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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ


CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS
CURSO D DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

OLIVIA CAROLINE ALVES MOREIRA

A RELAÇÃO DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO/GESTÃO


SOCIOAMBIENTAL DA COMPANHIA HIDROELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO

FORTALEZA - CEARÁ
2017
1

OLIVIA CAROLINE ALVES MOREIRA

A RELAÇÃO DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO E A GESTÃO


SOCIOAMBIENTAL DA COMPANHIA HIDROELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação em Administração do
Centro de Estudos Sociais Aplicados da
Universidade Estadual do Ceará, como
requisito parcial à obtenção do grau de
bacharel em Administração.

Orientadora: Profa. Dra. Maione Rocha de


Castro Cardoso

FORTALEZA - CEARÁ
2017
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3

OLIVIA CAROLINE ALVES MOREIRA

A RELAÇÃO DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO/GESTÃO SOCIOAMBIENTAL


DA COMPANHIA HIDROELÉTRICA DO SÃO FRANCISCO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Graduação em Administração do Centro de
Estudos Sociais Aplicados da Universidade Estadual
do Ceará, como requisito parcial à obtenção do grau
de bacharel em Administração.

Aprovada em: 11 de julho de 2017

BANCA EXAMINADORA
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RESUMO

O salto tecnológico observado na sociedade deu início a uma competitividade maior no


campo organizacional. As organizações sofreram uma maior pressão por parte da sociedade e
do governo para se posicionarem frente às questões que envolvem a sustentabilidade como
tema uma vez que o Planeta passa por mudanças ambientais e estas comprometem a qualidade
de vida das futuras gerações. Partindo desta premissa, o setor de geração e transmissão de
energia elétrica, visto como setor indicador do crescimento, representa uma área de grande
visibilidade e por este motivo este artigo terá como objetivo central observar a relação entre o
desempenho econômico financeiro com a gestão socioambiental da Companhia Hidroelétrica
do São Francisco - CHESF. Utilizando-se de dados coletados por meio de três relatórios
anuais da empresa (2013, 2014 e 2015), e analisando-os sob o prisma de uma pesquisa
qualitativa, vimos que acima de qualquer proposta de reflexão sobre o tema sustentabilidade
por parte da empresa, o aspecto financeiro dita o aumento ou não de investimentos para a
gestão socioambiental. Concluímos que os investimentos em setores ligados diretamente à
gestão socioambiental da empresa acompanham o crescimento financeiro da instituição.

Palavras-chave: Economia. Gestão socioambiental. Sustentabilidade.


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ABSTRACT

The technological leap observed in society has initiated a greater competitiveness in the
organizational field. Organizations have come under increased pressure from society and
government to take a stand on the issues surrounding sustainability as a theme as the planet
undergoes environmental changes and these compromise the quality of life of future
generations. Based on this premise, the sector of generation and transmission of electric
energy, as an indicator of growth, represents an area of high visibility and for this reason this
article will have as its central objective to observe the relationship between economic and
financial performance with the socio-environmental management of San Francisco
Hydroelectric Company - CHESF. Using data collected through three company annual reports
(2013, 2014 and 2015), and analyzing them from the perspective of a qualitative research, we
have seen that above any proposal for reflection on the sustainability theme by the company.
The financial aspect dictates the increase or not of investments for socio-environmental
management. We conclude that investments in sectors directly linked to the company's socio-
environmental management follow the financial growth of the institution.

Keyswords: Economy. Socio-environmental management. Sustainability


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 7
2 PROCESSO DE CONSCIENTIZAÇÃO DOS AGENTES
ECONÔMICOS......................................................................................... 10
3 CONCEITOS ORGANIZACIONAIS....................................................... 12
3.1 SUSTENTABILIDADE.............................................................................. 12
3.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL................................................ 12
3.3 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL......................................... 14
4 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL CORPORATIVA....... 16
5 O PAPEL DO ESTADO COMO NORTEADOR DA
SUSTENTABILIDADE........................................................................ 19
6 A CHESF E SUA POLITICA DE SUSTENTABILIDADE................... 20
6.1 AÇÕES REALIZADAS PELA COMPANHIA......................................... 20
6.1.1 Pas-plano de ação socioambiental........................................................... 20
6.1.2 Gestão de biodiversidade......................................................................... 21
7 DIVULGAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS......................................... 23
8 CONCLUSÃO............................................................................................. 28
REFERÊNCIAS........................................................................................ 29
7

1 INTRODUÇÃO

O tema sustentabilidade passou a se difundir em uma escala maior no âmbito


organizacional a partir do momento em que o próprio mercado consumidor começou a
pressionar por políticas e ações voltadas a preservação no meio ambiente visando a qualidade
de vida das gerações futuras. Deste varia o conceito de responsabilidade socioambiental, o
qual fundamentalmente é um conceito ético, envolvendo as condições de bem-estar com a
capacidade produtiva e interferindo diretamente na qualidade de vida dos seres. Assim, tem-se
se destacado a importância de inovar não somente nas tecnologias, mas também nas esferas
sociais e ambientais, respeitando a particularidade de cada região. (DONAIRE, 2007, P.21).
Desse modo, quando se fala em primeira instancia em Responsabilidade Socioambiental
(RSA), é cobrado o papel do Estado frente às questões de preservação e desenvolvimento para
que se tenha o mínimo de impacto no Planeta.
Visto isso no Brasil, foi criado no ano de 1992 o Ministério do Meio Ambiente- MMA,
a fim de promover a adoção de princípios e estratégias para o conhecimento, a proteção e a
recuperação do meio ambiente, o uso sustentável dos recursos naturais, a valorização dos
serviços ambientais e a inserção do desenvolvimento sustentável na formulação e na
implementação de políticas públicas, de forma transversal e compartilhada, participativa e
democrática, em todos os níveis e instâncias de governo e sociedade.
A holding Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobrás, controlada pelo governo,
administra o Sistema Eletrobrás, que é o maior conglomerado empresarial de energia elétrica
da América Latina, com atuação em geração, transmissão, distribuição e comercialização. O
sistema de geração da Eletrobrás, responsável por 37% da capacidade total do País, é
composto por oito empresas geradoras, entre elas, a Chesf destaca-se por produzir 25% de
toda a energia do Sistema.
Por este motivo, no presente artigo, o objeto de estudo será a Companhia Hidroelétrica do
São Francisco-CHESF, uma empresa estatal, geradora e distribuidora de energia elétrica,
pertencente à Eletrobrás e que por isso é visada como exemplo para o mercado no quesito de
desenvolver tecnologias que sejam capazes de inovar e ao mesmo tempo preservar o meio
ambiente e sociedade de forma integrada e simultânea.
Com base na política de desenvolvimento social das empresas do grupo Eletrobrás, a
sustentabilidade empresarial na Chesf tem como objetivo estabelecer diretrizes que norteiem
suas ações quanto à promoção do desenvolvimento sustentável, buscando equilibrar nas
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oportunidades de negócio a rentabilidade econômico-financeira, a inclusão social com respeito


aos interesses de todos os públicos envolvidos diretamente ou indiretamente. Para tal objetivo a
Companhia desenvolveu projetos que serão apresentados no decorrer deste trabalho.
Porém, não basta apenas ser sustentável e ter programas de apoio à comunidade. É preciso
que as empresas passem a ideologia de um mundo capaz de produzir e consumir sem impactos
ambientais e garantir a qualidade de vida dos seres. Logo, questiona-se: A Chesf, como grande
geradora e distribuidora de energia elétrica, insumo fundamental para a qualidade de vida da
população e crescimento econômico, seria capaz de interferir diretamente no cotidiano dos
habitantes das regiões onde está localizada a empresa a ponto de direcionar as tomadas de ação
destes? E ainda, como propagar a ideia de ser socioambiental de forma contínua dentro e fora da
organização?
Assim, o objetivo geral deste trabalho é estudar as práticas os impactos do desempenho
econômico-financeiro da empresa na gestão socioambiental. Especificamente, espera-se:
• Identificar as mudanças ocorridas ao longo dos anos e os resultados obtidos com as ações
socioambientais da empresa;
• Estudar se as mudanças ocorridas na gestão socioambiental são diretamente causadas
pelo aspecto econômico-financeiro da empresa;
• Identificar os principais investimentos e gastos socioambientais da empresa nos anos de
2013, 2014 e 2015.
Assim, este estudo se justifica pela necessidade de conhecer mais detalhadamente as
ações da Chesf, relacionado a temas transversais com as questões ambientais, tornando-se
igualmente importantes para os interesses corporativos das empresas, tais como: ganhos de
competitividade, inserção mercadológica, melhoria na imagem corporativa, avanço e ampliação
dos índices financeiros; Uma vez que a mesma é uma empresa de grande porte e por ser pública
inspira as demais empresas brasileiras nas suas ações socioambientais.
O presente artigo caracteriza-se como fruto de pesquisa qualitativa e descritiva. Collis e
Hussey (2005, p.26) afirmam que uma abordagem qualitativa é mais subjetiva, envolvendo o
exame e as reflexões sobre as percepções, de forma a obter um entendimento de atividades
sociais e humanas. Uma pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou
de determinado fenômeno e pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua
natureza (VERGARA, 2009, p.47). Assim, é apropriado classificar a presente pesquisa como
descritiva, pois serão descritas as características básicas da sustentabilidade, em suas dimensões
principais e também na aplicação ao setor hidroelétrico utilizando a Chesf como objeto de
9

estudo. Utilizamos como corpora, três relatórios da Chesf (2013, 2014 e 2015), mais
especificamente, os dados referentes à temática do desempenho ambiental da empresa.
As informações e dados para a pesquisa estão alicerçados em bibliografia sobre a
temática em estudo. Vergara (2009, p.43) diz que a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com
base em material acessível ao público em geral, como livros, revistas, redes eletrônicas, entre
outros.
A cada ano a CHESF avança na questão da gestão ambiental, consciente de que essa
postura é muito mais do que um fator de competitividade que rege as organizações modernas.
Assim, como forma de melhor entender este estudo, este trabalho está dividido em cinco seções
distintas. Além desta parte introdutória, a segunda seção é composta pelo referencial teórico, o
qual aborda as teorias organizacionais selecionadas para o estudo. A terceira seção é composta
pelos procedimentos metodológicos, seguida da apresentação e análise dos resultados. Por fim,
na quinta seção, têm-se as considerações finais.
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2 PROCESSO DE CONSCIENTIZAÇÃO DOS AGENTES ECONÔMICOS

A sociedade como um todo, passou por um processo de expansão de consciência no que


se refere às questões ambientais por pressão das mídias e das ONGS que iniciaram um processo
de conscientização dos efeitos causados pela globalização e os impactos diretos e indiretos do
consumismo. Uma nova demanda passou a ser moldada e de acordo com esta não bastaria ser
observado a qualidade do produto ou os impactos ambientais que este causaria(para produzir ou
sendo consumido).O que se pode observar foi um movimento de direcionamento de
responsabilidades sociais e ambientais, que foi repassada as organizações afim de cobrar dos
seus líderes posicionamentos e ações socioambientais .
Com o surgimento de um mercado consumidor mais rígido, disposto a manter uma
comunicação que vá além do marketing com orientação para vendas, interagindo diretamente
com a organização e cobrando desta uma imagem institucional, não apenas do produto ou
serviço o, construída através de políticas e ações ecologicamente corretas que tenham início
rápido ainda no processo de planejamento e duração de longo prazo.
As organizações passaram a enxergar esse novo mercado como uma fonte de resultados
positivos, uma vez que os consumidores estão dispostos a pagar mais pelo produto da empresa
que demonstre não agredir o meio ambiente gerando assim uma concorrência na qual a busca é a
identificação do consumidor como produto e a forma como ele é produzido. Assim as empresas
passaram a enxergar a gestão ambiental como instrumento formador de condições competitivas e
a implantação da mesma deixa de apenas por motivos legislativos para ter como motivo a
necessidade de atender as expectativas do consumidor aumentando além da competitividade, a
qualidade do produto, atender a pressão das ONGS ambientalistas além de um marketing verde
bem elaborado perante a sociedade.
Takeshy Tachizawa(2011 p.6) afirmava que “o quanto antes as organizações começarem
a enxergar o meio ambiente como o seu principal desafio e como novo oportunidade
competitiva, maior será a chance de que sobrevivam”. O autor também sugere um conceito que
diferencie crescimento econômico de desenvolvimento econômico onde o primeiro seria o
crescimento continuo do produto nacional além termos globais e ao longo do tempo; enquanto
desenvolvimento além de crescimento da produção nacional seria também a forma como este
está distribuído social e setorialmente dentro do País.
Desta forma a administração de empresas passa a ter uma nova função de proteção
ambiental como um objetivo estratégico onde a empresa através desta função passa a ser visto
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com um sistema vivo onde não se pode apenas analisar a esfera econômica, mas deve ser
avaliado também os impactos desta sobre todo o estema no qual está inserido. A gestão
ambiental estratégica seria motivada por observância das leis e melhorias na imagem da
organização, ou seja, por uma ética ecológica e ou uma preocupação com o bem-estar das futuras
gerações.
Desde os anos de 1990, no Brasil, as questões ambientais adquiriram maior espaço entre
as discussões sociais, envolvendo os vários atores: governo, consumidores, políticos,
empresários. Muitas propostas de estudos foram sugeridas e desenvolvidas, como as sondagens
sobre: os comportamentos e a percepção dos agentes econômicos quanto a sustentabilidade; os
atuais padrões de consumo; o modelo de produção vigente; a dicotomia entre crescimento
econômico e pobreza; a atuação do Estado como regulador do uso, preservação e recuperação do
meio ambiente; os principais fatores causadores da poluição, desmatamento, erosão, destruição
ambiental, etc. Esse estudos e discussões buscaram de forma geral responder à grande questão: o
que fazer para melhorar o "nosso futuro comum"?
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3 CONCEITOS ORGANIZACIONAIS

3.1 SUSTENTABILIDADE

Segundo Corrêa (2010) citado por Fabris (2013,p.68), o conceito de sustentabilidade


corporativa tem suas raízes nas preocupações que surgiram a partir do início dos anos 70 com a
explosão demográfica, os impactos ocasionados pelo acelerado crescimento econômico, e
indiscriminada utilização dos recursos naturais, o desenvolvimento sustentável passou a ser
então considerado um novo paradigma para desenvolvimento das nações, que busca a integração
do crescimento econômico, igualdade social e preservação ambiental, como elementos
relacionados de suporte ao desenvolvimento do longo prazo.
Assim, por Sustentabilidade entendemos ser um conceito amplo, que se deve ser
percebido por uma visão holística dos problemas da sociedade, e não focar apenas na gestão dos
recursos naturais. É pensar em algo muito mais profundo, que visa uma verdadeira metamorfose
do modelo civilizatório atual. As oito dimensões do ecodenvolvimento, segundo Sachs
(2002,p.85-89), deve permear todo o planejamento de desenvolvimento, que precisa levar em
conta, simultaneamente, as seguintes dimensões de sustentabilidade: social, cultural, ecológica,
ambiental, territorial, econômica, política nacional, política internacional.
A relação entre sociedade, empresa e meio ambiente tem sido discutida em fóruns sociais
e ambientais no sentido de encontrar alternativas viáveis que não prejudiquem o meio ambiente
em detrimento do lucro e vice-versa. Assim, ocorre uma revisão dos valores empresariais, que
agora precisam estar atrelados aos interesses de todos os stakeholders, equilibrando-os de forma
a evitar o domínio de um segmento sobre outro (TACHIZAWA, 2011).

3.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O paradigma sobre o desenvolvimento econômico surgiu a partir das discussões das


décadas de 1970 e 1980 do século XX quanto aos limites e incompatibilidade entre o
crescimento da população humana, da economia e da utilização dos recursos naturais. Assim, o
conceito de desenvolvimento sustentável procura integrar e harmonizar as idéias e conceitos
relacionados ao crescimento econômico, a justiça e ao bem-estar social, a conservação ambiental
e a utilização racional dos recursos naturais. Para tanto considera as dimensões social, ambiental,
econômica e institucional do desenvolvimento (SACHS, 2004, p.26).
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O desenvolvimento Sustentável tem indicado a existência de uma nova economia, a


chamada Economia Verde, favorecendo e promovendo mudanças inevitáveis aos negócios, onde
umas das principais forças capazes de acelerar o ritmo rumo a essa mudança vem do setor
privado. E a outra força viria do Governo, por meio de políticas públicas planejadas e elaboradas
com a participação social, aplicadas no lugar e tempo certos (SAFATLE, 2009, p.16).
Em termos sociais o desenvolvimento sustentável propõe a repartição mais justa das
riquezas produzidas (justiça social), a universalização do acesso à educação e à saúde, e a
equidade entre sexos, grupos étnicos, sociais e religiosos, entre outros aspectos. Do ponto de
vista ambiental, o desenvolvimento sustentável propõe a utilização parcimoniosa dos recursos
naturais, de forma a garantir o seu uso pelas gerações futuras. Propõe, ainda, a preservação de
amostras significativas do ambiente natural, de forma a garantir a manutenção dos serviços
ambientais que estas áreas propiciam e a qualidade de vida da população do entorno. Uma das
características deste novo paradigma de desenvolvimento é o compromisso e a preocupação com
as condições de vida das próximas gerações (MAY, LUSTOSA E VINHA, 2003). Quanto à
economia, o desenvolvimento sustentável postula o crescimento baseado no aumento da
eficiência de uso da energia e dos recursos naturais. O desenvolvimento sustentável postula
também mudanças nos padrões de consumo da sociedade e nos padrões de produção, com a
redução do desperdício e maior consciência dos impactos causados pelo uso dos recursos
naturais.
E em termos institucionais, avalia o grau de participação e controle da sociedade sobre as
instituições públicas e privadas, o aparelhamento do estado para lidar com as questões
ambientais, o envolvimento em acordos internacionais, o montante de investimento em proteção
ao meio ambiente, ciência e tecnologia e o acesso a novas tecnologias. A dimensão institucional
trata da orientação política, da capacidade e do esforço despendido pela sociedade para que
sejam realizadas as mudanças necessárias a efetiva implementação deste novo paradigma de
desenvolvimento (MAY, LUSTOSA E VINHA, 2003).
O novo paradigma do Desenvolvimento Sustentável leva em conta não apenas o
crescimento da atividade econômica, mas também as melhorias sociais, institucionais e
ambiental, buscando, em última análise, garantir o bem-estar da população em longo prazo,
assegurando um meio ambiente saudável para as futuras gerações.
14

3.3 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Para se falar em Responsabilidade Socioambiental, precisamos nos reportar à


Responsabilidade Social Corporativa-RSC, que não possui um conceito fechado e determinado,
de tal modo que é abrangente e consensual em todas as escolas que estudam esse fenômeno. A
noção de RSC vai desde ações sociais a deliberações éticas que compreendam decisões de
negócios tomadas partindo de valores éticos, que pressupõem respeito ao meio ambiente, à
comunidade e aos sujeitos que fazem parte dela (MACHADO FILHO, 2006).
As ações de responsabilidade foram iniciadas pela filantropia, sendo posteriormente
estendidas às esferas sociais, ambientais e econômicas. Os registros que datam do século XIX,
nos Estados Unidos colocam a responsabilidade como ação regulada pelo Estado através de leis,
sendo controladas tais ações para que não se desvirtuassem do que era unicamente expresso na
legislação. No início do século XX, a Alemanha aplica em sua Constituição a função social da
propriedade como mecanismo de distribuir entre Estado e empresariado as responsabilidades de
crescimento social (TORRES, 2001).
Mas, apesar da expressão Responsabilidade Social Corporativa ser recente e aplicada
apenas na década de 1950, a sua popularização aconteceu alguns anos depois, por meio de
estudos realizados nos Estados Unidos e na Europa nos anos de 1960, como respostas às
pressões sociais quando da emergência de eventos que mostravam as facetas das organizações
como preocupadas apenas com resultados financeiros e dispostas apenas a ter obrigações com os
acionistas. Desta forma, a sociedade passou a exigir clareza e transparência nas ações das
empresas, solicitando das entidades controladoras e competentes termos de regulação para que
estas passassem a agir de forma a responder pelos dolos causados, e tomar medidas que
evitassem prejudicar os meios em que se inseria, além de se comprometer com o
desenvolvimento das comunidades.
Mas diversos fatores desencadearam gradativamente a importância dada pelas empresas
às questões ambientais, durante o período mencionado como ambientalismo estratégico (1988-
93). Entre os condicionantes mais relevantes estão fatores como regulamentações ambientais, a
reputação da companhia, a redução de custos, a demanda dos consumidores, redução de risco
financeiro das empresas, na forma de redução de multas e ações judiciais, a diferenciação de
produtos, a melhoria da posição de mercado. Ressalta-se, porém, que o processo de formação de
estratégias ambientais consistentes é dinâmico e continua evoluindo, conduzido pela
aprendizagem, estando em permanente transformação.
15

Ainda conforme Souza (2002) existe duas tipologias de estratégias ambientais: uma
quanto à forma de resposta às pressões ambientais e outra quanto ao foco das estratégias
ambientais. As principais diferenças entre estas duas estratégias referem-se à forma como as
empresas respondem a suas contingências ambientais. De um lado, existem empresas totalmente
passivas, reativas ou conformistas, que buscam apenas a conformidade com as regulamentações,
e de outro lado existem empresas ativas, pró-ativas ou estratégicas, que buscam ir além das
exigências regulamentares e integrar o meio ambiente nas estratégias competitivas da empresa.
Neste novo modelo, as dimensões foram reduzidas para apenas três domínios da RSC:
econômico, legal e ético. Neste novo modelo, o domínio ético abrangeu as responsabilidades da
empresa diante da população geral e dos stakeholders, que correspondem a todas as partes
interessadas de uma empresa, tais como acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, governo,
comunidade e meio-ambiente.
O movimento do desenvolvimento sustentável preocupa-se com a capacidade de
sobrevivência do planeta, diante de problemas sociais e ambientais que foram produzidos pelo
homem. Ignacy Sachs (1993) segregou os elementos constitutivos do desenvolvimento
sustentável em cinco dimensões: equidade da distribuição de renda da população, gestão
eficiente dos recursos produtivos por investimentos públicos e privados, redução de danos ao
meio ambiente causados por processos de desenvolvimento, equilíbrio da população no espaço
rural-urbano e respeito à pluralidade de solução de cada ecossistema, cada cultura e cada local.
Ressalta-se outra dimensão relevante que foi posteriormente incluída, que corresponde a uma
dimensão política, responsável por consolidar a democracia para a participação de todos no
processo de desenvolvimento.
E corroborado essas premissas, condizentes com o estágio ambientalista-estratégico das
corporações, para Barbieri e Cajazeira (2009, p.70), uma empresa sustentável seria aquela que
incorpora os conceitos e os objetivos do desenvolvimento sustentável em suas políticas e práticas
de um modo consistente. Logo, para apresentar-se de forma sustentável, a empresa deve além de
atender as necessidades dos stakeholders, ainda proteger, sustentar e aumentar os recursos
humanos e naturais necessários no futuro.
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4 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL CORPORATIVA

Para se falar em Responsabilidade Socioambiental, precisamos nos reportar à


Responsabilidade Social Corporativa-RSC, que não possui um conceito fechado e determinado,
de tal modo que é abrangente e consensual em todas as escolas que estudam esse fenômeno. A
noção de RSC vai desde ações sociais a deliberações éticas que compreendam decisões de
negócios tomadas partindo de valores éticos, que pressupõem respeito ao meio ambiente, à
comunidade e aos sujeitos que fazem parte dela (MACHADO FILHO, 2006).
As ações de responsabilidade foram iniciadas pela filantropia, sendo posteriormente
estendidas às esferas sociais, ambientais e econômicas. Os registros que datam do século XIX,
nos Estados Unidos colocam a responsabilidade como ação regulada pelo Estado através de leis,
sendo controladas tais ações para que não se desvirtuassem do que era unicamente expresso na
legislação. No início do século XX, a Alemanha aplica em sua Constituição a função social da
propriedade como mecanismo de distribuir entre Estado e empresariado as responsabilidades de
crescimento social ( TORRES, 2001).
Mas, apesar da expressão Responsabilidade Social Corporativa ser recente e aplicada
apenas na década de 1950, a sua popularização aconteceu alguns anos depois, por meio de
estudos realizados nos Estados Unidos e na Europa nos anos de 1960, como respostas às
pressões sociais quando da emergência de eventos que mostravam as facetas das organizações
como preocupadas apenas com resultados financeiros e dispostas apenas a ter obrigações com os
acionistas.
Desta forma, a sociedade passou a exigir clareza e transparência nas ações das empresas,
solicitando das entidades controladoras e competentes termos de regulação para que estas
passassem a agir de forma a responder pelos dolos causados, e tomar medidas que evitassem
prejudicar os meios em que se inseria, além de se comprometer com o desenvolvimento das
comunidades.
Mas diversos fatores desencadearam gradativamente a importância dada pelas empresas
às questões ambientais, durante o período mencionado como ambientalismo estratégico (1988-
93). Entre os condicionantes mais relevantes estão fatores como regulamentações ambientais, a
reputação da companhia, a redução de custos, a demanda dos consumidores, redução de risco
financeiro das empresas, na forma de redução de multas e ações judiciais, a diferenciação de
produtos, a melhoria da posição de mercado. Ressalta-se, porém, que o processo de formação de
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estratégias ambientais consistentes é dinâmico e continua evoluindo, conduzido pela


aprendizagem, estando em permanente transformação.
Ainda conforme Souza (2002) existe duas tipologias de estratégias ambientais: uma
quanto à forma de resposta às pressões ambientais e outra quanto ao foco das estratégias
ambientais. As principais diferenças entre estas duas estratégias referem-se à forma como as
empresas respondem a suas contingências ambientais. De um lado, existem empresas totalmente
passivas, reativas ou conformistas, que buscam apenas a conformidade com as regulamentações,
e de outro lado existem empresas ativas, pró-ativas ou estratégicas, que buscam ir além das
exigências regulamentares e integrar o meio ambiente nas estratégias competitivas da empresa.
Neste novo modelo, as dimensões foram reduzidas para apenas três domínios da RSC:
econômico, legal e ético. Neste novo modelo, o domínio ético abrangeu as responsabilidades da
empresa diante da população geral e dos stakeholders, que correspondem a todas as partes
interessadas de uma empresa, tais como acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, governo,
comunidade e meio-ambiente.
O movimento do desenvolvimento sustentável preocupa-se com a capacidade de
sobrevivência do planeta, diante de problemas sociais e ambientais que foram produzidos pelo
homem. Sachs (1993 p.27-28) segregou os elementos constitutivos do desenvolvimento
sustentável em cinco dimensões: equidade da distribuição de renda da população, gestão
eficiente dos recursos produtivos por investimentos públicos e privados, redução de danos ao
meio ambiente causados por processos de desenvolvimento, equilíbrio da população no espaço
rural-urbano e respeito à pluralidade de solução de cada ecossistema, cada cultura e cada local.
Ressalta-se outra dimensão relevante que foi posteriormente incluída, que corresponde a uma
dimensão política, responsável por consolidar a democracia para a participação de todos no
processo de desenvolvimento.
E corroborado essas premissas, condizentes com o estágio ambientalista-estratégico das
corporações, para Barbieri e Cajazeira (2009 p. 70), uma empresa sustentável seria aquela que
incorpora os conceitos e os objetivos do desenvolvimento sustentável em suas políticas e práticas
de um modo consistente. Logo, para apresentar-se de forma sustentável, a empresa deve além de
atender as necessidades dos stakeholders, ainda proteger, sustentar e aumentar os recursos
humanos e naturais necessários no futuro.
Segundo Barbieri (2007), a empresa sustentável deve atender simultaneamente os
critérios de equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica. Ou seja, é requerido
que a empresa trate sincronicamente todas as três dimensões do modelo, o que consiste em um
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grande desafio, uma vez que se sabe que a dimensão do lucro é geralmente priorizada. A
Estratégia organizacional é a criação, implementação e avaliação de decisões dentro de uma
organização, quelhe permitem atingir os seus objetivos a longo prazo. Ela fornece orientações
gerais para a organização A estratégia organizacional especifica a missão da organização, visão e
objetivos, e desenvolvem políticas e planos, muitas vezes, em termos de projetos e programas,
criados para atingir as metas da organização.
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5 O PAPEL DO ESTADO COMO NORTEADOR DA SUSTENTABILIDADE

O Estado é um poderoso agente na reconfiguração da economia em um contexto de


sustentabilidade, porquanto estabelece o arcabouço normativo, promove temas por meio da
capilaridade que possui em variados segmentos da vida em sociedade e, ainda, é um ente
detentor de uma considerável estrutura de prédios da administração, hospitais, escolas, teatros,
museus, equipamentos, máquinas, frotas de veículos, embarcações, aeronaves, terras,
fortificações militares, e, portanto, um consumidor de grande interferência no sistema
econômico.
A política de sustentabilidade no Brasil ainda não se constitui em política de Estado, de
caráter abrangente, uma vez que se verifica no interior da própria Administração Pública
limitadas e esparsas ações objetivando reduzir o consumo insustentável dos recursos naturais.
O poder de compra que possui o Estado brasileiro, aproximadamente 15% do PIB, pode
ser capaz de provocar importantes transformações no setor produtivo nacional, portanto,
representa uma alternativa de política pública fundamental na tentativa de “esverdeamento” de
sua economia.
Quando se analisa o desempenho do Estado em relação às questões ambientais,
observam-se, geralmente, as ações e as políticas encaminhadas somente pelas instituições
públicas vinculadas aos assuntos ambientais, como: Ministério do Meio Ambiente, Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Instituto Chico Mendes da
Biodiversidade, Secretarias Estaduais e Municipais de Meio Ambiente, Conselhos de Meio
Ambiente, Promotorias de Meio Ambiente, dentre outros. (Planeta Amazônia: Revista
Internacional de Direito Ambiental e Políticas Públicas Macapá, n. 4, p. 45-59, 2012)
Com isso, a política ambiental emanada pelo Estado pouco repercute no interior de suas
estruturas, naquilo que se denomina “máquina pública”. Observa-se uma dissonância entre os
órgãos afins à temática ambiental e todos os demais integrantes da Administração Pública. Ou
seja, a questão ambiental não se revela como uma questão fundamental como é, por exemplo, a
necessidade de combate à corrupção ou a obrigatoriedade de transparência na execução dos
recursos públicos.
A adequação no trato da utilização dos estoques de recursos naturais, bem como a
redução de custos e desperdícios não se constituem em meras ações cujas finalidades sejam
exclusivamente a proteção ao meio ambiente. Tais ações e atitudes são também fundamentos do
princípio da eficiência, norteador da conduta do servidor público.
20

6 A CHESF E SUA POLITICA DE SUSTENTABILIDADE

6.1 AÇÕES REALIZADAS PELA COMPANHIA

Ciente do impacto do seu negócio ao meio ambiente, a Chesf procura utilizar os recursos
naturais de forma responsável, adotando práticas que observam o uso sustentável dos recursos
energéticos.
A Chesf segue a Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobrás para nortear sua
gestão ambiental e com isso trabalha de forma contínua na redução de seus riscos ambientais, na
redução do consumo de recursos naturais e na proteção da biodiversidade das regiões de entorno
de seus empreendimentos. Em 2015, a Chesf destinou R$ 26,9 milhões para programas
direcionamos à preservação do meio ambiente.

6.1.1 PAS- Plano de ação socioambiental

Construído sob os princípios da educação ambiental e de educomunicação o Plano de


Ação Socioambiental – PAS é fruto de um trabalho coletivo, onde atores sociais têm a
oportunidade de juntos definirem as ações voltadas para a preservação ambiental de seus
municípios, com vistas a atingir uma qualidade de vida compatível com sua realidade. É um
plano de gestão compartilhado, unindo cinco municípios em um único território, sob a luz da
sinergia para tornar a questão ambiental um problema de todos e com soluções.
A área de abrangência do PAS está delimitada pelo nível de influência dos
empreendimentos do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso (PA I, II, III e IV e Apolônio
Sales), sendo formada por três Estados: Paulo Afonso e Glória, na Bahia; Delmiro Gouveia e
Pariconha em Alagoas e Jatobá, em Pernambuco.
A construção do Plano, coerente com seus princípios, envolve públicos distintos, de
modo a permitir um diálogo entre instituições públicas, privadas, associações comunitárias e de
classe, cooperativas, organizações governamentais, igrejas, classe política, gestores, educadores,
educandos, trabalhadores agrícolas, entre outros.
Assim, podemos definir o PAS como um conjunto de ações de tratar as questões
socioambientais nas áreas de influência dos empreendimentos de geração e transmissão de
energia elétrica. Promove não apenas o conhecimento da realidade ecossociológica, mas
21

desencadeia, junto à população, processos de informação, conscientização, sensibilização e


participação, cidadania.
O PAS tem como pressupostos a participação, a socialização da informação, a interação e
parceria entre as instituições, a capacitação, a avaliação dos resultados e a continuidade. É
viabilizado por meio da organização das comunidades em Comissões Ambientais (atualmente
existem 24 comissões comunitárias e 5 municipais) e de projetos construídos (inicialmente,
foram selecionados 50 projetos), os quais são consolidados em cinco programas:
 Educação e Saúde ambiental, cujo objetivo é promover ações educativas que
contribuam para o bem-estar dos cidadãos, fortalecendo sua condição de sujeito
no processo de transformação da sua realidade;
 Educomunicação socioambiental, que visa socializar a informação, propiciando
assim a ampliação da consciência ambiental, dos direitos e deveres da
comunidade, bem como a formação de opinião e mudança de hábitos e valores;
 Conservação dos recursos naturais e recuperação de áreas degradadas, buscando
promover a internalização da importância do uso e conservação dos recursos
naturais, bem como mostrar a importância de recuperar os danos provocados
pelas ações da sociedade sobre as riquezas naturais, necessárias à manutenção
dos processos ecológicos;
 Fortalecimento institucional e sustentabilidade, cuja finalidade é acelerar as
relações interinstitucionais, objetivando tornar ágeis e compartilhadas as ações
voltadas para a integração homem-ambiente-sociedade;
 Educação, arte, cultura e meio ambiente, utilizados como canal de promoção da
autoestima e do fortalecimento da condição de pertencimento.

6.1.2 Programa de educação ambiental

A Companhia realiza ações de educação e comunicação ambiental em seus


empreendimentos de transmissão e geração de energia. Durante o ano de 2015, destacaram-se:

 Campanhas Educativas junto às comunidades.


 Ações de fortalecimento institucional e mobilizações comunitárias contempladas
no Plano de Ação Socioambiental (PAS) do Complexo Paulo Afonso (BA) e nas
22

Linhas de Transmissão Banabuiú/Mossoró, Jardim/Camaçari, Picos/Tauá,


Messias/ Recife II e Milagres/Coremas.
 Campanhas de Controle de Queima de Cana de Açúcar com diversas atividades,
como visitas, palestras e oficinas. Com o público interno, a Chesf deu
continuidade ao Programa Meio Ambiente na Empresa (MAE), com a realização
de treinamentos e encontros com temáticas socioambientais.

6.1.3 Gestão de biodiversidade

Dando continuidade ao Programa Meio Ambiente na Empresa (MAE), com a realização


de treinamentos e encontros com temáticas socioambientais. O total de pessoas atendidas pelos
programas nas Linhas de Transmissão, no Controle de Queimadas e no MAE foi de 302 alunos,
105 professores,
278 empregados e 3.957 pessoas de comunidades.
A Chesf também executa ações de monitoramento, controle, verificação e mitigação de
impactos na biodiversidade durante as fases de implantação e operação de seus empreendimentos
e instalações. Essas ações são avaliados e os eventuais impactos monitorados na área de
influência do empreendimento, o que pode resultar em alterações e adequações nos projetos, tais
como mudança de traçado de linhas de transmissão.
23

7 DIVULGAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Com o objetivo de verificar a presença das teorias organizacionais selecionadas na prática


da Responsabilidade Socioambiental da CHESF, o estudo foi conduzido por meio de uma
abordagem qualitativa utilizando-se da pesquisa descritiva, uma vez que a mesma possui caráter
conclusivo e visa descrever algum fenômeno ou algo, especificamente (MALHOTRA, 2006 P.
155), como forma de melhor compreender o objeto desse estudo. Para tanto, realizou-se um
levantamento bibliográfico, objetivando identificar a contribuição das teorias a serem analisadas,
bem como uma pesquisa documental, como técnica de coleta de dados, com o intuito de entender
a relação entre os constructos.
De acordo com Martins e Theóphilo (2009, p. 86) “um estudo pode ser desenvolvido com
o emprego exclusivo de pesquisa documental”, sendo freqüentes na realização de estudos de
caso. O relatório, resultado dos critérios essenciais pertencentes ao Instituto Ethos de empresas e
Responsabilidade Social, encontra-se disponível na web site da empresa e abrange as várias
dimensões e informações necessárias para a efetivação das práticas socioambientais na
organização (INSTITUTO ETHOS, 2006), entendendo que tais aspectos abordados no
documento, podem ser analisados à luz de teorias organizacionais em se considerando os
diversos critérios adotados para a elaboração do mesmo.
Como estratégia de pesquisa, utilizou-se o estudo de caso, pois “seu objetivo é o estudo
de uma unidade social que se analisa profunda e intensamente (MARTINS e THEÓPHILO,
2009, p. 61). Desse modo, por meio do relatório supracitado – considerando-ocomo o mais atual
e completo com a evolução contínua no desenvolvimento das práticas de RSAE na organização,
a análise foi realizada com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF. A partir
dessas informações, realizou-se a análise do documento, uma vez que se considerou um
documento, no caso, o relatório de responsabilidade socioambiental, com o propósito de
relacioná-lo a outros conceitos, tais como as teorias organizacionais (RICHARDSON et al.,
2008). Por meio de um processo hipotético-dedutivo, utilizou-se a teoria como um aspecto de
acumulação e construção de conhecimento, para entendimento das questões pertinentes ao tema
(LEÃO, MELLO e PAIVA, 2009)
Nesta pesquisa, com o objetivo de identificar as mudanças ocorridas ao longo dos anos e
os resultados obtidos com as ações socioambientais da Chesf, realizamos análises de relatórios
divulgados pela empresa referentes aos anos de 2013, 2014 e 2015. O foco específico nestes
documentos foi dado ao tema “desempenho ambiental”, mais especificamente ao subitem
24

“Informações de natureza social e ambiental”. Com o objetivo de buscar uma relação direta dos
aspectos ligados à gestão socioambiental com os resultados econômico-financeiros da empresa,
utilizamo-nos, também, de dados divulgados nos relatórios que revelassem a economia e
finanças da empresa nos respectivos anos tomados como delimitadores temporais.
Uma das empresas da Eletrobras, a Chesf é uma sociedade de economia mista e capital
aberto que administra 14 usinas hidrelétricas, uma termelétrica, 111 subestações e mais de 19 mil
quilômetros de linhas de transmissão em todo o território nacional, especialmente na região
Nordeste do país.
A empresa foi criada pelo Decreto-Lei nº 8.031 de 3 de outubro de 1945 e constituída na
1ª Assembleia Geral de Acionistas, realizada em 15 de março de 1948. A empresa tem sede em
Recife (PE) e possui gerências e administrações regionais nas cidades de Paulo Afonso, Salvador
e Sobradinho (BA), Fortaleza (CE), Teresina (PI), Recife (PE), Xingó (AL) e escritórios em
Brasília (DF) e São Paulo (SP). A maior parte dos seus ativos (próprios e em parceria) fica na
região Nordeste, onde atende os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí,
Rio Grande do Norte e Sergipe.
Com base nos dados coletados, vemos que o prejuízo apontado no parágrafo anterior
refletiu na queda de investimentos em gastos socioambientais se tomados os dados de 2012.
Houve diminuição dos gastos direcionados à preservação e/ou recuperação de ambientes
degradados. A diminuição de investimentos também foi sentida na Educação ambiental para
empregados, terceirizados, autônomos e administradores da entidade, chegando a 50%. Houve
diminuição também no que diz respeito a investimentos em outros projetos ambientais.
No geral, tomando por base os dados divulgados, houve diminuição de investimentos e
gastos socioambientais. Abaixo, temos o quadro divulgado pelo relatório de 2013.

Figura 1 -Investimentos e gastos socioambientais de 2013

Fonte: Relatório Chesf 2013


25

O mercado elétrico no Brasil, durante o ano de 2013, foi repleto de mudanças e


adequações. Segundo o relatório da Chesf referente ao ano de 2013, a companhia apurou um
prejuízo de R$ 466,1, apesar das medidas implantadas para a adequação dos custos e despesas ao
novo nível de receitas operacionais.
Verifica-se, diante dos resultados expostos, que há uma correlação entre os indicadores
socioambientais e os indicadores financeiros. Encontramos evidências de correlação positiva
entre o aspecto financeiro (prejuízo divulgado em 2013) com o indicador de desempenho
socioambiental.
Ainda segundo o mesmo relatório, os custos e despesas operacionais somaram R$5.309
milhões em 2013, +19% em relação ao ano anterior. Este aumento reflete, principalmente, as
seguintes variações: +78,5% com pessoal, em razão do Plano de Incentivo ao Desligamento
Voluntário(PIDV)1, +55,7% nos custos de construção, aumento de R$ 663,3 milhões em energia
elétrica comprada para revenda em relação a 2012, aumento de R$ 727,9 milhões em
combustível para a produção de energia em relação a 2012.
Diferentemente do que foi verificado no tocante ao ano de 2013, os investimentos em
2014 foram maiores.
O ano de 2014 foi de reestruturação e readequação. Diante dos prejuízos contabilizados
no ano anterior, 2014 foi um período de readequação orçamentária.
Como vimos, com o PIDV, em 2014, a Chesf iniciou o ano desenvolvendo suas
atividades com um corpo funcional 23% menor do que no ano anterior e viveu a adversidade da
baixa hidraulicidade que impactou a geração de energia.
Segundo o relatório de 2014, a revogação da concessão da Usina de Camaçari criou um
efeito econômico financeiro positivo no balanço anual da ordem de R$ 460 milhões referentes a
reversões de provisões para perdas. Este cenário econômico impactou favoravelmente no
processo de sustentabilidade econômica da Chesf, além de propiciar benefícios para a área
ambiental.
De fato, os dados divulgados no relatório da empresa em 2014 são claros no sentido de
revelar um aumento dos investimentos e gastos socioambientais, como podemos ver abaixo.

1
. Para se adequar às condições estabelecidas pela Lei nº12.783/2013, a empresa desenvolveu um Plano de
Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV), que incentivava o desligamento de empregados com mais de 20
anos de serviço na empresa ou já aposentados. Como resultado, o plano teve 1.354 adesões e até 31 de dezembro
de 2013 foram desligados 1.326 empregados, ficando os demais para 2014. Dessa forma, a Chesf encerrou o
exercício de 2013 com um quadro de 4.427 empregados, sendo 909 mulheres e 3.518 homens.
26

Figura 2 - Investimentos e gastos socioambientais de 2014

(continuação)

Fonte: Relatório Chesf 2014

Em todos os aspectos verificados houve aumento de investimentos. Segundo o relatório


divulgado em 2015, continua a tendência em aumento de investimentos e gastos socioambientais
da empresa.
Figura 3 - Investimentos e gastos socioambientais de 2014

Fonte: Relatório Chesf 2015

O ano de 2015 foi bastante crítico no que diz respeito ao crescimento econômico. Com
relação aos países emergentes, observa-se redução em seu ritmo de crescimento. Muitos destes
países estão enfrentando problemas internos para retomar o crescimento econômico dos anos
27

anteriores. Nesse sentido, a economia brasileira apresenta um quadro conturbado, influenciada


tanto pelo cenário internacional como por fatores internos. Dentre os aspectos internos, pode-se
destacar o fraco desempenho da indústria, a inflação e a questão fiscal. A crise macroeconômica
que ditou o ritmo de diversos segmentos no país em 2015 também deixou suas marcas nos
principais indicadores do setor elétrico.
Situação crítica foi vivenciada no Nordeste, que encerrou 2015 com apenas 5% de água
nos reservatórios e não ultrapassou os 28% em todo o ano, consequência do baixíssimo volume
de chuvas na região. Já o Sudeste Centro-Oeste tiveram níveis abaixo de 37% o ano todo, devido
ao baixo desempenho hidrológico.
A receita operacional bruta da Chesf em 2015 foi de R$ 4.774,3 milhões - um aumento de
13,4% em comparação ao exercício de 2014, que registrou R$ 4.210,0 milhões. Contribuíram
para essa variação positiva o aumento das receitas de fornecimento e suprimento de energia
elétrica, de operação e manutenção do sistema de transmissão e de comercialização de energia no
mercado de curto prazo, sendo 13,0% (R$ 291,1 milhões), 20,1% (R$ 153,6 milhões) e 4 6,5%
(R$ 70,9 milhões) respectivamente. No período de 2011 a 2015, a Taxa de Crescimento Anual
Composta (CAGR) foi de -5,7%.2

2
Dados divulgados pelo relatório Chesf 2015.
28

6 CONCLUSÃO

O Brasil está enfrentando sérios problemas ambientais. Para resolvê-los estes problemas
ou menos reduzi-los, tem-se a necessidade de uma maior integração entre o poder público, o
setor empresarial e a sociedade a fim de que juntos possam discutir a atual situação do meio
ambiente, e o mais importante, atribuir as responsabilidades de cada um neste processo.
Vimos que a executa ações de monitoramento, controle, verificação e mitigação de
impactos na biodiversidade durante as fases de implantação e operação de seus
empreendimentos e instalações.
Essas ações são avaliadas e os eventuais impactos monitorados na área de influência
do empreendimento, o que pode resultar em alterações e adequações nos projetos, tais como
mudança de traçado de linhas de transmissão. As adequações são realizadas para preservar e/
ou mitigar a interferência do negócio nas áreas de alto valor de biodiversidade.
No entanto, ações com as expostas acima são sensivelmente reduzidas com o impacto
uma balança comercial deficitária, como o prejuízo líquido de R$ 476 milhões em 2015.
Normalmente, quando é discutido o desenvolvimento sustentável, as atividades
analisadas, num primeiro momento, são as atividades de preservação, recuperação, reciclagem
e controle do meio ambiente. E isto, parece que, possuir um processo produtivo sustentável
somente incorrerá a mais gastos, desvinculado de uma estratégia competitiva, permanecendo
assim, o meio ambiente, na esfera “romântica”. Se realmente for assim, se investir em meio
ambiente traz somente uma melhor imagem e não gera algum benefício econômico e
financeiro, então porque muitas empresas já estão remodelando seus processos produtivos a
fim de promover o desenvolvimento sustentável? Trata-se de uma pergunta que pode suscitar
outras ideias para uma pesquisa acadêmica posterior.
29

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