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FUNDAMENTOS

DE
SUSTENTABILIDADE

PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA


INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
FUNDAMENTOS DE SUSTENTABILIDADE

SUMÁRIO

Introdução .................................................................................................................................... 4

1. Fundamentos teóricos: evolução dos conceitos de SRSE ............................................. 5

1.1 Responsabilidade Social: Um Olhar Para A Sustentabilidade ..................................... 5

1.2 O ambiente como estratégia empresarial ..................................................................... 5

1.3 Responsabilidade Social ................................................................................................ 9

1.3.1 Histórico da responsabilidade social ..................................................................... 11

1.3.2 Responsabilidade social no Brasil ........................................................................ 12

1.3.3 Responsabilidade social no âmbito internacional................................................. 15

1.3.4 Responsabilidade social e ambiental .................................................................... 16

1.4 Empresa e sociedade: a responsabilidade social corporativa.................................... 18

1.4.1 Norma AA1000....................................................................................................... 20

1.4.2 Norma SA 8000 ou Social Accountability ............................................................. 20

1.4.3 GRI - Global Reporting Initiative (Iniciativa Global para


apresentação de relatórios) ............................................................................................ 22

2. Economia ecológica: o porquê da sustentabilidade ...................................................... 25

2.1 A responsabilidade ambiental da empresa ................................................................. 25

3. Normas e Certificações ...................................................................................................... 28

4. Auto-regulação da conduta: compromissos éticos e cultura


organizacional ......................................................................................................................... 30

4. 1 Responsabilidade Social Corporativa como Estratégia para o


Desenvolvimento Sustentável ............................................................................................ 30

4.2 Responsabilidade social corporativa ........................................................................... 31

4.2.1 Conceito ................................................................................................................. 31

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4.3 Grupos de interesses ou stakeholders ........................................................................ 37

4.4 Objetivos da responsabilidade social corporativa ....................................................... 41

4.5 Princípios básicos da responsabilidade social corporativa......................................... 42

4.6. Responsabilidade social como cultura empresarial ................................................... 44

5. Cadeia sustentável de fornecedores ................................................................................ 47

5.1 Mercado ........................................................................................................................ 47

5.2 Cadeia Sustentável ...................................................................................................... 48

5.3 Perto da Diretoria ......................................................................................................... 48

6. Referências bibliográficas ............................................................................................... 50

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INTRODUÇÃO

O mundo corporativo tem um papel fundamental na garantia de


preservação do meio ambiente e na definição da qualidade de vida das
comunidades de seus funcionários.

Empresas socialmente responsável geram, sim, valor para quem está


próximo. E, acima de tudo, conquistam resultados melhores para si próprias. A
responsabilidade social deixou de ser uma opção para as empresas. É uma
questão de visão, de estratégia e, muitas vezes, de sobrevivência.

Os assuntos ambientais estão crescendo em importância para a


comunidade de negócios em termos de responsabilidade social, do
consumidor, desenvolvimento de produtos, passivos legais e considerações
contábeis. A inclusão da proteção do ambiente entre os objetivos da
administração amplia substancialmente todo o conceito de administração

Os administradores cada vez mais têm que lidar com situações em que
parte do patrimônio das empresas é simplesmente ceifada pelos processos que
envolvem o ressarcimento de danos causados ao meio ambiente,
independentemente desses danos poderem ser remediados ou não.

A gestão ambiental vem ganhando um espaço crescente no meio


empresarial. O desenvolvimento da consciência ecológica em diferentes
camadas e setores da sociedade mundial acaba por envolver também o setor
empresarial. Naturalmente, não se pode afirmar que todos os setores
empresariais já se encontram conscientizados da importância da gestão
responsável dos recursos naturais.

A empresa que não buscar adequar suas atividades ao conceito de


desenvolvimento sustentável estará marcada a perder competitividade em
curto ou médio prazo.

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1. FUNDAMENTOS TEÓRICOS: EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS DE SRSE

1.1 Responsabilidade Social: Um Olhar Para A Sustentabilidade

Segundo Kraemer (2005), as organizações empresariais, graças à


riqueza que acumulam e que têm o potencial de concentrar, trazem em si o
grande potencial de mudar e melhorar o ambiente social. Outros valores
passaram a fazer parte do objetivo da empresa. A maximização do acionista
ainda é um dos objetivos, mas dificilmente será plenamente autêntico se outros
objetivos não forem cumpridos, como as responsabilidades sociais e
ambientais.

Os administradores passaram a preocupar-se mais com as pessoas e o


meio em que interagem. A responsabilidade empresarial em relação ao meio
ambiente deixou de ser apenas uma postura frente às imposições para
transformar-se em atitudes voluntárias, superando as próprias expectativas da
sociedade.

Compreender essa mudança de paradigma é vital para a competitividade,


pois o mercado está, a cada dia, mais aberto e competitivo, fazendo com que
as empresas tenham que se preocupar com o controle dos impactos
ambientais.

Este cenário que, a princípio, parece colocar as organizações em xeque,


no que diz respeito às suas relações com a natureza, deve ser encarado como
uma oportunidade para que elas passem a implementar práticas sustentáveis
de gerenciamento, não apenas como uma postura reativa a exigências legais
ou pressões de grupos ambientalistas, mas sim com a intenção de obter
vantagens competitivas.

1.2 O Ambiente Como Estratégia Empresarial


O fator ambiental vem mostrando a necessidade de adaptação das
empresas e consequentemente direciona novos caminhos na sua expansão.
As empresas devem mudar seus paradigmas, mudando sua visão empresarial,

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objetivos, estratégias de investimentos e de marketing, tudo voltado para o


aprimoramento de seu produto, adaptando-o à nova realidade do mercado
global e corretamente ecológico.

O autor diz que o paradigma atual de desenvolvimento é um modelo


meramente capitalista que visa ao lucro máximo. Portanto, o crescimento
econômico em si gera bem-estar à sociedade, e o meio ambiente é apenas um
bem privado, no que se refere à produção e descarte dos seus resíduos.

Dentro desse processo, ao longo dos últimos 30 anos, pode-se afirmar


que os recursos naturais são tratados apenas como matéria-prima para o
processo produtivo, principalmente no processo produtivo industrial. O que
aconteceu é que este modelo, da maneira como foi idealizado, não é
sustentável ao longo do tempo. Ficou claro que os recursos naturais eram
esgotáveis e, portanto, finitos, se mal utilizados.

Assume-se que as reservas naturais são finitas e que as soluções


ocorrem através de tecnologias mais adequadas ao meio ambiente. Deve-se
atender às necessidades básicas usando o princípio da reciclagem.

Este novo fazer foi construído, em grande parte, a partir dos resultados do
Rio-92, onde a noção de desenvolvimento sustentável se alastrou e se
estruturou. Porém, o que a noção e os conceitos de sustentabilidade trazem
como novo desafio são os caminhos para a gestão ambiental.

Nesse aspecto, as empresas têm um papel extremamente relevante.


Através de uma prática empresarial sustentável, provocando mudança de
valores e de orientação em seus sistemas operacionais, estarão engajadas à
ideia de desenvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente.

Neste novo paradigma, Almeida (2002) diz que a ideia é de integração e


interação, propondo uma nova maneira de olhar e transformar o mundo,
baseada no diálogo entre saberes e conhecimentos diversos. No mundo
sustentável, uma atividade como a econômica, por exemplo, não pode ser
pensada ou praticada em separado, porque tudo está inter-relacionado, em
permanente diálogo. No quadro 1, tem-se as diferenças entre o velho e o novo
paradigmas:

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Quadro 1 – Paradigma cartesiano versus paradigma da sustentabilidade

Cartesiano Sustentável

Reducionista, mecanicista, Orgânico, holístico, participativo


tecnocêntrico

Fatos e valores não relacionados Fatos e valores fortemente


relacionados

Preceitos éticos desconectados das Ética integrada ao cotidiano


práticas cotidianas

Separação entre o objetivo e o Interação entre o objetivo e o subjetivo


subjetivo

Seres humanos e ecossistemas Seres humanos inseparáveis dos


separados, em uma relação de ecossistemas, em uma relação de
dominação. sinergia.

Conhecimento compartimentado e Conhecimento indivisível, empírico e


empírico intuitivo.

Relação linear de causa e efeito Relação não linear de causa e efeito

Natureza entendida como Natureza entendida como um conjunto


descontínua, o todo formado pela de sistemas inter-relacionados, o todo
soma das partes. maior que a soma das partes

Bem-estar avaliado por relação de Bem-estar avaliado pela qualidade das


poder (dinheiro, influência, recursos) inter-relações entre os sistemas
ambientais e sociais

Ênfase na quantidade (renda per Ênfase na qualidade (qualidade de


capita) vida)

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Análise Síntese

Centralização de poder Descentralização de poder

Especialização Transdisciplinaridade

Ênfase na competição Ênfase na cooperação

Pouco ou nenhum limite tecnológico Limite tecnológico definido pela


sustentabilidade

Fonte: Almeida (2002).

Os empresários, neste novo papel, tornam-se cada vez mais aptos a


compreender e participar das mudanças estruturais na relação de forças nas
áreas ambiental, econômica e social. Também, em sua grande parte, já
decidiram que não querem ter mais passivos ambientais.

As questões sociais e ambientais são reunidas e passam a ser ainda mais


exigidas no conceito de sustentabilidade. A sustentabilidade, para Gray (2003),
é um conceito difícil de aplicar em qualquer corporação individual. Ele é
basicamente um conceito global. Mas isto não significa que não tenha
aplicação em corporações como, um número cada vez maior de empresas e
grupos de pressão/solucionadores de problemas corporativos está rapidamente
reconhecendo.

Essa conscientização nos conduzirá ao desenvolvimento sustentável,


definido no Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum), elaborado pela
Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (1988), como “ aquele
que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de
as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”.

Para Callenbach (1993), a administração ambiental está associada à ideia


de resolver os problemas ambientais em benefício da empresa. Ela carece de
uma dimensão ética e suas principais motivações são a observância das leis e
a melhoria da imagem da empresa. Já o gerenciamento ecológico é motivado
por uma ética ecológica e por uma preocupação com o bem-estar das futuras

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gerações. Seu ponto de partida é uma mudança de valores na cultura


empresarial.

Quanto ao gerenciamento ecológico, Capra apud Callenbach (1993) diz


que envolve a passagem do pensamento mecanicista para o pensamento
sistêmico. Um aspecto essencial dessa mudança é que a percepção do mundo
como máquina cede lugar à percepção do mundo como sistema vivo. Essa
mudança diz respeito à nossa percepção da natureza, do organismo humano,
da sociedade e, portanto, também à nossa percepção de uma organização de
negócios.

Neste sentido, Sá (2002) refere que há uma consciência social em


marcha, cuja formação se acelera e que condena a especulação gravosa da
riqueza e o uso inadequado de utilidades, como fatores de destruição do
planeta e como lesão à vida dos entes que povoam o mundo.

Esse novo paradigma precisa ser acompanhado por uma mudança de


valores, passando da expansão para a conservação, da quantidade para a
qualidade, da denominação para a parceria.

Bertalanffy (1977), com sua Teoria Geral dos Sistemas, enfatiza que tudo
está unido a tudo e que cada organismo não é um sistema estático fechado ao
mundo exterior, mas sim um processo de intercâmbio com o meio
circunvizinho, ou seja, um sistema aberto num estado quase estacionário, onde
materiais ingressam continuamente, vindos do meio ambiente exterior, e neste
são deixados materiais provenientes do organismo.

Segundo Bateson (1987), um sistema vivo não se sustenta somente com


a energia que recebe de fora, mas fundamentalmente pela organização da
informação que o sistema processar.

As empresas, para Capra apud Callenbach (1993), são sistemas vivos,


cuja compreensão não é possível apenas pelo prisma econômico. Como
sistema vivo, a empresa não pode ser rigidamente controlada por meio de
intervenção direta, porém, pode ser influenciada pela transmissão de
orientações e emissão de impulsos. Esse novo estilo de administração é
conhecido como administração sistêmica.

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1.3. Responsabilidade Social

Segundo Kraemer (2005), as empresas de hoje são agentes


transformadores que exercem uma influência muito grande sobre os recursos
humanos, a sociedade e o meio ambiente, possuindo também recursos
financeiros, tecnológicos e econômicos. Diante disto, procuram colaborar de
alguma forma para o fortalecimento destas áreas, com posturas éticas,
transparência, justiça social. Os empresários, neste novo papel, tornam-se
cada vez mais aptos a compreender e participar das mudanças estruturais na
relação de forças nas áreas ambiental, econômica e social.

As companhias estão sendo incentivadas agora e cada vez mais pela


administração pública e pelos seus stakeholderes a focalizar seus impactos
ambientais e sociais, desenvolver maneiras apropriadas a internalizar e reduzir
seus custos associados, e a construção de relatório para uma sustentabilidade
ambiental maior.

Nos últimos anos, houve progressos surpreendentes na área de


gerenciamento e relatório ambiental e, mais recentemente, o mesmo ocorreu
quanto à conscientização sobre a responsabilidade social e a crescente
compreensão dos desafios da sustentabilidade.

Todas as empresas gostariam de ser admiradas pela sociedade, por seus


funcionários, pelos parceiros de negócios e pelos investidores. O grande
problema é estar disposto a encarar os desafios que se colocam no caminho
de uma companhia realmente cidadã.

O primeiro deles, segundo Vassallo (2000), é o desafio operacional. Uma


empresa responsável pensa nas consequências que cada uma de suas ações
pode causar ao meio ambiente, a seus empregados, à comunidade, ao
consumidor, aos fornecedores e a seus acionistas. De nada adianta investir
milhões em um projeto comunitário e poluir os rios próximos de suas fábricas
ou dar benefícios e oportunidades a seus funcionários e não ser transparente
com seus consumidores, ou ainda preservar florestas no Brasil e comprar
componentes de um fabricante chinês que explora mão-de-obra infantil.

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Neste sentido, o Parecer de Iniciativa sobre a Responsabilidade Social


(2003) diz que a responsabilidade social é a integração voluntária pelas
empresas das preocupações sociais e ambientais nas suas atividades
comerciais e nas suas relações com todas as partes. É complementar das
soluções legislativas e contratuais a que as empresas estão ou podem vir a
estar obrigadas e que se aplicam a questões como, por exemplo, o
desenvolvimento da qualidade de emprego, a adequada informação, consulta e
participação dos trabalhadores, bem como o respeito e a promoção dos direitos
sociais e ambientais e a qualidade dos produtos e serviços.

Trata-se, segundo o Parecer de Iniciativa sobre a Responsabilidade


Social (2003), de uma noção compreensiva e abrangente, que se situa mais no
âmbito das boas práticas e da ética empresarial e da moral social do que no
dos normativos jurídicos. Abrange aspectos tão diversos como os que vão da
gestão de recursos humanos e da cultura de empresa até a escolha dos
parceiros comerciais e das tecnologias. Implica, pois, uma abordagem
integrada das dimensões financeira, tecnológica, comercial, deontológica e
social da empresa, tanto mais quanto ela é, na sua essência, uma comunidade
de pessoas ao serviço do bem comum.

O Livro Verde (2001) diz que a responsabilidade social das empresas é,


essencialmente, um conceito segundo o qual as empresas decidem, numa
base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente
mais limpo.

A empresa é socialmente responsável quando vai além da obrigação de


respeitar as leis, pagar impostos e observar as condições adequadas de
segurança e saúde para os trabalhadores, e faz isso por acreditar que assim
será uma empresa melhor e estará contribuindo para a construção de uma
sociedade mais justa.

·.

1.3.1 Histórico Da Responsabilidade Social

Tornou-se evidente em 1919, de acordo com Toldo (2002), a questão da


responsabilidade corporativa com o julgamento na Justiça americana do caso
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de Henry Ford, presidente acionista majoritário da Ford Motor Company, e seu


grupo de acionistas liderados por John e Horace Dodge, que contestavam a
ideia de Ford.

Em 1916, argumentando a realização de objetos sociais, Ford decidiu não


distribuir parte dos dividendos aos acionistas e investiu na capacidade de
produção, no aumento de salários e em fundo de reserva para diminuição
esperada de receitas devido à redução dos preços dos carros. É lógico que a
Suprema Corte decidiu a favor de Dodge, entendendo que as corporações
existem para o benefício de seus acionistas e que os diretores precisam
garantir o lucro, não podendo usá-lo para outros fins.

A ideia de que a empresa deveria responder apenas aos seus acionistas


começou a receber críticas durante a Segunda Guerra Mundial. Nesta época,
diversas modificações aconteceram nos Estados Unidos.

Em 1953, outro fato trouxe a público a discussão sobre a inserção da


empresa na sociedade e suas responsabilidades: o caso A P. Smith
Manufacturing Company versus seus acionistas, que contestavam a doação de
recursos financeiros à Universidade de Princeton. Nesse período, a Justiça
estabeleceu a lei da filantropia corporativa, determinando que uma corporação
poderia promover o desenvolvimento social.

Segundo Toldo (2002), nos anos 60, autores europeus se destacavam,


discutindo problemas sociais e suas possíveis soluções, e nos Estados Unidos
as empresas já se preocupavam com a questão ambiental e em divulgar suas
atividades no campo social.

Já na década de 70, começou a preocupação com o como e quando a


empresa deveria responder por suas obrigações sociais. Nessa época, a
demonstração para a sociedade das ações empresariais tornou-se
extremamente importante.

De acordo com Tinoco (2001), a França foi o primeiro país do mundo a ter
uma lei que obriga as empresas que tenham mais de 300 funcionários a
elaborar e publicar o Balanço Social. Seu objetivo principal prende-se a
informar ao pessoal o clima social na empresa, a evolução do efetivo; em
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suma, estabelecer as performances da empresa no domínio social. Este


balanço, segundo o autor, é bastante paternalista, pois exclui os fatos
econômicos dos fatos sociais.

Na década de 90, com uma maior participação de autores na questão da


responsabilidade social, entrou em cena a discussão sobre os temas ética e
moral nas empresas, o que contribui de modo significativo para a conceituação
de responsabilidade social.

1.3.2 Responsabilidade Social No Brasil

Segundo Kraemer (2005), em 1960, foi constituída a Associação dos


Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), com sede em São Paulo, iniciando
assim uma pregação sobre responsabilidade social nos dirigentes das
empresas. Em 1977, ADCE organizou o 2º Encontro Nacional de Dirigentes de
Empresas, tendo como tema central o Balanço Social da Empresa. Em 79, a
ADCE passa a organizar seus congressos anuais e o Balanço Social tem sido
objeto de reflexão.

Foi elaborado em 1984 o primeiro trabalho acadêmico do professor João


Eduardo Prudêncio Tinoco, que é uma dissertação de mestrado do
Departamento de Contabilidade e Atuaria da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA-USP com
o título de: Balanço Social: uma abordagem socioeconômica da Contabilidade.

Em 1991, foi encaminhado ao Congresso um anteprojeto propondo


publicação do Balanço Social pelas empresas, porém, não foi aprovado. Foi
publicado pelo Banespa, em 1992, um relatório divulgando as suas ações
sociais. Em 1993, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, lançou a
Campanha Nacional da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela
Vida, com o apoio do Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE),
que constitui o marco da aproximação dos empresários com as ações sociais.
Em 1997, Betinho lançou um modelo de Balanço Social e, em parceria com a
Gazeta Mercantil, criou o selo do Balanço Social, estimulando as empresas a
divulgarem seus resultados na participação social.

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Foi criado, em 1998, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade


Social pelo empresário Oded Grajew. O Instituto serve de ponte entre os
empresários e as causas sociais. Seu objetivo é disseminar a prática da
responsabilidade social empresarial por meio de publicações, experiências,
programas e eventos para os interessados na temática.

Em 1999, a adesão ao movimento social se refletiu na publicação do seu


balanço no Brasil por 68 empresas. No mesmo ano, foi fundado o Instituto
Coca-Cola no Brasil, voltado à educação, a exemplo da fundação existente nos
Estados Unidos desde 1984.

Segundo Toldo (2002), a Câmara Municipal de São Paulo premiou em


1999, com o selo Empresa Cidadã as empresas que praticaram a
responsabilidade social e publicaram o Balanço Social e a Associação de
Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) incluiu em sua premiação o
prêmio Top Social. A Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança destacou-se
pelo trabalho de erradicação do trabalho infantil, exemplo que atraiu um
número crescente de adeptos. A empresa que combate o abuso contra criança
ganhou o selo Empresa Amiga da Criança.

O autor diz que o primeiro dado relevante a se destacar na comparação


entre 1999 e 2000 é que a média de gastos por empregado cresceu em
praticamente todos os indicadores sociais internos, ou seja, o valor gasto com
empregados em alimentação, previdência privada, saúde, segurança e
medicina no trabalho, educação, cultura, participação nos lucros e capacitação
e desenvolvimento profissional foi 80,1% maior em 2000.

A média do gasto em previdência privada foi 2,3 vezes maior e a


participação nos lucros quase dobrou. A única exceção foi em creche, com
redução de 8%. Este crescimento, porém, não quer dizer que o investimento
social destas empresas esteja compatível com o que delas se espera. Em todo
caso, é um dado positivo.

Dessa forma, Torres (2002) diz que para conquistar um diferencial e obter
a credibilidade e aceitação da sociedade e das diversas partes interessadas
dentro do universo empresarial, além de novas práticas e da publicação anual

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dos balanços e relatórios sociais e ambientais, as corporações têm buscado


certificações, selos e standards internacionais na área social. Entre os
exemplos brasileiros mais significativos, estão o 'Selo Empresa Amiga da
Criança', conferido pela Fundação Abrinq; o 'Selo Empresa-Cidadã', que é uma
premiação da Câmara Municipal da Cidade de São Paulo; e o 'Selo Balanço
Social Ibase/Betinho', do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
desde 1998.

Neste sentido, A Corporate Social Responsability apud Vassallo (2000)


diz que não existe uma fórmula geral de responsabilidade social quando se
trata de negócios. Mas alguns passos básicos podem ajudar muito na
implantação de uma estratégia de boa cidadania corporativa.

A seguir, alguns deles:

 Desenvolva uma missão, uma visão e um conjunto de valores a serem


seguidos.

 Para que a responsabilidade social seja uma parte integrante de cada


processo decisório, é preciso que ela faça parte do DNA da companhia
no seu quadro de missões, visões e valores. Isso leva a um
comprometimento explícito das lideranças e dos funcionários com
questões como ética nos negócios e respeito a acionistas, clientes,
fornecedores, comunidades e meio ambiente.

 Coloque seus valores em prática isso é básico. De nada adianta ter um


maravilhoso quadro de valores na parede do escritório se eles não são
exercitados e praticados a cada decisão tomada. Promova a gestão
executiva responsável, esse é um exercício diário e permanente. É
preciso fazer com que cada executivo leve em consideração os
interesses dos seus partícipes antes de tomar qualquer decisão
estratégica.

 Comunique, eduque e treine as pessoas só conseguirão colocar valores


de cidadania corporativa em prática se os conhecerem e souberem
como aplicá-los no dia-a-dia.

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 Publique balanços sociais e ambientais, elaborados por especialistas e


auditores externos, eles garantem uma visão crítica de como acionistas,
funcionários, organizações comunitárias e ambientalistas enxergam a
atuação da empresa.

 Use sua influência de forma positiva, o mundo corporativo é formado por


uma grande rede de relacionamentos. Use os valores cidadãos de sua
empresa para influenciar a atuação de fornecedores, clientes e
companhias do mesmo setor.

1.3.3 Responsabilidade social no âmbito internacional


Destacam-se, no âmbito internacional, as normas BS 8800 e OHSAS
18001, que tratam de segurança e saúde no ambiente de trabalho. Além
dessas, existem as normas AA 1000 e Social Accountability 8000 (SA 8000),
com foco na responsabilidade social corporativa. Mesmo ainda pouco
conhecida no Brasil, a norma SA 8000 merece uma atenção especial, entre
outros motivos, pelo fato de que a obtenção e manutenção desse certificado
prevê o envolvimento dos trabalhadores da empresa, bem como a participação
de ONGs e sindicatos.

Segundo Kraemer (2005), fundamentalmente, a Social Accountability


8000 visa aprimorar o bem-estar e as condições de trabalho no ambiente
corporativo, a partir do desenvolvimento de um sistema de verificação que deve
garantir o cumprimento das exigências contidas na norma e a contínua
conformidade com os padrões estabelecidos. Seus requisitos estão baseados
nas declarações internacionais de direitos humanos, na defesa dos direitos da
criança e nas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Para isso, a SA 8000 apresenta-se como um sistema de auditoria similar à
certificação ISO 9000, que atualmente já é apresentada por mais de 300 mil
empresas em todo o mundo.

Criada em 1997 e desenvolvida por um conselho internacional que reúne


empresários, ONGs e organizações sindicais, a SA 8000 quer encorajar a
participação de todos os setores da sociedade na melhoria das condições de

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trabalho e de vida no ambiente corporativo, eliminar o trabalho forçado e


acabar com a exploração do trabalho infantil.

Além de ser uma questão ética em si, garantir boas e dignas condições
de trabalho tornou-se fundamental no atual mundo dos negócios. Por um lado,
contribui para o sucesso num mercado cada vez mais competitivo e
globalizado; por outro, faz parte da construção de uma sociedade mais justa e
fraterna para todos.

Enfim, outras conquistas empresarias, como as normas ISO e qualidade


ambiental, tornam-se um aspecto bastante expressivo e mostram o empenho
empresarial em contribuir para uma sociedade com qualidade de vida melhor
para todos.

1.3.4 Responsabilidade social e ambiental

Segundo Kraemer (2005), a gestão ambiental e da responsabilidade


social, para um desenvolvimento que seja sustentável econômica, social e
ecologicamente, precisa contar com executivos e profissionais nas
organizações, públicas e privadas, que incorporem tecnologias de produção
inovadoras, regras de decisão estruturadas e demais conhecimentos
sistêmicos (sistema) exigidos no contexto em que se inserem.

O desenvolvimento econômico e o meio ambiente estão intimamente


ligados. Só é inteligente o uso de recursos naturais para o desenvolvimento
caso haja parcimônia e responsabilidade no uso dos referidos recursos. Do
contrário, a degradação e o caos serão inevitáveis. De acordo com a figura 1, a
ordem é a busca do desenvolvimento sustentável, que em três critérios
fundamentais devem ser obedecidos simultaneamente: equidade social,
prudência ecológica e eficiência econômica.

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Figura 1 – Desenvolvimento Sustentável – Tripé da sustentabilidade


empresarial

Fonte:www.copesul.com.br

Os novos tempos, conforme Tachizawa (2002) caracterizam-se por uma


rígida postura dos clientes, voltada à expectativa de interagir com organizações
que sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado e que atuem de
forma ecologicamente responsável.

A melhoria das condições de vida, segundo Coelho & Dutra (2000), passa
obrigatoriamente por um conjunto de ações que transcende ao importante item
de preservação ambiental e se expande para a melhoria das condições de
trabalho, assistência médica e social, além de incentivo às atividades culturais,
artísticas, bem como à preservação, reforma e manutenção de bens públicos e
religiosos.

A questão ambiental está se tornando cada vez mais matéria obrigatória


das agendas dos executivos. A internacionalização dos padrões de qualidade
ambiental descrito na série ISO 14000, a globalização dos negócios, a
conscientização crescente dos atuais consumidores e a disseminação da
educação ambiental nas escolas permitem antever que a exigência futura que
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farão os consumidores em relação à preservação do meio ambiente e à


qualidade de vida deverá intensificar-se.

Neste contexto, Kraemer (2000) diz que as organizações deverão


incorporar a variável ambiental no aspecto de seus cenários e na tomada de
decisão, mantendo com isso uma postura responsável de respeito à ques tão
ambiental. Empresas experientes identificam resultados econômicos e
resultados estratégicos do engajamento da organização na causa ambiental.
Estes resultados não se viabilizam de imediato, há necessidade de que sejam
corretamente planejados e organizados todos os passos para a interiorização
da variável ambiental na organização para que ela possa atingir o conceito de
excelência ambiental, trazendo com isso vantagem competitiva.

O autor relata que na informação sobre o meio ambiente, deve-se incluir a


Contabilidade, porque, na atualidade, o meio ambiente é um fator de risco e de
competitividade de primeira ordem. A não inclusão dos custos e obrigações
ambientais distorcerá tanto a situação patrimonial como a situação financeira e
os resultados da empresa.

1.4 Empresa e sociedade: a responsabilidade social corporativa

Segundo Kraemer (2005), na sociedade de mercado, a empresa é a


unidade básica de organização econômica. As empresas são o motor central
do desenvolvimento econômico e devem ser também, um motor vital do
desenvolvimento sustentável. Para isto, é imprescindível que elas definam
adequadamente sua relação com a sociedade e com o meio ambiente.

Assim, o autor relata, conceito que melhor define essa relação é o de


Responsabilidade Social Corporativa – Corporate Social Responsability (CSR)
– definido pela World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
como: “a decisão da empresa de contribuir ao desenvolvimento sustentável,
trabalhando com seus empregados, suas famílias e a comunidade local, assim
como com a sociedade em seu conjunto, para melhorar sua qualidade de vida”.
A responsabilidade social faz com que a “empresa sustentável” se converta em
peça chave na arquitetura do desenvolvimento sustentável.

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As empresas, hoje, são agentes transformadores que exercem uma


influência muito grande sobre os recursos humanos, a sociedade e o meio
ambiente. Neste sentido, vários projetos são criados, atingindo principalmente
os seus funcionários e em algumas vezes seus dependentes e o público
externo, contemplando a comunidade a sua volta ou a sociedade como um
todo. O grande problema é que não se realiza um gerenciamento correto a fim
de saber qual o retorno para a empresa.

Posto isto, várias normas, diretrizes e padrões foram criados, como a


Norma AA 1000, a SA 8000 e a GRI, contribuindo para criar um modelo de
visão sobre as práticas de responsabilidade social e empresarial e sua gestão
de desempenho.

No Brasil, temos o Instituto Ethos, que é uma iniciativa de padronização,


além de apresentar o modelo do Balanço Social proposto pelo IBASE.

Na União Europeia, temos o Livro Verde que divide as áreas de conteúdo


da Responsabilidade Social Corporativa em dois grandes blocos, sendo que o
primeiro é relativo a aspectos internos e o segundo os aspectos externos.

O autor ainda relata que na dimensão interna, ao nível da empresa, as


práticas socialmente responsáveis implicam, fundamentalmente, os
trabalhadores e prendem-se em questões como o investimento no capital
humano, na saúde, na segurança e na gestão da mudança, enquanto as
práticas ambientalmente responsáveis se relacionam, sobretudo com a gestão
dos recursos naturais explorados no processo de produção. Estes aspectos
possibilitam a gestão da mudança e a conciliação do desenvolvimento social
com uma competitividade reforçada.

Quanto à dimensão externa, a responsabilidade social de uma empresa


ultrapassa a esfera da própria empresa e se estende à comunidade local,
envolvendo, para além dos trabalhadores e acionistas, um vasto espectro de
outras partes interessadas: parceiros comerciais e fornecedores, clientes,
autoridades públicas e ONG que exercem a sua atividade junto das
comunidades locais ou no domínio do ambiente.

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1.4.1 Norma AA1000

Segundo Kraemer (2005), A norma AA1000 foi desenvolvida pelo


Instituto de Responsabilidade Social e Ética – ISEA, foi criada para assistir
organizações na definição de objetivos e metas, na medição do progresso em
relação a estas metas, na auditoria e relato da performance e no
estabelecimento de mecanismos de feedback. Compreendem princípios e
normas de processo. Os estágios das normas de processo são: planejamento;
responsabilidade; auditoria e relato; integração de sistemas; comprometimento
dos stakeholders.

As normas de processo da AA1000 associam a definição e a integração


de sistemas dos valores da organização com o desenvolvimento das metas de
desempenho e com a avaliação e comunicação do desempenho
organizacional.

Por este processo, focalizado no comprometimento da organização para


os stakeholders, a AA1000 vincula as questões sociais e éticas à gestão
estratégica e às operações da organização.

O autor relata que em 2002, o ISEA realizou uma fase de consulta a


stakeholders e fez uma revisão da norma, apresentando novos elementos, e
esta norma foi denominada de AA 1000S. É um padrão básico de
responsabilidade para melhorar a qualidade do processo de contabilidade,
auditoria e relato. Não é um padrão certificável e sim um instrumento verificável
de mudança organizacional, derivado da melhoria contínua, e de aprendizagem
e inovação para ”servir de modelo do processo a seguir na elaboração;
proporcionar mais qualidade a outros padrões específicos e complemento a
outras iniciativas”.

1.4.2 Norma SA 8000 ou Social Accountability


Segundo Kraemer (2005), é o primeiro padrão de certificação social que
busca garantir os direitos básicos dos trabalhadores. Quem credencia as
organizações qualificadas para verificar a conformidade é a Social
Accountability International – SAI.
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A SA 8000 constitui um instrumento de informação extremamente


importante para o consumidor globalizado, pois, atualmente, os fatores
determinantes da sua escolha vão além de preço e qualidade. As pessoas
necessitam saber como o produto ou serviço que estão adquirindo foi
produzido, repudiando imediatamente aqueles que agregam procedimentos
como, por exemplo, o trabalho infantil.

Além de proteger sua reputação e a integridade de suas marcas, a SA


8000 possibilita às companhias de todo o mundo externarem seus valores
éticos e seu grau de envolvimento social, aspectos fundamentais frente a um
consumidor-cidadão cada vez mais participante e vigilante. O quadro 2 mostra
alguns dos principais pontos apresentados pela norma SA 8000.

Quadro 2 – Principais pontos da Norma SA 8000

É proibida a contratação de crianças de 15 anos ou


menos. Se existirem funcionários nessa faixa etária, eles
Trabalho Infantil
não poderão ser demitidos. Nesse caso, é de
responsabilidade da empresa assegurar sua educação.

Liberdade de Protege o direito dos trabalhadores de formar sindicatos


associação e e afiliar-se a grupos organizados
direito à
negociação
coletiva

Proíbe a discriminação baseada na cor, nacionalidade,


religião, deficiência física, sexo, orientação sexual,
Discriminação
afiliação a sindicato ou partido político.

A jornada normal deverá ser de 44 horas semanais. As


horas extras devem ser voluntárias e ter caráter
Horário de
temporário, não devendo exceder 12 horas semanais.
trabalho

Proíbe punição física, coerção e abuso verbal no uso da


disciplina. A empresa também deve impedir
Práticas

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disciplinares comportamentos, como gestos, linguagem e contato


físico, que sejam sexualmente coercitivos,
ameaçadores, abusivos ou exploratórios.

A política de responsabilidade social deve ser


documentada, implementada e comunicada a todos os
Comunicação
funcionários.

Fonte: Revista Exame - Guia de boa cidadania corporativa (2001)

1.4.3 GRI - Global Reporting Initiative (Iniciativa Global para apresentação


de relatórios)
Segundo Kraemer (2005), é um acordo internacional, criado com uma
visão de longo prazo, multi-stakeholder, cuja missão é elaborar e difundir as
diretrizes para organização de relatórios de sustentabilidade aplicáveis
globalmente e voluntariamente, pelas organizações CERES – Centre for
Education and Research in Environmental (Centro para Educação e Pesquisa
Ambiental), SIGMA - Support for Improvement in Governance and Management
in Central and Eastern European Countries (Apoio à melhoria governamental e
gerencial de países da Europa Central e Ocidental), ISO – International
Organization for Standardization (Organização Internacional para
Padronização), ECCSR - Eastern Caribbean Securities Registry (Registro de
Seguridades do Leste Caribiano), IRRC - Investor Responsibility Research
Center (Centro de Pesquisa de Responsabilidade do Investidor), WEF - Water
Environment Federation (Federação dos Ambientes Aquáticos ou Marinhos),
AA 1000 - A standard for ethical performance, Accountability (Padrão de
desempenho ético), SA 8000 Social Accountability 8000 Responsabilità Sociale
8000 – Responsabilidade Social ou Contabilidade Social, que desejam dar
informação sobre os aspectos econômicos, ambientais e sociais das suas
atividades, produtos e serviços, conforme figura 3.

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Figura 2: Organizações ligadas ao GRI

Fonte: Fundación Fórum Ambiental (2002)

O GRI não oferece nenhum modelo de Balanço Social. O que propõe


baseia-se no conceito de sustentabilidade. Busca transformar a elaboração
destes relatórios sobre sustentabilidade de uma rotina e conferir-lhes
credibilidade como as demonstrações financeiras em termos de
comparabilidade, rigor e verificabilidade.

Os indicadores para a elaboração dos relatórios abordam os três elementos


inter-relacionados da sustentabilidade, tal como se aplicam a uma organização,
como segue no quadro 3.

Quadro 3 – Elementos e indicadores

Inclui, por exemplo, os gastos e benefícios, produtividade


no trabalho, criação de emprego, despesas em serviços
externos, despesas em investigação e desenvolvimento,
investimentos em educação e outras formas de capital

Econômico humano. O aspecto econômico inclui, embora não se limite


só a ele, a informação financeira e respectivas declarações.

Inclui, por exemplo, impacto dos processos, produtos,


serviços no ar, água, solo, biodiversidade e saúde humana.
Ambiental

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Inclui, por exemplo, o tratamento que se dá aos grupos


minoritários e às mulheres, o trabalho feito em favor dos
menores, a saúde e segurança ocupacionais, estabilidade
Social do empregado, direitos laborais, direitos humanos, salários
e condições de trabalho nas relações externas.

Fonte:http://www.globalreporting.org

Segundo Kraemer (2005), a preocupação com o meio ambiente tem


apresentado uma dinâmica diferenciada nas organizações e nas nações nas
quais estas se encontram. O mercado não mais aceita o descaso no
tratamento dos recursos naturais. Os consumidores estão interessados em
produtos limpos. A legislação torna-se mais rígida, imputando sanções aos
infratores, obrigando as empresas a encarar com seriedade e responsabilidade
a variável ambiental em sua estratégia operacional.

Os grandes problemas que emergem da relação da sociedade com o


meio ambiente são densos, complexos e altamente inter-relacionados e,
portanto, para serem entendidos e compreendidos nas proximidades de sua
totalidade, precisam ser observados numa ótica mais ampla.

Adequar-se às exigências ambientais dos mercados, governos e


sociedade, apesar de levar a empresa a despender um montante considerável,
traz benefícios financeiros e vantagens competitivas.

A responsabilidade social não é um modismo e sim uma realidade no


contexto empresarial, que acarreta alterações gradativas de comportamentos e
de valores nas organizações, devendo estar presente nas decisões de seus
administradores e balizar seu relacionamento com a sociedade.

Devido a isto, verifica-se que a sociedade é que dá permissão para a


continuidade da empresa.

Os detentores de recursos não querem arriscar indefinidamente seus


patrimônios em companhias que se recusem a tomar medidas preventivas na
área social e ambiental.

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2. ECONOMIA ECOLÓGICA: O PORQUÊ DA SUSTENTABILIDADE

2.1 A Responsabilidade Ambiental Da Empresa

Segundo Kraemer (2005), ecologia e empresa eram consideradas dois


conceitos e realidades desconexas. A ecologia é a parte da biologia que estuda
a relação entre os organismos vivos e seu ambiente. Dessa forma, é entendida
como uma ciência específica dos naturalistas, distanciada da visão da Ciência
Econômica e Empresarial. Para a empresa, o meio ambiente que estuda
ecologia constitui simplesmente o suporte físico que fornece à empresa os
recursos necessários para desenvolver sua atividade produtiva e o receptor de
resíduos que se geram.

Alguns setores já assumiram tais compromissos com o novo modelo de


desenvolvimento, ao incorporarem, nos modelos de gestão, a dimensão
ambiental. A gestão de qualidade empresarial passa pela obrigatoriedade de
que sejam implantados sistemas organizacionais e de produção que valorizem
os bens naturais, as fontes de matérias-primas, as potencialidades do quadro
humano criativo, as comunidades locais é que devem iniciar o novo ciclo, onde
a cultura do descartável e do desperdício seja coisa do passado.

Atividades de reciclagem, incentivo à diminuição do consumo, controle de


resíduo, capacitação permanente dos quadros profissionais, em diferentes
níveis e escalas de conhecimento, fomento ao trabalho em equipe e às ações
criativas são desafios-chave neste novo cenário.

O autor ainda relata que a nova consciência ambiental, surgida no bojo


das transformações culturais que ocorreram nas décadas de 60 e 70, ganhou
dimensão e situou o meio ambiente como um dos princípios fundamentais do
homem moderno. Nos anos 80, os gastos com proteção ambiental começaram
a ser vistos pelas empresas líderes não primordialmente como custos, mas
como investimentos no futuro e, paradoxalmente, como vantagem competitiva.

E a inclusão da proteção do ambiente entre os objetivos da organização


moderna amplia substancialmente todo o conceito de administração.

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Administradores, executivos e empresários introduziram em suas empresas


programas de reciclagem, medidas para poupar energia e outras inovações
ecológicas. Essas práticas difundiram-se rapidamente e logo vários pioneiros
dos negócios desenvolveram sistemas abrangentes de administração de cunho
ecológico.

Para se entender a relação entre a empresa e o meio ambiente tem que


se aceitar como estabelece a teoria de sistemas, que a empresa é um sistema
aberto. Sem dúvida nenhuma, as interpretações tradicionais da teoria da
empresa como sistema tem incorrido em certa visão parcial dos efeitos da
empresa e em seu entorno.

A empresa é um sistema aberto porque está formado por um conjunto de


elementos relacionados entre si, porque gera bens e serviços, empregos,
dividendos, porém, também consome recursos naturais escassos e gera
contaminação e resíduos. Por isto é necessário que a economia da empresa
defina uma visão mais ampla da empresa como um sistema aberto.

Neste sentido, Callenbach (1993) diz que é possível que os investidores e


acionistas usem cada vez mais a sustentabilidade ecológica, no lugar da estrita
rentabilidade, como critério para avaliar o posicionamento estratégico de longo
prazo das empresas.

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3. NORMAS E CERTIFICAÇÕES

A normatização é um processo característico de grandes empresas


porque envolve grande investimento financeiro, organizacional e humano. Para
as pequenas, a normatização ocorre geralmente por pressão da concorrência e
de grandes empresas compradoras ou contratantes de serviços.

As várias normas existentes não se resumem, porém, à padronização de


procedimentos. Elas propiciam à empresa uma ampla reflexão a respeito das
ferramentas de gestão a serem utilizadas para garantir o planejamento da
evolução sustentável. Elas implicam, sobretudo, a mobilização interna
necessária para realizar um diagnóstico detalhado e fiável do
comprometimento da organização. Nesse sentido, as normas são também
parte da estratégia das organizações. Podemos distinguir dois tipos de normas
de acordo com os objetivos de seus promotores.

Há aquelas que são publicadas por mecanismos oficiais de normatização,


entre as quais destacamos:

• ISO 14000 (meio ambiente)

• ISO 9000 (qualidade)

• CE EMAS (ambiental)

• BS 8800 (condições dignas de trabalho)

• BS 8855 (ambiental)

O mercado incentivou a criação de instituições que normatizassem certos


elevados padrões de gestão em áreas como segurança e condição do trabalho,
entre outros. Neste domínio, as normas de maior destaque são:

• SA 8000 (direitos sociais)

• OHSAS 18001 (riscos/acidentes)

• AA 1000 (prestações de contas)

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Especificamente na área de RSE, o Brasil já possui sua norma de


responsabilidade social, que tem caráter de sistema de gestão e propósito de
certificação.

• ABNT NBR 16001

Também possuem normas de responsabilidade social os seguintes


países:

• Inglaterra (BS 8900)

• Austrália (AS 8003)

• França (SD 21000)

• Israel (SI 10000)

• Japão (EC S2000)

• Itália (Q-Res)

• Alemanha (VMS)

Mas é na área ambiental que encontramos o maior número de normas e


também as mais avançadas, com instrumentos aceitos e estabelecidos. Elas
são úteis para a divulgação da RSE e também porque oferecem modelos já
consagrados que podem servir de inspiração para o aprimoramento das
normas sociais.

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4. AUTO-REGULAÇÃO DA CONDUTA: COMPROMISSOS ÉTICOS E


CULTURA ORGANIZACIONAL

4.1. Responsabilidade Social Corporativa Como Estratégia Para O


Desenvolvimento Sustentável

Segundo Kraemer (2005), a responsabilidade social corporativa passa a


ser considerada um elemento importante para o desenvolvimento dos negócios
e para estabelecer relações positivas das empresas com as assim chamadas
partes interessadas (stakeholdwers).

Assim, as empresas são impulsionadas a adotar novas posturas diante de


questões ligadas à ética e à qualidade da relação empresas-sociedade.

Estas questões vêm influenciando, e em muitos casos impondo,


mudanças nas dinâmicas de mercado e no padrão de concorrência e de
competitividade, a exemplo das preocupações ligadas ao meio ambiente.

Não se deve pensar em sustentabilidade como algo restrito ao meio


ambiente, assim como responsabilidade social não se limita a ações ou
investimentos em projetos sociais. Da mesma forma, responsabilidade social
corporativa significa entender e agir em resposta a essa nova demanda da
sociedade, que é a de que o valor gerado por uma empresa s e reflita em
benefícios não somente para seus acionistas, mas que tenha também um
impacto positivo para o conjunto dos afetados por suas operações, em
particular o meio ambiente e a comunidade (seus próprios funcionários e o
restante da sociedade), respeitando sua cultura e agindo de forma ética e
transparente.

A responsabilidade social corporativa, segundo Young (2004),


definitivamente se tornou uma importante ferramenta para a sustentabilidade
das organizações. Hoje, os conceitos que norteiam uma gestão s ocialmente
responsável – a relação ética e transparente com todos os públicos que se
relacionam com a empresa para o desenvolvimento do seu negócio e da

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sociedade, preservando-se os recursos ambientais e humanos para as


gerações futuras – trazem vários benefícios para as organizações.

Na primeira metade do século XX, cientes da importância do seu papel


social, as empresas passaram a se mostrar mais comprometidas com todos à
sua volta, com a comunidade. Surgiram, então, os investidores sociais, que
aplicam seus próprios recursos em projetos de interesse público, não através
apenas da prática da caridade, mas por meio de ações voluntárias, planejadas
e acompanhadas de perto. Tinham, e ainda têm como objetivo melhorar a
qualidade de vida dos cidadãos e fortalecer laços de confiança com eles.

Com o propósito de explorar o tema este trabalho apresenta: Conceito e


definição da responsabilidade social corporativa; Grupos de interesses ou
stakeholders; Objetivos da responsabilidade social corporativa; Princípios
básicos da responsabilidade social corporativa e Responsabilidade social como
cultura empresarial.

4.2. Responsabilidade Social Corporativa

4.2.1 Conceito
Conforme afirmam Shommer (2000) e Shommer, Rocha, Fischer (1999), o
conceito de responsabilidade social corporativa parte do princípio de que a
atividade empresarial contempla compromissos com toda a cadeia produtiva da
empresa, como, por exemplo: clientes, funcionários e fornecedores, bem como
as comunidades, o ambiente e a sociedade. Esta concepção se relaciona com
a teoria dos stakeholders-os indivíduos ou grupos que dependem da
organização para alcançar suas metas e dos quais a empresa depende para
funcionar.

A responsabilidade social corporativa representa o compromisso com a


ideia de organização como conjunto de pessoas que interagem com a
sociedade. Assume o princípio de que as organizações têm sua origem e seus
fins essenciais nas pessoas, as quais se organizam e se dispõem em diversos
grupos de interesses, com peculiaridades e distintos tipos de relação.

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Contempla o impacto da ação da empresa em sua tríplice dimensão:


econômica, social e ambiental, tendo como meta principal a consecução do
desenvolvimento sustentável.

Em torno do conceito de responsabilidade social corporativa, de acordo


com AECA (2004), existem vários termos relacionados, dentre os quais
destacamos os seguintes:

 Ação social: ajuda voluntária, expressada em recursos


econômicos ou de outro tipo, outorgada pelas empresas a
projetos externos de caráter filantrópico e desenvolvimento
socioeconômico (assistência social, saúde, educação, etc). A
ação social é um dos diversos comportamentos socialmente
responsáveis que a empresa pode acometer.

 Auditoria social: avaliação sistemática do impacto social de uma


empresa em relação a certas normas e expectativas.

 Capital relacional (capital social): expressão do grau de


responsabilidade e integração social das organizações, medido
em termos de capacidade relacional com os distintos grupos de
interesses. Alguns autores consideram o capital relacional como
um dos componentes do capital intelectual.

 Código de conduta: expressão formal de valores e boas práticas


da organização, enunciado com caráter orientador e normativo
e com categoria de preceito a cumprir por todos os integrantes
da corporação. Às vezes também se aplica aos fornecedores e
a outros prestadores de serviços.

 Código de bom governo: pronunciamento formal de valores e


boas práticas dos órgãos de gestão e administração da

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organização, enunciado com dignidade de preceito a cumprir


por todas as pessoas que compõem ditos órgãos, de maneira
muito especial o Conselho de Administração.

 Desenvolvimento sustentável: modelo de desenvolvimento que


busca compartilhar a exploração racional de recursos naturais e
sua regeneração, eliminando o impacto nocivo da ação do ser
humano, em geral, e dos processos produtivos, em particular,
para satisfazer as necessidades das gerações presentes sem
pôr em perigo a satisfação daquelas que possam ser
apresentadas pelas gerações futuras.

 Empresa cidadã: Concepção de empresa como membro


integrante da sociedade, com o dever de promover seu
desenvolvimento e a preservação do entorno vital onde realiza
sua atividade. O cumprimento de suas obrigações como
cidadão corporativo é uma forma de alcançar a legitimidade na
sociedade da qual faz parte.

 Ética empresarial: é o estudo e a aplicação da moral ao mundo


da empresa. Compreende o conjunto de valores, normas e
providências que as organizações vinculam a seus membros
em forma de ideais compartilhados e obrigações, em torno do
que é bem e mal, do que é correto e incorreto.

 Filantropia estratégica: ação social da empresa, formulada e


implantada sobre a base de um planejamento estratégico de
negócio, associando a ação filantrópica a alguns benefícios
determinados em termos econômicos e de vantagem
competitiva.

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 Gestão ambiental: gestão orientada à prevenção, redução,


minimização e eliminação do impacto ambiental negativo que
ocasiona ou pode ocasionar a atividade da empresa.

 Marketing com causa social: campanha com apoio da


comercialização de produtos e serviços oferecidos por países
com vistas ao desenvolvimento e organizações não
governamentais que canalizam ajuda a ditos países.

 Reputação corporativa: reconhecimento público alcançado,


expressão, em certa medida, de legitimidade social.

 Sustentabilidade: expressão do impacto de atividade de


empresa na tríplice dimensão: econômica, social e ambiental.
Compromisso com o modelo de desenvolvimento sustentável
que se pode alcançar por meio da responsabilidade social
corporativa. Capacidade ou qualidade para alcançar o
desenvolvimento sustentável.

 Tríplice conta de resultados (triple bottom line): é aquela que


representa, em termos quantitativos, o valor econômico, o valor
para o desenvolvimento social ou para o meio ambiente que as
empresas criam ou destroem. Este conceito reflete a
importância de considerar as consequências econômicas e
também ambientais e sociais das decisões que tomam as
organizações.

Apesar de a expressão responsabilidade social corporativa não possuir


uma definição consensual, pode ser entendida como a maneira ética de
condução dos negócios da empresa de forma que esta se torne corresponsável
pelo desenvolvimento social.

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A responsabilidade social corporativa é o compromisso voluntário das


empresas com o desenvolvimento da sociedade e a preservação do meio
ambiente, desde sua composição social e um comportamento responsável com
as pessoas e os grupos sociais aos quais se integram.

De acordo com AECA (2004), ela centra sua atenção na satisfação das
necessidades dos grupos de interesse através de determinadas estratégias,
cujos resultados têm que ser medidos, verificados e comunicados
adequadamente. Vai além do mero cumprimento da norma legal estabelecida e
da obtenção de resultados exclusivamente econômicos em curto prazo. Supõe
um planejamento do tipo estratégico que afeta a tomada de decisões e as
operações de toda organização, criando valor em longo prazo e contribuindo
significativamente para obtenção de vantagens competitivas duradouras.

Para Almeida (2003), é o compromisso das empresas em contribuir para


o desenvolvimento econômico sustentável, trabalhando seus funcionários e
suas famílias, a comunidade local e a sociedade para melhorar sua qualidade
de vida. A responsabilidade social corporativa inclui direitos humanos, direitos
trabalhistas, proteção ambiental, relações com os fornecedores e o
monitoramento dos direitos dos stakeholders, conforme é demonstrado na
figura 1.

Figura 3 – Definição de responsabilidade social corporativa

Fonte: Almeida (2003)

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Os elementos relacionados abaixo, de acordo com AECA (2004), facilitam


uma definição mais precisa de responsabilidade social corporativa:

 Responsabilidade: capacidade para reconhecer, aceitar e


estabelecer respostas nas consequências de um
comportamento realizado consciente e livre.

 Social: qualidade de pessoa como elemento integrante de um


sistema social ou coletivo de indivíduos.

 Corporação: entidade de interesse público, comumente


associada a um projeto econômico, em particular a empresa.

 Compromisso voluntário: obrigação contraída por vontade


própria sem interferência de nenhuma classe.

 Organização: conjunto de pessoas estabelecido,


institucionalizado e estruturado adequadamente, dotado de
meios para alcançar determinados fins.

 Sociedade: agrupamento natural de pessoas que constituem


unidade distinta de cada um de seus indivíduos, com o fim de
cumprir, mediante mútua cooperação, todos ou alguns dos fins
da vida.

 Meio ambiente: entorno físico natural, incluídos o ar, a água, a


terra, a flora, a fauna e os recursos renováveis, tais como os
combustíveis fósseis e os minerais.

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 Pessoa: indivíduo da espécie humana.

 Grupos de interesses, partes interessadas ou stakeholders:


grupos de pessoas ou indivíduos afetados de uma ou outra
forma pela existência ou ação das organizações e com algum
interesse legítimo sobra as mesmas.

Pode-se concluir que responsabilidade social corporativa, segundo o


Instituto Ethos (2001), relaciona-se à capacidade da empresa de atender
simultaneamente os interesses dos diferentes públicos com os quais ela se
inter-relaciona, sendo capaz de incorporá-los ao planejamento de suas
atividades. Isto significa que a empresa é socialmente responsável quando
consegue gerar valor não apenas para seus proprietários e acionistas, mas sim
para todos os demais públicos com os quais ela se relaciona: empregados,
fornecedores, clientes, governo, meio ambiente e comunidade.

4.3 Grupos de interesses ou stakeholders

As partes interessadas ou stakeholders são qualquer grupo dentro ou fora


da organização que tem interesse no desempenho da empresa. Há uma
tendência cada vez maior em se considerar stakeholder quem se julgue como
tal, em cada situação. A empresa deve procurar fazer um mapeamento dos
stakeholders envolvidos, conforme a figura a seguir.

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Figura 4: Quem são os seus stakeholders?

Fonte: Almeida (2003)

A responsabilidade social interna focaliza o público-interno da empresa,


seus empregados e seus dependentes, ou seja, os beneficiários internos da
empresa, sem os quais a organização não pode sobreviver. Por outro lado, a
responsabilidade social empresarial externa procura atuar na sociedade na
qual a empresa está inserida, junto a todos os seus públicos ou beneficiários
externos (fornecedores, clientes atuais, potenciais clientes, opinião pública,
governo, sociedade, etc.) e, consequentemente, a empresa obtém maior
visibilidade e admiração frente a públicos relevantes para sua atuação.

As relações construídas com os públicos interno e externo, de forma a


satisfazer as suas necessidades e interesses, gerando valor para todos,
asseguraram a sustentabilidade em longo prazo dos negócios, por estarem
sincronizadas com as novas dinâmicas que afetam a sociedade e o mundo
empresarial. Este envolvimento da organização na prática da responsabilidade
social gera sinergias, precisamente com os públicos dos quais a empresa
depende, fortalecendo o seu desempenho global. Uma empresa adquire o
“status” de empresa-cidadã quando atua em ambas as dimensões
(responsabilidade empresarial interna e externa).

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FUNDAMENTOS DE SUSTENTABILIDADE

A responsabilidade social da empresa está estritamente ligada ao tipo de


relacionamento desta com os seus interlocutores. A natureza desta relação vai
depender muito das políticas, valores, cultura e, sobretudo, da visão estratégica
que prevalecem no centro da organização e no atendimento a essas
expectativas.

Os stakeholders suscitam um elenco de compromissos a serem


observados pelas empresas que desejem ser publicamente reconhecidas como
socialmente responsáveis e, associados a eles, os temas relacionados no
quadro 1 vêm sendo atualmente tratados pelo Instituto Ethos.

Quadro 1 – Temas tratados atualmente pelo Instituto Ethos em relação à


responsabilidade social corporativa

-Compromissos éticos
Auto regulação
-Enraizamento na cultura
da conduta
organizacional
VALORES E
-Diálogo com as partes interessadas
TRANSPARÊNCIA
Relações -Relações com a concorrência
transparentes
-Balanço social
com a sociedade

-Relações com os sindicatos

Diálogo e -Gestão participativa


participação
-Participação nos resultados e
bonificações
PÚBLICO
INTERNO -Compromisso com o futuro das
Respeito ao
crianças
indivíduo
-Valorização da diversidade

Trabalho decente -Compromisso frente às demissões


e respeito ao -Compromisso com o

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FUNDAMENTOS DE SUSTENTABILIDADE

trabalhador desenvolvimento profissional e a


empregabilidade

-Cuidados com a saúde, segurança


e condições de trabalho

-Preparação para a aposentadoria

-Política de remuneração, benefícios


e carreira

-Gerenciamento do impacto no meio

Gerenciamento serviços ambiente do ciclo de vida


de impacto dos produtos e

ambiental -Minimização de entradas e saídas


MEIO AMBIENTE de materiais

Responsabilidade -Comprometimento da empresa com


frente às a causa ambiental

gerações futuras -Educação ambiental

-Critério de seleção e avaliação de


fornecedores
Seleção,
-Trabalho infantil na cadeia produtiva
avaliação e
FORNECEDORES -Relações com os trabalhadores
parcerias com
terceirizados
fornecedores
-Apoio ao desenvolvimento de
fornecedores

-Política de marketing e
comunicação comercial
CONSUMIDORES/ Dimensão social
-Excelência do atendimento
CLIENTES do consumo
-Conhecimento dos danos potenciais
dos produtos e serviços

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FUNDAMENTOS DE SUSTENTABILIDADE

-Gerenciamento do impacto da
Relações com a
empresa na comunidade do entorno
comunidade local
-Relações com organizações locais

-Financiamento

-Gestão da ação social


COMUNIDADES
Ação social -Foco e alcance da ação social

-Integração entre empresa e ação


social

Trabalho -Estímulo ao voluntariado


voluntário

-Contribuições para campanhas


Transparência
políticas
política
GOVERNO E -Práticas anticorrupção e própria

SOCIEDADE -Liderança e influência social

Liderança social -Participação em projetos sociais

governamentais

Fonte: Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial, versão


2003.

4.4 Objetivos Da Responsabilidade Social Corporativa

A responsabilidade social corporativa deve ser útil para atender as


necessidades dos distintos grupos de interesses, desde um comportamento
eficiente e adequado na tríplice dimensão: econômica, social e ambiental da
empresa. Por isso, o objetivo básico da responsabilidade social corporativa,
segundo AECA (2004), é fornecer elementos de direção e gestão consistentes
para:

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FUNDAMENTOS DE SUSTENTABILIDADE

 Dotar a empresa de uma base conceitual sólida desenvolver o


modelo de empresa cidadã e de sua contribuição para o
desenvolvimento sustentável.

 Inovar e melhorar os processos de direção, gestão, medição e


informação das empresas, para que estas tenham em conta a
citada tríplice dimensão de sua atividade e a satisfação de
necessidades dos grupos de interesses.

 Fazer com que as empresas gerem externalidades socialmente


responsáveis.

Conforme os objetivos acima, a responsabilidade social corporativa deve


permitir, de acordo com AECA (2004):

 Introduzir melhoras nos processos internos da empresa, em


todos os níveis, com um sistema de gestão integral que
considere os aspectos econômicos, sociais e ambientais e tenha
em conta as necessidades manifestadas dos distintos grupos de
interesse.

 Potenciar as vantagens competitivas da empresa em aspectos


tão relevantes como, por exemplo: fortalecimento da reputação
corporativa, fidelidade do cliente, incrementos da qualidade e da
produtividade, incremento da capacidade de atrair e reter talento
e incremento da capacidade de atrair recursos financeiros.
 Fornecer informação completa e confiável da atividade da
organização em sua tríplice dimensão, útil para todas as partes
interessadas.

 Desenvolvimento econômico da empresa, mediante a geração


suficiente de benefícios.

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4.5 Princípios básicos da responsabilidade social corporativa

Os princípios básicos constituem regras fundamentais que regem o


comportamento socialmente responsável das organizações. Sua determinação
e aplicação estão em congruência com o conceito, os objetivos da
responsabilidade social corporativa e as necessidades dos grupos de
interesses.

Os princípios básicos que propõe a AECA (2004) são: transparência,


materialidade, verificabilidade, visão ampla, melhoria contínua e natureza social
da organização.

Transparência é a peça básica da responsabilidade social corporativa.


Está fundamentada no acesso a informação que a organização proporciona
sobre seu comportamento social e que é permeável às sociais. Um instrumento
essencial da transparência é a comunicação dos aspectos ligados à
responsabilidade social corporativa, mediante um relatório dirigido aos seus
grupos de interesses e que se reflete o compromisso e a participação dos
mesmos.

Materialidade - presume-se que a organização deve ter em conta as


necessidades e expectativas das partes interessadas na tomada de decisões,
afrontando todas as dimensões da responsabilidade social corporativa, assim
como todas as suas atividades e impactos, diretos e indiretos. Para obter um
adequado nível de conhecimento do que é ou não material em seu
comportamento a respeito da responsabilidade social corporativa, as
organizações devem manter um adequado fluxo de relação com os grupos de
interesse da mesma. Uma organização deve entender que a responsabilidade
social corporativa afeta todas as atividades da empresa, assim como o conceito
mais amplo de sua entidade. A inaplicação da responsabilidade social
corporativa a alguma entidade sobre a qual exerce influência ou sobre uma
atividade implica uma inadequada aplicação do princípio de materialidade.

Verificabilidade – as atuações socialmente responsáveis da entidade


devem se submeter a uma verificação externa. A transparência e a
verificabilidade são princípios necessários para obter um adequado nível de
credibilidade. A verificabilidade está fundamentada na possibilidade de que
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FUNDAMENTOS DE SUSTENTABILIDADE

uma auditoria independente possa comprovar as atuações da empresa. O


relatório final de um auditor independente pode proporcionar indícios sobre a
verificabilidade das atuações.

Visão ampla – a organização deve centrar seus objetivos de


responsabilidade social corporativa no contexto de sustentabilidade mais amplo
possível. Deve considerar o impacto que produz nos âmbitos local, regional e
global, com um sentido claro de herança para futuras gerações. A situação no
contexto de sustentabilidade estará em função de múltiplos fatores. Os mais
relevantes são a atividade, a localização e o tamanho da organização. O
princípio de visão ampla supõe que as organizações determinem seu impacto
macroeconômico, ampliando a tradicional visão da empresa em nível
microeconômico.

Melhora contínua – a responsabilidade social corporativa é ligada à ideia


de gestão continuada, que tem por objetivo principal a sobrevivência da
organização. Uma atividade puramente especulativa, com o propósito exclusivo
de maximizar em curto prazo o benefício econômico, sem considerar a
consecução de outro tipo de objetivos em médios e longos prazos (plural), é
por definição uma atividade carente de responsabilidade social c orporativa. As
estratégias de responsabilidade social corporativa pretendem assegurar a
viabilidade do projeto empresarial em longo prazo, promovendo uma relação
simbólica com o entorno social e com o meio ambiente.

Natureza social da organização – a responsabilidade social corporativa


está estabelecida na imagem e no reconhecimento da natureza social das
organizações como valor que prevalece sobre qualquer outra consideração do
tipo econômico ou técnico. Destaca o valor e o papel do ser humano como ente
individual e social, origem e fim da organização. As estratégias de
responsabilidade social corporativa pretendem assegurar que a organização se
estrutura sobre a base de sua natureza social e não sobre valores de índole
estritamente técnica-econômica.

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4.6. Responsabilidade social como cultura empresarial

A visão da responsabilidade social como cultura empresarial está


presente nas iniciativas de organismos como a OIT - Organização Internacional
do Trabalho e a OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico, que estabeleceram normas e diretrizes para as ações de
multinacionais reconhecidas em nível internacional. O objetivo é promover o
desenvolvimento econômico a partir de uma perspectiva social e
ambientalmente sustentável.

Muitas empresas são atraídas pelas vantagens de adotar práticas


socialmente responsáveis. Os principais benefícios para as empresas seriam:

 valorização da imagem institucional e da marca;


 maior lealdade do consumidor;
 maior capacidade de recrutar e manter talentos;
 flexibilidade e capacidade de adaptação
 longevidade.

As empresas socialmente responsáveis são aquelas que procuram, além


de gerar riquezas, distribuí-las de forma justa entre as diferentes partes
interessadas. Para isto é preciso:

 Comprometer-se publicamente a seguir as normas


internacionais como definidas pela OIT e a OCDE e envolver as
partes interessadas no acompanhamento/monitoramento das
suas práticas.

 Estabelecer relações saudáveis com as diferentes partes


interessadas, levando em conta seus interesses, por meio de
mecanismos de consulta e participação.

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FUNDAMENTOS DE SUSTENTABILIDADE

 Procura desenvolver seus negócios de forma a beneficiar a


todos, inclusive aos diferentes grupos que compõem a cadeia
produtiva.

 Na gestão do seu negócio, procurar gerar emprego estável,


contribuindo para a justa distribuição das riquezas e reduzindo a
exclusão de grandes grupos de cidadãos.

 Manter o vínculo do debate sobre responsabilidade social


corporativa com as discussões maiores sobre o comércio
internacional.

 Contribuir para o desenvolvimento da sociedade em que faz


parte, fortalecendo suas estruturas democráticas de
participação.

 Por meio de uma gestão sustentável, inovar na redução de


impactos ambientais não desejados.

 Possuir uma atuação proativa em relação à incorporação das


expectativas da sociedade.

Atualmente, fatores como educação, saúde, meio ambiente, segurança,


cultura, esporte e lazer são responsáveis pela continuidade de um crescente
ciclo de consumo e pelo desenvolvimento de toda a cadeia produtiva em torno
da sociedade.

Por tudo isso, conforme Macedo e Avessa (2004), as empresas e as


comunidades devem zelar pelo consumo consciente, ou seja, o uso de bens e
serviços que atendam às necessidades básicas e tragam uma melhor
qualidade de vida à população, ao mesmo tempo em que minimizem a
utilização de recursos naturais, materiais tóxicos, a emissão de poluentes, de

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forma a não prejudicar as futuras gerações. Somente assim, as empresas se


tornam verdadeiras empresas-cidadãs, gerando consumidores responsáveis e
buscando continuamente a solução ou, ao menos, a diminuição das carências
sociais existentes.

Nem é preciso ser um bom observador, segundo os autores, para verificar


que as empresas socialmente responsáveis, que pensam não somente no
lucro, mas, acima de tudo, no ser humano, são mais valorizadas e
reconhecidas, com a preferência dos seus clientes. Essas ações estão se
transformando numa poderosa vantagem competitiva no desenvolvimento dos
negócios das organizações, já que os consumidores valorizam a preocupação
das empresas em tornar a sociedade mais equilibrada, com menos injustiças e
desigualdades.

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5. CADEIA SUSTENTÁVEL DE FORNECEDORES

5.1 Mercado

Segundo Losso (2008), a indústria brasileira cresceu 6,3% em 2007, o


melhor resultado dos últimos três anos. Boa parte dos setores aumentou sua
produção, encabeçada por bens de capital (que inclui máquinas e
equipamentos para a indústria) e bens de consumo duráveis (produtos com
vida longa, como carros e eletrodomésticos).

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) constatou que 42% de 1.655


indústrias pesquisadas pretendem aumentar os investimentos em máquinas e
equipamentos nos próximos meses. Ou seja, a fase de expansão continuará
em 2008. Essa é uma boa notícia para a economia, principalmente porque vem
acompanhada da intenção das empresas de usar matéria-prima com
responsabilidade ambiental e de fabricar com sustentabilidade produtos que
deixem menos rastros no meio ambiente.

Com essa nova explosão, o setor industrial vem sendo um dos maiores
recrutadores de profissionais que entendam de sustentabilidade. Um trabalho
que começa muitas vezes dentro de seus próprios quadros, já que a
complexidade das operações pede gente que compreenda esses processos.

"A indústria de celulose, por exemplo, que está entre alguns dos setores mais
poluentes, também inclui algumas das empresas que mais avançam em
programas sustentáveis e procuram profissionais para tocar seus projetos", diz
Claudio Carvalho, consultor da DBM, empresa de recolocação de São Paulo.

Nos últimos anos, segundo dados da DBM, o profissional de


sustentabilidade teve seus ganhos aumentados em mais de 1.000%. Os
ganhos de um gerente chegam a 20.000 reais mensais. Na área de segurança
do trabalho, um setor em que há algum tempo se equiparava em importância

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com sustentabilidade, um profissional do mesmo nível ganha 15.000 reais, no


máximo. Sem contar o tempo de recolocação um terço da média do mercado.

5.2 Cadeia Sustentável


O investimento da indústria nesse perfil de executivo não acontece
apenas por consciência social e ambiental. Há necessidades do próprio
negócio. Para ter uma ideia, o Wal-Mart, que há algum tempo não era nenhum
exemplo de empresa ambientalmente responsável, passou a pedir que seus
fornecedores, a indústria em sua maior parte, façam o mesmo. "A cadeia de
supermercados exigiu que a fabricante de papel Kimberly-Clark entregue
produtos sem impacto ambiental. A Kimberly, por sua vez, exigiu uma celulose
limpa de seu fornecedor.

Esse é o efeito da política de sustentabilidade que vem se espalhando na


indústria", diz Andrea Goldschmidt, sócia da consultoria Apoena Social,
especializada em soluções de responsabilidade social para empresas. No ano
passado, 76% das empresas que fazem parte da CNI adotaram procedimentos
gerenciais associados à gestão ambiental.

O autor relata ainda que Jeferson Corrêa, de 27 anos, gerente da área de


sustentabilidade da Kimberly-Clark, responde ao diretor de assuntos
corporativos e contribui para aumentar esses índices. É parte do trabalho dele
orientar os fornecedores e encontrar soluções para a própria empresa usar
processos sustentáveis de fabricação, como o de produzir papel com 100% de
fibra reciclada, ou seja, sem derrubar nenhuma árvore.

5.3 Perto da Diretoria

Muitas das indústrias mais desenvolvidas em programas sustentáveis têm


um aspecto em comum: o profissional responsável por essa área está
diretamente ligado à alta gestão da companhia. "Não precisa ser o vice-
presidente, mas tem que ter trânsito livre com ele", diz Andrea, da Apoena
Social.

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Quem quiser aproveitar as oportunidades para mudar de área deve ficar


de olho dentro da própria empresa em que atua. Uma vez que a compreensão
do processo de produção integralmente é essencial no setor, as indústrias
aproveitam quem já está na casa para tocar seus novos departamentos. Nesse
caso não importa a formação, porém o envolvimento com o negócio e a
capacidade de transitar pelos departamentos.

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