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Como funciona a gasolina

por Marshall Brain - traduzido por HowStuffWorks Brasil

Neste artigo
1.
Introdução

2.
O que é a gasolina?

3.
De onde vem a gasolina?

4.
O que é octana?

5.
Os aditivos da gasolina

6.
Os problemas com a gasolina

7.
Mais informações

8.
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Os aditivos da gasolina
Durante a Primeira Guerra Mundial, descobriu-se que é possível adicionar uma substância
química chamada chumbo tetraetila (TEC) à gasolina e aumentar de maneira significativa
o índice de octanas, acima da combinação octano/heptano. Categorias mais baratas de
gasolina poderiam ser usadas adicionando o chumbo tetraetila. Isso levou à difusão do uso
da gasolina com "etila" ou "com chumbo". Infelizmente, as conseqüências da adição de
chumbo à gasolina são:
 o chumbo entope e inutiliza o catalisador em minutos;
 a Terra se reveste por uma fina camada de chumbo, que é tóxica para muitos
seres vivos (inclusive humanos).
Quando o chumbo foi proibido, a gasolina ficou mais cara porque as refinarias não podiam
aumentar os índices de octanas das categorias mais baratas. Aviões de motor a pistão
ainda usam gasolina com chumbo e índices de octanas de 100 ou 115 são comumente
usados em motores de altíssimo desempenho (a propósito, aviões a jato queimam
querosene).
Um outro aditivo comum é o MTBE. MTBE é o acrônimo para éter metil-butil terciário,
uma molécula razoavelmente simples que é criada a partir do metanol. Clique aqui para
ver a estrutura química do MTBE.
O MTBE passou a ser adicionado à gasolina por dois motivos:
1. Ele aumenta a octanagem.
2. Ele é um aditivo oxigenado, ou seja, acrescenta oxigênio à reação durante a
queima. Por definição, um aditivo oxigenado reduz a quantidade de hidrocarbonetos
não queimados e monóxido de carbono no escapamento.
O MTBE começou a ser adicionado à gasolina amplamente depois que a Lei do Ar Limpo,
de 1990, entrou em vigor. A gasolina contém de 10 a 15% de MTBE.
O principal problema com o MTBE é que ele é considerado cancerígeno e mistura-se com
a água facilmente. Se ocorrer um vazamento de gasolina com MTBE de um tanque
subterrâneo em um posto, ela pode entrar em contato com a água de lençóis freáticos e
contaminar os poços. É claro que o MTBE não é a única substância a entrar em contato
com a água freática no caso de vazamento. O mesmo ocorre com a gasolina e com uma
série de outros aditivos da gasolina mas, nos últimos anos, o MTBE ganhou destaque.
De acordo com esta página na EPA (site em inglês):

"Embora não haja uma regulamentação estabelecida sobre a água potável, a


USEPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA) publicou uma recomendação
quanto à água potável de 20 a 40 microgramas por litro (µg/L) com base nos limites
de sabor e odor. A concentração dessa recomendação tem como objetivo fornecer
uma ampla margem de segurança quanto aos efeitos não-cancerígenos, além de
respeitar os limites normalmente aceitos para efeitos cancerígenos potenciais".

A substância que tem mais chances de substituir o MTBE na gasolina é o etanol (álcool
normal) e isto já está ocorrendo em vários estados dos EUA, em que é adicionado à
gasolina na proporção de 10%. Ele é um pouco mais caro que o MTBE, mas não é uma
ameaça de câncer.

O que é a gasolina?
A gasolina é conhecida como um hidrocarboneto alifático. Em outras palavras, ela é feita
de moléculas compostas por nada mais que hidrogênio e carbonos dispostos em cadeias.
As moléculas de gasolina têm de 7 a 11 carbonos em cada cadeia. Aqui estão algumas
configurações comuns:
H H H H H H H
| | | | | | |
H-C-C-C-C-C-C-C-H Heptano
| | | | | | |
H H H H H H H

H H H H H H H H
| | | | | | | |
H-C-C-C-C-C-C-C-C-H Octano
| | | | | | | |
H H H H H H H H

H H H H H H H H H
| | | | | | | | |
H-C-C-C-C-C-C-C-C-C-H Nonano
| | | | | | | | |
H H H H H H H H H

H H H H H H H H H H
| | | | | | | | | |
H-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-H Decano
| | | | | | | | | |
H H H H H H H H H H
Moléculas encontradas na gasolina
Quando se queima gasolina sob condições ideais, com abundância de oxigênio, obtém-se
dióxido de carbono (dos átomos de carbono da gasolina), água (dos átomos de hidrogênio)
e muito calor. Um litro de gasolina contém cerca de 34,8x106 joules de energia, o que
equivale a 33 mil BTU ou 9.600 watts-hora:
 se você pegasse um aquecedor de ambiente de 1.500 watts e o deixasse ligado
a pleno vapor por 6 horas e 20 minutos, esta seria mais ou menos a quantidade
de calor existente em 1 litro de gasolina;
 se fosse possível para os seres humanos digerir gasolina, 1 litro conteria cerca
de 7,75 mil calorias. A energia de 1 litro de gasolina é equivalente à energia de
cerca de 30 hambúrgueres do McDonalds!

De onde vem a gasolina?


A gasolina é feita de óleo bruto. O óleo bruto bombeado do solo é um líquido negro
chamado de petróleo. Este líquido contém hidrocarbonetos e seus átomos de carbono
ligam-se em cadeias de diferentes comprimentos.
Acontece que as moléculas de hidrocarbonetos de diferentes comprimentos têm
propriedades e comportamentos diferentes. Por exemplo, uma cadeia com apenas um
átomo (CH4) é a mais leve, conhecida como metano. O metano é um gás tão leve que
flutua como o hélio. Na medida em que as cadeias ficam maiores, elas ficam mais
pesadas.
As primeiras quatro cadeias, CH4 (metano), C2H6 (etano), C3H8 (propano) e C4H10
(butano), são todas gases e fervem a -107, -67, -43 e -18°C, respectivamente. As cadeias
com até C18H32 são todas líquidas em temperatura ambiente e as cadeias acima de C19,
todas sólidas.
Os diferentes comprimentos das cadeias têm pontos de ebulição progressivamente mais
altos e podem ser separadas por destilação. Isto é o que acontece em uma refinaria de
petróleo: o óleo cru é aquecido e as diferentes cadeias são extraídas por meio de suas
temperaturas de vaporização. Veja Como funciona o refino de petróleo para mais detalhes.
As cadeias do intervalo C5, C6 e C7 são todas líquidas, muito leves e evaporam facilmente:
são as naftas. Ela são usadas como solventes: fluidos para limpeza a seco podem ser
produzidos a partir destes líquidos, como também os solventes para tintas e outros
produtos de secagem rápida.
As cadeias de C7H16 até C11H24 são misturadas e usadas para fazer gasolina. Todas elas
evaporam a temperaturas abaixo do ponto de ebulição da água. É por isso que a gasolina
evapora tão rápido quando é derramada no chão.
O próximo é o querosene, no intervalo C12 até a série C15, seguido pelo óleo diesel e óleos
combustíveis mais pesados.
Depois vêm os óleos lubrificantes. Estes óleos não evaporam em temperaturas normais.
Por exemplo, o óleo para motor consegue circular o dia todo a 120°C sem evaporar. Os
óleos vão desde o mais leve (como o óleo 3 em 1) e passam por várias viscosidades de
óleo de motor até chegar aos muito grossos e às graxas semi-sólidas. A vaselina encaixa-
se aí também.
As cadeias acima do intervalo C20 formam sólidos, começando com a cera de parafina,
breu e finalmente betume asfáltico, usado para asfaltar estradas.
Todas estas substâncias diferentes vêm do petróleo bruto. A única diferença é o
comprimento das cadeias de carbono.

O que é octana?
Se você já leu Como funcionam os motores de carros, sabe que quase todos eles são
equipados com motores a gasolina de quatro tempos. Um destes tempos é o tempo de
compressão, no qual o motor comprime um cilindro cheio de ar e gasolina em um volume
muito menor, antes de dar a ignição através da vela de ignição. A quantidade de
compressão é chamada de taxa de compressão do motor. Um motor típico pode ter uma
taxa de compressão de 8 para 1, mas ultimamente têm surgido motores com 10 para 1 ou
mais. Consulte Como funcionam os motores de carros para mais detalhes.
O índice de octanas da gasolina mostra quanto o combustível pode ser comprimido antes
de entrar espontaneamente em ignição. Quando a gasolina entra em ignição por
compressão e não pela faísca da vela de ignição, ocorre a detonação no motor. A
detonação pode danificar um motor e isto você não quer que aconteça. A gasolina com
menor proporção de octanas (como a gasolina comum de 87 octanas) suporta uma
quantidade menor de compressão antes de entrar em ignição.
A taxa de compressão do motor determina a octanagem da gasolina que você deve usar
em seu carro. Uma maneira de aumentar a potência de um motor de uma determinada
cilindrada é aumentar sua taxa de compressão. Portanto, um "motor de alto desempenho"
possui uma maior taxa de compressão e requer um combustível com mais octanas. A
vantagem de uma alta taxa de compressão é que seu motor ganha mais potência em
cavalos-vapor (cv) para uma determinada cilindrada e é isto que faz dele um motor de "alto
desempenho". A desvantagem é que esta gasolina de mais octanas é mais cara.
O nome "octana" tem origem no seguinte: quando você leva petróleo bruto para uma
refinaria para ser "craqueado", você acaba obtendo cadeias de hidrocarboneto de
diferentes comprimentos. Estes diferentes comprimentos de cadeias podem ser separados
uns dos outros e misturados para formar diferentes tipos de combustível. Por exemplo,
metano, propano e butano são todos hidrocarbonetos. O metano possui somente um
átomo de carbono. O propano possui três átomos de carbono interligados. O butano
possui quatro átomos de carbono interligados. O pentano possui cinco, o hexano possui
seis, o heptano possui sete e o octano possui oito átomos de carbono interligados.
Acontece que o heptano aceita pouca compressão. Basta um pouquinho de compressão
para ele entrar em ignição espontaneamente. O octano aceita muito bem a compressão e
você pode comprimi-lo bastante sem que nada aconteça. A gasolina com 87 octanas
contém 87% de octano e 13% de heptano (ou alguma outra combinação de combustíveis
que apresente o mesmo rendimento que a combinação 87/13 de octano/heptano). A
ignição ocorre espontaneamente nesta gasolina em um determinado nível de compressão
e ela só pode ser usada em motores que não ultrapassem essa taxa.

Os aditivos da gasolina
Durante a Primeira Guerra Mundial, descobriu-se que é possível adicionar uma substância
química chamada chumbo tetraetila (TEC) à gasolina e aumentar de maneira significativa
o índice de octanas, acima da combinação octano/heptano. Categorias mais baratas de
gasolina poderiam ser usadas adicionando o chumbo tetraetila. Isso levou à difusão do uso
da gasolina com "etila" ou "com chumbo". Infelizmente, as conseqüências da adição de
chumbo à gasolina são:
 o chumbo entope e inutiliza o catalisador em minutos;
 a Terra se reveste por uma fina camada de chumbo, que é tóxica para muitos
seres vivos (inclusive humanos).
Quando o chumbo foi proibido, a gasolina ficou mais cara porque as refinarias não podiam
aumentar os índices de octanas das categorias mais baratas. Aviões de motor a pistão
ainda usam gasolina com chumbo e índices de octanas de 100 ou 115 são comumente
usados em motores de altíssimo desempenho (a propósito, aviões a jato queimam
querosene).
Um outro aditivo comum é o MTBE. MTBE é o acrônimo para éter metil-butil terciário,
uma molécula razoavelmente simples que é criada a partir do metanol. Clique aqui para
ver a estrutura química do MTBE.
O MTBE passou a ser adicionado à gasolina por dois motivos:
1. Ele aumenta a octanagem.
2. Ele é um aditivo oxigenado, ou seja, acrescenta oxigênio à reação durante a
queima. Por definição, um aditivo oxigenado reduz a quantidade de hidrocarbonetos
não queimados e monóxido de carbono no escapamento.
O MTBE começou a ser adicionado à gasolina amplamente depois que a Lei do Ar Limpo,
de 1990, entrou em vigor. A gasolina contém de 10 a 15% de MTBE.
O principal problema com o MTBE é que ele é considerado cancerígeno e mistura-se com
a água facilmente. Se ocorrer um vazamento de gasolina com MTBE de um tanque
subterrâneo em um posto, ela pode entrar em contato com a água de lençóis freáticos e
contaminar os poços. É claro que o MTBE não é a única substância a entrar em contato
com a água freática no caso de vazamento. O mesmo ocorre com a gasolina e com uma
série de outros aditivos da gasolina mas, nos últimos anos, o MTBE ganhou destaque.
De acordo com esta página na EPA (site em inglês):

"Embora não haja uma regulamentação estabelecida sobre a água potável, a


USEPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA) publicou uma recomendação
quanto à água potável de 20 a 40 microgramas por litro (µg/L) com base nos limites
de sabor e odor. A concentração dessa recomendação tem como objetivo fornecer
uma ampla margem de segurança quanto aos efeitos não-cancerígenos, além de
respeitar os limites normalmente aceitos para efeitos cancerígenos potenciais".

A substância que tem mais chances de substituir o MTBE na gasolina é o etanol (álcool
normal) e isto já está ocorrendo em vários estados dos EUA, em que é adicionado à
gasolina na proporção de 10%. Ele é um pouco mais caro que o MTBE, mas não é uma
ameaça de câncer.

Os problemas com a gasolina


A gasolina apresenta dois problemas quando queimada nos motores dos carros. O
primeiro problema tem a ver com a névoa fotoquímica (smog) e o ozônio de baixa altitude
nas grandes cidades. O segundo problema tem a ver com o carbono e os gases do efeito
estufa.
Ao queimar gasolina, os carros deveriam fazer isto de forma perfeita e não criar nada além
de dióxido de carbono e água no cano de escapamento. Infelizmente, o motor de
combustão interna não é perfeito. No processo da queima de gasolina, ele também
produz:
 monóxido de carbono, um gás venenoso
 óxidos de nitrogênio, as fontes principais da névoa fotoquímica
 hidrocarbonetos não-queimados, a fonte principal de ozônio urbano
Catalisadores eliminam boa parte desta poluição, mas também não são perfeitos. A
poluição do ar vinda dos carros e das usinas termoelétricas é um problema real nas
grandes cidades.
O carbono também é um problema. Quando queimado, ele se transforma em uma grande
quantidade do gás dióxido de carbono. A gasolina é principalmente carbono em peso,
então um litro de gasolina deve liberar 0,7 kg de carbono na atmosfera. OS EUA lançam
aproximadamente 900 milhões de quilogramas de carbono na atmosfera todos os dias.
Se fosse carbono sólido, seria extremamente perceptível, pois seria como lançar um saco
de 600 gramas de açúcar para fora da janela do carro para cada litro de gasolina
queimada. Mas como os 600 gramas de carbono saem como um gás invisível (dióxido de
carbono), a maioria de nós não tem consciência disso. O dióxido de carbono que sai do
escapamento de cada carro é um gás causador do efeito estufa. Os efeitos finais são
desconhecidos, mas há a forte possibilidade de haver mudanças de clima extremas que
afetarão a todos no planeta (por exemplo, os níveis dos mares podem subir, inundando ou
destruindo cidades costeiras). Por essa razão, há esforços crescentes para substituir a
gasolina pelo hidrogênio

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