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disciplina 2
Gestão das relações
educativas no espaço escolar
Maria das Graças do Espírito Santo Tigre
OBJETIVOS
Analisar a repercussão das mudanças socioculturais nas questões relacionais na escola.
Categorizar os conflitos que emergem na escola conceituando os termos: violência, bullying,
disciplina, indisciplina na escola.
Destacar a importância de se manterem relações interpessoais de qualidade como forma de
garantir a eficácia do processo educativo.
Propor os contratos pedagógicos e assembleias de classe como uma alternativa democrática para
gerir os conflitos na escola.
Apresentar um roteiro de proposta de intervenção a ser implementado pela escola para o
enfrentamento dos casos de violência e indisciplina.
EMENTA
As funções sociais da escola na contemporaneidade – as tensões, as contradições e os embates
ideológicos – e as repercussões sobre as questões relacionais na escola. Disciplina escolar, indisciplina e
violência. O trabalho da equipe pedagógica na articulação de soluções possíveis para o enfrentamento
da violência e da indisciplina na escola. Proposta de intervenção para a prevenção da violência e da
indisciplina na escola. A relação entre disciplina escolar e processos pedagógicos em sala de aula. A
gestão da disciplina em sala de aula.
ROTEIRO DE ESTUDO
Unidade I. Violência e indisciplina na e da escola
Seção 1. O panorama atual: reflexões sobre a função social da escola na
contemporaneidade
Seção 2. Discutindo os conceitos de violência, bullying, indisciplina e disciplina
Unidade II. Contratos pedagógicos e assembléias de classe: alternativas democráticas para
prevenir e administrar conflitos na escola
Seção 1. A importância das relações interpessoais no ambiente escolar
Seção 2. A relação pedagógica
Seção 3. Contratos pedagógicos
Seção 4. Assembleias de classe
Unidade III. Proposta de elaboração coletiva de um projeto de intervenção
Seção 1. Roteiro para uma proposta de intervenção: não fazer é não prevenir!
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disciplina 2
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PALAVRAS DO PROFESSOR
Caro(a) estudante,
A disciplina “Gestão das relações educativas no espaço escolar” foi
especialmente planejada pensando em você e no seu cotidiano na escola e
em sala de aula, considerando seus saberes e sua experiência profissional
para atuar em uma realidade complexa e diversificada.
Um dos objetivos deste livro é provocar o interesse por intervenções
ou ações que possam ser assumidas por você, professor(a), em sala de
aula e pela escola como um todo, coordenadas pela sua equipe de gestão,
sinalizando possibilidades de enfrentamento da violência e da indisciplina
na escola.
Portanto, o fio condutor das discussões promovidas pela disciplina
será o da intervenção, contemplando o embasamento teórico necessário a
cada etapa, mas procurando fugir do excessivamente conceitual desprovido
de atrativo prático, porém é importante que você evite interpretar este texto
como um conjunto de receitas indispensáveis para solucionar todos os
conflitos existentes na escola e encare-o como um aporte importante para
o seu trabalho, adaptando-o à realidade específica de sua escola.
A disciplina está organizada em três momentos:
Na Unidade I, você será levado(a) a refletir sobre qual deve ser a
função social da escola na contemporaneidade e categorizar os conflitos
que emergem no ambiente escolar.
A Unidade II discute a importância de se manterem relações
interpessoais de qualidade no ambiente escolar e aponta como os contratos
pedagógicos e as assembleias de classe podem constituir-se em importantes
estratégias para prevenir e administrar conflitos na escola e em sala de
aula.
A proposta da Unidade III é apresentar um possível roteiro para um
projeto de intervenção que pode ser desenvolvido pela escola, enquanto
organizadora e articuladora do processo, por meio da sua equipe gestora.
Desejo que você, professor(a), tenha excelentes resultados nos seus
estudos e futuras intervenções educativas.
Bom trabalho!
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UNIDADE I
Violência e indisciplina
na e da escola
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Refletir sobre a função social da escola na contemporaneidade e o modo
como as mudanças socioculturais afetam as relações educativas na escola.
ROTEIRO DE ESTUDOS
SEÇÃO 1 – O panorama atual: reflexões sobre a função social da
escola na contemporaneidade
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SEÇÃO 1
O PANORAMA ATUAL: REFLEXÕES SOBRE A FUNÇÃO
SOCIAL DA ESCOLA NA CONTEMPORANEIDADE
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UNIDADE I
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recorrer, pois os adultos que estão com eles também sentem-se perdidos e
confusos, não representam mais figuras de identificação significativas.
Os alunos estão na escola, mas são pouco receptivos à sua ação e
não encontram sentido nos inúmeros conteúdos, atividades, provas,
normas disciplinares, desrespeito às diferenças, e, diante disso, reagem
com condutas nem sempre aceitáveis, de forma indisciplinada ou violenta.
Sem saber como agir diante desses conflitos, os profissionais da educação
demonstram uma certa apatia, medo, insegurança e desconforto no
momento de intervir em situações desse gênero.
Segundo Estrela (1994), quando os efeitos da violência e da
indisciplina são relacionados exclusivamente ao professor, surgem
sentimentos de fracasso pessoal (perda da autoestima, frustração) e
profissional (impotência que compromete a ação pedagógica), o que produz
a sensação de fracasso por parte do adulto, visto não conseguir “dominar”
os mais jovens. Para tanto é necessário dotar os professores de competências
didáticas e relacionais, tanto ao longo do período de sua formação quanto
de sua experiência, que sejam voltadas mais para a prevenção do que para
a correção do problema.
Embora extremamente necessário, nos currículos de formação inicial
de professores, não são contemplados estudos de formas de fazer a gestão
dos conflitos em sala de aula e na escola, o que faz com que os futuros
professores saiam sem nenhum preparo para enfrentarem situações que
farão parte do seu cotidiano de trabalho nas escolas (daí a importância da
formação continuada). Esse alerta é importante porque se costuma cobrar
do professor o que ele não recebeu no decorrer de sua formação.
Em muitos casos, falta ao professor uma maior clareza teórica que lhe
permita compreender qual é o seu papel como formador, qual a importância
de sua autoridade como elemento estruturante para o comportamento do
aluno e o que representa sua postura proativa e interventiva junto aos
problemas concretos com os quais se depara no cotidiano escolar.
No decorrer da formação inicial e continuada os professores precisam
construir saberes que os tornem capazes de intervir nas situações de
conflito. Ensinar a matéria de sua área de conhecimento já não basta diante
dos graves problemas que a escola vem enfrentando, uma vez que, para as
crianças e jovens, aprender somente conteúdos também já não é mais o
suficiente.
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escolar e trabalho pedagógico
Nas palavras de Dubet (1998, p. 230), “deveria haver cursos sobre
a violência”, dizia ele, “porque a gente deveria aprender a responder a
isto como se aprende as matemáticas. E completa: “[...] é um absurdo.
Esta formação deveria ser mais ágil, muito mais longa e muito menos
ideológica”.
“Pro dia nascer feliz”, de 2006, dirigido por Jaime Jardim (Duração 88 min.). É um
diário de observação de vida do adolescente no Brasil em seis escolas. “Pro Dia Nascer
Feliz” flagra o dia a dia de alunos e alguns professores em Manari (PE), uma das cidades
mais pobres do Brasil, Duque de Caxias (RJ), a mais violenta, e Alto de Pinheiros, um dos
bairros mais ricos de São Paulo (capital). É um documentário onde as entrevistas são
intercaladas com sequências de observação do ambiente das escolas, salas, corredores e
também testemunha uma reunião de conselho de classe.
“Entre os muros da escola”, de 2008, direção de Laurent Cantet (Duração 128 min).
Toda a ação do filme se passa nos corredores e nos pátios de um colégio nos arredores de
Paris, ao longo de um ano letivo. Mas o filme – uma obra essencialmente sociopolítica –
evidentemente extrapola os muros e serve de comentário sobre a realidade no país, embora
tenha a dizer também sobre a relação professor-alunos de modo geral, independente do
contexto geográfico e social. O filme mostra a luta do professor para ensinar algo aos alunos,
o dia a dia da sala de aula, os conflitos, as dificuldades, as relações dos alunos entre eles
e com os professores. Apesar de ser uma ficção, é quase um documentário, com tamanha
verdade pela qual é filmado. A cena em que uma aluna de François chega a ele, depois de
ter passado o ano na sua turma, e diz: “Eu não aprendi nada esse ano. Nada me interessou
e nada me interessa. Não quero ser nada quando crescer”, é uma cena assustadoramente
verdadeira.
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SEÇÃO 2
DISCUTINDO OS CONCEITOS DE VIOLÊNCIA, BULLYING,
INDISCIPLINA E DISCIPLINA
2.1 Violência
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Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
Embora atos brutais e “espetaculares” (como, por exemplo, a explosão
de uma bomba) não ocorram com tanta frequência, são eles que ficam
registrados na memória do coletivo escolar, fazendo com que a “sensação
de violência” fique impregnada na subjetividade dos indivíduos.
Segundo Debarbieux (2002), se expandirmos a definição de
violência, corremos o risco epistemológico de hiperampliar o problema até
torná-lo impensável, além de estarmos correndo o risco político de vir a
criminalizar padrões comportamentais comuns ao incluí-los na definição
de violência. Por outro lado, uma definição excessivamente limitada pode
excluir a experiência de algumas vítimas, ignorando que a pior violência
deriva da microviolência, da violência implícita que perpassa a maioria
das relações que se estabelecem no cotidiano escolar. Uma posição de
equilíbrio é imprescindível.
Na literatura sobre o assunto, o que se encontra é uma variedade
muito grande de definições para o termo. A palavra violência é utilizada
para denominar os mais diversos atos e a noção que dela se tem é, por
princípio, ambígua: antecipadamente, podemos concluir que não existe
uma violência e sim uma multiplicidade de manifestações de atos violentos.
O conceito também se submete aos valores e aos costumes sociais, o que
não deixa de aumentar a confusão para localizar-se conceitualmente
nesse assunto.
Para Michaud (1989), a violência ocorre quando, em uma situação
de interação, um ou vários autores agem de maneira direta ou indireta,
maciça ou esparsa, causando danos a uma ou mais pessoas em graus
variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral,
em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais.
Assim, existe “violência” quando um indivíduo impõe a sua força,
o seu poder e o seu status contra outro indivíduo, de forma a prejudicá-
lo, maltratá-lo ou abusar dele física ou psicologicamente, direta ou
indiretamente, sendo a vítima inocente de qualquer argumento ou
justificativa que o indivíduo violento apresente de forma cínica e
indesculpável.
Candau (1999) destaca que a marca constitutiva da violência seria
a tendência à destruição do outro, ao desrespeito e à negação do outro,
podendo assim ocorrer no plano físico, psicológico ou ético.
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A autora também considera que existe uma interdependência entre
os problemas de disciplina e os de violência, mas essa não é direta. Em
um clima social de normas claras, democraticamente eleitas e assumidas
por todos, em que os educadores têm claro o seu papel de socialização e os
estudantes têm a oportunidade de participar na elaboração de convenções
e regulamentos, é de esperar que apareçam menos problemas de violência
interpessoal, mas infelizmente eles não estão excluídos, porque as fontes
da violência são múltiplas. Outros fatores mais ligados à personalidade
de certos alunos e a seus problemas pessoais podem aflorar e provocar
episódios de violência isolados.
A violência que se manifesta na escola precisa começar a ser encarada
como um problema de cunho pedagógico, passível de ser prevenido e
enfrentado pela instituição escolar, e não apenas como um caso de polícia.
Embora admita-se aqui que algumas problemáticas como uso de drogas,
marginalidade social, patologias da personalidade não estão afetas
apenas ao meio escolar. Assim, não se pode exigir que a escola, sozinha,
busque e aplique soluções, simplesmente porque ela não as tem. Para
isso ela deverá contar com a ajuda de outros agentes e instituições, cujo
raio de ação social esteja mais próximo das problemáticas mencionadas
(opinião também partilhada por GOTZENS, 2003).
Na prática, o que se observa é que a ação da escola frente aos
problemas de violência com os quais se depara tem se resumido
basicamente em dar advertências orais e escritas aos alunos, chamar a
polícia ou encaminhar o aluno ao Conselho Tutelar (na opinião do qual
a maioria dos casos encaminhados são casos de indisciplina e passíveis
de serem solucionados pela própria escola). Dificilmente são detectadas
ações ou projetos que procurem envolver o coletivo escolar, e muito
do que é implementado parte de ações isoladas dos professores, não
representando um referencial a ser utilizado pelos demais envolvidos no
processo pedagógico (TIGRE, 2009).
Em se tratando de violência no ambiente escolar, não adianta tentar
delimitar o problema dizendo “aqui é responsabilidade da família, aqui
é da escola, aqui é do Conselho Tutelar, aqui é do governo”, porque a
educação não deve ser encarada como um problema de um agente apenas.
Não adianta pensar que a escola possa fazer alguma coisa que valha a
pena, sozinha. Se as causas da violência são múltiplas e complexas, não
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2.2 Bullying
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Mobbing é frequentemente usado para definir o abuso de poder entre adultos em
ambientes profissionais. No Brasil, o mobbing é definido como assédio moral. Geralmente
o termo bullying é usado para definir o abuso de poder em ambientes escolares (FANTE,
2008).
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As vítimas, com frequência, passam a ter baixo desempenho escolar,
resistem ou recusam-se a ir para a escola, chegando a simular doenças.
Trocam de colégio com frequência ou abandonam os estudos.
Alvos/autores: são alunos que são ou foram vitimizados e que
acabam reproduzindo os maus-tratos sofridos. Segundo Fante (2008), são
esses os que se munem de armas e explosivos e vão até a escola em busca
de justiça. Matam e ferem o maior número possível de pessoas e dão fim
à própria vida.
Autores ou bullies: são alunos que só praticam bullying. Comumente
são indivíduos que têm pouca empatia, são prepotentes, arrogantes e estão
sempre metidos em confusões e desentendimentos. Podem ser também
alunos com grande capacidade de liderança e persuasão, que usam de
suas habilidades para submeter outro(s) ao seu domínio. Pertencem a
famílias desestruturadas, nas quais há pouco relacionamento afetivo entre
seus membros. Seus pais exercem supervisão pobre sobre eles, toleram
e oferecem como modelo para solucionar conflitos o comportamento
agressivo ou explosivo. Têm grande probabilidade de se tornarem adultos
com comportamento antissocial e/ou violento, que durante a vida culmina
em violência doméstica e/ou assédio moral no trabalho, podendo virem a
adotar, inclusive, atitudes delinquentes ou criminosas.
Testemunhas: são os alunos que não sofrem nem praticam, mas
convivem em um ambiente onde isso ocorre, se calam em razão do temor
de se tornarem as próximas vítimas. Muitos repudiam as ações dos
agressores, mas nada fazem para intervir. Outros apoiam e incentivam
dando risadas, consentindo nas agressões. Outros fingem se divertir com
o sofrimento das vítimas, como estratégia de defesa.
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Atenção pais
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usar quando são molestados, que, para Boynton (2008), podem ser as
seguintes:
Especialização
a
Assista ao filme “Bang Bang você morreu”, de 2002, dirigido por Guy Ferland (93
min. de duração). Classificação: 16 anos.
Sinopse: Jovens podem ser mais cruéis que todos. Naturalmente cruéis. As palavras
de Trevor Adams, que já foi um estudante exemplar, refletem suas experiências no colégio.
Ele era vítima de tão traumatizante perseguição que ameaçou destruir o time de futebol da
escola. Mas a salvação veio através do Sr. Duncan, o professor de teatro, que ofereceu a
Trevor o papel principal de sua peça, ao lado da bela Jenny Dahlquist. O professor e a garota
tentam ajudá-lo a manter-se na linha. Mas há um risco: o sombrio enredo sobre assassinos
em um playground, combinado com o passado problemático de Trevor, faz com que os pais
tentem vetar a peça. Se eles conseguirem é possível que a voz de Trevor jamais seja ouvida
e isso pode detonar uma bomba-relógio humana.
Outros dois filmes infantis que podem ser utilizados para abordar a questão do bullying
com os alunos, de uma forma mais sutil, são: “Lucas, um intruso no formigueiro” (Título
original em inglês: The ant bully) e “O Galinho Chicken Little”.
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2.3 Indisciplina
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Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
regulamenta o porte de armas), quando praticada por uma criança ou
adolescente, corresponde a um ato infracional – que geralmente se aplica
a uma das formas de manifestação da violência na escola.
Caso uma criança ou adolescente pratique um ato infracional, o
encaminhamento a ser dado é de competência do:
- Conselho Tutelar (se praticado por criança de até 12 anos; não há
necessidade de lavrar um Boletim de Ocorrência)
- Juizado da Infância e da Juventude ou Ministério Público (se
praticado por adolescente; deve ser lavrado um Boletim de Ocorrência na
Delegacia de Polícia).
Quando o ato infracional é cometido na escola, esse encaminhamento
deve ser feito obrigatoriamente pelo Diretor, Vice-Diretor, Professor
responsável ou Pedagogo da Escola.
Independente da circunstância em que o ato de indisciplina ou
ato infracional seja cometido, a escola deve observar algumas regras
básicas:
1 – O princípio da legalidade: a punição deve estar inserida no
Regimento Escolar;
2 – A sindicância disciplinar deve proporcionar ampla defesa do
aluno, com ciência de seus genitores ou responsáveis;
3 – As punições devem guardar relação de proporcionalidade com o
ato cometido, preferindo as mais brandas. A competência para aplicá-las
é do Conselho Escolar, após regular sindicância para apuração do ato.
Descumprimento das normas fixadas pelo Art. 103 – Considera-se ato infracional
Regimento Escolar. É um problema de a conduta descrita como crime ou
cunho estritamente pedagógico. contravenção penal (a definição é
dada pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente).
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2.4 Disciplina
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Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
como sendo uma importante “variável mediadora e facilitadora do êxito
no ensino”.
A disciplina em sala de aula deve alicerçar-se nas normas e
regulamentos pré-estabelecidos pela escola e dos quais é preciso captar
o espírito para que cada professor tome decisões de acordo com suas
próprias características assim como as de seus alunos. Tais normas devem
ser elaboradas pelo grupo e registradas no Contrato Pedagógico (como
veremos na Unidade II).
O professor é um gestor das condições de ensino sendo dele a
responsabilidade de decidir que atitudes são necessárias para que o
processo ensino-aprendizagem se desenvolva. Deve ter um papel ativo
na mediação e negociação das normas disciplinares gerais da escola e
das normas particulares de cada grupo de ensino, tanto na administração
como no seu efetivo cumprimento. Para que isso se efetive a contento é
imprescindível que se crie e estabeleça um código comum – por parte dos
docentes – de formas de atuar que resulte em uma coesão e coerência de
atuação para abordar os conflitos.
O controle da ordem e da disciplina precisa ser percebido como uma
função inerente à tarefa docente de ensinar, e fundamental para a eficácia
do processo de ensino-aprendizagem, portanto, um dos pressupostos
básicos aqui defendidos é o de que a manutenção da disciplina em sala
de aula é essencialmente de responsabilidade do professor e deve fazer
parte da sua ação didática, não isentando, porém, dessa tarefa a escola,
a família e a sociedade.
A gestão da disciplina em sala de aula deve contemplar três tipos
distintos de ação disciplinar (GOTZENS, 2003):
Planejamento da ordem (fase anterior ao início do ano letivo e nos
primeiros dias de aula): consiste basicamente na preparação do meio
físico, no planejamento das atividades e na definição das expectativas
sobre o comportamento dos alunos para o êxito do ensino.
Estabelecimento de ajustes e de adaptações ao ambiente escolar
específico ao qual é destinada a aplicação: realizada durante o período
inicial, nos primeiros dias (semanas) de aula. O professor comunica aos
alunos suas expectativas em relação ao comportamento e às atividades de
ensino que serão desenvolvidas, estabelecem-se as normas e elabora-se
o contrato pedagógico.
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Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
Nesta unidade você aprendeu que:
• Dentro da atual conjuntura, a educação tem se deparado, constantemente, com
necessidades antes desconhecidas e a escola já não consegue responder a
muitas das exigências deste momento histórico.
• Quando se fala de conflitos interpessoais na escola, não dá para colocar todos os
incidentes num mesmo pacote denominando-os apenas por “violência na escola”
ou “problemas de indisciplina”.
• Violência seria a tendência à destruição do outro, ao desrespeito e à negação do
outro, podendo assim ocorrer no plano físico, psicológico ou ético.
• Não só os alunos ou grupos praticam atos violentos, mas também a escola, em
suas vivências, apresenta certos componentes e condicionantes de violência.
• É imprescindível que os termos violência e indisciplina não sejam tomados como
sinônimos e nem passem a representar a mesma coisa.
• Nos casos de bullying considera-se que as ações são repetitivas quando os
ataques são desferidos contra a mesma vítima num período de tempo, podendo
variar de duas ou mais vezes no ano letivo. Um fator que precisa ser considerado
é o medo, que se torna constante, de que um novo ataque volte a acontecer.
• A principal diferença entre o bullying e outros tipos de violência é a propriedade
que ele tem de causar traumas irreparáveis ao psiquismo das vítimas.
• A indisciplina aparece sob todas as formas de conflito que incorporam uma
capacidade de resistência ao trabalho com o conhecimento e uma dificuldade em
respeitar as normas e regras da escola.
• Ser disciplinado significa ter um comportamento subordinado a regras.
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UNIDADE I
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disciplina 2
UNIDADE II
Contratos pedagógicos
e assembleias de classe:
alternativas democráticas
para prevenir e administrar
conflitos na escola
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Perceber a importância de se melhorarem as relações interpessoais
no ambiente escolar para a efetivação com êxito do processo de ensino-
aprendizagem.
ROTEIRO DE ESTUDOS
SEÇÃO 1 – A importância das relações interpessoais no ambiente escolar
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disciplina 2
Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
SEÇÃO 1
A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
NO AMBIENTE ESCOLAR
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UNIDADE II
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a) Relação professor-professor
A coesão interna do conjunto de professores, a sua vinculação pessoal
e o respeito profissional são pontos primordiais na tarefa educativa. Atuam
negativamente nessa direção alguns dos seguintes aspectos: grupos rivais;
dificuldades em trabalhar em equipe; falta de respeito ao valor pessoal de
outros professores; falta de apoio de outros colegas; falta de envolvimento
com a equipe de gestão e com o projeto pedagógico da escola; professores
que se sentem prejudicados pela equipe de gestão ou por outros colegas
com poder, dentro da escola; e a crítica destrutiva ao invés de assertiva.
As relações entre os professores também são prejudicadas pelo
que Fernández (2005) denomina de hábito do professor “ilha”. Esse
tipo de educador trabalha sistematicamente dentro de sua própria
aula, salvaguardando a sua independência em tudo o que se refere ao
desenvolvimento curricular.
Na opinião da autora, melhorar as relações interpessoais e profissionais
entre os educadores resultará em um clima de compromisso e de confiança
que favorece as decisões coletivas, o compartilhar sentimentos e dúvidas e
as atuações coerentes junto aos alunos.
b) Relação aluno-aluno
Fernández (2005) alerta para o fato de que para crianças e adolescentes,
principalmente aqueles em situação de risco, um dos núcleos fundamentais
ao redor do qual gira a sua percepção da realidade e enfoca a sua conduta
é a relação interpessoal entre seus iguais. Para eles o grupo de amigos se
converte em campo de experiências sociais por metáforas e pelos olhos
através dos quais contempla o mundo.
O contato entre os alunos tem um papel fundamental no
desenvolvimento e socialização das crianças e jovens no contexto atual,
uma vez que eles permanecem na escola grande parte do dia e só por
esse fato já estão aprendendo. O que se ensina de forma implícita é tão
importante quanto o que se tenta transmitir de forma explícita.
Os fatores que mais afetam, negativamente, a relação aluno-aluno são:
os grupos dominantes, a falta de respeito e solidariedade entre os alunos, a
indisciplina e a violência entre alunos (principalmente o bullying).
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disciplina 2
Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
c) Relação professor-aluno
Como já se tem conhecimento, quem exerce o papel fundamental
nessa relação é o professor, ele é o líder, o principal responsável, o mediador
das ações. Portanto, precisa ter consciência de que exerce grande influência
sobre os seus alunos, que suas atitudes podem modificar consideravelmente
os problemas em classe e ainda que seu principal objetivo precisa ser
que os alunos permaneçam na escola e se apropriem do conhecimento
historicamente acumulado, fazendo com que essa cumpra a sua função
social.
Os principais problemas que afetam essa relação são:
• Por parte do aluno: falta de motivação ou desinteresse pela
aprendizagem; fracasso escolar associado à baixa autoestima e
falta de motivação; falta de comunicação; alunos que interrompem
continuamente a aula e impedem o aprendizado dos demais.
• Por parte do professor: conteúdos e metodologias pouco atraentes,
pouca sensibilidade no tipo de relacionamento que mantém com
os alunos, dificuldade no controle de grupos, de comunicação e
de autoridade.
Uma boa relação entre professor e aluno depende do clima criado
pelo professor. É preciso haver um espaço onde todos possam ser ouvidos,
pois a comunicação clara das partes possibilitará o melhor direcionamento
do trabalho coletivo. Sabe-se que qualquer pessoa colabora muito na
execução de um plano ou trabalho quando participa de sua construção e
planejamento. Com os alunos isso é fato.
O MODELO DO PROFESSOR
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UNIDADE II
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SEÇÃO 2
A RELAÇÃO PEDAGÓGICA
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Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
educacional. Assim, a linguagem é estruturante da relação pedagógica e
tem poderosa influência na aprendizagem dos estudantes.
A autoridade do professor, portanto, tem muita relação com o
reconhecimento pelos alunos do papel predominantemente ativo do
professor no diálogo em sala de aula. A mobilização e o uso da linguagem
definem o estilo da relação pedagógica e “têm consequências importantes
para as maneiras como se darão as interações pessoais dentro da sala
de aula e os padrões de relação com o saber que os diversos alunos
estabelecerão na escola” (CORDEIRO, 2007, p. 101).
O saber é que conduz a relação pedagógica e professores e alunos
são atores dessa relação. Os vínculos que se estabelecerão entre eles
podem se instaurar em modalidades distintas, caracterizando a dimensão
pessoal da relação pedagógica, cujo vínculo mais recorrente é o de
dependência entre professor e alunos, devido à assimetria da relação que
se estabelece.
Pensando a relação pedagógica do ponto de vista das interações
pessoais, é preciso admitir que há necessariamente um conjunto de
tensões entre professores e alunos no processo pedagógico. O professor
visa à concretização do ensino como aprendizagem e percebe isso como
parte de seu trabalho, “muitas vezes sob o abrigo de representações
imaginárias como missão, função pública, dever, etc.”. Do ponto de vista
do aluno a relação pedagógica é percebida como uma arbitrariedade ou
como uma imposição de vontade na medida em que a escolarização é
obrigatória (CORDEIRO, 2008, p. 108-109). Segundo o autor:
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UNIDADE II
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disciplina 2
Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
SEÇÃO 3
CONTRATOS PEDAGÓGICOS
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UNIDADE II
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disciplina 2
Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
as normas não precisam ser anunciadas e só precisam ser ensinadas no
início do ano letivo.
Segundo Aquino (2003), um grupo passa por diferentes etapas
progressivas no que se refere à validação e à tomada de consciência das
regras: da imposição (não consciência do valor da regra) ao consentimento
(o aluno faz a sua parte se o professor fizer a dele – controle externo) e,
por fim, à autodisciplina (os alunos sabem o que deve ser feito e fazem-no
por vontade própria, encarando tais regras como parte de seu repertório
pessoal e dispensando o professor da função de supervisão coletiva).
Normas gerais
Baseiam-se tanto nos princípios de convivência como nos direitos e
deveres dos alunos. Devem referir-se a aspectos bem amplos e nunca se
restringir a uma lista inesgotável de normas e sanções. São explicitadas
no Regimento Escolar.
Essas normas devem ajustar-se tanto à legislação como aos aspectos
mais amplos da organização escolar. Por essa razão, sugere-se que um
grupo pequeno de trabalho aborde a tarefa e consiga o consenso dos
resultados finais com os demais professores, alunos e pais.
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UNIDADE II
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Exemplo:
Biblioteca
Recreio
Porta do colégio
Refeitório
Aulas específicas
Laboratório
Ginásio
Normas de classe
Essas normas deverão reger e condicionar as formas de atuar
dentro das salas de aula, tanto para os alunos como para os professores.
É essencial que sejam elaboradas por uma negociação entre ambas as
partes.
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disciplina 2
Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
que costumam ter, o que impede ou prejudica a dinâmica da sala de aula
e atrapalha seu aprendizado, registrando todas as respostas que surgirem
ou dando-lhes o prazo de uma semana para responder.
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UNIDADE II
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Exemplo:
Consequências:
• Conversa em particular com o professor.
• Apresentação do caso em assembleia. Propostas de mudança,
grupos de trabalho, tarefas de apoio.
• Notificação aos pais.
• Aplicação do Regimento Escolar.
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Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
determinado objeto do colega ou não faz as atividades. Na opinião de
Vinha; Tognetta (2006), não dá para colocar no mesmo patamar regras
como “agredir o colega” e “desrespeitar” e outras como “não copiar a
tarefa” e “chegar atrasado”.
SEÇÃO 4
ASSEMBLEIAS DE CLASSE
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Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
1º Momento: Preparação das Assembleias
Nesta etapa é necessário fazer uma listagem de todos os assuntos
que serão abordados na reunião, apontando os temas que deverão ser
debatidos, montando, desta forma, a pauta do dia. As mesmas pessoas
que organizaram a sessão também devem iniciar e presidir a discussão,
tomando nota dos nomes dos querem intervir, dar a palavra e redigir os
acordos em papel que depois serão apresentados em sala de aula. “O
professor tem um papel duplo: intervém pedindo a palavra como mais um
do grupo, dando a conhecer suas opiniões, adotando uma atitude de ajuda
no que diz respeito à maneira de conduzir os trabalhos e à observância do
conteúdo e da orientação do debate” (Aquino, 2003, p. 86).
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Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
4.2 A Assembleia na Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino
Fundamental
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UNIDADE II
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que, a partir deles, seja possível planejar toda uma sequência de ensino-
aprendizagem ou um projeto de trabalho ou uma pesquisa.
Esse também é o momento e o lugar apropriados para apresentar as
tarefas e as atividades que devem ser realizadas durante o dia; tal rotina
favorece a autorregulação individual e ajuda a dar sentido à “jornada”.
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Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
compreensão do ambiente pessoal e social; aquisição de habilidades para
o diálogo.
Os temas abordados devem ser o conjunto de questões que uma
sala de aula propõe. Para isso é importante que tanto os alunos como
os professores anotem todas as questões que interessam a eles e pelas
quais se apaixonam, ou se angustiam e preocupam. O professor pode
sugerir temas que ninguém se atreveu a propor, ou não percebeu sua
importância.
Segundo Escardíbul; Novella (2002), os temas abordados
normalmente são: temas de trabalho escolar (Por que nos passam tantas
lições de casa? O problema das aulas de matemática; como ajudar os
alunos que têm dificuldades?); temas de organização de atividades (as
atividades do dia do livro; o campeonato de xadrez; a organização da
feira de ciências); temas de convivência (as brigas durante o futebol; as
normas da biblioteca; os insultos entre colegas); e temas informativos
(informe dos líderes de sala de aula; o horário de uso da quadra de
esportes; atividades extraclasses).
Os mecanismos para o bom funcionamento das assembleias
dependem, embora não exclusivamente, de sua organização, dos hábitos e
modos de fazer que se criam para realizá-las. São decisões que o professor
toma para obter o bom funcionamento das mesmas. Como, por exemplo,
tornar o comando desses encontros rotativo para que todos os alunos
passem pela experiência; socializar a cada participante as informações
que se geram antes, durante e depois da assembleia e ter presente tudo
o que foi acertado.
Vinha; Tognetta (2006) ressaltam que as assembleias são
consideradas legislativas e não judiciárias. O papel de “juiz”, quando há
uma infração, caberá ao professor ou especialista, refletindo sobre qual
intervenção é a mais adequada, porém nunca durante as assembleias.
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UNIDADE II
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Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
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UNIDADE II
UNIDADE III
Proposta de elaboração
coletiva de um projeto
de intervenção
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Reconhecer a etapas a serem percorridas para elaborar um projeto
coletivo de intervenção e prevenção da violência e indisciplina na escola.
ROTEIRO DE ESTUDOS
SEÇÃO 1 – Roteiro para uma proposta coletiva de intervenção: não
fazer é não prevenir!
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disciplina 2
Especialização em Gestão Educacional: Organização Escolar e Trabalho Pedagógico
SEÇÃO 1
ROTEIRO PARA UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO:
NÃO É FÁCIL PREVENIR!
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Qual é o perfil de
noss
nossoo alunos?
nossos os?
Qual é o perfil de
nossos professores, Qual é a função social
funcionários, e equipe da escola?
de gestão ?
Como é a ação
Em que somos
disciplinar em
melhores?
nossa escola?
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Especialização em Gestão Educacional: Organização Escolar e Trabalho Pedagógico
A equipe de gestão será a grande articuladora do processo e deve
esforçar-se por criar canais adequados de comunicação e interação,
incentivar o trabalho coletivo e garantir o alcance dos objetivos
propostos.
É importante que se crie um sentimento de responsabilidade em
comum para favorecer o clima escolar positivo e sejam registradas todas
as atividades desenvolvidas ao longo do processo por meio de fotos,
depoimentos, relatórios.
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UNIDADE III
Universidade Aberta do Brasil
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Especialização em Gestão Educacional: Organização Escolar e Trabalho Pedagógico
classificadas como de curto, médio e longo prazo.
Ainda é preciso definir quando e como serão feitas as atividades e
como serão divulgados seus resultados. Faz-se necessário também: deixar
claro de onde serão alocados os recursos financeiros e materiais, caso haja
necessidade; elaborar o cronograma prevendo o tempo de cada ação; e
como será feita a avaliação do projeto, bem como quais instrumentos de
avaliação serão utilizados.
O projeto pode ser redigido na forma de um projeto de trabalho, e as
sugestões acima apenas destacam os itens essenciais que um projeto deve
conter, mas nada impede que se utilize outro roteiro.
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UNIDADE III
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disciplina 2
Especialização em Gestão Educacional: Organização Escolar e Trabalho Pedagógico
“Aproximação curricular”
Significa incluir de forma intencional dentro do projeto curricular
e programação de áreas os temas relacionados com o desenvolvimento
sociopessoal, com conteúdos específicos e com atividades determinadas,
ou seja, explicitar o “currículo escolar oculto” como objetivo educativo,
assumido pelos professores das diversas disciplinas. A aproximação
curricular deve visar o trabalho da Educação em valores, desenvolvimento
de habilidades sociais (formação do aluno para lidar diante de novas
situações sociais, como, por exemplo, autocontrole e autorreflexão,
empatia, assertividade, negociação, mediação e solução de conflitos) e
implementação de metodologias cooperativas (aprender a trabalhar em
equipe).
Segundo Fernández (2005), na educação para o desenvolvimento
sociopessoal confluem dois aspectos importantes: as relações interpessoais
dentro e fora da escola, a compreensão de como os indivíduos se
relacionam com as instituições, as estruturas e os processos da sociedade,
como o currículo escolar se relaciona com a vida em sociedade. Para tal a
autora propõe cinco áreas de trabalho: educação para a saúde (que pode
abordar o uso de drogas, a sexualidade), educação para o consumo (que
pode abordar o consumo consciente e a preservação do meio ambiente),
educação social (que pode abordar a violência urbana e na escola, o
protagonismo juvenil), educação para a vida em sociedade (que pode
abordar a questão da cidadania e proteção dos direitos) e educação para
as relações interpessoais (que pode incluir temas como amizade, respeito
para consigo mesmo e para com os demais, autocontrole, emoções e
sentimentos, respeito às decisões do grupo, respeito às opiniões de cada
indivíduo).
A ideia é que tudo o que está sendo proposto aqui não se realize
à margem das áreas do currículo, mas integrado e incorporado a elas,
reconhecendo que estão incluídos elementos que possivelmente não são
estritamente curriculares, mas a serviço do currículo.
Referindo-se, especificamente, à prevenção do bullying na escola,
Fante (2005) defende que “as escolas deveriam educar a emoção dos
seus alunos, estimulá-los a pensarem antes de reagir; a lidarem com seus
medos e angústias, rejeições, fracassos e frustrações; a canalizarem sua
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UNIDADE III
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O resultado das avaliações deve ser partilhado com a comunidade
escolar, através de gráficos, relatórios, exposições, palestras, seminários,
produção de artigos, entre outros. Ao socializar suas ideias com os demais,
o professor e a equipe gestora do projeto estarão realimentando-o, pois
com certeza muitas outras sugestões irão surgir de forma a enriquecê-lo.
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ANEXOS
ANEXO I
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7 Depredação de banheiros
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AGENTES EXTERNOS
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1 Idade, sexo
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COM OS DIRETORES E PEDAGOGOS:
ANEXO II
Sobre as vítimas:
1 – É possível contar quantos bons amigos você tem na escola?
( ) Apenas um bom amigo.
( ) Dois ou três bons amigos.
( ) Quatro ou cinco bons amigos.
( ) Mais de seis bons amigos.
( ) Não tenho nenhum amigo na escola.
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Especialização em Gestão Educacional: organização escolar e trabalho pedagógico
( ) Magoado.
( ) Indefeso, ninguém me ajuda.
( ) Não sinto nada.
( ) Nunca fui maltratado na escola.
Sobre os agressores:
1 – Você já maltratou seus colegas de escola?
( ) Sim, desde o ano passado maltrato alguns colegas da escola.
( ) Sim, comecei a maltratar alguns colegas este ano.
( ) Sim, já maltratei alguns colegas de escola, porém não maltrato
mais.
( ) Sim, maltrato alguns colegas de escola porque já fui
maltratado.
( ) Não, nunca maltratei nenhum colega de escola.
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Sobre os espectadores:
1 – Você já presenciou colega(s) praticando bullying?
( ) Sim, apenas uma vez.
( ) Sim, várias vezes.
( ) Não, nunca presenciei colega(s) praticando bullying.
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( ) Pedi aos agressores que parassem.
( ) Não fiz nada, eu que comecei.
( ) Contei para um adulto da escola.
( ) Contei para os colegas.
( ) Fingi não ter visto nada.
( ) Não presenciei o bullying.
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REFERÊNCIAS
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NOTAS SOBRE A AUTORA
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