(desfechos
secundários).
13

Autor/ Ano
Objetivo Participantes/ PeDro Desfechos Intervenção Resultados
Tipo de estudo

Os pacientes receberam treinamento de


3 sessões com dispositivo de treino de
Houve melhora relevante
Testar o efeito do resistência muscular respiratória. Após
do teste de resistência
treinamento muscular 22 pacientes treinamento foi divido dois grupos, GC e
muscular respiratória
respiratório usando • Capacidade de GI. O GC realizou fisioterapia torácica, já
Bieli Christian et al, (7min.), aumento da
resistência muscular Idade 8-18 anos exercício o GI realizou treino de resistência
2017 resistência ao exercício,
respiratória e • Resistência muscular respiratório sendo duas vezes
ECRI melhora VEF1. O treino de
capacidade de exercício 6/10 muscular respiratória ao dia, durante segunda semana foi
resistência muscular
como as medidas de aumentado freqüência respiratória e
respiratório foi eficaz em
resultado primário. duração de treinamento (5min para
crianças com FC.
10min). Ambos grupos realizaram 8
semanas de treinamento.

Os participantes foram separados em


Comparar a função e dois grupos com faixa etária diferentes,
força muscular por G1 (6-12 anos) e G2 (12-34 anos). O A PTImusc foi superior no
medição de Índice de dois grupos receberam fisioterapia G1 (6-12 anos) comparado
pressão-tempo dos respiratória padrão em todos os dias, ao G2 (12-34 anos), houve
músculos respiratórios 140 pacientes foram medidas pressão das vias aéreas aumento relevante da
Dassios Theodore
(IPTmus), PImáx, (PVA), PImáx, PEmáx, freqüência PImáx e PEmáx. Os
et al, • PImáx
PEmáx entre pacientes Idade 6-34 anos respiratória (FR), volume minuto(VM), valores que correspondem
2013 • PEmáx
com FC, sem volume corrente (VC), tempo inspiratório o trabalho dos músculos
ECR
hiperinflação grosseira e 5/10 (TI), tempo total para cada respiração respiratório são diferentes
controle em grande (Ttot) e o tempo do ciclo respiratório em crianças com menor
corte composta por (Ti/Ttot), Foi calculado o índice de idade, em comparação à
crianças, adolescentes pressão-tempo dos músculos maior e idade e adultos.
e adultos. inspiratórios, sendo PTImus ¼
(PEmáx/PImáx) (TI/Ttot).
14

RISCO DE VIÉS

O risco de viés foi avaliado pela escala PeDro, as notas dos estudos incluídos
variaram de 4 - 8.
Foram ensaios clínicos sendo 3 randomizados, e 1 randomizado
intervencionista, e 1 revisão sistemática, risco de viés se deu no não cegamento dos
sujeitos e terapeutas. Apenas 1 estudo teve cegamento dos avaliadores, 5 estudo
teve análise de intenção de tratar e 1 estudo apresentou perda de seguimentos. 5
apresentaram dados baseline e comparação intergrupo.
15

DISCUSSÃO

De acordo com as informações apresentados nesta revisão o treino muscular


respiratório pode leva ao aumento da resistência muscular respiratória, e tolerância
ao exercício físico.(1,2,3,4)
Os critérios de inclusão dos estudos foram pacientes com diagnóstico
confirmado de FC, crianças e adolescentes, atendidos em ambulatório, clinicamente
estáveis, respondido Questionário de Doenças Respiratórias (QDR), relacionada
qualidade de vida, e apresentassem resultados positivos quantos aos testes e
critérios de avaliação, foram medidos volume expiratório forçado (VEF), capacidade
vital forçada (CVF) PImáx e PEmáx,(1,2,3,4) em um estudo além dos testes de função
pulmonar foi realizado teste de caminhada de 6 minutos,(1) já em outro foi feito o
teste na esteira com protocolo de Bruce.(1)
Alguns métodos de avaliação da musculatura respiratória auxiliam nesses
achados e na intervenção correta para prosseguir o tratamento. (1,2,3,4)
O Índice de pressão-tempo diafragmática (IPTdi) afere o desempenho de
pressão do diafragma, a fraqueza da musculatura diafragmática é comum em
pacientes com FC, a diminuição de força gera fadiga muscular respiratória,
interferindo no desempenho destes pacientes, porém é um método invasivo que fixa
um cateter gastresofágico, causando incomodo quando realizado, um método não
invasivo é o Índice de pressão-tempo dos músculos respiratórios (IPTmus), sendo
possível mensurar PImáx e PEmáx através manuvacuômetro, a PImáx é mensurada
seguindo o volume residual (VR), depois de um esforço inspiratório, já PEmáx pode
ser mensurada seguindo a capacidade pulmonar total (CPT) logo após esforço
expiratório, a partir destas medições identifica se há necessidade de fortalecer a
musculatura respiratória.(6)
Segundo estudos, o treino aeróbio apresenta resultados positivos quanto à
melhora da resistência física em pacientes com FC, porém há poucos estudos
abordando o TMR isoladamente ou associado a treino aeróbio. Durante o TMR os
músculos que auxiliam na expansão do tórax trabalham em conjunto, com objetivo
de conduzir a ventilação aos pulmões, assim melhorando o volume inspiratório e
volume expiratório.(2)
Foi discutido em um ensaio clínico o treino da musculatura inspiratória
associado ao treino aeróbio com resistência, em curto prazo, as crianças foram
16

separadas em dois grupos sendo intervenção (treino aeróbio + TMI) e controle


(treino aeróbio isolado), foi efetuado aquecimento, treino aeróbio, exercícios de
resistência muscular, o TMI foi realizado após o treino, sendo duas vezes ao dia, 5
minutos de 30 inspirações, a carga foi aumentada a cada semana. Após este
protoloco o consumo de oxigênio de pico (VO2pico), apresentou boa diminuição
gradativa, sendo o aumento VO2pico uma das principais causa de mortalidade em
pacientes com FC.(2)
Sawyer Elspeth et al, observou boa evolução na força muscular inspiratória, e
no volume e capacidade máxima, após o tratamento com intensidade através do
dispositivo Threshold, dois grupos experimental e controle, realizaram 30 minutos
de atendimento por dia, 7 vezes na semana. No grupo experimental foram treinados
inicialmente 50% de carga e gradualmente com 60%, e o grupo controle com 10%
de carga, durante a avaliação feita no manômetro portátil para medir Plmáx,
observou-se que não ocorreu modificações relevante na PImáx no grupo controle,
mas o grupo experimental aumentou 13% da PImáx, além de aumento da
capacidade vital, não foi observado mudanças quanto à resistência durante o
exercício físico(3)
Já em outro estudo foi realizado o treino muscular expiratório com objetivo de
investigar o efeito do pico fluxo de tosse, pois a tosse ineficaz leva aumento de
obstrução nas vias aéreas, aumentando o índice de infecções nesses pacientes. Os
resultados mostraram que o TME levou ao ganho de força muscular respiratório,
melhora atividade de vida diária (segundo os pais), aumento pico fluxo de tosse,
PEmáx, e PImáx,segundo os autores o aumento PImáx pode ser devido ao esforço
para realizar a inspiração forçada durante o treino, não houve mudanças na
espirometria, sendo em aumento ou diminuição.(1)
TME também gera desobstrução das vias aéreas e aumento VEF1, já a
fisioterapia torácica convencional (Expansão torácica, vibração, drenagem
autogênica, dispositivos oscilatórios), gera apenas a desobstrução de VA. Bieli
Christian et al aplicaram em seu estudo questionário de fibrose cística, (CFQ), onde
os pacientes não referiram melhora ao tratamento com TME ou fisioterapia torácica,
principalmente quanto à resistência ao exercício, porém o teste muscular expiratório,
realizado pré e pós – tratamento, mostrou-se evolução considerável, como também
o aumento VEF1, após um programa de TME. Mas, como relatado pelos pacientes
não foi notado aumento da tolerância ao exercício físico.(4)
17

É evidente e muito importante, a aplicação de testes que avaliam a resistência


muscular respiratória, bem como testes de esforço físico, pois conforme citado nesta
revisão a maioria dos autores analisaram mudanças significativas através dos dados
no monômetro, espirômetro, distância percorrida (pré e pós - tratamento), e
tolerância ao esforço físico ou força muscular, mesmo com relatados que o
tratamento não foi benéfico.(1,2,3,4)
Em contrapartida uma revisão sistemática publicada Cochrane não evidenciou
se há eficácia ou não para prescrever a terapia, tão pouco melhorias relevante
quanto o TMR em crianças, jovens, e adultos, Foram identificados dois estudos em
crianças e jovens (6-18 anos e 9-24 anos), no qual nenhum dos estudos descreveu
a carga utilizada durante o treino, mas à força muscular respiratória foi medida e
especialmente VEF1 apesar disso não foram relatados os resultados, entretanto
descreveram que houve aumento da resistência muscular respiratória no grupo
experimental, quando comparado ao grupo controle. (5)
Torna-se claro que, estudos que não apontam dados ou não descrevem
nitidamente suas analises de pesquisa, como testes aplicados, intensidade ou
métodos utilizado, séries, repetições, sessões e tempo podem ser de baixo viés.
Pois, expõe dificuldade em comparar alterações relevantes nestes pacientes, até
mesmo conflito quando realizado pesquisa ou revisão na literatura. (5)
Assim os resultados desta revisão sistemática mostraram que o TMR tem
eficácia quanto o aumento da resistência muscular respiratória, tolerância ao esforço
físico e melhora da qualidade de vida em pacientes com FC(1,2,3,4), desde que
mensurado PImáx e PEmáx pré e pós– tratamento, e a intervenção a ser aplicada
descrita de maneira clara e evidente, levando em conta a intensidade, freqüência, e
tempo.(1,2,3,4,5)
Sobre as limitações desta revisão foram encontrados poucos estudos nas
bases dados, bem como dificuldades para encontrar os artigos de maneira precisa,
todos os artigos apontaram melhoras após TMR, exceto um que não apontou
melhoras(5) pois não apresentaram os resultados de forma clara e evidente. São
necessários mais estudos que esclareceram os testes e intervenção, assim
auxiliando o profissional que buscam conhecimento nesta aérea de maneira mais
distinta.
18

CONCLUSÃO

O treino da musculatura respiratória mostrou-se eficaz e benéfico


significativamente, propiciando o aumento da resistência dos músculos respiratórios,
tolerância ao esforço físico e melhora da qualidade de vida, além do aumento PImáx
e PEmáx. Deste modo, a aplicação TMR revelou ser viável e seguro na recuperação
em crianças e adolescentes com fibrose cística. Tornam-se necessárias novas
pesquisas a fim de aperfeiçoar conhecimentos e a pratica clinica.
19

REFERÊNCIAS

1. Emirza Cigdem, Kilinc Ayse, Aslan Goksen, Cokugras Haluk. Effect of


expiratory muscle training on peak cough flow in children and adolescents with
cystic fibrosis: a randomized controlled trial. 2021; 56, 939–947.

2. Sosa Elena, Saiz Laura, Groeneveld Iris, Asensi José, Aguero Maria, Fleck
Steven, el al. Benefits of combining inspiratory muscle with ‘whole muscle’
training in children with cystic fibrosis: a randomised controlled trial. 2013; 00,
1-6.

3. Sawyer Elspeth, Clanton ThomtlS. Improved pulmonary function and exercise


tolerance with inspiratory muscle conditioning in children with cystic fibrosis.
1993; 5, 1490-1497.

4. Bieli Christian, Summermatter Selina, Boutellier Urs, Moeller Alexander.


Respiratory muscle training improves respiratory muscle endurance but not
exercise tolerance in children with cystic fibrosis. 2017; 52, 331-336.

5. N Hilton, Moya Solis A. Respiratory muscle training for cystic fibrosis (review).
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6. Dassios Theodore, Katelar Anna, Doudounakis Stavros, Mantagos Stefanos,


Dimitriou Gabriel. Respiratory muscle function in patients with cystic fibrosis.
2013; 48, 865–873.

7. T Radtke, SJ Nevitt, H Hebestreit, S Kriemler. Physical exercise training for


cystic fibrosis (review). 2017; 11, 276-8.

8. Haack Adriana, Novaes Maria. Exercício físico e fibrose cística: uma revisão
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