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Do subúrbio americano ao metaverso

Empreendedorismo nos EUA 1920-2000

Matheus Caliman

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Nathan Cavalcante

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Théo Garcia

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Não há dúvidas de que os hábitos de consumo, a qualidade de vida e a renda


per capita da vida hodierna são completamente diferentes de cem anos atrás.
Isso, pois, as mudanças ocorridas ao longo do período alteraram a velocidade
de desenvolvimento tecnológico e a forma como produzimos em sociedade. Tais
mudanças, como será explicitado ao longo do ensaio, podem ser evidenciadas
por dois principais atores:

1) As grandes empresas pós-Segunda Guerra, responsáveis por moldar o


estilo de vida americano;
2) E o advento do computador e consequentemente da 3ª Revolução
Industrial.

Primordialmente, é importante compreender como que os EUA, pós-Crise de 29,


estavam inseridos num momento ímpar da história de seus empreendedores. O
tamanho mínimo para a manutenção de uma firma tornou-se mais difícil de ser
alcançado, por conta do acesso escasso a capital e da regulação crescente em
uma série de setores. Dessa forma, grande parte das startups da época, ou
foram adquiridas por grandes empresas, ou saíram de cena.

Nesse contexto, ocorre um pico de falências de pequenas e médias empresas


em 1933, e surge ao longo da década a consolidação das grandes empresas,
que através de seus laboratórios de pesquisa e desenvolvimento (P&D), focam
no desenvolvimento de novas tecnologias com base científica, e por vezes
passam a realizar pesquisas de longo prazo.

Contudo, um dos passos mais interessantes da história do empreendedorismo


surge na Segunda Guerra em diante. Durante o conflito, grandes empresas
assumiram um papel fundamental, já que possuíam capacidade produtiva e de
mobilização superior às de menor porte, focando em suprir as necessidades
governamentais. E assim, seus times de P&D fizeram a diferença no
desenvolvimento de diversas tecnologias, que vão desde o radar até a bomba
atômica - com o Projeto Manhattan.

Já após a guerra, os anos 50 redesenharam a indústria americana. De forma


que essa deixou de lado a inovação com base científica e passou a focar no
aumento da eficiência na produção de bens já existentes. Assim, fábricas
optaram por suprir a demanda - cada vez maior - e cortar custos de produção,
principalmente no âmbito de bens de consumo de uma nova classe média
ascendente.

Ademais, com o objetivo de atender as massas, mais de 70% da foça de trabalho


americana se manteve empregada em companhias de grande porte, durante
1950 e 1970. Nesse sentido, atendiam de forma contínua a uma demanda
igualmente estável e previsível. Diante disso, as palavras de ordem eram: “por
que se arriscar inventando algo novo quando se havia uma demanda tão alta por
itens já existentes?”.

Então, são essas empresas que vão dar início ao estilo de vida americano
suburbano, onde eletrodomésticos e itens de conforto se tornaram amplos e
acessíveis. E então, até os dias de hoje, é uma representação de como uma
classe média e a vida suburbana deveriam ser.

Com isso, o grande epicentro da evolução tecnológica no período ocorre na


esfera das grandes empresas que atendiam ao governo federal americano e
recebiam recursos financeiros, principalmente dos fundos militares. Os centros
de P&D de tais companhias, junto aos órgãos governamentais e pesquisas
universitárias, num movimento chamado de Big Science, foram responsáveis por
todo o desenvolvimento técnico que contemplou o âmbito militar, civil e
administrativo, como ocorreu com as firmas que prestavam serviço ao IRS e à
NASA, por exemplo.

É nesse sentido que surge o computador, a invenção mais importante do século.


Desenvolvido primeiramente por diversas universidades para fins - mais uma vez
- militares, o advento do computador pessoal (PC) primitivo nos anos 60 pela
IBM e já nos anos 80, a competição da companhia com a Apple e Microsoft pelo
mercado de PCs, fizeram com que não só a indústria tecnológica se
transformasse, o que tornou os processos operacionais em todos os setores de
atuação de empresas muito mais rápidos e eficientes, bem como repaginou o
ato de empreender per se.

As empresas, inseridas em um momento de liberalização dos mercados – em


meio a líderes como Thatcher e Reagan – e de descrédito da Ciência com fins
militares buscaram cada vez mais propósitos civis para suas tecnologias. Além
disso, no período, se observou uma importação de produtos mais frequente no
mercado americano, onde antes existiam pouquíssimos bens tecnológicos
estrangeiros.

Dessa forma, com tais fatores em jogo, não apenas as pequenas empresas
ganham espaço, em um movimento de “small-scale goods” (que abrangia da
alimentação natural até computadores pessoais), bem como a visão do
empreendedor individual, inventor e revolucionário, que estava adormecida
desde os anos 20, volta à tona.

Assim surge a imagem dos gênios do Vale do Silício que persiste até os dias
atuais. Estes ícones representam o reflexo do espírito empreendedor americano
e do potencial dos cérebros americanos e estrangeiros, explorados pelos EUA e
pelas universidades.

É nesse cenário que emergem os símbolos do empreendedorismo tecnológico,


desde Bill Gates, Steve Jobs e Sergey Brin. É interessante traçar o paralelo de
como esses empreendedores do século passado puderam criar condições tão
favoráveis aos de agora, tais como Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos.
Nesse viés, o ponto mais interessante é o fato de universidades americanas de
ponta permanecerem como hubs de inovação, e, ao mesmo tempo, exportarem
tecnologia e senso de empreendedorismo para o mundo.
Posto isso, o mundo atual segue valorizando o indivíduo empreendedor nos mais
diversos campos que a tecnologia abrange. É fundamental ratificar que essa
imagem do inventor/empreendedor só reaparece graças a adoção massiva dos
computadores, que foram responsáveis pela criação de uma gama desmesurada
de carreiras e oportunidades em segmentos tais como programação, design,
nanotecnologia, robótica, e mais recentemente engenharia genética e,
principalmente, inteligência artificial e criptoativos. Sem contar, é claro, com o e-
commerce, que revolucionou a economia e a intensidade de como o ser humano
consome.

Estamos vivendo o momento da hiperconectividade que, de maneira rápida e


eficiente, liga o criador ao consumidor. A internet e o computador pessoal
tornaram o ato de empreender acessível e democrático em todas as etapas:
coleta de informação, capital e mercado consumidor. Subindo no ombro de
gigantes, os inventores deste século não ficam mais reféns de investimento
governamental ou imposição de sigilos.

Sendo assim, a computação com certeza é o maior legado deixado pelo século
XX, e é impressionante como a evolução parece estar apenas no início, como é
observável pelas possibilidades de curto e médio prazo da “Internet das coisas”
e do 5G, e no longo prazo, pela viagem espacial e pelo recentemente tão falado,
metaverso. Este último, trará implicações financeiras, sociais e éticas de
proporções jamais vistas, e será capaz de alterar toda a dinâmica econômica do
planeta nos próximos anos.

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