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Tema

Barreiras estruturais à Entrada (Fundamentos)


Bibliografia: Kupfer, David. Economia Industrial.
Rio.Janeiro, 2013. (cap. 7)

Economia Industrial - paulo.j.oliveira@isptec.co.ao


OBJECTIVO 2

 Proporcionar ao aluno os fundamentos básicos do modelo


propostos por J. Bain;
 Compreender o factores que definem a barreira a entrada
num mercado competitivo;
 Descrever os efeitos da condição de entrada sobre as
empresas e estruturas de mercado

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O Modelo de Oligopólio de J.
Bain

Esquema Básico do modelo

Vantagens Competitivas Concorrência Potencial


(firmas estabelecidas) (firmas potenciais-entrantes)

Co-determinantes dos preços e


Nível das da produção na indústria
Barreiras à (estrutura- conduta-desempenho)
entrada

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Fatores determinantes de barreiras à entrada
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( ou fontes de vantagens competitivas das
empresas estabelecidas)

Hipótese do modelo:

Os custos médios da empresa potencial-entrante na 1a.


posição da fila são, no máximo, iguais aos da empresa que
opera com os menores custos da indústria.

Vantagem absoluta de custos

• a) vantagem com relação ao acesso aos factores de


produção ( preço ou qualidade desses fatores)
• b) vantagem no que tange ao acesso ao mercado de
capitais.
• c) controle do acesso à tecnologia e/ou tecnologias
que não podem ser imitadas/copiadas.

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OBJECTIVO 5

Vantagem por Diferenciação de produtos

a) Preferências estabelecidas dos consumidores (fidelidade


à marca; credibilidade do produto, etc).
b) Elevado montante de gastos requeridos com
publicidade e marketing, e cuja recuperação pressupõe
vendas em grande escala.
c) Canais de distribuição já consolidados e/ou práticas a
eles associados que limitam o acesso do consumidor a
eventuais novos produtos oferecidos por outras (novas)
empresas.

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OBJECTIVO 6

Vantagens por Economias de Escala

a) existência de técnicas ou equipamentos mais eficientes


quando associados a escalas de produção mais elevadas;

b) economia de custos administrativos, quando esta ocorrer em


função de escalas de produção mais elevadas;

c) economias de aprendizado associadas à maior


especialização do trabalho que deriva da produção em
grande escala.

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Elevados requerimentos de capital para fazer face


ao investimento inicial (barreiras de capital)

a) Quando as empresas estabelecidas possuem


vantagem no acesso às condições de
financiamento

b) Quando são significativos os custos irrecuperáveis,


os quais funcionam como barreiras à saída.

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Vantagens de custos das empresas estabelecidas
definem o nível de Barreiras à entrada

Vantagens Absolutas de Custos Nível de Barreiras


À Entrada

Vantagens por Diferenciação de


Productos Grau de Impedimento
À Entrada

Vantagens por Economias


De Escala

Vantagens de Capital

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Alguns conceitos utilizados pelo modelo de J. Bain 9

Economias de escala
• Ocorre quando o aumento da escala de produção implica
em redução do custo por unidade produzida

Economias de escopo
• Ocorre quando a produção de mais de um bem numa
mesma instalação produtiva implica numa redução do custo
unitário de produção ou distribuição de cada bem
individual.

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Alguns conceitos utilizados pelo modelo de J. Bain 10

Custos Irrecuperáveis

Associados à aquisição ou utilização de ativos (recursos


produtivos) que apresentam custo de oportunidade igual a
zero: activos para os quais inexistem empregos alternativos
compensadores em termos da relação custo/benefício .

Tipos de Custos Irrecuperáveis

1. Ativos fixos (tecnologias) caracterizados por elevado grau de


especificidade
2. Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
3. Investimento em capacitação de recursos humanos
4. Investimento em fixação de marca e/ou padrão de qualidade
de productos .
• 1  Ativo físico ou tangível
• 2 a 4  Ativos imateriais ou Intangíveis

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Como as economias de escala afectam os
custos de produção?

• Custo por unidade produzida (Cme)

Aumentando a
produção
diminui o Cme




• Produção acumulada

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Tema

Barreiras estruturais à Entrada ( cap7 e 12)

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Sumário
 Introdução

 Concorrência Real e Potencial

 Barreira à Entrada: Definições

 O Modelo Conceitual do Preço Limite

 Barreiras Estruturais à Entrada na Prática

 Barreiras à Saída: os Modelos de Contestabilidade

 Conclusão
Introdução
 Nesse capitulo iremos nos concentrar no enfoque estrutural das barreiras à
entrada, também conhecidas como barreiras à entrada estáticas ou
exógenas. Como veremos, são barreiras à entrada que decorrem
exclusivamente da relação preço-custo médio de longo prazo
predominante na indústria.
Objectivo da aula
 Estudar o comportamento estratégico das empresas instaladas no mercado;
Concorrência Real e Potencial

 Concorrência real: diz respeito a concorrência em função do número e do


tamanho relativo das diversas empresas que formam cada indústria.

 Concorrência potencial: relaciona-se à competição por lucros entre


empresas já estabelecidas em uma determinada indústria e novas empresas
interessadas em iniciar operação nessa mesma indústria.
Concorrência Real e Potencial
 Uma indústria que apresenta lucros extraordinários permanentes, alguma restrição
a mobilidade do capital existente. Dizemos então que existem barreiras à entrada
nessa indústria.

 A noção de concorrência potencial e a existência de barreiras à entrada trazem


importantes implicações sobre as escolhas de preços e quantidades realizadas
pelas empresas que, de certo modo, sempre constituíram um desafio para a
modelagem de funcionamento dos mercados.
Concorrência Real e Potencial
I. Já prevista pelos clássicos, sempre que há lucro puro na indústria; a entrada e
saída de empresas anula qualquer lucro puro.

II. Se a indústria apresenta lucro puro, então alguma restrição à mobilidade do


capital existe. Dizemos então que há barreiras à entrada nessa indústria.

III. Nomenclatura: empresas estabelecidas (instaladas); empresas entrantes ou


potenciais; incentivo à entrada (lucro extraordinário); entrada; saída.

IV. Entrada inclui apenas a adição líquida de capacidade productiva da


indústria. Exclui a expansão de indústria já estabelecida ou a fusão ou aquisição
de empresa já estabelecida.

V. Saída – eliminação permanente de capacidade productiva da indústria. Se


empresa vendeu seus activos para terceiros não há saída, mas transferência de
activos.
Barreiras à entrada: Definições
 Qualquer factor que impeça a livre mobilidade do capital para uma indústria no
longo prazo e, consequentemente, torne possível a existência de lucros
supranormais nessa indústria, constitui barreira à entrada.

 Bain: Barreira à entrada corresponde a qualquer condição estrutural que permita às


empresas já estabelecidas em uma indústria praticar preços superiores ao
competitivo sem atrair novos capitais.
Modelo conceitual de preço limite

 Preço limite: é o maior preço comum que um grupo de vendedores já


estabelecidos, agindo em colusão, acreditam poder cobrar sem induzir a entrada
de novos participantes à indústria. Este preço poderá ser menor do que o da
maximização do lucro durante um curto período de tempo e dependerá, entre
outros aspectos, dos custos relactivos das firmas internas ou externas ao grupo e
das condições da demanda da indústria.
 Hipóteses:

Considerando-se uma indústria em equilíbrio temporário, as firmas


estabelecidas actuam em conjunto visando prevenir entradas de novas
empresas no mercado;

Produzir tanto bens homogêneos como bens diferenciados, entretanto,


as empresas estabelecidas utilizam tecnologias de produção que
apresentem custos médios de longo prazo em forma de L, isto é, os
custos médios são decrescentes até atingirem a EME, tornando-
se constantes;

É visto também que o longo prazo é dividido em dois períodos: no


primeiro (pré- entrada) e no segundo (pós-entrada)

Em relação aos incentivos à entrada ocorre somente se for possível a


obtenção de lucro económico positivo imediatamente após a entrada, já
que esta não possui suporte financeiro empresa entrante (a mais
capacitada entre todas as potenciais) avalia que só existe o periodo
para operar com prejuízo, mesmo que por um período curto de
tempo. Isto mostra que elas não estão ligadas a nenhuma outra
empresa ( ou capital já constituído), que actuam em outra
indústria;
Para as empresas estabelecidas , uma possibilidade para prevenir entradas é fixar
o preço no nível competitivo ( P=Cma ), assim é melhor fixar o preço no nível de
maximização de lucros no primeiro período e após a entrada o preço será o de
nível competitivo;

OPÇÃO INTERMEDIÁRIA, Se as empresas estabelecidas têm alguma vantagem


competitiva em relação à empresa entrante, existe uma faixa de preços tal que é
possível a elas obterem lucros positivos, mesmo que não os máximos possíveis no
primeiro período, ao mesmo tempo em que nenhuma entrada seja incentivada. O valor
superior desta faixa é conhecido como preço limite e o inferior é o preço competitivo.

Condição de entrada:

= ou = (1 + )

onde: E é a condição de entrada, PL o preço limite, PC o preço competitivo no longo


prazo.
Esta condição é mensurada, em termos percentuais, pela diferença entre o
maior preço-limite de venda e os custos médios mínimos que uma firma
estabelecida pode obter, sem induzir as firmas potenciais com menores
desvantagens a entrarem na indústria (equação apresentada).

Quatro situações para condição de entrada podem ocorrer:


1. Entrada fácil: As estabelecidas não possui vantagens de custos e não
sustentam lucros extraordinários. Não há barreira à entrada-prevalece
o preço competitivo;
2. Entrada ineficazmente impedida: As estabelecidas tem pouca
vantagem, praticam preços de maximização no curto prazo, há incentivo
a entrada, e o preço tende a ser o competitivo;
3. Entrada eficazmente impedida: As estabelecidas tem vantagem
competitiva; praticam o preço limite-impõe barreiras;
4. Entrada bloqueada: As vantagens das estabelecidas são grandes, que
mesmo o preço de maximização dos lucros no primeiro período é inferior
ao preço limite, não incentivando entradas;
 Aplicação Prática

A função procura inversa de um bem é represntada pela


expressão P= 100-Q em que P representa o preço e Q a
quantidade procurada. Actualmente a empresa I é a
única a vender este bem suportando um custo marginal
de 10 unidade monetárias. A empresa E está avaliar a
entrada no mercado. A empresa E tem um custo
marginal de 15 u.m e um custo irrecuperável de entrada
de 100 u.m Sabe-se ainda que , se a entrada ocorrer, as
empresas interagem à Stakelberg, sendo a empresa I a
LÍDER.

a) Caracterize o equilíbrio na situação de monopólio,


identificando a quantidade produzida pela empresa,
o preço de mercado e os lucros da empresa I.
b) Determine o preço limite explicitando o seu
significado.
 Aplicação Prática

A função procura invera de um bem é represntada pela


expressão P= 100-Q em que P representa o preço e Q a
quantidade procurada. Actualmente a empresa I é a
única a vender este bem suportando um custo marginal
de 10 unidade monetárias. A empresa E está avaliar a
entrada no mercado. A empresa E tem um custo
marginal de 15 u.m e um custo irrecuperável de entrada
de 100 u.m Sabe-se ainda que , se a entrada ocorrer, as
empresas interagem à Stakelberg, sendo a empresa I a
LÍDER.

a) Caracterize o equilíbrio na situação de monopólio,


identificando a quantidade produzida pela empresa,
o preço de mercado e os lucros da empresa I.
b) Determine o preço limite explicitando o seu
significado.
 Resolução

A função de lucro da empresa I em situação de


monopólio é expressa por:
L1(Q)=(100-Q)Q-10Q

C.P.O maximizando o lucro da Empresa I


obtem-se a quantidade
dL1/dq=100-2Q-10=0 Q=45

Substituindo a quantidade encontrada na função


procura inversa e na função lucro da empresa I
obtém-se, respectivamente:
-Preço= 55 u.m.
-Lucro = 2025 u.m
 Resolução (Cont…)

b) O preço limite é o preço mais elevado definido pela Empresa I, que


não permite obtenção de lucros positivos para Empresa E quando esta
empresa entra no mercado e assume que a Empresa I não ajusta a quantidade
face à ocorrência de entrada.
 Se a Empresa E decidisse entrar escolheria a quantidade que maximizaria o
seu lucro, dado por:
L.E (qI, qE )= (100-qI – qE )qE - 15qE - 100 = 0
Uma vez que a empresa E tem comportamento de seguidora, temos:
dL.E (qI, qE )= 100-qI – 2qE – 15 = 0 qE = 42,5 – 0,5qI (FMRE)
Para impedir a entrada a Empresa I escolhe a quantidade tal que:
L.E (qI, qE )= (100 – qI – (42,5 – 0,5qI ) – 15) (42,5 – 0,5qI ) -100 = 0
Substituindo na condição anterior qE pela FMRE obtem-se a mínima
quantidade da Empresa I que impede a entrada:
L.E (qI, qE )= (100 – qI – (42,5 – 0,5qI ) – 15) (42,5 – 0,5qI ) -100 = 0
qI = 65 , qI = 105
Com qI = 105 o lucro da Empresa I é mais do que com qI = 65.
Se a empresa I oferecer 65 unidades o preço é 35 u.m (preço limite: preço que
impede a entrada). O preço limite evita a entrada se a empresa E
acreditar que a empresa I não altera a quantidade caso ocorra a entrada. Esta
condição é pressuposto de Sylos Labini.
 Prática2 (Grupos. 1pto de participação)

A função procura invera de um bem é represntada pela


expressão P= 101-Q em que P representa o preço e Q a
quantidade procurada. Actualmente a empresa I é a
única a vender este bem suportando um custo marginal
de 12 unidade monetárias. A empresa E está avaliar a
entrada no mercado. A empresa E tem um custo
marginal de 13 u.m e um custo irrecuperável de entrada
de 100 u.m Sabe-se ainda que , se a entrada ocorrer, as
empresas interagem à Stakelberg, sendo a empresa I a
LÍDER.

a) Caracterize o equilíbrio na situação de monopólio,


identificando a quantidade produzida pela empresa,
o preço de mercado e os lucros da empresa I.
b) Determine o preço limite explicitando o seu
significado.
 Home Work
A empresa XIS é actualmente a único productora de bem x no país X. a
procura do bem X é representada pela expressão P= 1500-Q. Dada a
tecnologia disponível, o custo marginal de produção pela empresa XIS
é de 300 u.m. A empresa SHIS está a analisar a possibilidade de
entrada no mercado, tendo recolhiso as seguintes informaçõe:
• A entrada no mercado requer um investimento irreversível no
montante de F u.m.
• A tecnologia de produção actualmente utilizada pela empresa
XIS pode ser facilmente replicada na empresa SHIS.
• Verifica-se o pressuposto de Sylos-Labini.
a) Supondo que a empresa XIS acomoda a entrada, qual o montante
máxima de F que torna a entrada lucrativa?
Resposta: Para entrada ser lucrativa é necessário L.E((qI, qE ) = 90000-
F> 0, Logo o montante máximo é de 90.000 u.m
a) Suponha F= 10000 u.m. qual o máxima preço que impede
estrategicamente a entrada da empresa SHIS no mercado?
Resposta: O lucro da empresa Shis seria nulo se qI = 1000 ou qI
= 1400. Conclui-se que o máximo preço que impede a entrada é P= 500 (preço
limite).
EM SINTESE …

Docente: Paulo Oliveira- Email: paulo.j.oliveira@isptec.co.ao 15/12/2020


30
Barreiras Estruturais à Entrada na Prática
Elementos presentes na estrutura da indústria que podem constituir
barreira à entrada, são eles:

1. Existência de vantagens absolutas de custos a favor das empresas


estabelecidas;

2. Existência de preferências dos consumidores pelos productos das


empresas estabelecidas;

3. Existência de estrutura de custos com significativas economias de


escala;

4. Existência de elevados requerimentos de capital inicial;


Vantagens Absolutas de Custos
Custos médios de longo prazo das empresas entrantes é superior ao das empresas
estabelecidas em qualquer nível de produção de um bem homogêneo dizemos que
essas ultimas detêm vantagens absolutas de custos.

Este aspecto ocorre por alguns motivos, onde, as empresas estabelecidas tem
melhores condições de acesso a fatores de produção(tecnologias e recursos humanos e
naturais); acumulação de economias dinâmicas de aprendizado; ou ainda, imperfeições
nos mercados de fatores.

As estabelecidas tem vantagem de captar empréstimos (o risco é menor, uma vez que
possuem garantias reais, como a própria planta produtiva), assim os encargos tendem a
ser maiores, tendo menores taxas de juros. De modo contrário ocorre com as entrantes
que não oferece nenhuma garantia exata.
Existência de Economias de Escala
 Economias de escala são os fatores que conduzem à redução do custo
médio de produção de um determinado bem à medida que a quantidade
produzida aumenta.

 Sugerida por Joe Bain como uma fonte igualmente fraca de barreira à
entrada.*

 F. Modigliani e Sylos-Labini, pioneiros nessa discussão apontam as


condições requeridas a existência de barreiras de escala.
Fontes de Barreiras à Entrada: Economias de Escala
 Barreiras a entrada decorrentes de economias de escala supõem:

• Escala mínima eficiente (EME)* não negligenciável em comparação com o


tamanho da demanda de mercado;
• CMe em escala subótima sensivelmente maior que CMe mínimo de longo prazo;

 Possibilidades:
1) Entrante com escala subótima:

• Pouco realista

2) Entrante com EME

(a) Não resposta em quantidade


(b) Não resposta em preços
Entrante com escala subótima (entrada em
pequena escala)*:
− As empresas estabelecidas, que operam em escalas eficientes, poderão
praticar um preço limite correspondente ao diferencial de custos relativos a
seu favor.
− Há consenso entre os economistas industriais que o resultado provável é a
situação de entrada eficazmente impedida.
 O realismo dessa hipótese uma vez que somente em certas situações
particulares, como por exemplo quando a tecnologia confere grande
flexibilidade de capacidade produtiva às empresas entrantes pode-se
esperar entradas em escalas subótimas.
Entrante com EME:
a) Não resposta em quantidade (Postulado de Sylos)*:

 Após a entrada as empresas estabelecidas não alteram quantidade


produzida, o que resulta em queda do preço:
− Pl: permite lucro pré-entrada
− Ql: Demanda residual impede entrada com lucro*
 A Figura 6.2 mostra como se dá a fixação do preço limite nas situações
em que prevalece o "postulado de Sylos" de acordo com o modelo
proposto por F. Modigliani:
 O grau de barreira à entrada de escala será tanto maior quanto maior for a redução
esperada para o preço pós-entrada. Essa, por sua vez, será tanto maior quanto
menor a elasticidade-preço da demanda de mercado e maior a relação entre escala
mínima eficiente e o tamanho da demanda ao preço competitivo.
Entrante com EME:
b) Não resposta em preço :

 Após entrada as empresas estabelecidas diminuem o nível de produção para


manter oferta total pré-entrada.
 Um cenário mais otimista para a empresa entrante, sugere um
comportamento ingénuo das empresas estabelecidas.
 Supõem que empresas estabelecidas:
− Não zelam por preservação dos níveis de participação no mercado alcançados;
− Aceitam menor quantidade vendida e operação próxima/abaixo da EME.
 Comportamento acomodatício: pode estimular novas entradas.
Quais as implicações da existência de barreiras de
escala do ponto de vista da teoria do bem-estar?
 A existência de economias de escala não significa perdas de bem-estar;

 Isso deixa de ser verdadeiro se derem margem à criação de barreiras à entrada.

 Se a indústria é concentrada devido a barreiras à entrada, ocorre perda de bem-estar


porque na ausência de concorrência perfeita, lucros extraordinários estão sendo obtidos
pelas empresas existentes.
Diferenciação de Produtos
 Atributos que diferenciam os produtos:

− Especificações técnicas, desempenho ou confiabilidade, durabilidade,


estética, custo de utilização do producto, imagem e marca, formas de
comercialização,etc.
− Quando os productos são avaliados por múltiplos atributos: há maior
possibilidade de diferenciação de produto.

 2 tipos de diferenciação de produto:


− Vertical: utilidade de todos consumidores aumenta quando o nível de
uma característica do producto é aumentado;
− Horizontal: modificação em um atributo do producto causa aumento da
utilidade de uns consumidores e diminuição na de outros;
Fontes de Barreiras à Entrada: Diferenciação
de Produtos
 Diferenciação de produtos  Opções da Entrante:

− Vender a preço inferior ao das empresas estabelecidas


− Realizar gasto de publicidade para divulgar a marca

 CMe entrante = CMe produção + CMe penetração

− Características do producto, magnitude do esforço de venda, métodos de


distribuição

 Sobre-preço apropriado por empresas estabelecidas*


 Situações em que o custo de penetração é elevado:

− Diferenciação vertical: aumenta incerteza sobre producto;


− Bens de consumo duráveis: acto de compra não-repetido e alto valor
unitário impedem aprendizado do consumidor;
 Efeito transbordamento:
− Se a entrante é subsidiária de uma empresa com marca reconhecida em
outros mercados ou regiões
 Transferência de credibilidade

 Finalmente, se não houver necessidade de deslocar preferências dos


consumidores, isto é, se o esforço de venda da empresa entrante for
equivalente ao realizado pelas empresas estabelecidas quando estas
iniciaram operação, não haverá assimetria de custos e, portanto, não é
de esperar que haja impedimento à entrada de acordo com a definição de
Stigler.
Requerimentos Iniciais de Capital
 Barreiras de Capital (Capital Barriers): assim como as barreiras de
escala, as barreiras de capital surgem como consequência da existência
de elevadas escalas mínimas eficientes. Porém, o surgimento de
barreiras de capital exige somente que a escala mínima eficiente seja
elevada em termos absolutos, mesmo que pouco significativa em
comparação com o tamanho da demanda.
Barreiras à Saída: os Modelos de Contestabilidade
 Barreiras à saída: decorrem da existência de custos que as empresas necessitam arcar para
encerrar a produção. (desembolsos efetivos: custos de rescisão dos contratos em vigor, ou
custos irrecuperáveis)

 Teoria da contestabilidade: representa um hipervalorização da competição potencial diante


da competição real.
• O equilíbrio é assegurado pela existência de livre mobilidade do capital no sentido clássico e não
propriamente por ações e reações das empresas rivais em uma dada indústria.
• Uma configuração industrial é factível quando todas as empresas da indústria atendem a totalidade
da demanda se incorrer em prejuízo, o que depende somente da extensão do mercado, da técnica e
dos preços dos fatores.
• Uma configuração industrial é sustentável quando, além de factível, não há plano possível para uma
empresa entrante que lhe forneça lucros com os preços e quantidades que vigoram no mercado.

− <
Barreiras à Saída: os Modelos de Contestabilidade
 Mercado perfeitamente contestável:
1. Ausência de barreiras à entrada (na definição de Stigler) – não há diferenciais de custos
entre empresas entrantes e estabelecidas porque ambas tem acesso aos mesmos factores de
produção e a mesma habilidade de servir mercados (qualidade, marcas etc.).
2. Ausência de barreiras à saída – custos irrecuperáveis são nulos, isto é, o capital empregado
pode ser inteiramente recuperado seja porque pode ser revendido sem perdas, transferido
para outra indústria ou ainda porque foi alugado ou subcontratado.
Conclusão
 Análises estruturais da concorrência por meio de barreiras à entrada
têm como principal limitação o seu caráter estático. A decisão de entrada
é enfocada como dependente de uma expectativa de obtenção de lucros
imediatamente após a entrada. Além disso, supõe que a demanda é
dada, o passo que a taxa de crescimento da demanda é forte
determinante no grau de barreira à entrada.
RETER
PONTOS
ADICIONAIS A
EM SINTESE +…

Docente: Paulo Oliveira- Email: paulo.j.oliveira@isptec.co.ao 15/12/2020


48
Resumo: O Preço-limite de J. Bain-
49
aspectos teóricos

Hipóteses básicas do modelo do preço-limite

1) A empresa potencial entrante avalia que haja incentivo


à entrada se for possível obter lucro económico puro
(extraordinário) imediatamente após a entrada.

2) A condição de entrada (E) é medida pela margem


sobre os custos médios de longo prazo que as empresas
estabelecidas podem incluir no preço sem atrair ou
induzir a entrada de novas empresas

E = Preço /CmeLp
Ex: Preço = 10 e Cmelp = 5 ;

A margem que define (E) = 100%

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O Preço-limite de J. Bain- 50
aspectos teóricos

3) (E) será tanto maior quanto maiores forem as vantagens


de custos das empresas estabelecidas em relação à
empresa potencial entrante mais favorecida.

• 4) O valor da condição de entrada nos leva à definição


do preço-limite (PL): o maior nível de preço que,
excedendo o nível de preço competitivo, pode ser
mantido pela indústria, no longo prazo, sem atrair ou
induzir à entrada de novas empresas.
• Algebricamente: E = PL – PC ou PL = PC (1 + E)
• PC
• 5) O nível de barreiras à entrada na indústria será
avaliado pela distância entre o preço-limite (PL) e o
preço competitivo (PC; que corresponde ao custo
médio mínimo de longo prazo): PL – PC.

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A “condição de entrada” e a 51

conduta de preços da indústria


– segundo a Teoria do preço-
limite
CONDIÇÕES DE ENTRADA (E) PREVISTAS PELO MODELO DE BAIN:

1. ENTRADA FÁCIL
• Quando não há como impedir a entrada.
• As empresas estabelecidas não possuem qualquer vantagem de
custos sobre a empresa potencial entrante. Prevalece o preço
competitivo (PC)
2.ENTRADA INEFICAZMENTE IMPEDIDA
• Quando há estímulo para fixar o preço acima do nível
correspondente ao preço-limite, induzindo a entrada.
• As empresas estabelecidas possuem pouca vantagem
competitiva em relação às potenciais entrantes. O preço que
impede a entrada (PL) possibilita lucros relativamente menores
que os obtidos fixando-se o preço acima desse nível (impeditivo a
entrada):

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52

• 3. ENTRADA EFICAZMENTE IMPEDIDA


• Quando não há motivo para querer fixar o preço acima do
nível do preço-limite.
• As empresas estabelecidas possuem significativa vantagem
competitiva em relação às potenciais entrantes; o preço que
impede a entrada (PL) possibilita lucros mais elevados do que
os que seriam obtidos com o estabelecimento de um preço
mais elevado, o qual induzisse a entrada de novas firmas:

• 4. ENTRADA BLOQUEADA
• Quando não há, nem mesmo no curto prazo, nenhum
estímulo para elevar o preço a um nível que induza a
entrada.
• As vantagens competitivas das empresas estabelecidas são
tão significativas que mesmo o preço que impede à entrada é
superior àquele que maximizaria os lucros das empresas
estabelecidas mais favorecidas:

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53

 Os efeitos da condição de entrada sobre as empresas e


estruturas de mercado são pensados em termos de:

 Eficiência técnica (custos)


 Eficiência alocativa (preços)
 Grau de estabilidade/ instabilidade dos mercados: a
condição de “equilíbrio” da indústria ...

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54

•  O modelo ECD afirma que um mercado no qual as


empresas têm poder de decidir o preço cobrado pelos
produtos vendidos, este e as margens de lucro serão tanto
maiores:

• (I) Quanto mais as condutas das empresas estabelecidas


apresentarem um grau elevado de coordenação (ex.
acordos tácitos, liderança de preços ou cartelização)
<< estruturas concentradas  padrão de ação colectiva >>
<< estruturas atomísticas  ações independentes >>

• (II) Quanto menos elevada for a exposição destas empresas
à concorrência potencial, ou seja, quanto menor a ameaça
de entrada de novos concorrentes.

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Avaliação crítica dos modelos 55

de oligopólio baseados no
paradigma E-C-D

•  O modelo E-C-D deriva das características da


estrutura da indústria, conclusões acerca do
desempenho dos mercados em termos de eficiência
técnica, alocativa e estabilidade/ instabilidade.

 O modelo E-C-D estabelece que as variáveis de


resultado operacional (desempenho) das
empresas dependem das condutas (estratégias)
por elas adotadas, sendo ambas condicionadas
pelos parâmetros estruturais (estrutura) da
indústria.

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Estrutura do modelo 56

•  Relacionar a determinação do preço com o


elemento de barreiras estruturais à entrada;

•  Introduzir a análise da importância da concorrência


potencial como factor co-determinante da estratégia e
desempenho das firmas na indústria;

•  Deslocar o eixo da teoria dos preços do curto para o


longo prazo.

Economia Industrial: Docente: Paulo Jorge Burity - paulo.j.oliveira@isptec.co.ao


Limitações do Modelo 57

•  Enfoque reducionista das estratégias


competitivas: consideram apenas a estratégia de
preços.
•  Enfoque simplista dos factores que explicam as
estratégias de preços das empresas: tudo se
resolve na motivação da maximização do lucro.
•  O papel da inovação tecnológica como principal
força transformadora capaz de afectar as barreiras
à entrada ... a estrutura da indústria ..... o
desempenho das firmas ..., não é considerado.
•  Estratégias competitivas baseadas em relações
contratuais de cooperação entre-firmas não são
consideradas.
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FIM

OBRIGADO

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Microeconomia II| Docente: Paulo Jorge Burity - paulo.j.oliveira@isptec.co.ao

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