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Resumo
Introdução
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rejeição e o desrespeito de tais ideias como constitutivas da condição humana
que pode ter feito surgir um pensamento de tirania e negação do humano. A
constituição de humanidade, que é concebida primeiramente pelos gregos e
que é trazida de volta por Arendt diz que são sinônimos “[...] as expressões
‘viver’ e ‘estar entre os homens’ (inter homines esse), ou ‘morrer’ e ‘deixar de
estar entre os homens’ (inter homines esse desinere)” (ARENDT, 2016, p. 10);
assim, todo o sentido de vida se relaciona, em sua plenitude, com a ação, isto
é, se dá pela vida em conjunto com outros seres humanos. Demonstraremos
neste texto o percurso de Arendt para uma “[...] reconsideração da condição
humana” (ARENDT, 2016, p. 6), que tem como principal papel uma reafirmação
da pluralidade dentro do espaço público, assim como uma definição de poder
que garante essa pluralidade.
Participantes e Métodos
Resultados e Discussão
Hannah Arendt propõe uma análise da condição humana que leva em conta o
contato que os seres humanos têm em cada evento de suas vidas e que dentro
desse contato os homens são condicionados, “[...] tudo aquilo com que eles
entram em contato torna-se imediatamente uma condição de sua existência”
(ARENDT, 2016, p. 11). Tudo aquilo que “[...] toque a vida humana ou
mantenha uma duradoura relação com ela assume imediatamente o caráter de
condição da existência humana” (ARENDT, 2016, p. 12). As condições da
existência humana são: a vida, natalidade e a mortalidade, a mundanidade, a
pluralidade e a Terra (ARENDT, 2016, p. 14).
Hannah Arendt usa o termo vita activa para designar três atividades:
trabalho, obra e ação. Cada atividade tem como correspondente uma condição
da existência humana, sendo estas condições correspondentes: vida,
mundanidade, pluralidade.
O trabalho é uma atividade privada, nele se busca a manutenção e
preservação da vida, onde se tem dependência total da natureza para se gerar
bens de consumo. O trabalho está ligado com a condição humana da vida, na
medida em que pretende garantir as necessidades biológicas do corpo humano
(CORREIA, 2007, p. 42).
Com a obra, devemos designar todos os artefatos de criação humana,
que são projetados pela mente humana e tem o papel de auxílio nos afazeres
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humanos. O domínio da natureza é parte importante da obra, nela o homem
consegue moldar a natureza e transformá-la em um objeto totalmente diferente.
São os bens da obra que devem garantir conforto aos homens por meio dos
objetos que são fabricados para durar mais que as vidas dos fabricantes.
A ação e o discurso são as formas com que os humanos têm para
aparecer aos outros humanos, quando alguém age, isso implica o discurso.
Com o discurso feito, podemos nos comunicar dentro do mundo comum, tendo
o discurso extrema importância para a ação (ARENDT, 2016, p. 221).
O agir tem como plano geral a iniciativa, o início se dá pelo nascimento,
pelo fato de cada ser humano passar pelo nascimento, podendo iniciar algo
novo. A iniciativa cria a possibilidade do novo, de algo que não existia e passa
a existir a partir de um ato inicial de uma pessoa, tendo sua característica no
imprevisível, tomando como parte as ações que são inesperadas. Já o discurso
se torna importante porque anuncia o ator, que com as palavras se comunica
com os outros, revelando sua identidade. Dentro do discurso os seres humanos
desvelam seu “eu”, que é “[...] a identidade única e distinta do agente”
(ARENDT, 2016, p. 223).
Dentro de cada ação discursiva existem dois mundos que se interpõem
aos seres humanos, esses mundos estão compostos pelos interesses das
pessoas. A “[...] maior parte da ação e do discurso diz respeito a esse espaço-
entre [in-between], que varia de grupo de pessoas” (ARENDT, 2016, p. 226).
Um dos espaço-entre diz respeito ao caráter de mundo físico, de mundanidade,
onde a realidade objetiva é tratada, e objetos tangíveis o solidificam, podendo
relacionar os homens uns com os outros por meio de objetos, como por
exemplo na obra, onde os homens precisam trocar seus bens de fabricação.
Mas também tem outro espaço-entre que recobre o primeiro, sendo totalmente
diferente do primeiro. Neste segundo espaço-entre o caráter objetivo da obra é
retirado para a entrada da subjetividade da ação e do discurso (ARENDT,
2016, p. 226). Este mundo subjetivo é denominado de “teia” de relações
humanas, nele o “quem” é revelado, assim como toda a diferença é afirmada.
Arendt se preocupa com o poder como formador do espaço-entre dos
humanos, ele é “[...] que mantém a existência do domínio público” (ARENDT,
2016, p. 248). Devendo buscar sua forma material na “[...] convivência entre os
homens” (Arendt, 2016, p. 249), como uma organização de pessoas que
garante o desenvolvimento da ação. No poder, a fundação legitima que é dada
naquele “[...] momento inicial em que as pessoas se uniram para agir em
concerto” (MULLER, 2002, p. 23). A garantia do poder é dada pela convivência
que busca na fala e na ação sua efetivação. “O Poder passa a existir entre os
homens, quando agem em conjunto, e desaparece no instante em que se
dispersam” (MULLER, 2002, p. 11).
Conclusões
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Concluímos que o pensamento de Hannah Arendt trouxe ferramentas para
entender a condição humana e a relação que cada condição tem com as
atividades da vita ativa. Dentro do processo de compreensão feito por Arendt, a
organização correta dessas condições com as suas atividades, pode trazer de
volta aquilo que é a capacidade mais humana e que tem todo o significado
dentro dos assuntos humanos, que é o discurso e a ação (ARENDT, 2016, p.
218-219). Dentro da pesquisa feita por Arendt, o papel da fala e do discurso
deve ressaltar a diferença na condição humana da pluralidade e sempre iniciar
algo novo na condição da natalidade. O poder surge nesta atividade da ação; o
poder não enquanto mando e obediência, mas enquanto capacidade dos
homens e mulheres reunidos e constituindo o espaço-entre de trazer a
novidade no mundo, isto é a liberdade.
Agradecimentos
Referências