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 O eu lírico reflete sobre as palavras, ou sobre o seu processo composicional.

Assim como as
árvores são diferentes, as palavras precisam se combinar da mesma forma apenas
ocasionalmente. Seu pensamento e escrita buscam alcançar a naturalidade das cores, embora
não o consiga. Os pensamentos o impedem de “ser todo” no seu “exterior”. Para isso, seu
interior precisaria calar. Assim, seu ato de olhar o comove, não os pensamentos, aproximando-
o da poesia natural pretendida.

Analise :

 ''Raras vezes /Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra''

Ao escrever isto (tendo em conta a escrita inocente de Caeiro) o poeta quer dizer, de facto, que não há
duas árvores iguais seguidas, que nada é igual a nada.

 ''Penso e escrevo como as flores têm cor / Mas com menos perfeição no meu modo de
exprimir-me /Porque me falta a simplicidade divina /De ser todo só o meu exterior ''

 ''Olho e comovo-me, / Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado, / E a minha
poesia é natural como o levantar-se o vento... ''

No final deste poema o poeta mostra-se comovido pelo facto da sua poesia ser tão natural como o
levantar do vento.

Não me Importo com as Rimas


Alberto Caeiro

 Personagem ficcional (heterônimo) criada por Fernando Pessoa;


 Surgiu como resposta à dor de pensar;
 Considerado o Mestre Ingenuo dos restantes heterônimos (Álvaro de Campos e Ricardo Reis) e
do seu próprio autor;
 Poeta ligado à natureza, que despreza e repreende qualquer tipo de pensamento filosófico,
afirmando que pensar obstrui a visão;
 Afirma que, ao pensar, entramos num mundo complexo e problemático onde tudo é incerto e
obscuro;
 É um poeta de completa simplicidade, e considera que a sensação é a única realidade;
 “Poeta bucólico de espécie complicada''

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XIV"

Heterónimo de Fernando Pessoa

Biografia: (16 de Abril de 1889-1915) Nasceu em Lisboa. Morreu de Tubercolose;


Aspeto fisico: Estatura média, louro, sem cor, olhos azuis e cara rapada;
Formação académica: Instrução primária;
Residência: Viveu grande parte da sua vida pobre e frágil no Ribatejo, na quinta da sua tia-avó idosa,
Obras: ''O guardador de Rebanhos'', entre outros.
Neste excerto Caeiro fala das flores (remetendo à sua vida passada no campo e à Natureza). Estas têm
cor naturalmente, é algo que ja nasce com elas, e é tudo o que elas são: Aquele exterior. O poeta
remete que tem a inocencia e facilidade de pensar e escrever como as ditas flores mas que lhe falta a
simplicidade no seu modo de se exprimir.

Não me importo com as rimas. Raras vezes

Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.

Penso e escrevo como as flores têm cor

Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me

Porque me falta a simplicidade divina

De ser todo só o meu exterior

Olho e comovo-me,

Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,

E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...

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