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Marcio Fernandes Jr

Diego de Castro Amaral


Advocacia e Assessoria Jurídica

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIRETO DA ____ª


VARA CIVEL E DE ACIDENTES DO TRABALHO DA COMARCA DE
MANAUS/AM.

ANTÔNIO MARCOS BECKMAN DE LIMA, brasileiro, casado,


militar, portador da Carteira de Funcional n° 12100 PM/AM e
Cadastro Pessoa Física n° 418.156.102-04 e LILIAN SIMONE LOBO
BECKMAN, brasileira, casada, psicóloga, portadora da Carteira de
Identidade nº 1489922-1 e Cadastro de Pessoa Física nº
483.259.532-68, ambos, residentes e domiciliados a Rua 11, nº
224, QD N, Bairro de Flores, Manaus/AM, CEP 69028-410, vem com
os mais elevados e cordiais cumprimentos à presença de Vossa
Excelência, por intermédio de seus advogados que in fine esta
subscrevem, com instrumento procuratório em anexo, com
escritório profissional na Rua 12 casa 285 – Conjunto Hiléia I –
Bairro Redenção – Manaus/AM, telefones (92) 98822-5579 e (92)
99367-0057 e-mails marcioadv2@gmail.com e
diegodecastroamaral@hotmail.com , propor a presente:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C RESTITUIÇÃO DE PARCELAS
PAGAS

Em Face de:
INCORPORADORA E VENDEDORA PATRI URBIS 02 EMPREENDIMENTO
IMOBILIÁRIO LTDA, empresa de direito e natureza jurídica
privada, com CNPJ n° 09.368.080/0001-07, com sede na Rua Ulisses
Cruz, nº 761, Bairro de Tatuapé, São Paulo/SP, CEP 03077-000,
com fulcro no artigo 6°, inciso V da Lei 8.078 de 11 de Setembro

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Redenção – Conjunto Hiléia I
Manaus/AM – Cel. (92) 98822-5579 e (92)99367-0057
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de 1990 e demais dispositivos legais pertinentes, pelos fatos e


fundamentos que passa a expor na exordial:

DAS PRELIMINARES

Ad Cautelam, a parte Suplicante requer, que seja


deferida a GRATUIDADE DE JUSTIÇA tendo em vista o disposto
no artigo 98 do NCPC, a qual concede aos reconhecidamente
destituídos de condições este benefício e conforme a
“declaração” que segue, em anexo, com a presente, donde a
Parte ora Autora declara não possuir as condições para vir
ali arcar com tais Custas Processuais sem um prejuízo do
próprio sustento afora desta sua família; Por esse motivo,
requer, sob as penas da lei, a concessão do benefício da
gratuidade da justiça, nos termos do artigo 98 do NCPC,
combinado com o artigo 1° da Lei 7.115/83, bem como art.
5º, LXXIV, da Constituição Federal.

DOS FATOS

Os Autores celebraram contrato de compromisso de


compra e venda em 18 de novembro de 2016, com a ré PATRI
URBIS 02 EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO LTDA, na qualidade de
INCORPORADORA e VENDEDORA, referente a compra de um imóvel
no condomínio denominado SMILLE VILLAGE CIDADE NOVA, sendo
o apartamento de número 801 no Bloco Autumn, pelo montante
de R$ 445.682,28 (quatrocentos e quarenta e cinco mil
seiscentos e oitenta e dois reais e vinte e oito centavos),
conforme condições especificadas no quadro de resumo do
contrato objeto da demanda judicial, em anexo.

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Na celebração do contrato a parte Autora, efetivou o


pagamento inicial no quantum de R$ 15.000,00 (quinze mil
reais) referente a reserva e o restante seria financiado
por instituição financeira (Banco), conforme foram
instruídos pela representante vendedora da Requerida.
Os Requerentes cumpriram com todas as orientações da
vendedora representante e após a avaliação bancária da
instituição financeira foram golpeados com a notícia que a
entrada deveria ser acrescida de R$ 70.000,00 (setenta mil
reais), totalmente contrário as informações prestadas aos
Requerentes, donde acreditavam que o acréscimo da entrada,
seria ínfimo, conforme informações prestadas pela
representante da Requerida.
Após o ocorrido os Requerentes depararam-se com vários
contratempos pessoais referente a grave problema de saúde
de seu filho. Diante desta situação fatídica, tornou-se
inviável a aquisição do imóvel pretendido, haja vista que
iriam desprender-se de vultuosos montantes para o
tratamento, e a entrada necessária não era a esperada pelos
mesmos, visto que foram informados de uma situação,
entretanto deparavam-se com outra.
Diante de tal situação os Requerentes entraram em
contato com a Requerida através de e-mail, seguem em anexo,
solicitando a devolução da RESERVA que efetuaram, no
entanto, foram respondidos que, do valor de R$ 15.000,00
(quinze mil reais), apenas receberiam a quantia de R$
1.502,40 (um mil quinhentos e dois reais e quarenta
centavos), valor totalmente discrepante com o dado em
reserva.
Atônitos com tal notícia, os Requerentes em diversos
momentos tentaram chegar a uma solução pacífica, porém
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todas as suas tentativas restaram-se infrutíferas, pois a


Requerida insiste que o valor a ser devolvido será apenas
10% (dez por cento) do montando pago a titulo de Reserva,
conforme clausula contratual 7.2 e deveram obrigatoriamente
respeitar o contrato assinado, não cabendo quaisquer
questionamentos.
Não encontrando outros meios de solução, os
Requerentes recorrem ao judiciário para que tenham seus
direitos garantidos.

A ADESIVIDADE CONTRATUAL E SEUS EFEITOS JURÍDICOS

A doutrina e a jurisprudência e uníssono, atribuem aos


negócios celebrados entre o autor e a Ré o caráter de
contrato de adesão por excelência. Tal modalidade de
contrato e obviamente subtrai de uma das partes
contratantes, a parte aderente praticamente toda e qualquer
manifestação da livre autonomia na vontade de contratar,
constrangendo-a realização de negócio jurídico sem maiores
questionamentos.
Felizmente, o Direito reserva grande proteção à parte
aderente, cuja a expressão de vontade limitasse à simples
concordância quanto as cláusulas previamente estabelecidas.
A legislação pátria, especificamente o Código de Defesa do
Consumidor no seu artigo 54, os contratos de adesão,
estabelecendo normas que coíbem a usura e banem o
anatocismo:

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas


cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade
competente ou estabelecidas unilateralmente pelo
fornecedor de produtos ou serviços, sem que o

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consumidor possa discutir ou modificar


substancialmente seu conteúdo.
§ 1° A inserção de cláusula no formulário não
desfigura a natureza de adesão do contrato.
§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula
resolutória, desde que a alternativa, cabendo a
escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no
§ 2° do artigo anterior.
§ 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos
em termos claros e com caracteres ostensivos e
legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior
ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão
pelo consumidor. (Redação dada pela nº 11.785, de
2008)
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de
direito do consumidor deverão ser redigidas com
destaque, permitindo sua imediata e fácil
compreensão.

Nos contratos de adesão, a supressão da autonomia da


vontade é inconteste. Assim o sustenta o eminente
magistrado ARNALDO RIZZARDO, em sua obra Contratos de
Crédito Bancário, Ed. RT 2a ed. Pag. 18, que tão bem
interpretou a posição desfavorável em que se encontram
aqueles que, como os Autores, celebraram contatos de
adesão, in verbis:

Os instrumentos são impressos e uniformes para


todos os clientes, deixando apenas alguns
claros para o preenchimento, destinados ao
nome, à fixação do prazo, do valor mutuado, dos
juros, das comissões e penalidades.

Portanto, tais contratos contêm em sua essência mesmo


inúmeras cláusulas redigidas previa e antecipadamente, com
nenhuma percepção e entendimento delas por parte do
aderente.
Efetivamente é do conhecimento geral das pessoas de
qualidade média os contratos como do caso em tela não
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representam natureza sintagmática, porquanto não há válida


manifestação ou livre consentimento por parte do aderente
com relação ao suposto conteúdo jurídico, pretensamente,
convencionado com o credor.
Em verdade, não se reserva espaço ao aderente para
sequer manifestar à vontade. A empresa Ré se arvora no
direito de espoliar o devedor. Se não adimplir a obrigação,
dentro dos padrões impostos, será esmagado economicamente.

Necessidade, falta de conhecimento, indiferença,


ingenuidade, tudo concorre para tornar mais fraca a posição
do cliente. Em face dele, as empresas, autoras do padrão de
todos os seus contratos, tem a superioridade resultante
destas deficiências, da posição do cliente, bem como as
vantagens da sua qualidade de ente organizado e, em muitos
casos poderosos, em contraste com a dispersão em muitos
casos, debilidade social e econômica dos consumidores.

VEDAÇÃO DE CLÁUSULAS ABUSIVAS NO CONTRATO

Os Autores buscam a revisão judicial do contrato


celebrado, a fim de purgá-lo das suas impurezas jurídicas,
para colocar as partes contratantes em equidade na legítima
e necessária igualdade.
Não prevalecerá a máxima pacta sunt servanda em uma
relação contratual como a presente, nascida por parte das
rés de exercício desmedido do alto poder de barganha
oriundo do seu monopólio e por parte do autor da
fragilidade negocial e da absoluta supressão da autonomia
da vontade da Ré.

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No que tange a cláusula penal dos contratos de adesão,


o Superior Tribunal de Justiça, possui entendimento
jurisprudencial de que tal cláusula é abusiva e deve ser
extirpada do contrato declarando-a nula para seus efeitos:
DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. ABUSIVIDADE DE
CLÁUSULA DE DISTRATO.
É abusiva a cláusula de distrato - fixada no
contexto de compra e venda imobiliária mediante
pagamento em prestações - que estabeleça a
possibilidade de a construtora vendedora
promover a retenção integral ou a devolução
ínfima do valor das parcelas adimplidas pelo
consumidor distratante. Isso porque os arts. 53
e 51, IV, do CDC coíbem cláusula de decaimento
que determine a retenção de valor integral ou
substancial das prestações pagas, por
consubstanciar vantagem exagerada do
incorporador. Nesse contexto, o art. 53 dispõe
que, nos "contratos de compra e venda de móveis
ou imóveis mediante pagamento em prestações,
bem como nas alienações fiduciárias em
garantia, consideram-se nulas de pleno direito
as cláusulas que estabeleçam a perda total das
prestações pagas em benefício do credor que, em
razão do inadimplemento, pleitear a resolução
do contrato e a retomada do produto alienado".
O inciso IV do art. 51, por sua vez, estabelece
que são nulas de pleno direito, entre outras,
as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que
estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada ou sejam incompatíveis
com a boa-fé ou a equidade. Além disso, o fato
de o distrato pressupor um contrato anterior
não implica desfiguração da sua natureza
contratual. Isso porque, conforme o disposto no
art. art. 472 do CC, "o distrato faz-se pela
mesma forma exigida para o contrato", o que
implica afirmar que o distrato nada mais é que
um novo contrato, distinto ao contrato
primitivo. Dessa forma, como em qualquer outro
contrato, um instrumento de distrato poderá,
eventualmente, ser eivado de vícios, os quais,
por sua vez, serão passíveis de revisão em
juízo, sobretudo no campo das relações
consumeristas. Em outras palavras, as

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disposições estabelecidas em um instrumento de


distrato são, como quaisquer outras disposições
contratuais, passíveis de anulação por
abusividade. REsp 1.132.943-PE, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 27/8/2013.

Os tribunais em diversas regiões do país, em especial


o Tribunal de Justiça do Distrito Federal, posicionam-se no
sentido de que, a cláusula penal em contrato de adesão que
visa a retenção por parte da vendedora valor acima de 10%
(dez por cento) do valor pago, como cláusula penal abusiva.
DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. COMPRA E VENDA
DE IMÓVEL. AÇÃO DE REVISÃO DE CLÁUSULA
CONTRATUAL C/C DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS.
PRELIMINAR DE JULGAMENTO EXTRA PETITA.
REJEIÇÃO.CLÁUSULA PENAL. PERCENTUAL ABUSIVO.
SENTENÇA CONDENATÓRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
JUROS DE MORA. RELAÇÃO CONTRATUAL. ARTIGO 405
DO CÓDIGO CIVIL Quando a sentença não concede
pedido diverso daqueles deduzidos pelo autor,
não há de se falar em julgamento extra petita.
O percentual da cláusula penal deve ser fixado
de acordo com as peculiaridades do caso
concreto, tendo este Tribunal de Justiça
perfilhado o entendimento de que a rescisão do
contrato, por iniciativa e interesse do
consumidor, poderá vir acompanhada da retenção
de 10% (dez por cento) dos valores pagos, a fim
de serem ressarcidas as despesas suportadas
pelo promitente vendedor com a comercialização
do imóvel, uma vez que este ainda poderá
renegociar o bem, evitando maiores prejuízos.
Apenas incidiria ao caso o § 4º do art. 20 do
Código de Processo Civil, se somente se pedisse
a rescisão do contrato e esse pedido fosse o
único pedido e não implicasse qualquer tipo de
condenação. A condenação à restituição de
valores, e a forma como esses valores deverão
ser devolvidos, não pode ser tido como mera
consequência de declaração judicial de
desfazimento de contrato. Logo, para a fixação
dos honorários de advogado deve-se observar as
regras do § 3º do art. 20 do Código de Processo
Civil. Nos termos art. 405, do Código Civil,

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art. 206, do Código de Processo Civil,


tratando-se de responsabilidade contratual, em
regra, os juros de mora devem incidir a partir
da citação. Apelação desprovida
(TJ-DF - APC: 20130110962669, Relator: HECTOR
VALVERDE SANTANNA, Data de Julgamento:
21/10/2015, 6ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE: 03/11/2015. Pág.: 364)

PROCESSO CIVIL E CONSUMIDOR. FALTA DE INTERESSE


RECURSAL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C
DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS. PROMESSA DE COMPRA
E VENDA. IMÓVEL. DESISTÊNCIA. DIREITO DE
RETENÇÃO. CLÁUSULA PENAL. PERCENTUAL ABUSIVO.
HONORÁRIOS. SUCUMBÊNCIA E CAUSALIDADE. SENTENÇA
MANTIDA. Não se conhece de pedido constante no
apelo interposto pela parte, por ausência de
interesse recursal, se a r. sentença lhe forma
manifestamente favorável. O percentual da
cláusula penal deve ser fixado de acordo com as
peculiaridades do caso concreto, tendo esta
Corte de Justiça perfilhado o entendimento de
que a rescisão do contrato, por iniciativa e
interesse do consumidor, poderá vir acompanhada
da retenção de 10% (dez por cento) dos valores
pagos, a fim de serem ressarcidas as despesas
suportadas pelo promitente vendedor com a
comercialização do imóvel, uma vez que este
ainda poderá renegociar o bem, evitando maiores
prejuízos. A parte que sucumbe em maior na
ação, é, em regra geral, responsável pelo
pagamento das custas e honorários de advogado
(art. 21, parágrafo único, do CPC). Recurso
conhecido e não provido.
(TJ-DF - APC: 20120910280253, Relator: HECTOR
VALVERDE SANTANNA, Data de Julgamento:
23/09/2015, 6ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE: 29/09/2015. Pág.: 197)

No mesmo diapasão, o Tribunal de Justiça do Paraná,


tem posicionamento no sentido de que, a cláusula penal que
propõe retenção por parte do vendedor de valor acima de 15%
(Quinze por cento) do valor pago, como cláusula penal
abusiva.

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AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA


CONTRATUAL COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C REPARAÇÃO
POR DANOS MORAIS. INSTITUIÇÃO DE ENSINO. RESCISÃO
CONTRATUAL. CLÁUSULA QUE PREVÊ A RETENÇÃO INTEGRAL
DOS VALORES PAGOS. ABUSIVA. SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA. NULIDADE DA CLÁUSULA ABUSIVA.
DEVOLUÇÃO SIMPLES DO VALOR PAGO. INSURGÊNCIA
RECURSAL. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE. RELAÇÃO DE
CONSUMO. DEVOLUÇÃO EM DOBRO AFASTADA. AUSÊNCIA DE
MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇOS. DANO MORAL NÃO
CONFIGURADO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Diante
do exposto, decidem os Juízes Integrantes da 1ª
Turma Recursal Juizados Especiais do Estado do
Paraná, por Página 4 de 4 unanimidade, conhecer do
recurso, e no mérito, negar-lhe provimento, nos
exatos termos do vot (TJPR - 1ª Turma Recursal -
0012840-16.2013.8.16.0018/0 - Maringá - Rel.:
Marina Lorena Pasqualotto - - J. 18.08.2015)
(TJ-PR - RI: 001284016201381600180 PR 0012840-
16.2013.8.16.0018/0 (Acórdão), Relator: Marina
Lorena Pasqualotto, Data de Julgamento: 18/08/2015,
1ª Turma Recursal, Data de Publicação: 08/09/2015)

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE DEVOLUÇÃO DE PARCELAS


PAGAS. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. LIBERAÇÃO DE
FINANCIAMENTO INSUFICIENTE PARA AQUISIÇÃO DO
IMÓVEL, QUE CULMINOU NA RESCISÃO DO CONTRATO PELOS
AUTORES. DEVOLUÇÃO PARCIAL DOS VALORES PAGOS
CORRESPONDENTE APENAS A 15% DO VALOR. PEDIDO DE
NULIDADE DA CLÁUSULA 12ª, § 3º, ITEM? B? DO
INSTRUMETNO PARTICULAR DE COMPROMISSO DE COMPRA E
VENDA E DEVOLUÇÃO DO VALOR CORRESPONDENTE A
INTEGRALIDADE DAS PARCELAS PAGAS. INCOMPETENCIA DOS
JUIZADOS ESPECIAIS PELO VALOR DA CAUSA?
IMPROCEDENCIA. VALOR DA CAUSA QUE DEVE CORRESPONDER
AO PROVEITO ECONOMICO PRETENDIDO? INTELIGENCIA DOS
ARTIGOS 258 E 259 DO CPC. JULGAMENTO DO MÉRITO?
ARTIGO 515, § 3º DO CPC. MOSTRA-SE ARBITRÁRIO E
DESARRAZOADO O DISPOSITIVO CONTRATUAL QUE ESTIPULA
CLÁUSULA DE DISTRATO COM PENA DE 15% SOBRE O VALOR
DO PAGO, FATO QUE TORNA EXTREMAMENTE ONEROSO PARA O
CONSUMIDOR, HIPOSSUFICIENTE NA RELAÇÃO COMERCIAL?
INCIDENCIA DOS PRINCIPIOS BASILARES DO CDC E REGRAS
DO ARTIGO 51 DO MESMO DIPLOMA LEGAL. DESEQUILIBRIO
CONTRATUAL CONFIGURADO? CLAUSULA 12ª, § 3º ABUSIVA,
QUE AUTORIZA A DECRETAÇÃO DA NULIDADE DA MESMA.
SENTENÇA ANULADA. CONTRATUAL QUE ESTIPULA CLÁUSULA
DE DISTRATO COM PENA DE 15% SOBRE O VALOR DO PAGO,
FATO QUE TORNA EXTREMAMENTE ONEROSO PARA O
CONSUMIDOR, HIPOSSUFICIENTE NA RELAÇÃO COMERCIAL?
INCIDENCIA DOS PRINCIPIOS BASILARES DO CDC E REGRAS
DO ARTIGO 51 DO MESMO DIPLOMA LEGA (TJPR - 1ª
Turma Recursal - 0032990-11.2013.8.16.0182/0 -
Curitiba - Rel.: ANA PAULA KALED ACCIOLY RODRIGUES
DA COSTA - - J. 26.11.2014)
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(TJ-PR - RI: 003299011201381601820 PR 0032990-


11.2013.8.16.0182/0 (Acórdão), Relator: ANA PAULA
KALED ACCIOLY RODRIGUES DA COSTA, Data de
Julgamento: 26/11/2014, 1ª Turma Recursal, Data de
Publicação: 12/01/2015)

É este o caso típico de error juris, que, afetando a


manifestação de vontade, traduz-se em vício do
consentimento.
A revisão da relação contratual pretendida pelos
Autores, pois, respalda-se também no art. 167 do C. Civil,
inserido no título que disciplina as modalidades dos atos
jurídicos: in verbis:

“Art. 167 - É nulo o negócio jurídico simulado (…).”

O artigo supratranscrito contempla de forma inequívoca


e explicita a proibição quanto ao abuso e a arbitrariedade
que marcaram o procedimento da Ré na avença celebrada.
O que se pretende nesta lide, em suma, é a revisão de
todos os valores objeto da relação jurídica entre as
partes, no contrato celebrado, já que uma apenas à relação
de crédito, para que se expurguem os encargos ilegais a
quaisquer títulos de sorte que os Autores paguem à Ré
apenas o que lhe for real e legalmente devido, de
conformidade com a legislação específica.
Não se pode admitir a prática usurária por parte de
quem como a Ré detenha alto poder negocial conferido pelo
monopólio econômico.
Verdade é que as contraprestações embutem taxas de
juros e encargos elevadíssimos, tanto pelos índices quanto
pelo cálculo composto. A invocação de existência de

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cláusula contratual, como suposto autorizativo para a


cobrança de juros além dos permitidos legalmente, é
insubsistente; cuida-se aí não de jus dispositivum, mas de
direito cogente.
A proibição do anatocismo jus cogens, prevalece ainda
mesmo contra convenção expressa em contrário.
Não apenas não poderá persistir a Ré na cobrança de
juros abusivos, mas pelo mesmo fundamento legal estará
obrigada à devolução de quanto lhe houver o autor pago
indevidamente a tal título. Tudo na forma do art. 394 e
segs. Do Código Civil e os estatuídos no decreto n. 22.626
e na Lei 1521/51.
O anatocismo é condenado em uníssono por nossos
tribunais, como bem mostra a jurisprudência abaixo
colacionada, simples exemplo (dentre outras) de um caudal
de decisões convergentes e meridiana.
Em síntese, a jurisprudência e a doutrina são
tranquilas e remansosas sobre a questão:

A capitalização de juros (juros de Juros), é


vedada pelo nosso direito, mesmo quando
expressamente convencionada, não tendo sido
revogada a regra do art. 4o do Decreto n.
22.626/33 pela Lei n. 4.595/64 (Resp n. 1.285-
GO, da 4a ST. STJ, rel. Min. Dr. Sálvio de
Figueiredo, v. U. DJ de 11/12/89)

A Constituição de 1988, impondo limites à taxas de


juros em percentuais de 14,50% aa, nega vigência a toda
legislação infraconstitucionais em que vislumbre aparente
permissão para o abuso do poder econômico ou para o aumento

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arbitrário do lucro pela cobrança desmedida de juros e


demais encargos. E, ainda, retifica a validade de Leis que
enunciam limitações ao desmando do poderio econômico como o
próprio Código Civil, o Decreto 22.626/33 e a Lei 80.78/90.
Em respeito ao princípio de hierarquia das leis,
nenhuma lei complementar poderá pretender a elevação do
teto legal de 14,50%aa.
No tocante à correção monetária, asseveram o autor que
está só poderá ser corretamente calculada mediante a
aplicação dos índices oficial, que efetivamente reflitam a
inflação.
E, é esta uma norma de ordem pública, que não pode ser
violada pela eleição de outros indexadores, como pretende a
Ré através da redação da cláusula contratual a respeito de
tal tópico.

DO DANO MORAL

No âmbito constitucional, não se pode olvidar que a


Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso X,
normatizou, de forma expressa, que são invioláveis a
intimidade, a vida privada e a honra e a imagem das
pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação. Trata-se de
previsão inserida no Título dos Direitos e Garantias
Fundamentais, ou seja, os bens jurídicos ali referidos são
cruciais para o desenvolvimento do Estado Democrático.
Resta materializado o dano moral, quando os autores da
demanda, procuraram à Ré para efetuar o pedido de
ressarcimento da entrada de Reserva, e foram surpreendidos

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com a notícia que o montante pago, seria restituídos apenas


10% (dez por cento), valores estes que seriam utilizados
para custear tratamento de saúde do filho que encontra-se
enfermo.
Urge mencionarmos, douto julgador que, a empresa Ré se
quer se prontificou em solucionar os problemas existentes,
sendo um ato ditatorial e expurgado do ordenamento jurídico
brasileiro, por lesivo aos princípios e leis existentes.
Via de regra, é cediço que, a forma correta e legal de
realizar uma rescisão contratual é por meio da justiça,
justiça esta que para a empresas Ré não existi, pois, a
mesma faz o que bem entende com os contratos, sujeitando os
seus clientes as suas vontades.
A indenização por dano moral, como registra a boa
doutrina e a jurisprudência, há de ser fixada tendo em
vista dois pressupostos fundamentais, a saber: a
proporcionalidade e razoabilidade. Tudo isso se dá em face
do dano sofrido pela parte ofendida, de forma a assegurar-
se a reparação pelos danos morais experimentados, bem como
a observância do caráter sancionatório e inibidor da
condenação, o que implica o adequado exame das
circunstâncias do caso, da capacidade econômica do ofensor
e a exemplaridade - como efeito pedagógico - que há de
decorrer da condenação.
Vejamos, a propósito, o que ensina o mestre Sílvio de
Salvo Venosa em sua obra sobre responsabilidade civil:
Os danos projetados nos consumidores, decorrentes
da atividade do fornecedor de produtos e serviços,
devem ser cabalmente indenizados. No nosso sistema
foi adotada a responsabilidade objetiva no campo do
consumidor, sem que haja limites para a
indenização. Ao contrário do que ocorre em outros
setores, no campo da indenização aos consumidores
não existe limitação tarifada. (Direito Civil.

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Responsabilidade Civil, São Paulo, Ed. Atlas, 2004,


p. 206).

Nas palavras do emérito Desembargador Sérgio Cavalieri


Filho:
...o dano moral não está necessariamente
vinculado a alguma reação psíquica da vítima.
Pode haver ofensa à dignidade da pessoa humana
se, dor, sofrimento, vexame, assim como pode
haver dor, sofrimento, vexame sem violação da
dignidade....a reação química da vítima só pode
ser considerada dano moral quando tiver por
causa uma agressão à sua dignidade.” (Programa
de Responsabilidade Civil, 10ª edição, Atlas,
2012, São Paulo, pág.89).

A reparação do dano moral não visa, portanto, reparar


a dor no sentido literal, mas sim, aquilatar um valor
compensatório que amenize o sofrimento provocado por aquele
dano, sendo a prestação de natureza meramente satisfatória.
Assim, no caso em comento, clarividente se mostra a ofensa
a direitos extrapatrimoniais, haja vista toda a angústia e
transtorno que os Requerentes e sua família vêm sofrendo,
haja vista que o valor solicitado seria utilizado única e
exclusivamente para proporcionar tratamento ao filho que
encontra-se com a saúde gravemente abalada.
Com relação à prova do dano extracontratual, está
bastante dilargado na doutrina e na jurisprudência que o
dano moral existe tão-somente pela ofensa sofrida e dela é
presumido, sendo bastante para justificar a indenização,
não devendo ser simbólica, mas efetiva, dependendo das
condições socioeconômicas do autor, e, também, do porte
empresarial da ré. É corrente majoritária, portanto, em
nossos tribunais a defesa de que, para a existência do DANO

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MORAL, não se questiona a prova do prejuízo, e sim a


violação de um direito constitucionalmente previsto.
Trata-se do denominado Dano Moral Puro, o qual se
esgota na própria lesão à personalidade, na medida em que
estão ínsitos nela. Por isso, a prova destes danos
restringir-se-á à existência do ato ilícito, devido à
impossibilidade e à dificuldade de realizar-se a prova dos
danos incorpóreos. Não é sem razão que os incisos V e X do
artigo 5º da CF/88 asseguram com todas as letras a
reparação por dano moral, senão vejamos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;

Sobre o assunto, disserta Cavalieri Filho, in literis:

...o dano moral está ínsito na própria ofensa,


decorre da gravidade do ilícito em si. Se a
ofensa é grave e de repercussão, por si só
justifica a concessão de uma satisfação de
ordem pecuniária ao lesado. Em outras palavras,
o dano moral existe in re ipsa; deriva
inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de
tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está
demonstrado o dano moral à guisa de uma
presunção natural... (Ob. cit. pág.97).

E ainda disserta o ilustre magistrado:

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A reparação por dano moral não pode constituir de


estímulo, se insignificante, à manutenção de
práticas que agridam e violem direitos do
consumidor. Verificada a sua ocorrência, não pode o
julgador fugir à responsabilidade de aplicar a lei,
em toda a sua extensão e profundidade, com o rigor
necessário, para restringir e até eliminar, o
proveito econômico obtido pelo fornecedor com a sua
conduta ilícita. A previsão de indenizações módicas
ou simbólicas não pode ser incorporada `a planilha
de custos dos fornecedores, como risco de suas
atividades (ob. cit. pág.105).

A indenização dos danos morais deve, portanto,


representar uma punição forte e efetiva, bem como o
desestímulo à prática de atos ilícitos, determinando, não
só a promovida, mas, principalmente, a outras pessoas,
físicas ou jurídicas, a refletirem bem antes de causarem
prejuízo a alguém. O dever de indenizar representa por si a
obrigação fundada na sanção do ato ilícito.
Doutro lado, os parâmetros judiciais para o
arbitramento do quantum indenizatório são delineados pelo
prudente arbítrio do julgador, haja vista que o legislador
não ousou, através de norma genérica e abstrata, pré-
tarifar a dor de quem quer que seja. Por esse raciocínio,
ao arbitrar o quantum da indenização, deve o magistrado
levar em conta "a posição social do ofendido, a condição
econômica do ofensor, a intensidade do ânimo em ofender e a
repercussão da ofensa", conforme orientação
jurisprudencial.
Coerente se faz a doutrina que indica que
além de respeitar os princípios da equidade e da
razoabilidade, deve o critério de ressarcibilidade do dano
moral considerar alguns elementos como: a gravidade e
extensão do dano, a reincidência do ofensor, a posição
profissional e social do ofendido e as condições
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financeiras do ofendido e ofensor. Apenas para supedanear a


decisão meritória, o parâmetro que entende razoável o(a)
requerente é o de que o valor não deverá ser abaixo de R$
30.000,00 (trinta mil reais).

Assim, no caso em comento, clarividente se


mostra a ofensa a direitos extrapatrimoniais, haja vista
toda a angústia e transtorno que os Requerentes sofreram e
ainda vem sofrendo, sendo, pois, parâmetro que se revela
justo para, primeiro, compensar os Autores pela dor
sofrida, sem, no entanto, causar-lhe enriquecimento
ilícito, e, segundo, servir como medida pedagógica e
inibidora admoestando o plano peticionado pela prática do
ato ilícito em evidência.

DA APLICAÇÃO DO C. D. C – INVERSÃO DO ONUS DA PROVA

Em regra, o ônus de provar incumbe a quem alega os


fatos, no entanto, como se trata de uma relação de consumo
na qual o consumidor é parte vulnerável e hipossuficiente
(art. 4º, I do CDC), o encargo de provar deve ser revertido
ao fornecedor por ser esta a parte mais forte na relação de
consumo e detentor de todos os dados técnicos atinentes aos
serviços e produtos adquiridos.
Deve-se salientar que, a lei dos ritos dispõe que não
há como fazer prova de fato ou objeto que não existe.
Assim, deixa-se de juntar qualquer documento para comprovar
que os atos da Requerida são dotados de falta de lisura,
cabendo à Ré, em nome da inversão do ônus da prova,
comprovar que os valores a título de devolução são lídimos.

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A única prova em comento que pode ser alegada são os


apresentados em anexo.
Sendo assim, com fundamento no Art. 6º, VIII do CDC,
os Autores requerem a inversão do ônus da prova, incumbindo
à empresa Ré, a demonstração de todas as provas referentes
ao pedido desta exordial, principalmente relativo à
comprovação de que as cláusulas pelas quais os Autores
questionam estão absolutamente corretas, o que daria motivo
para os Autores receberem apenas 10% (por cento) do valor
pago, para que assim, possa a Ré comprovar a licitude de
suas cláusulas contratuais.

DO PEDIDO

Hic et nunc, ex posisti, requer de Vossa Excelência:

a) Deferimento dos benefícios da justiça gratuita,


garantido no artigo 98 do NCPC, em razão de não ter
condições de arcar com os custos do processo, sem
prejuízo próprio ou de sua família;
b) Que seja deferido a inversão do ônus da prova,
nos termos do artigo 6°, Inciso VIII, da Lei 8.078 de 11
de Setembro de 1990;
c) A citação da Ré, acima descrita, para que
compareça em audiência a ser designada por Vossa
Excelência, sob pena de confissão quanto a matéria de
fato, podendo contestar dentro do prazo legal sob pena
de sujeitar-se aos efeitos da revelia, nos moldes do
art. 344 do NCPC/2015;

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d) Que seja declarada nula, a cláusula penal do


contrato, consequentemente seja rescindido e devolvido
os valores pagos pelos Autores, devolução esta que
deverá ser atualizada e corrigida monetariamente, pelo
índice do INPC, descontado a multa rescisória à ser
fixado pelo M.M Juiz em valor justo.
e) Que seja condenada a Ré ao pagamento de danos
morais, cuja a valoração será no importe de R$ 30.000,00
(trinta mil reais) ou feita pelo M.M Juiz;
f) Que seja oficiado a Ré para a exibição do
extrato pagamento já efetuado pelos Autores, tendo em
vista que os mesmos não possuem mais em seu poder o
comprovante de pagamento, haja vista os Autores terem
procurado a empresa Ré e não obtido êxito, tendo a
Empresa ficado inerte.
g) Requer que a presente ação, seja julgada
TOTALMENTE PROCEDENTE, nos moldes acima delineados,
culminando com a condenação da Requerida ao pagamento de
custas e honorários advocatícios.
Por fim protesta pela produção de todos os meios de
prova em direito admitidos.
Dá-se ad causam o valor de R$ 45.000,00 (quarenta e
cinco mil reais) para meros efeitos fiscais.

Termos em que,
Pede deferimento.

Manaus 22 de fevereiro de 2018

Marcio Fernandes Junior


OAB/AM 11.338
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Diego de Castro Amaral


OAB/AM 11.339

Paulo Fonseca da Silva


OAB/AM 13.007

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