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Marcio Fernandes Jr

Diego de Castro Amaral


Advocacia e Assessoria Jurídica

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO


DA 17ª VARA CÍVEL E DE ACIDENTES DO TRABALHO DA COMARCA DE
MANAUS/AM

PROCESSO n° 0609950-66.2018.8.04.0001

ANTÔNIO MARCOS BECKMAN DE LIMA e LILIAN SIMONE LOBO


BECKMAN, já devidamente qualificados nos autos do processo em
epígrafe que move em desfavor de PATRI DEZOITO EMPREENDIMENTOS
IMOBILIARIOS LTDA., também já devidamente qualificados nos
autos do processo em alhures, vem com os devidos cumprimentos
à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seus
advogados que in fine esta subscrevem, apresentar
CONTRARRAZÕES ao recurso de apelação impetrado, pelos fatos e
fundamentos que passa a expor.
Insurge ainda, pelo recebimento e processamento da
presente contrarrazões, encaminhando anexada aos autos a
instância superior
Termos em que

Pede deferimento

Manaus/AM, 20 de Março de 2019

Marcio Fernandes Junior Diego C. Amaral Paulo Fonseca da Silva


Advogado Advogado Advogado
OAB/AM 11.338 OAB/AM. 11.339 OAB/AM 13.007

COTRARRAZÕES A APELAÇÃO
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Advocacia e Assessoria Jurídica

PROCESSO N° 0609950-66.2018.8.04.0001
CONTRARRAZOANTE: ANTÔNIO MARCOS BECKMAN DE LIMA e LILIAN
SIMONE LOBO BECKMAN
CONTRARRAZOADOS: PATRI DEZOITO EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS
LTDA.

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS


COLENDA CÂMARA CÍVEL
EMÉRITO DESEMBARGADOR DE JUSTIÇA

Em prima facie urge mencionarmos que a r.sentença do juízo


a quo foi tecnicamente correta e que a Apelação interpostas
tão somente tem o condão procrastinatório.

1 . SÍNTESE APERTADA DOS FATOS.

A parte Autora adentrou com o presente processo, donde


fora marcado audiência conciliatória ao dia 21.11.2018,
restando infrutífera a tentativa de conciliação, conforme
termo de audiência as Fls. 120/121.

Em ato seguinte fora prolatada a Augusta Sentença,


conforme:

Ante o exposto e tudo mais que dos autos consta,


JULGO PARCIALMENTE A AÇÃO, nos termos do 487, I,
CPC, para: A)DECLARAR a rescisão contratual; B)
CONDENAR a Requerida a efetuar a devolução de 90%
do valor pago pelos Autores, de uma só vez,
corrigido monetariamente da data do desembolso e
com juros legais de 1% ao mês, ficando admitida a

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retenção de 10% dos valores pela Ré. Sucumbente,


condeno a Ré ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios da parte contrária, que
fixo em 10% do valor da condenação atualizado.

Não conformado com a sabia sentença o Recorrente


apresentou Recurso de Apelação.

2. MERITORIAMENTE
2.2 A ADESIVIDADE CONTRATUAL E SEUS EFEITOS JURÍDICOS

A doutrina e a jurisprudência e uníssono, atribuem aos


negócios celebrados entre o autor e a Ré o caráter de contrato
de adesão por excelência. Tal modalidade de contrato e
obviamente subtrai de uma das partes contratantes, a parte
aderente praticamente toda e qualquer manifestação da livre
autonomia na vontade de contratar, constrangendo-a realização
de negócio jurídico sem maiores questionamentos.
Felizmente, o Direito reserva grande proteção à parte
aderente, cuja a expressão de vontade limitasse à simples
concordância quanto as cláusulas previamente estabelecidas. A
legislação pátria, especificamente o Código de Defesa do
Consumidor no seu artigo 54, os contratos de adesão,
estabelecendo normas que coíbem a usura e banem o anatocismo:

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas


cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade
competente ou estabelecidas unilateralmente pelo
fornecedor de produtos ou serviços, sem que o

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consumidor possa discutir ou modificar


substancialmente seu conteúdo.
§ 1° A inserção de cláusula no formulário não
desfigura a natureza de adesão do contrato.
§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula
resolutória, desde que a alternativa, cabendo a
escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no
§ 2° do artigo anterior.
§ 3º Os contratos de adesão escritos serão
redigidos em termos claros e com caracteres
ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não
será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar
sua compreensão pelo consumidor.
(Redação dada pela nº 11.785, de 2008)
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de
direito do consumidor deverão ser redigidas com
destaque, permitindo sua imediata e fácil
compreensão.

Nos contratos de adesão, a supressão da autonomia da


vontade é inconteste. Assim o sustenta o eminente magistrado
ARNALDO RIZZARDO, em sua obra Contratos de Crédito Bancário,
Ed. RT 2a ed. Pag. 18, que tão bem interpretou a posição
desfavorável em que se encontram aqueles que, como a Autora,
celebraram contatos de adesão junto ao banco, in verbis:
“Os instrumentos são impressos e uniformes para
todos os clientes, deixando apenas alguns claros
para o preenchimento, destinados ao nome, à fixação
do prazo, do valor mutuado, dos juros, das
comissões e penalidades. ”

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Portanto, tal contrato contém em sua essência mesmo


inúmeras cláusulas redigidas previa e antecipadamente, com
nenhuma percepção e entendimento delas por parte do aderente.
Efetivamente é do conhecimento geral das pessoas de
qualidade média os contratos imobiliários não representam
natureza sintagmática, porquanto não há válida manifestação ou
livre consentimento por parte do aderente com relação ao
suposto conteúdo jurídico, pretensamente, convencionado com o
credor.
Em verdade, não se reserva espaço ao aderente para sequer
manifestar à vontade. A empresa Ré se arvora o direito de
espoliar o devedor. Se não adimplir a obrigação, dentro dos
padrões impostos, será esmagado economicamente.
Necessidade, falta de conhecimento, indiferença,
ingenuidade, tudo concorre para tornar mais fraca a posição do
cliente. Em face dele, as empresas, autoras do padrão de todos
os seus contratos, tem a superioridade resultante destas
deficiências, da posição do cliente, bem como as vantagens da
sua qualidade de ente organizado e, em muitos casos poderosos,
em contraste com a dispersão em muitos casos, debilidade
social e econômica dos consumidores.

2.3 VEDAÇÃO DE CLÁUSULAS ABUSIVAS NOS CONTRATOS

O contrarrazoante buscou a revisão judicial do contrato


celebrado, a fim de purgá-lo das suas impurezas jurídicas,
para colocar as partes contratantes em equidade na legítima e
necessária igualdade.

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Não prevalecerá a máxima pacta sunt servanda em uma


relação contratual como a presente, nascida por parte das rés
de exercício desmedido do alto poder de barganha oriundo do
seu monopólio e por parte do autor da fragilidade negocial e
da absoluta supressão da autonomia da vontade das rés.
No que tange a cláusula penal dos contratos de adesão, o
Superior Tribunal de Justiça, possui entendimento
jurisprudencial de que tal cláusula é abusiva e deve ser
extirpada do contrato declarando-a nula para seus efeitos.

DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. ABUSIVIDADE DE


CLÁUSULA DE DISTRATO.
É abusiva a cláusula de distrato - fixada no
contexto de compra e venda imobiliária mediante
pagamento em prestações - que estabeleça a
possibilidade de a construtora vendedora promover a
retenção integral ou a devolução ínfima do valor
das parcelas adimplidas pelo consumidor
distratante. Isso porque os arts. 53 e 51, IV, do
CDC coíbem cláusula de decaimento que determine a
retenção de valor integral ou substancial das
prestações pagas, por consubstanciar vantagem
exagerada do incorporador. Nesse contexto, o art.
53 dispõe que, nos "contratos de compra e venda de
móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações,
bem como nas alienações fiduciárias em garantia,
consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas
que estabeleçam a perda total das prestações pagas
em benefício do credor que, em razão do
inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e
a retomada do produto alienado". O inciso IV do
art. 51, por sua vez, estabelece que são nulas de

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pleno direito, entre outras, as cláusulas


contratuais relativas ao fornecimento de produtos e
serviços que estabeleçam obrigações consideradas
iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada ou sejam incompatíveis com a
boa-fé ou a equidade. Além disso, o fato de o
distrato pressupor um contrato anterior não implica
desfiguração da sua natureza contratual. Isso
porque, conforme o disposto no art. art. 472 do CC,
"o distrato faz-se pela mesma forma exigida para o
contrato", o que implica afirmar que o distrato
nada mais é que um novo contrato, distinto ao
contrato primitivo. Dessa forma, como em qualquer
outro contrato, um instrumento de distrato poderá,
eventualmente, ser eivado de vícios, os quais, por
sua vez, serão passíveis de revisão em juízo,
sobretudo no campo das relações consumeristas. Em
outras palavras, as disposições estabelecidas em um
instrumento de distrato são, como quaisquer outras
disposições contratuais, passíveis de anulação por
abusividade. REsp 1.132.943-PE, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 27/8/2013.
Portanto, Emérito Desembargador, o juízo a quo, agiu no
estrito cumprimento da legalidade, ao declarar nula a cláusula
penal, pois a mesma e rechaçada veementemente pelo ordenamento
jurídico pátrio.

2.4 DO VALOR DE DESCONTO AUTORIZADO NA JURISPRUDÊNCIA

Os tribunais em diversas regiões do país, em especial o


Tribunal de Justiça do Distrito Federal, posicionam-se no
sentido de quê, a cláusula penal em contrato de adesão que
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visa a retenção por parte da vendedora valor acima de 10% (dez


por cento) do valor pago, como cláusula penal abusiva.

DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. COMPRA E VENDA DE


IMÓVEL. AÇÃO DE REVISÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL C/C
DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS. PRELIMINAR DE
JULGAMENTO EXTRA PETITA. REJEIÇÃO.CLÁUSULA PENAL.
PERCENTUAL ABUSIVO. SENTENÇA CONDENATÓRIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. JUROS DE MORA. RELAÇÃO
CONTRATUAL. ARTIGO 405 DO CÓDIGO CIVIL Quando a
sentença não concede pedido diverso daqueles
deduzidos pelo autor, não há de se falar em
julgamento extra petita. O percentual da cláusula
penal deve ser fixado de acordo com as
peculiaridades do caso concreto, tendo este
Tribunal de Justiça perfilhado o entendimento de
que a rescisão do contrato, por iniciativa e
interesse do consumidor, poderá vir acompanhada da
retenção de 10% (dez por cento) dos valores pagos,
a fim de serem ressarcidas as despesas suportadas
pelo promitente vendedor com a comercialização do
imóvel, uma vez que este ainda poderá renegociar o
bem, evitando maiores prejuízos. Apenas incidiria
ao caso o § 4º do art. 20 do Código de Processo
Civil, se somente se pedisse a rescisão do contrato
e esse pedido fosse o único pedido e não implicasse
qualquer tipo de condenação. A condenação à
restituição de valores, e a forma como esses
valores deverão ser devolvidos, não pode ser tido
como mera consequência de declaração judicial de
desfazimento de contrato. Logo, para a fixação dos
honorários de advogado deve-se observar as regras
do § 3º do art. 20 do Código de Processo Civil. Nos
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termos art. 405, do Código Civil, art. 206, do


Código de Processo Civil, tratando-se de
responsabilidade contratual, em regra, os juros de
mora devem incidir a partir da citação. Apelação
desprovida
(TJ-DF - APC: 20130110962669, Relator: HECTOR
VALVERDE SANTANNA, Data de Julgamento: 21/10/2015,
6ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no
DJE: 03/11/2015. Pág.: 364)
...
PROCESSO CIVIL E CONSUMIDOR. FALTA DE INTERESSE
RECURSAL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C DEVOLUÇÃO
DOS VALORES PAGOS. PROMESSA DE COMPRA E VENDA.
IMÓVEL. DESISTÊNCIA. DIREITO DE RETENÇÃO. CLÁUSULA
PENAL. PERCENTUAL ABUSIVO. HONORÁRIOS. SUCUMBÊNCIA
E CAUSALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. Não se conhece de
pedido constante no apelo interposto pela parte,
por ausência de interesse recursal, se a r.
sentença lhe forma manifestamente favorável. O
percentual da cláusula penal deve ser fixado de
acordo com as peculiaridades do caso concreto,
tendo esta Corte de Justiça perfilhado o
entendimento de que a rescisão do contrato, por
iniciativa e interesse do consumidor, poderá vir
acompanhada da retenção de 10% (dez por cento) dos
valores pagos, a fim de serem ressarcidas as
despesas suportadas pelo promitente vendedor com a
comercialização do imóvel, uma vez que este ainda
poderá renegociar o bem, evitando maiores
prejuízos. A parte que sucumbe em maior na ação, é,
em regra geral, responsável pelo pagamento das
custas e honorários de advogado (art. 21, parágrafo
único, do CPC). Recurso conhecido e não provido.

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(TJ-DF - APC: 20120910280253, Relator: HECTOR


VALVERDE SANTANNA, Data de Julgamento: 23/09/2015,
6ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no
DJE: 29/09/2015. Pág.: 197)

No mesmo diapasão, o Tribunal de Justiça do Paraná, tem


posicionamento no sentido de que, a cláusula penal que propõe
retenção por parte da vendedora de valor acima de 15% (Quinze
por cento) do valor pago, como cláusula penal abusiva.

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA


CONTRATUAL COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C REPARAÇÃO
POR DANOS MORAIS. INSTITUIÇÃO DE ENSINO. RESCISÃO
CONTRATUAL. CLÁUSULA QUE PREVÊ A RETENÇÃO INTEGRAL
DOS VALORES PAGOS. ABUSIVA. SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA. NULIDADE DA CLÁUSULA ABUSIVA.
DEVOLUÇÃO SIMPLES DO VALOR PAGO. INSURGÊNCIA
RECURSAL. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE. RELAÇÃO DE
CONSUMO. DEVOLUÇÃO EM DOBRO AFASTADA. AUSÊNCIA DE
MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇOS. DANO MORAL NÃO
CONFIGURADO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Diante
do exposto, decidem os Juízes Integrantes da 1ª
Turma Recursal Juizados Especiais do Estado do
Paraná, por Página 4 de 4 unanimidade, conhecer do
recurso, e no mérito, negar-lhe provimento, nos
exatos termos do vot (TJPR - 1ª Turma Recursal -
0012840-16.2013.8.16.0018/0 - Maringá - Rel.:
Marina Lorena Pasqualotto - - J. 18.08.2015)
(TJ-PR - RI: 001284016201381600180 PR 0012840-
16.2013.8.16.0018/0 (Acórdão), Relator: Marina
Lorena Pasqualotto, Data de Julgamento: 18/08/2015,
1ª Turma Recursal, Data de Publicação: 08/09/2015)

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...
RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE DEVOLUÇÃO DE PARCELAS
PAGAS. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. LIBERAÇÃO DE
FINANCIAMENTO INSUFICIENTE PARA AQUISIÇÃO DO
IMÓVEL, QUE CULMINOU NA RESCISÃO DO CONTRATO PELOS
AUTORES. DEVOLUÇÃO PARCIAL DOS VALORES PAGOS
CORRESPONDENTE APENAS A 15% DO VALOR. PEDIDO DE
NULIDADE DA CLÁUSULA 12ª, § 3º, ITEM? B? DO
INSTRUMETNO PARTICULAR DE COMPROMISSO DE COMPRA E
VENDA E DEVOLUÇÃO DO VALOR CORRESPONDENTE A
INTEGRALIDADE DAS PARCELAS PAGAS. INCOMPETENCIA DOS
JUIZADOS ESPECIAIS PELO VALOR DA CAUSA?
IMPROCEDENCIA. VALOR DA CAUSA QUE DEVE CORRESPONDER
AO PROVEITO ECONOMICO PRETENDIDO? INTELIGENCIA DOS
ARTIGOS 258 E 259 DO CPC. JULGAMENTO DO MÉRITO?
ARTIGO 515, § 3º DO CPC. MOSTRA-SE ARBITRÁRIO E
DESARRAZOADO O DISPOSITIVO CONTRATUAL QUE ESTIPULA
CLÁUSULA DE DISTRATO COM PENA DE 15% SOBRE O VALOR
DO PAGO, FATO QUE TORNA EXTREMAMENTE ONEROSO PARA O
CONSUMIDOR, HIPOSSUFICIENTE NA RELAÇÃO COMERCIAL?
INCIDENCIA DOS PRINCIPIOS BASILARES DO CDC E REGRAS
DO ARTIGO 51 DO MESMO DIPLOMA LEGAL. DESEQUILIBRIO
CONTRATUAL CONFIGURADO? CLAUSULA 12ª, § 3º ABUSIVA,
QUE AUTORIZA A DECRETAÇÃO DA NULIDADE DA MESMA.
SENTENÇA ANULADA. CONTRATUAL QUE ESTIPULA CLÁUSULA
DE DISTRATO COM PENA DE 15% SOBRE O VALOR DO PAGO,
FATO QUE TORNA EXTREMAMENTE ONEROSO PARA O
CONSUMIDOR, HIPOSSUFICIENTE NA RELAÇÃO COMERCIAL?
INCIDENCIA DOS PRINCIPIOS BASILARES DO CDC E REGRAS
DO ARTIGO 51 DO MESMO DIPLOMA LEGA (TJPR - 1ª
Turma Recursal - 0032990-11.2013.8.16.0182/0 -
Curitiba - Rel.: ANA PAULA KALED ACCIOLY RODRIGUES
DA COSTA - - J. 26.11.2014)

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(TJ-PR - RI: 003299011201381601820 PR 0032990-


11.2013.8.16.0182/0 (Acórdão), Relator: ANA PAULA
KALED ACCIOLY RODRIGUES DA COSTA, Data de
Julgamento: 26/11/2014, 1ª Turma Recursal, Data de
Publicação: 12/01/2015)

É este o caso típico de error juris, que, afetando a


manifestação de vontade, traduz-se em vício do consentimento.
A revisão da relação contratual perpetrada pelo autor,
respalda-se também no art. 167 do C. Civil, inserido no título
que disciplina as modalidades dos atos jurídicos: in verbis:
“Art. 167 - É nulo o negócio jurídico simulado (…).”
O artigo supratranscrito contempla de forma inequívoca e
explicita a proibição quanto ao abuso e a arbitrariedade que
marcaram o procedimento da Ré na avença celebrada.
O que se pretende nesta lide, em suma, é a revisão de
todos os valores objeto da relação jurídica entre as partes,
no contrato celebrado, já que uma apenas a relação de crédito,
para que se expurguem os encargos ilegais a quaisquer títulos
de sorte que os autores paguem à Ré apenas o que lhe for real
e legalmente devido, de conformidade com a legislação
específica.
Não se pode admitir a prática usurária por parte de quem
como a Ré detenha alto poder negocial conferido pelo monopólio
econômico.
Verdade é que as contraprestações embutem taxas de juros e
encargos elevadíssimos, tanto pelos índices quanto pelo
cálculo composto. A invocação de existência de cláusula
contratual, como suposto autorizativo para a cobrança de juros
além dos permitidos legalmente, é insubsistente; cuida-se aí
não de jus dispositivum, mas de direito cogente.
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A proibição do anatocismo jus cogens, prevalece ainda


mesmo contra convenção expressa em contrário.
Não apenas não poderá persistir a Ré na cobrança de juros
abusivos, mas pelo mesmo fundamento legal estará obrigada à
devolução de quanto lhe houver o autor pago indevidamente a
tal título. Tudo na forma do art. 394 e segs. Do Código Civil
e os estatuídos no decreto n. 22.626 e na Lei 1521/51.
O anatocismo é condenado em uníssono por nossos tribunais,
como bem mostra a jurisprudência abaixo colacionada, simples
exemplo (dentre outras) de um caudal de decisões convergentes
e meridiana.
Em síntese, a jurisprudência e a doutrina são tranquilas e
remansosas sobre a questão:

A capitalização de juros (juros de Juros), é vedada


pelo nosso direito, mesmo quando expressamente
convencionada, não tendo sido revogada a regra do
art. 4o do Decreto n. 22.626/33 pela Lei n.
4.595/64 (Resp n. 1.285-GO, da 4a ST. STJ, rel.
Min. Dr. Sálvio de Figueiredo, v. U. DJ de
11/12/89)

A Constituição de 1988, impondo limites à taxas de juros


em percentuais de 14,50% aa, nega vigência a toda legislação
infraconstitucionais em que vislumbre aparente permissão para
o abuso do poder econômico ou para o aumento arbitrário do
lucro pela cobrança desmedida de juros e demais encargos. E,
ainda, retifica a validade de lies que enunciam limitações ao
desmando do poderio econômico como o próprio Código Civil, o
Decreto 22.626/33 e a Lei 80.78/90.

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Em respeito ao princípio de hierarquia das leis, nenhuma


lei complementar poderá pretender a elevação do teto legal de
14,50%aa.
No tocante à correção monetária, asseveram os autores que
está só poderá ser corretamente calculada mediante a aplicação
dos índices oficial, que efetivamente reflitam a inflação.
E, é esta uma norma de ordem pública, que não pode ser
violada pela eleição de outros indexadores, como pretende a Ré
através da redação da cláusula contratual a respeito de tal
tópico.
No tocante a súmula 543 do egrégio Superior Tribunal de
Justiça.
“Súmula nº 543 do STJ - Na hipótese de resolução de
contrato de promessa de compra e venda de imóvel
submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve
ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas
pelo promitente comprador – integralmente, em caso
de culpa exclusiva do promitente
vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha
sido o comprador quem deu causa ao desfazimento”.

A súmula em alhures consolida aquilo que a jurisprudência


do STJ já vinha decidindo, trazendo importante discussão
acerca da impossibilidade de retenção de valores por parte das
construtoras ou incorporadoras, na hipótese de rescisão
contratual por sua culpa exclusiva.
Por sua vez, a súmula deixa em aberto o percentual a ser
restituído em caso de desistência do comprador, ao estipular
que: “...ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu
causa ao desfazimento”.

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Correta o decisum prolatado pelo juízo a quo, ao reter o


valor de indenização no quantum de 10% (dez por cento) do
valor pago, como ressarcimento das despesas das construtoras,
valendo-se assim da última parte da súmula, quando menciona
que “quando o tenha sido o comprador quem deu causa ao
desfazimento”.
Aliais esse é o entendimento do próprio egrégio Superior
Tribunal de Justiça – STJ:

“CIVIL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. RESCISÃO.


DEVOLUÇÃO DE PARCELAS PAGAS. PROPORCIONALIDADE. CC,
ART. 924. I - A jurisprudência deste Superior
Tribunal de Justiça está hoje pacificada no sentido
de que, em caso de extinção de contrato de promessa
de compra e venda, inclusive por inadimplência
justificada do devedor, o contrato pode prever a
perda de parte das prestações pagas, a título de
indenização da promitente vendedora com as despesas
decorrentes do próprio negócio,tendo sido
estipulado, para a maioria dos casos, o
quantitativo de 10% (dez por cento) das prestações
pagas como sendo o percentual adequado para esse
fim. II - E tranquilo, também, o entendimento no
sentido de que, se o contrato estipula quantia
maior, cabe ao juiz, no uso do permissivo do art.
924 do Código Civil, fazer a necessária adequação”.
(STJ; AgRg no REsp nº 244.625/SP; Relator Ministro
Antônio de Pádua Ribeiro; Julgado em 9/9/01;
Grifei).

Portanto, não há erro material nem formal na r.sentença do


juízo a quo.
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2.5 IMPOSSIBILIDADE DE HONORÁRIOS COMPENSATÓRIOS

Insta salientar que, somente é possível haver compensação


reciproca, quando líquidas e vencidas, portanto, exigíveis,
duas ou mais obrigações existentes entre duas pessoas que, ao
mesmo tempo, forem credoras e devedora uma da outra, é que se
poderá cogitar da sua compensação.
Neste mesmo sentido fático, ínclito julgador o altíssimo
doutrinador Silvo Venosa, assim conceitua e classifica a
compensação de honorários:

“Compensar é contrabalançar, contrapesar,


equilibrar, estabelecer ou restabelecer um
equilíbrio. No direito obrigacional, significa
um acerto de débito e crédito entre duas
pessoas que têm, ao mesmo tempo, a condição
recíproca de credor e devedor, uma conta de
chegada, em sentido vulgar. Os débitos
extinguem-se até onde se compensam, isto é, se
contrabalançam, se contrapõem e se
reequilibram. É um encontro de contas.
Contrapesam-se dois créditos, colocando-se cada
um em um dos pratos da balança. Com esse
procedimento, podem ambos os créditos deixar de
existir, ou pode subsistir parcialmente um
deles, caso não exista contrapeso do mesmo
valor a ser sopesado. É a noção primeira dada
pela lei: “se duas pessoas forem ao mesmo tempo
credor e devedor uma da outra, as duas
obrigações extinguem-se, até onde se
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compensarem” (art. 368)” (DIREITO CIVIL, II


Volume, 9ª Ed., p. 267).

Ademais, estabelece os requisitos do instituto da


compensação: “a reciprocidade de créditos; a homogeneidade das
prestações; a liquidez, certeza e exigibilidade e a existência
e validade do crédito compensante” (ob. cit., pág. 270).
No mesmo diapasão, Sílvio Rodrigues assevera que “a
compensação aparece como um meio de extinção das obrigações e
opera pelo encontro de dois créditos recíprocos entre as
mesmas partes. Se os créditos forem de igual valor, ambos
desaparecem integralmente; se forem de valores diferentes, o
maior se reduz à importância correspondente ao menor. Procede-
se como se houvesse ocorrido pagamento recíproco, subsistindo
a dívida apenas na parte não resgatada” (CÓDIGO CIVIL, Vol. 2,
p. 209).
Logo adiante, o preclaro civilista enumera os pressupostos
do instituto da compensação, a saber: “a) reciprocidade das
obrigações; b) liquidez das dívidas; c) exigibilidade atual
das prestações; d) fungibilidade dos débitos” (ob. cit., pág.
215).
Ao discorrer sobre cada um dos requisitos, tanto Sílvio de
Salvo Venosa quanto Sílvio Rodrigues afirmam que a) a
compensação só pode ocorrer em relação a obrigações
recíprocas, de uma parte ante a outra, não se incluindo
obrigações de terceiros; b) que tais obrigações sejam
líquidas, atuais ou vencidas, portanto, exigíveis desde logo e
fungíveis ou homogêneas, i. e., da mesma espécie ou natureza
(idem, idem).

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Portanto, exímio julgador, os honorários sucumbenciais


deferidos na r.decisum do juízo a quo, não são alvos ou
objetos de dividas reciprocas.
Urge mencionarmos, que também foi acertada a r.sentença
que não reconheceu a reciprocidade de honorários
sucumbenciais, isto explicamos, por dois motivos e aspectos
claramente notados na relação jurídica entre o apelante e o
apelado:

1. Na relação jurídica não havia a reciprocidade de


obrigações, as duas obrigações existentes na
relação eram de características diferentes, o do
apelado de pagar e do apelante de entregar a res.
2. A sentença reconheceu quase que na sua
totalidade em mais de 80% (oitenta por cento) os
pedidos arguidos na inicial, assim não havendo o
que se cogitar de reciprocidade de honorários.

A jurisprudência e pacifica quanto à esse entendimento.

ProcessoAC 2199457 PR Apelação Cível - 0219945-7


Orgão JulgadorSegunda Câmara Cível (extinto TA)
Publicação11/04/2003 DJ: 6348
Julgamento12 de Março de 2003
RelatorRosene Arão de Cristo Pereira

O CÍVEL - EMBARGOS DO DEVEDOR - EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXTRAJUDICIAL - CÉDULA RURAL PIGNORATÍCIA - CÓDIGO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR - INCIDÊNCIA - EXCESSO DE
EXECUÇÃO AFASTADO - REDUÇÃO DA MULTA CONTRATUAL -
SUBSTITUIÇÃO DO IGP-M PELO INPC - IMPOSSIBILIDADE
DE COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA.

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1. O excesso de execução decorrente da cobrança de


juros abusivos (devidamente extirpados pela
sentença a quo) não leva à extinção do feito
executivo, eis que não acarreta, por si só, a
nulidade do título que se reveste de todas as
formalidades legais.
2. Os contratos bancários submetem-se às normas do
Código de Defesa do Consumidor que traz a boa-fé
objetiva como novo paradigma para as relações de
consumo de nossa sociedade massificada.
3. Para caracterizar a relação de consumo, precisa
é a caracterização dos mutuários como consumidores,
conforme definição do artigo 2º do Código de Defesa
do Consumidor, cuja interpretação revela a evolução
do pensamento jurídico que entende o contrato
enquanto função social.Trata-se de uma
interpretação finalística, que não pode ser
limitada por um critério teleológico ou econômico,
que o compreende apenas como o destinatário final
de um produto, mas devendo abranger pessoas
jurídicas e profissionais em razão da situação de
vulnerabilidade, na qual se encontram perante o
fornecedor.
4. A revisão contratual é consagrada como um dos
direitos básicos do consumidor no artigo 6º, V, da
Lei 8.078/90. Com isto, rompe-se a intangibilidade
do contrato e relativiza-se o brocado pacta sunt
servanda, ao permitir-se que o Estado, através do
Juiz, intervenha no pactuado pelas partes.
5. Cabível é a redução do percentual de multa
contratual para dois por cento, à luz da Lei
9.298/96, a qual se aplica direta e imediatamente
nas relações jurídicas em curso.

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6. Correta a adoção do IGP-M para a atualização


monetária, notadamente quando os devedores não
lograram êxito em demonstrar a inadequação de tal
indexador.
7. Os honorários, na hipótese de sucumbência
recíproca, não se compensam, por se tratar de
direito autônomo do advogado nos termos do artigo
23 do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO, POR
MAIORIA.

ProcessoAGR 20150105162000100 RN
Orgão Julgador3ª Câmara Cível
PartesAgravante: Francilene de Souza, Agravado:
Município de Extremoz
Julgamento2 de Fevereiro de 2016
RelatorJuíza Berenice Capuxu (Convocada)
Ementa
AGRAVO INTERNO. DECISÃO DO ENTÃO RELATOR QUE, NA
FORMA DO ART. 557, § 1
-A do CPC, DEU PROVIMENTO PARCIAL AO APELO.
PRETENSÃO RECURSAL DE QUESTIONAR À IMPOSSIBILIDADE
DE COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. NÃO
CONHECIMENTO DO RECURSO NESTA PARTE. DECISÃO
AGRAVADA QUE RECONHECEU A SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA SEM
DETERMINAR A COMPENSAÇÃO DOS HONORÁRIOS
SUCUMBENCIAIS DEVIDOS PELAS PARTES. MANUTENÇÃO DOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS NA DECISÃO
AGRAVADA. AGRAVO INTERNO PARCIALMENTE CONHECIDO E
DESPROVIDO.
Acordão
Vistos, relatados e discutidos estes autos em que
são partes as acima identificadas: ACORDAM os

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Desembargadores que integram a 3ª Câmara Cível


deste Egrégio Tribunal de Justiça, à unanimidade de
votos, em não conhecer do Agravo Interno na parte
que questiona à possibilidade de compensação dos
honorários advocatícios de sucumbência, ante a
ausência de interesse recursal. Pela mesma votação,
em negar provimento ao recurso quanto à pretensão
de majoração dos honorários de sucumbência, nos
termos do voto da Relatora, parte integrante deste.
Preclaro julgador, conforme preceitua o artigo 85,
parágrafo 14, do novo Código de Processo Cívil, os
honorários constituem direito do advogado e
natureza alimentar. Portanto, não pode haver
compensação, pois estaríamos penalizando os
advogados.
ProcessoAPL 08019414720138120046 MS 0801941-
47.2013.8.12.0046
Orgão Julgador2ª Câmara Cível
Julgamento9 de Agosto de 2017
RelatorDes. Paulo Alberto de Oliveira
E M E N T A – AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO BANCÁRIO
– JUROS REMUNERATÓRIOS E CAPITALIZAÇÃO MENSAL –
JULGAMENTO CONFORME PACÍFICA JURISPRUDÊNCIA DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
DE IMÓVEL PARA GARANTIA DE CONTRATO DE CAPITAL DE
GIRO – POSSIBILIDADE – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA –
COMPENSAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE.
1 – Discute-se no presente recurso: a) a legalidade
dos juros remuneratórios contratados; b) a
legalidade da capitalização mensal dos juros; c) a
legalidade da cláusula de alienação fiduciária do
bem imóvel; d) a impenhorabilidade de bem imóvel
dado em garantia fiduciária, por ser bem de

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família, e e) a impossibilidade de compensação dos


honorários de sucumbência.
2 – Não conhecido o recurso com relação à alegada
impenhorabilidade do bem imóvel dado em garantia
fiduciária.
3 – Não havendo significativa discrepância entre o
índice pactuado a título de juros remuneratórios e
a média praticada pelo mercado ao tempo da
contratação, não há falar em adequação do
percentual pactuado.
4 – É permitida a capitalização mensal de juros, se
pactuada de forma expressa e clara, em contratos
firmados após 31/03/2000, ou quando o índice anual
de juros avençado for superior ao duodécuplo da
taxa mensal. Precedentes do STJ.
5 – É lícita a contratação de alienação fiduciária
de imóvel como garantia de contratos de empréstimo
alheios ao sistema de financiamento imobiliário,
como ocorre no contrato de empréstimo para capital
de giro (art. 22, da Lei nº. 9.514, de 20/11/1997 e
art. 51, da Lei nº 10.931, de 02/08/2004).
Precedentes do STJ e TJMS.

6 – Nos termos do art. 23, da Lei nº 8.906, de


04/07/1994 (Estatuto dos Advogados), os honorários
advocatícios pertencem aos Advogados, como direito
autônomo, sendo vedada a compensação.
7 – Apelação do réu conhecida e provida. Apelação
dos autores conhecida em parte e, nesta, provida.

Logo, a Ré deve suportar sozinha os encargos dos


honorários sucumbências, isto porque, a mesma que deu causa a
rescisão contratual, ao de forma ilícita transmitirem
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informações erradas sobre a aquisição do imóvel. E assim na


sentença foi reconhecido mais de 80% (oitenta por cento) dos
pedidos, devendo ainda a mesma ser penalizadas pela sua
conduta ilícita a título educacional e disciplinador, para
assim evitar que futuros clientes da mesma venham a sofrer com
a conduta ilícita ora praticado por esta.
Assim, não se pode cogitar compensação de honorários, por
tudo exposto em alhures, esta possibilidade fica
derradeiramente errônea, nem tão pouco agiu erradamente a
magistrada de primeiro grau, que não reconheceu a
reciprocidade de honorários, conforme exaustivamente exarado
em alhures.

3. PEDIDO

Diante do exposto, e hic et nunc, ínclitos julgadores,


requer o apelado ora denominado contrarrazoante, sejam
apreciadas as contrarrazões do recurso de Apelação, para
confirmar a decisão prolatada pelo Nobre Julgador a quo,
mantendo inalterada a sentença do juiz a quo, por todo o
exposto nesta.

Termos em que;

Pede deferimento

Manaus/AM, 20 de março de 2019

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OAB/AM 11.338

Diego de Castro Amaral


OAB/AM 11.339

Paulo Fonseca da Silva


OAB/AM 13.007

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