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LÍNGUA PORTUGUESA – INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Turma EXT — Semana 4 — Figuras semânticas IV


Prof. Ceneme

ROTEIRO DE ESTUDOS EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Interpretação de texto (volume 1) (Enem PPL 2019)


Capítulo 1 A nossa emotividade literária só se interessa pelos populares do ser-
tão, unicamente porque são pitorescos e talvez não se possa verifi-
Aprofundamento teórico (leitura recomendada) car a verdade de suas criações. No mais é uma continuação do
Ironia exame de português, uma retórica mais difícil, a se desenvolver por
Sarcasmo e preterição este tema sempre o mesmo: Dona Dulce, moça de Botafogo em Pe-
trópolis, que se casa com o Dr. Frederico. O comendador seu pai não
quer porque o tal Dr. Frederico, apesar de doutor, não tem emprego.
Aprofundamento prático (exercícios recomendados)
Dulce vai à superiora do colégio de irmãs. Esta escreve à mulher do
Propostos: 20!, 21! e 23.
ministro, antiga aluna do colégio, que arranja um emprego para o
Complementares: 30.
rapaz. Está acabada a história. É preciso não esquecer que Frede-
rico é moço pobre, isto é, o pai tem dinheiro, fazenda ou engenho,
mas não pode dar uma mesada grande.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Está aí o grande drama de amor em nossas letras, e o tema de seu
ciclo literário.
Continuação BARRETO, L. Vida e morte de MJ Gonzaga de Sá. Disponível em:
Ironia:______________________________________________ www.brasiliana.usp.br. Acesso em: 10 ago. 2017.
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___________________________________________________ 1. Situado num momento de transição, Lima Barreto produziu uma
___________________________________________________ literatura renovadora em diversos aspectos. No fragmento, esse viés
___________________________________________________ se fundamenta na
a) releitura da importância do regionalismo.
___________________________________________________
b) ironia ao folhetim da tradição romântica.
Exemplo (lousa e projeção):
c) desconstrução da formalidade parnasiana.
a)
d) quebra da padronização do gênero narrativo.
e) rejeição à classificação dos estilos de época.

(Unesp 2018)
Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis (1839-
Atenção:____________________________________________ 1908), para responder à(s) questão(ões).
___________________________________________________
___________________________________________________ A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido
___________________________________________________ a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se
___________________________________________________ ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro
Exemplo: ao pé; havia também a máscara de folha de flandres. A máscara fa-
a) zia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca.
Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada
atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a
tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que
Exercício exemplo:___________________________________ eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extin-
tos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara,
Preterição:__________________________________________ mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o gro-
tesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à
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venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.
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O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma
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coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à esquerda,
___________________________________________________ até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, natural-
Exemplo (lousa): mente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim,
a) onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era
pegado.
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e
nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apa-
Exercício exemplo:___________________________________ nharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada.
Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que

Aviso Legal: Os materiais e conteúdos disponibilizados pelo Poliedro são protegidos por direitos de propriedade intelectual (Lei nº 9.610/1998). É vedada a utilização para fins comerciais, bem como a
cessão dos materiais a terceiros, a título gratuito ou não, sob pena de responsabilização civil e criminal nos termos da legislação aplicável.
servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sen- d) incentivasse.
timento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também e) ignorasse.
dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em
que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, dei- (Fuvest 2022)
tava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam Sweet Home
para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes mar- Quebra-luz, aconchego.
casse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando. Teu braço morno me envolvendo.
Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho A fumaça de meu cachimbo subindo.
levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do fu-
gido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por onde Como estou bem nesta poltrona de humorista inglês.
andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vi-
nha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou “receberá uma O jornal conta histórias, mentiras...
boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou ao lado uma
vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na Ora afinal a vida é um bruto romance
ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem e nós vivemos folhetins sem o saber.
o acoitasse.
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria no- Mas surge o imenso chá com torradas,
bre, mas por ser instrumento da força com que se mantêm a lei e a chá de minha burguesia contente.
propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindica- Ó gozo de minha poltrona!
doras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo; a po- Ó doçura de folhetim!
breza, a necessidade de uma achega, a inaptidão para outros Ó bocejo de felicidade!
trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, ainda Carlos Drummond de Andrade. Alguma Poesia.
que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante
rijo para pôr ordem à desordem. 5. Por que a expressão em inglês sweet home suscita, no título do
(Contos: uma antologia, 1998.) poema, um teor de ironia?

2. A perspectiva do narrador diante das situações e dos fatos relaci- (Fuvest 2015)
onados à escravidão é marcada, sobretudo, Capítulo CVII
a) pelo saudosismo. Bilhete
b) pela indiferença. “Não houve nada, mas ele suspeita alguma cousa; está muito sério
c) pela indignação. e não fala; agora saiu. Sorriu uma vez somente, para Nhonhô, depois
d) pelo entusiasmo. de o fitar muito tempo, carrancudo. Não me tratou mal nem bem. Não
e) pela ironia. sei o que vai acontecer; Deus queira que isto passe. Muita cautela,
por ora, muita cautela.”
3. O leitor é figura recorrente e fundamental na prosa machadiana.
Verifica-se a inclusão do leitor na narrativa no seguinte trecho: Capítulo CVIII
a) “A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em Que se não entende
que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, dei- Eis aí o drama, eis aí a ponta da orelha trágica de Shakespeare. Esse
tava a correr, sem conhecer as ruas da cidade.” (3º parágrafo) retalhinho de papel, garatujado em partes, machucado das mãos, era
b) “Quando não vinha a quantia, vinha promessa: ‘gratificar-se-á ge- um documento de análise, que eu não farei neste capítulo, nem no
nerosamente’ – ou ‘receberá uma boa gratificação’. Muita vez o outro, nem talvez em todo o resto do livro. Poderia eu tirar ao leitor o
anúncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, des- gosto de notar por si mesmo a frieza, a perspicácia e o ânimo dessas
calço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa.” (4º pará- poucas linhas traçadas à pressa; e por trás delas a tempestade de
grafo) outro cérebro, a raiva dissimulada, o desespero que se constrange e
c) “Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um medita, porque tem de resolver-se na lama, ou no sangue, ou nas
deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a lágrimas?
máscara de folha de flandres.” (1º parágrafo) ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas.
d) “O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai
uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à es- 6. Ao comentar o bilhete de Virgília, o narrador se vale, principal-
querda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave.” (2º pará- mente, do seguinte recurso retórico:
grafo) a) Hipérbato: transposição ou inversão da ordem natural das pala-
e) “Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem vras de uma oração, para efeito estilístico.
sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funilei- b) Hipérbole: ênfase expressiva resultante do exagero da significa-
ros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas.” (1º pará- ção linguística.
grafo) c) Preterição: figura pela qual se finge não querer falar de coisas so-
bre as quais se está, todavia, falando.
4. Em “Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoi- d) Sinédoque: figura que consiste em tomar a parte pelo todo, o todo
tasse.” (4º parágrafo), o termo destacado pode ser substituído, sem pela parte; o gênero pela espécie, a espécie pelo gênero; o singular
prejuízo de sentido para o texto, por: pelo plural, o plural pelo singular etc.
a) escondesse. e) Eufemismo: palavra, locução ou acepção mais agradável, empre-
b) denunciasse. gada em lugar de outra menos agradável ou grosseira.
c) agredisse.
Aviso Legal: Os materiais e conteúdos disponibilizados pelo Poliedro são protegidos por direitos de propriedade intelectual (Lei nº 9.610/1998). É vedada a utilização para fins comerciais, 2
bem como a cessão dos materiais a terceiros, a título gratuito ou não, sob pena de responsabilização civil e criminal nos termos da legislação aplicável.
(Unicamp 2017) Houve um tempo em que as celebrações eram justas. Isso foi há
Ironia ao natural muito tempo, quando eu era jovem. Naqueles tempos, um diploma
É natural, universitário era garantia de trabalho. Os pais se davam como pron-
é bom tos para morrer quando uma destas coisas acontecia: 1) a filha se
e quanto mais melhor, casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha
como os cogumelos tirava o diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso
vermelhos, não casasse; 3) o filho entrava para o Banco do Brasil; 4) o filho tirava
as rãs azuis diploma.
ou o suco de serpente... 7O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de

É químico, nobreza. Quem tirava diploma não precisava trabalhar com as mãos,
processado, 8como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que tinham mãos ru-

é mau, des e sujas.


como a Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os
aspirina, diplomados tratavam de pôr no dedo um anel com pedra colorida.
um perfume Havia pedras para todas as profissões: médicos, advogados, músi-
ou o plástico cos, engenheiros. Até os bispos tinham suas pedras.
da válvula (Ah! Ia me esquecendo: os pais também se davam como prontos
cardíaca para morrer quando o filho entrava para o seminário para ser padre
de um coração... – aos 45 anos seria bispo – ou para o exército para ser oficial – aos
João Paiva. 45 anos seria general.)
Essa ilusão continua a morar na cabeça dos pais e é introduzida na
7. Nesse poema, há cabeça dos filhos desde pequenos. 9Profissão honrosa é profissão
a) inversão dos atributos do que seria bom na natureza e do que que tem diploma universitário. Profissão rendosa é a que tem di-
seria ruim nos processados, de modo a, ironicamente, ressaltar a ploma universitário. Cria-se, então, a fantasia de que as únicas op-
importância da química. ções de profissão são aquelas oferecidas pelas universidades.
b) comparação entre o lado bom dos produtos naturais e o lado ruim Quando se pergunta a um jovem "O que é que você vai fazer?", o
dos produtos processados, de modo a ressaltar, efusivamente, o pe- sentido dessa pergunta é "Quando você for preencher os formulários
rigo da química. do vestibular, qual das opções oferecidas você vai escolher?". E as
c) demonstração do lado bom dos produtos naturais e o lado ruim opções não oferecidas? Haverá alternativas de trabalho que não se
dos produtos processados, sem, contudo, realizar uma crítica em re- encontram nos formulários de vestibular?
lação à química. Como todos os pais querem que seus filhos entrem na universidade
d) elogio aos produtos naturais, reforçando-se a ideia de consumir- e (quase) todos os jovens querem entrar na universidade, 10confi-
mos mais desses produtos em detrimento de produtos processados gura-se um mercado imenso, mas imenso mesmo, de pessoas de-
com o auxílio da química. sejosas de diplomas e prontas a pagar o preço. Enquanto houver
jovens que não passam nos vestibulares das universidades do Es-
(ITA 2016) tado, haverá mercado para a criação de universidades particulares.
1Vou confessar um pecado: às vezes, faço maldades. Mas não faço É um bom negócio.
por mal. Faço o que faziam os mestres zen com seus "koans". "Ko- 11Alegria na entrada. Tristeza ao sair. Forma-se, então, a multidão

ans" eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos de jovens com diploma na mão, mas que não conseguem arranjar
discípulos. Eles sabiam que só se aprende o novo quando as certe- emprego. Por uma razão aritmética: o número de diplomados é mui-
zas velhas caem. E acontece que eu gosto de passar rasteiras em tas vezes maior que o número de empregos.
certezas de jovens e de velhos... Já sugeri que os jovens que entram na universidade deveriam apren-
Pois o que eu faço é o seguinte. Lá estão os jovens nos semáforos, der, junto com o curso "nobre" que frequentam, um ofício: marce-
de cabeças raspadas e caras pintadas, na maior alegria, celebrando neiro, mecânico, cozinheiro, jardineiro, técnico de computador,
o fato de haverem passado no vestibular. Estão pedindo dinheiro eletricista, encanador, descupinizador, motorista de trator... O rol de
para a festa! Eu paro o carro, abro a janela e na maior seriedade ofícios possíveis é imenso. Pena que, nas escolas, as crianças e os
digo: "Não vou dar dinheiro. Mas vou dar um conselho. Sou professor jovens não sejam informados sobre essas alternativas, por vezes
emérito da Unicamp. 2O conselho é este: salvem-se enquanto é mais felizes e mais rendosas.
tempo!". 3Aí o sinal fica verde e eu continuo. 12Tive um amigo professor que foi guindado, contra a sua vontade, à

"Mas que desmancha-prazeres você é!", vocês me dirão. É verdade. posição de reitor de um grande colégio americano no interior de Mi-
Desmancha-prazeres. Prazeres inocentes baseados no engano. nas. Ele odiava essa posição porque era obrigado a fazer discursos.
Porque aquela alegria toda se deve precisamente a isto: eles estão 13E ele tremia de medo de fazer discursos. Um dia ele desapareceu

enganados. sem explicações. Voltou com a família para o seu país, os Estados
Estão alegres porque acreditam que a universidade é a chave do Unidos. Tempos depois, encontrei um amigo comum e perguntei:
mundo. 4Acabaram de chegar ao último patamar. 5As celebrações "Como vai o Fulano?". Respondeu-me: "Felicíssimo. 14É motorista de
têm o mesmo sentido que os eventos iniciáticos – nas culturas ditas um caminhão gigantesco que cruza o país!".
primitivas, 6as provas a que têm de se submeter os jovens que pas-
saram pela puberdade. Passadas as provas e os seus sofrimentos, (Rubem Alves. Diploma não é solução, Folha de S. Paulo)
os jovens deixaram de ser crianças. Agora são adultos, com todos
os seus direitos e deveres. Podem assentar-se na roda dos homens. 8. Assinale a opção em que o segmento NÃO apresenta a figura de
Assim como os nossos jovens agora podem dizer: "Deixei o cursinho. pensamento a ele atribuída.
Estou na universidade".
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bem como a cessão dos materiais a terceiros, a título gratuito ou não, sob pena de responsabilização civil e criminal nos termos da legislação aplicável.
a) [...] às vezes, faço maldade. Mas não faço por mal. (referência 1)
- paradoxo
b) [...] configura-se um mercado imenso, mas imenso mesmo (refe-
rência 10) - enumeração
c) Alegria na entrada. Tristeza ao sair. (referência 11) - antítese
d) E ele tremia de medo de fazer discursos. (referência 13) - ironia
e) É motorista de um caminhão gigantesco que cruza o país (refe-
rência 14) - hipérbole

9. De acordo com o autor,


a) a escolha certa do curso universitário é a garantia de sucesso pro-
fissional.
b) é aconselhável que o universitário concilie o curso superior com
uma formação alternativa.
c) é imprescindível mais de uma formação universitária como garan-
tia de futuro bem sucedido.
d) é recomendável que as universidades ofereçam cursos para for-
mação de trabalhadores manuais.
e) o diploma universitário, aliado a cursos de curta duração, possibi-
lita o amadurecimento do jovem.
______________________________________________________
ANOTAÇÕES

GABARITO

1.B 2.E 3.D 4.A


5:
É possível atribuir um valor irônico ao título do poema a partir de duas
perspectivas distintas. A primeira está associada ao contexto crítico
do livro, lançado em 1930 e estruturado por Drummond para, dentre
outras finalidades, apontar o modo como uma vida burguesa pode
tornar o indivíduo pacato e indiferente à realidade. Nesse sentido, o
efeito sarcástico surge pela oposição entre a rotina fútil descrita pelo
enunciador (representada, por exemplo, pela figura da poltrona e do
cachimbo) e a realidade social enfrentada por diversas outras pes-
soas (representada pelas histórias contadas pelo jornal). A segunda,
por sua vez, relaciona-se ao próprio eu lírico do poema e ao tédio
vivido por ele. Nessa leitura complementar, o indivíduo reconhece
que sua existência é banal, assim como sua rotina o aprisiona a um
cotidiano vazio. Desse modo, portanto, sua casa não seria de fato
um lugar de felicidade, mas representaria sua prisão a uma existên-
cia sem propósitos.
6.C 7.A 8.D 9.B
Aviso Legal: Os materiais e conteúdos disponibilizados pelo Poliedro são protegidos por direitos de propriedade intelectual (Lei nº 9.610/1998). É vedada a utilização para fins comerciais, 4
bem como a cessão dos materiais a terceiros, a título gratuito ou não, sob pena de responsabilização civil e criminal nos termos da legislação aplicável.

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