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O Painel da Loja de Aprendiz no R:.E:.A:.A:. — A:. R:. B:. L:. S:.

Obreiros de São João Batista—169

GRANDE ORIENTE DE MINAS GERAIS


Obreiros de São João Batista 169

O PAINEL DA LOJA DE APRENDIZ NO R∴E∴A∴A∴


Uma breve revisão da literatura

Ir∴ Bruno Augusto Viana


CIM: 23.467
Oriente: Belo Horizonte - MG
Data: 28 Abril de 2020

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O Painel da Loja de Aprendiz no R:.E:.A:.A:. — A:. R:. B:. L:. S:. Obreiros de São João Batista—169

SUMÁRIO

 PREFÁCIO 5
 O PAINEL DA LOJA 6
 AS JOIAS 9
A Pedra Bruta 9
A Pedra Polida 9
Pedra Cúbica vs Pedra Polida 10
 OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO 11
Os instrumentos de trabalho e a ausência
da régua de 24 polegadas no Painel da Loja
do Aprendiz do R:.E:.A:.A:. 12
A Prancheta 13
O Compasso e o Esquadro 13
O Prumo e o Nível 14
O Maço e o Cinzel 14
 PARAMENTOS 15
O Delta 16
As Letras 16
 ORNAMENTOS 17
A Orla Dentada 18
As Quatro Borlas 18
O Sol e a Lua 18
As Nuvens 19
As Estrelas 19
A Corda de 7 Nós 19
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As Romãs 20
As Colunas B:. E J:. 20
Os Degraus 21
As Três Janelas 21
O Pórtico 22
 BIBLIOGRAFIA 23

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PREFÁCIO

Por óbvio, o presente trabalho não pretende esgotar a discussão sobre o Painel da Loja de Aprendiz utili-
zado no Rito Escocês Antigo e Aceito. Pelo contrário! O que se espera é que a discussão sobre esse ele-
mento tão importante seja incentivada a partir da compreensão de conceitos básicos acerca dos elemen-
tos que compõem o Painel da Loja. O que será visto aqui, nada mais é do que traçar um breve panorama
acerca da origem do Painel e uma abordagem simples sobre cada elemento que o compõe, usando como
base o que já foi escrito em livros e artigos publicados em sites maçônicos e por reconhecidos pesquisa-
dores maçons.

Também se faz necessário nesse trabalho, ater apenas ao grau de Aprendiz maçom e, por tanto, suprimir
alguns aspectos importantes de comparação entre os painéis dos graus dois e três que abririam ainda
mais o leque de discussão sobre o tema.

Enfim, por se tratar de uma revisão literária, nada que se ache aqui é de minha autoria. Apenas busquei
compilar informações contidas em trabalhos anteriores e distribuí-las de forma didática. Espero assim
entregar minha contribuição para o aprendizado maçônico.

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O PAINEL DA LOJA

Entende-se por Painel, o quadro apresentado pelo Mestre de Cerimônias, à frente do pavimento mosai-
co, no ato da abertura dos trabalhos.

No Rito Escocês Antigo e Aceito, três são os Painéis Simbólicos, sendo eles os Painéis das Lojas de Apren-
diz, Companheiro e de Mestre. Nos graus Filosóficos, os Painéis existem com de-
A prancheta de Hiram Abiff

nominações de Emblemas ou Escudos. Neste estudo, nos ateremos apenas ao es-


tudo dos símbolos presentes no Painel da Loja de Aprendiz Maçom do Rito Esco-
cês Antigo e Aceito.

O Painel da Loja tem origem na antiga prancheta onde Hiram Abiff desenhava seus
projetos, estudando-os e dando-lhes as medidas adequadas. Segundo pesquisado-
res maçônicos como Pedro Juk e Rizzardo da Camino, não se conhece a origem
exata do Painel da Loja de Aprendiz da forma como o conhecemos hoje, no entan-
to, a versão atual do Painel de Aprendiz provavelmente tomou seu formato definitivo na França entre o
final do século XIX e começo do XX. O Painel presente em nossas Lojas atualmente, pelo menos nas Lojas
brasileiras, é de autoria do eminente pintor maçom John Harris (1791-1873) em meados de 1820.

Primitivamente, as reuniões maçônicas ocorriam em canteiros

Gabanon, 1744”
“Catéchisme des franc-maçons “ de Leonard
de obras e os símbolos que caracterizavam tais reuniões eram
desenhados no chão, frente ao altar, e apagados tão logo a reu-
nião se findasse. À medida que as reuniões passaram a ocorrer
em locais fechados e próprios, tornou-se impossível manter es-
sa tradição, ou por danificar o soalho ou pela dificuldade de se
apagar os desenhos em seguida, então os desenhos passaram a
ser feitos em tecido. Ao fim da reunião, esse tecido era enrolado e ficava sob a guarda de um dos irmãos.
O Rito Schroeder ainda mantem a tradição de apresentar o Painel da Loja pintado ou bordado em teci-
dos.

Segundo Rizzardo da Camino, os Painéis não obedecem a nenhuma regulamentação, e os Rituais do Rito
Escocês Antigo e Aceito nada dizem a respeito; no entanto, trata-se de uma tradição que vem sendo ob-
servada há um século e meio.

Como símbolo, o Painel remete à reflexão sobre a importância do planejamento de nossas tarefas. Obvia-
mente, o simbolismo do Painel não se restringe apenas às atividades arquitetônicas, mas em todos os
momentos da vida do Maçom, seja nas atividades maçônicas, pessoais, profissionais ou familiares.

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Os painéis são a síntese dos mistérios de cada grau, indicando os símbolos que devem ser estudados pelo
iniciado. Toda a Loja está representada no Painel, desde o soalho até o teto. Uma vez colocado frente ao
pavimento mosaico, todos os maçons presentes saberão, através dos símbolos estampados no quadro,
em qual grau aquela Loja estará reunida. Os Símbolos dispostos no painel são classificados como:

 Joias
 Instrumentos de Trabalho
 Paramentos
 Ornamentos

Todos os símbolos do Painel devem ser estudados, tanto em seu sentido individual quanto em conjunto.
Na Maçonaria Especulativa, os ensinamentos do Painel são as “instruções e planejamentos” para a cons-
trução do homem e lhe dão subsídios para a lapidação de sua pedra bruta.

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AS JOIAS

Numa Loja Maçônica encontramos vários simbolismos que decoram seu interior. Algumas dessas peças,
denominadas “joias”, representam física e espiritualmente os fundamentos maçônicos. As Joias são fixas
e móveis, sendo as fixas àquelas consideradas o fundamento da loja, tal como o alicerce da construção, e
são representadas pela Pedra Bruta, Pedra Polida e Prancheta. Já as Joias móveis são aquelas passadas a
diante com as mudanças de administração. Cada joia móvel representa uma das Luzes da Loja. São elas o
Esquadro (Venerável Mestre), Prumo (Segundo Vigilante) e o Nível (Primeiro Vigilante).

Por motivos didáticos, serão abordadas no tópico joias, nesse momento, apenas a Pedra Bruta e Pedra
Cúbica. A Prancheta e demais Joias Móveis serão abordadas posteriormente no item “Os Instrumentos de
Trabalho”.

 A Pedra Bruta
Objeto do trabalho do Aprendiz, a Pedra Bruta, que deve ser desbastada e esquadrejada, para se transfor-
mar em Pedra Cúbica, polida e regular, simboliza o próprio Aprendiz, no seu esforço para se aperfeiçoar e
polir o seu caráter, a sua retidão e a sua integridade. É, enfim, o próprio símbolo de seu aperfeiçoamento
na Maçonaria.

Esse aperfeiçoamento dependerá muito do Aprendiz, mas, também, bas-


tante de seus Mestres, para que ele não se perpetue como uma “pedra
bruta”.

 A Pedra Cúbica
Representa o Companheiro, simboliza o homem desbastado e polido de
sua aspereza, educado e instruído, pronto para ocupar seu lugar na cons-
trução de um mundo melhor.

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 Pedra Cúbica vs Pedra Polida:


Na Maçonaria, o termo Pedra Polida é usado para lembrar que um Maçom deve sempre e incessante-
mente polir sua pedra bruta das arestas para que tenha uma superfície plana. Portanto Pedra Cúbica é
uma Pedra Polida, nós somos uma pedra Bruta.

No entanto, igualmente podemos concluir que uma Pedra Polida não é necessariamente uma Pedra Cúbi-
ca, pois uma pedra pode ser polida nos formatos piramidal, oval, esférico ou outro qualquer, estando li-
vre das arestas. Nestes casos, a Pedra Polida não apresentará a retidão e os ângulos necessários para ser
considerada uma Pedra Cúbica, portanto não é uma equivalência, ou seja, bidirecional, pois toda a Pedra
Cúbica é Polida, mas nem toda a Pedra Polida é Pedra Cúbica.

Em nossos ensinamentos temos que a Pedra simboliza o Maçom, que deve trabalhar e aperfeiçoar a si
mesmo, combatendo os vícios e glorificando o direito e a virtude, em benefício da sociedade, o que sim-
bolicamente denominamos construção de Templos a Virtude.

Para podermos compreender o significado da pedra bruta e da pedra cúbica ou polida, devemos primei-
ramente ter em mente uma visualização panorâmica de uma construção rústica, como por exemplo as
pirâmides do Egito, o Coliseu em Roma, onde a pedra usada na construção simboliza o Maçom.

Portanto, o objetivo é trabalhar insistentemente todo dia, corrigindo as irregularidades, e arestas inúteis,
desbastando todas as saliências, deixando a pedra mais lisa, polindo-a dia-a-dia, para tornar-me um mes-
tre maçom no mais puro e verdadeiro sentido, é nessa etapa que o Mestre-Maçom deverá provar através
de seu conhecimento, colocar em prática toda a sua sabedoria para transformar-se cada vez em um ser
melhor, para si mesmo e para com os que estão ao seu redor.

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OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO

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 Os instrumentos de trabalho e a ausência da régua de 24 polegadas no


Painel da Loja do Aprendiz do R:.E:.A:.A:. .

O significado filosófico e simbólico dos instrumentos de trabalho do Grau de Aprendiz Maçom representa
os conceitos fundamentais sobre a vida e o trabalho do homem, a sua natureza tríplice (corpo, mente e
espírito). Esses instrumentos (a Régua de 24 polegadas, o Maço e o Cinzel) são essenciais para que o
Aprendiz consiga desbastar a sua pedra bruta, que significa o próprio Aprendiz nas condições em que se
encontra no mundo profano, com seus defeitos (arestas), e sobre o qual deverá proceder à sua auto lapi-
dação, sua auto escultura, seu autodesenvolvimento.
Embora seja apresentada no ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito como um dos instrumentos de trabalho
do Aprendiz Maçom, a régua de 24 polegadas não está presente no Painel da Loja de Aprendiz. Segundo
Pedro Juk, no Rito Escocês Antigo e Aceito, rito de origem francesa, a Régua de 24 Polegadas é um dos
instrumentos de trabalho inerente ao Grau de Companheiro. Já no Craft (Ofício) inglês, no Brasil comu-
mente conhecido como Rito de York da Inglaterra, a régua é um dos objetos pertences ao Grau de Apren-
diz. Do mesmo modo no Rito Schröder, rito de origem alemã, mais depurado da Maçonaria inglesa, a Ré-
gua Graduada também é um dos instrumentos de trabalho do Primeiro Grau, o que pode ser comprovado
no catecismo de Aprendiz do rito.

No Brasil, devida à equivocada mistura de procedimentos de uns em outros ritos, a régua aparece em al-
guns rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito também no Grau de Aprendiz, o que é um erro crasso, tanto
pelo aspecto doutrinário como pelo histórico.

Aqui no Brasil o pormenor que envolve a régua se dá porque alguns rituais do escocesíssimo estão enxer-
tados com práticas do Craft. Essa indevida inserção se deu quando as Grandes Lojas Estaduais brasileiras
fundadas em 1927 pelo Irmão Mário Marinho Béhring buscaram o reconhecimento das Grandes Lojas
Norte-americanas. Para o caso, é sabido que as Lojas Azuis (simbolismo) das Grandes Lojas dos Estados
Unidos da América do Norte tiveram a sua ritualística fundamentada no Craft inglês que é oriundo da
Grande Loja dos Antigos de 1751. Assim, em se tratando do Craft e da Régua como instrumento de traba-
lho, a mesma nele pertence ao grau de Aprendiz.

Embora nem todos os instrumentos de trabalho representados no Painel da Loja de Aprendiz Maçom se-
jam para o uso do Aprendiz, serão abordados nesse trabalho:

 A Prancheta
 O Esquadro e o Compasso;
 O Prumo e o Nível;
 O Malho e o Cinzel;
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 A Prancheta:
A Prancheta é o utensilio utilizado pelos Mestres para gravar e ensinar os cami-
nhos, os conceitos, os princípios e a ética a serem seguidos pelos Companheiros e
Aprendizes.

Em loja, o símbolo deve estar no Oriente feito de madeira ou outro material em


cima de um cavalete ou adaptado em um local à direita de quem está sentado
nas cadeiras do Oriente. Ele é um retângulo que representa uma prancha de de-
senhar, traçar ou gravar na qual, está inserido dois sinais, uma cruz quádrupla
(quatro cruzes latinas cristãs) constituídas por duas paralelas cruzadas, símbolo do limitado e também da-
quilo que homem pode realizar e também uma cruz de ângulos opostos pelos vértices símbolo das díadas
e também do infinito. Esta cruz é em forma de X (xis) também é conhecida como cruz de Santo André. Es-
ta cruz para os maçons esotéricos simboliza a união a união do mundo superior com o mundo inferior.

 O Esquadro e o Compasso:
O Esquadro simboliza a retidão limitada por duas linhas: uma horizontal que
representa a trajetória que temos que percorrer na Terra, ou seja, no mundo
físico. A outra linha, vertical, representa o caminho para cima, que por ser sem
fim, nos leva ao Cosmos, ao Infinito, e a Deus. É a Joia do Venerável Mestre.

O Compasso simboliza o equilíbrio, a vida correta e a justiça. Ensina onde co-


meçam e terminam os direitos de cada um de nós.

Juntos, Esquadro e Compasso formam o símbolo mais característico da maço-


naria. Representam que a ordem é pautada pela filosofia sobre os itens dos pedreiros e antigos construto-
res. Nenhuma loja funciona sem o Esquadro e Compasso amostra sobre o Livro da Lei aberto.

O Esquadro e o Compasso simbolizam também a materialidade do homem e sua espiritualidade. Quando


juntos e na sua apresentação básica e a depender de como se arrumam indica em qual grau a Loja está
trabalhando. No Grau de Aprendiz, as pontas do compasso ficam dispostas sob o esquadro, mostrando
que ainda há, no aprendiz, a preponderância da materialidade sobre a espiritualidade.

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 O Prumo e o Nível:
O Prumo, utilizado pelos pedreiros para conseguir o alinhamento vertical representa, na simbologia ma-
çônica, a retidão, o acerto, a justiça e a moral que cada Maçom deve de-
senvolver em si, através da construção de seu próprio Templo Espiritual. É
a Joia do 2º Vigilante.

O Nível, utilizado pelos pedreiros na busca da horizontalidade, simboliza,


na Maçonaria, a igualdade, pois coloca todos ao mesmo nível. É a Joia do
1º Vigilante.

 O Maço e o Cinzel:
O Maço (ou Malho) é um instrumento de trabalho braçal e pesado, em que se em-
prega a força. É um instrumento só utilizado na Sessão de Iniciação. Já o seu diminu-
tivo, o Malhete, é utilizado em todas as Sessões pelas 3 Luzes da Loja (Venerável
Mestre, 1º e 2º Vigilantes).

Símbolo da força e da autoridade, o malhete é utilizado para dar início, suspender


ou cessar os trabalhos, bem como para dar ênfase a trechos do ritual. Na sua forma
esotérica destina-se a desbastar a Pedra Bruta, retirando-lhe, através do Cinzel, as
arestas. No inicio dos trabalhos, o som do 1º golpe, produzido pelo Venerável Mes-
tre, encontra continuidade nos golpes dados pelos Vigilantes, produzindo ondas so-
noras iniciadas no oriente e espalhadas pelo Norte e Sul do Universo.

O Cinzel é o símbolo do trabalho inteligente. É um instrumento de ferro endurecido (aço) que apresenta
numa das suas extremidades a forma pontiaguda, arredondada, ou achatada; na outra extremidade situa-
se a cabeça que sofrerá os golpes do Maço.

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PARAMENTOS

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Paramentos são símbolos cuja presença no templo é absolutamente imprescindível à realização de uma
sessão litúrgica. Conhecemos como paramentos as três Grandes Luzes, sendo elas o Livro da Lei o Esqua-
dro e o Compasso, sendo os dois últimos já tratados nesse trabalho, mas incluídos nas Ferramentas de
Trabalho.

No Painel da Loja de Aprendiz Maçom, incrustado no Pórtico, são encontrados dois Símbolos, cujas pre-
senças no templo também são absolutamente imprescindíveis para a realização de uma sessão litúrgica,
são eles:

 O Delta:
O Delta, a quarta letra do alfabeto grego, representado como triângulo equilátero,
figura tida como perfeita por ter seus ângulos e lados perfeitamente iguais.

Para os antigos representava a providência, velando pelos homens na tradição ju-


daico-cristã, considera o olho inscrito num triângulo como o símbolo de Deus.

O Delta, ou triângulo equilátero, sempre foi, desde as mais remotas civilizações, o símbolo das tríades di-
vinas: Osíris, Isis e Hórus, dos egípcios; Brahma, Vishnu e Shiva, do hinduísmo; Shamash, Sin e Ichtar, dos
sumerianos; Yang, Ying e Tao, do taoísmo.

 As Letras:
As letras do nome hebraico de Deus (iôd, he, vav e hé, lidas da direita para a esquerda, que é o sentido da
escrita hebraica) ou, pelo menos, a primeira letra iôd; isso, pelo sinal, seria o correto, nos Ritos Teístas,
embora seja mais usado o Olho Onividente, que é mais próprio dos Ritos racionalistas, que o assimilam
ao Olho da Sabedoria, de Hórus.

Hé vav he Iôd
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ORNAMENTOS

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Ornamentos são todos os símbolos que decoram e ornamentam o templo e não se classificam como Fer-
ramentas de trabalho, Joias ou Paramentos. São eles: A Orla Dentada, as Quatro Borlas, o Sol, a Lua, as
Nuvens, as Estrelas, a Corda de 7 Nós, as Romãs, as Colunas B:. e J:., os Degraus, as Três Janelas e o Pórti-
co.

 A Orla Dentada:
A Orla Dentada remete ao Amor e de união. Margeando o Pavimento mosaico,
a Orla Dentada nos representa tudo que gira e une a humanidade, a força que
o Sol atrai os planetas fazendo-os orbitarem em torno de si, a admiração que
os pais trazem aos filhos os fazendo segui-los, a energia que a loja emana fa-
zendo com que nós queríamos nos reunir periodicamente em seu seio.

 As Quatro Borlas:

Possui várias interpretações. Na Escola Autêntica ou Histórica, simbolizam tem-


perança, energia, prudência e justiça. Na Escola Mística, a fé, a esperança, a ca-
ridade e a discrição; e na Escola Oculta, a terra, a água, o ar e o fogo.

 O Sol e a Lua:
No templo, o Delta Luminoso é ladeado pelo Sol e a Lua.

O Sol deve estar sempre no lado onde se encontra o Orador pois este, na cor-
respondência cósmica e mitológica, simboliza o Sol, ou o deus grego Apolo. É o
vitalizador essencial, possuidor de uma generosa fecundidade. Sem ele não
existiríamos. É o princípio ativo.

A Lua deve ficar no lado onde fica o Secretário, porque este, na correspondên-
cia cósmica e mitológica, representa a Lua, ou a deusa grega Artemis (Diana,
para os Romanos). A Lua é o reflexo do Sol. Representa, tanto quanto o Sol, a
saúde, pois recebe e reflete os raios do Sol. É o princípio passivo.

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No Templo, o Sol e a Lua ficam no Oriente atrás do Venerável, indicando a simbologia de que os trabalhos
no grau de Aprendiz são abertos ao meio-dia e fechados à meia-noite.

 As Nuvens:
Quando mergulhados na vida material, valorizamos somente o que podemos
ver e pegar, não aceitando ou acreditando nas vidas subjetivas, por serem im-
perceptíveis. Muitas vezes, até acreditamos nelas, mas criamos dificuldades que
não existem, achamos desculpas para não seguirmos em frente, na caminhada e
desculpamo-nos dizendo não ter sido possível prosseguir por falta de tempo.
Isto tudo está representado pelas nuvens no horizonte, ao alto. Estas são mol-
dáveis ao vento (nossa vontade) e, no entanto, as deixamos ficar cheias de on-
dulações e imperfeições, que são as dificuldades que colocamos para impedir
nossa própria elevação espiritual.

 As Estrelas:
Simbolizam também a universalidade da Maçonaria, mas ressaltando na forma
irregular em que são distribuídas, que os Maçons, espalhados por todos os con-
tinentes, devem, como construtores sociais, distribuir a luz de seus conhecimen-
tos àqueles que ainda estão cegos e privados do conhecimento da verdade.

 A Corda de 7 Nós:
As Cordas na Maçonaria possuem várias interpretações de acordo com o núme-
ro de nós. Quando em número de sete, representam as artes liberais, a saber:
Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.

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 As Romãs:
As romãs são frutos muito interessantes. De sabor suave e agridoce, ela possui
muitas sementes avermelhadas e unidas. Crescem em árvores que mais se
assemelham a arbustos. Oval, tem na sua extremidade inferior um terminal
exatamente como uma pequena coroa. Conforme amadurece na árvore, a ro-
mã passa do verde para o amarelo e para o vermelho, inchando tanto, que em
determinado momento ela racha e suas sementes vão para o chão, dando ori-
gem a novas árvores.

Essa quantidade imensa de sementes e a forma como ela se propaga, fez dela
símbolo da virilidade masculina, da fecundidade e da riqueza. Salomão, que a
fez símbolo de seu reinado, dizia ter poderes afrodisíacos, em especial o seu sumo e o vinho dela produzi-
do, consumido em Israel desde os seus primórdios.

 As Colunas B:. e J:. :


Para a construção do Templo, o Rei Salomão trouxe de Tiro, um artesão de
nome Hiram Abiff, israelita por parte de pai e nephtali, por parte de mãe. Foi
esse homem quem executou todos os ornamentos do Templo de Salomão,
incluindo as duas colunas construídas em bronze, que simbolicamente repre-
sentavam as duas colunas de homens que Moisés dirigiu quando da fuga dos
Hebreus do Egito.

No alto das duas colunas, Hiram colocou um capitel fundido em forma de lírio.
Ao redor deste, uma rede trançada de palmas em bronze, que envolviam os
lírios. Desta rede, pendiam em duas fileiras, duzentas romãs. À coluna da di-
reita foi dado o nome de Jaquin (Yakin) e à da esquerda, Booz. Atribui-se à coluna Jaquin a cor vermelha –
ativo, Sol ; e à coluna Booz a cor branca ou preta – passivo, Lua. O Vermelho simboliza a inteligência, a
força e a glória; o Branco simboliza a beleza, a sabedoria e a vitória.

Há quem suponha que as colunas se destinariam à guarda dos instrumentos e ferramentas dos operários,
e que junto a elas estaria o local onde os operários recebiam os seus salários. Nestas colunas, estariam
guardadas ainda as espécies e o ouro com que os operários seriam pagos. No entanto, pelo tamanho das
colunas fornecido pela Bíblia, seria impossível, em tão pequeno espaço, caberem todas as ferramentas e
instrumentos, além do ouro e espécies. Essa suposição não é sequer é suportada pela Bíblia, que em ne-
nhum momento cita as colunas como local possuidor de portas ou armários.

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Na tradução latina dos nomes, Yakin significa “Ele firmará” e Booz , “nele está a força” , ou seja “Ele firma-
rá a força”; ou ainda, “nele está a força que firmará”, como quem quer dizer que Nele, em Deus, está a
força necessária à estabilidade, ao sucesso. Assim sendo, as duas colunas simbolizam a presença do Se-
nhor no Templo.

 Os Degraus:
Além de toda simbologia e misticismo que envolve o número três, através dos
ternários, tríades e trilogia maçônica, conhecidas na Loja de Aprendiz, os três
degraus representam fundamentalmente, SABEDORIA, FORÇA E BELEZA, atri-
butos do Venerável Mestre, Primeiro e Segundo Vigilantes.

 As Três Janelas:
Significam que os Profanos não têm acesso ao Templo, e que os Aprendizes,
durante seus estágios nesse Grau, dele não podem se ausentar, daí o significa-
dos das grades nessas janelas. Simbolizam o itinerário do sol em seu curso di-
ário.

A Janela do Oriente permite a passagem da luz da aurora, tão suave e agradá-


vel que induz os Obreiros ao trabalho, daí a razão do Venerável Mestre tomar
assento no Oriente.

Pela Janela do meio-dia passa a luz do meridiano, cujo calor intenso convida à
recreação; ao meio-dia tem assento o Segundo Vigilante, a quem cabe obser-
var o sol no meridiano, chamar os Obreiros para o trabalho e manda-los à recreação.

Pela Janela do Ocidente entra a luz do sol poente, já enfraquecida, que convida à oração e ao repouso.
No Ocidente toma assento o Primeiro Vigilante, a quem cabe solicitar o encerramento dos Trabalhos.

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 O Pórtico:
No centro do Painel do Aprendiz, vê-se uma Porta, situada entre as Duas Colu-
nas, representando a Porta do Templo. Este Templo, por ser cópia do Templo
de Salomão, é construído em formato retangular e, estando o Venerável sem-
pre colocado no Oriente e em lado oposto à entrada, conclui-se que a Porta
do Templo se situará sempre no lado do Ocidente. Por isso, é frequentemente
denominada de Porta do Ocidente, representando que no seu limiar não exis-

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BIBLIOGRAFIA

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2014.
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