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Primeira Prova – História Econômica Geral II

Aluno: Daniel Furtado Nunes Rocha da Silva DRE: 121051245


Professor: Luiz Carlos Delorme Prado Turno: Integral Período: 2021.2

1) Segundo Landes “Nas últimas décadas do século XIX ... “um conjunto articulado (cluster)
de inovações que foi chamado de Segunda Revolução Industrial ... marcou o início de um
novo ciclo ascendente, um segundo ciclo de crescimento industrial...” (Landes, Unbound
Prometheus). Alfred D. Chandler Jr (Chandler, Creating Competitive Capability...) afirmou
que o desenvolvimento e a exploração econômica dessas novas invenções foi possível pelo
surgimento da “empresa industrial moderna”.

a. Discuta o conceito de empresa industrial moderna de Chandler e explique os mecanismos


que permitiram que elas explorassem o potencial de economias de escala e escopo das
novas tecnologias.

Na década de 1880, a construção dos sistemas de transporte e comunicação, que permitiam


fluxos contínuos de bens e insumos dentro da economia, gerou um novo potencial de produção
que culminou na Segunda Revolução Industrial. As tecnologias mais revolucionárias dessa
segunda onda foram a fabricação do aço, do cobre e do alumínio, a refinaria do petróleo, os novos
processos químicos, a produção em massa de máquinas e, sobretudo, o advento da energia
elétrica.

É nesse contexto que surgiram as empresas industriais modernas. Essas entidades se


caracterizam por: investimento elevado em economias de escopo e de escala, investimento em
marketing e distribuição e hierarquia gerencial para melhor controle dos processos de produção,
distribuição e alocação de recursos.

A organização da empresa era regida pela estrutura de governança, na qual várias unidades
operavam de forma integrada e exerciam diferentes funções, como produção, comercialização,
pesquisa e finanças. Cada uma tinha administração, recursos, instalações e pessoal próprios, mas
todas as atividades eram coordenadas por um conjunto de gerentes que tomavam as decisões e
de alocação de recursos.

As novas indústrias eram completamente diferentes da empresa tradicional Marshalliana. Na


empresa tradicional, a propriedade era familiar e o dono da empresa era o próprio gestor. Além
disso, o aumento de produção resultava no aumento da quantidade de trabalhadores,
caracterizando uma forma de produção intensiva em trabalho.

As novas firmas, por outro lado, eram intensivas em capital, isto é, a proporção do uso de capital,
em relação ao trabalho, se tornou muito maior. Elas se caracterizavam pela produção em escala e
escopo: nas economias de escala, quanto maior o volume da produção, menor o custo por unidade
produzida; nas economias de escopo, a fabricação de produtos variados nas instalações fabris já
montadas diminui o custo de produção.

O alto nível de produção exigia capacidade de coordenação, domínio de tecnologia e acesso ao


mercado. Dessa forma, o know how, a experiência e o trabalho em equipe eram essenciais para a
plena exploração dos processos tecnológicos.

A capacidade de investimento e inovação tornaram-se fundamentais para a nova concorrência.


As inovações tecnológicas são interdependentes, inter-relacionadas e, acima de tudo, cumulativas.
A inovação em um setor impacta profundamente os demais e, por meio da mudança na oferta de
insumos, abre oportunidade para novas atividades ao longo da cadeia produtiva. Chandler
exemplifica a importância da inovação usando o cenário das empresas britânicas, que perderam
mercado para as estadunidenses e as alemãs ao serem superadas por elas

Devido à enorme vantagem conquistada pelas firmas industriais modernas, o surgimento de


novas no mesmo ramo se tornou difícil, já que o investimento inicial para se tornar competitiva teria
de ser alto. Além disso, esses desafiantes teriam que enfrentar os oligopólios e superar suas
eficiências funcional e estratégica.

b. Discuta os impactos dessas inovações e desses novos tipos de empresa e das novas
formas de organização industrial no crescimento dos EUA na década de 1920.

Os Estados Unidos, potência em rápida ascensão no pré-guerra, após a Primeira Guerra, foi
colocado abruptamente “em uma posição de liderança econômica mundial", um processo que
levaria algumas décadas, foi impulsionado em anos, pelo estado de devastação das potências
europeias. Os americanos passavam de devedores líquidos, para o maior credor do mundo.

Tomando o lugar da Grã-Bretanha, como líder econômico, a partir da década de 1920 viu os
países europeus, com necessidade de empréstimos para restaurar seus danos, se endividarem
cada vez mais. Na mesma década, deu início em seus investimentos em países até então com
grandes relações com a Grã-Bretanha, como Canadá e alguns países da América Latina. Os
Estados Unidos formavam um Império que, segundo Kemp, “definido pela extensão dos
investimentos e interesses comerciais no exterior”, um império sem fronteiras, que tornava o país
cada vez mais ativo nos assuntos mundiais. Enquanto os países europeus preocupavam-se com
sua reconstrução, os Estados Unidos aumentava severamente sua produção. Grandes recursos
financeiros, enorme mercado interno, grande capacidade de produção em massa e a aplicação de
novas tecnologias, faziam dos Estados Unidos o local perfeito para o progresso capitalista.

O Fordismo, implementado que a partir do modelo de empresa industrial moderna, introduziu a


linha de produção, que separava os processos da produção, permitindo uma maior flexibilidade e
menor qualificação da mão de obra. Porém, segundo Tom Kemp, o fordismo necessitava de
reposição constante da força de trabalho, pois, é um processo que “busca os limites físicos (e
psicológicos) do ser humano”, para ele, um dos motivos para este processo ser aceito pelos
trabalhadores foi o aumento do salário durante a escassez de mão de obra na Primeira Guerra.
Portanto, encontra-se uma relação entre o crescimento acelerado dos Estados Unidos, com o
lento crescimento da Europa. Destaca-se que, as desigualdades regionais, descontrole
inflacionário e cambial, problemas políticos, desemprego, danos estruturais, perda de mão de obra
e as dívidas externas, colocaram os países europeus em má situação. Ao contrário, os Estados
Unidos, alçado a maior potência econômica mundial, tornou-se um grande credor, fonte e alvo de
investimentos, além disso, alto crescimento de segundo e terceiro setor, e seu Produto Nacional
Bruto cresceu constantemente durante a década. Os Estados Unidos, então, estavam em uma
posição inversa com os países europeus, que apesar de apresentarem algum crescimento durante
a década, foram vítimas constantes de recessões durante ela.

3) “Em uma perspectiva conceitual muito ampla, a Grande Depressão nos Estados Unidos
pode ser analisada muito bem com um modelo, familiar para estudantes de introdução a
economia, de oferta agregada e demanda agregada. Entre 1929 e 1933, uma série de choques
causaram a demanda agregada a declinar repetidamente nos EUA. Esse declínio na
demanda agregada levou a economia a mover-se para baixo ao longo de uma curva de oferta
com inclinação positiva.” Christina D. Romer, “The Nation in Depression”, em The Journal
of Economic Perspectives, Vol. 7, No. 2 (Spring, 1993).

a. Considerando o texto acima, discuta as causas da Grande Depressão nos EUA e apresente
as razões de sua difusão para a Europa.

A Grande Depressão foi uma grande crise, caracterizada principalmente pelo desemprego em
massa e pela deflação, que teve origem nos Estados Unidos e afetou o mundo a partir do final da
década de 1920. Ela é chamada desse modo pois foi considerada a pior e a mais longa crise do
século XX, já que a produção apenas retorna ao nível pré-crise na década de 1940. Esse momento
também recebe outros nomes que refletem alguns dos fatores contribuintes para a eclosão da crise,
como “crise de superprodução” e “crise do liberalismo”. Assim, é preciso entender o contexto e os
fatores que levaram à crise para, em seguida, analisar as respostas da Europa e dos Estados
Unidos.

Os Estados Unidos após a Primeira Guerra Mundial, na década de 1920, prosperou


economicamente. O crescimento do PIB, conduzido pela exportação de bens tanto industriais como
primários, e a baixa taxa de desemprego são características importantes da economia americana
na época. Essa prosperidade permitiu que os Estados Unidos realizassem enormes empréstimos
para ajudar os países europeus a se recuperarem da guerra, se tornando então exportadores de
capital e aumentando a integração da economia mundial.

Devido a esse cenário econômico americano, a manutenção do padrão ouro foi dificultada. Isso
porque o desequilíbrio da balança comercial dos Estados Unidos, em que as exportações
superavam as importações, fez com que uma grande quantidade de ouro se acumulasse nesse
país, causando escassez em outros e dificultando a conversibilidade, característica essencial do
padrão ouro. O Federal Reserve Board estava consciente do perigo e se esforçou para evitar a
inflação em outros países, mas não teve sucesso em evitar a deflação que veio durante a Grande
Depressão.

Entre os fatores internos que influenciaram a Grande Depressão, é preciso destacar a ruralidade
dos Estados Unidos. Apesar da importância econômica dos bens industrializados, perto da crise
metade da população dos Estados Unidos dependia diretamente ou indiretamente de atividades
rurais. Com o boom agrícola mundial, a oferta de bens primários aumentou de maneira significativa,
o que reduziu o nível geral de preços. Além de reduzir o poder de compra de parte da população
americana, reduziu as exportações de bens industrializados, já que a maioria dos países que
importavam esses bens eram predominantemente agrícolas e foram afetados pela queda de
preços.

Outro fator ao qual é preciso examinar é a concentração de renda nos Estados Unidos, que reduz
os possíveis consumidores dentro do país. Mesmo aqueles que possuíam renda disponível tiveram
suas opções esgotadas pois, segundo Rothermund, “o que mais um americano rico poderia
comprar após ter uma grande casa, ter um ou dois carros e vestir sua esposa em seda?”. Essa
saturação causa o aumento dos estoques de bens industrializados, o que causa a queda de preços
e, somado à redução das exportações, é por isso que a Grande Depressão também é chamada de
crise de superprodução.
Essa queda nos preços, que é uma das principais características da Grande Depressão, vai ser
o causador das altas taxas de desemprego, outra característica desse período. Isso porque preços
baixos e pouca demanda causam prejuízo para os produtores, que precisam compensar essas
perdas de alguma maneira, ou seja, cortar gastos. Uma das principais maneiras de realizar isso é
demitindo funcionários. Assim, a demissão aumenta e não há emprego, já que as empresas
também não estão contratando.

Retomando a pergunta de Rothermund, ele explica que esses consumidores ricos, buscando
novas maneiras de gastar seu dinheiro, o utilizam para especular no mercado financeiro. Isso
aumenta a especulação nos Estados Unidos, concentrando os recursos no mercado financeiro e
não na produção efetiva. Como o mercado financeiro americano era relativamente recente, não
havia regulações, o que possibilitou a supervalorização de certas ações e, consequentemente,
criou uma bolha no final da década de 1920.

Apesar de ocorrer nos Estados Unidos, quando essa bolha estoura em outubro de 1929,
quebrando a Bolsa de Valores de Nova Iorque e diversos bancos pelo país, a economia mundial é
afetada por completo. Isso se deu devido à integração econômica mundial e ao fato dos Estados
Unidos ser o maior credor na época. Entretanto, é preciso ressaltar que cada país é afetado de
maneira diferente já que, de acordo com características internas, as consequências foram mais ou
menos severas. Assim, todos esses fatores citados em conjunto causam a severa redução dos
níveis de preços gerais e o desemprego em massa que, como citado anteriormente, são as
características principais da Grande Depressão. Cabe agora entender as o que os governos dos
Estados Unidos e dos principais países europeus realizaram para combater essa crise.

Essa crise teve início nos Estados Unidos, mas devido à integração econômica, todos os outros
países foram afetados. Assim, agora que as medidas tomadas pelos Estados Unidos foram
compreendidas, é preciso ver como alguns países europeus lidaram com a Grande Depressão.
Enquanto a França se encontrava em uma boa situação econômica, com grandes reservas de ouro
e foi capaz de implementar um programa de intervenção governamental rapidamente, a Grã-
Bretanha e a Alemanha tiveram mais dificuldades nesse período.

Quando os Estados Unidos para de realizar empréstimos para a Europa devido à crise, a Grã-
Bretanha assume o vácuo deixado por esse país no mercado. Conforme os bancos europeus
quebram, isso se torna um problema pois o Banco Central Inglês não consegue atuar como credor
de última instância. A falta de cooperação entre os países europeus agrava ainda mais a situação.
O partido trabalhista, que estava no poder quando isso aconteceu, é substituído pelo partido
conservador, um movimento seguido por diversos países devido à onda anti-liberal. Logo após essa
mudança de governo, a Grã-Bretanha abandona o padrão ouro, o que desvaloriza sua moeda, e
realiza medidas protecionistas. Esse conjunto de medidas ajuda o país a superar a crise, após uma
certa turbulência.
Já a Alemanha vivenciou após a 1ª Guerra Mundial uma situação única de altíssima inflação o
que acabou com a poupança do país, que possuía dívidas com os Estados Unidos e ainda
precisava pagar as reparações da guerra. Quando os Estados Unidos para de realizar
empréstimos, o desemprego aumenta, colocando a situação econômica e política alemã na beira
do caos. Entre os anos de 1930 e 1932, Brüning realizou políticas protecionistas a fim de manter a
estabilidade da balança comercial e, consequentemente, do padrão ouro. Entretanto, como citado
anteriormente, o cenário político alemão estava um caos e, é nesse momento que Hitler começa a
ganhar mais poder até que, em 1934, ele se torna presidente do país e recebe crédito pela melhora
econômica, apesar de apenas continuar usando as políticas de seu antecessor.

b. Explique por que a restauração do Padrão Ouro dificultou as respostas dos governos
europeus e dos EUA à Grande Depressão.

Os acontecimentos decorridos entre 1914 à 1918 fizeram com que o Padrão Ouro fosse
interrompido devido à falta de colaboração e credibilidade entre os bancos centrais mais
importantes das nações que estavam participando da guerra- no caso França, Inglaterra,
Alemanha, EUA. Quando a guerra acabou, as várias transformações nos quatros anos do conflito,
tornaram o mundo muito diferente daquele que existia antes e isso fazia com que o Padrão Ouro
não atendesse mais ao cenário econômico e financeiro que se estava configurando, já que
situações antes nunca vivenciadas, passaram a fazer constantemente parte da nova realidade,
como a consolidação dos sindicatos em consequência da legitimação dos governos para que essas
associações apoiassem a guerra. Aquela estabilidade vivenciada nos períodos entre 1870 e 1913,
que viabilizou um forte desenvolvimento econômico e industrial atrelado ao pleno funcionamento
do Padrão Ouro, era inconcebível com as consequências diplomáticas e econômicas geradas com
o fim da guerra.

O sistema já não comportava os grandes déficits e excedentes que estavam contidos no balanço
de pagamentos. A Alemanha, por exemplo, tinha que arcar com suas indenizações a serem a pagas
à França, EUA e Inglaterra e com a hiperinflação que estava enfrentando devido a emissão sem
lastro de títulos bancários e papel-moeda para estimular o custeio dos gastos com o conflito, além
da diminuição significativa da sua reserva de ouro. O território inglês também passava por
dificuldades, já que acabou por perder sua hegemonia na indústria com a diminuição do seu grande
império e por não ter conseguido acompanhar o desenvolvimento da tecnologia das outras nações
industrializadas, além de que seu Banco Central perdeu sua soberania de orientar o Padrão Ouro.

A situação francesa também não era boa, ainda que tivesse uma considerável reserva de ouro,
acabou por aumentar sua taxa de juro de forma a dificultar um retorno do equilíbrio que antes
estivera. No solo americano, o cuidado era com sua economia interna, ainda que fosse um dos
maiores no que tange a exportação de produtos agrícolas e manufaturados, havia também um
receio de se atrelar com a economia internacional, já que embora tivessem consigo obter um bom
estoque de ouro, ainda não havia uma vivência em relação a encabeçar uma economia que era
alicerçada no mercado internacional.

O fim da guerra também trouxe consigo também o esgotamento de inúmeras reservas de metais.
Ademais, com a variação dos níveis de inflação em diferentes países, quando foram voltar ao
sistema do Padrão Ouro, com preço já estabelecido, os produtos de alguns países tinham mais
vantagens por estarem sobrevalorizados enquanto os produtos de outros países enfrentavam uma
subvalorização. O Padrão Ouro não estava conseguindo lidar com as diversas e novas situações
que afligiam os países, como a gradual rigidez salários, as tensões advindas da guerra e as ágeis
evoluções tecnológicas. Além disso, os preços não conseguiam atingir uma estabilidade no período
da Grande Depressão, sendo esse um dos motivos para fim do Padrão Ouro. A Alemanha, por
exemplo, deixou o sistema em 1914 e acabou não conseguindo voltar para ele, posto que acabou
perdendo uma parte considerável de seus estoques de ouro.

O Império Britânico terminou com o padrão ouro espécie com a eclosão da Primeira Guerra, mas
com o fim do conflito, começou-se a realização de medidas para o retorno ao padrão ouro, e para
tal, pretendeu-se valorizar a moeda inglesa até que ela voltasse a ter seu poder de compra antes
da guerra, fazendo uso de superávits no orçamento e aumento nas taxas de juro. Em 1925,
sancionou-se a Lei Britânica do Padrão Ouro que adotou o padrão barra-ouro ao mesmo tempo
que invalidou o padrão ouro espécie. Este novo padrão barra-ouro não contava com a volta da
circulação das moedas de ouro, e, de maneira oposta, esta lei impunha que seriam as autoridades
a vender barras de ouro à demanda a um certo preço estabelecido. O padrão barra-ouro perdurou
até 1931, quando o Reino teve que conter esse sistema em razão dos enormes fluxos de ouro que
estavam saindo do país.

No território americano, sua associação ao Padrão Ouro formava entraves para as medidas as
políticas contra a Grande Depressão. Mesmo sem sair do Padrão Ouro durante a guerra, bem no
início do conflito, o presidente dos EUA determinou a proibição da exportação de ouro sem
consentimento das autoridades, durando até o fim da década de 1910. Já na década de 1920, os
EUA voltaram ao Padrão Ouro, ampliando seus estoques de ouro em razão do seu superávit
comercial e medidas protecionistas além de sua política monetária. Com a Crise de 29 e o início da
Grande Depressão, os EUA promoveram inúmeras ações no intuito de estabilizar sua economia no
governo de Hoover, e 1932, como a Federal Home Loan Bank Act (deu origem ao Home Loan Bank
System aprovado pelo Federal Reserve System para realizar redescontos de empréstimos
hipotecários), também houve a Reconstruccion Financial Corporation Act (deu origem a
Reconstruction Finance Corporation que podia emitir obrigações três vezes superiores a para
assistir os bancos) e por fim houve a Glass-Steagall Act (autorizava o Federal Reserve System a
emitir notas lastreadas em títulos do governo). Com a eleição de Rooselvelt em 1933, houve a
determinação da suspensão de transições bancárias em ouro, assim o EUA deixava de vez o
Padrão Ouro.

Depois da Grande Depressão, os países não aguentariam ter déficits, a política monetária estava
totalmente submissa ao poder executivo no que tange a função do Banco Central e ainda
relacionada ao ouro, ademais, a percepção de que a política econômica era guiada pelo setor
externo não estava consolidada. A política externa insuficiente que visava ao equilíbrio gerava um
forte desemprego, que preocupava tanto que passou a ser considerado como uma questão muito
importante na Macroeconomia. No Padrão Ouro, o desemprego não era visto como uma questão
de política econômica e monetária, mas sim como uma questão particular a cada indivíduo. No
Padrão Ouro também, o maior faturamento dos tributos dos países adivinha dos impostos de
importação. Com a soberania financeira e econômica americana no pós-guerra, os sindicatos cada
vez mais se consolidavam e difundiam a ideia de que o desemprego era uma questão social e
sistêmica, além de ganhava-se espaço a ideia de que a política monetária econômica se sustentava
pelo comércio internacional associado ao balanço de pagamento e quantidade de ouro que havia
nos países, onde o ouro já era algo deficiente em alguns países.

No cenário europeu, a conjuntura para estabilização levou à utilização de medidas protecionistas,


diminuindo o desenvolvimento do comércio internacional. A colaboração entre os países também
não foi a frente, uma vez que a Liga das Nações não logrou produzir efeitos significativos de
gerência em relação as políticas nacionais, faltava ter cooperação e austeridade mundial. Esse
conglomerado de mudanças nas perspectivas e noções do funcionamento da economia com o fim
da Primeira Guerra Mundial inviabilizaram o regresso eficiente e permanente do Padrão Ouro, esse
sistema não atendia a mais a nova realidade que se configurava após a Primeira Guerra e a Grande
Depressão, novos sistemas e formas precisavam suplantar o Padrão Ouro.
Sendo assim, não há dúvida de que o padrão-ouro foi um fator importante na transmissão do
declínio americano para o resto do mundo, visto que as economias estavam relacionadas entre si
pelo preço do ouro. Sob este regime, os desequilíbrios no comércio ou nos fluxos de ativos dão
origem a fluxos internacionais de ouro. Uma vez que a economia norte-americana começou a se
contrair de forma severa, a tendência do ouro de sair dos outros países rumo aos EUA se
intensificou. Isso ocorreu porque a deflação nos Estados Unidos fez com que os bens americanos
ficassem mais baratos, enquanto a renda baixa nos EUA reduziu a demanda americana por
produtos importados.

Os países nos quais vigorava o padrão-ouro tinham que seguir a cartilha de tal sistema, o que
significava adotar políticas contracionistas em períodos de crise. As políticas foram perversas
porque foram formuladas para preservar o padrão-ouro, e não pra estabilizar o emprego. As
autoridades pensavam que a manutenção do padrão-ouro iria com o tempo restaurar o nível de
emprego, enquanto tentativas de aumentar o emprego diretamente falhariam. Devido a esta
mentalidade, tal sistema monetário foi considerado por muitos a causa da crise ter tomado a
dimensão de uma depressão mundial, pois era a barreira fundamental para a tomada de atitudes
que reverteriam o declínio, visto que limitava as ações dos bancos centrais em resposta a
adversidades.

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OBS: Anotações de aula e material nos slides utilizados também.

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