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Biofísica Celular

Luís Martinho do Rosário


Rosa Maria Santos
dcv/fctuc_2022/23
1
Teóricas: temas principais

> transdução de sinais // lmr


> canais iónicos e excitabilidade celular // rms
> difusão e permeabilidade em membranas // lmr
> transporte activo: bombas e trocadores // lmr

2
TPs: DEBATES

1) Fosfolipases C sensíveis a fosfolípidos de inositol: tudo a ver com PH?


2) GEFs, GAPs e outros interruptores de proteínas G monoméricas
3) Fosfotirosinas em RTKs: vou por aqui, obrigado!
4) “Transceptores” de aminoácidos
5) Vasopressina e aquaporinas: o que corre mal na diabetes insipidus?
6) GLUTs na barreira hemato-encefálica: o cérebro é fisiologicamente euglicémico?
7) Células parietais, bomba de H+ e acidez estomacal
8) FATPs e FAT/CD36: como lidam com os ácidos gordos de cadeia longa?

3
> transdução de sinais

4
Bibliografia sugerida para este tema
● Kramer (2016) ou Gomperts, Kramer & Tatham (2009): capítulos
seleccionados. Ver INDEX. Disponível na biblioteca do DCV

● Nelson & Cox (2013) ou qualquer outro livro de texto


adequado de bioquímica, biologia celular ou biologia molecular: capítulos de
transdução de sinais

● Artigos de revisão sugeridos nas apresentações, cujos links


permitem a consulta online.

A disponibilização destes artigos não deve inibir os estudantes de encontrar fontes


alternativas, fruto de pesquisas activas e estruturadas.

A colecção de artigos inclui artigos da Encyclopedia of Life Sciences (eLS), que têm
acesso livre no campus da UC. Pode ainda usar-se uma ligação VPN à UC (ver
“Bibliografia” no Inforestudante).
5
para começar…
Evans J (2001) Receptor transduction mechanisms. In: eLS

Heldin C-H (2002) Signal transduction: Overview. In: eLS

um apontamento histórico…
Berridge MJ (2005) Unlocking the secrets of cell signaling. Annu. Rev. Physiol. 67: 1-21

e um pouco de food for thought, para agora ou mais


tarde!
Hofer AM & Lefkimmiatis K (2007) Extracellular calcium and cAMP: Second messengers
as “third messengers”? Physiology 22: 320-327

Kiel C et al (2010) Engineering signal transduction pathways. Cell 140: 33-47


(clicar para ler)
6
Moléculas de sinalização extracelular (1)

ou
primeiros
mensageiros
fonte:
Kodis EJ et al (2012) First
messengers. In: eLS

7
Moléculas de sinalização extracelular (2) sinalização celular (link, simples)

sinalização local
autócrina
parácrina (inclui neurotransmissão)

via mediadores químicos locais (inclui


neurotransmissores)

[NTs] típicas ~ células-alvo: vários μM


receptores pós-sinápticos têm afinidade baixa a NTs

sinalização à distância
endócrina

via hormonas

[Hs] típicas ~ células-alvo: pM-nM


receptores têm afinidade muito elevada a Hs 8
? O transporte de um NT ao longo da fenda sináptica ocorre por difusão
simples, demorando < 1 μs (processo muito rápido).

A difusão simples de uma hormona ao longo de vários cm demoraria


anos…

O transporte de uma molécula de hormona requer a corrente sanguínea.

Verifique mais tarde o cálculo dos lapsos de tempo difusionais,


recorrendo a uma expressão simples da teoria da difusão:

<x>2 ≃ 2Dδt
distãncia percorrida coeficiente de lapso de tempo
média difusão difusional

9
Moléculas de sinalização extracelular (3)

As moléculas de NTs têm tipicamente pequenas dimensões, para que os lapsos de


tempo difusionais sejam mais pequenos.

Tipicamente os NTs são aminoácidos ou derivados.


As dimensões moleculares das encefalinas (pequenos péptidos) são um pouco maiores.

Verifique mais tarde que o coeficiente de difusão está relacionado com o raio da molécula
hidratada através da equação de Stokes-Einstein.
10
Moléculas de sinalização extracelular (4)

a hormona insulina (estrutura cristalina)

O transporte de Hs pela circulação sanguínea não é


afectado pelo coeficiente de difusão.

As moléculas de Hs podem portanto ter dimensões muito


diferentes. Podem ser

esteróides, derivados de aminoácidos,


pequenos péptidos ou proteínas.

fonte:
Mayer JP (2007) Insulin structure and function.
Biopolymers 88: 687-713
11
Moléculas de sinalização extracelular (5)
ligandos hidrossolúveis ↔ RECEPTORES DA MEMBRANA PLASMÁTICA
(en: membrane receptors ou cell-surface receptors)

MAIORIA das hormonas e


mediadores químicos locais
TODOS os neurotransmissores

segundos mensageiros

Newton AC et al (2016) Second messengers.


Cold Spring Harb Perspect Biol 8(8)

12
Moléculas de sinalização extracelular (6)
ligandos lipossolúveis ↔ RECEPTORES INTRACELULARES
(en: intracellular receptors)

Hormonas esteróides

regulação da
transcrição
de genes As hormonas da tiróide também interagem com Rs intracelulares, mas o
seu transporte transmembranar ocorre por difusão facilitada

13
Moléculas de sinalização extracelular (7)

testosterona

adrenalina
Menos polar
Mais lipofílica

Elevado momento dipolar permanente


Muito polar colesterol
Muito hidrofílica
Reduzido coeficiente de partição e reduzido
coeficiente de permeabilidade membranar
(mais tarde) núcleo esteróide

14
Receptores membranares (1)
> receptores ionotrópicos
(en: ionotropic receptors ou ligand-gated ion channels)
Integram um canal iónico, aberto por ligação do agonista.
Sinalizam por fluxos iónicos.

> receptores metabotrópicos


(en: metabotropic receptors)

>> receptores acoplados a proteínas G / GPCRs


ou receptores com sete segmentos transmembranares / 7-TMS
(en: G-protein coupled Rs ou 7-TransmeMbrane Segment receptors)

>> receptores catalíticos ou receptores com um único


segmento transmembranar
(en: catalytic receptors ou single-pass receptors)

Não contêm um poro permeável a iões.


Sinalizam por modulação directa da actividade de proteínas.
15
Fonte:
Receptores membranares (2) Nasiripourdori A (2011) From toxins targeting ligand gated ion
channels to therapeutic molecules. Toxins 3: 260-293

receptores ionotrópicos

poro

comporta
(gate)

receptor de acetilcolina tipo nicotínico receptor de glutamato tipo NMDA


(pentamérico) (tetramérico)
16
Receptores membranares (3)
receptores ionotrópicos Na+
superfamílias (Ca2+)

tipo colinérgico
nAChR (acetilcolina)
5-HT3 (serotonina)
GABA-A (ácido gama-aminobutírico)
GlyR (glicina) Cl-

tipo glutamatérgico Ca2+ (Na )+

N-metil-D-aspartato = NMDA (glutamato)


AMPA / Kainate (glutamato)
nAChR
tipo purinérgico
P2X (ATP extracelular)
entrada Na+ ⇒ ΔΨ ⇒ ⨁VSCC ⇒ ↑Ca2+
17
Receptores catalíticos: RTKs (1)
receptores com actividade de tirosina cinase / RTKs
(en: Receptor Tyrosine Kinases)

Segmento transmembranar único.


Domínio intracelular catalítico:
tirosina cinase.
Exs:

Receptor de factor de crescimento da


Epiderme / EGFR
(en: Epidermal Growth Factor Receptor)

Receptor de insulina / InsR


(en: Insulin Receptor)
Fonte:
Du Z & Loly CM (2018) Mechanisms of receptor
O InsR inactivo é um homodímero resultante
tyrosine kinase activation in cancer. de ligações dissulfeto entre os domínios
Mol. Cancer 17:58 extracelulares.
18
Como funciona uma reacção de fosforilação catalisada por uma

? proteína-cinase?

Transferência de um grupo fosforilo para um resíduo de serina,


treonina ou tirosina (eucariotas).

Tirosina cinase → fosfotirosinas.

19
Receptores catalíticos: RTKs (2)
Activação por dimerização,
após ligação do ligando.

Autofosforilação por
transfosforilação com
formação de fosfotirosinas
nos domínios catalíticos.

Dupla função da
autofosforilação:

> fosfotirosinas constituem locais de ancoragem para proteínas

> tirosina cinase do receptor fica cataliticamente competente para fosforilar


enzimas efectoras ancoradas ou proteínas ancoradas sem actividade
catalítica - proteínas adaptadoras 20
Receptores catalíticos: RTKs (3)
Fonte:
Schlessinger J (2000) Cell signaling by receptor-tyrosine
kinases. Cell 103: 211-225
Algumas enzimas efectoras são activadas ligando
directamente as fosfotirosinas do RTK através de

domínios PTB (en: Phosphotyrosine Binding)


ou
domínios SH2 (en: Src-Homology type 2).

Outras são activadas ligando as fosfotirosinas de proteínas


adaptadoras através de domínios PTB ou SH2.

Exemplo de proteína adaptadora fosforilada por um


RTK (InsR):
substrato do receptor de insulina / IRS
(en: Insulin Receptor Substrate)
Brummer T et al (2010) Docking proteins.
FEBS J. 277: 4356-4369 21
Receptores catalíticos: RTKs (4)
Fonte:
Lemmon MA & Schlessinger J (2010) Cell signaling
by receptor-tyrosine kinases. Cell 141: 1117-1134

❚ RTKs activados
❚ proteínas adaptadoras
❚ domínios PTB e SH2
❚ domínios envolvidos na ligação a membranas
❚ domínios envolvidos na interacção com outras
proteínas

geram

extensas plataformas ou complexos de


sinalização com pontos de ramificação.

22
Curiosidade sobre domínios PTB e SH2?

Wagner MJ et al (2013) Molecular mechanisms of SH2- and PTB-domain-containing proteins in


receptor tyrosine kinase signaling. Cold Spring Harb Perspect Biol 5(12): a008987
23
Sinalização por insulina e IGF-1 (1)
fonte:
Najjar S (2001) Insulin action:
Molecular basis of diabetes. In:
estimulação de
eLS
processos anabólicos

> tomada de glicose e síntese de glicogénio


(glicogénese)
> tomada e síntese de ácidos gordos,
triacilglicerois (lipogénese)
> tomada de aminoácidos e síntese de proteínas
> síntese de DNA

e ainda

(-) glicogenólise / (-) gluconeogénese /


(-) lipólise / (-) proteólise

estimulação do crescimento /
mitogénese via transcrição e
expressão de genes específicos do ciclo 2 vias principais, partilhadas com a acção
celular / diferenciação do factor de crescimento tipo-insulina tipo 1 /
IGF-1 (Insulin-like Growth Factor type 1) via IGF-1R 24
Sinalização por insulina e IGF-1 (2)

regulação metabólica
via IRS- PI3K-
PKB/Akt
fonte:
Haeusler RA et al (2018) Biochemical and cellular properties of insulin
receptor signalling. Nat. Rev. Mol. Cell Biol. 19: 31-44
(artigo disponibilizado a pedido) 25
De facto, ninguém acusou a transdução pelo receptor
de insulina de ser uma ciência trivial…

Ver também a figura 1 em Haeusler RA et al (2018)

26
Sinalização por insulina e IGF-1 (3)

27
Sinalização por insulina e IGF-1 (4)
fonte:
1- Ligação de insulina a um receptor de Hakuno F & Takahashi S-I (2018) IGF1 receptor
signaling pathways. J. Mol. Endocrinol. 61: T69-T86
insulina / InsR (ou a um IGFR).

Os InsRs são expressos por quase todos os tipos


celulares, com destaque para as células do
músculo esquelético, músculo cardíaco, tecido
adiposo e fígado.

Há 2 isoformas do InsR (InsR-A e InsR-B),


geradas por splicing alternativo do exão 11 do seu
mRNA. Dá-se ênfase aqui a InsR-B, a isoforma
mais expressa no fígado.

2/3- Dimerização das subunidades catalíticas e


transfosforilação em resíduos de tirosina.

28
Sinalização por insulina e IGF-1 (5)
4- Algumas fosfotirosinas servem de locais de ancoragem ao substrato do receptor de insulina /
IRS através de domínios PTB.

As isoformas de IRS mais relevantes funcionalmente são IRS-1 e IRS-2. IRS1/2 sofrem translocação
para o receptor e para a membrana, a cujos fosfolípidos se ligam via domínios PH (ver à frente).

5/6- Fosforilação de IRS1/2 pelo InsR em resíduos de tirosina. As fosfotirosinas de IRS1/2 são
reconhecidas pelos domínios SH2 da subunidade reguladora (85 kDa, p85) da
fosfatidilinositol 3-cinase tipo Ia / PI3K-Ia (Phosphatidylinositol 3-Kinase or Phosphoinositide
3-Kinase type Ia ), activando a sua subunidade catalítica (p110) e posicionando PI3K-Ia junto à
membrana.

fonte:
Engelman JA et al (2006) The evolution of phosphatidylinositol 3-kinases as regulators of growth
and metabolism. Nat. Rev. Genet. 7: 606-619
29
(artigo disponibilizado a pedido)
Sinalização por insulina e IGF-1 (6)
fosfatidilinositol 3-cinase tipo Ia (PI3K-Ia)
7- PI3K-Ia pode agora fosforilar
fosfolípidos de inositol na
membrana.

3 Tipos de PI3Ks.

PI3Ks (tipo I) fosforilam PI, PI(4)P e PI(4,5)P2 a PI(3)P,


PI(3,4)P2 e PI(3,4,5)P3, respectivamente.

Fosfolípidos de inositol com grupos fosfato na posição


3’ do núcleo de inositol não são substratos de
PI3K-Ia fosfolipases C (PLCs) - ver à frente.
30
Sinalização por insulina e IGF-1 (7)
proteína cinase B (PKB/Akt)
Colocalização de PDK-1 (3-Phosphoinositide-Dependent Protein
Kinase-1) e proteína cinase B / PKB (Protein Kinase B) em domínios
membranares ricos em PI(3,4,5)P3.

Ligação de PDK-1 e PKB/Akt à membrana via domínios PH


(Pleckstrin Homology). Noutras proteínas só uma minoria de
domínios PH liga especificamente fosfolípidos de inositol - ver à
frente.

PDK-1 fosforila e activa PKB/Akt.

PKB/Akt fosforila e regula numerosas proteínas, sendo


responsável pela especialização metabólica do eixo IRS-PI3K-
PKB/Akt.

PDK-1 e PKB/Akt fosforilam proteínas em resíduos de


serina/treonina. Pertencem à família AGC de proteínas cinase,
que incluem PKA, PKG e PKC. 31
Mais sobre a PKB/Akt...

Manning BD & Toker A (2017) AKT/PKB signaling:


Navigating the network. Cell 169: 381-405

32
… e um pouco sobre “resistência à insulina”?

Boucher J et al (2014) Insulin receptor signaling in Guo S (2014) Insulin signaling, resistance, and the
normal and insulin-resistant states. Cold Spring Harb. metabolic syndrome: Insights from mouse models to
Perspect. Biol. 6:a009191 disease mechanisms. J. Endocrinol. 260: T1-T23 33
Sinalização por insulina e IGF-1 (8)

fonte:
Haeusler RA et al (2018) Biochemical and cellular properties of insulin regulação da glicogénese
receptor signalling. Nat. Rev. Mol. Cell Biol. 19: 31-44
(artigo disponibilizado a pedido) 34
Sinalização por insulina e IGF-1 (9)
regulação por GLICOGÉNIO SINTASE
CINASE tipo 3 (GSK-3)

35
Sinalização por insulina e IGF-1 (10)
**

regulação da
tomada de glicose
(GLUT4)
fonte:
Haeusler RA et al (2018) Biochemical and cellular properties of insulin
receptor signalling. Nat. Rev. Mol. Cell Biol. 19: 31-44
(artigo disponibilizado a pedido) 37
** a abordagem deste material exige a
discussão prévia de proteínas G monoméricas
**
“Compartimento” de reciclagem.

Reciclagem de GLUT4 -
endocitose e exocitose constitutiva.

“Compartimento” de
armazenamento.

Exocitose regulada das vesículas de


armazenamento de GLUT4 / GSVs
(GLUT4 Storage Vesicles)

budding (brotamento do Golgi trans)


transport (transporte ao longo do
citoesqueleto)
tethering (confinamento em redes de
fonte:
actina)
Bogan JS (2012) Regulation of glucose docking (ancoramento à membrana)
transporter translocation in health and
diabetes. Annu. Rev. Biochem. 81: 507-532 fusion (fusão com a membrana)
39
fonte:
** Watson RT & Pessin JE (2006) Bridging the GAP
between insulin signaling and GLUT4 translocation.
Trends Biochem. Sci. 31: 215-222
GSVs são vesículas
diferenciadas: não contêm
marcadores moleculares de
endossomos.

Em repouso (ausência de
estimulação por insulina) as GSVs
localizam-se principalmente na
região perinuclear.

Estão ainda dispersas pelo


citoplasma, em associação com
microtúbulos.
40
** Jaldin-Fincati JR et al (2017) Update on GLUT4 vesicle
traffic: A cornerstone of insulin action. Trends
Mafakheri S et al (2018) Regulation of RabGAPs
involved in insulin action. Biochem. Soc. Trans. 46: 683-
Endocrinol. Metab. 28: 597-611 690

fonte:
Tatulian A. (2015) Tunduguru R & Thurmond DC (2017) Promoting glucose
transporter-4 vesicle trafficking along cytoskeletal tracks:
PAK-ing them out. Front. Endocrinol. 8: 329

A translocação de GLUT4
para a membrana é controlada
pelo eixo de sinalização IRS-
PI3K-PKB/Akt, que controla
as várias funções metabólicas
do InsR.

Quais as proteínas efectoras


de PKB relacionadas com a
translocação de GLUT4?
41
**
fonte:
Leto D & Saltiel AR (2012) Regulation of Em repouso: Inibição da translocação de GLUT4 pela
glucose transport by insulin: control by forma inactiva de proteínas G monoméricas da família
GLUT4. Nat. Rev. Mol. Cell Biol. 13: 383-396
Rab associadas a GSVs, controladas por proteínas
Rab-GAP constitucionalmente activas.

Rab-GAP principal: TBC1D4 ou AS160 (Akt Substrate of


160 KDa).

Estimulação por insulina: Remoção da inibição


por PKB/Akt2 via fosforilação dos Rab-GAPs.

Controlo por Rab/GTP de (i) proteínas


motoras de microtúbulos e filamentos de
actina, responsáveis pelo transporte de GSVs;
fonte:
(ii) outras proteínas de ligação GSV -
Haeusler RA et al (2018) citoesqueleto.
(artigo disponibilizado a pedido)

Miócitos: Rab8a, Rab13


Adipócitos: Rab10
42
fonte:
** Klip A et al (2014) Signal transduction meets vesicle traffic: ramificação do eixo de sinalização em PI3K
the software and hardware of GLUT4 translocation. Am. J.
Physiol. Cell Physiol. 306: C879-C886

Detalhe evidenciando a activação de MyoVa (miosina


Va), activada por Rab8a/GTP em miócitos do músculo
esquelético (e por Rab10/GTP em adipócitos).

Miosinas (myosins) e cinesinas (kinesins) são proteínas


motoras responsáveis pela mobilidade baseada em filamentos
de actina e pelo transporte anterógrado ao longo de
microtúbulos, respectivamente. Ambas têm actividade de
ATPase, que fornece a energia de Gibbs necessária para o
deslocamento.

Activação de proteínas G da família Rho (Rac1 em


miócitos) e regulação do ciclo de polimerização-
despolimerização de actina.

Juntamente com a via PKB/AS160/Rab, o ciclo de


remodelação de actina é fundamental para o
processo de translocação de GLUT4 para a
membrana.
43
Sinalização por insulina e IGF-1 (11)
a abordagem deste material exige a
fonte: discussão prévia de proteínas G monoméricas
Tatulian A (2015) Structural dynamics of
insulin receptor and transmembrane
signaling. Biochemistry 54: 5523-5532
estimulação do crescimento
via Ras-MAPK

Grb2 reconhece fosfotirosinas


em proteínas-substrato do
InsR (IRS1/2 e Shc) via
domínios SH2.

A sinalização a jusante é
idêntica à que será discutida
para o EGFR (à frente).
44
GPCRs e proteínas G heterotriméricas (1)
receptores acoplados a proteínas G (GPCRs)

> 1000-1400 membros (vertebrados)

> reconhecimento de odores e feromonas:


500-1000

> mais do que 1-3% dos genomas

domínio extracelular N-terminal


domínio intracelular C- terminal
(liga uma proteína G heterotrimérica)

7 segmentos transmembranares de α-hélices


fonte:
Bockaert J (2014) G-protein coupled receptors. In: eLS. 45
GPCRs e proteínas G heterotriméricas (2)

fonte:
McMullen TP et al (2018) GPCR signal transduction:
Evolution by gene duplication. In: eLS

GPCRs podem ser

- homodímeros (ex: mGluRs)


- heterodímeros (ex: receptores GABAB)

46
GPCRs e proteínas G heterotriméricas (3)
proteínas G heterotriméricas

guanosina trifosfato (GTP)

3 subunidades
■ Gα (17 genes) ligam nucleótidos de guanina
■ Gβ (5 genes) GTP e GDP
■ Gγ (14 genes)
47
GPCRs e proteínas G heterotriméricas (4)

Activadas pela alteração conformacional do


receptor - o GEF para proteínas G heterotriméricas.

Inactivadas pela actividade de GTPase de


Gα/GTP.

Esta actividade é promovida por “reguladores da


sinalização por proteínas G” (RGSs) - GAPs para
proteínas G heterotriméricas.

Ver proteínas G monoméricas à frente.

actividade de GTPase de Gα/GTP

Willardson BM & Tensmeyer NC (2017) G proteins.


In: eLS 48
Curiosidade sobre RGSs?

Kimple AJ et al (2011) Regulators of G-protein signaling and their Gα substrates: Promises and
challenges in their use as drug discovery targets. Pharmacol. Rev. 63: 728-749

49
GPCRs e proteínas G heterotriméricas (5)
o ciclo das proteínas G heterotriméricas

50
GPCRs e proteínas G heterotriméricas (6)

4 famílias, determinadas
pela natureza de Gα
■ αs
■ αi/o
■ αq/11
■ α12
fonte:
Bockaert J (2014) G-protein coupled receptors. In: eLS.

51
Proteínas G monoméricas (1)
proteínas G monoméricas
ou “proteínas G pequenas” ou “GTPases” ou “proteínas G tipo Ras”
(en: small G proteins ou GTPases ou Ras-type G proteins)

superfamília ~ 150 membros


pequenas, 20-25 kDa
5 subfamílias
■ Ras (Rat sarcoma)
■ Rac/Rho Csépányi-Kömi R (2012) Small G proteins and their
■ Rab regulators in cellular signalling. Mol. Cell. Endocrinol.
■ Arf 353: 10-20
■ Ran
52
fonte:
Proteínas G monoméricas (2) Kosloff M & Selinger Z (2001) Substrate assisted catalysis -
application to G proteins. Trends Biochem. Sci. 26: 161-166

■ factores de troca de nucleótidos de


guanina (GEFs)
(en: Guanine Nucleotide Exchange Factors)

Promovem a dissociação de GDP e a ligação de


GTP. G/GTP - forma activa - liga a enzima
efectora.
Exemplos mais à frente.

■ proteínas activadoras da GTPase


(GAPs)
(en: GTPase Activating Proteins)

Estimulam a actividade de GTPase de G/GTP.


G/GDP - forma inactiva - dissocia-se da enzima
GEFs e GAPs: “interruptores” moleculares de Efectora.
proteínas G monoméricas Exemplos mais à frente.
53
Curiosidade sobre GEFs e GAPs?

? Bos JL et al (2007) GEFs and GAPs:


Critical elements in the control of small G
proteins. Cell 129: 865-877

fonte:
Sprang S (2001) GEFs: Master regulators of G-protein
activation. Trends Biochem. Sci. 26: 266-267

54
Proteínas G monoméricas (3) Grb2 (Growth factor receptor-bound 2):
proteína adaptadora

Sos (Son of sevenless)


um Ras-GEF

Ras: uma proteína G monomérica

Raf (Rapidly accelerated fibrosarcoma)


ou MAP3K cinase serina/treonina (fosforila MEK)

via Ras-MAPK MEK (MAP and ERK Kinase)


ou MAP2K
cinase tirosina/serina (fosforila ERK)

ou MAPK
MAPK (Mitogen Activated Protein Kinase) ou
fonte: ERK (Extracellular Signal-Regulated Kinase)
Csépányi-Kömi R (2012) Small G proteins and their regulators in cinase serina/treonina
cellular signalling. Mol. Cell. Endocrinol. 353: 10-20 55
Proteínas G monoméricas (4)
complexo
RTK – Grb2 – Sos - Ras

Grb2 reconhece fosfotirosinas no EGFR


através de domínios SH2.

Grb2 reconhece Sos através de domínios


SH3 (o domínio SH3 N-terminal liga regiões
ricas em prolina).

Os domínios SH3 têm um papel importante


em interacções proteína-proteína.

56
Proteínas G monoméricas (5)

Sos actua como Ras-GEF. cascata de cinases


Raf – MEK - MAPK
Sos interactua com Ras através dos
domínios REM (Ras Exchange Motif,
estabiliza a ligação) e CDC25H (CDC25
Homology, catalítico).

fonte:
Rojas JM (2011) Mammalian son of sevenless guanine
nucleotide exchange factors: Old concepts and new
perspectives. Genes & Cancer 2: 298-305. 57
Sinalização por AMP cíclico (1)

GPCR (ou receptor 7-TMS)

proteína G
heterotrimérica

enzima efectora

segundos mensageiros

outras proteínas

respostas celulares

58
Sinalização por AMP cíclico (2)
produção e terminação do sinal
terminação
(degradação)
produção
(síntese)

adenilil ciclases / ACs


AMP cíclico (Adenylyl Cyclases ou Adenylate Cyclases)
ou adenosina 3’,5’-monofosfato cíclico / cAMP
(3’,5’-cyclic Adenosine Monophosphate) fosfodiesterases de nucleótidos
cíclicos / PDEs (cyclic nucleotide
Phosphodiesterases) 59
Sinalização por AMP cíclico (3)
mecanismo catalítico da ciclização em ACs classe III
(AC1-10 em mamíferos)

fonte:
Steegborn C (2014) Structure, mechanism, and regulation of
soluble adenylyl cyclases - similarities and differences to
transmembrane adenylyl cyclases. Biochim. Biophys. Acta
1842: 2535-2547

60
Sinalização por AMP cíclico (4)
adenilil ciclases transmembranares (tmACs)

tmACs (AC1-9 em mamíferos) são


activadas directamente pela
proteína G estimuladora / Gs
(stimulatory G protein) - Gαsβγ.

Algumas tmACs são inibidas directamente


por proteínas G da família αi, incluindo a
proteína G inibidora / Gi (inhibitory
G protein) - Gαiβγ.

Algumas tmACs são reguladas por Ca2+,


cinases (fosforilação) e Gβγ.

fonte: AC10: AC “solúvel” ou sAC, localizada no


Halls ML & Cooper DMF (2017) Adenylyl cyclase signalling citoplasma e núcleo.
complexes - pharmacological challenges and opportunities.
61
Pharmacol. Ther. 172: 171-180
tmACs versus sAC sAC é directamente activada por
HCO3- e Ca2+. É a única proteína de

? sinalização directamente regulada por


bicarbonato.

sAC é insensivel a Gs.

sAC não é sensível ao alcalóide


forskolina (forskolin), que activa
tmACs1-8 mesmo na ausência do
receptor.

sAC funciona como sensor de ATP,


Ca2+ e HCO3-/CO2/pH, integrando
sinais intracelulares. Actua em
fonte: diferentes loci do citoplasma
Kamenetsky M et al (2006) Molecular details
of cAMP generation in mammalian cells: A
(incluindo mitocôndrias) e no núcleo .
tale of two systems. J. Mol. Biol. 362: 623-
639 Wiggins SV et al (2018) Pharmacological forskolina
modulation of the CO2/HCO3-/pH-, calcium-,
and ATP-sensing soluble adenylyl cyclase.
Pharmacol. Ther. 190: 173-186 62
Sinalização por AMP cíclico (5) Proteína G estimuladora / Gs

Sensível à toxina da cólera (CT), uma


enterotoxina produzida pela bactéria Vibrio cholerae.

CT reage covalentemente com Gαs (ADP-ribosilação)


nas células do epitélio intestinal, inibindo a actividade
de GTPase de Gαs/GTP.

pmAC activa na ausência de estimulação hormonal.


Aumento anormal de cAMP intracelular. Perda massiva
de electrólitos e fluidos para o lúmen intestinal
(diarreia).

Proteína G inibidora / Gi
Sensível à toxina pertussis (PT), produzida por Bordetella pertussis. Induz a acumulação de
muco nos alvéolos broncopulmonares e a tosse convulsa.

PT reage covalentemente com Gαi (ADP-ribosilação), impedindo a dissociação de GDP de


Gαi/GDP, a activação de Gαi e a inibição de pmACs.
63
AC6 e o canal aniónico CFTR: parceiros da toxina da

? cólera

ver highlight do editor

Thomas A et al (2018) AC6 is the major adenylate cyclase forming


a diarrheagenic protein complex with cystic fibrosis transmembrane
conductance regulator in cholera. J. Biol. Chem. 293: 12949-12959

64
Sinalização por AMP cíclico (6)
acções opostas de Gs e Gi explorar aqui

65
Sinalização por AMP cíclico (7)
alvos celulares de cAMP ▍Proteína cinase dependente de
cAMP ou proteína cinase A / PKA
(Protein Kinase A)

▍Canais iónicos regulados por


nucleótidos cíclicos: CNGCs
e canais HCN

▍Fosfodiesterases de nuceótidos
cíclicos / PDEs (cyclic nucleotide
Phosphodiesterases)

▍Proteínas de troca activadas


directamente por cAMP / EPACs
(Exchange Proteins Directly Activated by
cAMP)

AKAPs: proteínas de ancoragem de PKA (A-Kinase


Newton AC et al (2016) Second messengers.
Anchoring Proteins)
Cold Spring Harbor Perspect. Biol. 8(8). pii:
a005926
66
Curiosidade sobre AKAPs?

?
Proteínas scaffold. Ligam e organizam PKA e
outros elementos do sistema de sinalização
de cAMP, incluindo ACs, PDEs, EPACs e
proteínas-alvo de PKA.

Medeiam a formação de extensos complexos,


gerando microdomínios de sinalização e
fonte:
conferindo especificidade na transdução por Torres-Queseda O et al (2017) The many faces of
cAMP. compartmentalized PKA signalosomes. Cell. Signal. 37: 1-11
67
Sinalização por AMP cíclico (8) Tetrâmero composto por 2 subunidades
reguladoras e 2 subunidades catalíticas
proteína cinase A (PKA) (R2C2, inactivo).

Ligação de cAMP ao domínio de ligação de


nucleótidos cíclicos / domínio CNB (Cyclic
Nucleotide Binding) das sub. R causa a
dissociação das sub. C, desreprimindo os
locais catalíticos e activando-as.

PKA-C fosforila proteínas-alvo em resíduos


de serina/treonina. Fosforilação ocorre em
múltiplos loci da membrana, citoplasma e
núcleo.

No núcleo PKA-C regula a transcrição de


genes por fosforilação de factores de
transcrição (ex: proteína CREB, cAMP-
Response Element Binding).

Sassone-Corsi P (2012) The cyclic AMP


pathway. Cold Spring Harbor Perspect. Biol.
4(12). pii: a011148 68
Sinalização por AMP cíclico (9) Glicogénio fosforilase / GP (Glycogen
Phosphorylase) catalisa a fosforólise de glicogénio,
produzindo glicose-1-fosfato. G1P é isomerizado a
exemplo de acção de PKA G6P, que é desfosforilado a glicose (estado pós-
absortivo, fígado).

GP é activada por fosforilação mediada por


glicogénio fosforilase cinase. Esta, por sua vez, é
activada por fosforilação mediada por PKA.

As cascatas de cinases são frequentes em


processos de transdução, proporcionando uma
ampla amplificação de sinais. Ver via Ras-MAPK
atrás.

GPCRs: receptor de glucagina (glucagon) e


receptores adrenérgicos β / β-AR (β adrenergic
receptors, β- adrenoreceptors ou β-adrenoceptors),
fosforólise de glicogénio activados por catecolaminas. Acoplados a pmACs
e produção de glicose via Gs.
(fígado)
69
Sinalização por AMP cíclico (10)
proteínas de troca activadas directamente por cAMP (EPACs)

EPACs ligam cAMP em domínios CNB,


removendo a autoinibição do domínio CDC25H,
que aceita Rap1 ou Rap2 como substrato. Ver
os domínios de Sos atrás.

A forma activa cAMP/EPAC actua como Rap-


GEF, promovendo a troca de GDP por GTP.

As EPACs são exemplos de GEFs activados por


ligação directa de segundos mensageiros.

Os diferentes GEFs são activados por


mecanismos muito diversos. Por exemplo, o
Ras-GEF Sos pode ser activado por ligação a
um RTK através de proteínas adaptadoras (ver
fonte: atrás).
Bos JL (2006) Epac proteins:
multi-purpose cAMP targets. Trends
Biochem. Sci. 31: 680-686 70
Sinalização por AMP cíclico (11)
fonte:
Gloerich M & Bos JL (2010) Epac: Defining a new
mechanism for cAMP action. Annu. Rev. Pharmacol.
Toxicol. 50: 355-375

Schmidt M et al (2013) Exchange protein directly


activated by cAMP: A multidomain cAMP
mediator in the regulation of diverse biological
functions. Pharmacol. Rev. 65: 670-709

Robichaux WG 3rd et al (2018) Intracellular


cAMP sensor EPAC: Physiology,
pathophysiology, and therapeutics development.
Physiol. Rev. 98: 919-1053
(artigo disponibilizado a pedido)

71
Um importante “módulo de sinalização” de Ca2+?

? cAMP ¦ EPAC ¦ Rap ¦ PLCε ¦ PKCε ¦


CaMK

fonte:
Smrcka AV et al (2012) Role of phospholipase Cε in physiological
phosphoinositide signaling networks. Cell Signal. 24: 1333-1343

antevisão
PLC - fosfolipase C sensível a fosfolípidos de inositol
PKC - proteína cinase C
CaMK - proteína cinase dependente de Ca2+/ calmodulina
fonte:
72
Gloerich M & Bos JL (2010)
Sinalização por fosfolípidos de inositol (1)
fosfolipases Fosfolipases A1, A2 / PLA1, PLA2
(Phospholipases A1, Phospholipases A2)

Hidrolisam ligações acil éster em sn-1 ou sn-2,


produzindo lisofosfolípidos e ácidos gordos livres
(PLA2: ácido araquidónico).

Fosfolipases D / PLD
(Phospholipases D)

Hidrolisam a ligação fosfoéster no lado da “cabeça”


polar, produzindo ácido fosfatídico.

fonte:
Vines CM & Bill CA (2015) Phospholipases. In: eLS ácido fosfatídico
73
ácido
araquidónico
Sinalização por fosfolípidos de inositol (2)

mio-inositol

fonte:
Newton et al (2016) Second messengers. Cold Spring Harb
Perspect Biol doi: 10.1101/cshperspect.a005926
Fosfolipases C / PLC
(Phospholipases C)

Hidrolisam a ligação fosfoéster no lado oposto à “cabeça” polar, produzindo 1,2-diacilglicerol (diacylglycerol / DAG).

Para além de DAGs, as PLCs sensíveis a fosfolípidos de inositol (PI-PLC ou simplesmente PLC) produzem inositol
1,4,5-trifosfato, Ins(1,4,5)P3. Utilizam maioritariamente fosfatidilinositol 4,5-bifosfato - PI(4,5)P2 - como substrato. 74
Sinalização por fosfolípidos de inositol (3)

75
Sinalização por fosfolípidos de inositol (4)
fosfolipases C sensíveis a fosfolípidos de inositol

6 subfamílias, pelo menos 13 membros


Regiões mais conservadas:

> Domínios X, Y - o núcleo catalítico das PLCs, altamente


conservado.
> Domínios PH - ligam PI(4,5)P2 com elevada afinidade e
especificidade na PLCδ. Podem mediar interacções proteina -
proteína.
> Domínios C2 - Contrariamente a cPKC (ver à frente),
geralmente não conferem sensibilidade a Ca2+. Podem mediar a
interacção com membranas.
> Mãos EF (EF hands) - scaffolds intramoleculares.
Contrariamente a calmodulina (ver à frente), não conferem
sensibilidade a Ca2+.

Cocco L et al (2015) Phosphoinositide-specific phospholipase C in health


and disease. J. Lipid Res. 56: 1853-1860
76
Curiosidade sobre domínios PH e C2 em PLCs?

?
Corbalan-Garcia S & Gómez-Fernández JC (2014)
Signaling through C2 domains: More than one lipid
target. Biochim. Biophys. Acta 1838: 1536-1547

Lemmon MA (2007) Pleckstrin homology (PH)


domains and phosphoinositides. Biochem. Soc.
Symp. 74: 81-93

77
Sinalização por fosfolípidos de inositol (5) Nakamura Y & Fukami K (2017) Regulation and
physiological functions of mammalian
phospholipase C. J. Biochem. 161: 315-321
PLCγ
Activada por RTKs (ex: EGFR) após
reconhecimento de fosfotirosinas via
domínios SH2 e fosforilação.

PLCε
PLCβ Domínios de associação a Ras e Rap (RA)
ligam Ras/GTP e Rap/GTP, activando PLCε.
Activada por GPCRs via Gq. Exemplos: receptor colinérgico
tipo muscarínico / mAChR, receptor adrenérgico α1 / α1-AR,
receptor glutamatérgico metabotrópico.

Activação por Gq requer domínios C-terminais específicos.


78
Sinalização por fosfolípidos de inositol (6)
Proteína cinase C / PKC
(Protein kinase C)

3 subfamílias, pelo menos


10 membros
> cPKC (“convencionais”)
domínio C2 - liga Ca2+
domínio C1 - liga DAGs

> nPKC (“novas”)


domínio C2 alternativo - não liga Ca2+

Lipp P & Reither G (2011) Protein kinase C: > aPKC (“atípicas”)


The “masters” of calcium and lipid, Cold Spring
domínio C2 ausente
Harb Perspect Biol doi: 10.1101/cshperspect.a004556
domínio C1 atípico - não liga DAGs
Steinberg SF (2008) Structural basis of protein
kinase C isoform function. Physiol. Rev. 88: 1341-1378

79
Sinalização por fosfolípidos de inositol (7)
cPKC / translocação e activação Activação de certos GPCRs e RTKs conduz à
activação de PLCβ e PLCγ, causando a hidrólise
de PI(4,5)P2 em DAGs e Ins(1,4,5)P3.

Ins(1,4,5)P3 é muito polar e hidrofílico, difundindo-


se no citossol. Liga receptores no ER e outros
organelos, causando libertação de Ca2+.

Ca2+ liga cPKCs via domínios C2.

DAGs são pouco polares e lipofílicos,


permanecendo na membrana. Ligam cPKCs via
domínios C1.

Ca2+ e DAGs causam a translocação de cPKCs


para a membrana. As cPKCs são activadas por
dissociação de um pseudosubstrato autoinibidor.

Newton et al (2016) Second messengers. Cold


Spring Harb Perspect Biol doi: 0.1101/cshperspect.a005926

Antal CE & Newton AC (2014) Tuning the sigaling output of


protein kinase C. Biochem. Soc. Trans. 42: 1477-1483
80
Sinalização por fosfolípidos de inositol (8)
domínio C1

cPKC

nPKC

1,2-dioctanoil-sn-glicerol
(um DAG)

forbol-12,13-dibutirato
(um éster de forbol)

Gallegos LL & Newton AC (2008) Spatiotemporal dynamics of lipid Igumenova TI (2015) Dynamics and membrane interactions of
signaling: protein kinase C as a paradigm. IUBMB Life 60: 782-789 protein kinase C. Biochemistry 54: 4953-4968
81
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (1)

> Gradientes electroquímicos de Ca2+ através


da membrana

> Aglomeração de transportadores, hot-spots


e sinais localizados de Ca2+

Clapham DE (2007) Calcium signaling. Cell 131:


1047-1058 82
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (2)

produção do sinal

> Influxo: canais de Ca2+ (membrana)


> Libertação de Ca2+ de depósitos
Intracelulares (ex: ER): receptores de
Ins(1,4,5)P3, receptores de rianodina

terminação do sinal
> Efluxo: bomba de Ca2+, trocador Na+/Ca2+
(membrana)
> Tomada por organelos (ex: ER): bomba
de Ca2+
> Tamponização por proteínas ligantes de
Ca2+

Bootman MD et al (2012) Calcium signalling and regulation of


cell function. In: eLS 83
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (3)
libertação de Ca2+ de depósitos | receptores de Ins(1,4,5)P3 / IP3Rs

Os IP3Rs medeiam libertação de Ca2+ de depósitos intracelulares (principalmente ER e aparelho de Golgi), gerando sinais
de Ca2+ citossólicos - aumentos localizados da [Ca2+].

Quando ocorrem nas imediações de outros organelos (mitocôndrias ou lisossomos), estes aumentos permitem a
sequestração de Ca2+ por sistemas de transporte de baixa afinidade.
Prole LP & Taylor CW (2019) Structure and function of IP3 receptors. 84
Cold Spring Harb Perspect Biol doi: 10.1101/cshperspect.a035063
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (4)

Os IP3Rs contêm locais de ligação de Ca2+ estimuladores na face citossólica. A ligação de Ins(1,4,5)P3
aumenta a afinidade destes locais a Ca2+ e a abertura dos poros, permitindo a propagação regenerativa de
sinais por “libertação de Ca2+ induzida por Ca2+” (CICR / Ca2+-induced Ca2+ release).

Estas “ondas de Ca2+” podem propagar-se ao longo da rede reticular da célula, recrutando regiões mais
remotas.
Rossi AM & Taylor CW (2019) IP3 receptors - lessons from analyses
ex cellula. J. Cell Sci. 132, jcs222463. doi:10.1242/jcs.222463 85
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (5)

Bootman MD et al (2012) Calcium signalling


and regulation of cell function. In: eLS

Ver exemplos fisiológicos


em Berridge 2009

86
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (6)
libertação de Ca2+ de depósitos | receptores de rianodina / RyRs
(ryanodine receptors)

RyR1 RyR2

RyR1s estão acoplados directamente a canais de Ca2+ sensíveis à voltagem tipo L (canais CaV1.1) no músculo
esquelético, formando um sistema de “canais com dois poros”: “libertação de Ca2+ induzida por voltagem”.

Lanner JT et al (2010) Ryanodine receptors: structure,


Petegem FV (2012) Ryanodine receptors: structure and expression, molecular details, and function in calcium release.
function. J. Biol. Chem. 287: 31624-31632 Cold Spring Harb Perspect Biol 2:a003996 87
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (7)

RyR2s estão localizados a curta distância de canais CaV1.2 no músculo cardíaco, libertando Ca2+ por “libertação de Ca2+
induzida por Ca2+” (CICR).

Os sinais de Ca2+, amplificados por CICR em ambos os casos, promovem a interacção entre actina e miosina, estimulando
a contracção.

Zalk R et al (2007) Modulation of the ryanodine receptor and Capes EM et al (2011) Ryanodine receptors. Skeletal Muscle
intracellular calcium. Annu. Rev. Biochem. 76: 367-385 1: 18 88
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (8)
sensores de Ca2+ em proteínas | mãos EF
(EF hands) Uma mão EF contém um motivo hélice-volta- -
hélice, em que um loop ligante de Ca2+ separa duas
α-hélices com orientação quase perpendicular.

E helix Cada Ca2+ é coordenado por sete átomos de


oxigénio, formando um complexo com geometria de
bipirâmide pentagonal. A afinidade a Ca2+ varia
largamente entre os diferentes membros da família (de
subnanomolar a milimolar).

As mãos EF estão presentes em muitas proteínas


ligantes de Ca2+ / CaBPs (Ca2+-binding proteins),
incluindo calmodulina, troponina C, S100 e membros
F helix da família de proteínas NCS (neuronal calcium
sensor): família de CaBPs com mãos EF.

A superfamília de CaBPs não se limita à família de


proteínas com mãos EF. Abrange ainda a família de
Haynes L (2016) Calcium-binding proteins. In: eLS proteínas com domínios C2 (ex: cPKC), anexinas e
proteínas dependentes de vitamina K, entre outras.

89
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (9)
CaBPs com mãos EF | calmodulina
Calmodulina / CaM
(calmodulin) é uma
pequena proteína (17
kDa) com quatro mãos
EF, duas em cada
extremidade de um linker.

target peptide A ligação de 4 iões Ca2+


from CaMKII induz uma grande
alteração conformacional,
expondo superfícies
hidrofóbicas que
interaccionam com
hélices anfipáticas de
proteínas-alvo,
Johnson CN et al (2014)
EF-hand calcium-binding proteins. In: eLS envolvendo-as.

Halling DB (2016) Conserved properties of individual


Ca2+-binding sites in calmodulin. PNAS : E1216-E1225 90
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (10)
proteína cinase dependente de Ca2+/calmodulina tipo II / CaMKII
(Ca2+/calmodulin-dependent protein kinase II)

A ligação de Ca2+/CaM activa proteínas-alvo, frequentemente por desrepressão do local catalítico.

Swulius MT & Waxham MN (2008) Ca2+/calmodulin dependent protein 91


kinases. Cell Mol. Life Sci. 65: 2637-2657
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (11)

Muitas outras proteínas-alvo de Ca2+/CaM


estão envolvidas em sinalização e metabolismo
celular. Exemplos: cinase da cadeia leve de
miosina, calcineurina e outras fosfatases,
glicogénio fosforilase cinase, sintases do óxido
nítrico (nNOS e eNOS) e Ca2+-ATPase da
membrana plasmática.

Stratton MM et al (2013) Structural studies on the regulation of Ca2+/calmodulin


dependent protein kinase II. Curr. Opin. Struct. Biol. 23: 292-301 92
Um importante “módulo de sinalização” de Ca2+?

? cAMP ¦ EPAC ¦ Rap ¦ PLCε ¦ PKCε ¦


CaMK

fonte:
Smrcka AV et al (2012) Role of phospholipase Cε in physiological
phosphoinositide signaling networks. Cell Signal. 24: 1333-1343

antevisão
PLC - fosfolipase C sensível a fosfolípidos de inositol
PKC - proteína cinase C
CaMK - proteína cinase dependente de Ca2+/ calmodulina
fonte:
93
Gloerich M & Bos JL (2010)
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (12)

J.R. Fraústo da Silva & R.J.P. Williams (2001) The biological chemistry of
the elements: The inorganic chemistry of life, 2nd ed., Oxford University
Press 94
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (13)

95
Ca2+ intracelular como segundo mensageiro (14)

96

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