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Resumo:
1. INTRODUÇÃO
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Graduando em Bacharel em Teologia pelo Centro de Estudos Bet-Hakam.
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Por teologia bíblica, entendo aquele ramo da teologia cuja a preocupação é estudar
cada segmento das Escrituras individualmente, especialmente quanto ao seu lugar na
história revelação progressiva de Deus. A ênfase de tal estudo recai sobre a história
e o segmento específico. (CARSON, 2001, p. 21)
Seguindo essa mesma definição de teologia bíblica, James Hamilton Jr (2016, p. 13)
nos afirma que “teologia bíblica deve ser compreendida como a compreensão dos autores
bíblicos acerca das Escrituras anteriores, a história da redenção e os eventos que eles
descrevem, relatam ou celebram nos diversos gêneros literários canônicos”.
É importante ressaltarmos acerca da importância prática da teologia bíblica dentro do
seu campo teológico. Assim, o erudito Graeme Goldsworthy (2018, p. 27) elenca que a
“teologia bíblica é importante para o cristão porque ela ajuda-o a lidar com as passagens
problemáticas das Escrituras Sagradas e como entendê-las dentro da mensagem única da
Bíblia”. Seguindo esse mesmo pensamento, o autor George E. Ladd, quando ao conceito de
teologia bíblica e o seu campo de estudo dentro da teologia cristão, afirma que:
A teologia bíblica é a disciplina que estrutura a mensagem dos livros da Bíblia em
seu ambiente formativo histórico. A teologia bíblica é primariamente uma disciplina
descritiva, cuja a abrangência não busca primariamente o significado final dos
ensinos da Bíblia ou sua relevância para os dias atuais, uma tarefa que cabe a
teologia sistemática. A tarefa da teologia bíblica é expor a teologia encontrada na
Bíblia em seu contexto histórico, com seus principais termos, categorias e formas de
pensamentos. (LADD, 2003, p. 38).
Por outro lado, James Hamilton Jr (2016, p.15-16) também discutindo sobre a
importância prática do estudo da teologia bíblica para o cristão, afirma que “ela ajuda a extrair
os conceitos teológicos dos autores bíblicos acerca da sua cosmovisão de mundo a partir da
história da redenção e o seu cumprimento em Cristo Jesus e como essa cosmovisão dos
autores bíblicos inspirados pelo Espírito Santo podem formar a cosmovisão no cristão afim
dele saber interpretar o mundo atual a partir da correta leitura bíblica. Portanto, conforme
James Hamilton Jr, o estudo da teologia bíblica ajuda o cristão a ler corretamente as
Escrituras Sagradas”.
Quanto ao conceito de teologia sistemática e o seu campo de domínio teológico
afirmamos que ela compõe o corpus doutrinário da fé cristã extraída dos dados teológicos
fornecidos pela teologia bíblica que são colocados em ordem lógica e sistematizada, sendo
que esta ordem lógica e sistematizada é oriunda da influência da teologia histórica e
filosófica. Acerca disso, Culver entende que:
[...] Quando essas doutrinas são organizadas em uma disposição lógica e coerente,
temos a teologia sistemática. Como veremos mais tarde, teologia sistemática é mais
que uma disposição lógica de doutrinas bíblicas, no entanto, nunca poderá ser menos
caso reivindique o título de teologia sistemática da religião cristã. [...] O estudo
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sistemático das doutrinas da Palavra de Deus não podem nem deveria evitar a
disposição organizada e coerente das doutrinas. (CULVER, 2012, p. 28).
Notamos, portanto, que a maioria das teologias sistemáticas começam com doutrina
das Escrituras Sagradas (Bibliologia), a doutrina de Deus e suas obras (Teologia Própria e
Prolegômenos), a doutrina do homem (Antropologia), a doutrina do Pecado (Harmatiologia),
a doutrina de Cristo (Cristologia), a doutrina da Salvação (Soteriologia), a doutrina da Igreja
(Eclesiologia) e a doutrina dos Últimos eventos (Escatologia). Assim, percebemos que a
teologia sistemática nos mostra uma ordem lógica que abrange os pilares principais da
cosmovisão cristã: Deus – Criação – Queda – Redenção – Consumação. Quanto a definição
de teologia sistemática, Carson postula que:
Por “teologia sistemática”, entendo aquele ramo da teologia que visa elaborar o todo
e as partes da Escritura, demonstrando suas conexões lógicas (não apenas
históricas), dando pleno reconhecimento à história da doutrina, ao clima intelectual e
às categorias e indagações contemporâneas, tendo sua base de autoridade final nas
Escrituras, propriamente interpretadas. Teologia Sistemática lida com a Bíblia como
um produto pronto. (CARSON, 2001, p. 21).
Diante de tudo que foi exposto, é importante ressaltar que o tema da “imago dei” no
homem está inserido dento do loci da antropologia bíblica que se insere dentro da teologia
sistemática como uma das doutrinas cristãs que tem como objetivo estudar a criação do
homem e o seu lugar na criação divina, sua constituição natural e ontológica e o aspecto da
imagem de Deus no homem (“imago dei”) dentro do contexto escriturístico dos capítulos de
Gênesis 1 a 3.
Seguindo essa mesma definição exegética, Groningen (2002, p.81) postula que o
termo ( ְּבַצְלֵ֖מ נּוtselem), mesmo sendo difícil determinar o seu significado a partir de sua raiz
etimológica, nas vinte e seis vezes que o termo aparece dentro do contexto
veterotestamentário, refere-se ao ídolo que é usado para representar uma deidade ou potencial
divino.
Portanto, tendo em vista o uso do termo ( ְּבַצְלֵ֖מ נּוtselem) dentro do contexto do Antigo
Testamento a partir das definições exegético-teológicas que expomos dos eruditos
supracitados, notamos que o termo “imagem” de Deus no homem, conforme Gênesis 1.26-27,
indica que o ele foi criado para representar fielmente o seu Criador na ordem cósmica, na
qualidade de vice-regente de Deus, recebendo assim qualidades espirituais, intelectuais e
morais semelhantes às dos seu Criador, daí o porquê, o termo “imagem” (tselem) aparece em
paralelo ao termo “semelhança” (dêmût) de acordo com Gênesis 1.26.
pois ela explicará progressivamente os significados deles. Quanto aos conceitos de “imagem”
e “semelhança”, Grudem postula que:
Quando nos damos conta de que as palavras hebraicas que exprimem “imagem” e
“semelhança” simplesmente informavam aos primeiros leitores que o homem era
semelhante a Deus, e em muitos aspectos representava Deus, vemos que boa parte
da controvérsia acerca do significado de “imagem de Deus” é a busca de um
significado excessivamente estreito e específico. (GRUDEM, 1999, p. 364).
Verificamos que o erudito Augustus Strong, outro teólogo batista renomado do século
XIX, afirma na sua clássica obra em dois volumes de “Teologia sistemática” (2003) que o
termo “imagem” de Deus está presente na alma do ser humano que reflete por meio do corpo,
mostrando que a parte material do homem em algum aspecto é semelhante a Deus. Portanto,
segundo Strong, o homem como um ser integral, sendo ele dicotômico, mostra-nos que a parte
espiritual do homem é o cerne da imagem divina, contudo, ela só pode ser refletida na ordem
criada pela instrumentalidade do corpo humano.
O também teólogo batista Richard J. Sturz em sua obra de “Teologia Sistemática”
(2012) entende que o termo “imagem” de Deus no homem deve ser compreendida em três
aspectos: primeiro, refere-se ao homem ser uma criatura que possui personalidade espiritual,
dotada de intelecto, vontade, liberdade e autoconsciência, que o faz ser responsável diante do
seu Criador; o segundo elemento da “imago dei” está no fato que Adão ao ser criado a
imagem divina recebeu o privilégio de dominar sobre a criação como um represente do seu
Criador; o terceiro aspecto da imagem divina no homem seria o fato deste ser uma “cópia”
dos atributos divinos do amor, da santidade e da bem-aventurança.
Percebemos que o teólogo batista Millard J. Erickson em sua clássica obra de
“Teologia Sistemática” (2015) condensa o conceito de “imago dei” no homem, conforme
pensado ao longo da teologia histórica, em três aspectos que denomina de “imagem
essencial”, “imagem relacional” e “imagem funcional”. O erudito Erickson, então, afirma que
o sentido de “imagem essencial” está relacionado a natureza física, psicológica e espiritual do
homem. Já o conceito de “imagem relacional” significa a capacidade que o homem foi dotado
de relacionar-se com o seu Criador de forma autoconsciente.
Por outro lado, o conceito de “imagem funcional” denota o sentido da capacidade de
domínio sobre a ordem criada. Contudo, após expor esses três conceitos de “imagem divina”
no homem, Millard J. Ericson entende que os conceitos de “imagem relacional e funcional”
não são a “imago dei” em si mesma, entretanto, são implicações da presença da imagem de
Deus no homem. Sendo assim, conforme pensa o teólogo Erickson, a “imago dei” significa as
faculdades da personalidade do ser humano que o capacita a raciocinar, refletir, tomar
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decisões e interagir com outras pessoas. Nesse sentido, então, o teólogo Erickson acredita que
a “imago dei” no homem confunde-se com os próprios atributos comunicáveis de Deus
refletidos no homem. Assim, vejamos o que esse erudito afirma sobre a “imagem” de Deus no
homem:
A imagem propriamente dita é o conjunto de características necessárias para o
desenvolvimento dos relacionamentos e para o exercício do domínio. São as
características de Deus que, refletidas nos seres humanos, tornam possíveis a
adoração, a interação pessoal e o trabalho. Se pensarmos em Deus como um ser com
essas características, não teremos dificuldade para aceitar o fato de que os seres
humanos também as apresentam. Os atributos de Deus classificados, às vezes, como
comunicáveis constituem a imagem de Deus; ela não se limita a algum dos atributos
em particular. A condição humana tem uma natureza que abrange tudo o que
constitui a personalidade ou o eu: inteligência, vontade, emoções. Esta é a imagem
com a qual os seres humanos foram criados, que lhes dá capacidade de ter um
relacionamento com Deus e com os outros indivíduos, segundo a intenção divina, e
de exercer domínio. (ERICKSON, 2015, p. 499-500)
Portanto, conforme expomos acima acerca dos principais conceitos teológicos dos
eruditos da “Teologia Sistemática”, verificamos que a “imago dei” no homem está
relacionada diretamente com os aspectos da espiritualidade do homem que envolve os seus
traços de personalidade, racionalidade, liberdade e autoconsciência de sua própria existência e
do seu ambiente, fazendo com que seja semelhante ao seu Criador, também em qualidades
morais, como justiça e retidão. Portanto, como possuidor da “imagem” de Deus conforme as
qualificações listadas, o homem teve a capacidade de dominar a ordem criada e sujeitá-la,
assim como, relacionar-se com o Seu Criador e com o seu próprio mundo.
Após expormos acima os conceitos da “imago dei” a partir das principais obras
clássicas de “Teologia Sistemática” e discutirmos os conceitos teológicos entre elas, suas
similaridades e diferenças, nesse último tópico desenvolveremos os conceitos da “imagem” de
Deus no homem a partir do olhar das principais obras de “Teologia Bíblica” traduzida ao
português nos últimos anos.
Ser feito à imagem de Deus, como seu filho, está fortemente conectado, na narrativa
bíblica, com exercer domínio. O fato de que Deus é o Senhor que governa sobre
tudo na criação é simplesmente uma consequência de ser ele o criador. Por meio de
sua palavra, ele trouxe do nada todas as coisas à existência e decretou o que
acontecerá na ordem das coisas. Por dar à humanidade domínio sobre o resto da
criação, Deus revela sua própria soberania prioritária e designa a raça humana como
seu vice regente. (GOLDSWORTHY, 2017, p. 67)
Deus vinculado ao domínio do homem sobre a criação como vice-regente do seu Criador.
Contudo, Wolff trás outro conceito de “imago dei” que dá sentido ao domínio do homem
sobre o cosmo. Conforme Wolff pensa, a expressão “imagem” de Deus deve está relacionada
ao vínculo de correspondência entre o homem e o seu Criador e ao caráter relacional entre
eles, que faz com que o homem responda a Deus em obediência. Vejamos, então, o conceito
de “imago dei” na obra de Wolff:
Logo, na incumbência da administração do mundo não se deverá esquecer a
proximidade especial de Deus em relação ao ser humano que está expressa de modo
eminente na ligação através da palavra. Contudo, de acordo com o sentido específico
da imagem do dominador no contexto da afirmação de 1.26a,b, deve-se registrar que
a relação de correspondência consiste na dominação do ser humano sobre o resto da
criação. (WOLFF, 2007, p. 248)
O teólogo bíblico holandês Gerhard Von Gronnigen, em sua clássica obra “Criação e
Consumação” (2002, Vol.1), entende a “imago dei” no homem sob três aspectos simultâneos.
Para ele, a imagem de Deus refere-se, primeiro, a representação Dele no homem de acordo
com o que estava em sua mente; segundo, ao relacionamento singular entre Deus e o homem e
ao “status” de realeza do homem dado por Deus. Quanto a representação de Deus no homem,
Gronnigen nos diz que:
Da mesma forma como Moisés construiu o tabernáculo de acordo com o modelo que
Deus lhe havia dado (Ex 25.9, 40), Deus também fez a humanidade de acordo com o
modelo que ele tinha em mente. Este modelo, no entanto, embora não idêntico ao
próprio Deus, refletia e representava muito daquilo que Deus é. (GRONNIGEN,
2002, p. 81)
Notamos que no pensamento de Gronnigen, esse reflexo e representação de Deus no
homem, não significa que a humanidade foi criada no patamar de igualdade ontológica e
substancial com Deus, e sim, na capacidade racional que o homem tem, por ser um ser pessoal
dotado de faculdades mentais e intelectuais, que lhe dá condições de relacionar-se com Deus.
Gronnigen também afirma o conceito de relacionamento e “status” régio como reflexo
da “imago dei” no homem. Assim, no seu pensamento, a singularidade do relacionamento
ímpar entre Deus e o homem, é vista na criação dele à imagem de Deus, no qual, nenhuma
criatura possuía. Vejamos tal conceito no pensamento de Gronnigen abaixo:
O relacionamento que Deus estabeleceu entre si mesmo e a humanidade é, antes de
tudo, um de semelhança. [...] Isso não significa identidade; não significa da mesma
essência, natureza ou capacidades. Como uma semelhança de pedra é diferente em
substância de seres humanos, assim o homem é diferente de Deus. Mas é importante,
no caso, mostrar a diferença nesta comparação observando que a humanidade foi
feita para ter capacidades e virtudes similares às de Deus. Por exemplo, Deus fez o
homem para ser capaz de se comunicar com ele. (GRONINNGEN, 2002, p. 86).
ao governo do homem sobre a ordem criada debaixo da soberania do seu Criador, o que lhe
dava dignidade real e ao mesmo tempo lhe colocava numa posição de prestação de contas a
Deus. Vangemeren também entende que o homem refletindo a “imagem” de Deus tinha
capacidade natural de comunicar-se com Ele, afetar as coisas, mostrar poder e cuidado que
refletiam a gloria de Deus. Notemos, então, alguns argumentos de Vangemeren sobre o
conceito de “imago dei”:
A imagem de Deus na humanidade está nos dons concedidos pelo Rei à criatura,
graciosamente escolhida para governar a terra e desfrutar da companhia do Senhor.
Ser criado à imagem envolve prestar contas ao Criador. [...] A dignidade real do
homem consiste em seu governo sobre a criação e sua capacidade para civilizar a
terra [...]. Os homens e mulheres também são semelhantes a Deus em sua
capacidade derivada de se comunicar, afetar as coisas, mostrar poder e cuidar –
dessa maneira eles refletem a glória do Criador. Os seres humanos, na totalidade do
seu corpo e espírito, refletem à imagem de Deus em toda sua existência criativa,
incluindo o corpo. (VANGEMEREN, 2019, p. 63).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
. Fazer uma síntese dos conceitos de “imago dei” no homem extraídos das teologias bíblicas e
sistemáticas, e discutir quais as implicações para o plano redentor do homem em Cristo Jesus.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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