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“tragédia silenciosa em nossas casas”

É preciso romper o silêncio: suicídio na infância e na adolescência!

Comportamento suicida é uma ação autolesiva, inclui gestos suicidas, tentativas de


suicídio e o suicídio consumado. É importante realçar que a ideação suicida
compreende pensamentos e planos de ação sobre suicídio e a tentativa de suicídio são
atos de automutilação que podem resultar na própria morte. Sendo o suicídio “um ato
de violência autoinfligido”

No entanto é importante salientar que o suicídio não deve ser avaliado como sendo o
desejo de morrer, ma sim de acabar com tudo aquilo que está a provocar um
sofrimento intenso que parece não ter solução.

Atualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é um


problema de saúde pública a nível mundial, sendo responsável por 1 morte a cada 40
segundos no mundo, dado que se trata de um fenómeno complexo e multifacetado
que resulta da interação de fatores de natureza filosófica, antropológica, psicológica,
biológica e social.

Segundo a Direção Geral de Saúde na nossa população a maior prevalência do


comportamento suicida encontra-se entre a idade adulta e a adolescência. Contudo
nos últimos anos tem sido visível um aumento significativo deste comportamento em
faixas etárias mais baixas, inclusive, com suicídios a partir dos 5 anos de idade.

Entre 2002 a 2012 houve um aumento de 40% na taxa de suicídio entre crianças e
adolescentes (10 e 14 anos) e de 33,5% na faixa etária de 15 a 19 anos, no entanto
com a situação pandémica foi visível novamente um aumento substancial nestes
valores. Estes dados são a nossa maior preocupação enquanto profissionais de saúde
mental e nos levam a questionar o que faz uma criança ou adolescente pensar ou
acabar com a própria vida?
O suicídio é a segunda causa de morte entre as crianças e os adolescentes, como
resultado da presença de perturbação mental, muitas vezes desconhecidas e/ou
desvalorizadas. Por norma as crianças com risco de suicídio poderão apresentar-se:
deprimidas ou ansiosas, apáticas e sem energia para atividades que anteriormente
seriam prazerosas, alteração súbita de comportamentos, conversas sobre assuntos
relacionados com a morte. Pelo que é extremamente importante começar-se a estar
alerta e dar a devida atenção e acompanhamento à saúde mental desde os primeiros
anos de vida.

Fatores de risco

A ideação suicida nem sempre termina em suicídio consumado, mas é um fator de


risco para o mesmo e são diversos os fatores que normalmente interagem antes de a
ideação se tornar comportamento suicida. Tais como:

 Morte de um ente querido

 Suicídio na escola ou entre pares

 Perda de um(a) namorado(a)

 Mudança de um ambiente familiar (como da escola ou da vizinhança)


ou de amigos

 Humilhação por familiares ou amigos

 Situações de bullying

 Insucesso na escola

Tais acontecimentos stressantes por si só não levam a que as crianças e adolescentes


tenham este tipo de comportamentos, contudo quando existem problemas
subjacentes, mesmo não sendo justificativo é mais provável que aconteça, como
perturbação de humor ou ansiedade, perturbação de controlo ou comportamento,
abuso de substâncias, esquizofrenia, traumatismo craniano, PSPT, entre outros.

Um outro lado preocupante para os Psicólogos é que o comportamento suicida nas


crianças acontece muitas vezes como sendo imitação de outros, como no caso de
celebridades e as informações expostas pelos midia e redes sociais. Da mesma forma
acontece quando episódios idênticos acontecem nas escolas e/ou com os seus pares.

Bem como a sua componente hereditária, em que o suicídio é mais provável em


famílias com predisposição para as perturbações de humor, especialmente caso haja
um histórico familiar de suicídio ou outros comportamentos violentos.

Diagnóstico

Pais, médicos, professores e amigos podem estar numa posição que lhes permita
identificar as crianças que podem tentar o suicídio, em particular aquelas que
tiveram uma recente mudança de comportamento. As crianças e adolescentes que
exprimem abertamente pensamentos de suicídio (como “quem me dera nunca ter
nascido” ou “gostaria de dormir e nunca mais acordar”) estão sob risco, tal como as
crianças com sinais mais sutis, como retraimento social, retrocesso escolar, perda de
prazer em atividades do dia-a-dia anteriormente prazerosas.

Nestes casos os profissionais de saúde têm duas funções principais:

 Avaliar a segurança e a necessidade de hospitalização da criança suicida

 Intervir nas perturbações subjacentes, como a depressão, ansiedades,


problemas familiares, abuso de substâncias, entre outros.

Apoio médico é essencial. O encaminhamento da criança ou adolescente com tendências


suicidas a profissionais qualificados como pediatras, psicólogos e psiquiatras pode salvar
uma vida!
Tratamento

Qualquer tipo de tentativa de suicídio deve valorizada e mobilizando todos os


recursos para a situação, porque um terço das crianças com comportamentos
suicidas acabam por consumar o ato. Por norma começa por alguns pequenos
ferimentos, como alguns arranhões superficiais no pulso, mas com o passar do
tempo estes atos tornam-se cada vez mais intensos e autolesivos.

O tratamento pode envolver hospitalização caso o risco seja elevado, farmacoterapia


e terapia individual e familiar.

A decisão de hospitalização depende do grau de risco, dado que é o modo mais


garantido de proteger a criança e é geralmente indicada quando existe algum
diagnóstico de perturbação mais severa, como a depressão. Em casos de a
hospitalização não ser necessária, as famílias das crianças deverão ser apoiadas de
forma a eliminarem todos os fatores de risco que a criança e adolescente possam ter
para manterem os comportamentos suicidas. No caso da criança e/ou adolescente
deverá ser encaminhado para psiquiatria e psicologia para devido tratamento,
farmacológico e psicoterapêutico.

O tratamento é mais eficaz e eficiente quando existe a envolvência de toda a


equipa médica (médico de família/ pediatra, psiquiatra e psicólogo).

Dicas para familiares

Sinais possíveis de ideação suicida em crianças e adolescentes :

• Humor deprimido

• Diminuição do rendimento escolar

• Aumento do isolamento social

• Perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas

• Mudança na aparência (negligência ou desleixo nos cuidados pessoais)

• Aumento do interesse em temas relacionados à morte


• Aumento da irritabilidade, crises impulsividade e agressividade

• Alterações no comportamento

• Uso de álcool ou drogas

• Mudança no padrão do sono e/ou apetite

• Uso de expressões verbais "auto-destrutivas" - "Queria morrer"

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