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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Padrões de Comportamento na relação Interpessoal

A Percepção dos Outros e do Mundo

Tendemos a ter uma maneira particular de pensar o mundo que se baseia na ideia de que os
objectos, as pessoas, as coisas, as situações e os acontecimentos são reais e dotados de características
fixas. A maneira como falamos traduz esta convicção. Dizemos: é um banco, é azul, é bonito. É através dos
sentidos que vamos captando a realidade envolvente.

Mas a realidade não é tão definitiva quanto nos parece: muitos objectos, acontecimentos e situações
que nos são familiares deixam de ter o mesmo sentido quando os fazemos passar de uma cultura para outra
e mesmo os comportamentos considerados habituais podem mudar radicalmente de significado consoante os
“padrões de referência” culturais. Isto significa que a nossa percepção acerca de algo depende da existência
de “pontos de referência” que nos permitem, não compreendê-lo na sua realidade, mas atribuir-lhe um certo
significado. Por exemplo, quando consideramos que alguém é alto, magro, inteligente, amável é necessário
podermos compará-lo com pelo menos uma pessoa. Quando vemos um indivíduo do sexo masculino, de
nacionalidade alemã, consideramos que é alto comparado com um indivíduo português, mas se o
compararmos com um outro da mesma nacionalidade, a altura é basicamente a mesma. Isto significa que
percebemos relacionalmente. Os provérbios salientam também a relatividade do que vemos: “quem ama feio
bonito que parece”; “ o amor é cego, surdo e mudo”.

Estes padrões de referência e a sua percepção variam também de indivíduo para indivíduo, ou seja,
cada indivíduo vai construindo o seu próprio mundo interior e interpretando os mesmos acontecimentos/
situações de forma diferente, atribuindo-lhes um significado pessoal, isto significa que o ser humano não é um
receptor passivo.

Assim, poderemos considerar que o modo como percepcionamos as coisas e o mundo que nos
rodeia é influenciada por inúmeros factores, entre os quais o contexto social, económico e cultural em que
os indivíduos se desenvolvem. A percepção tem desta forma um significado particular para cada sujeito, em
função das suas experiências anteriores, das suas emoções, ideias, sentimentos, entre outros.

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De acordo com Tagiuri (1958) existem três variáveis que influenciam a percepção: características do
indivíduo percebido, a situação social em que o indivíduo percebido se encontra e as características/pontos
de referência do sujeito que percebe.

Características do indivíduo percebido: A nossa impressão sobre uma pessoa é grandemente


afectada pelas características que ela exibe, e que são dependentes do papel que a pessoa assume e que
por sua vez depende da audiência/situação em que se encontra.

Situação social em que o indivíduo percebido se encontra: A percepção que temos de uma
pessoa pode ser determinada pela natureza da situação física. Por exemplo, se durante a noite vemos uma
pessoa parada no escuro, provavelmente temos a impressão de ser um ladrão e aproximamo-nos com
precaução. Se a aproximação é realizada durante o dia, provavelmente a nossa impressão será que a pessoa
está à espera de alguém.

Características/pontos de referência do sujeito que percebe: a percepção depende do estado da


pessoa, dos seus valores e expectativas. Por exemplo, os indivíduos podem distorcer a sua percepção sobre
outros devido aos seus desejos: a percepção de adeptos de duas equipas de futebol que se confrontaram,
difere consideravelmente no número de infracções observadas: as infracções da sua equipa são sempre
menos das atribuídas à equipa contrária.

A percepção da realidade, sendo um processo de construção individual, é também orientada em


função da experiência dos outros e adquirida através da comunicação e da aprendizagem.

A importância do comportamento na relação interpessoal

O homem é um ser social, e como tal vai-se desenvolvendo em função das relações mais ou menos
significativas que estabelece com os outros indivíduos.

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“Comportamento gera Comportamento”, isto é, a maneira como procedemos com os outros


influencia a maneira como os outros procedem connosco. Por exemplo, se uma pessoa, na rua, nos
cumprimenta de forma simpática tendemos a cumprimentá-la também de forma simpática; mas, se uma
pessoa é mal-educada por exemplo numa fila de trânsito, tendemos a ser também nós menos simpáticos. Isto
significa que temos tendência a ajustar o nosso comportamento àqueles com quem nos relacionamos.

O comportamento é algo que vamos desenvolvendo ao longo da nossa vida, nas mais variadas
circunstâncias, e através das inúmeras experiências pelas quais vamos passando. O ser humano não vive
isoladamente, é pois um ser social e como tal é fundamental que tente ajustar o seu comportamento, e a
forma como comunica verbalmente e não verbalmente com os outros, de forma a termos consciência da
imagem que os outros têm de nós.

É também importante termos a percepção de que não nos comportamos sempre do mesmo modo
em todas as situações. Assim, o modo como nos comportamos nas mais variadas circunstâncias reflecte o
que somos e o que pensamos.

Comportamento Agressivo

A pessoa que utiliza com frequência o estilo agressivo tende a expressar as suas emoções e
opiniões de uma forma que é hostil, exigente, ameaçadora ou punitiva para com os outros. A pessoa que tem
este comportamento defende os seus direitos à custa da violação dos direitos do outro.

Estas pessoas têm necessidade de se mostrarem superiores, sendo excessivamente críticos, não
olhando a meios para atingirem os seus fins. Têm como objectivo primordial dominar e forçar os outros a
perder, de tal como que não lhes dá oportunidade de se defenderem.

O indivíduo que apresenta comportamentos agressivos tem como características: falar alto,
interromper o outro, fazer barulho com os seus afazeres enquanto os outros se exprimem, alçar um sorriso

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irónico, manifestar por mímica o seu desprezo ou a sua desaprovação, entre outros. Com estes
comportamentos, o indivíduo agressivo pensa sempre que é ganhador.

Uma das causas mais frequentes da agressividade é o facto dos indivíduos acharem-se fracos e
vulneráveis, à mercê dos outros. Nas interacções sociais têm tendência a ver ameaças por todo o lado e a
responder agressivamente.

Ou simplesmente emitimos uma resposta exagerada face a uma situação como consequência de
experiências emocionais intensas vividas no passado, que causaram enormes frustrações, e que de
algum modo recordamos através da situação presente, temendo que todas as situações presentes e futuras
possam causar o mínimo de frustração.

Por outro lado, a origem dos comportamentos agressivos pode estar no simples desejo de
vingança, em que a pessoa está permanentemente em posição de rivalidade, já que tem sempre presente
velhas querelas e conflitos.

O agressivo é geralmente uma pessoa solitária, acabando por afastar todos os outros que o rodeiam;
está frequentemente em discussões, originando muitos conflitos e inimigos.

A nível profissional, o agressivo é geralmente autoritário, frio, depreciativo para com os outros, se
encontrar-se em posição dominante. E se encontrar-se em posição subordinada está frequentemente
insatisfeito, sempre a reclamar com os superiores.

Lidar com situações agressivas:

 Para aprendermos a lidar com situações agressivas é necessário saber utilizar críticas justificadas,
ou seja, ao inverso de fugirmos das críticas, devemos utilizá-las como meio de correcção (feed-
back). Para tal, é essencial acolhermos com tranquilidade as críticas, ouvindo-as sem um ar altivo ou
humilhado, aceitar que o outro tem o direito de nos criticar, fazendo saber que a crítica foi bem
compreendida e aceite dando-lhe razão se necessário e justo, mas mantendo sempre os nossos
princípios e valores.

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Comportamento Passivo

A pessoa que utiliza geralmente o estilo passivo falha na expressão das suas necessidades ou
preferências, emoções e opiniões. A pessoa que tem este comportamento é a primeira a violar os seus
próprios direitos, acabando por dar ao outro a permissão para também ele o fazer.

A atitude passiva é uma atitude de evitamento perante os outros; o passivo afasta-se ou submete-se
ás situações, não agindo, procurando com a sua atitude agradar aos outros e evitar o desenvolvimento de
conflitos interpessoais. Tem por isso grande dificuldade em dizer não, quando lhe solicitam alguma coisa.

O indivíduo que apresenta comportamentos passivos tem como características: timidez, silêncio,
falar baixo, roer as unhas, bater os dedos na mas, insónias, ranger os dentes, riso nervoso, entre outros.

Uma das causas para a adopção deste tipo de comportamento passa por uma desvalorização das
capacidades do indivíduo para resolver situações/problemas, bem como por uma baixa auto-estima.

Com a prática deste tipo de comportamento, o indivíduo passivo vai sofrendo e perdendo o respeito
por si próprio, desenvolvendo sentimentos de mágoa, tristeza ou zanga, uma vez que realiza as
coisas/situações que geralmente não gosta, com receio de desagradar o outro. Ao nível do emprego o
comportamento passivo origina uma má comunicação com os outros, já que raras são as vezes em que se
manifesta e opina; para os outros o indivíduo passivo constitui-se como uma incógnita, pois desconhecem as
suas necessidades e interesses.

Comportamento Manipulativo

É aquele em que a pessoa expressa as suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões de


uma forma implícita ou indirecta, frequentemente com «mensagens mistas», em que há contradições no
conteúdo ou entre o conteúdo e o comportamento não verbal. É o caso de mensagens cujo objectivo é levar o

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interlocutor a adivinhar o que quer dizer ou a sentir-se tão mal ou responsável pela pessoa que fará o que ela
quer, ainda que contra a sua vontade. A pessoa que tem este comportamento procura a satisfação das suas
necessidades violando os direitos dos outros, mas fá-lo de forma indirecta.

O indivíduo manipulador interage com os outros através de manobras de distracção ou manipulação


dos seus sentimentos, sendo essencialmente uma pessoa muito “teatral”. Relaciona-se com pessoas que
considera serem úteis para atingir os seus objectivos, e dando-lhes a percepção de que é uma pessoa
indispensável.

Em relação ás suas características, o indivíduo manipulador vai ajustando os seus gestos, postura e
expressão facial ás situações e ás pessoas.

Uma das causas para um indivíduo apresentar um comportamento manipulador é a sua própria
educação, que se pautou por ser ela própria manipuladora por parte dos progenitores. Além disso, o indivíduo
manipulador acredita que ninguém é merecedor da sua confiança e por isso não investe nas relações com os
outros.

A nível profissional, estes indivíduos não conseguem trabalhar em equipa, porque ao tentar
sobrepor-se aos outros, estes acabam por o rotular como falso, calculista ou interesseiro quando se
apercebem dos seus “truques”. É hábil na criação de conflitos, especialista em rumores, nega factos e inventa
histórias para se desresponsabilizar quando as coisas não correm pelo melhor.

Comportamento Assertivo

O comportamento assertivo pode ser definido como aquele que envolve a expressão directa, pela
pessoa, das suas necessidades ou preferências sem ser hostil para o interlocutor. É aquele que permite
defender os próprios direitos sem violar os direitos dos outros.

Um aspecto que é importante ter em conta é que NINGUÉM é 100% assertivo com todas as
pessoas e em todas as situações. Provavelmente ninguém quererá ser muito assertivo quando um indivíduo
nos passa à frente na fila para a bilheteira do cinema/correios/centro de saúde.

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Para cada pessoa, a facilidade que tem em comportar-se de forma assertiva depende muito da
pessoa a quem esse comportamento se dirige (familiares, amigos, namorado/a, crianças, etc.) e da situação
em que se encontra (expressão de sentimentos positivos, expressão de sentimentos negativos).

É um tipo de comportamento que nos permite ser mais construtivos na relação com os outros. Não é
uma característica inata ou um traço de personalidade que alguns de nós possuem e outros não. É uma
aptidão que pode ser aprendida, que cada um pode desenvolver mediante um treino sistemático e
estruturado. A maior parte das pessoas não é assertiva em todas as circunstâncias. Por exemplo, podemos
comunicar assertivamente com um colega de trabalho e ter bastante dificuldade em fazê-lo com familiares.
Não será correcto dizer que uma pessoa é simplesmente assertiva ou não assertiva, mas sim que há ou não
tendência para comunicar assertivamente em determinadas situações. Á medida que vamos agindo
assertivamente, vamos apercebendo-nos que conquistamos pequenas vitórias, que nos deixam mais
satisfeitos connosco próprios e com os outros.

Em termos de postura física, a pessoa assertiva mantém uma expressão facial tranquila e amável,
olha directamente nos olhos do outro, acenando com a cabeça, indicando que respeita o que a outra pessoa
diz, entre outros.

A mensagem verbal que transmite é: “EU E TU SOMOS IGUAIS, NO ENTANTO ISTO É O QUE EU
PENSO, SINTO E NECESSITO. RESPEITO A TUA OPINIÃO, MAS É DESTA FORMA QUE EU VEJO A
SITUAÇÃO”.

A nível profissional, a pessoa assertiva é verdadeira consigo própria mas também com ou outros,
expressando os seus sentimentos. São capazes de fazer e aceitar elogios, mas também fazer pedidos de
desculpas e lidar com críticas, quando reconhecem que o seu comportamento/desempenho não foi o mais
correcto. Para os colegas, os assertivos são óptimos para trabalhar em equipa uma vez que mantém o seu
equilíbrio psicológico e favorecem o clima na empresa.

Ao optarmos por desenvolvermos um comportamento predominantemente assertivo, vamos


conseguir estabelecer com os outros uma comunicação autêntica e adulta, aumentando o auto-respeito bem

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como a autoconfiança. Os outros ao percepcionarem a nossa autenticidade, estabelecem connosco relações


mais próximas e emocionalmente mais satisfatórias.

Bower (1976) desenvolveu uma técnica para podermos melhorar o nosso comportamento, a que
chamou D.E.E.C. É uma técnica que pressupõe negociação, como base do entendimento.

Consiste em:

DESCREVER – a situação

EXPRESSAR – os sentimentos/ preocupações que a situação possa causar

ESPECIFICAR – possíveis soluções

CONSEQUÊNCIA – benéfica das soluções sugeridas

Comportamento NÃO ASSERTIVO Comportamento ASSERTIVO

És um incompetente. Existem tarefas em relação à tua função que tens de


aprender a fazer para seres mais competente.
Estás sempre a interromper o meu trabalho. Eu gostaria de realizar o meu trabalho sem interrupções.
Pode ser?

Perante os outros, cabe a cada um de nós:

1. Agradar, agradecer, encorajar, dar alegria, OU

2. Magoar, maltratar, desvalorizar, ferir, etc.

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A Motivação Humana

“As pessoas são automotivadas. Fazem o seu melhor trabalho quando acreditam, por meio dos seus
próprios processos, que o que vão fazer vale a pena.”

Sir John Harvey-Jones (1924)

“A motivação é o estímulo, incentivo ou motivo, consciente ou inconsciente, para tomar acção em


relação a um objecto, especialmente resultante de factores psicológicos ou sociais; os factores que dão
direcção ou propósito ao comportamento”.

Isto significa que a motivação é fazer com que as pessoas, entusiasticamente e de livre vontade,
façam as coisas que lhe são exigidas. De uma maneira simplista, podemos dizer que a motivação é aquilo
que estimula o indivíduo a agir, para atingir determinado objectivo.

A motivação pode constituir-se de dois modos: a motivação intrínseca, que está relacionada com
recompensas psicológicas, tais como, um sentido de desafio e realização, receber um reconhecimento
positivo, ser tratado de maneira considerável; e a motivação extrínseca, relacionada com recompensas
tangíveis ou materiais, tais como, salários, benefícios adicionais, segura de vida, promoção, contratos de
trabalho.

Maslow foi um dos maiores especialistas em motivação humana. Segundo o autor, todas as
necessidades são passíveis de ser hierarquizadas; as do nível mais baixo são necessidades fisiológicas,
consideradas necessidades mais baixas. As do topo são necessidades de auto-realização, necessidades
mais elevadas.

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A Pirâmide de Maslow

Necessidades
Auto- Secundárias
Realização

Estima

Sociais

Segurança
Necessidades
Primárias
Fisiológicas

Necessidades Fisiológicas

As necessidades fisiológicas constituem o nível mais baixo de todas as necessidades humanas e


prendem-se com o ciclo vital do indivíduo e da espécie, englobando a alimentação, o vestuário, a habitação,
sono, evitar a dor, etc.

No mundo empresarial as necessidades dos trabalhadores têm como prioridade o salário; constitui-
se como a principal satisfação, mas também são consideradas necessidades básicas as próprias condições
de trabalho (por exemplo, ter ou não boas instalações).

Necessidades de Segurança

Quando satisfeitas as necessidades fisiológicas, a pessoa sente necessidade de se sentir protegida


e livre de perigo. Quando um indivíduo se sente ameaçado por outro, todo o comportamento que irá
manifestar será direccionado para a procura dessa mesma protecção.

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Nas organizações, os indivíduos concebem estas necessidades em termos de sistema de segurança social,
para o caso de existirem doenças ou acidentes.

Necessidades Sociais

Quando satisfeitas as necessidades anteriores, passamos para o patamar das necessidades


consideradas sociais. Estas dizem respeito a aspectos como a necessidade de amizade, de participação, de
associação e de interacção satisfatória, como pessoa ou grupo, dado que o ser humano é um ser social e
relacional.

Quando as necessidades sociais não são suficientemente satisfeitas podem conduzir o indivíduo a
reacções de inadaptação social e provocar comportamentos variados, como a agressividade.

Por outro lado, a satisfação desta necessidade pode gerar sentimentos de confiança e de prestígio,
favorecendo as relações interpessoais, dado que o indivíduo se sente confiante no desenvolvimento das
mesmas.

Nas empresas, as necessidades sociais manifestam-se pela interacção do indivíduo com o grupo de
trabalho, pela aceitação dos outros, e pela igualdade de oportunidades sentida.

Necessidades de Estima

As necessidades de estima relacionam-se com a forma como o indivíduo se vê e se avalia e que


podem contribuir para o fortalecimento do amor próprio, da auto-estima e do prestígio, poder, estatuto e
estabilidade.

A não satisfação da necessidade pode gerar sentimentos de inferioridade, dependência, etc.

Na empresa, é exemplo de satisfação das necessidades de estima a finalização de um projecto bem


sucedido e posterior reconhecimento do trabalho realizado, o êxito no desempenho de uma dada tarefa, a
atribuição de responsabilidades maiores, e o aumento do salário por mérito próprio.

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Necessidades de auto-realização

As necessidades de auto-realização são as necessidades humanas mais elevadas da pirâmide


elaborada por Maslow. Os indivíduos procuram tarefas que desafiem as suas capacidades e destreza, que
lhes permitam desenvolver e utilizar ideias críticas e inovadoras, proporcionando um desenvolvimento pessoal
com reflexo no aperfeiçoamento geral.

A satisfação de todas estas necessidades constitui um processo de evolução, cujo ritmo varia de
pessoa para pessoa. À medida que as necessidades de ordem inferior vão sendo satisfeitas, as de nível
superior tornam-se prioritárias e passam a constituir elementos decisivos para a satisfação pessoal.

É importante salientar que nem todas as pessoas chegam a atingir o topo da pirâmide, podem
estacionar num dos seus pontos (exemplo, grande parte da população de África, estacionou no primeiro
nível).

Assim, as necessidades não são as mesmas nem se manifestam de igual modo em todas as pessoas.
Têm em conta:

 a idade;

 o gosto pessoal de cada um;

 o tempo e o espaço em que cada qual se insere;

 a civilização e a sociedade a que pertence.

A satisfação das Necessidades nas organizações

Os recursos humanos constituem-se como a “força viva das empresas”. Estes são movidos por
estímulos que influenciam o seu comportamento e consequentemente a prestação das suas funções. Isto
significa que a produtividade de todos os indivíduos numa organização, não se encontra sempre ao mesmo
nível, tal como na vida em geral, dentro das organizações existem diferentes graus de motivação.

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A motivação dos recursos humanos, é um dos maiores desafios para a estrutura dirigente de uma
organização nos seus diferentes níveis hierárquicos. Um trabalhador motivado é sempre uma mais valia para
a empresa (em termos de produção e produtividade), podendo considerar que hoje em dia, o facto de nos
sentirmos integrados numa organização, sentir a mesma como parte da nossa família, é positivo. No entanto,
nem sempre isto se verifica. Conhecer os factores que motivam o trabalho e o desempenho de uma pessoa
numa organização, é fundamental.

Alguns dos factores considerados mais motivadores para um trabalhador são: Salário; Condições de
Trabalho; Benefícios; Responsabilidades do trabalhador; Tipo de trabalho (se é ou não
interessante/desafiante); Reconhecimento do trabalho desenvolvido; Promoção e crescimento na hierarquia
da empresa; Realização

Pessoal; Envolvimento do trabalhador na organização (sensação de pertença à mesma); e, a Formação.

O salário é sem sombra de dúvida um dos principais factores de motivação numa organização. No
entanto, nos dias de hoje, o factor económico não basta para conseguir motivar as pessoas, pois em
conformidade com estudos efectuados, verifica-se que os trabalhadores se recusam a trabalhar mais horas
para alcançar os níveis de produção pretendidos pelas empresas, apesar de lhes ser atribuído um rendimento
maior.

O salário pode actualmente ser entendido como factor de relevo, que só através dele, as pessoas
conseguem satisfazer as suas necessidades básicas e posteriormente garantir a sua segurança e
estabilidade.

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Teoria do Reforço de SKINNER

Reforço Recompensas por grande


desempenho
positiv
o Motivação
dos
funcionário
Reforço Consequências
desfavoráveis pelo baixo
s
negativ desempenho
o

Nenhu Nenhuma recompensa


Pelo desempenho ou
Nenhuma
m nenhuma consequência motivação
desfavorável pelo baixo dos
reforço desempenho funcionário
s

De acordo com Skinner, no seio das organizações é fundamental a existência de reforços. Se


existirem reforços positivos por parte dos superiores, quer sejam monetários ou em forma de elogios, os
trabalhadores ficaram mais motivados para a execução das suas tarefas, o que trará à organização maior
produtividade e empenho.

O efeito contrário também se verifica. Se não existirem reforços ou se os reforços forem negativos,
se não for valorizado o desempeno do trabalhador, a sua motivação será menor e trará consigo influências
negativas, tais como stress, ansiedade.

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Comportamentos mobilizadores de motivação

É extremamente importante que os indivíduos compreendam que existem inúmeros factores que
conduzem à determinação e que os tornam capazes, logo, motivados.

Em primeiro lugar, devemos listar quais os nossos recursos e capacidades, dando primazia aos
pontos fortes, isto é, aos pontos que consideramos sermos extremamente bons. Aliada a esta avaliação,
devemos também fazer um esforço de memória e procurar na nossa vivência situações de sucesso passadas,
tentando revê-las e procurar encontrar as causas do seu sucesso. Devemos procurar dizer a nós próprios
palavras estimulantes e motivadoras, de que somos capazes, e sobretudo acreditarmos naquilo em que
apostamos. Devemos também procurar realizar uma tarefa de cada vez, a sobrecarga de tarefas irá expandir
a nossa capacidade de concentração.

A palavra chave é CONFIANÇA em nós próprios e nas nossas capacidades, acreditando que somos
capazes de realizar todos os objectivos que definimos, encontrando sempre que necessário soluções
alternativas.

Treino de Competências de Atendimento

Comunicar é trocar ideias, sentimentos e experiências com outras pessoas que conhecem o
significado daquilo que se diz e do que se faz.

Fachada, O. (1991)

O Homem como ser social que é não vive sem estabelecer relações com outros. O veículo
transmissor dessas interacções é a comunicação. Quando comunicamos procuramos dar significado aos
estímulos, organizamo-los de modo a tornar compreensível o seu significado. Nem todas as pessoas
seleccionam os mesmos estímulos e os organizam do mesmo modo nem lhes dão o mesmo significado,
antes está subjacente um processo de aprendizagem de uma determinada cultura e contexto. Actividade ou
inactividade, palavras ou silêncio, tudo possui um valor de mensagem que influencia os outros.

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Também nas empresas não se vive sem comunicar, todo o trabalho de coordenação e cooperação
entre os indivíduos pressupõe a troca de ideias e experiências, que só é efectuada através da comunicação
entre os mesmos. Sem comunicação a organização não será capaz de se organizar, de definir objectivos, de
executar tarefas, de compartilhar ideias, de tomar decisões, de resolver problemas, de gerar mudanças, de
obter resultados, de ser conhecida e reconhecida. Comunicar proporciona uma visão global e estratégica do
conjunto, que se concretiza com a definição de conceitos organizacionais.

Neste âmbito, a comunicação pode estabelecer-se verbalmente – do tipo digital – ou não


verbalmente – de tipo analógico. A comunicação digital serve para transmitir de forma mais precisa as
racionalizações (os conceitos). Constitui-se como uma sintaxe lógica sumamente complexa e poderosa mas
carente de adequada semântica no campo das relações.

Na comunicação verbal, quando COMUNICAMOS

100% é o que queremos dizer

80% é o que dizemos

60% é o que se ouve

40% é o que se compreende

30% é o que se retém

A comunicação analógica traduz de modo mais explícito as emoções, através do riso, das
lágrimas, dos gestos, fornecendo dados sobre as relações – traduz mais, tudo aquilo que envolve as próprias
relações dos indivíduos. A linguagem analógica possui a semântica mas não têm uma sintaxe adequada para
a definição não ambígua da natureza das relações.

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Comunicação não verbal

A linguagem não verbal é um elemento fundamental na comunicação com os outros. O


comportamento não verbal e as inúmeras mensagens que através dele são comunicadas influencia, com
melhores ou piores resultados, as pessoas com quem falamos/relacionamos. Muitas vezes o comportamento
ineficaz das pessoas está relacionado com a quase ausência de comportamentos não verbais adequados.
Para comunicar adequadamente com outros indivíduos, de forma a estabelecer relações pessoais
gratificantes, não basta saber o que se diz, é de igual forma importante saber como fazê-lo.

As componentes não verbais da comunicação são aquelas transmitidas através de gestos, posturas
e/ou expressões que dão sentido ás componentes verbais da comunicação.

Nos contactos que estabelecemos com outros só conseguimos perceber o que vai na mente do
outro, através desses sinais e símbolos, da comunicação não verbal, que o outro possa utilizar. Quando duas
pessoas estão uma perante a outra, mesmo que não falem, não deixam de comunicar, uma vez que todo o
seu comportamento tem uma dimensão comunicativa, a dimensão não verbal. Por exemplo, se uma pessoa
comunica que está muito feliz mas o timbre da sua voz é baixa, os ombros estão caídos, o rosto inexpressivo,
é difícil acreditar que a pessoa está mesmo feliz, dada a incongruência, apercebemo-nos de que a
comunicação verbal não corresponde à comunicação não verbal. Tendemos por isso a estabelecer relações
mais consistentes com pessoas que falam de acordo com o que sentem e que agem de acordo com o que
dizem.

Se um profissional, ao atender os seus clientes, é monocórdico na expressão verbal, não olha para o
cliente e não atende às suas necessidades, o cliente pode percepcionar que o seu comportamento pode
significar que não está interessado no seu atendimento e consequentemente pode ser designado como mau
profissional.

No sentido de promover uma comunicação mais eficaz e intencionada é importante percebermos os


principais elementos da comunicação não verbal e as competências que devem ser adquiridas por qualquer
profissional que esteja em contacto directo com o público.

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Expressão facial: A expressão facial tem um papel importante no processo de comunicação, uma
vez que pode transmitir emoções e sentimentos que o indivíduo não esteja a sentir. É necessário estar atento
para a importância do sorriso como sinal de simpatia e como facilitador da comunicação, salientando o papel
da expressão facial como fonte de informação mais importante para a transmissão de sentimentos. Tal como
salienta o provérbio, os olhos são o espelho da alma, e é através dos mesmos que sentimentos como ternura,
raiva, amor, interesse e muitos outros, podem ser mais ou menos transmitidos.

Contacto Ocular

Ser bom ouvinte facilita a comunicação e para sê-lo é necessário olhar para o outro e por vezes
acenar a cabeça como sinal de demonstração de que estamos a ouvir com interesse o que o outro tem a
dizer. Através do olhar transmitimos sentimentos tão diferentes como tristeza, alegria, simpatia, desprezo,
desconfiança, entre outros.

Aparência

A aparência provoca diferentes impactos nas outras pessoas e tem diferentes consequências ao
nível das interacções sociais. A forma como nos vestimos, o estilo, as cores, os tecidos, o gosto, o estatuto, a
idade, o poder atractivo, a personalidade, entre outros, origina impressões diferentes de indivíduo para
indivíduo.

O modo como nos vestimos é diferente de acordo com as ocasiões e os locais para onde nos
dirigimos. Isto significa que ao adoptarmos diferentes modos de nos vestir queremos transmitir igualmente
mensagens diferentes. O modo como nos vestimos em casa, ou quando realizamos uma actividade
desportiva é diferente do modo como nos vestimos para trabalhar ou para uma reunião com os dirigentes de
uma grande empresa.

Voz, Tom e Timbre

O timbre e o volume da voz permitem aos outros com que nos relacionamos percepcionar
significações diferentes, quando estamos mais irritados, mais contentes, ou mais ansiosos. É importante

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falarmos claramente e calmamente, tom de voz confiante e ritmo, e ter o cuidado de não falar
demasiado rápido de forma a não permitir que se perca a clareza da informação.

Gestos

A utilização de gestos são um bom complemento ao diálogo que vamos transmitindo aos outros.
Estes devem ser harmoniosos de modo a que o outro interprete congruentemente a mensagem do que lhe é
comunicado.

Sobretudo é importante não esquecermos dos três R´s: respeito por si próprio, respeito pelo próximo,
responsabilidade por seus actos”.

Tantra Totem do Nepal

Além da importância que devemos dar à comunicação não verbal, devemos também lembrar-nos de
manter um contínuo feedback com os outros com quem comunicamos. A competência máxima numa situação
de feedback ocorre no momento em que, ao dar feedback para o outro, tornamo-nos conscientes de que ele
também é útil para nós. No fundo, o feedback é a oportunidade que temos de transmitir a nossa percepção a
respeito de algo. Por outro lado, receber o feedback de outra pessoa é a oportunidade de conhecer a
percepção que os outros têm a nosso respeito ( valores pessoais, opiniões e expectativas em relação a mim,
reações ao meu comportamento), compreendendo-o melhor e verificando quanto a sua percepção sobre nós
é verdadeira.

Desta forma, é fundamental, também em contexto de trabalho, adoptarmos uma postura e


comportamento empáticos, tendo em conta os diferentes elementos da comunicação não verbal. Não basta
saber o que se diz, é de igual forma importante saber como fazê-lo.

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Trabalho em equipa

O grupo

Alguns autores definem o grupo como um conjunto limitado de pessoas, unidas por objectivos e
características comuns que desenvolvem múltiplas interacções entre si. Os grupos têm uma estrutura, uma
durabilidade no tempo, uma certa coesão e um conjunto de normas e regras subjacentes.

No entanto, existem autores como Correia Jenuíno (1993), que definem o grupo em termos de grau:
assim, um agregado de pessoas será tanto menos grupo quanto maior o número dos seus membros, menor a
interacção entre os mesmos, menor a sua história e mais o seu futuro se reduz ao horizonte próximo da
interacção corrente. Na perspectiva deste autor, definindo-se os grupos em termos de grau, elimina-se o
problema da definição das fronteiras. Não se estipulam limites mínimos ou máximos quanto ao número de
participantes, não se prescreve o critério da interacção como condição necessária de grupo. Assim, quanto
mais nos aproximamos do “grupo mínimo” mais perto nos situamos das relações interpessoais, e quanto mais
nos aproximamos do “grupo máximo” mais o grupo se confunde com uma “organização”.

Existem autores que estudam os fenómenos grupais e os dividem em três tipos de grupos, cada um
dos quais poderá, eventualmente, ser ainda subdividido em outros subtipos.

- Grupos que se juntam na base de uma função social comum, como por exemplo, a família, grupos
desportivos;

- Grupos que se formam no seguimento de algum tipo de atracção interpessoal entre os seus
membros, como por exemplo grupos de amigos;

- Grupos tarefa que se formam na medida em que os seus membros têm um problema específico
para resolver ou uma tarefa para levar a cabo.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Considerando a perspectiva da generalidade dos autores, o grupo é muito mais do que a soma dos
indivíduos que o compõem. No seio do grupo, os indivíduos desenvolvem a sua estrutura pessoal através da
troca de ideias e do diálogo. Os membros do grupo devem sentir alguma atracção entre si, mantendo uma
boa relação. É através da cooperação entre as pessoas, que as mesmas se tornam coesas, efectivando uma
atracção interpessoal.

Características dos Grupos

Tamanho do grupo

Existem muitos autores que consideram que grupos excessivamente grandes tendem a ser em muitos
sentidos disfuncionais. Ainda que alguns autores salientam que cinco elementos representam o tamanho ideal
para um grupo, o mais frequente é considerar que o tamanho ideal depende da tarefa do mesmo, da sua
composição e de um conjunto de outros factores.

O tamanho do grupo é uma condicionante importante do seu desenvolvimento particularmente porque


à medida que aumenta o seu tamanho diminui o nível de participação dos seus membros, dado que diminui a
quantidade de tempo disponível para cada membro, variando também a distribuição da participação, de tal
forma que quando o grupo é muito grande essa distribuição tende a ser menos equitativa.

Características dos membros do grupo

As características dos membros do grupo podem ser de diversos tipos, tendo em conta a idade, sexo,
classe social, etc. e têm alguma influência nos processos grupais.

No que diz respeito à idade, apesar desta variável não ter sido estudada exaustivamente, temos,
contudo, algumas indicações de que a idade cronológica dos membros do grupo está relacionada com
diversos aspectos da interacção do mesmo.

No que se refere ao sexo parece ser claro que existem bastantes diferenças entre rapazes e raparigas
e que tais diferenças são essencialmente condicionadas por factores ambientais e culturais. Por exemplo, os
papeis sexuais nas nossa sociedade implicam que os rapazes sejam normalmente mais agressivos,

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

dominadores e orientados para a realização de tarefas, mesmo que de tipo lúdico, enquanto que se espera
que as raparigas sejam mais passivas e submissas, e mais orientadas para as questões do relacionamento
interpessoal. Visto isto, parece-nos evidente que estas diferenças não podem deixar de ter algum tipo de
influência no sistema de interacções intragrupais.

Por outro lado, a existência de uma relação entre classe social dos alunos e as posições que estes
ocupam na estrutura da classe está já suficientemente documentada: - a classe social é um bom elemento
preditor do QI, do rendimento escolar, do êxito social e profissional, etc.. Para além disto, a classe social vai
ter um papel muito importante no tipo de expectativas que o educador/formador vai criar face a cada um dos
alunos.

As aptidões são outro elemento que não pode deixar de ter uma certa influência sobre o rendimento do
grupo assim como sobre o nível de satisfação dos seus componentes, sobre a coesão grupal, etc..

Coesão grupal

“ Resultado de todas as forças que actuam sobre os membros para que permaneçam no grupo”

(Festinger, 1950)

A coesão é um fenómeno inerente ao grupo. É pelo facto das pessoas cooperarem e apresentarem
atitudes semelhantes que se tornam coesas, existindo por conseguinte uma atracção interpessoal. No seio do
grupo existem pessoas, que podendo ser diferentes entre si, partilham algo em comum, partilham uma
determinada identidade.

O fenómeno da coesão existe no seio dos grupos, dado que existe uma certa interdependência entre
os seus membros, que trabalham em conjunto para alcançarem um determinado objectivo comum que só é
alcançado se todos trabalharem para a sua prossecução, dando um contributo pessoal na realização das
actividades.

A coesão grupal permite desta forma que os membros do grupo permaneçam juntos, se sintam
seguros e confiantes, e por conseguinte sejam leais e se deixem influenciar pelo grupo. Aliado a este
sentimento de pertença, a satisfação dos seus membros aumenta significativamente à medida que o trabalho
vai sendo desenvolvido, uma vez que a interacção entre os mesmos se vai intensificando e aumentando o
sentimento de cooperação e interdependência. Se o grupo for aumentando e consolidando a coesão, todos os

23
Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

membros vão vivenciando um ambiente alegre e atractivo, onde cada um sente prazer em trabalhar, bem
como vai sendo notória a ausência de conflitos e pressões internas e/ou externas sobre os seus membros.

A coesão trás ao grupo uma maior cooperação, uma comunicação mais ampla e eficaz, um aumento
da resistência à frustração dado o sentimento de união, menor absentismo, dado que o ambiente é atractivo.

Por outro lado, a coesão pode originar a vida mais difícil para quem entra de novo no seio do grupo,
sendo este considerado um intruso; restringe a abertura a novas ideias, uma vez que todos os membros
apresentam características comuns e muito lineares, originando desta forma uma maior resistência à
mudança de práticas existentes. O grupo tende a conservar as situações que lhe foram gratificantes e, com
muita dificuldade, aceita recorrer a novos caminhos. Por outro lado, para os outros grupos, os grupos coesos
são de difícil trato, vivem demasiado fechados em si mesmos, impossibilitando as relações intergrupais.

Existirá tanta maior coesão quanto mais motivadores, claros e concretos forem os seus objectivos;
quanto maior for a reflexibilidade de reformulação dos mesmos, bem como a satisfação produzida pelo seu
alcance; e também quanto maior for a comunicação e colaboração entre os seus membros.

Alguns autores sugerem que as competências no acto de escutar representam a “pedra de toque” da
eficácia comunicacional, por isso nos grupos é importante que os membros saibam ouvir-se uns aos outros.

“Escutar envolve muito mais do que ouvir uma mensagem. Ouvir é simplesmente a componente física
do escutar. Escutar é o processo de descodificar e interpretar activamente as mensagens verbais. Escutar
requer atenção cognitiva e processamento de informação: ouvir não requer tal. Kritner& Kinicki (1998).

Assim, é fundamental aos membros:

- Demonstrar interesse e concentração no que diz o interlocutor

- Mostrar interesse genuíno na pessoa e suas ideias

- Actuar com empatia

- Afastar o desconforto usualmente gerado pelos silêncios

- Controlar os filtros emocionais

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

- Evitar ingressar na conversação com ideias pré-concebidas

- Cultivar uma mente aberta

- Colocar questões corteses e assertivas

- Prestar atenção à ideia que está a ser transmitida

- Focalizar a atenção.

A Gestão do Conflito

O conflito é visto como a exacerbação de divergências entre 2 ou mais pessoas, com envolvimento
emocional das partes.

Existem diferentes tipos de conflitos: os conflitos intrapessoais, os conflitos interpessoais e os


conflitos organizacionais. Os primeiros acontecem no interior de cada pessoa. Os conflitos interpessoais
acontecem entre pessoas com interesses ou necessidades diferentes. E, por fim, os conflitos organizacionais,
contextualizam-se no seio das organizações.

São possíveis fontes de conflito: diferenças individuais, limitações de recursos e diferenciação de


papéis.

No seio dos grupos podem coexistir pessoas com diferente sexo, idade, atitudes, valores que podem
conduzir a más interpretações de acordo com as experiências de cada um dos seus membros.

Podem também ser provável fonte de conflito as limitações a nível dos recursos técnicos, financeiros
e humanos.

Os conflitos podem também emergir de dificuldades em determinar quem pode dar ordem a outro. O
poder dentro dos grupos é potencial fonte de conflito.

Perante situações de conflito eminente, existem várias formas de lidar com os mesmos: evitá-los,
desactivá-los e enfrentá-los.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Para evitarmos conflito podemos suprimi-lo, isto é, abandonamos as situações geradoras de


possíveis conflitos, deixando por exemplo o emprego, fugindo de casa, dormindo, é uma forma de fuga em
frente. Outras das formas de evitar um conflito é refugiarmo-nos no trabalho como forma de fugir a uma
situação embaraçosa, acomodando-nos e optando por demonstrar uma atitude passiva. É frequente
mudarmos de assunto sempre que o assunto que nos causa mau estar é focado ou então utilizar a farsa e
não levar nada a sério, distraindo desta forma os outros quando existem indícios de aproximação do conflito.

Outra das formas de lidar com conflitos é desactivá-los, ou seja, a pessoa implicada decide parar ou
suspender determinada situação para que as “coisas” se acalmem. Trata-se de uma táctica de ventilação,
como forma de ganhar tempo e evitar situações constrangedoras.

Por fim, podemos sempre enfrentar o conflito. Com esta estratégia podemos ganhar-perder, isto é,
tendo como pressuposto que uma das partes é mais forte que a outra, aquela vai exercer a sua autoridade
para remover o conflito. Em contexto de trabalho, por exemplo, as atitudes autoritárias dos superiores
resultam nesta forma de lidar com os conflitos, onde existe posição demarcadamente superior dos
responsáveis fazendo com que os funcionários se sintam inferiorizados e humilhados. É uma forma de lidar
com conflitos que implica sempre que uma das partes ganhe, pela posição superior, e a outra perca e possa
revestir-se de sentimentos de vingança, tratando-se quase de uma competição.

Na estratégia perder-perder nenhuma das partes se sente objectivamente satisfeita, dado que
nenhuma delas dá a vitória à outra. Esta estratégia implica que ambas as partes estejam mais empenhadas a
impedir que a outra ganhe do que em encontrarem uma solução para o conflito.

A estratégia ganhar-ganhar implica que o conflito seja um problema a resolver e não uma batalha a
ganhar por uma das partes. Existe uma confrontação dos pontos de vista e opiniões e uma disponibilização
para a resolução das diferenças, sugerindo alternativas e soluções para o problema existente. Esta estratégia
implica desta forma uma negociação entre ambas as partes e a procura de soluções benéficas para as
mesmas.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Assim, para definirmos estratégias de resolução de conflitos é fundamental, em primeiro lugar


definirmos o problema, isto é, recolhermos informação detalhada sobre a situação problemática, tentando
dar resposta a questões como: o quê; quando; onde; quem está envolvido; com que frequência; qual a
intensidade e duração. Tendo em conta a informação recolhida, passamos à fase da definição do problema,
tendo em conta que se for muito amplo, deve ser dividido em problemas mais pequenos e formulado em
termos concretos.

Posteriormente, devemos formular alternativas considerando o maior número de soluções


possíveis, e o mais variadas, suspendendo o julgamento e a avaliação das soluções formuladas, acordando e
modificando as mesmas.

Na tomada de decisão, é fundamental a definição de critérios ou factores que sejam importantes


ter em consideração na avaliação de alternativas, avaliando as mesmas e seleccionando as mais adequadas
para ambas as partes, de forma a desenvolver um plano de acção para implementar a alternativa
seleccionada.

A última fase é a fase da implementação e verificação das alternativas seleccionadas. É importante o


treino e implementação das mesmas em situações reais, por forma a observar e avaliar os resultados.
Caso os resultados obtidos não sejam os resultados esperados, deve-se reiniciar o processo.

É importante que durante no desenvolvimento de todo o processo ambas as partes escutem até ao
fim; não interrompam o outro; conquistem o direito de ser ouvido; estejam atentos ás expressões faciais;
façam perguntas para que o outro clarifique as suas ideias; não mostrem rejeição; falem de forma clara e
serena; proponham ideias e não impô-las e sobretudo revelem disponibilidade para o consenso.

Importa deste modo entender que o conflito pode ser produtivo (evitar a estagnação, caminho para a
mudança pessoal e social). Aprender a resolvê-lo é a melhor forma dos seus elementos destrutivos serem
controlados.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

A realização pelo trabalho

Para a maioria dos indivíduos, o trabalho é, de todas as actividades, a que ocupa a maior parte das
suas vidas. Nas sociedades modernas ter um emprego é importante para se preservar o respeito e a auto-
estima. Mesmo quando as condições de trabalho não são as mais agradáveis e as tarefas tendem a ser
monótonas, o trabalho tende a ser um elemento estruturante na constituição do bem-estar psicológico das
pessoas e no ciclo das suas actividades diárias. Nos dias de hoje, o trabalho é valorizado pelo sentido de
identidade social estável que oferece aos indivíduos.

Uma das principais componentes para a importância que o trabalho tem na vida de cada indivíduo são
os rendimentos que dele advém. O salário é a principal fonte de rendimento de que a generalidade das
pessoas depende para a satisfação das suas necessidades fisiológicas.

O trabalho proporciona a base para a aquisição de certas capacidades. É na base do trabalho que os
indivíduos podem exercitar capacidades físicas e psicológicas. O facto das pessoas acederem a contextos
diferentes dos seus contextos familiares, oferece-lhes a possibilidade de aprenderem, de criar laços de
amizade e contactos sociais. Fora do local de trabalho o possível círculo de amizades, conhecimentos, troca
de experiências e vivências reduzir-se-á.

Para as pessoas que têm um emprego fixo, o dia encontra-se habitualmente organizado de acordo
com o ritmo de trabalho. Aqueles que estão desempregados têm frequentemente como maior problema o
aborrecimento e desenvolvem uma apatia em relação ao tempo.

Mercado de trabalho

O trabalho desde sempre se dividiu em numerosas ocupações diferentes, em que as pessoas se vão
especializando. Nas sociedades tradicionais, o trabalho não agrícola baseava-se em ofícios, que requeriam
um longo processo de aprendizagem para o seu domínio perfeito. O trabalhador executava todas as tarefas
das fases do processo de produção.

Com a Revolução Industrial muitos dos ofícios até então existentes desapareceram, e foram
substituídos por especialistas que passaram, na sua generalidade, a fazer parte de processos de produção
mais amplos.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Uma das principais características das sociedades modernas é a expansão da interdependência


económica. Somos todos dependentes de muitos outros trabalhadores, para podermos obter produtos e
serviços de que necessitamos no dia-a-dia.

O futuro do trabalho passará, à luz de alguns sociólogos e economistas, pela procura de


“trabalhadores polivalentes”. Exige-se cada vez mais trabalhadores com uma série de diferentes
especializações e credenciais. Esta situação pode gerar por um lado, uma flexibilidade ao trabalhador,
permitindo-lhe mudar de emprego quando não se sente satisfeito e ir crescendo profissionalmente. Mas, por
outro lado, esta situação permitirá ás empresas contratar e despedir de acordo com a sua vontade,
enfraquecendo qualquer sentido de estabilidade e vínculo profissional.

Assim, a diminuição da dimensão organizacional das empresas é uma realidade, atirando para o
mercado de trabalho muitos trabalhadores que podiam ter pensado que tinham um emprego para a vida toda,
e que para encontrarem um novo emprego, terão de desenvolver e diversificar as suas capacidades e
competências, ficando muitos deles em situações de desemprego de longa duração.

Sobretudo, numa época em que passamos por uma grave crise económica, a percentagem de
população desempregada tem vindo a aumentar progressivamente, focalizando-se numa faixa etária superior
aos 45 anos. São estes indivíduos, que regra geral, vão permanecer em situações de grande vulnerabilidade
profissional, dado o menor grau de escolaridade e qualificações e competências.

No nosso mercado de trabalho actual persistem ainda importantes debilidades estruturais, entre as
quais:

• Baixo nível de instrução e formação da população portuguesa em geral, e dos adultos mais
idosos em especial, comparando com os outros países europeus. No que se refere aos jovens, estes
apresentam uma estrutura de habilitações menos desfavorável que a da população adulta, bem como uma
mais próxima média em relação a outros jovens europeus no que se refere à participação no sistema
educativo.

• Existência de grupos com especiais problemas de (re)inserção no mundo do trabalho. É o caso


dos jovens, cuja taxa de desemprego é muito elevada, reflectindo importantes dificuldades na transição da
escola para a vida activa; dos trabalhadores mais idosos, em resultado, muitas vezes, de processos de
reestruturação sectorial; das mulheres que, para além de taxas de emprego e desemprego desfavoráveis e de

29
Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

uma concentração excessiva em actividades de baixos salários, enfrentam diferenças salariais significativas e
encontram-se maioritariamente representadas no desemprego de longa duração; das minorias étnicas e dos
deficientes.

• Persistência de um elevado peso do desemprego de longa e muito longa duração.

• Estrutura sectorial vulnerável, especialmente a médio e longo prazo, em termos de crescimento


sustentado/competitividade/emprego, dado assentar maioritariamente em actividades tradicionais, de mão-de-
obra intensiva e com baixos níveis de produtividade e de salários.

• Estrutura empresarial assente predominantemente em pequenas e muito pequenas empresas.


Estas empresas apresentam um fraco potencial de adaptação e sustentação, recrutando predominantemente
pessoal pouco qualificado e oferecendo reduzidas possibilidades de formação.

• Persistência de importantes assimetrias territoriais, que se traduzem, nomeadamente, na concentração


relativa dos fenómenos de desemprego no contexto das áreas metropolitanas e em alguns territórios rurais.

Perfil do profissional

Com o crescente avanço tecnológico, com a abertura para a concorrência do mercado internacional,
com a infiltração de capitais estrangeiros, empregadores e empregados, vêem-se obrigados a adequarem-se
a novas e inesperadas transformações.

As empresas depararam-se com a necessidade de produzir em maior escala, com qualidade e custo
racionalizado, investindo em máquinas, computadores, proporcionando assim, uma produção qualitativa e
quantitativa. A emergência destes equipamentos gerou uma substituição, de forma rápida, a mão de obra
humana, o que contribuiu para o alto índice de desemprego.

A crescente modernização das empresas contribuiu para um dos principais factores responsáveis pelo
alto índice de demissões, gerando um excessivo número de candidatos em busca das poucas oportunidades
de trabalho.

30
Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Portanto, as empresas actuais investem mais em recursos humanos, efectuando novas contratações,
com profissionais que possuem um perfil moderno.

Face a tantos desempregados, pode-se pensar que as oportunidades são menores para um
trabalhador em início de carreira. Mas pode-se concluir também, que entre a maioria dos desempregados,
estão aqueles que não se actualizaram para a competitividade, pois não previam tais mudanças e
encontravam-se plenamente satisfeitos, cumprindo somente o que os seus superiores determinavam,
aguardando aquelas antigas promoções por tempo de serviço.

Nos dias de hoje, as empresas priorizam profissionais dinâmicos, arrojados e criativos, descartando
totalmente os que esperam empregos seguros para o resto de suas vidas.

A empresa moderna não selecciona o profissional que: se descontrola emocionalmente; opta por
decisões radicais; possui dificuldade para ouvir, discutir e entender; possui dificuldade para trabalhar em
grupo; é mal humorado; é incapaz de equilibrar a razão com a emoção ao se deparar com os eventuais
problemas rotineiros do dia-a-dia de trabalho, que na sua maioria, exigem soluções imediatas.

As empresas acreditam que o profissional que se enquadrar nas exigências actuais estará apto a
ingressar no mundo competitivo, de forma a atingir os objectivos a ele propostos. Terá ele, a capacidade de
administrar melhor o seu tempo, sugerir, opinar e criticar, estando sempre a procurar alternativas que visem o
crescimento da empresa. Enfim tratar-se-á de um profissional ambicioso que progredirá facilmente e não
somente executará o que seu superior solicitar, e sempre que possível, solucionará problemas antes que
chegue ao conhecimento de sua chefia.

Algumas das características imprescindíveis a um profissional que se enquadra dentro de um perfil


moderno, são:

· Critica

· Inova

· Empreendedor
· Estuda
· Tem visão
· Lidera e participa
· Adequa-se às mudanças

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

· Polivalente
· Organizado
· Trabalha em equipa
· Assume e soluciona problemas
· Decide
· Negoceia
· Bom comunicador e gestor de conflitos

Aos trabalhadores exige-se que constantemente façam um auto investimento, participando em cursos,
work-shops, formações, visando actualizarem-se sempre o máximo possível.

Gestão do pessoal e da carreira

As Mulheres e o Trabalho

Até recentemente, nos países Ocidentais o trabalho remunerado era uma característica
predominantemente dos homens. Temos vindo a assistir, nas últimas décadas, a um incremento cada vez
maior de mulheres no mercado de trabalho.

Ao contrário do que acontecia nas sociedades pré-industriais, em que a mulher era essencialmente a
dona da casa, exercendo tarefas de carácter doméstico, nos dias de hoje as mulheres estão sobretudo
concentradas em empregos rotineiros e mal pagos. Isto acontece essencialmente devido ao facto de as
mulheres terem ou não crianças a seu cargo. Em todos os grupos socioeconómicos é mais provável que as
mulheres tenham um emprego a tempo inteiro se não tiverem filhos em casa. A inserção no mercado de
trabalho é mais difícil para as mulheres e a discriminação de que são ainda sujeitas é muitas vezes difícil de
provar. As mulheres estão potencialmente viradas para a maternidade e isso é um factor de inibição por parte
das entidades patronais ao recrutarem mulheres para postos de trabalho.

No entanto, a população feminina tem vindo a aumentar no que se refere à entrada no mercado de
trabalho, sobretudo devido ás crescentes necessidades económicas, à maior escolarização e à redução do
número de filhos. Este crescente peso das mulheres no mundo do trabalho deve-se também a alterações
estruturais, tais como os efeitos da urbanização, mudanças nos padrões da organização familiar, taxas de
fecundidade decrescentes e maior disponibilidade de creches e lares de terceira idade. Movidas pelo desejo

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

de realização pessoal, ou apenas pela necessidade de contribuir para a manutenção da família,


arredondando o rendimento familiar, as mulheres têm um peso crescente na actividade produtiva.

No estudo “Les femmes entre travail et famille dans les pays de l’ Union Européenne”, publicado em
2000 pelo Centre d’Études de l’Emploi, organismo de investigação com sede em Paris, é possível constatar
que:

- quanto maior é o nível de educação da mulher, maior é a sua presença no mercado de trabalho.

- a taxa de emprego das mulheres diplomadas é a que mais se aproxima da dos

homens, em todos os países da União Europeia.

- Portugal não fica atrás, pois apresenta a taxa de emprego mais elevada da Europa

para as mulheres com formação superior: cerca de 92% contra 95% dos homens.

- o mercado de trabalho português é o mais igualitário do sul da Europa: enquanto as taxas de


actividade das mulheres em Espanha, Itália e Grécia se situam nos 47%, a portuguesa atinge os 63% (contra
79% dos homens), ultrapassando mesmo a média europeia.

- as mulheres são as que recorrem com mais frequência ao trabalho temporário em Portugal,
representando 20% do total de emprego.

- Portugal possui a mão-de-obra menos qualificada da Europa (76% da população activa tem até 6
anos de escolaridade e apenas 6% tem qualificação de nível superior).

Porém, uma mulher com uma carreira de sucesso é uma tarefa complicada e mais exigente do que
para o homem, uma vez que tem de conciliar a vida profissional com a vida familiar. É exigido à mulher que
planeia e organize muito bem o seu dia-a-dia, entre o trabalho e a vida de casa; ensine os filhos nos trabalhos
de casa, lhes dedique tempo para brincar, momentos fraternais; distribua tarefas com o marido; e, arranje
tempo para si.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Igualdade de Oportunidades

Muitas vezes nos perguntamos o que é ser homem e o que é ser mulher. A palavra sexo refere-se ás
diferenças físicas corporais entre ambos; e a palavra género diz respeito ás diferenças culturais entre homens
e mulheres.

Existem autores que afirmam existir diferenças inatas de comportamento entre homens e mulheres que
aparecem, de uma forma ou outra, em todas as culturas humanas. Estes autores salientam que nos homens
existe uma tendência biológica para a agressividade. No entanto, outros autores refutam esta teoria e referem
que o nível de agressividade dos homens varia entre culturas, afirmando que o facto de uma determinada
característica ser mais ou menos universal, não significa que tenha uma origem biológica, podendo estas
prender-se com características de ordem cultural. Segundo estes autores, as diferenças entre o
comportamento dos homens e das mulheres desenvolveu-se sobretudo a partir da aprendizagem social das
identidades femininas e masculinas. (Ex: a aprendizagem do desempenho de papéis durante o período em
que as mulheres cuidavam dos filhos e os homens iam caçar).

A promoção da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres é uma preocupação nacional e


mundial, que pretende responder mais eficazmente às necessidades das mulheres.

Todos nós temos direitos, e esses direitos estão protegidos por leis Nacionais e Europeias. Tendo em
conta que entre o género masculino e o género feminino, homem e mulher, existem os mesmos direitos,
todos nós deveríamos ter as mesmas oportunidades nos mais variados contextos sociais. A Constituição da
República Portuguesa de 1976, representou um passo fundamental na consagração da igualdade de
direitos entre mulheres e homens. De acordo com a Constituição no artigo 9º, é tarefa do Estado, promover
igualdade entre homens e mulheres.

Estes direitos e oportunidades estão consagrados na Declaração Universal dos Direitos do


Homem, que nos seus artigos salientam:

Artigo 1 – Todos os Homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Artigo 2 – Todo o Homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades sem distinção de
qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza.

Também na Constituição da República Portuguesa, existem referências à igualdade de


oportunidades entre homem e mulher, nomeadamente:

Artigo 13º - Principio da Igualdade

1- Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.

2- Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de
qualquer dever em razão de ascendência, sexo, religião, convicções políticas ou ideológicas.

A nível da participação política dos cidadãos, existem leis que conferem a igualdade de oportunidades
entre género masculino e género feminino.

Artigo 74º - Ensino Artigo 109º - Participação política dos cidadãos.

A participação directa e activa de homens e mulheres na vida política constitui condição e instrumento
fundamental de consolidação do sistema democrático, devendo a lei promover a igualdade no exercício
dos direitos cívicos e políticos e a não descriminação em função do sexo no acesso a cargos políticos.

As desigualdades no contexto familiar

Também no contexto familiar, persiste ainda a ideia de que são as mulheres que devem assumir o
controlo e gestão da vida doméstica, nomeadamente, a limpeza da casa, a confecção de refeições, o
tratamento da roupa, cuidar dos filhos, entre outros. No entanto, e de acordo com o Código Civil Português,

art. 1671.º n.º1O – O casamento baseia-se na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

art. 1671.º n.º 2 - A direcção da família pertence a ambos os cônjuges, que devem acordar sobre a
orientação da vida em comum, tendo em conta o bem da família e os interesses de um e outro.

art. 1672.º - Os cônjuges estão reciprocamente vinculados pelos deveres de respeito, (...) cooperação
e assistência.

art. 1674.º - O dever de cooperação importa para os cônjuges a obrigação (...) de assumirem em
conjunto as responsabilidades inerentes à vida da família que fundaram

Artg. 36º - Família, Casamento e Filiação

3 – Os cônjuges têm iguais direitos e deveres quanto à capacidade civil e política e à manutenção e
educação dos filhos.

Desde as sociedades pré-industriais que são as mulheres que cuidam das crianças e/ou adultos em
situação de dependência. São as mulheres que normalmente asseguram tarefas domésticas como, a limpeza
da casa, a preparação das refeições e o cuidado da roupa. Os assuntos administrativos (contas, seguros,
impostos, etc) são frequentemente tarefas a que mais de metade dos homens assegura sempre ou
frequentemente.

A família – célula fundamental da sociedade – constitui um projecto comum que depende da


contribuição de todos: do marido, da mulher, dos filhos. As mulheres enquanto mães possuem uma enorme
capacidade de expressar amor, felicidade os outros, de forma incondicional.

Igualdade de Oportunidades no contexto laboral

Apesar de, após a revolução industrial, os progressos alcançados ao nível da igualdade de


oportunidades serem significativos, persistem ainda grandes assimetrias no que se refere a oportunidades,
direitos e deveres, entre as mulheres e os homens. Um dos aspectos mais significativos nos dias de hoje é a
conciliação entre a vida profissional e familiar de mulheres e homens. Com efeito, o crescimento acelerado

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

das mulheres na esfera pública nem sempre foi acompanhado de uma correspondente participação dos
homens na esfera privada, isto é, a crescente integração das mulheres na esfera do trabalho, não implicou
uma integração dos homens na gestão da vida doméstica. A promoção da igualdade entre as mulheres e os
homens é parte integrante da promoção dos direitos humanos que incluem, para ambos, o direito de
participarem plenamente, como parceiros iguais, em todos os aspectos da vida.

Ainda persistem em muitos países, incluindo os países mais desenvolvidos, papéis sociais
destinados a homens e papéis sociais destinados a mulheres. Portugal apresenta, no que respeita
à elevada participação das mulheres (e em particular das mães com filhos pequenos) no trabalho
remunerado. As mulheres portuguesas, tal como na maioria dos países europeus, a conciliação
entre o trabalho remunerado e o trabalho doméstico, uma vez que os homens portugueses (tal
como os da Europa do Sul) revelam uma propensão muito reduzida para a participação no
trabalho doméstico e, em particular, nas tarefas de cuidado aos filhos e outros dependentes.

A percepção desta ideia origina que as mulheres tenham mais dificuldade em aceder ao emprego,
em resistir ao desemprego, em partilhar com os homens decisões em todos os domínios. Mas, todavia,
originam também que dificilmente se reconheça que os homens têm vida familiar para além do trabalho
remunerado e que isso implica tempo, dedicação e investimento pessoal.

Ao nível do emprego, existe legislação específica, contra qualquer género de discriminação. O


Decreto-Lei nº 392/79, de 20 de Setembro, estabeleceu um conjunto de princípios, regras e garantias com
vista à concretização do princípio consagrado no artigo 58º, nº 3, al. b) da Constituição da República.

É garantida às mulheres igualdade com os homens ao nível das oportunidades e tratamento no


trabalho. Esta igualdade inclui:

a) a ausência de qualquer discriminação baseada no sexo, quer directa, quer indirecta, nomeadamente
por referência ao estado civil ou situação familiar;

b) o acesso a qualquer emprego, profissão ou posto de trabalho;

c) a igualdade de oportunidades e tratamento no que se refere à formação profissional;

37
Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

d) a igualdade de remuneração para trabalho igual ou de valor igual;

e) o desenvolvimento de uma carreira profissional que lhes permita atingir o mais elevado nível
hierárquico.

Artigo 58º - Direito ao trabalho

1- Todos têm direito ao trabalho

2(b) – A igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou género de trabalho e condições


para que não seja vedado ou limitado, em função do sexo, o acesso a quaisquer cargos, trabalho ou
categorias profissionais.

De acordo com a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, a taxa de actividade


feminina cresceu 4,3 pontos percentuais entre os anos de 1995 e 2004, face a um crescimento da taxa
de actividade masculina de 2,7 pontos percentuais, entre o mesmo período.

Em 2004, a taxa de actividade feminina atingiu 46,7%.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Ainda de acordo com a CITE, a taxa de emprego apresenta uma propensão de crescimento no mesmo
período, particularmente visível em relação à taxa de emprego feminina, que cresceu 7 pontos percentuais.
No ano de 2003, a taxa de emprego feminina situava-se nos 61,4%, face a 75% da taxa de emprego
masculina.

No que concerne à taxa de desemprego, embora num contexto geral tivesse existido uma diminuição
do desemprego, a taxa de desemprego feminino é sistematicamente superior à dos homens. Em 2001, a taxa
de desemprego atingiu 5,1% das mulheres e 3% dos homens.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Até recentemente, nos países Ocidentais, o trabalho remunerado era uma característica
predominante dos homens. No entanto, nas últimas décadas, as mulheres estão a mudar os papéis sociais
até então destinados, e a introduzirem-se no mercado de trabalho.

No período de 1995 a 1998, as mulheres auferiram apenas cerca de 77% da remuneração base dos
homens.

Esta diferença é ainda mais acentuada quando se considera o ganho médio mensal, neste caso a
assimetria ultrapassa os 27%.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

No que se refere ao trabalho com contrato a termo certo e outras formas de vínculo contratual não
permanente, embora estes quase tenham duplicado entre 1995 e 2002, o seu peso tem vindo a diminuir.
No entanto, as mulheres continuam a ser mais atingidas pela precariedade do vínculo contratual.

De acordo com Giddens, A. (200) as mulheres trabalhadoras estão concentradas em


empregos rotineiros e mal pagos. O facto das mulheres assumirem o papel de mães assume
uma grande importância na sua integração na força de trabalho remunerada. De acordo com o
mesmo autor, em todos os contextos sócio-económicos é mais provável que as mulheres tenham
um emprego a tempo inteiro se não tiverem filhos a seu cargo, embora esta tendência tenha
vindo a decrescer. A maternidade e as faltas por assistência à família originam tratamentos discriminatórios por
parte do patronato, condicionando à mulher o acesso ou a manutenção no emprego, designadamente no que diz
respeito às jovens trabalhadoras.

Dia Internacional da Mulher

No ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a
fábrica, para reivindicarem a redução do horário laboral de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas
operárias protestavam o facto de que nas 16 horas de trabalho, recebiam menos de um terço do salário dos
homens. Foram fechadas na fábrica onde, se afirmara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram
queimadas. No ano de 1910, na Dinamarca, numa conferência internacional de mulheres, foi determinado,

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

que em homenagem àquelas operárias, se deveria comemorar o dia 8 de Março como "Dia Internacional da
Mulher".

Com o festejo deste dia, pretende-se chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher e levar
a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade, contestar e rever
preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher.

A política para a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres pretende ultrapassar as


barreiras, visíveis e invisíveis que existem ou poderão surgir no acesso de mulheres e homens, em condições
de igualdade, à participação económica, política e social. Tende a defender e promover a ideia de que todos
os seres humanos, mercê da dignidade inerente à sua natureza, são livres de desenvolver as suas
capacidades pessoais e de fazer opções, muito para além dos papéis social e culturalmente atribuídos a
mulheres e homens.

A Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, foi criada pelo Decreto-Lei n.º
166/9, de 9 de Maio e sucede a Comissão da Condição Feminina. A CIDM tem como objectivos
fundamentais:

- Contribuir para que as mulheres e homens gozem das mesmas oportunidades, direitos e dignidade;

- Alcançar a corresponsabilidade efectiva das mulheres e homens em todos os níveis da vida


familiar, profissional, social, cultural, económica, e política;

- Contribuir para que a sociedade reconheça a maternidade e paternidade como funções sociais e
assuma as responsabilidades que daí decorrem;

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Sensibilização Ambiental

Existe, na natureza, um equilíbrio biológico entre todos os seres vivos. Neste sistema em equilíbrio
os organismos produzem substâncias que são vantajosos para outros organismos e assim sucessivamente. A
poluição existe porque os resíduos, quer sólidos, líquidos ou gasosos, gerados por microorganismos, ou
lançados pelo homem na natureza, são superiores à capacidade de absorção do meio ambiente, provocando
alterações na sobrevivência das espécies.

A poluição é antes de mais uma agressão à natureza, ao meio ambiente em que o homem vive. Os
efeitos da poluição são actualmente, tão amplos que existem inúmeras organizações de defesa do meio
ambiente.

Na generalidade, a poluição é essencialmente produzida pelo homem e relacionada com os


processos de industrialização e consequente urbanização. Os agentes poluentes são os mais variáveis
possíveis e são capazes de assolar o ciclo da água, o solo, o ar, entre outros.

O homem tem vindo a degradar o ambiente, primeiro através de queimadas, depois com a evolução,
surgiram novas maneiras de ferir a natureza. Com o surgimento da revolução industrial, apareceram
máquinas, que por si só foram progressivamente destruindo o meio ambiente

As formas de poluição: sonora

É errado pensar que o ar que respiramos é ilimitado, que nunca acabará. A camada de ar que cerca
a Terra tem apenas 15Km e os primeiros 5Km têm oxigénio suficiente à sobrevivência da maior parte dos
seres vivos. Se continuarmos a poluir o ar, do modo como o Homem está a fazer, a raça humana extinguir-se-
á num futuro não muito longínquo.

Muitas vezes as pessoas esquecem-se que o ar que respiramos não é um cano de esgoto. Muitos
humanos parecem pensar que a forma mais barata de se desfazerem dos lixos domésticos e industriais é
libertá-los para o ar, através de fogueiras, queimadas, veículos que fazem ruídos, indústrias, construções que

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

utilizam máquinas barulhentas, casas nocturnas que deixam o volume do som muito alto, etc. mas o vento
apenas dispersa os resíduos poluentes transportando-os para outros sítios, eles não desaparecem.

A Poluição do ar é uma mistura perigosa de gases residuais, poeiras e outras pequenas partículas
formadas na atmosfera. Quando respiramos ar poluído, as partículas, podem com frequência depositar-se nos
pulmões. A Poluição do ar causa muitos prejuízos às plantações e os animais também podem ficar doentes
por causa dela.

A qualidade do ar de uma cidade ou região é medida pela quantidade de partículas em suspensão


existentes no ar, por metro cúbico desse ar. Um bom ar não pode conter (média geométrica anual de
medições a cada 6 dias), mais de 80 microgramas de partículas em suspensão por metro cúbico.

O som muito alto em walkman prejudica a audição. Este tipo de equipamentos trazem um aviso
quanto o volume. As pessoas podem ficar surdas a partir do momento em que ouvirem algum som acima de
115 decibéis durante 7 minutos seguidos.

Para combater a poluição sonora na cidade, podem ser adoptadas algumas medidas, tais como:
· redução no uso das buzinas de veículos;
· multas contra lojas que fazem propagandas barulhentas;
· recolhimento de veículos sem silenciadores;
· redução de publicidade por auto falantes.

POLUIÇÃO – AUTOMÓVEIS

A poluição do ar provocada pelos automóveis é um grave problema ambiental. Um tubo de escape


liberta um grande número de substâncias poluentes, apesar de existirem os catalisadores e a gasolina sem
chumbo. Um automóvel consome, em média, 1600litros de gasolina por ano, isto significa que liberta para o
ar:

 560Kg de monóxido de carbono


 80Kg de hidrocarbonetos
 32Kg de óxido de azoto
 0,48Kg de chumbo
 0,96Kg de dióxido de enxofre

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

É importante que as pessoas pensem em formas de combater a poluição atmosférica provocada


pelos automóveis. É importante que:

 USEM GASOLINA SEM CHUMBO


 DESLIGUEM O MOTOR – OS FUMOS LIBERTADOS POR UM AUTOMÓVEL PARADO,
COM O MOTOR LIGADO, SÃO 3 A 5 VEZES MAIS PERIGOSOS DO QUE OS FUMOS
LIBERTADOS EM MOVIMENTO.
 OPTEM POR OUTRO TIPO DE TRANSPORTE – TRANSPORTES PÚBLICOS

FOGUEIRAS E QUEIMADAS

As fogueiras e queimadas consomem grandes quantidades de lenha e libertam muito fumo para a
atmosfera, além de que as suas faúlhas são perigosas, porque podem incendiar as florestas. A grande
quantidade de gases libertados para a atmosfera através das fogueiras e da quantidade enorme de incêndios
que destroem as florestas de todo o mundo, causam um enorme prejuízo ao ar que respiramos, além de que
diminui a quantidade de oxigénio existente na Terra. Se as florestas são destruídas, e sendo as árvores as
grandes fornecedoras de oxigénio, este vai diminuindo à medida que as árvores vão sendo destruídas quer
pelo fogo quer pelo seu abate.
É importante que nos lembremos que sem oxigénio os seres vivos deixam de existir, pelo que é
fundamental começarmos a proteger o ar que respiramos. Devemos por isso implementar campanhas de
prevenção contra fogueiras, queimadas e incêndios, bem como pela preservação das nossas florestas,
enquanto fontes de grandes quantidades de oxigénio que necessitamos para sobreviver.

TRÁFEGO AÉREO

Os especialistas dizem que um único avião a jacto polui o equivalente a 24.000 automóveis. A emissão de
gases de grande número de aviões que cruzam o nosso meio aéreo aumentam o número de nuvens, o que
provoca a redução da quantidade de luz solar que chega à Terra.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

FÁBRICAS

As fábricas são uma das principais fontes das substâncias perigosas que são libertadas para a
atmosfera.
Sobretudo nos meios industrializados, a quantidade de gases que são libertados para a atmosfera
pelas fábricas e indústrias, originam uma enorme poluição atmosférica. A maior parte das indústrias não se
preocupam em implementar campanhas de diminuição da poluição atmosférica, que poderiam diminuir em
grande quantidade os gases libertados pelas mesmas. O uso de filtros deveria ser uma das principais
medidas para a preservação do nosso ar, assim é importante que as pessoas responsáveis pelas indústrias
se comecem a preocupar com a saúde e a vida de todos os seres vivos que habitam o nosso planeta.

AMEAÇA DA CAMADA DO OZONO

A camada de ozono da atmosfera protege-nos das radiações perigosas do sol, como as ultra-
violetas. Os cloro-fluor-carbonetos que são libertados para a atmosfera degradam a camada de ozono. Estas
radiações fazem com que as radiações do Sol mais perigosas possam chegar até nós e aumentar o risco de
contrairmos certas doenças, como o cancro.

 É IMPORTANTE QUE NÃO SE COMPREM LATAS DE SPRAY SE NÃO TIVER A


CERTEZA QUE NÃO CONTÊM GASES PREJUDICIAIS AO AMBIENTE.

As formas de poluição: das águas

As principais causas de deteriorização dos rios, lagos e dos oceanos são: poluição e contaminação por
poluentes e esgotos. O ser humano tem causado todo este prejuízo à natureza, através dos lixos, esgotos,
dejectos químicos industriais e mineração sem controle.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

O conceito de água poluída compreende não só as modificações das propriedades físicas, químicas e
biológicas da água, mas também a adição de substâncias líquidas, sólidas ou gasosas capazes de tornar as
águas impróprias para os diferentes usos a que se destinam.

A poluição da água está associada a diversos factores:

- ao aumento da população

- ao desenvolvimento urbanístico

- e à expansão industrial.

Os oceanos têm conseguido diluir, dispersar e degradar grandes quantidades de esgotos não tratados,
petróleo e alguns efluentes industriais, pelo facto de serem lançados em águas profundas. A vida marinha,
embora tenha sido afectada, tem recuperado. Desperdícios, resíduos industriais tóxicos e/ou radioactivos, que
antes eram colocados em aterros ou queimados, passaram a ser lançados em águas profundas dos oceanos.
Além das descargas poluentes, ocorrem acidentes, como por exemplo derrames de crude, petróleo e seus
derivados. Como os mares e oceanos são ambientes frágeis, ocorrem autênticos desastres ecológicos tais
como: mortes de organismos aquáticos como o plâncton, caranguejos, moluscos, corais, passando pelas
aves marinhas que mergulham, até às baleias, leões – marinhos, lontras, entre outros.

As substâncias que se misturam na água são chamadas de agentes poluentes. Alguns agentes
poluentes da água são:

1. esgotos das cidades, eliminados em rios e mares;


2. detritos domésticos, lançados em rios, lagos;
3. elementos sólidos, líquidos e gasosos;
4. óleo e lixo que os navios lançam nos mares.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

É muito comum as pessoas confundirem água poluída com água contaminada.

Água Contaminada: transmite doenças, para além de conter microorganismos, restos de animais, larvas e
ovos de vermes.

Água Poluída: tem cheiro forte, cor bem escura, que alterou suas características naturais, isto é, deixou de
ser pura e saudável para os seres vivos.

Para evitar e combater a poluição da água, é necessário tomar medidas como:

1. colocar filtros nas fábricas e em indústrias;


2. tratar os esgotos para evitar que contaminem rios e mares;
3. evitar deitar lixo ou material reciclável em rios e mares;
4. conduzir toda a água utilizada pela população para uma estação de tratamento.

O homem pode, de forma directa, ser atingido pela poluição das águas, uma vez que ela é usada para
ser bebida, para tomar banho, para lavar roupas e utensílios e, principalmente, para alimentação e dos
animais domésticos. Além disso, abastece as nossas cidades, sendo também utilizada nas indústrias e na
irrigação de plantações.

Nos países ricos, a poluição de águas é resultado da maneira como a sociedade consumista está
organizada para produzir e desfrutar da sua riqueza, progresso material e bem-estar. Nos países pobres, a
poluição é resultado da pobreza e da ausência de educação dos seus habitantes, que não têm base para
exigir os seus direitos de cidadãos, o que só tende a prejudicá-los, pois esta omissão na reivindicação dos
seus direitos leva à impunidade das indústrias, que poluem cada vez mais, e aos governantes, que se
aproveitam da ausência da educação do povo.

Algumas medidas para economizar a água: Fechar bem as torneiras; regular a água no banheiro;
tomar banhos curtos; não gastar água lavando carro ou pátios; reutilizar a água para diversas actividades;
não deitar lixo em rios e lagos.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

É importante todavia que exista conhecimento, sobretudo por parte das crianças e jovens, da
importância fulcral que a água tem na vida dos seres humanos. É importante que se faça chegar a todos os
seres humanos a Carta Europeia da Água.

Carta Europeia da Água

1. Não há vida sem água. A água é um bem precioso indispensável a todas as actividades humanas.

2. Os recursos hídricos não são inesgotáveis. É necessário preservá-los, controlá-los e, se possível,


aumentá-los.

3. Alterar a qualidade da água é prejudicar a vida do Homem e dos outros seres vivos que dela
dependem.

4. A qualidade da água deve ser mantida em níveis adaptados às utilizações e, em especial,


satisfazer as exigências da saúde pública.

5. Quando a água, após ser utilizada, volta ao meio natural, não deve comprometer as utilizações
que dela serão feitas posteriormente.

6. A manutenção de uma cobertura vegetal apropriada, de preferência florestal, é essencial para a


conservação dos recursos hídricos.

7. Os recursos hídricos devem ser objecto de um inventário.

8. A eficiente gestão da água deve ser objecto de planos definidos pelas autoridades competentes.

9. A salvaguarda da água implica um esforço muito grande de investigação científica, de formação


técnica de especialistas e de informação pública.

10. A água é um património comum cujo valor deve ser reconhecido por todos. Cada um tem o dever
de a economizar e de a utilizar com cuidado.

11. A gestão dos recursos hídricos deve inserir-se no âmbito da bacia hidrográfica natural e não no
das fronteiras administrativas e políticas.

12. A água não tem fronteiras. É um bem comum que impõe uma cooperação internacional.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Poluição dos Solos

O solo é um recurso natural básico, constituindo um componente fundamental dos ecossistemas e dos
ciclos naturais, um reservatório de água, um suporte essencial do sistema agrícola e um espaço para as
actividades humanas e para os resíduos produzidos.

Degradação do solo por meio da:


- desertificação;
- utilização de tecnologias inadequadas;
- falta de práticas de conservação de água no solo;
- destruição da cobertura vegetal.

O uso da terra para centros urbanos, para as actividades agrícola, pecuária e industrial tem tido como
consequência elevados níveis de contaminação.

A poluição dos solos encontra-se relacionada com a utilização de certas técnicas agrícolas modernas. A
necessidade de aumentar a produtividade, tem levado à aplicação de fertilizantes e pesticidas que estão a
contaminar os solos cultivados, e que futuramente pode levar a produção agrícola a correr o risco de ficar
comprometida.

Os fertilizantes são substâncias químicas que procuram enriquecer os solos em vários elementos,
que são necessários ao bom desenvolvimento das culturas. No entanto, os fertilizantes não são purificados,
contendo numerosos metais em estado de vestígios. Uma vez que estes são tóxicos e tendo em conta a sua
fraca mobilidade, tendem a concentrar-se nas camadas superiores do solo, precisamente onde se encontra a
maior parte do sistema de raízes das plantas. O excesso de fertilizantes pode-se tornar numa verdadeira
ameaça para a própria fertilidade futura dos solos.

Os pesticidas, por sua vez, são substâncias químicas complexas. São insecticidas, fungicidas,
herbicidas e o seu número tem aumentado de maneira notável. Os efeitos dos pesticidas provocam sempre
profundas perturbações nos ecossistemas em que são introduzidos. A sua toxicidade estende-se a todas as

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

espécies vegetais e animais e mesmo ao homem. Se bem que se pretenda destruir um número limitado de
espécies, os pesticidas acabam por afectar, em grau diverso, todos os seres vivos.

Em Portugal, a degradação do solo traduz-se no seu esgotamento e desaparecimento dos horizontes


superficiais (camada arável), por vezes até à situação de rocha nua, sendo causa directa da desertificação,
ou seja, degeneração dos ecossistemas produtivos. Este processo resulta maioritariamente da maior ou
menor agressividade do clima e da actividade do Homem. As consequências visíveis deste processo são, de
imediato, a transformação da paisagem e alteração do regime hidrólogo, com as consequentes carências
hídricas e irregularidades nos regimes pluviofluviais, que, tornando-se torrenciais, causam a destruição dos
solos.

Medidas de recuperação do solo

A abordagem das áreas contaminadas considera, normalmente, três fases fundamentais:

1. Identificação das áreas contaminadas (inventários);


2. Diagnóstico-avaliação das áreas contaminadas;
3. Tratamento das áreas contaminadas.

Actualmente consideram-se três grandes grupos de métodos de descontaminação de solo:

 descontaminação no local ("in-situ");


 descontaminação fora do local ("on/off-site");
 confinamento/isolamento da área contaminada.

Esta 3ª opção é mais uma solução provisória para o problema. O tratamento do solo como
metodologia de recuperação de áreas contaminadas é uma alternativa cada vez mais significativa
relativamente à sua deposição em aterros sanitários, devido essencialmente ao aumento dos custos
envolvidos.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

A reciclagem como forma de poupar recursos ambientais

Reciclar implica investir, reaproveitando materiais que poderão voltar a entrar no ciclo industrial,
poupando o mundo da perda de recursos naturais.

A quantidade de lixo produzida diariamente por um ser humano é de aproximadamente 5Kg. O


aumento excessivo da quantidade de lixo deve-se ao aumento do poder aquisitivo e pelo perfil de consumo de
uma população. Além disso, quanto mais produtos industrializados, mais lixo é produzido, como embalagens,
garrafas,etc. Hábitos simples como dobrar correctamente as embalagens e separar os diferentes materiais
tornam muito mais fácil a defesa do ambiente.

A reciclagem é uma forma de valorização de resíduos. A reciclagem de materiais envolve um tipo de


transformação do material em instalações apropriadas. O papel, o vidro, o plástico, o metal, as pilhas, alguns
óleos e os próprios orgânicos fermentáveis são alguns materiais que podem ser reciclados. A operação de
reciclagem deverá envolver um menor consumo de energia, água e de matérias-primas que os processos
alternativos de utilização de materiais virgens

Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os detritos e reutiliza-los no
ciclo de produção de que saíram. É o resultado de uma série de actividades, pela qual materiais que se
tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, colectados, separados e processados para serem usados
como matéria-prima na manufactura de novos produtos.

O retorno da matéria-prima ao ciclo de produção é denominado reciclagem. O vocábulo surgiu na


década de 1970, quando as preocupações ambientais passaram a ser tratadas com maior rigor,
especialmente após o primeiro choque petrolífero. As indústrias de reciclagem são também chamadas
secundárias, por processarem matéria-prima de recuperação. Na maior parte dos processos, o produto
reciclado é completamente diferente do produto inicial.

De acordo com um estudo da Galp energia, cada vez que reciclamos mil quilos de papel, impedimos
que 20 árvores sejam cortadas. Esse papel, se fosse deitado fora, demoraria até três meses a decompor-se.
Reciclar uma tonelada de vidro, evita a extracção de 1300 quilos de areia. Se não o fizermos, vão passar
quatro mil anos até que se decomponha.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Tipos de lixo a reciclar:


- Doméstico (alimentos)
- Industrial (carvão mineral, lixo químico)
- Agrícola (estrume, fertilizantes)
- Hospitalar
- Materiais Radioactivos ( indústria medicina...)

Uma garrafa plástica ou vidro pode levar 1 milhão de anos para decompor-se. Uma lata de alumínio, de 80 a
100 anos. Porém todo esse material pode ser reaproveitado, transformando-se em novos produtos ou matéria
prima, sem perder as propriedades.

Separando todo o lixo produzido em residências, estaremos evitando a poluição e impedindo que a sucata se
misture aos restos de alimentos, facilitando assim seu reaproveitamento pelas indústrias. Além disso,
estaremos poupando a meio ambiente e contribuindo para o nosso bem estar no futuro, ou você quer ter sua
água racionada, seus filhos com sede, com problemas respiratórios.

Algumas Vantagens:

 Cada 50 quilos de papel usado, transformado em papel novo, evita que uma árvore seja cortada.
Pense na quantidade de papel que você já jogou fora até hoje e imagine quantas árvores você
poderia ter ajudado a preservar.
 Cada 50 quilos de alumínio usado e reciclado, evita que sejam extraídos do solo cerca de 5.000
quilos de minério, a bauxita.
 Quantas latinhas de refrigerantes você já jogou até hoje?
 Com um quilo de vidro quebrado, faz-se exatamente um quilo de vidro novo. E a grande vantagem
do vidro é que ele pode ser reciclado infinitas vezes.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Agora imagine só os aterros sanitários: quanto material que está lá, ocupando espaço, e poderia ter sido
reciclado!

 Economia de energia e matérias-primas. Menos poluição do ar, da água e do solo.


 Melhora a limpeza da cidade, pois o morador que adquire o hábito de separar o lixo, dificilmente o
joga nas vias públicas.
 Gera renda pela comercialização dos recicláveis. Diminui o desperdício.
 Gera empregos para os usuários dos programas sociais e de saúde da Prefeitura.
 Dá oportunidade aos cidadãos de preservarem a natureza de uma forma concreta, tendo mais
responsabilidade com o lixo que geram.

O que é ou não reciclável ?

É reciclável: Papel de escrita, jornais, revistas, papel de embrulho, caixas de cartão, sacos de papel.

Não é reciclável: Papel autocolante, papel vegetal, papel químico, papel plastificado, papel sujo com
gordura, papel higiénico, papel de lustro.

Reciclagem – pilhas

As pilhas não são recicláveis, mas os metais que as pilhas contêm podem sê-lo. As pilhas usadas são
resíduos que contém metais bastante poluentes. Não existe em Portugal qualquer unidade de tratamento de
pilhas, pelo que estas são armazenadas, aguardando transporte para unidades de valorização em países da
comunidade europeia. Há uma sociedade gestora para as pilhas.

As políticas de ambiente que vigoram actualmente concentram-se na designada política dos três "R"
- Reduzir; Reutilizar; Reciclar. "

Reduzir implica desperdiçar menos, isto é reduzir os resíduos produzidos. A produção de produtos
com uma maior longevidade e durabilidade são condições importantes para a redução que é a forma mais
interessante para a preservação ambiental ou a preservação dos recursos naturais.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Algumas atitudes a adoptar:

 Aproveitar as duas faces das folhas de papel, tanto para escrita, como para impressão e fotocópias;
 Imprimir ou fotocopiar apenas o número necessário de fotocópias;
 Optar por guardanapos e toalhas de pano;
 Utilizar envelopes só quando necessário;
 Recusar folhetos de propaganda que não forem de seu interesse;
 Substituir copos, talheres, isqueiros por similares duráveis;
 Diminuir o desperdício de alimentos e
 Evitar embalagens supérfluas, sofisticadas ou de difícil ou nenhuma (papel de alumínio) reciclagem.

Reutilizar consiste em usar os objectos várias vezes antes de nos livrarmos deles, de forma a
contribuir para uma menor acumulação.

Algumas atitudes a adoptar:

 Reaproveitar envelopes, cartolinas e folhas de papel com verso livre para rascunho ou para imprimir
documentos a serem enviados por fax, papéis de embrulho, etc.;
 Utilizar frascos;
 Reaproveitar excedente de materiais de construção;
 Reparar utensílios e aparelhos (em sapateiros, costureiros, restauradores, etc.) ou transformá-los em
outros;

Reciclar, consiste em transformar os materiais inúteis em novos produtos ou matérias-primas de


forma a diminuir a quantidade de resíduos, poupar energia e recursos naturais valiosos.

Algumas atitudes a adoptar:

 Separar os recicláveis como papéis, plásticos, vidros e metais. Os materiais devem estar limpos
(livres de resíduos orgânicos, restos de comida);

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Reciclagem orgânica: O tratamento aeróbio (compostagem) ou anaeróbio (biometanização),


através de microrganismos e em condições controladas, das partes biodegradáveis dos resíduos de
embalagens, com produção de resíduos orgânicos estabilizados ou de metano, não sendo a deposição em
aterros considerada como forma de reciclagem orgânica.

A consciência ambiental passa pela adopção de hábitos simples, mesmo quando os produtos que já
não vamos usar se destinam a aterros sanitários. Dobrar e espalmar o melhor possível os garrafões de água,
por exemplo, pode adicionar 15 anos de vida útil a um aterro sanitário.

A recolha selectiva baseia-se na separação voluntária pelos produtores, a quem foram fornecidos
recipientes específicos, no interior das habitações, procedendo-se à remoção porta-a-porta com viaturas de
recolha bifluxo.

Valorização energética dos resíduos sólidos

Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) são fundamentalmente resíduos domésticos ou outros resíduos
semelhantes pela sua natureza ou composição.
A responsabilidade da gestão dos RSU está confiada aos municípios ou associações de municípios,
sem prejuízo do pagamento das taxas por parte dos produtores. O conhecimento da quantidade e das
características dos resíduos sólidos urbanos, produzidos pelos munícipes, é essencial para uma gestão
eficaz dos sistemas de valorização e destino final de RSU.
A obtenção deste conhecimento é realizada tendo em conta o preenchimento de mapas de registo
de resíduos sólidos urbanos, preenchidos pelas autarquias que procedem à gestão dos sistemas de RSU,
que terão que enviar para a Direcção Regional do Ambiente até dia 15 de Fevereiro do ano imediato àquele
a que a que se reportam os respectivos dados.

O preenchimento dos mapas é necessário para:

- Conhecimento da quantidade de resíduos produzidos em cada município;

- Conhecimento da quantidade de resíduos recepcionados no sistema e depositados nos sistemas;

- Caracterização dos resíduos recepcionados nos sistemas;

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

- Conhecimento da quantidade e tipos de resíduos recolhidos selectivamente e enviados para valorização;

- Delineamento de estratégias locais e/ou regionais, com vista a uma gestão integrada de resíduos sólidos
urbanos.

A valorização energética dos resíduos sólidos urbanos baseia-se na recuperação da energia


calorífica dos resíduos, através de um processo térmico de tratamento controlado, e na sua transformação em
energia eléctrica. Os resíduos sólidos urbanos que podem ser utilizados neste processo são todos aqueles
que não apresentam potencialidades de valorização pelos processos de reciclagem e compostagem. A
Central de Tratamento de RSU é uma unidade que tem a capacidade de efectuar a queima
dos lixos que não separamos e, simultaneamente, produzir energ ia eléctrica .

Produtos/efluentes do tratamento/ valorização na Central de Tratamento de RSU :

- energia eléctrica

- escórias

- sucata ferrosa

- cinzas volantes

- gases de combustão

A separação doméstica dos resíduos

Ecocentros

Os Econcentros são uma estrutura de recepção diferenciada que permite a deposição voluntária de
resíduos que, pelas suas dimensões ou características, não são passíveis de ser recolhidos pelos meios
normais de remoção, e de outros componentes de resíduos com viabilidade de recuperação e reciclagem.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

A deposição de resíduos nos Ecocentros é voluntária e gratuita, pelo que pequenas indústrias,
comércios e particulares poderão recorrer a este sistema de deposição selectiva.

Nos Ecocentros podem ser depositados materiais como Papel e Cartão, Plástico, Vidro, Monstros
Metálicos (Sucatas), Resíduos Verdes, Madeiras, Monstros não Metálicos e Pequenos Entulhos.
Pilhas, Baterias, Lâmpadas Fluorescentes e óleos de motor.

Nos Ecocentros as regras de separação são as mesmas que as dos Ecopontos, com a diferença que
nos Ecocentros podemos entregar resíduos de maiores dimensões e em maior quantidade.

A gestão dos Ecocentros é da responsabilidade dos Municípios onde estas infra-estruturas estão instaladas.

Na área de intervenção da Lipor existem 22 Ecocentros. Um funcionário acompanha todas as descargas de


materiais, além de esclarecer eventuais dúvidas relativamente à correcta deposição dos resíduos.

Ecopontos

Diariamente a Humanidade destrói recursos preciosos para a sua sobrevivência. No lixo que desperdiçamos
pode estar a fonte necessária ao Homem para deter a catástrofe e valorizar a vida das espécies. Reciclar
implica investir, reaproveitando materiais que poderão voltar a entrar no ciclo industrial, poupando o mundo da
perda de recursos naturais. Poupar os recursos da Natureza – contribui para a reciclagem de produto.

Diariamente todos nós consumimos diversos produtos ou acções que no final do dia terão produzido
1,3Kg de resíduos sólidos por pessoa. O que é quase meia tonelada de resíduos por ano! Se não pudermos
reduzir o nosso consumo, devemos pelo menos preocupar-nos em colocar estes resíduos em locais que
permitam o seu posterior reaproveitamento.

Os Ecopontos são conjuntos de três contentores para recolha de resíduos de pequenas dimensões,
possuindo cores identificativas para os vários tipos de materiais. Depositar os lixos, devidamente separados,
nos Ecopontos é o primeiro passo para termos um melhor ambiente. Normalmente, incorporado no Ecoponto
encontra-se um contentor vermelho de pequenas dimensões, o Pilhómetro (também conhecido por Pilhão),
destinado à deposição de pilhas usadas.

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Produtos do tratamento / valorização nos Ecopontos :


- vidro
- papel/cartão
- embalagens de plástico
- embalagens de metais ferrosos
- embalagens de metais não ferrosos
- enviados para a indústria recicladora

Contentor Amarelo

Para aqui vão as embalagens de plástico e metal depois de escorridas e, se possível, espalmadas.
Mas é o último momento em que estão juntas; depois do Ecoponto, plástico e metal seguem caminhos
diferentes.

Não se deve colocar: embalagens de produtos químicos ou perigosos, de óleos de motor ou alimentares,
restos de comida.

Contentor Azul

Para este contentor vão, além de revistas, jornais e folhas de papel, embalagens de papel e
cartão, incluindo as embalagens de bebidas depois de escorridas e espalmadas.

Não se deve colocar: fotografias, radiografias, papel plastificado, papel e cartão com gordura, restos de
comida.

Contentor Verde

Para aqui vão todas as embalagens de vidro depois de escorridas e já sem tampas nem rolhas.
São as garrafas, os frascos, os boiões...

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Não se deve colocar: lâmpadas, espelhos, louça, cristais, vidro de janelas.

Onde se podem encontrar Ecopontos?

Os Ecopontos geralmente encontram-se junto a zonas habitacionais ou infra-estruturas públicas.

De acordo com a Lipor, existem ecopontos em cada um dos municípios, dados fornecidos pelos
técnicos das respectivas Câmaras Municipais, em Janeiro de 2005.

Centrais de Compostagem

A compostagem é um processo biológico de decomposição de matérias orgânicas realizada por


microorganismos, como as leveduras, as bactérias e os fungos. O resultado final do processo de
compostagem é a produção de composto, um fertilizante natural de excelente qualidade para uso agrícola.

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Algumas das vantagens da realização da compostagem é a re-introdução nos solos de matéria orgânica
sendo por isso uma forma de reciclagem de matérias orgânicas, e a redução da qualidade de resíduos a
depositar em aterro sanitário ou a encaminhar para incineração.

A compostagem é realizada em compostores. Estes devem ser colocados sobre uma superfície de terra
de modo a permitir o escoamento de água da chuva e o acesso de minhocas e microoganismos que aceleram
o processo de degradação de matéria orgânica.

Quase todos os materiais constituídos por matérias orgânicas podem ser compostados, tais como relva,
folhas verdes e aparas de jardim, restos de vegetais e frutos, borras de café e sacos de chá, aparas de
madeira e serradura, palha e feno.

Nunca deve ser colocado no compostor material que pode ser encaminhado para reciclagem qualquer
tipo de produto químico. Há ainda material orgânico que não deve ser compostado a fim de evitar cheiros
desagradáveis e a presença de insectos: carnes, peixes, ossos e espinhas, lacticínios, óleos e gordura
animal, excrementos de animais domésticos e ramos muito grandes.

Uma das formas de preservar o meio ambiente em termos da compostagem, é as pessoas realizarem o
composto caseiro.

Existem vários tipos de compostores caseiros, como é o caso de compostores de madeira, de tijolos, de
rede, de baldes, as cercas, as pilhas e os buracos na terra.

O compostor deve estar suficientemente próximo de casa, num local com fácil acesso e água perto para
facilitar a rega. Se possível, reserve um local próximo do compostor para armazenar temporariamente os
resíduos antes de os adicionar ao processo.

Num clima seco, a localização ideal de composto é debaixo de uma árvore, que proporciona sombra
durante uma parte do dia e evita a secagem e arrefecimento do composto. Se, pelo contrário, a chuva é
frequente, convém cobrir a sua pilha ou compostor porque o excesso de água atrasará a decomposição.

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Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais

Se importante colocar o compostor em cima da terra e não numa superfície impermeabilizada, porque
além de possibilitar a drenagem da água facilita a entrada de microrganismos benéficos do solo para a sua
pilha.

Assim, como forma de preservar o ambiente, as pessoas podem colocar no fundo do compostor uma
primeira camada de matérias orgânicas secas, alternando depois com os materiais húmidos.
Os materiais grosseiros devem ser misturados com materiais finos.
Deve proceder-se ao volteamento do composto 2 ou 3 vezes com intervalos de 15 a 20 dias a fim de
permitir o arejamento adequado e controlar a temperatura.
Quando o compostor estiver cheio, deve ser coberto com uma fina camada de terra.

Após 2 ou 3 meses de compostagem, o composto pode já ser utilizado como adubo, mas não deve ser
enterrado pois iria entrar em fermentação produzido maus cheiros. Após 9 meses de compostagem o
composto já se encontra completamente maturado.
As alturas ideais do ano para utilizar o composto são a Primavera e o Outono.

Em apartamentos, as pessoas podem também defender e preservar este tipo de auxílio ao ambiente. Na
vermicompostagem, os compostores são recipientes pequenos que podem ser comprados novos ou
reutilizados(por exemplo um aquário ou uma gaveta.) devem ser furados para circulação de ar e colocados
em locais escuros se não forem opacos.

Dentro os benefícios proporcionados pela existência dessa cobertura morta no solo, destacam-se :

- Estímulo ao desenvolvimento das raízes das plantas, que se tornam mais capazes de absorver água e
nutrientes do solo.

- Aumento da capacidade de infiltração de água, reduzindo a erosão.

- Mantém estáveis a temperatura e os níveis de acidez do solo (pH).

- Dificulta ou impede a germinação de sementes de plantas invasoras (daninhas).

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- Activa a vida do solo, favorecendo a reprodução de microorganismos benéficos às culturas agrícolas.


Diariamente a Humanidade destrói recursos preciosos para a sua sobrevivência. No lixo que desperdiçamos
pode estar a fonte necessária ao Homem para deter a catástrofe e valorizar a vida das espécies.

O Centro de Triagem tem como principal objectivo proceder a uma triagem dos materiais provenientes das
recolhas selectivas em sistema bifluxo (fracção cartão/papel e fracção embalagens) e ao enfardamento e
acondicionamento dos mesmos, com vista ao seu posterior escoamento para as unidades recicladoras.

Centrais de incineração

A incineração é um processo que consiste na destruição dos resíduos a alta temperatura, na


presença do oxigénio do ar (combustão), geralmente com recuperação de energia.
A incineração permite a redução do volume de resíduos. Este tipo de sistema só tem utilidade para eliminar
resíduos combustíveis, não apresentando vantagens para materiais como vidro e metais (inertes) ou
orgânicos fermentáveis (teor de humidade elevado). A Directiva 2000/76/CE de 4 de Dezembro, estabelece
as condições de incineração e co-incineração de resíduos.

Que materiais podem ser incinerados ?

De uma forma generalista, pode ser incinerado tudo aquilo que sendo orgânico, que não seja
reutilizável ou reciclável, nomeadamente, papeis sujos ou degradados, plásticos velhos ou muito sujos,
matéria orgânica fermentável, fraldas descartáveis, espumas e borrachas, têxteis, resíduos hospitalares
contaminados, medicamentos, cabelos, entre outros.

Que materiais não devem ser incinerados com os RSU?

Não devem ser incinerados materiais orgânicos contendo na sua composição halogenados (cloro, fluor) ou
alguns metais (óleos de motor usados), alguns tipos de resíduos hospitalares.

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Aterro Controlado

Um aterro controlado tem como finalidade dar um destino final aos resíduos sólidos urbanos de
forma adequada, reduzindo os impactos ambientais. A implementação destes aterros deve atender a critérios
técnicos muito criteriosos, sobretudo relativos ao afastamento de aglomerações urbanas; à capacidade de
infiltração do solo; à distância de cursos de água; à direcção predominante do vento; à topografia.

O que é um aterro controlado (ou sanitário)?

De acordo com o DL nº. 239/97, um aterro controlado é uma “instalação de eliminação utilizada para
a deposição controlada de resíduos acima ou abaixo da superfície natural”, em que :
- o local deverá apresentar-se impermeabilizado;
- os resíduos são espalhados, compactados e cobertos com terra;
- existe controlo sistemático das águas de lixiviação e dos gases produzidos ;
- existe monitorização do impacto ambiental durante a operação e após o seu encerramento.

Os maiores problemas para a implantação de aterros são:

a possibilidade de se poluir o solo e cursos de água superficiais ou subterrâneos;

a necessidade de supervisão constante de modo a garantir a manutenção das mínimas condições


ambientais e de salubridade;

a geração de gases a partir da decomposição do lixo aterrado;

a necessidade de terrenos disponíveis para a instalação do aterro próximos aos locais de produção do
lixo, já que o custo de transporte é muito elevado na limpeza urbana em virtude do baixo peso específico do
lixo;

a resistência dos moradores nas cercanias do aterro que, muitas vezes, por não serem ouvidos e
devidamente esclarecidos quanto ao problema, acabam por criar impasses desgastantes para a
Administração Municipal.

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Antes de se projectar o aterro, são feitos estudos geológicos e topográficos para seleccionar a
área a ser destinada para sua instalação não comprometa o meio ambiente. É feita, inicialmente,
impermeabilização do solo através de combinação de argila e lona plástica para evitar infiltração dos

líquidos percolados, no solo. Os líquidos percolados são captados (drenados) através de tubulações e
escoados para lagoa de tratamento. Para evitar o excesso de águas de chuva, são colocados tubos ao
redor do aterro, que permitem desvio dessas águas, do aterro.

A quantidade de lixo depositado é controlada na entrada do aterro através de balança. É proibido o


acesso de pessoas estranhas. Os gases liberados durante a decomposição são captados e podem ser
queimados com sistema de purificação de ar ou ainda utilizados como fonte de energia (aterros
energéticos).

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Bibliografia

- Fachada, O. (2005) – Psicologia das Relações Interpessoais. 2º Volume, 7ª Edição, Edições Rumo.

- Giddens, A. (2000) – Sociologia. Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª Edição. Lisboa.

- Jesuíno, J. (1987) – Processos de Liderança. Livros Horizonte. Lisboa.

- Wolf, M. (1987) – Teorias da comunicação. Ed. Presença, Lisboa.

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