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De partida, imperioso observar que, quanto ao juízo para julgar o feito, a Lei de Ação Civil Pública

disciplina, em seu art. 2º, ser competente o local onde ocorreu o dano, mormente porque o critério
adotado pelo legislador segue a lógica de facilitar a realização de diligências, a colheita de provas e
a própria instrução no curso do processo.
Note-se, ainda, que o art. 93 do CDC, aplicável às ações civis públicas por força do art. 21 da Lei nº
7.347/85, preconiza, em seu inciso II, que a ação deve ser aforada no foro da capital do Estado ou
no Distrito Federal, no caso de dano de âmbito nacional ou regional, como na espécie. Assim, pode
ocorrer do dano atingir mais de um local, levando a existência de foros concorrentes, cabendo aos
legitimados coletivos a escolha do mais adequado, surgindo daí o instituto do direito internacional
cunhado de forum shopping.
Contudo, o simples fato do dano ambiental ter dimensões regionais não atrai, automaticamente, a
competência da capital do Estado, uma vez que a exegese da norma deve contemplar a sua ratio
essendi. É dizer, a competência para a ação civil pública deve fundar-se no princípio da efetividade,
sendo certo que o juiz natural passa a ser o juiz adequado, qual seja, àquele em condições mais
favoráveis para a obtenção dos elementos de convicção, para garantia do contraditório e da ampla
defesa pelo réu, com capacidades institucionais para promover e julgar a lide, a fim de se obter o
melhor resultado jurisdicional, espelhando o critério qualitativo de eficiência.
Por outro norte, aferindo-se o critério quantitativo, a análise de adequação da competência deve
considerar a redução dos custos sociais de litigância, promovendo a maior produtividade, ou seja, o
maior proveito com custos menores.
Dito isto, entende-se como perfeitamente possível que o magistrado, verificando não ser o juízo
eleito pelo autor o mais adequado a garantir a efetividade da tutela jurisdicional (forum non
conveniens), possa declinar do processamento da demanda, no exercício de sua kompetenz
kompetenz – o juiz possui competência mínima para controlar sua própria competência –,
remetendo-a ao juízo com a competência mais adequada.

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