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Teoria das Relações Internacionais

Cientificidade
Existe uma autonomia científica nas RI?
2 grupos:
 Não existe autonomia; para estudar RI são utilizados quadros teóricos já existentes,
provenientes de outras disciplinas
 Existe autonomia e quadros teóricos específicos

O que autonomiza uma área?


 Existência de formas de pensamento específicas (teorias)
 Objeto de estudo que só é tratado por essa área

O que é uma teoria?


 Conjunto de preposições formuladas como hipóteses testáveis
 Explicação de regularidades observadas (tendências e padrões de comportamento)
 Descreve e explica as causas e efeitos de u conjunto de fenómenos
 Propõe instrumentos teóricos que permitam a compreensão de questões específicas

Para que serve uma teoria?


 Ajudam a pensar
 Explicam os acontecimentos passados, definem prioridades
 São lentes através das quais ´percebemos os fenómenos que observamos (as teorias
não encaixam nos fenómenos, nem vice-versa)
o Modelos de organização de pensamento
o Geram cosmovisões -> paradigmas
Posicionamento ontológico - mantém-se sempre
Natureza do ser (mundo social)
Realidade:, puramente real <----> puramente construída
Posicionamento epistemológico
Como se produz conhecimento válido
Positivismo <----> interpretativismo
(resulta da verificação)(relação com o objeto depende do cont. pessoal)
Metodologia
Que instrumentos e informação se utiliza em investigação científica)

RI
 cruza conhecimento de várias áreas, de forma a criar conhecimento novo
 Não tem forma própria de gerar conhecimento

Escolas teóricas - -propõem paradigmas diferentes


Não há produção de conhecimento sem inovação

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 romper com paradigmas antigos
 ciclo de Kuhn

Pressupostos ontológicos
 Natureza do ser - como encaramos o mundo social/internacional?
 Sociedade humana pode ser estruturada da mesma forma que a sociedade natural?
 Behaviorismo - observar e descrever os comportamentos sociais adaptando métodos
aplicados às ciências sociais
Pressupostos epistemológicos
PPT?
Pressupostos metodológicos
 Abordagens
o Quantitativa
o Qualitativa
o Mista
 Método
o Indutivo (empiria -> teria)
o Dedutivo (teoria -> empiria)
Robert Hawkes
2 tipos de teoria
 Resolver problemas (teorias mainstream)
 Questionar a génese dos problemas, desconstruir os pressupostos existentes (teorias
críticas)
Identidade científica das Ri
 Necessidade de afirmação como campo científico
 Estabelecimento de autoridade sobre objeto de estudo - ligação entre várias áreas
 Disputa sobre origem se fronteiras do campo cientifico

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Debates nas RI
RI como disciplina científica/Grandes debates

Historiografia
 matriz historicista -> padronização de comportamentos (realismo): paradigma das RI
(Estado, conflitos)
 Domínio do idealismo entre guerras
o Idealismo =/= liberalismo - procura da sociedade ideal (toma decisões em
função do que devia ser/queremos ter)
o Realismo - toma decisões em função daquilo que se tem
 Reafirmação do realismo pós-IIGM
 Debate ente neorrealismo e neoliberalismo (70/80)
 Teorias mainstream (1990) vs. teoria crítica e pós-modernismo
Não há uma teoria explicativa, mas várias

Início da disciplina:
 Surgimento enquanto subcampo da CP, em particular nos EUA.
 UK - não esteve ligado a CP, tendo um quadro científico e departamental autónomo
 Criação de cátedras independentes em diversas universidades

 Discussão do ponto de vista conceptual a política internacional


o Necessidade de entender o que aconteceu com IGM (porque as entidades se
comportaram como se comportaram?) -> para evitar repetição
o Idealismo - "resolver o mundo" para não voltar a acontecer
 Aparecimento enquanto área pela abertura do primeiro departamento de política
internacional, na universidade galesa de Aberystwyth, em 1919 (criação da autonomia
científica)
o Ponto de partida para debate
o Teve um ripple effect noutras universidades em regimes democráticos
Waltz, 1979 - argumenta que existe autonomia científica das RI
80s - boom de produção científica sobre RI
Waltz - aplica o racional das teorias de economia às RI
Alexander ??? - aplica o racional das teorias de sociologia às RI

Académicos não concordam com a natureza e objeto das teorias:


 Explicam as leis da política internacional ou padrões de comportamento recorrentes
(Waltz 1979)
 Tentam explicar ou prever comportamentos ou compreender o mundo "dentro da
cabeça" dos atores (Hollis and Smith 1990)
 Tradição de especulação relativa às relações entre Estados, com enfoque na luta pelo
poder, natureza da sociedade internacional ou possibilidade de existência de uma
comunidade global (Wight 1991)
 Analisam e clarificam a utilização de conceitos, como balança de poder (Butterfield
and Wight 1966)

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Debates - transversais ao conhecimento das RI
Realismo - não faz levantamento exaustivo de informação
Behaviourismo - para padronizar comportamentos, é preciso um levantamento exaustivo de um
grande N

1º debate (ontológico)
Realistas|Idealistas
Entre 1920 e 1940 (período entre guerras)
REALISTAS: analisar a ‘natureza humana’ e o ‘mundo’ como são; explicar padrões na política
mundial; enfoque no conflito inerente à luta pelo poder; contingência do pensamento
(circunstâncias)
IDEALISTAS: papel das instituições internacionais, melhoria do bem -estar e qualidade de
vida; mitigar a conflitualidade entre Estados (mudança pacífica); segurança coletiva;
harmonia de interesses
Realismo - tem por base a inevitabilidade do conflito (social económico, cultural, …)
Natureza humana é egoísta
Idealismo - visa o progresso e amenizar o conflito
Natureza humana é intrinsecamente progressista (não só o progresso de si mesmo,
mas incluindo tudo o que está à sua volta)

O conceito de bem-estar é diferente -> corrente idealista é heterogénea e não coesa


Associação entre idealismo e liberalismo
Idealismo - sociedade e organização ideal
Liberalismo - centrado no indivíduo/só pode ser feito através da capacitação individual
(liberais podem ou não ser idealistas e vice-versa)

 Fracasso do appeasement - porque IIGM


 Relação entre livre-arbítrio e a natureza humana (razão, instinto, comportamento)
 Mudança de paradigma? - (re) afirmação do realismo
 Leitura paradigmática da história - centralidade dos conflitos (IGM e IIGM)

2º debate (epistemológico)
Realistas|Behaviouristas
Tradicionalismo vs. Cientificidade
Séc. XX - circulação do pensamento pela literatura anglo-saxónica e francófona
Forma como se produz conhecimento -> condiciona a nossa leitura -> condiciona a
produção de conhecimento -> condiciona posição em relação aquilo que reconhecemos
como conhecimento válido
Após 1960
Forma de produzir conhecimento: tradicionalista / cientistas
TRADICIONALISTAS: enfoque na complexidade da política internacional; importância do
contexto e liderança; natureza única de cada conjuntura histórica
BEHAVIOURISTAS: identificação de categorizações de eventos; generalizações por indução
ou deduções empiricamente confirmadas
Realismo - tradicionalismo

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 Leitura da história
 Interpretação de contextos
 Ponto de vista da leitura psicológica
 Aspira a um estudo científico da política internacional, sem recorrer ao método
científico (não aplicam métodos das ciências exatas às ciências sociais

Behaviourismo - herda evolução da ciência EUA


 Dar cientificidade
 Positivismo no conhecimento social
o Utilizar informação já tratada por outras áreas
o Fazer recolha e tratamento através de métodos já utilizados noutras
áreas(influência CP EUA e modelos/teorias económicas)
 Padronizar a organização no ponto de vista social
 Introdução da utilização de bases de dados, séries cronológicas, modelos
matemáticos
Transformações: neoliberalismo, neoliberalismo, estruturalismo
RI não conseguem ser explicadas apenas com um ponto de vista

3º debate (interpragmático)
Estatismo|Pluralismo
Choque de paradigmas: como explicar a política mundial? Debate agente - estrutura
Após 1970
REALISMO: natureza humana – egoísmo; sobrevivência; conflito; poder; centralidade do
Estado (unitário); racionalidade na tomada de decisão
LIBERALISMO: natureza humana – progresso; bem -estar; cooperação; interdependência;
racionalidade na tomada de decisão
TEORIAS RADICAIS (Marxismo; Teoria Crítica): contexto como variável principal –
dominação/emancipação; conhecimento/poder; perceções na tomada de decisão
Estatismo - só conta com o Estado
Até ao fim dos anos 90 - só se podia pertencer a uma escola de pensamento
Anos 70 (3º debate)- expansão institucional internacional com competências para além dos
Estados-membros que as compõem
 Só utilizando o conceito de Estado, não se percebe o mundo
Realismo - concorda, mas Estado continua a ser o mais importante/central
Pluralismo - tratar por áreas temáticas (produção de conhecimento deixa de estar
centrada nos Estados)
Importância das relações económicas: novos agentes/atores internacionais
Interdependência Complexa - múltiplos canais de ligação entre sociedades, atribuí menor
importância às relações de poder, não existe hierarquia imutável de questões políticas

4º debate (pós-positivismo)
Racionalistas|Reflexivistas
Após 1980
Tomada de decisão:
Racionalismo - avaliação custo-benefício (neorrealismo neoliberalismo); informação objetiva

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Reflexionismo - interpretação contextual, perceções; patamar essencialmente subjetivo
(construtivismo, teoria crítica, pós-modernismo)

Explicação (método científico) – Compreensão (interpretativo)


Positivismo (empirismo) - Pós-Positivismo (racionalismo e reflexivismo)

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Vestefália
Ordem de Vestfália:
Ordem:
 Estabilidade
 Regras
 Organização (hierarquia, categorização)
 Autoridade
 Reconhecimento (premissa-base)

Ordem de Vestefália - traz a RI uma categorização


 transição da era medieval para a era moderna
 RI no sistema atual
 Forma de organizar o pensamento das RI
 Há quem argumente que a ordem de Vestefália é a o objeto de estudo das RI
 Certos conceitos passam a fazer parte do SI (centro do SI - Estado)
o Soberania
o Não ingerência
o Direito internacional
o Territorialidade
o Diplomacia
 Só se aplica numa determinada geografia (contexto europeu)
Está na base da literatura e é, essencialmente, o paradigma atual.
Sistema:
 Relações (interação)
o Ação/reação
o Agentes - têm capacidade de realizar uma ação que provoque uma reação
o Atores - tem capacidade de ação, mas não gera reação
 Podem existir leituras diferentes dos acontecimentos, em que diferentes
intervenientes têm diferentes papéis
SI de Estados e a "ordem de Vestefália"
Realismo - Sistema de Vestefália
Liberalismo - paz de Vestefália
Teorias radicais - ordem de Vestefália (crítica)
Era pré-Vestefália
 Europa medieval (contexto geográfico e económico-social)
 Impérios (exercer autoridade no território mais vasto possível)
 Questão religiosa
 Diferentes níveis de autoridade (feudalismo) - múltiplas lealdades e jurisdições locais
 Entidades políticas concorrentes e hierárquicas - império e igreja católica (ambição
de autoridade universal)
Império global =/= nobres nas suas terras -> níveis intermédios de poder entre local e
universal

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n. intermédios + reforma religiosa -> intensificação do conflito para controlar território
(território como centro de disputas)
Conflitualidade militar -> território -> recursos -> poder

Séc. XVII - Guerra dos 30 anos (guerra religiosa católicos e protestantes no império sacro
romano-germânico)
Coexistência temporal com a Guerra dos 80 anos e com a peste
Devastou o Sacro Império, dizimando a população alemã e da Europa Central
 Desestruturação do tecido social e político europeu

Tratado de Vestefália
Forma revolucionária de cessar a conflitualidade
Inovador - modelo de solução diplomática, não só dos beligerantes -> participação de
delegações de todos os Estados (representação das autoridades de escala média) -
abordagem setorializada

2 acordos - Osnabruck e Munster (1648)

Compromissos (reconhecidos por todas as partes - todos tinham território para perder) -
não enunciados por nome
 Soberania - interna e externa
o Exercício de autoridade e controlo do território pelo qual cada um é
responsável
 Não-ingerência - outros não interferem com a organização interna de cada entidade
política (início do Estado Moderno)
o Liberdade religiosa (separação da entidade religiosa da entidade política)
 Mediação diplomática - reconhecimento da diplomacia como instrumento válido e
eficaz dentro das comunidades políticas [diplomacia permanente]

Conceção Vestefaliana na origem do SI moderno


Com base nestes compromissos/conceitos, foi construída a abordagem teórica das RI
 Anarquia - os estados são unidades iguais; não existe uma autoridade acima do
Estado
o Pressuposto comum a todas as escolas/teorias (cada escola oferece soluções
de organização perante o contexto anárquico)
o Estado - direito, sanções
o Autonomia e controlo do território (fronteiras de jurisdição, estrutura militar e
administrativa)
 Pluralidade na composição interna do Sistema de Estados (diversidade na forma de
organização política e social)
 Início do direito Internacional - Pacta Sunt servanda (respeito pelos compromissos
internacionais - regras reconhecidas por estados que se comprometem a cumpri-las)
 Unidades políticas categorizadas , nas RI, consequências das ações do Estado (não
ações internas)

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o Se Estado não garante segurança da sua população, é considerado uma
situação de guerra civil
o Se Estado dizima determinada parte da sua população, é considerado uma
situação de genocídio
 Estas situações legitimam a intervenção externa
Críticas
Lógica de desconstrução
Paradigma mitológico/narrativa teológica:
Sistema de Vestefália - interpretação do tratado que, na verdade, não gera este quadro (que
apenas surge no fim do séc. XIX)
 Andreas Osiander (2001) e historiografia revisionista – necessidade explicativa;
veiculação de narrativa política; arqueologia do mito encontra-se no Século XIX

Narrativa progressiva (vai-se construindo)


Necessidade de categorias -> vai sendo utilizado/criado gradualmente -> interpretação
intersubjetiva (construtivismo)
 Leo Gross (1948); Realismo (Estado como “realidade exógena”), Escola Inglesa
(“Sociedade Internacional”) e Construtivismo (“normas” e “construção social da
soberania

Narrativa eurocêntrica - compromissos não se exportam, não eram aplicáveis a outros


continentes
 Teorias Radicais (Excecionalismo Europeu; Status-quo; distorce entendimento das
Relações Internacionais)

Pós-Vestefália
Início séc XXI (crise económica)
 Estados sem resposta para desafio
 Instrumentos existentes não eram capazes, mesmo depois de reforçados
Controlo territorial já não é recurso mais importante
Diplomacia já não dá para entender o mundo
Sociedade civil substitui/contesta o Estado
 É reconhecido que os princípios já não são suficientes para perceber as RI
o Empresas
o Movimentos RI
o Relações sem diplomacia formal
o Ingerência nos assuntos internos

Generalizam-se os princípios, todos concordam

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Realismo
-> Não há um realismo, existem pressupostos realistas; escolas realistas
Princípios
Ontológicos:
 Conflito como natureza humana (olhar para o outro como subjugado ao nosso
exercício de poder - egoísmo, ganância, sobrevivência, medo); poder (maximização);
racionalismo (cálculo de interesses)
 Componentes materiais e imateriais (objetivismo e subjetivismo)
Epistemológicos:
 Tradicionalista (não positivista, interpretativismo)
Metodológicos:
 Método histórico (Historicismo) - Procurar explicar o que está a acontecer com base
nos padrões anteriores e argumentação com base a verificação histórica
Como é que a diferença altera o resultado?
Princípios Gerais:
 Contexto de anarquia (não existe um poder superior) - gerível através de
instrumentos de poder
 Estatocentrismo (Estado como elemento central)
 Egoísmo (intrínseco à natureza humana, define interesses, orienta o cálculo racional)
 Power Politics (poder e segurança - sobrevivência)

Salienta a saliência e a permanência dos conflitos


Não admite o fim do conflito (o contexto pode mitigar, mas existe sempre!)
[há racionalistas que negam a natureza humana, de forma a dar um fator de cientificidade]
Centrado no que é e no que existe, na "realidade"
(I) - surge como oposição

Historiografia
2 momentos de conceptualização das RI:
 Tucídides - olha para o que surgia como mais permanente (guerra) e organiza-o
segundo pressupostos
 Waltz

Tucídides (historiador)
 Guerra (quando maximizo o meu poder, gero medo nos outros)
o Retira racionalidade
o Reação conflitual
Permanência da guerra: realidade durante séculos: poder->medo->conflito
 Território
o Maior recurso
o Medida de poder
 Noção de prestígio (é importante para ser humano ser reconhecido pelos outros)
o Reflete-se na organização social e política (definida por quem lidera)

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Sun Tzu
(manual estratégico para ganhar regras)
"A excelência é derrotar inimigo sem lutar"
Guerra - má para todos (provoca custos)
 Deve-se evitar a guerra (não o conflito/tensão)
Lei moral - muito debatida nas escolas realistas)
Imoralidade =/= amoralidade (instituições não têm moral)
 São os princípios organizadores da sociedade
Meio-ambiente - fator de decisão (se vou para a guerra ou não?)
 Dia/noite
 Estação
 …
Liderança - líder forte, fraco, influenciável, …
Estes fatores devem ser avaliados do meu lado e do lado do inimigo
RH - forças capazes que dão resposta, alimentação, organização, …
Kautilya
Política - capacidade de um líder ter a sua unidade (sociedade) ás suas ordens - coação
 Punição exemplar
 Recolha de informação sobre toda a sociedade
Deve ter a capacidade de controlar a população
Se líder e decidir e a população não obedecer -> implica o conflito
Seres humanos são fracos (medo, sobrevivência) e corruptíveis
Maquiavel
Como líder garante exercício de poder e garante o poder? Como maximizar o poder?
Divisão ontológica: 2 tipos de líderes
 Líder que decide com o que tem
 Líder que decide o que quer ter - perde poder
Líder não deve ter condicionantes morais na gestão política (o que faz diz respeito a toda a
sociedade)
Virtude - em função do reconhecimento (se for visto como bom líder, maximiza as suas
capacidades)
Hobbes
Utilização de conceitos

Leviatã - líder baseia-se na sua população


Implicação nas RI:
 Vários Leviatãs em confronto uns com os outros
o Internamente - aparelho hierárquico/leis
o Externamente - sem hierarquia e sem leis (anarquia)
 Para sobreviver "lá fora", ser mais forte que outros (não interessam
fatores interiores)

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Período entre guerras/Pós-IGM
Conceito de Estado passa a ser usado (vem com o desenvolvimento do Estado moderno)
Fim séc. XIX - XX
 Centrados na ambição de criação de unidades políticas
Autodeterminação - Liga das Nações
Fim IGM - surge idealismo (procura mundo em paz; decisões com progresso em vista)
Como resposta:

Realismo Clássico
Prioridade - garantir o governo
Líder gere o conjunto das pessoas
 Anarquia - resulta da primazia do poder e segurança na vida política, Estatocentrismo
o Externo - anarquia
o Interno - hierarquia (assegura poder → procura hierarquia no exterior → anti-
utopismo)
 Anti-utopismo - oposição ao idealismo e liberalismo
 Natureza humana e a sua projeção no Estado resultam na necessidade dos Estados
prosseguirem a Power Politics e Interesses Nacionais (interesses que todos os
Estados têm):
o Garantir que a forma de organização se mantem
o Conseguir maior capacidade da influência no SI
 Egoísmo e Sobrevivência (natureza humana) - impõem-se à Política e Diplomacia
 Secundarização da dimensão económica (=/= outras escolas realistas) - o que resulta
dela serve interesses políticos (o que interessa é o seu resultado)
Agentes - Estados (grandes potências - influenciam mais processos de decisão)
E.H. Carr
(historiador, diplomata)
Regularidade histórica - paz nunca acontecei; noção de crise é permanente
 Centra-se na escassez - nunca há recursos suficientes
o Competição por recursos escassos
Appeasement - "vai correr mal"
 Quanto mais vulnerabilidade, menos é a noção …
 Só posso dar margem até ao meu poder ficar em casa
Transição do poder -> um grande poder deixa de ser grande, outra ganha essa posição
Revisionistas: há grandes poderes no mundo, que criam um contexto para manter e
maximizar poder. Querem mudar as regras para também serem grandes poderes
(alterar o funcionamento das coisas)
O que se mantem são as esferas de influência, que resultam numa maximização de poder
Appeasement (entre guerras) - não funciona (só serve se for de encontro ao interesse
nacional do grande poder)
Grandes poderes -capacidade de influenciar outros países
Quem "está bem" não quer deixar de estar e quem não está quer alterar esta circunstância

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Teoria dos jogos
Jogo de soma zero (ganhos relativos) - para alguém, é preciso alguém perder
 Cooperação existe (quando o grande poder quer cooperar)
Niebhur
(teólogo)
Mortal Man & Immoral Society
Realismo normativo:
 Questão do moral (bem vs. mal) . Quando o Estado toma uma decisão, como
podemos avaliar?
o Dimensão valorativa
 Moral individual vs. Moral dos Estados
o Não podemos avaliar Estados e seres humanos da mesma forma
o É mais fácil aplicar critérios humanos às instituições, mas não é válido porque o
Estado tem responsabilidades que o indivíduo não tem (reação do Estado =/=
reação de um indivíduo)
 Moralidade como guia orientador, não padrão absoluto, do comportamento estatal
o Estado, sempre que possível, deve cumprir moralidade. Se não possível, deve
ser amoral
Morgenthau
 Interpretação da realidade resulta da experiência
 Crítica aos princípios da racionalidade liberal
o Não é orientado pelo progresso, mas pelo poder
 Interesse nacional - determinante da tomada de decisão do Estado
 É sempre o mesmo (garantir sobrevivência, segurança -> maximizar
poder)
 Política - luta pelo poder e de o organizar em equilíbrio
 Natureza humana ( e as suas componentes biológicas, racionais e morais) reflete-se
no comportamento coletivo (Estado) - processos de decisão são feitos por humanos
 Moralidade e razão são subordinadas à política (Estado para além da moral)
 Em conjunto com Niebhur^, recupera a amoralidade maquiavélica como padrão de
comportamento dos Estados

RI=/=Política Externa
Submetem-se a uma análise diferente
Teoria das RI - observação das condições que promovem a guerra e a paz, com base num
exame intensivo da História, que examine padrões de continuidade e mudança
Contexto (sistema) - o que é que num momento gera conflito, crise, paz…? - apresenta
características comuns ao longo da História
Política Externa - exercício de adaptar e refletir um de três padrões de atividade
 Manter o equilíbrio de poder
 Manter o imperialismo
 Manter uma "política de prestígio", que impressione outros Estado com a
maximização do poder
Olhar para o Estado e ver como se comporta no mundo - Que tipo de Estado? Que tipo de
ação? O que quer? (vários tipos de política externa)

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Teorias/escolas - procuram uma lei geral que aplicam ao observado

6 princípios do realismo político:


"manual de instruções"
Padronização - quem teve sucesso? Quem não teve? - orientadores do processo de decisão
e sua análise
 A política, como a sociedade em geral, é regulada por leis objetivas baseadas na
natureza humana
 Interesse é definido em termos de poder
Manter, aumentar, garantir um mínimo para sobrevivência
 Interesse e poder são categorias objetivas e universalmente válidas
É possível medir poder e identificar interesses (comportamento dos Estados)
 Consciência do significado moral das ações políticas
Valoração moral dos decisores termina quando o interesse nacional está em casa
 Recusa na identificação das aspirações morais de uma nação em particular, com as
leis morais que regulam o "universo"
 Realismo político é diferente das outras escolas de pensamento (economia, lei,
religião)
Há um objeto próprio que não é trabalhado por outras áreas científicas

Equilíbrio de Poder
Instrumento organizador das várias configurações de Poder. É uma teoria de poder
(Natureza Humana + Realismo Político)
O que se mantem é um processo contínuo de equilíbrio de poder em que os poderes
procuram maximizar o seu poder.
Como é que me comporto para garantir que outros não têm poder?
Leva a cálculos de poder - diversos instrumentos:
 Dividir para reinar
 Evitar conjugação negativa (outros poderes juntarem-se contra)
 Conflito entre os outros deve ser maior do que o que têm comigo
 Mecanismo de compensações
 Privilegiar uns em detrimento de outros
 Armamento
 Alianças
 Mais materializadas que esferas de influência (existe compromisso)
 Fiel da balança
 Estados ou grupo de Estados que pretendem a manutenção de equilíbrio
 Grande potência serve como gestor da balança (tem de ser muito maior)
 Pode controlar a hierarquia (mais poder a uns, menos poder a outros)
Características: autonomia das autoridades, esta autonomia não é inevitável mas serve como
fator de estabilidade. A instabilidade resulta do contexto de aplicação

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Raymond Aron
(transição para Realismo Estrutural)

RI=/=PE (Política Externa)


TRI - sistema de questões, coerente e rigoroso, destinado a tornar inteligíveis as regras
constantes e as formas de mudança de um tipo, específico e original, de ação social: o
comportamento, na cena mundial, dos agentes das unidades em competição (diplomatas e
militar)
Perceber como uns interagem com os outros (abre a porta para teorias sistémicas)
Implicam Estados que não querem o mesmo e entram em conflito
PE - comportamento diplomático/estratégico, que se desenvolve num ambiente de
guerra/conflito. Prudência como a ética mais apropriada do Estado - agir de acordo com a
situação e dados concretos, não com o sistema ou uma norma

Todos os Estados são autónomos no processo de decisão (mesmo que influenciados)


Indivíduo sujeito a um nível de coação a que o Estado não está
Indivíduo=/=estado - tira a natureza humana da equação

Passagem para Teorias Sistémicas - TRI assentam nas entidades políticas autónomas que são
as unidades constitutivas do SI (não da reflexão acerca da natureza humana)
SI como conjunto de unidades políticas que mantêm relações regulares e suscetíveis de se
envolver em guerra geral (conflito/competição)

Sistemas como universos organizados em termos de competição entre unidades,


distinguindo-se pela bipolaridade (instável) ou multipolaridade (estável - unidades de peso
semelhante)
 Homogéneos - regimes e valores semelhantes
 Heterogéneos - princípios e valores diferentes e contraditórios
Condicionantes ao SI - distribuição de poder, ideias, ideologias e tipos de regime político

Política Externa =/= Política interna - prudência na condução da política externa, agindo de
acordo com dos concretos e não rigidez a normas ou sistema (dimensão interna).
Racionalidade e inteligência dos Estados. História não é determinista
Características internas aos Estados - ideologia, ambição, modelo de organização da
sociedade
Racionalidade - fatores objetivos e observáveis na decisão

Relevância das armas nucleares (deterrence não é ciência exata, aniquilação vs. Derrota)

Centra a análise do processo de decisão na racionalidade dos decisores

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Críticas a Morgenthau
 Interesse nacional é variado (existe sempre, mas muda) - potências não têm política
externa imutável, nem objetivos últimos permanentes que possam sustentar a lógica
do interesses nacional
 Poder não é a essência da política. Pode ser uma relação, pode ser um meio, objetivo
imediato, ou fim último dos Estados.
o É difícil medir poder
o Devemos delimitar o que entendemos como interesse nacional e poder -> de
forma estruturada

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Neorrealismo
=Realismo Estrutural; Realismo Sistémico
Evolução do Realismo Clássico
Inspiração nas teorias macroeconómicas
Estrutura condiciona o comportamento dos Estados

Organização - interação (sistémica) com condicionantes


 Distribuição do poder internacional
 Forma como unidades desenvolvem capacidades para moldar estrutura em função do
interesse
Implica que reconheça que não posso comportar-me sempre como quero
Como a interação pode definir uma estrutura internacional?

Raymond Aron - começa a transição


No (RC) - caracterizar conflito e ação dos Estados neles (poder - regime) -> análise de
dentro (Estado) para fora (Política Internacional)
Realismo Estrutural - Kenneth Waltz
 Autonomia do SI - Foco na estrutura e na sua influência no comportamento da
unidade (forma como a unidade se comporta é o produto do que se passa lá dentro)
 Análise de fora (SI) para dentro (unidade)
 Influência de teorias microeconómicas - constrangimentos estruturais que limitam as
escolhas
 Poder não é um fim em si mesmo, mas um meio/instrumento para definir o equilíbrio
no SI
o Usar capacidades para ser eu a organizar e definir o equilíbrio no SI (para deixar
de ter condicionantes ao meu comportamento)
 Sistema internacional é determinado pela natureza anárquica do sistema (=/=
natureza humana) e pela distribuição do poder pelos polos
o Princípio organizador do SI - anarquia
Distribuição do poder/Polaridade
 Unidades vão crescendo -> formam polos
 Outras unidades vão, consequentemente, "diminuir"
 Bipolaridade resulta em maior estabilidade, devido ao equilíbrio mútuo (=/= R. Aron).
 Na multipolaridade, há sempre uma unidade que vai querer crescer mais, portanto as
unidades organizam-se em alianças para garantir segurança.
 Exclui a unipolaridade, porque sistema passaria a ser hierárquico, contrariando a
anarquia - quando um Estado começa a chegar ao topo, outros tentam deitar a baixo
[nível de capacidades e de projeção necessário não é sustentável]
Níveis de análise
 Micro - unidade (capacidades)
 Mezzo/Intermédio - relações entre Estados mais próximos [região subsistema]
 Macro - SI
Até que ponto é que as relações na região influenciam as relações com SI?

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Estrutural a cada unidade - abstração de quaisquer atributos (ex.: ideologia, regime) -
Unidades/Estados iguais em funções que não sejam as suas capacidades próprias
Estrutura internacional decorre da interação entre Estados, limitando-os na concretização de
determinadas ações e levando-os a realizar outras (sistema - ação/reação)

Neorrealismo
O que define a estrutura?
Princípio orientador: Anarquia (ausência de autoridade supranacional)
 Diferenciação e especificação das unidades (funções)
 Distribuição de capacidades (poder)
Anarquia; Hierarquia (relação de autoridade ou subordinação)

Porque uns se desenvolvem de uma forma e uns de outras?


Internamente, entidade escolhe privilegiar algumas funções em detrimento de outras
(segundo avaliação custo-benefício)
 Necessidades da comunidade
Como unidade exerce funções?
Como exercício de funções se reflete na estrutura do SI?

Centro da análise realista - distribuição de poder (é a génese do conflito internacional)

Teoria do equilíbrio do poder


(Balance of Power)
 Estados são atores unitários, que procuram a sua preservação (objetivo mínimo) e o
domínio universal (objetivo máximo, embora apenas o domínio regional se tenha
provado possível)
(NR):
Mínimo - sobrevivência
Máximo - organizar todo o SI
---------
Waltz: organizar todo SI é impossível;
Máx - dominar a nível intermédio (mezzo)
 Estados procuram atingir os seus objetivos através de um equilíbrio interno
(dimensão económica e militar) e de um equilíbrio externo (alianças)
 Interação entre Estados ocorre de acordo com o princípio da autossuficiência e sem
uma autoridade supranacional (anarquia) - subordinação à distribuição de poder
o No equilíbrio interno, a autossuficiência (não dependência de outros para ser
como quer) é o princípio organizador
o Dependência/Cooperação gera vulnerabilidade -> aumentar capacidades
internas para reduzir vulnerabilidade
Alianças - conceitos centrais (Equilíbrio/Balancing e Subordinação/Bandwagoning)

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Dilema de Segurança
Relações entre Estados colocam em causa equilíbrio interno porque não se sabe as
intenções dos outros (muitos dos meios através dos quais os Estados procuram aumentar a
sua segurança, ameaçam a segurança dos outros) -> espiral de medo e de medidas
defensivas
 Prudência - realismo defensivo
 Ataque - realismo defensivo
Aumentar capacidades em função do que o outro faz
Realismo Defensivo Realismo Ofensivo
o Anarquia cria contextos o SI impele a uma estratégia ofensiva,
de agressão que geram uma vez que a anarquia gera
inseguranças nos insegurança e só um Estado forte
Estados, dando origem a pode garantir a sua segurança.
situações conflituais.
MAS, causar maior
insegurança nos outros
pode ser
contraproducente
(aumento das
capacidades dos outros,
recursos finitos)
o É privilegiado o o Estados procuram oportunidades de
equilíbrio em detrimento maximização do poder face aos seus
do ataque rivais, objetivo último é ser o
Hégemon do sistema
o Pressupostos do equilíbrio do poder
- Estados fracos temem Estados
fortes, Estado fortes temem Estados
emergentes, Estados vizinhos teme-
se entre si
o Para garantir a o O medo leva a que os Estados optem
segurança, os Estados por uma estratégia de ataque e
preferem a moderação à desenvolvam todos os esforços para
agressão, sendo que garantir capacidades militares.
esta última pode ser um Salienta a dimensão conflitual da
recurso necessário política internacional

AUTORES: Kenneth Waltz, Robert AUTORES: Robert Gilpin, John Mearsheimer, …


Jervis, …

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Realismo Clássico Neorrealismo

Diferenças entre Estados: Estados iguais em funções,


 Poder capacidades diferentes (militar,
 Dimensão interna (regime, economia, tecnologia, diplomacia).
ideologia) Poder como instrumento
Poder como fim

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Liberalismo
Contributos da teorização liberal: fundamentos, contributos dos autores clássicos

Fases do Liberalismo
 Liberalismo Clássico - até IGM
o Cria abordagem por oposição ao Realismo (confronto e debate)
o =/=Idealismo - (I) procura sociedade igual [encontrar formas de resolver
conflito] e (L) procura progresso e bem-estar dos indivíduos [assume
competição e procura mitigar para evitar conflito]
 Internacionalismo Liberal - pós-IIGM
 Institucionalismo Liberal - põs-1990
 Regimes Internacionais - pós-1990

Fundamentos
Ontologia
 Centrado na conceção do Indivíduo (direitos, igualdade, liberdade, bem-estar - ligado
à ideia de desenvolvimento económico)
o Indivíduo ao nascer detém um conjunto de direitos e o resto gere-se me
função da sua garantia
o Direitos orienta, organização dos Estados e do SI
 Cooperação (ganhos absolutos; win-win)
o No (R), existe a ideia de soma zero/ganhos relativos
 Racionalismo (todas as decisões são baseadas numa avaliação de custo-benefício)
 Componentes materiais e imateriais
Epistemologia
 Positivismo (mais empírico e científico)
Metodologia
 Métodos mistos: qualitativos e quantitativos

Realismo vs. Liberalismo


Anarquia/conflitualidade Anarquia/harmonia de interesses

Self-help Bem-estar

Poder Racionalidade

Estado Indivíduo (livre do poder arbitrário do Estado)

Luta de poder Garantia de direitos

Competição (entre Estados) Competição (no seio da sociedade civil)

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Anarquia
(R) - leva a conflito
(L) - é gerida pela harmonização de interesses (conflito vai contra o que indivíduos
ambicionam?)
Competição
Racionalidade diferente
(R) - entres Estados
 Recursos
 Poder
(L) - indivíduos

Estado Liberal - serviços mínimos

Liberalismo Clássico
Consensualização da perspetiva da abordagem liberal (existem Direitos universais)
Hugo Grotius
 Como ação humana é influenciada pela moral e ética
 Pai do Direito Natural (aplicação das regras à guerra e paz)
o Necessidade de organizar preferências e normalização de comportamento
(garante direitos de cada um)
 Guerra Justa (em defesa dos direitos)
 Direito Internacional(racionalidade, sociedade pacífica e ordenada)

Regras -> surgem quando existem conflitos de interesses


 Condicionar comportamento para que direitos sejam assegurados
 Previsíveis (conciliadas e aceites por todos)
 Servem para gerir preferências em relação ao exercício dos seus direitos ->
cooperação/negociação
Indivíduo nasce igual em direitos (universalidade) -> Guerra Justa (intervenção externa)
Elemento central - normas (transversal às várias escolas liberais) -> contrato social

John Locke
 Contrato Social (organização da comunidade política, delegação de direitos e
liberdades)
 Homens são, por natureza, livres e iguais
 Direitos atribuídos por Deus (vida, liberdade e propriedade)

Rousseau
 Homens nascem livres e bons, sociedade transforma-os
 Força vs. Direito (razão, moral)
 Contrato Social (incapacidade de subsistência individual, estado natural - Estado civil)

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Adam Smith
 Relação com economia - Liberalismo económico
 Interesses individuais promovem crescimento económico e inovação (vs. Estado)
 "Mão Invisível" do mercado (produção, consumo - equilíbrio)
o Quem manda é o mercado que se regula
o Estado só na gestão de preferências

Immanuel Kant
 Não formulou teoria da paz liberal (não defendia democracia direta: defendia um
híbrido com autocracia e monarquia
 Racionalidade (fundamento da autonomia humana)
o Primado do indivíduo que detém capacidade de decisão racional - avaliação
custo-benefício que dá primazia ao seu bem-estar
 Cosmopolitismo (comunidade universal governada por Estados de Direitos) - lei co
aplicabilidade universal, com base no princípio da igualdade
 Paz Perpétua - repúblicas com base no Estado de Direito (constituição civil) não
conflituam entre si (federação de Estados livres)
o Evolução - Democracias não conflituam entre si
o Indivíduos racionais - organização social com base nos direitos e liberdades
o Desde séc. XX não existe guerras entre democracias consolidadas
 Dá enfâse ao direito/lei (necessidade das regras para gerir liberdades individuais)
 Base do governo executivo - cumprimento das leis
o Primado do Estado de Direito

Pós-Guerra Fria + séc. XXI


 Promoção da democracia reduz conflitualidade e promove espírito do Estado de
Direito e universalidade das regras
o Internacionalismo liberal nasce daqui

Idealismo ≠ Liberalismo
Idealismo
Ideal≠ progresso
Progresso - garantia gradual do bem-estar e qualidade de vida
Ideal - o fim/objetivo deste caminho ⮥

Pré-IGM - desenvolvimento da corrente de pensamento


Norman Angell - interdependência
 Estados querem aumentar influência através da guerra- ilusão
 Relações económicas prejudicadas pelo conflito -> guerra não é benéfica
 Interação entre sociedade prejudicada
Mundo ideal - sustentado na cooperação, na paz e estabilidade
Como?
 Direito internacional e regulação das relações

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 Organizações internacionais que propiciem relações entre sociedades (?)
 Direitos Humanos
 Autodeterminação, governação coletiva, defesa coletiva
 Dimensão moral e ética no processo de decisão
(I) - cai com IIGM
(R) - conflitos não deixam de existir mesmo com as "condições ideias" do idealismo
Fim IIGM
 Necessidade de Separação dos fenómenos históricos dos modelos de pensamento
o Teorias não vivem em função dos fenómenos
------------------------------------------------------------------------------------------
Liberalismo Clássico
Princípios
 Comportamento humano - harmonia de interesses (princípio da liberdade sobrepõe-se a
todos os outros)
 Bem-estar tem um entendimento subjetivo (elemento de tensão nas escolas liberais)
1. Indivíduo - diferentes, logo, bem-estar coletivo só funciona através de harmonia
2. Coletivo
 Racionalidade - avaliação custo-benefício em negociação para harmonia de interesses e em
cooperação
o Avaliação custo-benefício - não numa lógica egoísta, mas de cooperação
 Agentes têm vários interesses - podem perder num, mas ganham noutro
Neste processo, não se pode por em causa os direitos individuais
 Vida (direito a existir)
 Propriedade material e imaterial
 Liberdade (pensamento, livre-arbítrio)
 Igualdade (mesmas oportunidades)
 Estado com papel regulador
o Conciliar interesses para definir leis
o Garantir direitos e liberdade
o Instituições que
Conflito existe devido à competição (economia de mercado)
 Para exercer liberdade e racionalidade é inevitável competir com outro
o Necessidade de regras
 Legado do pensamento do liberalismo económico
o Resolve-se com dinâmicas de mercado
Se deixar-mos a economia funcionar e diminuir a influência do Estado, a competição gere-se a ela
mesma

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Tensões
1. Universalismo vs. Pluralismo
Direitos são ou não universais?
Clássicos - são universais. Devem ser garantidos em todo o mundo (Universalismo)
Evolução social e com políticas - direitos não são entendidos da mesma maneira
Pluralismo - há várias formas de dar substância a um direito
o Contextos (ex: dimensão cultural)
Exercício da liberdade tem um entendimento universal ou não? Todos queremos exercer da
mesma maneira?
2. Liberdade vs. Igualdade
Liberdade - Estado Regulador; aumentam sem regulamento
Igualdade - (≠ equidade) Estado Normativo; tratar toda a gente da mesma maneira (pode
afetar a liberdade individual - introduz mais condicionantes)
-> é difícil atingir o equilíbrio
3. Liberdade positiva vs. Liberdade Negativa
Positiva - regras existentes permitem grande amplitude de ação desde que não colida com
liberdade de outros (posso fazer tudo o que não está proibido nas regras - maior margem de
manobra possível)
Negativa - estabelece o que é permitido; só posso fazer o que está na regra

Nas RI - se não estiver escrito no tratado e é só implícito, posso ou não?


 Direito consuetudinário vs. escrito

Teoria da Paz Democrática

Pressuposto - (I) democracias não promovem guerras entre si (na sua base estão os indivíduos)
Mas conflituam com outros Estados (L)
Cidadãos - ao pressionar representantes a tomar uma decisão, optam por redução ou inexistência
do conflito
Condicionantes - opinião pública, primado da lei, governo representativo, instituições
internacionais, comércio internacional

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Conflito:
 Contraria lei
 Contraria opinião pública
 Afeta relações económicas

Conflito

 Democracia
 Troca internacional
 Organizações internacionais

Paz (negociação e harmonização de interesses)

Guerra é sempre irracional e imoral


 Vou sempre perder mais do que ganho
 Causa transtorno e tragédia
 Não garante direitos (vida, propriedade, …)- numa guerra vida não está garantida a ninguém
Preferência pelo compromisso e resolução de problemas

Internacionalismo Liberal
 Paz democrática
 Regras, normas, leis
 Instituições Internacionais

Base muito significativa ocidental (direcionada para EUA e corroborada pela Europa)
Sociedade - organização política baseada na liberdade política, liberdade económica e direitos
garantidos pela lei e livre comércio
Objetivo - exportar para exterior/mundo

Modelo liberal de organização interna da sociedade deve ser exportada → ideia do universalismo
 Instituições internacionais que ajudem a organização liberal do mundo
Organização liberal do mundo é sempre aceite porque todos os indivíduos entendem direitos e
liberdades da mesma forma e todos os querem

Exportação do modelo gera conflitos com outras formas de organização existentes (influência das
instituições - propagação do mesmo tipo de regras /Direito Internacional)
Ordem Internacional Liberal
 Regras (Direito Internacional) + instituições replicadas nos países com sistemas diferentes

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Princípios
 A eliminação da guerra assenta na opção por regimes democráticos (Repúblicas vs.
Aristocracias)
 A guerra não é natural, é irracional (artificial, criada por regimes autocráticos para garantir os
seus interesses)
 Princípios universais - padrões de comportamento humano (Direitos Naturais)
 Legitimidade dos regimes internos: primado da lei→ Direitos Humanos. Proteção simbólica e
institucional
 Livre comércio → Interdependência

Michael Doyle
 Teoria da Paz Democrática + legado do liberalismo (criação de uma zona de paz entre Estado
liberais)
 Sucesso do liberalismo pode causar problemas num sistema composto por estados liberais
e não-liberais (conflito por ausência de necessidade de legitimidade a apoio interno)
 Aumento dos conflitos entre Estados, designadamente através de intervenções
externas
 Estados não-liberais podem desrespeitar a independência política e integridade
territorial de outros Estados
 Conflitos de interesses, agressão ao Estado liberal
Imprudência liberal - a exportação da doutrina liberal não vai reduzir conflitos. Pelo contrário, pode
causar uma diminuição da estabilidade
Pluralismo nas RI "não é umacontradição teórica, mas sim a sua base"

Neoliberalismo - evolução do liberalismo (categoria muito abrangente)


Composto por 4 escolas
 Internacionalismo liberal
o Michael Doyle e teoria da paz democrática (resulta dos valores, normas e instituições
liberais assumidos por e Estados democráticos, que se alinham e cooperam entre si.
 In group - os que partilham e cooperam
 Out group - enfrentam custos de exclusão
 Institucionalismo liberal
o Keohnae e Ruggie - instituições como promotoras de normas e comportamentos,
criam contextos favoráveis à cooperação - partilha de informação, coordenação de
posições
 Regimes internacionais
o Krasner - partilha de princípios, normas, entendimentos e comportamento sobre uma
dada matéria/tema
 Interdependência complexa (abordagens que se iniciam no neoliberalismo e tem uma base
liberal significativa, e que depois são desenvolvidas e adaptadas por outras escolas)
o Keohane e Nye - ligações transnacionais complexas entre múltiplos agentes e atores
impedem a distinção entre dimensão política, económica, social e cultural

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Internacionalismo Liberal
 In group - estados que partilham valores liberais/dentro da bolha liberal
 Out group
Doyle - perigo do imperialismo ou hegemonia liberal - sociedades que não aceitam bem esta
expansão das normas liberais; base de argumento para dizer que o conflito se mantém
Vai sempre existir conflito entre o in group e o out group porque há uma resistência á cooperação
do out group
Estados liberais entram em conflito com outros estados (democracias não conflituam entre si,
mas sim com outros que pensam de forma diferente)
Crise do modelo liberal (Ikenberry)- continuam a existir pessoas que não acreditam nas vantagens
do modelo liberal

John Ikenberry
Escolas liberais pós-Guerra Fria
Internacionalista liberal
Tenta explicar posicionamento dos EUA no SI, como organizador do mundo
 Política externa EUA é liberal, independentemente do partido e só por isto os Eus têm
projeção
 Baseada nos direitos, na procura do progresso e na promoção da cooperação
 Acrescenta papel importante do estado (não é institucionalista, mas continua a dar
importância a instituições) - quem desencadeia ações com consequência é o estado, mas
estes são condicionados nos seu comportamento pela sua ordem interna (moral, ..) - a
política externa de um estado é o reflexo da sua ordem interna e é por isso que a dimensão
democrática é tão importante
 Liberalismo assenta no ex. da liberdade, só um estado que dá liberdade aos seus cidadãos
tem capacidade de projetar liberdade na ordem externa
Não há mal em existir um organizador do SI se este garantir e promover os direitos dos indivíduos
Estado é importante, mas as instituições internacionais e os valores liberais também são.
O que permite desencadear cooperação são as instituições - são o contexto onde se partilham
ideias. Esta cooperação vai moldar e adaptar o próprio poder hegemónico
Ordem internacional liberal continua a existir e continua a fazer sentido, e a ser necessária.
Um Estado hegemónico pode usar as instituições internacionais para se ‘conter’ (criar confiança
nos outros Estados e instituições) ou aumentar a sua influência: Se o Hégemon afirmar os valores
liberais nas instituições internacionais, estas multiplicarão a visão liberal à escala global à Ordem
Internacional Liberal.
Período de transição - pode ter como efeito uma adaptação do funcionamento da ordem
internacional liberal, para responder às críticas de domínio e sobreposição de valores - é necessário
alargar a padronização do comportamento e adaptar o fundamento crítico à ordem liberal (noção
do potencial de não-acomodação de sistemas de crenças diferentes)
Encarar ameaças, riscos, direitos, liberdades da mesma forma não tem sido possível - a
compreensão destes conceitos e quadros de valores diferentes têm feito com que a
padronização de comportamentos não resulte
Admite que existe uma crise de confiança no projeto liberal- origina nos movimentos nacionalistas
e populistas e na ascensão/afirmação de autocracias + crise nas democracias liberais

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Metanarrativas - ordem internacional liberal está a evoluir e terá se evoluir para acomodar novas
comunidades não-Ocidentais
Reinterpretação - metanarrativa que admite vários entendimentos (formas de expressão social
exclusivamente centradas no indivíduo) - não colocar em causa direitos e liberdades e mantendo os
pressupostos de progresso e mercado livre, mas adaptar a realidades sociais diferentes.
O que falha é forma como se apresentou ao resto do mundo (não Ocidente) a ordem
internacional liberal, os benefícios da cooperação de acordo com determinadas normas e
instituições
Dever acomodado o entendimento dos individuais dos seus direitos e liberdades e do que é o seu
progresso, sempre na lógica individual
Não há concessão de valores

Contra-argumento:
Durante este período, surge pluralismo das RI (já não importam apenas os Estados) que colide com
a centralidade dos estados
Desenvolve-se modelo de análise centrado nas instituições
Institucionalismo - a nível interno ou externo nas RI ("as instituições importam")
Nas RI - forma como organizações e estruturas institucionais se articulam interna e externamente
vai determinar aquilo que é a organização da sociedade
Sociedade tem instituições formais e informais na esfera dos estados, logo, também faz sentido
existirem na esfera internacional
Internacionalismo- exportação das normas liberais para o mundo (pode ser através das
instituições)
Institucionalismo - foco no papel das instituições internacionais

Institucionalismo liberal
Pode existir institucionalismo noutras escolas teóricas, neste caso, por ser utilizado para
explicar a ordem internacional liberal, é liberal
Fim IIGM- proliferam instituições internacionais, o que leva muito dinheiro
 O SI pós-IIGM assenta em Estados mas, também, na criação de instituições internacionais,
globais (ONU, FAO, FMI, Banco Mundial,…) e regionais (EU, NATO, União Africana, ASEAN, …)
 Na década de 1970, os EUA questionavam se deviam manter o apoio ás instituições
internacionais, assumindo os custos da promoção do livre comércio (ex: OMG), da defesa
coletiva (ex: NATO) ou do sistema das Nações Unidas
o Durante guerra fria, debate interno nas administrações americanas sobre benefício do
financiamento das instituições internacionais/intergovernamentais (questionam a
utilidade e vantagens das instituições internacionais - começa por ser trabalho
interno a administração EUA- justificar necessidade de manter as instituições
internacionais)
 Produto interno bruto influência participação/financiamento nas instituições
 A reversão do transnacionalismo erra limitada pela atividade de múltiplos agentes
internacionais: Estados, empresas, grupos da sociedade civil, burocratas, etc → interligações
políticas, económicas e sociais
Para impor normas e organizar instituições tenho de as manter

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Será esta a melhor forma de exportar normas e organizar o SI?
Pressupostos
 Modelo de organização e reforma do SI, assente no papel das instituições (nacionais e
internacionais) como facilitadoras da cooperação
 O progresso (e a paz) internacional atinge-se através da cooperação entre comunidades
políticas, que utilizam a diplomacia e o multilateralismo como estratégias privilegiadas
 As instituições internacionais persistem porque:
1. Se adaptam (função)
2. São úteis aos Estados (partilha de informação e previsibilidade dos comportamentos)
3. Respondem às necessidades dos cidadãos (eficácia) → NeoFuncionalismo
 Expansão das instituições internacionais e das suas competências gera mais cooperação,
progresso e paz
--------------------------------------------------------------------------------------------------
Teoria funcionalista (David Mitrany) - está provado que estados são incompetentes para
responder as necessidades dos cidadãos e sociedades, senão não existia insegurança, pobreza
extrema, guerras, …
Necessidades básicas gerais são as mesmas, em qualquer parte do mundo - alimentação,
habitação, subsistência, Educação, água, …)
 Para necessidades globais, devem existir instituições globais que se substituam ao estado na
resposta a essas necessidades globais
 Tecnocratas decidem mais orientados para bem comum do que políticos que tomam
decisões em função da maximização do pode (circulo eleitoral e sua eleição) e tecnocratas
não tem esta influencia, logo, suas decisões visam o bem comum
 Respostas as necessidades básicas globais são mais eficazes se forem respondidas por
tecnocratas que definam prioridades
Tecnocrata - técnico num aparelho institucional e que toma decisões
Se instituições responderem ás necessidades, a legitimidade e lealdade passa a ser reconhecida às
instituições e não aos estados, mas , estado continua a ter competências naquilo que diz respeito
às necessidades específicas da sua comunidade
--------------------------------------------------------------------------------------------------

Institucionalismo liberal
Instituições vão ajudar á promoção das normas liberais; server para gerar e promover bem-estar,
qualidade de vida
 Estados dificilmente abdicam das suas competências e da sua soberania, institucionalismo
quer mostrar a estados que vale a pena promover instituições
Cooperação - menos potencial de conflito, padronização de comportamento -> previsão, partilha
de informações úteis ao estado
Cidadãos sentem benefício e eficácia das instituições quando se cumpre uma necessária e
pressionam estado para delegar mais competências às instituições internacionais

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Robert Keohane
 Importante em várias escolas liberais
O que é que estados ganham em cooperar? Que condições facilitam a cooperação? As instituições
importam na explicação do comportamento dos Estados ou apenas na distribuição de poder?
 Ganham previsibilidade e em custos de transação, lógica de ganhos relativos (ao
desencadear ações de cooperação ganho mais do que perco)
 Racionalismo utilitário dos Estados
 Cooperação entre Estados tem um caráter funcional → Regimes
 Existência de relações transnacionais entre atores não estatais (ex: empresas) - cientistas
políticos centram-se demasiado nas relações intraestatais - crescente importância das
questões económicas nas questões internacionais
Interdependência complexa - atores/agentes para além do Estado, não existe hierarquia clara de
questões, força é ineficaz
 Evolução das sociedades aproximou de tal forma as redes de relação que torna impossivel
aos estados fecharem as suas fronteiras a capacidade de decisão sobre as matérias
fundamentais

Ao olhar para redes de relações entre agentes, estas não são gerível por um estado, logo, para
resolver problemas existe a cooperação entre estados

Toda a teorização, incluindo internacionalismo, se centra no estado e não se percebe o mundo se


me centrar, exclusivamente, no estado
Sem a evolução para o pluralismo, não é possível perceber RI e antecipar comportamentos dos
agentes do SI
Tenho de ter atores não estatais -> fim guerra fria e boom da globalização vem a aumentar
esta perspetiva
Num mundo onde interligação entre sociedades é tão grande, só a força não significa poder

Interdependência complexa:
Base - primeiras relações entre comunidades são sempre económicas e comerciais - ligam
indivíduos (sem estruturas de governo) - troca e aquisição de propriedade
É por aqui que temos de começar a aproximar comunidades politicas -> assenta na remoção de
barreiras e promoção do comércio livre (reduzir barreiras alfandegárias e taxas aduaneiras)
 Necessário regras e negociação: Integração Regional → instituições que desenvolvam regras
e tabelas de preço
Para além de canais que liguem os estados, passam a haver relações entre as comunidades
 Rede de ligações transnacionais complexas - múltiplos canais de comunicação entre
Estados, sociedades e economias, definição de agendas, declínio da importância da
dimensão militar e poder coercivo
Ao empoderar cidadãos, criam-se mecanismos de pressão nas estruturas de autoridade
 Resultados são determinados pela distribuição de recursos e pela vulnerabilidade, no âmbito
de cada questão específica.
o Na lógica da interdependência complexa, é necessário compreender que nem todas
as sociedades e regimes são iguais. Cada um tem vulnerabilidades específicas.

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Quanto maior a vulnerabilidade (incapacidade de responder a uma determinada necessidade) do
regime, maior é a capacidade de entrada destas redes de relação.

As relações transnacionais serão fatores cruciais no processo de decisão (ex: coligações


burocráticas, organizações não-governamentais)
--------------------------------------------------------------------------------------------------
Evolução dos autores que utilizam conceitos de várias escolas teóricas

Karl Deutsch (1912-1993)


Trabalha, principalmente, comunidades de segurança
Desafio à visão tradicional realista - Liga componentes realistas e liberais
 É certo que Estado é um elemento central, mas com a evolução das relações entre
comunidades políticas a divisão entre interior e exterior ao estado (R) não nos permite
explicar o mundo
 Centralidade dada às grandes potências no realismo não explica boa parte da estabilidade
internacional, e é necessário olhar apara outros atores que nos ajudem a perceber o mundo
o É necessário olhar à interação entre estados (mecanismos diplomáticos e deterrence
militar)

Anarquia existe.
Anarquia e hierarquia não são polos opostos - mundo passa por um espectro em que estes são
extremos: há momentos em que o mundo está muito anárquico e outras está muito hierárquico
Anarquia não é uma variável independente, mas o resultado possível de um sistema complexo →
não é um pressuposto permanente e só existe quando não há estrutura de poder (que existe
sempre, podendo ser esta maior ou menor)
-> aumento das relações entre comunidades baseadas dos cidadãos não leva a integração
institucional, mas leva à diminuição da possibilidade de existir conflito (vou optar por conflitos
com estados com quem não tenho relações - lógica de avaliação racional) -> paz e
estabilidade
Quanto mais relações económicas e, consequentemente, relações sociais, menor o leque de
opções com quem posso começar um conflito

 Balanço Transação/Integração - crescimento das transações não origina, obrigatoriamente,


integração, mas sim uma diminuição do conflito
 Paz - aumento das transações + acréscimo do nº e capacidades das instituições e práticas
integrativas

Comunidades de segurança
 Comunidade de Estados com capacidade para intervir através de técnicas ou mecanismos
diplomáticos na prevenção de acordos forçados entre Estados
 Perceção comum de ameaça
 Capacidade para dispor de uma frente militar comum contra ator(es) externo(s)

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Segurança coletiva
=/= defesa coletiva
Segurança coletiva- entender ameaças da mesma forma e levar a cabo um conjunto de
iniciativas que objetivem por fim a essas ameaças (em conjunto) - não implica uma ação
exterior, garantir um contexto em que todos se sentem seguros
Defesa coletiva - se alguém ataca, respondemos todos em conjunto (implica um ataque
exterior)

Assenta naquilo que é estruturante nas escolas liberais:, cooperação, avaliação racional (custos-
benefícios)
 Garanto mais a minha segurança através de esforços coletivos
 Promoção de esforços concertados para a promoção de paz e segurança internacional
 Equilíbrio regulado e institucionalizado de "todos contra um " gera mais estabilidade do
(equilíbrio desregulado)que um princípio de "cada um por si" (equilíbrio desregulado)
 Evitar agressões de estabelecimento de normas, contrarias "self-help"(Autossubsistência é
um dos elementos que gera conflito)
(ex: bussola estratégica EU - baseada no conceito de segurança coletiva)
 Win-win vs soma zero
 Estados concordam respeitar certas normas para manter a estabilidade (ausência de conflito
de grandes dimensões) e funcionam em conjunto para evitar agressão
 Institucionalização do uso "legal" da força
 Papel das instituições internacionais
--------------------------------------------------------------------------------------------------
Institucionalismo desenvolve Regimes internacionais
Organizar instituições, normas, etc.. por tema - começa pela guerra nuclear (como é que dois
blocos gerem a proliferação? -> surgem daqui uma série de outos temas)
É uma forma de gerir um determinado problema (não um ameaça- seg. coletiva):
1- identificação do problema partilhada
2- criação de regras para o gerir
3 -existência de uma instituição

Pressuposto - os resultados de ações independentes são menos eficazes do que decisão/ação


coletiva
Objetivo: ultrapassar problemas comuns, específicos, através de ações conjuntas
 Conjunto de princípios, normas, regras e procedimentos de tomada de decisão através dos
quais as expectativas dos atores convergem, numa área/tema específico (Krasner, 1982)
 Conjunto de regras com o intuito de regular o comportamento internacional (Simmons &
Martin, 2002)
Tentam padronizar comportamentos para que todos cumpram as mesmas regras e procuram
resolver problemas transversais ao SI.
Regras e procedimentos definidos de acordo com princípios e normas partilhados
o Tratados internacionais, instituições , acordos

Resumos TRI – Joana Martins (Prof. Ana Santos Pinto; 2022) 33


Escola Inglesa
Neorealismo Internacionalismo Liberal

Semelhanças Semelhanças
 Anarquia  Anarquia
 Segurança  Direitos; Justiça; Paz; Igualdade
 Poder/estabilidade

Diferenças Diferenças
 Ordem  Paz perpétua
 Equilíbrio  Estados com diferentes interesses e
 Uso da força conceitos
 Delegação de soberania

Via Media - entre o neorealismo e o internacionalismo liberal; incorpora formas de cooperação na


natureza conflitual do contexto internacional.

O que a distingue do neorealismo e do internacionalismo liberal?


É a única abordagem teórica exclusiva das RI
 London School of Economics
Junta dimensão europeia com a dimensão norte-americana. Junta as melhores partes do
neorealismo e internacionalismo liberal (mas não consegue ultrapassar aqueles que são mais
neorealistas ou mais internacionalistas - posicionamento ontológico)

Argumento
 Estados soberanos formam uma sociedade internacional, que apesar de anárquica não
implica a submissão ao poder do mais do mais forte.
 Sociedades de iguais, com um significativo nível de ordem e um reduzido nível de violência
 Violência como característica endémica da sociedade anárquica, sendo que é condicionada
pelo Direito Internacional e a moralidade.

Pressuposto da anarquia
Conjuga direitos e liberdades (L) com importância da segurança (NR)
Assenta no conceito de poder e estabilidade, ao mesmo tempo que reconhecendo a importância
do estado, acha que o organizador do SI são as instituições
 Não uma teoria de política externa, mas de RI
Conceito de ordem é elemento central, baseada mais no equilíbrio do que na hierarquia (se existir a
ordem pode estar em crise)
Centralidade dos estados (muitos atores, mas estados e instituições são o que … o SI)
Sociedade internacional trata estados como conjuntos (os que partilham normas e formas de
comportamento)

Resumos TRI – Joana Martins (Prof. Ana Santos Pinto; 2022) 34


Podem coexistir várias sociedades internacionais e várias ordens internacionais (cada uma
organizada de acordo com os seus padrões -> só faz parte quem se reconhece naqueles princípios
e aceita e atribui legitimidade à forma de organização)
 Gerem de formas diferentes o contexto de anarquia

Características:
 Síntese de teorias normativas (como deve ser) e teorias racionalistas (o que determina a
decisão)
 Pluralismo metodológico
 Analisa as características da sociedade internacional e que procura explicar as dinâmicas
normativas do SI e da sociedade mundial, designadamente o papel das organizações não-
governamentais e outros atores não estatais

Principais autores.
1ª vaga - guerra fria:
Martin Wright
Indivíduos procuram coisas diferentes na ordem interna e na ordem externa
 ordem interna - bem-estar;
 ordem externa - segurança e sobrevivência
Hedley Bull
Há princípios organizadores iguais dentro e fora dos estados e comunidades políticas (comuns à
ordem interna e externa)
Em nenhuma circunstância é desejado contexto de violência (limite à violência)
Em todas as circunstâncias é desejável a garantia da propriedade e manutenção de acordos

John Vincent; Adam Watson

2ª vaga - 1995-2005
Tim Dunne
Normas
Abordagem interpretativa
Barry Buzan
Pluralismo nas RI
Complexos de segurança
Securitização

Robert Jackson; Nicholas Wheeler; Richard Little

Normas
 Os cidadãos dos estados modernos orientam as suas ações por normas sociais primárias
 Às instituições cabe a definição de regras primárias e secundárias; entidades soberanas
definem regras da sociedade internacional
 Limitação do uso de força e promoção da civilidade
 Legitimidade: aproximação entre a dimensão interna e externa
 Acordo face aos princípios de coexistência e de valores morais universais

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Há normas que são sempre para cumprir, independentemente do momento histórico ou evolução
de uma sociedade - direitos naturais

Ordem
 Forma de organização do mundo de acordo com um conjunto de normas básicas e a forma
como essas normas são entendidas
o Nem todos partilham entendimento - podemos ter várias ordens a conviver em
paralelo
 Pequena variação de ordens internacionais ao longo da História (=/= Estrutura) [China na
antiguidade; greco-romana; modernidade]
 A ordem pode existir mesmo que os estados não sintam pertencer à mesma civilização,
porque tem um caráter funcional e utilitário. Partilha de direitos e deveres
 Respeito pela soberania - tensão com equilíbrio de poder e manutenção de paz, valor moral,
ordem de humanidade
 Cultura diplomática -. Sistema de convenções e instituições
 Progresso alcançado através de acordos sobre como manter a ordem

Devemos ver as RI por camadas. Na base dos níveis de análise está o entendimento da escola
inglesa do SI.
Sistema Internacional - quando dois ou mais estados têm um nível de interação suficiente que
tenha significativo impacto nas decisões mútuas. Baseado nas relações de poder entre Estados.
Sociedade mundial - (mundo dos indivíduos - relações entre grupos, que existem para lá dos
estados) encara indivíduos e organizações como um todo, com enfoque nas identidades sociais e
acordos À escala global, transcende o sistema de Estados e privilegia o cosmopolitismo
universalista. Dimensão normativa.
Sociedade internacional - (mundos dos Estados) quando um grupo de estados, com interesses e
valores comuns, se concebem como um conjunto, que partilha regras e instituições que regulam e
constrangem as respetivas relações. Enfoque na instituições, com consequências constitutivas e
não apenas instrumentais.

Visão particularista - regras minimalistas, proteção da soberania, segurança do Estado através da


cooperação, sistema de Estados e Anarquia como principais condicionantes impostas à sociedade
internacional.
Visão solidarista - prioridade à segurança coletiva e ao direito cosmopolita. Enfoque nas
conceções de Direitos Humanos, segurança e paz como orientadores das normas que regulam a
Sociedade Internacional.
-> divisão impede precisão teórica

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Marxismo
Não é uma TRI . É aplicado às RI não como uma componente explicativa de Política Externa,
mas à compreensão de relações entre entidades políticas: estados, empresas, movimentos
sociais, etc…
Neomarxismo/neogramscianismo
Contributo do marxismo para RI:
 Materialismo dialético e materialismo histórico
 Conceitos de "imperialismo" e "hegemonia" (Gramsci)
Presença na Europa (menos no EUA) deste contributo das ideias marxistas nos estudos pós-
coloniais, estudos feministas/estudos de género e nos estudos para a paz.

Pressupostos ontológicos:
Realismo Liberalismo Marxismo

Agente Estado Indivíduo Classes

Objeto Poder Direitos Trabalho


Valor Acrescentado

Instrumento Equilíbrio Cooperação Revolução


 Assenta na ideia de classes
o Transposição para RI - estende este conceito, não utiliza conceito estrito de
classes sociais (divisão socioeconómica), mas a divisão entre dominantes e
dominados
 O que está em causa é o valor acrescentado que o trabalho traz aos grupos sociais
(lógica dominante, dominado reflete-se na exploração do valor acrescentado de um
determinado grupo social)
o Transposição para RI - ideia marxista do trabalho (o que é que o dominado tem
como valor acrescentado que é explorado pelo dominante? - ex.: recursos
naturais)
 Como se resolve o problema do objeto de estudo? - garantia da atribuição do valor
acrescentado a quem o detém é feita através da revolução (ação disruptiva), explica
um conflito permanente na História das comunidades através da tensão entre grupos
dominantes e dominados (solução à exploração do valor acrescentado - dominados
se emancipem e façam a revolução)

Marx e Engels
Análise holística: interligação entre política internacional, história internacional e economia
global.
O mundo social deve ser estudado como um todo, com base numa interação dialética (tese,
antítese, síntese)

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Na base do pensamento marxista - contextos importam
 Contextos materiais
 Contextos imateriais - capacidade de desenvolver competências do ponto de vista da
consciência - do que sou e daquilo que me estão a impor
Não é possível separá-los, nem o contexto social do político, não consigo alterar mundo da
forma que quero porque sou constrangido por aquilo que está à minha volta. - só conheço
aquilo que me é dado a conhecer (exercício limitativo à capacidade e forma de ver o mundo)

Indivíduo não é indivíduo se não tiver um grupo (não desenvolve capacidades humanas)

Pressupostos Epistemológicos:
 Fronteiras cientificas são um exercício de dominação - delimitar capacidade de
adquirir conhecimento e compreender fenómenos (análise holística - juntar todas as
áreas para perceber a política internacional)

 Relação entre o que é considerado o mundo material, a dimensão psicológica e o


contexto social - gera materialismo dialético (o mais importante é o contexto material
- determina o grupo social; e ambos estes vão construir a consciência)
Alteração do mundo material -> alteração do grupo social > alteração da
consciência
Exercício de domínio - não alterar mundo material (manutenção de forma cíclica esta
estrutura)

 Emancipação - corta laços com ex. de dominação - não de forma gradual, mas de
forma revolucionária

Indivíduo
(L) - indivíduos enquanto seres autónomos e racionais, a quem deve ser permitido o uso do
livre arbítrio para a prossecução dos seus interesses próprios.
(M) - noção de grupo; não se importa com o indivíduo ou as capacidades individuais, pensa
sempre numa lógica coletiva, não há interesses individuais, mas sim do grupo (seres
humanos devem ser entendidos enquanto seres intrinsecamente sociais, inseridos nos
respetivos contextos naturais e sociais)
O indivíduo por si só não tem capacidade de altera o contexto (material ou social) - só é
possível numa lógica coletiva
Indivíduo enquanto entidade pessoal não existe na perspetiva marxista, apenas no contexto
dos grupos em que se inserem.
Todas as ações, decisões e resultados são vistos no grupo.
Noção de justiça social e não no sentido moral/ético, como no (L)

Todos os processos são desenvolvidos no contexto do grupo


O individuo é aquilo que o grupo em que se insere lhe permite ser.

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Individuo enquanto resultado de engenharia social(desenvolvido através de múltiplas
relações estabelecidas com base nas suas ações e convicções). Moldar indivíduos no
contexto de grupo. O que é bom para o grupo é bom para os indivíduos.

Existe possibilidade de mudança social, mas nem sempre os resultados vão no sentido
definido à partida (interação com contextos materiais e outros grupos podem gerar
consequências diferentes)

Dialética (cíclica)
Platão: pergunta ->resposta -> deve ser contestada -> nova pergunta
Nível da consciência (capacidade racional individual, sem constrangimentos - pergunta)
Hegel: afirmação (tese/axioma) -> confrontação/antítese -> síntese/teorema
Nível material do facto (não há consciência própria do indivíduo, logo não começa por
uma pergunta, mas sim com uma afirmação)
Consciência só existe na interação com o grupo??
 Confrontação - indivíduos debatem em reflexo dos grupos a que pertencem
(individuo é resultado do conjunto dos grupos a que pertence)
 Discussões são forma de chegar a nova tese - nova forma de ver o fenómeno
 Indivíduo pertence a vários grupos e é sempre influenciado por eles - há um grupo
dominante no exercício das nossas reivindicações

(M) - lógica socioeconómica (contexto: séc. XIX a XX)


Aplicação RI - grande contributo do Gramsci (maior poder que existe é o poder
cultural e a forma como o exercício de dominação se faz através dela, da educação
(C) e (TC) - mudança de forma gradual
(NM) - mudança só acontece com abordagem de rutura e corte (revolução) - ao ser
devagar abre espaço para a classe dominante

Materialismo dialético:

O que o indivíduo é, é resultado da sua existência social


Falsa consciência - não é a forma com penso eu determina o que faço, é o que faço que
determina a forma como penso
Não há autonomia para pensar criticamente sobre a autonomia e/do? Contexto

Relação dialética entre a Base/Infraestrutura (estrutura económica da sociedade, forças


produtivas + relações de produção) e a Superestrutura 8estrutura jurídica e política)

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 Apropriação do valor acrescentado no trabalho
 Infraestrutura - as relações de produção são independentes da vontade dos
indivíduos, que não escolhem a forma de organização da sociedade onde vivem
 Superestrutura - é alterada sempre que sociedade altera os seus fundamentos (ex:
forma de governo, sistema de educação)

Perigos:
Alienação - indivíduo absorvido pelas rotinas impostas pelo grupo socioecónomico que
eliminam capacidade de exercer pensamento crítico (algo que retira o indivíduo do
pensamento?) - ponto de vista educativo: absorção acrítica dos conteúdos
Reificação/objetificação - tratamento dos indivíduos como se fossem objetos; cada
indivíduo dentro do grupo é um objeto e não um ser humano (pela função) - massificação
exige apagamento do indivíduo (aumento em escala com a revolução industrial)
Falsa consciência - indivíduo acha-se livre e com consciência, apesar de pertencer á massa
que todos os dias faz a mesma coisa e não tem tempo para pensar
Emancipação do indivíduo através do grupo -> consciência de classe ( e do seu valor
acrescentado)
(NM) - esquecemos o domínio entre a base e a superestrutura, domínio exerce …
Apesar de estar menos desiguais, não estamos iguais
 Neocolonialismo
->exercícios de dominação progressista
Antagonismo de classe - capitalismo leva à existência de uma classe dominante (burguesia) e
de uma classe oprimida (proletariado), com interesses opostos

Materialismo histórico
Temos de observar como cada comunidade replica as relações de dominação.
O que é que faz parte do contexto material?
 Geografia
 População
 Estrutura da economia
Contexto social
Como os contextos material e imaterial resultam na consciência de grupo?
(M) e (NM) - sempre existiram relações de dominação, e não só à escala micro. Replicam-se
em todo o mundo
Estados dominados e dominantes e Grupos dominados e dominantes
Abordagem metodológica - como analisar o que gera desenvolvimento e mudanças sociais?
 A evolução histórica resulta do confronto entre classes sociais
 Assenta numa evolução das estruturas sociais e das condições de vida (materiais) das
sociedades: meio geográfico, população e meios de produção (mais relevante)

Imperialismo
Exploração de uns pelos outros
Expansão
 Conquista território
 Relações económicas

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 Promoção de relações culturais
Objetivo dos grupos (sob o capitalismo) - produzir capital
(L) - através do desenvolvimento económico, adquiro progresso (objetivo) - mais produção e
mais consumo -> gera capital …
Ponto de vista cultural, dá-se com base no exercício de dominação
Abordagem imperialista de um estado (?)emergente assenta sempre na exploração do outro
Capitalismo enquanto força de Expansão da atividade política, económica e
progresso que traria desenvolvimento social da burguesia - capitalismo avançado - que
industrial e progresso material a todos promove o domínio e dependência de
os povos territórios (colonialismo)

Lenine - imperialismo como fase superior do capitalismo (predomínio do capital financeiro,


monopólios, exportação de capitais mais importante que exportação de mercadorias,
domínio de grandes empresas e divisão do mundo em grandes potências)
Rosa Luxemburgo - a expansão contínua do modo de produção
capitalista depende de uma expansão da procura de bens de consumo.
Esta não se fará através do reforço do rendimento das classes
trabalhadoras, mas sim da expansão do capitalismo a sociedades
não-capitalistas.
Promover desenvolvimento económico nas outras sociedades de forma a estas me
comprarem coisas, capital cresce através do consumo (comprara mais para produzir mais) -
alargar mercado de consumo; mais necessidade de consumo - mais capitalismo
Dá capacidade de aquisição a comunidades exploradas para que estas aumentem as
suas necessidades de consumo
Não compro por ter mais dinheiro, mas porque passou a ser uma necessidade

Gramsci
Um dos autores mais significativos da herança marxista, influência na área das ciências
sociais
Nas RI - conceito de hegemonia (orientação cultural - conceção do mundo - assente na
dominação e manutenção do poder pelas classes dominantes, através de uma conjugação
de força, persuasão e promoção do consenso para fixação de significados partilhados)
 Indivíduo é influenciado, mas tem capacidade política e de pensar
 Dimensão económica e capital são importantes, mas forma mais significativa de
exercer domínio é através da dimensão cultural (perspetiva abrangente; como
encaramos o mundo? Como absorvemos a informação?)
Grupo que domina e que domina não só pela componente material e económica, mas
porque define aquilo que aprendemos e consumimos do ponto de vista cultural e isto é ser
hegemónico
Hegemonia só é possível quando existe aceitação, mesmo que seja tácita (aceitado através
do mecanismo cada vez mais generalizado na compreensão do mundo - senso comum, em
oposição ao exercício do pensamento crítico e seguir o contexto das massas)

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Classe garante o consentimento dos dominados através de uma liderança intelectual e
moral (meios de comunicação; educação); convencendo os dominados de que os seus
interesses são os
mesmos dos da classe dominante. (Vs. Exercício de Poder – Escolas Realistas)
Quanto mais informação recebo, menos espaço para pensamento crítico eu tenho
Desconstruir - permite contrariar a falsa consciência
Hegemonia - "dou-vos informação para não pensarem"

Imposição vs. Aceitação


 Valores hegemónicos só reversíveis através de uma lita contra-hegemónica, no seio
da sociedade civil
 Reformulação dinâmica da fórmula "base-superestrutura" enquanto uni-causal (papel
da cultura e ideologia)
 Rejeita o conceito de falsa consciência (todos os seres humanos são filosóficos)
 Senso comum - amálgama fragmentada, e muitas vezes contraditória, de crenças
populares, religiosas e culturais; é um reflexo da ideologia hegemónica; necessário o
desenvolvimento da reflexão crítica

Neo-Gramsci (Robert Cox)


1981 - novas escolas, rebenta-se com o paradigma realista, escola liberal mais abrangente com teorias económicas
Contributo para RI
Dá origem à Escola Neomarxista
Há teorias que nascem para explicar fenómenos e outras que nascem para pensar
fenómenos
Teoria Crítica - reflexão - reflexão sobre as forças materiais e sociais que impedem os
indivíduos de alcançar os sues interesses reais num mundo que manipula os seus desejos e
limita o seu potencial
Problem Solving - teorias que dão por garantida a persistência do sistema cuja dinâmica
interna procuram explicar
 Blocos históricos globais
 Sociedade civil global

Perspetiva (neo)Marxista
RI - estudos de movimentos inorgânicos, pós-coloniais, de género, dimensão das teorias do
desenvolvimento, teorias do sistema mundo(?); cultura no exercício de dominação é
sustentada no neomarxismo
Dimensão de radicalização
 O mundo é constituído por indivíduos e classes, cuja ação é constrangida por modos
de produção (estruturas económicas) historicamente contingentes
 Fatores materiais condicionam condições históricas e dinâmicas de mudança (as
ideias sustentam os sistemas, ajudam a compreendê-lo corretamente e ajudam a
alterá-lo)
 A guerra e o imperialismo são resultado dos modos de produção capitalistas; servem
para expandir o sistema, manter a produção do proletariado pela burguesia

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 Hegemonia das classes capitalistas dominantes (nacionais ou transnacionais), com o
apoio de intelectuais cooptados que difundem os valores dominantes
 Paz depende da emancipação (individual) e revolução (coletiva)
 Enfoque nas desigualdades, exploração, desenvolvimento, globalização - Teoria da
Dependência e Sistema Mundo

Teorias Críticas
Teorias para resolução de problemas - encontram soluções para os problemas que vão
aparecendo
TC - procuram as bases dos problemas

O contributo da Teoria Crítica para as RI


 Origem da Teoria crítica
 Os conceitos de emancipação e ética
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
Não é uma logica de soluções, mas de promoção de mudança social e da forma como
vemos aquilo que consideramos a realidade
Binómio que orienta qualquer conhecimento da realidade: poder-conhecimento orienta
aquilo que consideramos objetivo e subjetivo, verdade e mentira, realidade e ficção, certo e
errado, bem e mal.
Escolas Crítica - desconstrução do binómio (perceber quem tem poder para determinar o
que é conhecimento
Desigualdade - (TC) todo e qualquer conflito resulta da desigualdade (acesso ao
conhecimento, no acesso e exercício de poder)
Objetivo das TC - (projeto emancipatório) romper com padrões de desigualdade e criar
contexto de mudança e transformação social, para reverter esta desigualdade e criar
um mundo mais igual e justo
Procuram não manter, ou assumir uma postura de desconstrução para com o status quo.

Cada contexto gera desigualdades particulares.


Não há uma solução universal dos problemas.
É possível transformar a realidade. Esta transformação ocorre de acordo com o contexto.
Na base da desigualdade está a exclusão (linguagem é um mecanismo de exclusão)
-> mecanismos de base são as narrativas e discursos
Conhecimento tem de ser emancipado do poder. Devem ser autónomos. Conhecimento
deve ser produzido sem manipulação ou exercício de um poder de orientação.

Desconstrução está na base, mas continua a existir uma Dinâmica mais pragmática. O que
interessa não é o resultado, mas o processo. Contexto mais justo, mais igual e de maior
liberdade.

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Contributos
Kant - princípios (paz, justiça, igualdade)
Hegel - dialética (tese, antítese, síntese)
Marx - emancipação (crítica à sociedade capitalista), dominação
Muito importante na 1ª fase das Escolas Críticas (dá origem a Neomarxistas - adaptam
Marxismo Clássico ao contexto de cada um dos momentos históricos em que vivemos:
marxismo como visto pelo Marx não faz sentido na atualidade)

Origens
Max Horkheimer (1937) - Frankfurt; Theodor Adorno, Erich Fromm; Herbert Marcuse
Escola de Frankfurt (1º vaga - IIGM; 2ª vaga: pós-IIGM) - Romper com as fronteiras da
ciência (interligação entre várias vertentes filosóficas do pensamento social e político)
Influencia as ciências sociais (acrescenta-se o contributo do Habermas - esfera política)
 Marxismo e materialismo histórico; dialética de Heggel; teoria da ação comunicativa
de Habernas (esfera pública)
 Método dialético de aprendizagem/produção de conhecimento - questionamento
permanente sobre as contradições da sociedade
Transferiram-se de Frankfurt para Genebra
2 desilusões: fracasso da evolução do Marxismo e forma como resultou no Comunismo
Soviético; com a própria comunidade política que se deixa ser dominada pelo regime nazi.
Estudam cultura de massas (desenvolvimentos tecnológicos e distribuição de produtos
culturais) e binómio poder-conhecimento
Como é que a forma de organização social orienta o indivíduo para o grupo? Fá-lo
comportar numa lógica de grupo?
2ª metade sec XX - sociedade de consumo e falsas nec de consumo

Massificação de produtos culturais (fundamentais para a produção de consumo),


crescimento exponencial das sociedades de consumo

Quem tem capacidade crítica é o indivíduo, inserido num grupo (onde existe a dinâmica do
poder-conhecimento).

Base da teoria explicativa das EC - comunicação e seus veículos são o fundamental para o
binómio. Para entender desigualdades - entender mensagens (como são transmitidas e
como são recebidas)

Pressupostos
Ontológicos:
 Mundo enquanto realidade socialmente construída (construção social)
o Intersubjetividade
o Realidade só existe através da transmissão de mensagens (senão temos uma
ausência de conteúdo)
o Indivíduo funciona em grupo
o Sempre que existe um grupo existe desigualdade

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 Desigualdade na base de conflitualidade (estrutural ao mundo social)
o Para tornar o mundo social melhor, reduzir e transformar desigualdade,
alertando para aquilo que promove a desigualdade
 Projeto emancipatório, orientado para um mundo mais justo e igualitário
Epistemológicos:
 Pós-positivista (interpretação, compreensão)
 Análise de intersubjetividade
 Pluralismo teórico e metodológico -> Feminismo/Estudos de Género, Geopolítica
Crítica, Estudos críticos de Segurança, Economia Política internacional crítica, Pós-
colonialismo e Sociologia Histórica crítica
Metodológicos:
 Abordagem filosófico-normativa (mudança)
 Análise de discursos e narrativas (narrativa - ideia que quero passar; conjunto de
discursos)
 Pluralismo (mais do que um agente)
--------------------------------------------------
De onde vem o conhecimento?
Contributo epistemológico significativo para RI - a forma como nós foi sendo apresentado o
mundo, a forma como nos vai sendo contada a História determina a forma como hoje vemos
o mundo.
A quem serve a forma como explicamos o mundo e as RI? - a que forma de ver o mundo, a
que interesse de forma de organização do mundo

Eliminam a noção de classe - o que importa é a dinâmica de grupo e a forma como o grupo
se deixa envolver na absorção da mensagem
 A sociedade moderna e a vida política devem ser analisadas através de um método de
crítica permanente (desconstrução)
 Refletir sobre natureza e propósitos de uma teoria (conhecimento -> interesses)
 Interesse normativo em identificar possibilidades de mudança social, ação
politicamente motivada
 Revelar as formas, óbvias e subtis, de injustiça, desigualdade e dominação na
sociedade -> emancipação

Conhecimento
 Sociedade enquanto objeto de análise
 Teorizações dependem da sociedade em que são desenvolvidas (contextos históricos
e materiais)
 Teoria enquanto expressão de uma situação histórica concreta e força promotora de
mudança
 Dimensão de autorreflexão (relação sociedade-conhecimento, natureza política das
reivindicações de conhecimento - objetivos e funções das teorias) -> teorias
tradicionais vs teorias críticas (Cox)
Como é que os atores sociais emergem e são condicionados pelo contexto?

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Emancipação
Influência do iluminismo (liberdade e justiça) + Marxismo (relações de dominação)
Reconhecer e romper com formas de domínio conscientes ou inconscientes
 Normas constituem uma forma de domínio
 Contexto condiciona comportamento
Forma como se comunica e se absorve a comunicação que nos chega é a base para a
transmissão e recessão de conhecimento
Garantir liberdade face a:
 Restrições impostas por relações de dominação [contexto]
 Condições de comunicação desvirtuada/induzida [conhecimento]
 Formas de compreensão que negam aos seres humanos a capacidade de construir o
seu futuro com base na sua plena vontade e consciência [intersubjetividade]
 Ser livre é ter capacidade própria de definição e promoção de uma determinada ação

Ética
Como se constroem os deveres morais e legais?
 Défice moral provocado pelas interações entre o Estado e a economia capitalista
global
o Estruturas políticas têm relação de promiscuidade com as estruturas
económicas e financeiras -> decisões do ponto de vista do ex de poder
resultem mais dos interesses desta interação do que na resolução das
desigualdades. Pelo contrário, acentuam as desigualdades. Decisões tendem a
orientar para a exclusão e resolução de microproblemas e não para a inclusão
e alargamento dos participantes.
 Bases normativas para a vida política (particularismo e exclusão social)
 Tensão entre indivíduo e cidadão - liberdade e capacidades individuais, quando
colocadas no grupo da comunidade política (cid.) -> forma de comportamento não é
igual, morais são adaptáveis ao grupo
 Estado enquanto promotor da exclusão social, obstáculo à justiça universal e
emancipação -> forma dominante da comunidade política moderna
 Transição de uma ordem social hegemónica determinada pelo poder material, pela
ideologia, e pelas instituições , para uma nova ordem sustentada na emancipação
individual e coletiva
Teoria Crítica nas RI
 Compreensão das origens da desigualdade estrutural inerente ao SI (decorrente do
sistema capitalista global), bem como da forma como pode ser superada
 Pretende ir mais além das reformas internacionais que se limitam a regular as relações
entre Estados, em particular se dependerem da capacidade e vontade dos grandes
poderes
 Consideram que o (R) e o (L) visam manter a distribuição básica do poder e da riqueza
 Reflexão crítica: condições históricas subjacentes à desigualdade, forças materiais e
ideológicas que mantêm a desigualdade; e potencial de reforma radical do sistema
visando uma ordem mundial mais justa.
 Relação entre anarquia formal entre estados e a hierarquia económica entre classes

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 Visão pluralista: as RI incluem forças com capacidade de agência na sociedade global,
que implica um questionamento sobre a fidelidade tradicional ao estado soberano
 Novos movimentos socias como substitutos das classes trabalhadoras (revolução
transnacional)
o Centro de análise - movimentos sociais (têm capacidade de transformação e
penetração na esfera pública que pode ser superior ao Estado e às instituições;
se cidadãos não se reconhecem no estado e instituições podem optar por
formas alternativas que criam mecanismo de mudança -> elemento
fundamental de transformação social; capacidade de agência está no grupo e,
neste caos, nos movimentos sociais

Andrew Linklater
Dupla crítica à disciplina:
 Divisão rígida entre Teoria Política e RI é desnecessária
 É necessário um equilíbrio entre crítica e compromisso construtivo, entre teoria e
prática das RI
Centra-se na dicotomia do "indivíduo enquanto indivíduo" e "indivíduo enquanto cidadão"
Considera que a distinção entre humanidade/universalidade ética e sociedade
civil/particularidade ética está ultrapassada
Todos somos membros da raça humana e sentimos obrigações para com os outros
seres humanos, também enquanto cidadãos -> Cosmopolitismo
Papel das normas na sociedade internacional

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Construtivismo
Não é uma teoria de RI, é uma metateoria - aplica-se a tudo(pretende explicar a totalidade das
interações no contexto social) e opõe-se a um elemento estruturante nas teorias mainstream das RI
- racionalismo (avaliação de decisões tendo em conta as consequências - análise custo-benefício)
© - considera que há dimensão material e imaterial(e ideacional)
Realismo Liberalismo Construtivismo

Agente Estado Indivíduo Grupos Sociais

Objeto Poder Direitos Identidades

Instrumento Equilíbrio Cooperação Socialização


Todas as teorias radicais têm como agente o grupo social ^(texto de Walt que diferencia as escolas)
- rompem com dois pilares das escolas (racionalismo, agente, objeto e instrumento das relações
sociais)
Para (C), aquilo para que devemos direcionar a análise são as identidades.
Procurar forma mais simples de as definir -> Implicam o sentimento de pertença e a ideia de reflexo
desse sentimento em função de um conjunto de características

Para perceber comportamento dos agentes:


 Como é que se vêm
 Como é que os outros os vêm
 que características são consideradas próprias e características vistas pelos outros
Agente funciona a pensar no seu papel e, também, na forma como os outros vêm o seu papel

Identidade - sentir vínculo a umas determinado conjunto de características (com forme o agente
as reconhece e que os outros lhe atribuem)
Vai sendo necessário um ajustamento - (C) através dos processos de socialização
 Transformo a forma de pensar em função das relações que vão sendo estabelecidas no
contexto em que me encontro
 Processo adaptativo (não de rutura) e permanente
(C) replica esta ideia que acontece nos grupos sociais e amplia-a à escala das RI7

Tudo no mundo social é uma construção porque resulta duma interpretação partilhada de
conceitos
Intersubjetividade - partilha do entendimento de conceitos subjetivos
Base da intersubjetividade - comunicação e mensagens

Resumos TRI – Joana Martins (Prof. Ana Santos Pinto; 2022) 48


Realidade social é composta por:
 Estruturas ideacionais - formas de organização de relações condicionadas por ideias,
convicções, princípios, valores, … (não é materializável, nem verificável empiricamente mas
continuam a fazer parte da vida dos seres humanos e acondicionar o seu comportamento)
o Condicionados por normas formais e normas sociais
o Uma prática reiterada pela convicção de obrigatoriedade
 Dimensão material - empiricamente validável
 Identidades (muito importante no construtivismo)
o Fazer parte de um grupo molda e condiciona o comportamento
Ideias são minhas. Identidades são o meu vínculo ao mundo (aquilo que me condiciona por fazer
parte de um determinado grupo) - posso fazer parte de um grupo, mas não partilha todos os
valores desse grupo.
 Estruturas ideacionais - caráter individual
 Identidades - caráter coletivo

Racionalismo Construtivismo
 Há um mundo antes do  Interação entre seres humanos é que
indivíduo (natureza humana, define o que está dentro da natureza
direitos, liberdades são pré- humana e define o conteúdo das
existentes ao indivíduo) normas.
 Posição dos agentes, baseada  Nada é pré-adquirido ou determinado
em interesses, é determinada quando está fora do grupo social. Se o
externamente grupo social concordar que aquele é
contexto, o grupo assume-o.
 Atores seguem lógica de  Atores seguem lógica de adequação -
consequência - o comportamento dos atores é guiado
comportamento estratégico por uma série de normas, pelo que
com o objetivo último de pretendem agir de acordo com o que
maximizar ou otimizar melhor se adeque a cada situação
interesses e preferências social em particular
individuais  Centro da lógica de adequação -
identidades implicam não só visão
própria, mas também, a visão que os
outros têm

Grupos sociais:
 Micro - família, amigos
 Mundo
Hierarquia de grupos existe e é mutável - o indivíduo define essa hierarquia
Ex: Portugal pertence a vários grupos. Dependendo da situação, 2veste a camisola" que for
mais adequada

Resumos TRI – Joana Martins (Prof. Ana Santos Pinto; 2022) 49


Falta de comunicação e entendimento partilhado sobre a realidade implica a desagregação do
grupo (a existência do grupo deixa de fazer sentido porque deixa de existir algo que liga os
membros do grupo)
Comportamento dos grupos expressa determinadas vulnerabilidades. Grupos sociais replicam
comportamentos.

Interesses no © também são mutáveis e dependem do contexto - não há uma ideia fixa de
interesses nacionais ou de preferências do Estado.

Pressupostos:
 Mundo social - processos e estruturas intersubjetivas (valor que atribuímos ao significado
das coisas)
o Significado partilhado - coisas têm valor que lhes damos; é isto que faz com que o
mundo exista
 Agentes constroem a realidade através da reprodução de práticas diárias
 Factos sociais só o são porque existe um acordo entre indivíduos sobre o que representam -
interpretação (difere do mundo natural pela existência material)
 Estruturas políticas (nacionais e internacionais) não são materiais (pré-adquiridas), mas
socialmente construídas (não são fixas , mas mutáveis)
 Entendimento partilhado assenta no conhecimento. Só podemos partilhar o que sabemos
(ponto de vista cognitivo ou material/físico). O conhecimento é construído socialmente e
depende da interpretação e da língua em que é produzido, disseminado e interpretado.
Conhecimento, ideias e significados dependem do contexto

 Interação social (socialização) origina as identidades, objetivos e interesses dos atores


 Através da socialização, aprendo a fazer parte de um grupo
 Interação entre os atores é construída e regulada por normas e práticas socialmente
partilhadas
 Base da socialização é replicação de práticas
o Estados "falhados" não falham por falta de referências, mas por referências não
adequadas
 Para criação do grupo, é necessário o entendimento intersubjetivo com outros membros do
grupo sobre o que é o grupo (partilha das regras)
 Os estados são agentes dinâmicos, cujas identidades não são pré-adquiridas, mas
(re)construídas através de práticas e experiências históricas - relações entre estruturas
institucionais, identidades e interesses
 O comportamento dos atores é determinado pelas estruturas institucionais em que se
inserem, mas também pela interação entre os atores. Estes constroem e reconstroem as
estruturas nas quais estão integrados

Resumos TRI – Joana Martins (Prof. Ana Santos Pinto; 2022) 50


Contributos
Ao contrário do (R) e (L), o (C) não se preocupa com o resultado; o que interessa é o processo
(Como é que as coisas se constroem e acontecem? Porque acontecem daquela maneira? Como é
que os agentes vêm as suas competências? Como é que vou adaptando processos ao contexto? )
 Conhecimento intersubjetivo e as ideias têm efeitos constitutivos na realidade social e na
sua evolução
 A comunicação/discurso permite aos agentes fixar os significados da realidade social
 Centra-se na mudança e nos processos, utilizando a História como base contextual para a
criação de novas regras e estrutura sociais (=/= fator explicativo)
 Salienta fontes não-materiais de poder
Dimensão subjetiva muito significativa

Debate/Relação agente-Estrutura
(R) - centra-se mais no agente (posição dos agentes condiciona a estrutura - SI)
(INSTIT) - centra-se na estrutura, que condiciona o comportamento dos agentes
(C) - Centrar análise na relação entre o agente e a estrutura (são mutuamente construídos) - as
estruturas (ideacionais e materiais) condicionam o indivíduo e este o desenvolvimento das
estruturas em que se insere
Interação - não consigo delimitar só o papel de uma das partes. Tenho de relacionar o
comportamento, o fenómeno com o contexto onde este se dá
 Estruturalismo - estrutura enquanto sistema de relações entre os elementos que a compõem

Via Média
Na década de 90, (C) como meio entre teorias mainstream que explicam dinâmica de
conflitualidade e de cooperação.
 Apresenta-se no meio no ponto de vista agente/estrutura
 Posicionamento intermédio entre racionalismo (R) (L) e interpretativismo (Pós-
Estruturalismo; TC; Pós-Modernismo)
 Ligação entre posição positivista/materialista e uma perspetiva idealista/interpretativa
Estrutura - sistema de relações
(relações como input, output)Contexto - aquilo que está á minha volta (pode incluir várias
estruturas)
Estrutura não muda, contexto muda
Contexto surge na relação entre o agente e a estrutura
Estrutura influenciável pelo contexto, no sentido dos interesses dos agentes

Nicholas Onuf
 Inicia corrente construtivista nas RI
 Só existe permanência da guerra porque entendemos que relações conflituais levam á
existência da guerra - eu ajo sabendo que a prática é a conflitualidade
 Quanto estou num momento de tensão existe um entendimento subjetivo que a tensão é
eminente
 Não há qualquer contexto humano pré-social (não existe pré-adquirido) - estados não têm
de ter determinadas funções porque alguém lhes disse. (se os estados entenderem que

Resumos TRI – Joana Martins (Prof. Ana Santos Pinto; 2022) 51


conceito de soberania deixa de se aplicar, então ele deixa de existir - entendimento
partilhado)
o O problema das teorias sociais é partirem de uma conceção autónoma do indivíduos
 Nenhum indivíduo é livre ou precede estruturas sociais em que vive - agentes e estruturas
(instituições sociais) constituem-se mutuamente
 Existe capacidade de mudança que parte da interação entre indivíduos (se entenderem
mudar, então deve ser alterado)
 Anarquia constrói-se por oposição á ordem interna dos Estados
 Prática sociais definem-se através de regras (assertivas, orientadoras, compromisso),
transmitidas pela linguagem
Conceitos (palavras) são os mesmos, mas não existe entendimento intersubjetivo sobre os seus
significados

 Considera não existir diferença significativa entre RI e teoria política

Alexander Wendt
Social Theory of International Politics
 Teoria das RI, por oposição ao neorrealismo de Waltz e ao neoliberalismo, mas mantendo a
centralidade do Estado
o (NR) e (NL) partilham o atomismo ontológico (estado/indivíduo) e o positivismo
epistemológico (historicismo/behaviourismo)
 O que está dentro do estado, o que condiciona o seu comportamento, quais os seus
interesses
Construtivismo enquanto teoria estrutural do SI assente no seguinte:
1. Estados são principais unidades de análise para a teoria política internacional
2. As estruturas-chave no sistema de estados são intersubjetivas, em vez de materiais
3. As identidades e interesses dos estados são, significativamente, construídas por essas
estruturas sociais, em vez de sere determinadas exogenamente pela natureza humana ou
pela política interna

Tipologias
 Modernista - hermenêutica objetiva e interesse cognitivo conservador, identificação de
mecanismos sociais causais e relações sociais construtivas
 Modernista linguista - mundo só existe porque conseguimos comunicar e só porque existem
interações de comunicações é que existe realidade partilhada. Hermenêutica subjetiva e
interesse cognitivo conservador; importância dos processos através dos quais os factos
sociais são construídos, por intermedio da linguagem e regras
 Radical - perspetivas pós-modernas e pós-estruturalistas; através de uma interpretação
subjetiva da linguagem e de uma atitude emancipatória e de desconstrução do
conhecimento
 Crítico - hermenêutica objetiva e interesse nos efeitos emancipatórios do conhecimento

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Identidades
 Assentam em estruturas não-materiais que condicionam os atores e determinam os seus
interesses
 Fundamentais para compreender comportamentos, práticas, instituições e mudanças
internacionais
 Interesses construídos com base nas identidades sociais, em interação com outros atores e
contexto onde se inserem
 Importância das práticas, institucionalização das normas e ideias -> definição da identidade
 Identidades múltiplas - cada pessoa pode ter várias identidades, tal como os Estados que
praticam várias agências em diversas plataformas do SI
 Surgem da inserção num determinado grupo (voluntária ou contextual). Sentimento de
pertença é o que me faz reconhecer como parte desse grupo (replicar ideias e princípios) -
sentimento de pertença implica uma componente prática/"fazer coisas", que leva a um maior
envolvimento no grupo
o Identidade formal - atribuídas por instituições
Ex: alguém que seja português, mas que não sente qualquer pertença á comunidade, tem
identidade formal portuguesa, mas não identidade grupal.

Existem elementos (componente ideacional e identidades) que condicionam os agentes, os seus


interesses, e os contextos onde os agentes interagem
 Ao contrario do (R), interesses não são fixos ou definidos à partida. Mas decorrem da
construção identitária

Ás vezes, iniciam-se processo de integração num determinado grupo e depois a realidade é


diferente das expectativas e, portanto,

Normas
Enquadramento do comportamento - eu decido e ajo em função do que é adequado às normas
 Comportamentos condicionados pelos contextos históricos, sociais e normativos
 Norma - convicção face ao comportamento que se entende por adequado, num dado
contexto [lógica de adequação]
 Determinam identidades sociais e dão conteúdo e significado aos interesses
 Agente pode ter comportamento não adequado ás normas, mas sabe que vai ser recebido
como contra (e pode ser esse o seu objetivo)
 São mutáveis - podem ser alteradas a partir de um a rutura em que grupo decide que norma
deixa de fazer sentido

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Práticas discursivas
Base do entendimento da realidade internacional
 Importância da linguagem como veículo de difusão e institucionalização de ideias, práticas e
mecanismo de construção de realidade social
 A realidade material e imaterial expressa-se através do discurso
 Estruturas materiais só se tronam inteligíveis ao indivíduo quando sustentadas em estruturas
partilhadas de conhecimento (intersubjetividade) -> conceito e conteúdo
 Analise de discurso (que também deve incluir componente física) e das práticas discursivas
 Mensagens ganham forma e passam à ?? Internacional por serem replicadas
Instituições
 Servem para organizar os grupos
 Permitem um contexto de interação
 Funções regulativas - elemento de padronização (regras básicas de conduta e prescrição de
comportamentos) - "regras de jogo"
 Funções constitutivas (definem e atribuem significados aos comportamentos)
Também são mutáveis

Definem identidade corporativa - como se percecionam em relação ao outro


Construtivistas que dão Papel das instituições
enfâse a:

Identidade do Estado Analisam instituições de acordo com papéis assumidos pelos


atores estatais

Normas como criadoras Instituições como agentes de mudança


de comportamentos

Dinâmicas/processos Instituições como arenas para projetar mudanças nos


comportamentos e como estruturas promotoras de alterações na
perceções dos seus membros

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Pós-Modernismo
Definição
 "Desnaturalização" sistemática do real e do adquirido (discutir o que é tido por certo],
procurando crítica social, em nome do bem ético [comportamento/ação que resulta do
exercício do livre-arbítrio e é orientado para a máxima felicidade]

GRANDES DEBATES- arrumar raciocínio das escolas


 Evolução no quadro dos debates, do crescimento e apuração das escolas
Ligar pontos entre várias escolas

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