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MEDIAÇÕES DE CONFLITOS NA CYBERCULTURA: PROPOSTA DE

INTERVENÇÃO CONTRA O CYBERBULLYING

Jefferson William Silva de Carvalho1


Leandro Lopes Trindade2
Universidade Federal de Itajubá/Universidade Aberta do Brasil

Linha Temática: Mediação de Conflito na Cybercultura

RESUMO (TEXTO EM TNR, LETRA 10, ESPAÇAMENTO SIMPLES, JUSTIFICADO – MÁXIMO DE


200 PALAVRAS)
Este texto contém instruções para a preparação do Artigo para a defesa do título de Especialista em Tecnologia,
Formação de Professores e Sociedade. A formatação usada no texto segue rigorosamente as normas de preparação
de trabalhos, os autores podem dirimir eventuais dúvidas observando o formato do texto. A estrutura do texto
segue a recomendada para os trabalhos: Objeto, visão geral sobre a pesquisa com definição clara do objeto de
estudo; Justificativa, explicitar a importância científica da proposta; Objetivos, definição clara dos objetivos do
trabalho; Metodologia, dar uma ideia compacta da metodologia ou forma de abordagem da pesquisa e suas fontes;
Resultados e conclusões, indicar os principais resultados e conclusões obtidos, de acordo com os objetivos
propostos. Não serão aceitos artigos fora do padrão normativo aqui estabelecido.

Palavras-chave (ENTRE 3 E 5 PALAVRAS): Resumo; Artigo; Texto.

ABSTRACT (TEXTO EM TNR 10, SINGLE SPACE, JUSTIFIED)


Full papers should be sent in standard text Word, containing between 08 and 10 numbered pages in Times New
Roman font with title upper case and bold (TNR 14), followed by a summary of 10 lines in Portuguese and in
English, with 3 keywords in TNR 10, single space, followed by the text of the article in TNR 12, single spacing -
quotes in TNR 11, single spacing and 4cm - author-date system for references.

Key-words: Abstract; Article; Text.

INTRODUÇÃO

A temática de mediação de conflitos na “cybercultura” é extremamente atual e faz


parte do cotidiano escolar de toda uma sociedade, principalmente quando pensamos no
espaço da escola, onde os educandos vivenciam neste espaço citado um breve ensaio para a
sociedade.

1
Graduado em LETRAS (2008) pela Universidade Guarulhos. Pedagogo pela UNINOVE (2016) e Especialização
em Mídias Integradas na Educação - UFPR (2018). Atualmente é professor de Língua Portuguesa e Língua Inglesa
na rede pública municipal e estadual de São Paulo. Contato: jeffersonwscarvalho@gmail.com
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E-mail e principais publicações.
1
Vivenciamos uma sociedade que é repleta de conflitos que são gerados,
principalmente, pelas questões de desigualdade, sejam elas de cunho econômico, cultural,
orientação sexual e religioso. A entrada da criança e do adolescente na escola, um espaço de
coexistência, é encarado pelo sujeito aprendiz como um desafio pois ele expressa no espaço
institucional de convivência sobre seus comportamentos, sua cultura e a maneira como
foram criados por sua família. Essa troca de expressões gera conflitos que precisam ser
mediados, não apenas no espaço da escola, mas também na família e sociedade.

Recentemente tem se percebido que o educando é um ser integral, que não apenas
apresenta características cognitivas, que devem ser estimuladas para que aconteça o
processo de aprendizagem. Os educandos são sujeitos integrais a partir do momento que
devemos percebê-los além da sua capacidade cognitiva, contemplando as questões sociais e
emocionais que influenciam diretamente na maneira como estes estudantes interagem com
o meio.

Ao compreender o sujeito aprendiz em sua totalidade podemos construir um


currículo onde o educando seja o centro do processo de ensino e em como ele interage com
as diversas áreas do conhecimento, dos colegas de classe, na relação com o professor, a
comunidade escolar e a família. Todos estes fatores devem ser relacionados e levado em
consideração da percepção do estudante, enquanto ser ativo no espaço escolar.

Nos últimos anos a palavra “bullying”, de origem inglesa, dominou as discussões


sobre educação e mediação de conflitos. Em todos os contextos de educação, seja em
qualquer contexto escolar, de instituições públicas a privadas existem conflitos que levam
alguns indivíduos à prática do bullying com outros colegas de classe e comunidade escolar.
O bullying retrata a dificuldade que a sociedade apresenta em conviver com a diversidade
humana, onde o ser diferente afeta de alguma maneira determinados sujeitos ou grupos.

Com o advento da cultura digital e a possibilidade de interagir digitalmente através


do anonimato, as questões mal resolvidas de coexistência em sociedade e principalmente no
âmbito escolar foram maximizadas. Neste espaço atemporal e sem fronteiras, a partir das
redes sociais, muitas crianças e adolescentes expressam seus sentimentos, emoções, desejos
e frustrações como forma de interagir com a sociedade, dentro do contexto digital.

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A problemática da falta de compreensão do respeito, da diversidade humana, dos
direitos e deveres dentro de uma sociedade são como linhas tênues que se desmancham e se
fazem invisíveis. Sujeitos utilizam esse espaço social digital para difamar, provocar, se
vingar e expressar diversas emoções humanas negativas. Isso é bastante preocupante ao
ponto que atinge um outro indivíduo, causando problemas de convivência e saúde mental.
Dentro desse contexto digital denomina-se “cyberbullying” estas atitudes que visam agredir
outros indivíduos.

A escola não é o único lugar onde deve se priorizar a mediação de conflitos. O


primeiro espaço de mediação dos conflitos humanos é dentro do seio familiar, onde os pais
ou responsáveis tem o papel de contribuir para a formação de seus filhos e contribuir para a
coexistência de forma harmônica em nossa sociedade.

Partindo destas questões apresentadas, visa-se pensar uma proposta pedagógica de


intervenção contra o “cyberbullying” que visa minimizar as questões de preconceitos,
agressões, falta de empatia e respeito no espaço escolar. Trata-se de pensar numa educação
partindo da perspectiva dos Direitos Humanos, como forma de garantir dentro do Projeto
Político Pedagógico da unidade escolar e da implementação do currículo ações graduais
para que todos tenha consciência e responsabilidade sobre esta temática.

JUSTIFICATIVA

Na prática docente de qualquer educador os conflitos são apresentados diariamente


no espaço da sala de aula. Na formação inicial, oferecidas pelos cursos de licenciatura o
foco da grade curricular acaba sendo nos conteúdos específicos de cada disciplina ou área
de conhecimento.

Lidar com a diversidade humana, enxergar e respeitar o “outro” é uma questão


universal na qual todos nós, enquanto seres humanos, enfrentamos na história de nossas
vidas. Nem sempre gostamos de determinado comportamento ou de como o “outro” existe
no mesmo espaço que nós. Porém, com o desenrolar da vida vamos amadurecendo (ou não),
e vamos aprendendo a lidar com a questão da coexistência, a diversidade, as emoções dos
outros e as nossas.

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A própria universidade não forma educadores capazes de enxergar os estudantes
enquanto sujeitos integrais, que apresentam faces que vão além do cognitivo. Partimos de
uma sociedade e uma história da educação onde aprendemos apenas a estimular a habilidade
cognitiva e vamos esquecendo outras facetas, como as questões sociais, emocionais e
culturais.

O educador do século XXI, além de ser o mediador do conhecimento e propagador


da utilização das novas tecnologias digitais, deve compreender que seu estudante traz para o
espaço da sala de aula um corpo completo que reage a diversos estímulos. Estes estímulos
provêm da família, da escola e da sociedade. A maneira como cada indivíduo administra
todas estas faces é variável e enquanto educadores devemos proporcionar que estas
multifaces sejam desenvolvidas nos espaços de educação formal, a escola.

OBJETIVO GERAL E OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Resgatar bibliografia que apresente o conceito e origem da prática de mediação de


conflitos no espaço escolar, assim como perpassar pelas temáticas de “bullying”,
“cyberbulying”, cultura, cibercultura, aprendizagem socioemocional e apresentar uma
proposta de intervenção contra a prática de “cyberbullying” na escola.

Dentro dos objetivos específicos para a construção dessa pesquisa:

• Ampliar a busca por referências bibliográfica, leitura de artigos recentes e


fichamento;
• Analisar proposta pedagógicas oferecidas pelos materiais disponíveis nas
unidades escolares, a respeito da mediação de conflitos, assim como o
programa “Respeitar é Preciso”, desenvolvido pelo Instituto Vladmir Herzog
em parceria com a SME de São Paulo;
• Elaborar uma proposta de intervenção contra a prática de “cyberbullying” na
escola.

PERCURSO METODOLÓGICO

Para a realização desta pesquisa será necessário o levantamento bibliográfico


específico sobre Mediação de Conflitos e Cybercultura como forma de fundamentar o

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trabalho proposto. Apresentação de uma intervenção pedagógica contra o “cyberbullying”
no âmbito escolar.

REFERENCIAL TEÓRICO

As tecnologias digitais já são parte integrante das unidades escolares na


contemporaneidade. Mesmo que haja unidades que ainda não possuam estruturas
acadêmicas com base em tecnologias digitais, a maioria dos estudantes já possuem celulares
e fazem uso destes recursos de forma massiva dentro dos ambientes escolares.

A utilização de redes sociais e aplicativos de comunicação tornaram-se comuns


entre estudantes e um novo tipo de violência vem ocupando os ambientes digitais: o
cyberbullying. No cyberbullying o agressor faz uso de um meio eletrônico, utilizando-se
das tecnologias de informação e comunicação (TIC’s).

Trata-se, portanto de “um conjunto de comportamentos e atitudes agressivas que


ocorre por meio da TIC’s, podendo ser perpetrado por um grupo ou por um indivíduo contra
outros grupos ou indivíduos”. (WENDT; WEBER, 2014, p. 42). Por conseguinte, esse tipo
de violência que vem sendo atribuída aos jovens se tornou um grande problema social,
devido à falta de políticas públicas para incluir a juventude em espaços de formação
adequados e que contemplem suas necessidades atuais.

A sociedade precisa perceber o jovem enquanto sujeito. (PIMENTA, 2001-2007). É


perceptível que inúmeros destes jovens estão à margem desse acesso, principalmente
quando pensamos em recortes de grupos considerados minoritários. “A partir dessas
perspectivas (histórica, econômica, política, cultural e social), a violência ganhou corpo,
lugar, etnia, cor de pele, rosto perfil e origem”. Portanto, a preocupação com a juventude é
algo bastante recente em nossa sociedade e é algo que se está longe de ser equacionado.

De acordo com Fante e Pedra (2008), a grande maioria destes agressores por meios
digitais se motivam principalmente anonimato que a internet proporciona, utilizando nomes
falsos, apelidos e até mesmo passando-se por outra pessoa, na certeza da impunidade. Estas
agressões acabam ultrapassando os muros da escola, gerando a preocupação em
comunidades escolares no que diz respeito aos impactos destas rotinas de agressividade por
meios digitais perante a formação crítica de estudantes.
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Para Bourdieu (1997) “a escola se constitui num campo de forças e de disputas
sociais, culturais, econômicas, normativas e que compõem um conjunto de práticas, o que o
autor chama de habitus.” Portando, fora do controle as violências trazem medo, ódio,
estigmas e preconceitos que são vivenciados na sociedade para o espaço social da escola,
gerando diversos problemas, sendo o mais comum deles o que denominamos de Bullying.

Os envolvidos no processo de bullying são habitualmente classificados em quatro


grupos: agressores que são aqueles que vitimizam os mais fracos, vítimas que são
escolhidas e sofrem os maus tratos e a exclusão do grupo de pares, espectadores passivos
que compõem a maior parte e que, ao mesmo tempo, são de certa forma, vítimas e
testemunhas silenciosas dos fatos, e vítimas-agressoras, que são aqueles que foram
vitimizadas pelo bullying e passaram a ser agressores de outros, ou que oscilam entre estes
dois papéis sociais de forma dinâmica e constante (FANTE, 2008; SALMIVALLI &
VOETEN, 2004).

Partimos do pressuposto que o cyberbullying e um fenômeno complexo, e por


pertencer às estruturas de violência escolar requer uma reflexão ampla e precisa das diversas
características sociais, políticas e comportamentais que permeiam o contexto escolar. A
escola, enquanto um microssistema central na vida das pessoas, é um espaço privilegiado
para o fortalecimento de relações saudáveis, cooperativas e amistosas.

Nessa linha de raciocínio, modelos teóricos podem ser úteis para a compreensão de
fatores de risco e proteção de uma determinada comunidade ou cultura, bem como inferir
que dimensões atravessam esse contexto e mensurar a efetividade de determinadas
intervenções (ORPINAS, 2009).

Uma vítima de cyberbullying pode desenvolver diversos distúrbios


comportamentais e psicológicos devido às violências sofridas. Dentre os sintomas
psicológicos que impactam na vítima e no cotidiano escolar, Orpinas (2009) cita os
sintomas de ansiedade e depressão. Proposta de Intervenção Pedagógica Trabalhar para
diminuir a violência no contexto escolar exige medidas eventuais, como palestras,
capacitações, grupo de discussões, mas principalmente, a necessidade de reflexão constante
dos atores envolvidos no cotidiano para que haja ações precisas de acordo com as
ocorrências.
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Nesse sentido, pode-se pensar na construção de um momento mensal dedicado à
discussão das percepções e sensações em relação à escola, que revelam os aspectos
conectados diretamente às relações humanas que ocorrem nesse espaço. A mediação escolar
vislumbra minimizar as relações de disputa e rivalidade e busca também reestabelecer o
convívio, o consenso e uma justiça restaurativa dos conflitos que surgem no espaço
pedagógico.

A oficialização de um horário mensal pré-determinado ao tema garante a


possibilidade de abrangência de toda a comunidade escolar, incluindo pais e responsáveis,
para que todos possam participar na reflexão dos impactos sociais e acadêmicos da
utilização de tecnologias digitais, internet e cyberbullying na escola. Inclusive os educandos
podem se apropriar das linguagens digitais e do uso das redes sociais para a construção de
campanhas que possam ser veiculadas como forma de contribuir para a conscientização da
comunidade escolar.

Aproximar as famílias do tema é indispensável para o acompanhamento das


ocorrências além dos muros da escola. Promover a frequência de participação dos docentes
é possibilitar capacitação e aperfeiçoamento sobre o tema. Envolver estudantes nas
reflexões é possibilitar o aprendizado através do debate e da participação ativa da exposição
de ideais.

Estas estratégias visam de estimular um equilíbrio no ambiente escolar com vistas a


promoção e fomento de um clima social escolar saudável com um modelo de intervenção
constante, que está sempre em debate através dos encontros mensais com ações de
autoanálise através de um movimento contínuo de produção de uma cultura de paz e de
resolução não-agressiva dos conflitos.

A solução para este problema social terá impactos de forma gradual, contribuindo
para a amenização dos conflitos no espaço escolar. Sabemos que amenizar é o resultado
mais esperado, pois é evidente que nunca iremos sanar todos os conflitos que são gerados e
vivenciados por nossos educandos. As inúmeras violências sociais e políticas a queles estão
expostos diariamente por falta de políticas públicas, evidenciam uma realidade cruel, que
maltrata e que coloca o morador da periferia em contato com diversas violências. Ser
violento no espaço da escola acaba sendo, muitas vezes, um grito de socorro.
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REFERÊNCIAS

BOURDIEU, Pierre et al. Compreender. In: A miséria do mundo, 17. ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
1997, p. 693-732

FANTE, C.; PEDRA, J. A. Bullying escolar. Porto Alegre: Artmed, 2008.

ORPINAS, P. La prevención de la violencia escolar: de la teoria a la práctica (pp. 36-57). In C.


Berger, & C. Lisboa (Orgs.). Violencia escolar: estúdios y posibilidades de intervención em
Latinoamérica. Santiago, Editorial Universitária, 2009.

PIMENTA, Carlos Alberto Máximo; INCROCCI, Ligia Maria de Mendonça Chaves.


Mediação e Resolução de Conflitos Escolares: Criminalização ou Educação?. Comunicações,
v. 25, n. 2, p. 59- 78, 2018.

PIMENTA, Carlos Alberto Máximo. Juventude, violência e políticas públicas. Disponível


em http://www.espacoacademico.com.br. 2001-2007.

SALMIVALLI, C., & VOETEN, M. Connections between attitudes, group norms, and
behaviors associated with bullying in schools. International Journal of Behavioral
Development, 28, 246-258, 2004.

WENDT, G. W.; WEBER, J. L. A. Discutindo agressão e vitimização eletrônica. Mitos e fatos


sobre o bullying: orientações para pais e professores. Org. por Carolina Saraiva de Macedo
Lisboa, Guilherme Weldt e Juliana da Rosa Pureza. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2014.

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