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CURSO PARA A PROVA OBJETIVA

MP-CE
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RODADA 1

COMENTÁRIOS
#SouOuse
#AquiéMP
#TôDentro
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-CE

DIREITO PENAL
PROFA. RUTH ARAÚJO VIANA

01 – QUESTÃO:

Sobre a aplicação da Lei Penal marque a alternativa incorreta:

a) A lex mitior é a lei posterior, que de qualquer modo favorece o agente, aplicando-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
b) A lei excepcional e a lei temporária são ultrativas.
c) A lei excepcional e a lei temporária são autorrevogáveis.
d) A lei excepcional e a lei temporária são inconstitucionais.
e) a lei intermediária quando benéfica ao réu deverá ser aplicada mesmo quando não for
a lei vigente ao tempo do fato.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- TEMA: 2. Da aplicação da lei penal.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Correto. A lex mitior é a lei melhor, a lei mais favorável que de
alguma maneira se aplicada irá beneficiar o acusado.

Assim, ela deve ser aplicada, mesmo quando houver sentença condenatória com
transitada em julgado.

Alternativa B: Correto. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o


período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao
fato praticado durante sua vigência (art. 3 do CP).

Alternativa C: Correto. A lei excepcional e a lei temporária são intermitentes, pois


elas se consideram revogadas assim que esgotado o prazo de lei ou cessada a situação de
anormalidade.

Alternativa D: Incorreto. Em que pese exista divergência doutrinária, o


entendimento da doutrina majoritária e o entendimento jurisprudencial é de que essas leis
intermitentes são constitucionais.

Não há violação do princípio da irretroatividade da lei penal benéfica, pois a


natureza da lei é excepcional e se justifica diante de casos em específico que deverão ser
devidamente regulados com prazo certo. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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Alternativa E: Correto. A lei intermédia ou intermediária é a lei que sucedeu à lei
do momento do fato criminoso e antecedeu à lei do julgamento do mesmo fato criminoso.

Assim, ela é dotada de duplo efeito: retroatividade em relação ao tempo da ação


ou omissão quando benéfico ao réu e ultra-atividade em relação ao tempo do julgamento
quando benéfica ao réu.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

02 – QUESTÃO:

Maria Aparecida comparece na Delegacia de Polícia com mais duas testemunhas oculares
dizendo que o seu vizinho Cláudio a ameaçou com uma arma de fogo tipo revolver e que
este não possui autorização para o porte da arma. Afirmou que, logo após proferir as
ameaças com a arma, ele voltou para sua residência e a guardou. As duas testemunhas
confirmaram a versão de Maria, afirmando que viram a arma e escutaram a ameaça. Ao
final do depoimento Maria representou pelo crime de ameaça contra o vizinho Cláudio e
solicitou providências considerando que este falou categoricamente que ainda naquela
noite “ia meter bala nela”. Sobre essa situação assinale a alternativa correta:

a) Não é possível que a polícia civil adentre o domicílio do Sr. Claudio no período diurno
sem autorização judicial.
b) Será possível que a polícia civil adentre na casa do Sr. Cláudio, no dia dos fatos, a
qualquer hora, mesmo que no período diurno e sem autorização judicial para fins de
apreensão da arma de fogo.
c) O crime de ameaça não pode ser representando informalmente pelas palavras da
vítima sem que este documento seja devidamente formalizado na Delegacia de Polícia.
d) A prisão em flagrante por crime de porte de arma de fogo sem autorização legal ou
regulamentar só pode ser realizada se a autoridade policial apreender a arma de fogo.
e) Nas condições dos fatos será possível aplicar a suspensão condicional do processo ao
Sr. Claúdio.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- TEMA: 1. Garantias penais fundamentais da Constituição;

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Incorreta. É possível, considerando que ter em depósito arma sem


autorização legal ou regulamentar é crime permanente e portanto, há flagrante delito.

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Art. 5º. (...).
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial.

Alternativa B: Correto. A conduta de ter em depósito arma de fogo sem autorização


legal ou regulamentar é crime permanente que autoriza a busca domiciliar mesmo sem
autorização judicial.

“RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. POSSE DE ACESSÓRIO


DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO. ART. 16 DA LEI 10.826/2003.
BUSCA E APREENSÃO. ILICITUDE DA PROVA. INOCORRÊNCIA. CRIME
PERMANENTE. FLAGRANTE DELITO. CRIME DE MERA CONDUTA E
DE PERIGO ABSTRATO. IRRELEVÂNCIA DA POTENCIALIDADE LESIVA
DO ARTEFATO. DESCRIMINALIZAÇÃO TEMPORÁRIA PREVISTA NOS
ARTIGOS 30 E 32 DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO. PRORROGAÇÃO
DO PRAZO CONFERIDO PELAS LEIS 11.706/2008 E 11.922/2009.
ALEGAÇÃO DE ATIPICIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. 1. Busca e apreensão
autorizada judicialmente em propriedade rural, compreendida por
seus vários imóveis. Inocorrência de ilicitude da prova por ofensa
ao princípio da inviolabilidade do domicílio. 2. Ademais, havendo
fundada suspeita, a busca domiciliar nos crimes permanentes se
justifica em decorrência do flagrante delito. Inexistência de ingresso
abusivo e constatação posterior de crime permanente. 3. A posse
de arma de fogo de uso restrito, de seus acessórios ou de munições
constitui crime de mera conduta e de perigo abstrato cujo objeto
jurídico tutelado compreende a segurança coletiva e a incolumidade
pública. 4. Presente laudo especificando o modelo do silenciador
de uso restrito, desnecessária a realização de perícia a comprovar a
potencialidade lesiva do acessório para configuração do delito. 5. A
jurisprudência desta Corte é no sentido de que a descriminalização
temporária prevista nos arts. 30 e 32 do Estatuto do Desarmamento,
com a redação conferida pela Lei 11.706/2008, restringe-se ao
delito de posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art. 12)
e não se aplica à conduta do art. 16 da Lei 10.826/2003. 6. Recurso
ordinário a que se nega provimento.” (RHC 128281, Rel. Min. TEORI
ZAVASCKI, 3 Supremo Tribunal Federal Documento assinado
digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que
institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.
stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 14752658. RE 1123322
/ SP Segunda Turma, DJe 26-08-2015) `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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Alternativa C: Incorreta. O crime de ameaça não depende de documento
formalizado. O ato de representação por crimes de natureza pública condicionada não
possui formalidades.

TJ-MG - Embargos de Declaração-Cr ED 10290140094407002 MG (TJ-


MG) Jurisprudência•Data de publicação: 04/09/2019
EMENTA: REPRESENTAÇÃO PRESCINDE DE FORMALIDADE LEGAL.
CRIME DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO.
POSSIBILIDADE DE RETRATAÇÃO DA VÍTIMA. AUDIÊNCIA
PRELIMINAR (ARTIGO 16 DA LEI MARIA DA PENHA) NÃO REALIZADA.
NULIDADE PROCESSUAL DECRETADA. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO
OU OBSCURIDADE. INOCORRÊNCIA. EFEITO MODIFICATIVO.
IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA JÁ AMPLAMENTE DISCUTIDA E
CLARAMENTE EXPLICADA. REAPRECIAÇÃO. INVIABILIDADE.
EMBARGOS REJEITADOS. - A representação prescinde de
formalidade legal, bastando que se verifique o interesse da ofendida
na persecução criminal - O crime de ameaça, mesmo o praticado no
âmbito doméstico e familiar, é de ação penal pública condicionada
à representação da vítima, de forma que prevalecem as disposições
contidas na Lei Maria da Penha , o que torna obrigatória a designação
da audiência prévia prevista no art. 16 da referida norma legal,
para que, antes do recebimento da denúncia, a vítima tenha a
oportunidade de renunciar à representação, sob pena de nulidade
do feito - Nulidade do feito, decretada de ofício, no que se refere
ao delito de ameaça - Os embargos de declaração não se prestam a
rediscutir matéria já devidamente apreciada, e nem a modificação
essencial do acórdão embargado - Impossibilidade de que o mero
inconformismo do embargante tenha o condão de macular como
contraditório e obscuro o acórdão que expressamente apreciou
todas as questões veiculadas no recurso de forma clara e precisa.

Alternativa D: Incorreta. Nem sempre haverá a apreensão da arma de fogo e isso


não implica na ausência de crime se for possível provar por outros meios que Claudio estava
portanto uma arma no momento do crime de ameaça.

O simples fato de possuir ou portar munição caracteriza os delitos previstos nos


artigos 12, 14 e 16 da Lei 10.826/2003, por se tratar de crime de perigo abstrato e de mera
conduta, sendo prescindível a demonstração de lesão ou de perigo concreto ao bem jurídico
tutelado, que é a incolumidade pública.

Alternativa E: Incorreto. Apesar do crime de ameaça comportar tanto a transação


penal como a suspensão condicional do processo, o crime de porte de arma de fogo sem
autorização legal ou regulamentar não a admite. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer
outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido


Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Tratando-se de crimes conexos por concurso, será incabível a proposta de


suspensão condicional do processo nos termos da Lei 9.099 de 1995:

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público,
ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por
dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado
ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais
requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

03 – QUESTÃO:

Sobre os efeitos da condenação, assinale a alternativa incorreta:

a) A sentença penal condenatória, depois de transitada em julgado, produz diversos


efeitos. Eles podem se dividir em efeitos primários e secundários da condenação.
b) O indulto extingue apenas os efeitos principais da condenação.
c) Após o indulto o nome condenado continua incluído no “rol dos culpados”.
d) A anistia extingue os efeitos primários e secundários da condenação.
e) Anistia e a graça e indulto classificam-se como causas de extinção da punibilidade e são
concedidas pelo Poder Legislativo.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- TEMA: 7. Dos efeitos da condenação.


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- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Correto. A condenação produz efeitos, dentre eles efeitos inerentes


a sanção, efeitos penais diversos da sanção e efeitos extrapenais. Para fixar segue tabela1:

EFEITOS DA CONDENAÇÃO
O efeito principal (primário) da condenação é impor ao condena-
1) PRINCIPAIS do uma sanção penal.
(PRIMÁRIOS) Efeito principal (primário) = sanção penal.
A sanção penal divide-se em: a) pena; b) medida de segurança.
2.1) PENAIS
Alguns exemplos: reincidência (art. 63), causa de revogação
do sursis (art. 77, I e § 1º), causa de revogação do livramento
condicional (art. 86), causa de conversão da pena restritiva de
direitos em privativa de liberdade (art. 44, § 5º), impossibilita
a transação penal e concessão de suspensão condicional do
2) SECUNDÁRIOS processo (arts. 76 e 89 da Lei nº 9.099/95) etc.
2.2) EXTRAPENAIS
a) Genéricos: art. 91 do CP;
b) Específicos: art. 92 do CP;
c) Previstos em “leis” especiais (exs: art. 15, III, CF; art. 83 da Lei
de Licitações; art. 181, da Lei de Falências).

Alternativa B: Correto. O indulto extingue apenas os efeitos primários da


condenação (pretensão executória). Dito de forma bem simples: o indulto extingue somente
a pena ou a medida de segurança.

O indulto não atinge os efeitos secundários (penais ou extrapenais).

A concessão do indulto afasta o efeito principal decorrente da condenação, qual


seja, o próprio cumprimento da pena anteriormente fixada pela sentença condenatória. No
entanto, os efeitos secundários da condenação, tais como aqueles elencados no art. 91 do
Código Penal, mas não a eles restritos, não são afetados pela concessão do indulto, ante a
inexistência de previsão legal neste sentido, restando mantidas, assim, as devidas anotações
junto aos cartórios e ofícios distribuidores acerca da existência do feito2.

Alternativa C: Correto. Conforme assertiva b) o indulto extinguirá tão somente


os efeitos principais da condenação. Portanto, os efeitos secundários, dentre eles, efeitos
1 https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/99a2103fcf4f2c44d1f9f75553274025?ca-
tegoria=11&subcategoria=98
2 STJ. 5ª Turma. AgInt no RHC 66.190/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 12/03/2019. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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penais permanecerão. Exemplos de situações que não serão afetadas mesmo tendo havido
o indulto3:

 As anotações do crime continuarão nos cartórios e ofícios distribuidores;


 Nome do condenado continua incluído no “rol dos culpados”;
 A condenação que foi objeto de indulto continua tendo força para gerar
reincidência (a reincidência não é afastada com a concessão do indulto);
 Se o indivíduo havia sido condenado a perder bens e valores, o indulto não irá
alterar isso;
 Condenado continua com a obrigação de indenizar a vítima.

Alternativa D: Correto. A anistia extingue o efeito primário da condenação


(pretensão executória). Assim, como extingue também os efeitos secundários penais da
condenação (ex.: reincidência).

Cuidado para não confundir anistia com graça e indulto. Vejamos a seguinte
tabela para fixar:

ANISTIA GRAÇA E INDULTO


Extingue o efeito primário da condenação Extingue o efeito primário da condenação
(pretensão executória). (pretensão executória).

Extingue também os efeitos secundários NÃO extingue os efeitos secundários penais


penais da condenação (ex: reincidência). da condenação.
Não extingue os efeitos secundários extra- NÃO extingue os efeitos secundários ex-
penais da condenação (ex: tornar certa a trapenais da condenação (ex: tornar certa
obrigação de indenizar, perda da função a obrigação de indenizar, perda da função
pública). Os efeitos de natureza civil perma- pública). Os efeitos de natureza civil perma-
necem íntegros. necem íntegros.

Alternativa E: Incorreto. A anistia, graça e indulto são formas de renúncia do


Estado ao seu direito de punir e classificam-se como causas de extinção da punibilidade
(art. 107, II, CP);

A anistia, a graça e o indulto são concedidas pelo Poder Legislativo (no primeiro
caso) ou pelo Poder Executivo (nos dois últimos), mas somente geram a extinção da
punibilidade com a decisão judicial;

Elas podem atingir crimes de ação penal pública ou privada.


3 Fonte Dizer o direito. https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/99a2103fcf4f2c-
44d1f9f75553274025?categoria=11&subcategoria=98 `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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- GABARITO DA QUESTÃO: E.

04 – QUESTÃO:

É efeito extrapenal específico da condenação:

a) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo.


b) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo quando aplicada pena privativa
de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de
poder ou violação de dever para com a Administração Pública.
c) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo quando aplicada pena privativa
de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de
poder ou violação de dever para com a Administração Pública e quando for aplicada pena
privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
d) A incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes
dolosos e culposos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente
titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra
tutelado ou curatelado.
e) A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime
doloso e culposo.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 7. Dos efeitos da condenação;

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Incorreto. O art. 92, I, do CP prevê, como efeito extrapenal específico


da condenação, o seguinte:

Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei


nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação
dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou
superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou
violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela
Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo
superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº
9.268, de 1º.4.1996)
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da
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curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos
contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra
filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado;
(Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018)
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio
para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são
automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

No caso o examinador queria que você tivesse o conhecimento completo do art.


92, I do CP, sendo insuficiente o conteúdo do item a) para declarar o item como correto.

Alternativa B: Incorreto. Do mesmo modo que no item a) o examinador queria


que o candidato demonstrasse ter amplo conhecimento do dispositivo do art. 92, I do CP,
sendo insuficiente a resposta do item b).

Alternativa C: Correto. A resposta completa no que tange a cobrança dos efeitos


extrapenais específicos da condenação, tal como delineado no art. 92, I, a) e b) do CP.
Vide item a).

Alternativa D: Incorreto. A incapacidade para o exercício do poder familiar,


da tutela ou da curatela não abrange os delitos culposos, mas somente os dolosos. Vide
resposta do item a).

Alternativa E: Incorreto. A inabilitação para dirigir veículo não é aplicada para os


delitos culposos. Vide resposta do item a).

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

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05 – QUESTÃO:

Quanto ao crime por omissão é correto assinalar:

a) O crime de omissão imprópria se caracteriza quando o agente deixar de prestar


assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo.
b) O crime de omissão de socorro se caracteriza quando o agente deixar de pedir socorro
da autoridade pública à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida,
ao desamparo ou em grave e iminente perigo.
c) O crime omissivo impróprio só é punido quando a lei determine como conduta típica a
omissão, tal como ocorre no crime de omissão de socorro.
d) O professor de natação que deixa de socorrer o aluno que está afundando na piscina
durante o período da aula responde por omissão de socorro.
e) O crime omissivo impróprio não admite tentativa.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- TEMA: 12. Crimes contra a pessoa (arts.121 a 154)

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Incorreto. A assertiva apresenta o crime de omissão de socorro e


não o crime de omissão imprópria. Vejamos:

Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem
risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa
inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão
resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a
morte.

Lembrando que no crime omissivo impróprio a omissão está descrita em cláusu-


la geral. Ou seja, o agente responde por crime comissivo, por não ter evitado o resultado,
como se o tivesse praticado.

Alternativa B: Correto. É o que dispõe o art. 135 do CP. Vide resposta do item a).

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Alternativa C: Incorreto. No crime omissivo impróprio o agente tem o dever
específico de evitar o resultado.

A omissão está descrita em cláusula geral e, portanto, o agente responde por


crime comissivo, por não ter evitado o resultado, como se o tivesse praticado.

Entre a omissão e o tipo penal não existe subsunção direta, há caso de subsunção
indireta. Vejamos o art. 13, §2º do CP:

Art. 13. (...).


§ 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
(Incluído
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.

Alternativa D: Incorreto. Neste caso o professor de natação tem o dever de


impedir o resultado. Não se trata de crime de omissão de socorro descrito no art. 135 do CP,
pois a omissão não é genérica, ela tem destinatário específico nos termos do art. 13, §2º do
CP.

Alternativa E: Incorreto. O crime omissivo impróprio admite tentativa. Somente


o crime omissivo próprio que não a admite por ser unissubsistente.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

06 – QUESTÃO:

Sobre a tentativa, assinale a alternativa correta:

a) Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
b) Considera-se tentado o crime quando o agente voluntariamente, desiste de prosseguir
na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
c) Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
terço.
d) A prescrição nos crimes tentados começa a correr a partir do dia em que cessaram os
atos preparatórios.
e) A tentativa é uma norma de extensão causal.
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- RESPOSTA: Alternativa A.

- TEMA: 3. Do crime (teoria geral);

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Correto. Trata-se do crime impossível.

Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta
do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o crime.

Alternativa B: Incorreto. A assertiva traz o conceito de desistência voluntária e do


arrependimento eficaz e não da tentativa:

Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela


Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos
atos já praticados. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Alternativa C: Incorreto. Trata-se de letra pura da lei, a tentativa irá diminuir a


pena em 1 a 2/3:

Tentativa
Art. 14. (...).
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa
com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
a dois terços.

Alternativa D: Incorreto. A prescrição nos crimes tentados começará a correr a


partir do dia em que cessar a atividade criminosa e não dos atos preparatórios:

Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença


final
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final,
começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
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II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento
do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes,
previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a
vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver
sido proposta a ação penal.

Alternativa E: Incorreta. A tentativa é uma norma de extensão temporal e


não causal. Graças ao art. 14, II é que se consegue estender a tipicidade para crimes não
consumados.

A tentativa, portanto, figura norma de extensão temporal, ampliando a


proibição contida nas normas penais incriminadoras a fatos humanos realizados de forma
incompleta.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

07 – QUESTÃO:

Sobre maus antecedentes e reincidência assinale a alternativa correta:

a) A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus


antecedentes e a reincidência.
b) Antecedentes são as anotações negativas que o réu possua em matéria criminal. Trata-
se de uma circunstância analisada na segunda fase da dosimetria da pena.
c) Uma vez existente condenação transitada em julgado por fato anterior ao cometimento
do delito sub examine, mostra-se incorreta a conclusão pela existência de maus
antecedentes.
d) A pessoa condenada definitivamente por contravenção que comete crime no prazo
quinquenal da reincidência é reincidente.
e) Para efeito de reincidência não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de
tempo superior a 5 (cinco) anos, não computado o período de prova da suspensão ou do
livramento condicional.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- TEMA: 5.3 Da aplicação da pena;

- COMENTÁRIOS:
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Alternativa A: Correta. Trata-se de Súmula do Superior Tribunal de Justiça:

Súmula 636 do STJ: A folha de antecedentes criminais é documento


suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência.4
Aprovada em 26/06/2019, DJe 27/06/2019.

Alternativa B: Incorreto. Antecedentes são as anotações negativas que o réu


possua em matéria criminal.

Se o juiz entender que o réu possui maus antecedentes, ele irá aumentar a pena-
base imposta ao condenado. Trata-se, portanto, de uma circunstância analisada na 1ª fase
da dosimetria e não na 2ª fase.

Na primeira fase, as chamadas circunstâncias judiciais analisadas pelo juiz são


as seguintes:

a) culpabilidade;
b) antecedentes;
c) conduta social;
d) personalidade do agente;
e) motivos do crime;
f) circunstâncias do crime;
g) consequências do crime;
h) comportamento da vítima. (art. 59 do CP).

Alternativa C: Incorreto. Pelo contrário, mostra-se correta a conclusão pela


existência de maus antecedentes.

A condenação por fato anterior ao delito que se julga, mas com trânsito em
julgado posterior, pode ser utilizada como circunstância judicial negativa, a título de
antecedente criminal5.

Alternativa D: Incorreto. A condenação por contravenção em definitivo não atrai


a reincidência, pois de acordo com o art. 63 do CP somente gera reincidência a condenação
por CRIME anterior:

Reincidência
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo

4 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Folha de antecedentes criminais é um documento válido para
comprovar maus antecedentes ou reincidência. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.
buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/033cc385728c51d97360020ed57776f0>. Acesso em: 02/10/2019
5 STJ. 5ª Turma. HC n. 210.787/RJ, Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 16/9/2013. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

Vejamos a seguinte tabela do Dizer o Direito para fixar6:

Se a pessoa é condenada E depois da condenação


Qual será a consequência?
definitivamente por definitiva pratica novo(a)
CRIME
CRIME REINCIDÊNCIA
(no Brasil ou exterior)
CRIME CONTRAVENÇÃO
REINCIDÊNCIA
(no Brasil ou exterior) (no Brasil)
CONTRAVENÇÃO CONTRAVENÇÃO
REINCIDÊNCIA
(no Brasil) (no Brasil)
NÃO HÁ reincidência.
CONTRAVENÇÃO
CRIME Foi uma falha da lei.
(no Brasil)
Mas gera maus antecedentes.
NÃO HÁ reincidência.
CONTRAVENÇÃO
CRIME ou CONTRAVENÇÃO Contravenção no estrangeiro
(no estrangeiro)
não influi aqui.

Alternativa E: Incorreto. O período de prova da suspensão ou do livramento


condicional é computado para fins de cumprimento do prazo de 5 anos, salvo se tiver
ocorrido a revogação:

Art. 64. Para efeito de reincidência:


I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver
decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o
período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não
ocorrer revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

6 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Folha de antecedentes criminais é um documento válido para
comprovar maus antecedentes ou reincidência. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.
buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/033cc385728c51d97360020ed57776f0>. Acesso em: 02/10/2019
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08 – QUESTÃO:

Cesar, pessoa maior e capaz, realizar ato libidinoso com Ana, pessoa menor de 14 anos.
Durante a audiência de instrução a defesa requereu a desclassificação do delito de
estrupo de vulnerável para o crime de importunação sexual, requereu o reconhecimento
da ausência de vulnerabilidade da vítima, uma vez que ela já tinha realizado atos sexuais
consentidos preteritamente. Sobre esse fato é possível afirmar:

a) É possível desclassificar o crime de estupro de vulnerável para o crime de importunação


sexual caso o fato descrito de amolde a conduta delituosa.
b) O crime de estupro de vulnerável configura-se com a conjunção carnal ou prática de
ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da
vítima para a prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de relacionamento
amoroso com o agente.
c) Em cidades de interior é possível dizer que não há crime de estupro de vulnerável
quando a vítima é contumaz na prática de atos sexuais com crianças.
d) Na sentença, durante a dosimetria, o juiz pode reduzir a pena-base do réu alegando
que a vítima já tinha experiência sexual anterior.
e) Se ficar comprovado que entre o réu e a vítima havia diferença de idade inferior a 5
anos, Cesar deverá ser absolvido do crime de estupro de vulnerável.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- TEMA: 14. Crimes contra a dignidade sexual (arts. 213 a 234);

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Incorreto. Não é possível a desclassificação da figura do estupro


de vulnerável (art. 217-A do CP) para o crime do art. 215-A do CP (importunação sexual):

Importunação sexual (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)


Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso
com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui
crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Isso porque o tipo penal do art. 215-A é praticado sem violência ou grave ameaça
e o delito do art. 217-A inclui a presunção absoluta de violência ou grave ameaça, por se
tratar de menor de 14 anos7.

7 STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.969/DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/06/2019.
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Alternativa B: Correto. Trata-se de entendimento sumulado do Superior Tribunal
de Justiça:

Súmula 593 do STJ: O crime de estupro de vulnerável configura-


se com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor
de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima
para a prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de
relacionamento amoroso com o agente. STJ. 3ª Seção. Aprovada em
25/10/2017, DJe 06/11/2017.

Alternativa C: Incorreto. Segundo afirmou o Min. Rogério Schietti, a prática


sexual envolvendo menores de 14 anos não pode ser considerada como algo dentro da
“normalidade social”.

Não é correto imaginar que o Direito Penal deva se adaptar a todos os inúmeros
costumes de cada uma das microrregiões do país, sob pena de se criar um verdadeiro caos
normativo, com reflexos danosos à ordem e à paz públicas.

Ademais, o afastamento do princípio da adequação social aos casos de estupro


de vulnerável busca evitar a carga de subjetivismo que acabaria marcando a atuação do
julgador nesses casos, com danos relevantes ao bem jurídico tutelado, que é o saudável
crescimento físico, psíquico e emocional de crianças e adolescentes. Esse bem jurídico goza
de proteção constitucional e legal, não estando sujeito a relativizações8.

Alternativa D: Incorreto. Em se tratando de crime sexual praticado contra menor


de 14 anos, a experiência sexual anterior e a eventual homossexualidade do ofendido não
servem para justificar a diminuição da pena-base a título de comportamento da vítima.

A experiência sexual anterior e a eventual homossexualidade do ofendido, assim


como não desnaturam (descaracterizam) o crime sexual praticado contra menor de 14 anos,
não servem também para justificar a diminuição da pena-base, a título de comportamento
da vítima9.

Alternativa E: Incorreto. A assertiva cobra uma tese defensiva conhecida como


“Romeu e Julieta”. Fiquem atentos, pois não existe previsão legal dessa tese doutrinária de
defesa.

8 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Praticar sexo com menor de 14 anos é crime. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/435d6ab1ba16ba7e05e09d9728bc36ca>. Acesso
em: 02/10/2019
9 STJ. 6ª Turma. REsp 897.734-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 3/2/2015 (Info 555). `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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A exceção de “Romeu e Julieta” trata-se de uma tese defensiva segundo a qual se
o agente praticasse sexo consensual (conjunção carnal ou ato libidinoso) com uma pessoa
menor de 14 anos, não deveria ser condenado se a diferença entre o agente e a vítima não
fosse superior a 5 anos.

A teoria recebe esse nome por inspiração da peça de Willian Shakespeare na qual
Julieta, com 13 anos, mantém relação sexual com Romeu. Assim, Romeu, em tese, teria
praticado estupro de vulnerável.

A “exceção de Romeu e Julieta” não é aceita pela jurisprudência, ou seja,


mesmo que a diferença entre autor e vítima seja menor que 5 anos, mesmo que o sexo seja
consensual e mesmo que eles sejam namorados, há crime10.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

09 – QUESTÃO:

São considerados funcionários públicos para fins penais, exceto:

a) Diretor de organização social.


b) Administrador de loteria.
c) Advogado dativo.
d) Estagiário do Ministério Público.
e) Inventariante.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- TEMA: 18. Crimes contra a Administração Pública (art. 312 a 359);

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Correto. O diretor de organização social pode ser considerado


funcionário público por equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). As organizações
sociais que celebram contratos de gestão com o Poder Público são consideradas “entidades
paraestatais”. STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018
(Info 915).

10 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Praticar sexo com menor de 14 anos é crime. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/435d6ab1ba16ba7e05e09d9728bc36ca>. Acesso
em: 02/10/2019 `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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Alternativa B: Correto. Administrador de Loteria é equiparado a funcionário
público para fins penais porque a Loteria executa atividade típica da Administração Pública
que lhe foi delegada por regime de permissão. STJ. 5ª Turma. AREsp 679.651/RJ, Rel. Min.
Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/09/2018.

Alternativa C: Correto. O advogado que, por força de convênio celebrado com


o Poder Público, atua de forma remunerada em defesa dos hipossuficientes agraciados
com o benefício da assistência judiciária gratuita, enquadra-se no conceito de funcionário
público para fins penais. Sendo equiparado a funcionário público, é possível que responda
por corrupção passiva (art. 317 do CP)11.

Alternativa D: Correto. Estagiário de órgão público que, valendo-se das


prerrogativas de sua função, apropria-se de valores subtraídos do programa bolsa-família
subsume-se perfeitamente ao tipo penal descrito no art. 312, § 1º, do Código Penal(peculato-
furto), porquanto estagiário de empresa pública ou de entidades congêneres se equipara,
para fins penais, a servidor ou funcionário público, em decorrência do disposto no art. 327,
§ 1º, do Código Penal12.

Alternativa E: Correto. O inventariante não é funcionário público. O inventariante


é a pessoa responsável por vários atos dentro do processo de inventário e fora, no que está
relacionado à posse e à administração do patrimônio deixado pelo falecido.

Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública.
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego
ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

11 STJ. 5ª Turma. HC 264.459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579).
12 STJ. 6ª Turma. REsp 1303748/AC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 25/06/2012. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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DIREITO PROCESSUAL PENAL


PROF. MURIEL VASCONCELOS.

10 – QUESTÃO:

Sobre os recursos, considerando o entendimento dos tribunais superiores, assinale a


alternativa correta:

a) Caracteriza reformatio in pejus a decisão de tribunal de justiça que, ao julgar recurso


de apelação exclusivo da defesa, mantém a reprimenda aplicada pelo magistrado de
primeiro grau, porém com fundamentos diversos daqueles adotados na sentença.
b) É extemporâneo recurso interposto antes da publicação do acórdão.
c) Não é cabível recurso em sentido estrito contra decisão que revoga medida cautelar
diversa da prisão.
d) Em matéria penal, o Ministério Público goza da prerrogativa da contagem dos prazos
recursais em dobro.
e) Não deve ser conhecido recurso especial adesivo interposto pelo Ministério Público
veiculando pedido em desfavor do réu.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- TEMA: 15. Recursos em geral. Pressupostos recursais. Recursos em espécie.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: De acordo com a Suprema Corte (HC 126457/PA), não há falar em


reformatio in pejus se os motivos expendidos pelo julgador em sede de recurso exclusivo da
defesa não representaram advento de situação mais gravosa para o réu.

Com efeito, não caracteriza reformatio in pejus a decisão de tribunal de justiça


que, ao julgar recurso de apelação exclusivo da defesa, mantém a reprimenda aplicada
pelo magistrado de primeiro grau, porém com fundamentos diversos daqueles adotados na
sentença.

Na mesma linha, o STJ (HC 330.170/RS) entende que, embora não seja admissível
que o Tribunal a quo agregue novos dados em recurso exclusivo da defesa, visto que tal
prática implicaria violação do princípio da ne reformatio in pejus, é lícito às instâncias
ordinárias proceder à análise da legalidade dos fundamentos da decisão de primeiro grau
para conferir melhor compreensão da quaestio iuris objeto da sentença impugnada no
recurso, respeitada a extensão cognitiva da sentença impugnada e os limites quantitativo e
qualitativos da pena imposta.
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Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: O recurso deve ser interposto no prazo previsto em lei, sob pena de
preclusão temporal. Para fins de verificação da tempestividade do recurso, o que deve ser
levado em consideração é a data em que a petição é protocolada ou em que é entregue ao
escrivão ou diretor da secretaria.

Para o STF (HC 113826), não é extemporâneo recurso interposto antes da publi-
cação do acórdão. Sob o ângulo da oportunidade, a publicação do acórdão impugnado é
elemento neutro, podendo a parte, ciente da decisão proferida, protocolar o recurso. Assim
por exemplo, admite-se a interposição de embargos declaratórios oferecidos antes da pu-
blicação do acórdão embargado e dentro do prazo recursal.

Alternativa B incorreta.

Alternativa C: Apesar do RESE visar à impugnação de decisões interlocutórias,


seu cabimento é restrito às hipóteses expressamente previstas em lei (art.581 do CPP). Cui-
da-se de modalidade de recurso que se dirige, tão somente, contra decisão de juiz singular.

O RESE deve ser utilizado de maneira residual. Em síntese, por mais que a hipótese
de cabimento esteja listada no art.581 do CPP, deve se ter em mente que sua interposição
somente será possível se tal decisão não tiver sido proferida no bojo de uma sentença
condenatória ou absolutória. Isso porque, segundo o art.593, §4º, do CPP, quando cabível a
apelação, não poderá ser usado o RESE, ainda que somente de parte da decisão se recorra.

Prevalece na doutrina o entendimento no sentido da possibilidade de


interpretação extensiva das hipóteses de cabimento do RESE. A interpretação extensiva
somente não será para os casos em que a lei evidentemente quis excluir.

Nesse sentido, o STJ (REsp 1628262/RS) entende que é cabível recurso em sen-
tido estrito contra decisão que revoga medida cautelar diversa da prisão. Para a Corte, o
ato de revogar prisão preventiva, previsto expressamente no inciso V, do art. 581, do CPP, é
similar ao ato de revogar medida cautelar diversa da prisão, o que permite a interpretação
extensiva do dispositivo e, consequentemente, o manejo do recurso em sentido estrito.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: Para o STF (HC 120275/PR), o benefício legal do prazo em dobro


para o Ministério Público foi outorgado somente quanto à atuação nos processos de natureza
civil.

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Portanto, em matéria penal, o Ministério Público não goza da prerrogativa da
contagem dos prazos recursais em dobro. Logo, o prazo para interposição de agravo pelo
Estado-acusador em processo criminal é de 5 dias.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Para o STJ (REsp 1595636-RN), o Código de Processo Penal brasilei-


ro não prevê o instituto do recurso adesivo, não cabendo, ao intérprete, ampliar as moda-
lidades recursais além daquelas previstas em lei, em respeito ao princípio da taxatividade.

Nessa senda, admitir-se a interposição de recurso especial adesivo do Ministério


Público, veiculando pedido em desfavor do réu, conflita com a regra do art. 617 do Código
de Processo Penal, segundo a qual, não pode ser agravada a pena, quando somente o réu
houver apelado da sentença.

Ademais, a Corte Cidadã frisou que o recurso adesivo do Ministério Público so-
mente poderia ser conhecido caso fosse conhecido também o recurso da defesa. Em outras
palavras, a admissão do recurso defensivo acarretaria ao réu um efeito negativo, qual seja, o
de que o recurso acusatório adesivo também passaria a ser analisado, caracterizando uma
reformatio in pejus indireta.

Com efeito, em matéria criminal, não deve ser conhecido recurso especial adesi-
vo interposto pelo Ministério Público veiculando pedido em desfavor do réu.

Cumpre frisar, por fim, que o STJ entendeu que também não é possível recurso
adesivo, mesmo que seja da defesa.

A alternativa E está correta.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

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11 – QUESTÃO:

Sobre o inquérito policial, assinale a alternativa correta:

a) Não há necessidade de autorização judicial prévia para que o advogado tenha acesso
aos autos do inquérito policial, ainda que o sigilo da investigação ocorra em caso de
organização criminosa.
b) Na notícia do crime de cognição imediata, a autoridade policial toma conhecimento do
fato delituoso através da apresentação de indivíduo preso em flagrante.
c) O indiciamento formal após o recebimento da denúncia é causa de constrangimento
ilegal.
d) É necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de
depoimentos orais na fase de inquérito policial.
e) O arquivamento do inquérito policial em razão do reconhecimento de excludente de
punibilidade acarreta apenas coisa julgada formal.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 3. Persecução criminal extrajudicial: o inquérito policial, o Ministério Público e a


polícia judiciária.

- COMENTÁRIOS:

O Estado ao tomar conhecimento de uma infração penal, no uso do seu ius


puniendi, dá início a persecução penal. Assim, o que até então estava somente em um plano
abstrato (normas), passa a existir no plano concreto, através da persecução penal.

Nessa esteira, temos que a persecução penal é composta por uma fase preliminar
investigatória e por uma fase judicial. A fase preliminar, na maior parte das vezes é marcada
pela existência do Inquérito Policial. O inquérito policial figura como principal instrumento
investigatório. Contudo, não se trata do único meio, existindo outras formas, por exemplo,
as investigações feitas pelo MP, pelas CPIS e TCO.

Segundo Renato Brasileiro (2018), o inquérito policial deve ser compreendido


como sendo um procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela
autoridade policial, com o objetivo de identificar fontes de prova e colher elementos de
informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim de permitir que o
titular da ação penal possa ingressar em juízo.

Alternativa A: O inquérito não se submete à publicidade ordinária, cabendo ao


delegado velar pelo sigilo da investigação, em prol da eficiência. Objetiva-se assim o sigilo
aos terceiros estranhos à persecução e principalmente à imprensa, no intuito de serem
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evitadas condenações sumárias pela opinião pública, com a publicação de informações
prelibatórias, que muitas vezes não se sustentam na fase processual.

De acordo com o Estatuto da OAB, o advogado pode acessar livremente os autos


do inquérito policial, desde que munido de procuração do indiciado ou suspeito. Correndo
sob sigilo a investigação preliminar, pode a autoridade policial limitar o acesso aos autos de
advogado que não esteja atuando no interesse do interessado, por lhe faltar instrumento
do mandato.

Nesse sentido, o STF editou a Súmula Vinculante n° 14, assentando que é direito
do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que,
já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Tem prevalecido o entendimento de que o advogado deve ter acesso aos autos
do procedimento investigatório caso a diligência realizada pela autoridade policial já tenha
sido documentada. Porém, em se tratando de diligências que ainda não foram realizadas
ou que estão em andamento, não há falar em prévia comunicação ao advogado, nem
tampouco ao investigado, na medida em que o sigilo é inerente à própria eficácia da medida
investigatória.

Em regra, não há necessidade de autorização judicial prévia para que o advogado


tenha acesso dos autos do IP. Contudo, existe uma exceção prevista ao teor do art. 23, da Lei
nº 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosa):

Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade


judicial competente, para garantia da celeridade e da eficácia das
diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse
do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam
respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido
de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em
andamento.

Portanto, na Lei das Organizações Criminosas, quando o sigilo for decretado, o


acesso do advogado aos autos do IP passa a depender de prévia autorização judicial.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: A notícia do crime (notitia criminis) é o conhecimento, espontâneo


ou provocado, por parte da autoridade policial, acerca de um fato criminoso. Trata-se do
conhecimento por parte do Delegado de um fato criminoso. Existem algumas espécies de
notitia criminis:
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Espontânea (cognição imediata): é o conhecimento direto dos fatos pela autori-
dade policial ou através de comunicação informal. Ex.: a autoridade tem notícia da infração
através de suas investigações ou pela imprensa;

Cognição mediata (provocada): a autoridade policial toma conhecimento do


crime através de um expediente escrito (ex.: requisição ministerial);

Cognição coercitiva: a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso


através da apresentação do indivíduo preso em flagrante.

Desta feita, quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso


através da apresentação de indivíduo preso em flagrante, teremos a notitia criminis de cog-
nição coercitiva.

Alternativa B incorreta.

Alternativa C: O indiciamento consiste em atribuir a alguém provável a autoria


ou participação de determinada infração penal. É informar que tal pessoa é provável autora
do delito. O indiciado, então, não se confunde com um mero suspeito (ou investigado), nem
tampouco com o acusado. Suspeito ou investigado é aquele em relação ao qual há frágeis
indícios, ou seja, há mero juízo de possibilidade de autoria; indiciado é aquele que tem
contra si indícios convergentes que o apontam como provável autor da infração penal, isto
é, há juízo de probabilidade de autoria; recebida a peça acusatória pelo magistrado, surge
a figura do acusado.

Por substanciar ato próprio da fase inquisitorial da persecução penal, não possível
o indiciamento, pela autoridade policial, após o oferecimento da denúncia, mesmo que esta
já tenha sido admitida pelo juízo a quo.

Como ensina Renato Brasileiro (2018), a condição de indiciado poderá ser


atribuída já no auto de prisão em flagrante ou até o relatório final do delegado de polícia.
Logo, uma vez recebida a peça acusatória, não será mais possível o indiciamento, já que se
trata de ato próprio da fase investigatória.

Os Tribunais Superiores têm considerado que o indiciamento formal após o


recebimento da denúncia é causa de ilegal e desnecessário constrangimento à liberdade de
locomoção, visto que não se justifica mais tal procedimento, próprio da fase inquisitorial.

A alternativa C está correta.

Alternativa D: Como já destacado, o inquérito policial é um procedimento


informativo, de natureza inquisitorial, destinado precipuamente à formação da opinio delicti
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do órgão acusatório. No inquérito, há uma regular mitigação das garantias do contraditório
e da ampla defesa. Com efeito, os elementos de informação colhidos no inquérito não se
prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal.

Nessa senda, o STF (Pet 7612/DF) entende que não é necessária a intimação
prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de
inquérito policial.

A Lei nº 13.245/2016 passou a garantir ao advogado do investigado o direito


de assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, inclusive nos
depoimentos e interrogatório, podendo apresentar razões e quesitos. No entanto, essa
alteração legislativa não impôs um dever à autoridade policial de intimar previamente o
advogado constituído para os atos de investigação.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: O arquivamento é um ato complexo, que envolve prévio requeri-


mento formulado pelo órgão do Ministério Público e posterior decisão da autoridade judi-
ciária. Quando o juiz homologa a promoção de arquivamento se incorpora a natureza de
decisão judicial do arquivamento do inquérito policial.

Segundo Renato Brasileiro (2017), a coisa julgada ocorre em relação à decisão


judicial contra qual não caiba mais recurso, tornando-se imutável, seja porque esgotou as
vias recursais cabíveis, seja porque já decorreu o prazo. A coisa julgada tem por característi-
ca a imutabilidade, sendo este o efeito decorrente mais importante.

Nas hipóteses em que há apenas coisa julgada formal, suprida a ausência de


pressuposto processual, condição da ação ou justa causa, é plenamente possível o ofere-
cimento de nova peça acusatória. Por outro lado, nas hipóteses em que o arquivamento
faz coisa julgada formal e material, ainda que surjam novas provas, não será possível seu
desarquivamento e, por conseguinte, o oferecimento de nova peça acusatória.

No caso de arquivamento por reconhecimento de causa excludente de punibili-


dade, haverá coisa julgada material e formal. Como destaca Nestor Távora (2018), as causas
extintivas de punibilidades, elencadas no art. 107, do CP, podem ser invocadas na promo-
ção de arquivamento do inquérito policial. A decisão homologatória exarada nesses termos,
também produz coisa julgada material. Note-se que se o motivo foi o óbito, o entendimento
dos tribunais é no sentido que se a decisão se basear em certidão de óbito falsa ela será
qualificada como inexistente, não havendo que se falar em coisa julgada na hipótese.

A alternativa E está incorreta.


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- GABARITO DA QUESTÃO: C.

12 – QUESTÃO:

Sobre o procedimento no Tribunal do Júri, assinale a alternativa correta:

a) A intimação da decisão de pronúncia será feita pessoalmente ao acusado, ao defensor


nomeado ou constituído, e ao Ministério Público.
b) As atenuantes genéricas podem ser submetidas à votação pelo Conselho de Sentença.
c) Havendo circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará
a remessa dos autos ao Ministério Público, salvo se preclusa a decisão de pronúncia.
d) O juiz a quo poderá determinar, fundamentadamente, a suspensão do julgamento pelo
júri, no caso de pedido de desaforamento.
e) Havendo incerteza quanto à existência da qualificadora do delito de homicídio, deve o
juiz incluir a qualificadora na pronúncia, submetendo-a ao conhecimento e à decisão dos
jurados.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- TEMA: 10. Procedimentos da ação penal condenatória: comuns e especiais. Procedimento


do júri. Classificação. Ritos. Prazos e peculiaridades.

- COMENTÁRIOS:

Quando a pessoa pratica um crime doloso contra a vida, ela responde a um


processo penal que é regido por um procedimento especial próprio do Tribunal do Júri
(arts. 406 a 497 do CPP).

O procedimento do Tribunal do Júri é chamado de bifásico (ou escalonado)


porque se divide em duas etapas.

A 1ª fase, conhecida como sumário da culpa (iudicium accusationis / juízo da


acusação), trata da acusação e instrução preliminar (formação da culpa). Inicia-se com o
oferecimento da denúncia (ou queixa). Ao final da 1ª fase do procedimento do júri, o juiz
irá proferir uma sentença, que poderá ser de quatro modos: pronúncia, impronúncia,
absolvição sumária ou desclassificação.

Após essa etapa, tem-se a fase de julgamento (iudicium causae / juízo da causa).
Se o acusado foi pronunciado pelo juiz e esta decisão não foi modificada pelas instâncias
superiores (houve a preclusão da decisão de pronúncia), significa que agora o réu será
julgado pelos jurados em sessão plenária do júri. Antes do julgamento propriamente dito,
será necessário que o juiz presidente do Tribunal do Júri tome algumas medidas para
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preparar a sessão. Assim, nesta 2ª fase do procedimento do júri, haverá a preparação para o
julgamento, a organização do júri e a realização da sessão de julgamento.

Alternativa A: Nos termos do art. 420 do CPP, a intimação da decisão de pronún-


cia deverá ser pessoal ao acusado, ao defensor nomeado (o que inclui a Defensoria Pública)
e ao Ministério Público (inciso I), ao passo que ela se dará por meio da imprensa para o de-
fensor constituído, querelante e o assistente de acusação (inciso II).

Quanto à intimação do réu da decisão de pronúncia, ela será, em regra, pessoal,


pouco importando se o crime é inafiançável ou não. Todavia, o parágrafo único do art. 420
do CPP com a redação dada pela Lei n° 11.689/08, possibilitou que ela seja feita por meio de
edital se o acusado estiver solto e não for encontrado.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Antes de 2008, agravantes e atenuantes eram quesitadas aos jura-


dos. Com o advento da Lei nº 11.689/08, o art. 492, I, “b”, do CPP, assenta que cabe ao juiz-
-presidente a análise de tais circunstâncias.

Desta feita, não há mais espaço para indagações ao Conselho de Sentença sobre
circunstâncias agravantes ou atenuantes, sendo a apreciação destas de competência do juiz
presidente por se tratar preponderantemente de matéria de direito.

Alternativa B está incorreta.

Alternativa C: Nos termos do art. 421, § 1º, do CPP, ainda que preclusa a decisão
de pronúncia, havendo circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o
juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público.

Art. 421. (...).


§ 1º Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo circunstância
superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a
remessa dos autos ao Ministério Público.

Podemos citar como exemplo de circunstância superveniente que pode vir a


alterar a classificação do crime da prática de tentativa de homicídio em que, após a preclusão
da pronúncia, ocorre o óbito da vítima, comprovando-se que a morte decorreu da conduta
imputada ao agente. Assim, inicialmente o agente delitivo tinha sido condenado na forma
tentada, porém superveniente a decisão de pronúncia veio a óbito, ocasionando assim a
necessidade de modificação.

A alternativa C está incorreta.


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Alternativa D: De acordo com Leonardo Barreto Alves (2017), o desaforamento
é instituto que implica apenas e tão somente no deslocamento do julgamento da causa
para comarca distinta daquela perante a qual tramitou a primeira fase do procedimento,
de preferência comarca mais próxima, onde não subsistam mais os motivos determinantes.

O desaforamento é admitido em quatro hipóteses: a) por interesse da ordem


pública; b) em razão de dúvida sobre a imparcialidade do júri; c) em razão de dúvida sobre
a segurança pessoal do réu; d) não realização do julgamento, no período de seis meses a
contar da preclusão da pronúncia, em virtude de comprovado excesso de serviço.

Tem competência para determinar o desaforamento o tribunal de segunda


instância e não o juiz-presidente do tribunal do júri. No tribunal, o pedido de desaforamento
será distribuído imediatamente e terá preferência de julgamento na Câmara ou Turma
competente.

Sendo relevantes os motivos alegados, apenas o relator poderá determinar,


fundamentadamente, a suspensão do julgamento do júri.

Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida


sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado,
o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente,
do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz
competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento
para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles
motivos, preferindo-se as mais próximas.
§ 1º O pedido de desaforamento será distribuído imediatamente e
terá preferência de julgamento na Câmara ou Turma competente.
§ 2º Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá
determinar, fundamentadamente, a suspensão do julgamento pelo
júri.
§ 3º Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver sido
por ele solicitada.
§ 4º Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando
efetivado o julgamento, não se admitirá o pedido de desaforamento,
salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou após
a realização de julgamento anulado.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: A decisão de pronúncia põe fim à primeira fase do júri e fixa os


limites da imputação para o início da segunda fase após sua preclusão. Nesse caso, vigora
o princípio do in dubio pro societate, de forma que, havendo qualquer dúvida sobre a
materialidade do fato ou a autoria, o acusado deverá ser pronunciado. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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Nos termos do §1º do art. 413 do CPP, a fundamentação da pronúncia limitar-se-á
à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e
especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena.

Com efeito, havendo incerteza quanto à existência da qualificadora do delito


de homicídio, cumpre ao juiz incluir a qualificadora na pronúncia, submetendo-a ao
conhecimento e à decisão dos jurados.

A alternativa E está correta.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

13 – QUESTÃO:

Sobre a ação penal, assinale a alternativa correta:

a) A representação possui natureza jurídica de condição específica de prosseguibilidade,


cuja ausência enseja a rejeição da peça acusatória.
b) A ação penal indireta ocorre na hipótese em que a lei estabelece uma espécie de ação
penal para determinado crime, porém, em virtude do surgimento de circunstâncias
especiais, passa a prever, secundariamente, uma nova espécie de ação penal para essa
infração.
c) A decadência do direito de ação penal privada subsidiária da pública não irá produzir a
extinção da punibilidade, sendo, por isso, chamada de decadência imprópria.
d) A ação penal privada não admite a renúncia tácita.
e) De acordo o princípio da oficiosidade, a atividade persecutória será exercida
necessariamente por órgãos oficiais do Estado.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 5. Ação penal. Classificação. Princípios. Condições. A justa causa. Denúncia. Queixa.
Aditamento.

- COMENTÁRIOS:

O Estado trouxe para si o exercício da função jurisdicional, de modo que ele


deverá fornecer ao cidadão a tutela jurisdicional, esse instrumento encontra-se solidificado
no direito de ação. Nesse sentido, o direito de ação é o direito público subjetivo de se pedir
ao Estado-Juiz a aplicação do direito objetivo ao caso concreto.

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Para Nucci (2016), a ação penal é o direito do Estado-acusação ou do ofendido de
ingressar em juízo, solicitando a prestação jurisdicional, representada pela aplicação das
normas de direito penal.

Nas lições de Leonardo Barreto Moreira Alves (2016), para que ocorra o recebi-
mento da denúncia ou da queixa, é imprescindível o preenchimento das condições da ação
penal, que são requisitos mínimos indispensáveis ao julgamento do mérito da causa. Au-
sentes as condições da ação, deve haver a rejeição da peça inicial, nos termos do art. 395,
incisos II e III, do CPP.

Alternativa A: A condição de procedibilidade funciona como condição necessária


para o início do processo. A representação do ofendido é, por exemplo, uma condição de
procedibilidade para o exercício da ação penal pública que consiste em uma modalidade de
delatio criminis postulatória, uma vez que, através dela, não só o ofendido informa a prática
do crime, como também postula que seja instaurada a persecução penal.

Em outra senda, a condição de prosseguibilidade (ou condição superveniente


da ação) ocorre quando o processo já está em andamento e esta condição deve ser
implementada para que o processo possa seguir seu curso normal.

Com efeito, na condição de prosseguibilidade, o processo já se encontra em


andamento, e precisa do implemento dessa condição para que o mesmo possa prosseguir.
Diante do exposto, podemos definir a condição de prosseguibilidade como condição
superveniente que se mostra necessária para a sequência normal do processo, sem a qual o
mesmo não pode prosseguir.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: A ação penal indireta é aquela proposta pelo MP na hipótese em


que a ação penal é retomada em virtude da negligência do querelante. Nesse cenário, o Mi-
nistério Público reassume o povo ativo como parte principal, essa permissibilidade decorre
dos poderes conferidos ao órgão conforme dispõe o art. 29 do Código de Processo Penal.

Como destaca Renato Brasileiro (2017), diversamente do que ocorre nas hipóte-
ses de ação penal privada personalíssima e exclusivamente privada, em que a desídia do
querelante poderá dar ensejo a perempção (CPP, 60), a inércia do querelante nos casos de
ação penal privada subsidiária da pública não produz a extinção da punibilidade, já que a
ação penal, em sua origem, é de natureza pública. Nesse caso, o Ministério Público retomará
o processo como parte principal.

A alternativa conceituou, na verdade, ação penal secundária, que ocorre quando


as circunstâncias do delito alteram a espécie de ação penal. Como ensina Renato Brasileiro
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(2017), a ação penal secundária ocorre quando em regra tem-se determinada espécie de
ação penal prevista para aquele crime, todavia, presente certas circunstâncias, haverá uma
mudança da espécie de ação penal.

É o que acontece, por exemplo, com os crimes contra a honra, em que, em regra,
a ação penal é de iniciativa privada (CP, art. 145, caput). No entanto, se cometido o crime
contra a honra de injúria racial (CP, art. 140, §3º), a ação penal será pública condicionada
à representação (CP, art. 145, parágrafo único, in fine, com reação determinada pela Lei nº
12.033/90).

Alternativa B incorreta.

Alternativa C: A decadência consiste na perda do direito de queixa ou de


representação em virtude do seu não exercício dentro do prazo legal. O prazo é, em regra132,
de seis meses, de acordo com o Art. 38, contados da data em que vier saber quem é o autor
da infração penal. Como o instituto é uma causa de extinção da punibilidade, tem natureza
penal, ou seja, de direito material, pois encontra previsão no Código Penal, Art. 106, IV do
Código Penal, conforme entendimento do STJ.

A parte final do art. 38 estabelece que a contagem começa a fluir a partir do


momento em que restar evidenciada a inércia do Ministério Público, para o caso da Ação
Penal Privada Subsidiária da Pública, hipótese denominada de decadência imprópria,
porque não acarreta a extinção da punibilidade, mas apenas a perda do direito de se propor
a queixa subsidiária.

A decadência imprópria relaciona-se ao oferecimento da queixa-crime na ação


penal privada subsidiária da pública, a qual também se sujeita ao prazo decadencial de seis
meses, a contar do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Ocorre
que, nesse caso, a decadência não irá produzir a extinção da punibilidade, razão pela qual é
denominada pela doutrina como decadência imprópria. Em suma, ocorrerá a decadência,
mas esta não produzirá seus efeitos típicos.

A alternativa C está correta.

Alternativa D: A renúncia é ato unilateral e voluntário por meio do qual o


legitimado, ou seja, o ofendido ou seu representante legal, abdica do seu direito de queixa,
podendo ser expressa ou tácita.

Na renúncia expressa, o indivíduo se manifesta expressamente pela renúncia. Por


outro lado, a renúncia tácita é representada pela prática de atos incompatíveis com o desejo
de ver alguém processado e condenado por uma infração penal. Nesse caso, a renúncia
tácita admitirá todos os meios de prova.
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Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios
de prova.

Cumpre frisar que, em se tratando de omissão voluntária do querelante, ou seja,


se o querelante deixou de incluir algum corréu, subentende-se que houve renúncia tácita,
estendendo-se aos demais réus. Em se tratando de omissão involuntária do querelante, ou
seja, não tendo consciência do envolvimento de outras pessoas, deverá ser instado pelo
MP a fazer o aditamento, sob pena de, não o fazendo, subentender-se que houve renúncia
tácita.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: De acordo com o princípio da oficiosidade, os órgãos oficiais


incumbidos da persecução penal deverão agir de ofício, independentemente da provocação
do ofendido. Na ação penal pública incondicionada, ele é aplicável sem limitações.
Entretanto, na ação penal pública condicionada, esse princípio somente pode vigorar
quando há representação do ofendido. Da mesma forma, na ação penal de iniciativa priva,
somente vigora quando o ofendido requer a instauração do inquérito policial.

Em outra senda, o princípio da oficialidade consiste na atribuição da legitimidade


para a persecução penal a órgãos oficiais do Estado. Assim, a apuração da infração fica a
cargo da polícia judiciária e a ação penal, do Ministério Público. Esse princípio aplica-se
à ação penal pública tanto na fase pré-processual quanto na fase processual. Já quanto à
ação penal de iniciativa privada, aplica-se apenas na fase pré-processual, tendo em vista
que é o particular que move a ação.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

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14 – QUESTÃO:

Em consonância com a jurisprudência dos tribunais superiores, com relação à


interceptação telefônica e aos dispositivos legais aplicáveis ao tema, assinale a opção
correta:

a) Para o STF, é indispensável a transcrição integral do conteúdo da quebra do sigilo das


comunicações telefônicas.
b) É dever do Estado a disponibilização de acesso à integralidade das conversas advindas
nos autos de forma emprestada, sendo inadmissível a seleção pelas autoridades de
persecução de partes dos áudios interceptados.
c) O simples fato de o advogado do investigado ter sido interceptado é causa, por si só,
para gerar a anulação de todo o processo e da condenação que foi imposta ao réu.
d) É ilícita a interceptação telefônica autorizada por magistrado aparentemente
competente ao tempo da decisão e que, posteriormente, venha a ser declarado
incompetente.
e) Se o procedimento de interceptação telefônica não for formalizado em autos apartados,
haverá nulidade.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- TEMA: 20. Aspectos processuais das seguintes leis especiais: Lei nº 9.296/96.

- COMENTÁRIOS:

A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova


em investigação criminal e em instrução processual penal, dependerá de ordem judicial
e será efetuada sob segredo de justiça. Isso decorre do art. 5º, inciso XII, da Constituição
Federal: “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados
e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial nas hipóteses e
na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal”.

Interceptação telefônica: captação da comunicação telefônica alheia por terceiro,


sem o conhecimento de nenhum dos comunicadores; b) escuta telefônica: captação da
comunicação telefônica por terceiro, com o conhecimento de um dos comunicadores; c)
gravação clandestina: gravação da comunicação telefônica por um dos comunicadores
(autogravação). É clandestina porque feita sem o conhecimento do outro, mas são meios
lícitos de prova; d) comunicação ambiental: conversa mantida entre duas pessoas, sem a
utilização de telefone, em qualquer recinto, público ou privado; e) interceptação ambiental:
captação da comunicação no próprio ambiente dela, por terceiro, sem o conhecimento dos
comunicadores. Tem a mesma substância da interceptação telefônica. Ex.: filmagem de
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indivíduos comercializando drogas em praça da cidade; f) escuta ambiental: captação de
uma comunicação, no ambiente dela, feita por terceiro, com o conhecimento de um dos
comunicadores. Ex.: cidadão vítima de concussão que, com o auxílio da polícia, grava o
exato momento em que funcionário público exige vantagem indevida para si em razão de
sua função; g) gravação ambiental: captação no ambienta da comunicação feita por um
dos comunicadores.

A interceptação telefônica é fonte de prova (natureza jurídica). Já a gravação da


interceptação é a materialização da fonte de prova. Por fim, a transcrição das gravações
funciona como meio de prova.

Não se admite a interceptação telefônica, por expressa disposição do art. 2º da


Lei nº 9.296/96, se: a) não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração
penal; b) a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; c) o fato investigado constituir
Infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.

Alternativa A: Em recente decisão (AP 508 AgR/AP), reafirmou o entendimento de


que não é imprescindível que a transcrição de interceptações telefônicas seja feita integral-
mente, salvo nos casos em que esta for determinada pelo relator do processo.

Para a Corte, não é necessária a transcrição integral dos diálogos captados por
meio de interceptação telefônica. Basta que sejam transcritos os trechos necessários ao
embasamento da denúncia oferecida e que seja entregue à defesa todo o conteúdo das gra-
vações em mídia eletrônica. No entanto, não haverá, em princípio, qualquer irregularidade
caso o juiz da causa entenda pertinente a degravação de todas as conversas e determine a
sua juntada aos autos.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: A prova produzida durante a interceptação não pode servir apenas


aos interesses do órgão acusador, sendo imprescindível a preservação da sua integralidade,
sem a qual se mostra inviabilizado o exercício da ampla defesa, tendo em vista a impossibi-
lidade da efetiva refutação da tese acusatória, dada a perda da unidade da prova.

Nesse sentido, mostra-se lesiva ao direito à prova, corolário da ampla defesa e


do contraditório - constitucionalmente garantidos -, a ausência da salvaguarda da integra-
lidade do material colhido na investigação, repercutindo no próprio dever de garantia da
paridade de armas das partes adversas.

Para o STJ (REsp 1.795.341-RS), a defesa deve ter acesso à integralidade das con-
versas advindas nos autos de forma emprestada, sendo inadmissível que as autoridades
de persecução façam a seleção dos trechos que ficarão no processo e daqueles que serão
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extraídos. A apresentação de somente parcela dos áudios, cuja filtragem foi feita sem a pre-
sença do defensor, acarreta ofensa ao princípio da paridade de armas e ao direito à prova,
porquanto a pertinência do acervo probatório não pode ser realizada apenas pela acusa-
ção, na medida em que gera vantagem desarrazoada em detrimento da defesa.

Cumpre frisar que, o caso analisado diz respeito à falta de acesso à integralida-
de da interceptação telefônica e não sobre falta de transcrição ou degravação integral das
conversas obtidas. Como visto na alternativa anterior, o entendimento da jurisprudência do
STF e do STJ é o de que não é obrigatória a transcrição integral do conteúdo das intercepta-
ções telefônicas.

Alternativa B está correta.

Alternativa C: Em regra, as conversas mantidas entre o investigado e seu advo-


gado são protegidas pelo sigilo profissional e, portanto, em regra, não podem ser objeto de
interceptação telefônica, conforme previsão do art. 7º, II, do Estatuto da OAB.

Todavia, será possível que o juiz autorize a interceptação telefônica do advogado


se houver indícios concretos de que este profissional também está participando da prática
dos crimes em conjunto com seu cliente. Neste caso, o próprio advogado se torna um dos
investigados.

Nesse sentido, o simples fato de o advogado do investigado ter sido interceptado


não é causa, por si só, para gerar a anulação de todo o processo e da condenação que foi
imposta ao réu.

Para o STF, se o Tribunal constatar que houve indevida interceptação do advoga-


do do investigado e que, portanto, foram violadas as prerrogativas da defesa, essa situação
poderá gerar três consequências processuais: 1ª) Cassação ou invalidação do ato judicial
que determinou a interceptação; 2ª) Invalidação dos atos processuais subsequentes ao ato
atentatório e com ele relacionados; 3ª) Afastamento do magistrado caso se demonstre que,
ao assim agir, atuava de forma parcial. Se o próprio juiz, ao perceber que o advogado do
investigado foi indevidamente “grampeado”, anula as gravações envolvendo o profissional
e, na sentença, não utiliza nenhuma dessas conversas nem qualquer prova derivada delas,
não há motivo para se anular a condenação imposta.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: De acordo com as lições de Luiz Flávio Gomes (1997), se a autorização


foi dada por um Juiz aparentemente competente e depois se verifica que não era. Deve-se
aplicar, desde logo, a regra rebus sic stantibus. Se havia fumus boni iuris em relação a um
determinado órgão jurisdicional, fato superveniente, que altera a competência, não invalida
a medida cautelar. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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Nessa toada, o STF (HC 110496/RJ) decidiu que não é ilícita a interceptação
telefônica autorizada por magistrado aparentemente competente ao tempo da decisão
e que, posteriormente, venha a ser declarado incompetente. Trata-se da aplicação da
chamada “teoria do juízo aparente”.

Portanto, não induz à ilicitude da prova resultante da interceptação telefônica


que a autorização provenha de Juiz - aparentemente competente, à vista do objeto das
investigações policiais em curso, ao tempo da decisão - que, posteriormente, se haja
declarado incompetente, à vista do andamento delas.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Conforme previsão do art. 8º, da Lei nº 9.296/96, o procedimento


de interceptação telefônica deverá ser instrumentalizado em autos apartados.

Ocorre que, para o STF (HC 128102/SP), Preenchidas as exigências previstas na


Lei nº 9.296/96, não deve ser considerada ilícita a interceptação telefônica pela simples
ausência de autuação. A ausência de autos apartados configura mera irregularidade que
não viola os elementos essenciais à validade da interceptação.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

15 – QUESTÃO:

No que se refere aos atos de comunicação processual no processo penal, assinale a opção
correta:

a) A citação por edital é medida de ultima ratio, somente sendo admitida após se esgotarem
todos os meios de localizar o acusado, sob pena de nulidade insanável desde o início do
processo.
b) O defensor constituído deve ser intimado pessoalmente.
c) O juiz poderá determinar a citação por edital se, após completada a citação por hora
certa, o acusado não comparecer.
d) A intimação do acórdão condenatório é feita de forma pessoal.
e) É nula a citação por edital que não transcreve a denúncia ou queixa, ou não resume os
fatos em que se baseia.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- TEMA: 9. Citações e intimações.


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- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A citação por edital é espécie de citação ficta, pela qual se presu-
me que o acusado, o qual se encontra em local incerto e não sabido, tomou conhecimento
acerca da existência do processo. O edital é publicado em jornal de grande circulação e na
imprensa oficial, bem como afixado no átrio do fórum.

Para os Tribunais Superiores, a citação editalícia, como medida de exceção, só


tem lugar quando esgotados todos os meios disponíveis para localizar o réu. A inobservân-
cia dessa providência acarreta a nulidade insanável do processo a partir da citação.

Desta feita, além das diligências do oficial de justiça, tentando citá-lo em todos os
endereços apresentados nos autos, o juízo e o Ministério Público devem também proceder
a diligências, tais como expedir ofícios a concessionárias de serviços públicos ou órgãos
públicos, etc.

Alternativa A está correta.

Alternativa B: O defensor constituído, o advogado do querelante e o assistente


de acusação serão intimados pelo órgão oficial, desde que conste na publicação o nome do
acusado, sob pena de nulidade.

Por outro lado, a intimação do Ministério Público, do defensor dativo e do defen-


sor público deve ser sempre pessoal.

Art. 370. (...).


§ 1º A intimação do defensor constituído, do advogado do quere-
lante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da
publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de
nulidade, o nome do acusado.

Alternativa B incorreta.

Alternativa C: Completada a citação por hora certa, estará realizada a citação


pessoal, não havendo motivo para a citação por edital, somente cabível quando o acusado
estiver em local ignorado. A citação por hora certa se dá quando o acusado está em local
determinado, mas se oculta para não ser citado.

Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial
de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora
certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de
11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
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Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado
não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: A jurisprudência dos Tribunais Superiores se orientou no sentido


de que a regra prevista no artigo 392 do Código de Processo Penal impõe obrigatoriamente
a intimação pessoal do réu apenas da sentença e não do acórdão, ainda que desse último
resulte a condenação.

Com efeito, a intimação pessoal a que se refere o art. 392, do CPP só é exigível
quando se tratar de condenação proferida em primeiro grau de jurisdição.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Dentre os requisitos delineados pelo legislador para ensejar as


hipóteses de citação por edital, não se encontra a transcrição integral da inicial acusatória
ou sequer o resumo dos fatos.

O artigo 365 do CPP aponta como essencial que o edital apresente (i) o nome do
juiz que a determinar; (ii) o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais caracterís-
ticos, bem como sua residência e profissão, se constarem do processo; (iii) o fim para qual
é feita a citação; (iv) o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer e (v) o
prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua
afixação.

Desta feita, não há necessidade de se transcrever, no edital, a integralidade da


peça acusatória ou o resumo dos fatos em que se baseia. Nesse sentido, o STF editou a
Súmula n° 366:

Súmula 366 do STF: Não é nula a citação por edital que indica o
dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou
queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

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16 – QUESTÃO:

Em relação às questões e processos incidentes, assinale a alternativa correta:

a) Havendo indícios veementes da proveniência ilícita dos bens, poderá ser determinado
o sequestro, desde que não caiba busca e apreensão.
b) As questões prejudiciais estão relacionadas aos pressupostos processuais e às
condições da ação.
c) O arresto pode incidir sobre bens imóveis em relação aos quais haja indícios veementes
de que tenham sido adquiridos pelo réu com o produto da infração penal.
d) O CPP adota, na solução das questões prejudiciais, o sistema da prejudicialidade
obrigatória.
e) A questão prejudicial perfeita é aquela que pertence ao mesmo ramo do Direito da
questão prejudicada.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- TEMA: 11. Questões e processos incidentes. Exceções.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: O sequestro consiste na retenção de bens móveis e imóveis do


acusado ou indiciado adquiridos com o proveito da infração penal, ainda que estejam em
poder de terceiros, a fim de evitar que deles se desfaçam durante o curso da ação penal.

Para a decretação do sequestro, bastará a existência de indícios veementes da


proveniência ilícita dos bens, não se exigindo prova cabal e inequívoca a esse respeito.

Ademais, cumpre frisar que o sequestro só pode ser determinado pelo juiz, seja
de ofício, seja a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou ainda mediante
representação da autoridade policial. Dessa forma, pode ser decretado na fase do inquérito
policial ou ao longo da ação penal.

Cumpre frisar que caberá o sequestro de bens móveis apenas se não couber a
medida de busca e apreensão prevista no art. 240 do CPP (art. 132 do CPP), ou seja, quando
tais bens não forem produto direto do crime, mas sim proventos do mesmo.

Alternativa A está correta.

Alternativa B: Prejudicial é a questão com valoração penal ou extrapenal que


deve ser enfrentada antes do julgamento do mérito principal. Ex: a validade (ou não) do
primeiro casamento funciona como questão prejudicial heterogênea em relação ao crime
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de bigamia, pois o magistrado somente poderá condenar o acusado em virtude da prática
do crime do art.235 do CP se antes reconhecer a validade do primeiro casamento.

É de se notar, portanto, que as questões prejudiciais acabam por afetar a própria


tipicidade da conduta delituosa imputada ao acusado, quer no tocante à caracterização do
tipo fundamental, quer no tocante à incidência do tipo derivado (ex: qualificadoras). Desta
feita, as questões prejudiciais estão relacionadas à própria existência da infração penal.

Em outra senda, as questões preliminares dizem respeito ao direito processual,


ou seja, estão relacionadas aos pressupostos processuais (de existência e de validade) e às
condições da ação.

Alternativa B está incorreta.

Alternativa C: O arresto é medida que recai sobre bem móvel ou imóvel de ori-
gem lícita com fim de garantir futura indenização ao ofendido ou Estado.

Assim como na hipoteca, o processo de especialização do arresto correrá em auto


apartado. O arresto será levantado se, por sentença irrecorrível, o réu for absolvido ou julga-
da extinta a punibilidade. Passando em julgado a sentença condenatória, serão os autos do
arresto remetidos ao juiz do cível.

Como ensina Nestor Távora (2016), é possível também o arresto de bens móveis
penhoráveis, nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos imóveis, se o responsável
não possuir bens imóveis ou os possuir de valor insuficiente. Nesse sentido, considera-se
o arresto de bens móveis uma medida residual. Portanto, também é possível o arresto de
bens móveis penhoráveis no caso de bens imóveis de valor insuficiente.

Com efeito, a hipótese não é de arresto, mas de sequestro. O arresto, previsto no


art. 136 do CPP, refere-se aos bens lícitos do acusado, com o objetivo de evitar que deles se
desfaça.

Alternativa C está incorreta.

Alternativa D: Existem alguns sistemas de solução da questão prejudicial:

Sistema da cognição incidental ou sistema do predomínio da jurisdição penal:


o juiz criminal será sempre competente para julgar a matéria prejudicial, mesmo em se tra-
tando de matéria extrapenal;

Sistema da prejudicialidade obrigatória ou da separação jurisdicional absoluta


ou da prejudicialidade civil absoluta: o juiz penal nunca tem competência para apreciar
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a questão prejudicial pertencente a outro ramo do Direito, devendo ser remetida ao juízo
competente;

Sistema da prejudicialidade facultativa: o juiz criminal poderá ou não remeter a


prejudicial cível para solução na esfera extrapenal;

Sistema misto ou eclético: trata-se da fusão sistema de prejudicialidade


obrigatória com o de prejudicialidade facultativa. Às questões prejudiciais heterogêneas
relativas ao estado civil das pessoas aplica-se o sistema da prejudicialidade obrigatória. Já
quanto às questões prejudiciais heterogêneas que não se relacionam com o estado civil das
pessoas, aplica-se o sistema da prejudicialidade facultativa. O CPP adotou esse sistema.

Alternativa D incorreta.

Alternativa E: A questão prejudicial homogênea/comum/imperfeita é a que


pertence ao mesmo ramo do Direito da questão prejudicada. É o que ocorre, por exemplo,
na caracterização do crime de lavagem de capitais, que depende do reconhecimento da
existência de uma infração antecedente.

Em outra senda, a questão prejudicial heterogênea/jurisdicional/perfeita é aque-


la que versa sobre outro ramo do direito (v.g., direito civil, empresarial, tributário, etc.).
Como tais questões dizem respeito a ramo distinto do Direito Penal, podem ser apreciadas
por um juízo extrapenal, sendo que a elas não são aplicáveis as regras pertinentes à cone-
xão. Ex.: validade do primeiro casamento no crime de bigamia, existência de vínculo familiar
no crime de abandono material.

O CPP cuida das questões prejudiciais heterogêneas nos arts.92 e 93. Enquanto
o art.92 trata das questões prejudiciais heterogêneas relativas ao estado civil das pessoas,
o art.93 versa sobre questões prejudiciais heterogêneas que não guardem relação com o
estado civil das pessoas (ex.: direito patrimonial, empresarial, tributário, etc.).

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

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17 – QUESTÃO:

Sobre a Lei das Organizações Criminosas, assinale a alternativa correta:

a) A ação controlada depende de prévia autorização judicial.


b) O Ministério Público não pode ter acesso aos dados cadastrais do investigado constantes
nas instituições financeiras, salvo com autorização judicial.
c) A sentença condenatória pode ser proferida com fundamento apenas nas declarações
de agente colaborador.
d) A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais
renovações, desde que comprovada sua necessidade.
e) É defeso ao delegado de polícia formalizar acordos de colaboração premiada.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- TEMA: 20. Aspectos processuais das seguintes leis especiais: Lei nº 12.850/2013.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Na ação controlada, é retardado o momento da intervenção dos


órgãos estatais responsáveis pela persecução penal (policial ou administrativa), que deve
ocorrer no momento mais oportuno, sob o ponto de vista da investigação criminal, para a
formação de provas e obtenção de informações. Trata-se de uma regra que excepciona a pri-
são em flagrante, obrigatória para a autoridade policial e seus agentes, permitindo, assim,
postergar a sua realização.

Conforme previsão art. 8º, §1º, da Lei n° 12.850/2013, a ação controlada não exige
prévia autorização judicial.

Art. 8º. (...).


§ 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será
previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, es-
tabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.

Desta feita, dispensa-se prévia autorização judicial para a execução da ação


controlada, do outro, passa a exigir que o retardamento da intervenção policial ou
administrativa seja comunicado com antecedência ao juiz competente que, se for o caso,
estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.

Como destaca Renato Brasileiro (2018), o objetivo dessa comunicação prévia é


dar conhecimento ao juiz competente e ao órgão do Ministério Público acerca do retarda-
mento da intervenção policial ou administrativa. Logo, a depender das peculiaridades do
caso concreto, a autoridade judiciária poderá estabelecer os limites da ação controlada.
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Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: De acordo com o disposto nos arts. 15, 16 e 17, o delegado de polícia
e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, apenas
aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal,
a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições
financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito.

Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso,


independentemente de autorização judicial, apenas aos dados
cadastrais do investigado que informem exclusivamente a
qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça
Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores
de internet e administradoras de cartão de crédito.

Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de


5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do Ministério
Público ou do delegado de polícia aos bancos de dados de reservas e
registro de viagens.

Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, pelo


prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das autoridades mencionadas
no art. 15, registros de identificação dos números dos terminais
de origem e de destino das ligações telefônicas internacionais,
interurbanas e locais.

Como destaca Rios Gonçalves (2018), não se pode confundir acesso aos dados
(nome, número discado, horário da ligação e duração da ligação) com o teor das conversas.
A interceptação das comunicações telefônicas continua com o sigilo preservado por cláusu-
la jurisdicional.

Alternativa B está incorreta.

Alternativa C: Segundo o § 16 do art. 4º da Lei nº 12.850/2013, nenhuma


sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente
colaborador. Assim, as declarações do colaborador deverão ser corroboradas por outros
elementos de prova.

Como ensina Renato Brasileiro (2018), daí a importância daquilo que a doutrina
chama de regra da corroboração, ou seja, que o colaborador traga elementos de informação
e de prova capazes de confirmar suas declarações (v.g., indicação do produto do crime, de
contas bancárias, localização do produto direto ou indireto da infração penal, auxílio para
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identificação de números de telefone a serem grampeados ou na realização de interceptação
ambiental etc.).

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: A infiltração de agentes somente é admitida se houver indícios de


infração penal praticada por organização criminosa, transnacional ou terrorista, ou seja,
nos limites do art. 1º da Lei nº 12.850/2013, como estabelece o § 2º do art. 10.

Trata-se de uma técnica especial de investigação, por meio da qual um (ou


mais) agente de polícia, judicialmente autorizado, ingressa, ainda que virtualmente, em
determinada organização criminosa, forjando a condição de integrante, com o escopo de
alcançar informações a respeito de seu funcionamento e de seus membros.

A infiltração poderá ser deferida pelo prazo máximo de seis meses, podendo
ser inferior ou ser prorrogada, se necessário, por mais de uma oportunidade, estando as
renovações também sujeitas ao prazo de até seis meses.

Art. 10. (...).


§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses,
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua
necessidade.

A alternativa D está correta.

Alternativa E: Para o STF (ADI 5508/DF), o delegado de polícia pode formalizar


acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito policial, respeitadas as prerrogativas
do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante, previamente à
decisão judicial.

De acordo com a Corte Suprema, a Lei nº 12.850/2013 dispõe que, se for feito
durante o inquérito policial, o acordo de colaboração premiada pode ser celebrado entre
o Delegado de Polícia e o investigado, ou seja, a autoridade policial tem legitimidade para
celebrar acordo de colaboração premiada, bastando que haja uma manifestação do MP.

Com efeito, considerou que são constitucionais os trechos dos §§ 2º e 6º do art. 4º


da Lei nº 12.850/2013 que preveem a possibilidade de o Delegado de Polícia celebrar acordo
de colaboração premiada.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.
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18 – QUESTÃO:

Quanto às nulidades, considerando o entendimento dos tribunais superiores, assinale a


alternativa correta:

a) No processo penal, a deficiência da defesa implica, por si só, a nulidade absoluta.


b) A sustentação oral do representante do Ministério Público que diverge do parecer
juntado ao processo, ainda que haja posterior ratificação, viola a ampla defesa.
c) Deixar de comunicar o interrogando sobre seu direito ao silêncio gera nulidade relativa.
d) Acarreta a nulidade do processo o fato de, em audiência de instrução, o magistrado,
após o registro da ausência do representante do Ministério Público, complementar a
inquirição das testemunhas realizada pela defesa, sem que o defensor tenha se insurgido
no momento oportuno nem demonstrado efetivo prejuízo.
e) A ausência de contrarrazões à apelação do Ministério Público é causa de nulidade por
cerceamento de defesa, ainda que o defensor constituído pelo réu tenha sido devidamente
intimado para apresentá-las.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 14. Nulidades.

- COMENTÁRIOS:

De acordo com Renato Brasileiro (2017), a nulidade é espécie sanção aplicada


ao ato processual defeituoso, do que deriva a inaptidão para a produção de seus efeitos
regulares. Em outras palavras, como desdobramento natural da fixação de regras para a
prática dos atos processuais, apenas aqueles realizados em consonância com tal modelo
serão considerados válidos perante o ordenamento jurídico e idôneos a produzir os efeitos
almejados. Para entender as nulidades, é necessário entender os sistemas de um ato viciado:

Sistema formalista: estabelece que há uma predominância do meio sobre o fim.


Toda vez que o ato não for praticado na forma determinada em lei, estar-se-á diante de um
ato viciado e que não pode ser sanado;

Sistema legalista: considera-se nulo o ato que a lei expressamente considerar


nulo. Nulos são apenas os atos que a lei assim considerar expressamente.

Sistema instrumental: a finalidade do ato deve prevalecer sobre a forma que ele
é praticado. Se o ato for desobediente a forma, mas alcançar o seu objetivo, este ato poderá
ser validado. É a corrente adotada majoritariamente.

A doutrina aponta as espécies de vícios que podem atingir o ato jurídico:


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Inexistência: a violação ao devido processo legal é tão absurda que acarreta
a própria inexistência do ato jurídico. Como exemplo, podemos citar o recebimento da
denúncia sem a subscrição do juiz;

Nulidade absoluta: é aquela em que o prejuízo provocado pelo ato é presumido


por lei e o interesse público estaria em risco por ofensa ao devido processo legal, sendo
que a declaração do vício pode ocorrer de ofício pelo Poder Judiciário. Exemplo: sentença
proferida por juiz suspeito;

Nulidade relativa: atinge norma que não tutela interesse público, mas sim o
interesse particular da parte. O ato relativamente nulo exige pronunciamento judicial que
decrete a nulidade (e não declare), exigindo esta decretação a comprovação de prejuízo.
Além disso, no caso de nulidade relativa, deverá ser arguida tempestivamente, pois, caso
não haja esta arguição, haverá preclusão e convalidação da mácula. Exemplo: Fflta de
intimação quanto à expedição de carta precatória;

Irregularidade: o desacordo com o modelo legal é mínimo, não chegando a


descaracterizar o ato. A mera irregularidade não afeta a validade do ato processual. Exemplo:
denúncia oferecida fora do prazo legal.

Alternativa A: O reconhecimento de nulidade exige a demonstração do prejuízo,


à luz do art. 563 do Código de Processo Penal, segundo o princípio pas de nullité sans grief.
Com efeito, alegação de deficiência da defesa deve vir acompanhada de prova de inércia ou
desídia do defensor, causadora de prejuízo concreto à regular defesa do réu.

Nesse sentido, o STF editou a Súmula n° 563, assentando que, no processo penal,
a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver
prova de prejuízo para o réu.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Como destaca Marcio André Lopes Cavalcante (2018), o papel do


Ministério Público como custos legis não se confunde com o de órgão acusador, podendo
opinar pela absolvição do réu, por exemplo, ainda que o recurso tenha sido da defesa. De
igual forma, o membro do MP que atua no caso não está vinculado ao parecer proferido,
gozando de independência funcional.

Nessa senda, o STF (HC 140780/DF) assentou que a sustentação oral do repre-
sentante do Ministério Público que diverge do parecer juntado ao processo, com posterior
ratificação, não viola a ampla defesa.

Alternativa B está incorreta.


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Alternativa C: Em caso analisado pelo STJ (RHC 61754/MS), um investigado não
foi informado do seu direito constitucional de permanecer em silêncio, sendo submetido
pelos policiais que o prenderam a um interrogatório informal dentro do camburão. Diante
disso, requereu a nulidade das provas extraídas dos dados de registro telefônico e dos
interrogatórios informais dos acusados, providenciando-se o seu desentranhamento dos
autos, com o consequente trancamento da ação penal.

Para a Corte Cidadã, eventual irregularidade na informação acerca do direito de


permanecer em silêncio é causa de nulidade relativa, cujo reconhecimento depende da
comprovação do prejuízo.

Ademais, destacou que a garantia constitucional de não produzir provas contra


si mesmo, ou privilégio contra autoincriminação (nemo tenetur se detegere), não pode ser
interpretada no sentido de se vedar a produção de qualquer tipo de prova sem a concordância
do acusado. Entendimento contrário implicaria o reconhecimento da impossibilidade de se
realizar, sem o consentimento do réu, a revista pessoal, o reconhecimento de pessoas, a
interceptação telefônica, etc.

Desta feita, eventual irregularidade na informação acerca do direito de permane-


cer em silêncio é causa de nulidade relativa, cujo reconhecimento depende da alegação em
tempo oportuno e da comprovação do prejuízo.

Alternativa C está correta.

Alternativa D: Para o STJ (REsp 1.348.978-SC), não há qualquer vício a ser sanado
nas hipóteses em que, apesar de intimado, o Ministério Público deixa de comparecer à au-
diência e o Magistrado, condutor do processo, formula perguntas às testemunhas sobre os
fatos constantes da denúncia, mormente nas hipóteses em que a defesa não se insurge no
momento oportuno e que não há demonstração de efetivo prejuízo.

Ademais, destacou que as modificações introduzidas pela Lei n.º 11.690/08, ao


art. 212 do Código de Processo Penal, não retiraram do juiz a possibilidade de formular per-
guntas às testemunhas, a fim de complementar a inquirição, na medida em que a própria
legislação adjetiva lhe incumbe do dever de se aproximar o máximo possível da realidade
dos fatos (princípio da verdade real e do impulso oficial), o que afasta o argumento de vio-
lação ao sistema acusatório.

Frisou, ainda, que eventual inobservância ao disposto no art. 212 do Código de


Processo Penal gera nulidade meramente relativa, sendo necessário para seu reconheci-
mento a alegação no momento oportuno e a comprovação do efetivo prejuízo, o que não
ocorreu, uma vez que, presente em audiência, o causídico não suscitou o vício no decorrer
das oitivas, tampouco nas alegações finais, não logrando demonstrar qual o prejuízo cau-
sado ao réu. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Para o STF (RHC 133121/DF), não há nulidade no julgamento


da apelação interposta pelo Ministério Público se a defesa, regularmente intimada para
apresentar contrarrazões, queda-se inerte. Assim, a ausência de contrarrazões à apelação
do Ministério Público não é causa de nulidade por cerceamento de defesa se o defensor
constituído pelo réu foi devidamente intimado para apresentá-las, mas não o fez.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

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EXECUÇÃO PENAL
PROFA. RUTH ARAÚJO VIANA

19 – QUESTÃO:

Sobre a remissão da pena pelo trabalho e pelo estudo assinale a alternativa incorreta:

a) Os presos do regime fechado e semiaberto poderão remir tempo de pena tanto pelo
trabalho quanto pelo estudo.
b) O preso condenado ao regime aberto poderá obter remissão de pena pelo estudo.
c) Não é possível a cumulação da remição pelo trabalho e pelo estudo.
d) O preso condenado que sofre acidente, mesmo que impossibilitado de trabalhar ainda
poderá se beneficiar da remição de pena.
e) A remição será declarada pelo juiz da execução, após a oitiva do Ministério Público e da
Defesa.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 1. Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) e alterações.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Correto. Remição é um direito do preso de ter a sua pena reduzi-


da, em razão, em regra, de trabalho ou estudo.

O benefício da remição da pena deverá ser declarado pelo juiz da execução, nos
termos do art. 66, inciso III, alínea “c”, da Lei de Execução Penal.

Art. 66. Compete ao Juiz da execução:


III - decidir sobre:
c) detração e remição da pena;

Os presos do regime fechado e semiaberto poderão remir tempo de pena tan-


to pelo trabalho quanto pelo estudo.

Alternativa B: Correto. Os presos do regime fechado e semiaberto poderão remir


tempo de pena tanto pelo trabalho quanto pelo estudo. Por outro lado, o preso do regime
aberto somente poderá obter remição pelo estudo, já que se entende que o trabalho, para
ele, é uma obrigação, conforme se verifica do art. 126 da Lei de Execução Penal:

Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou se-


miaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo
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de execução da pena. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011). (...)
§ 6º O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto
e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequên-
cia a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do
tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o
disposto no inciso I do § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.433,
de 2011)

Nesse sentido, confira-se a jurisprudência:

CONSTITUCIONAL.
EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS IMPETRAD EM SUBSTITUIÇÃO A
RECURSO PRÓPRIO. CONDENADO EM REGIME ABERTO. REMIÇÃO
PELO TRABALHO. INADMISSIBILIDADE. HABEAS CORPUS NÃO CO-
NHECIDO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação
no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso
legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimen-
to da impetração, salvo quando constatada a existência de flagran-
te ilegalidade no ato judicial impugnado, a justificar a concessão da
ordem, de ofício. 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Jus-
tiça é firme no sentido de que os sentenciados que cumprem pena
em regime aberto não têm direito à remição da pena pelo trabalho,
porquanto, segundo previsão legal (art. 126 da Lei 7.210/84), tal
benefício deve ser deferido apenas aos que se encontrem no regi-
me fechado ou semiaberto. 3. Habeas corpus não conhecido. (HC
359.072/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado
em 16/08/2016, DJe 23/08/2016).

Fonte: Sinopse de estudos OUSESABER.

Alternativa C: Incorreto. É possível a cumulação da remição pelo trabalho e pelo


estudo, desde que haja compatibilidade, nos termos do art. 126, § 3º, da Lei de Execução
Penal:
Art. 126. (...).
§ 3º Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias
de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se compatibiliza-
rem. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)

Alternativa D: Correto. Em caso de acidente que impossibilite o preso de prosse-


guir no trabalho ou nos estudos, ainda assim será possível a remição, conforme se infere do
art. 126, § 4º, da Lei de Execução Penal:
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Art. 126. (...).
§ 4º O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho
ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. (Incluído
pela Lei nº 12.433, de 2011)

Alternativa E: Correto. De acordo com o art. 126, § 8°, Lei de Execução Penal, a re-
mição será declarada pelo juiz da execução, após a oitiva do Ministério Público e da Defesa:

Art. 126. (...).


§ 8º A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Minis-
tério Público e a defesa. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

20 – QUESTÃO:

Assinale sobre a remição de pena a alternativa incorreta quanto ao seu cálculo e regras
objetivas:

a) A remição pelo trabalho gera um dia de redução de pena para cada três dias de trabalho.
b) A jornada de trabalho para fins de remição de pena não será inferior a 6h.
c) A jornada de trabalho para fins de remição de pena não será superior a 8h com descanso
nos domingos e feriados.
d) Não obstante a disposição legal de que haverá descanso do trabalho pelo preso nos
domingos e feriados, caso o preso efetivamente trabalhe nesses dias terá o direito à
remição de pena.
e) As horas extras trabalhadas não poderão ser computadas para fins de remissão.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- TEMA: 1. Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) e alterações.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Correto. A proporção a ser utilizada no cálculo para a remição da


pena pelo trabalho está prevista no art. 126, § 1°, inciso II, da Lei de Execução Penal:

Art. 126. (...).


§ 1º A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: (...)
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.

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Alternativa B: Correto. A remição pelo trabalho gera 1 dia de redução de pena
para cada 3 (três) dias de trabalho, sendo que essa jornada de trabalho não será inferior a 6
nem superior a 8 horas, nos termos do art. 33 da Lei de Execução Penal:

Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem
superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados.

Alternativa C: Correto. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis)


nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados (art. 33 da Lei de
Execução Penal).

Alternativa D: Correto. Apesar de expressa disposição legal de que haverá des-


canso nos domingos e feriados, caso o preso efetivamente trabalhe nesses dias, haverá di-
reito à remição de pena, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CO-


NHECIMENTO. EXECUÇÃO PENAL. REMIÇÃO DA PENA PELO TRABA-
LHO. ARTS. 33 E 126 DA LEP. ATESTADO DO DIRETOR DO ESTABE-
LECIMENTO PRISIONAL NO SENTIDO DE QUE O PACIENTE TRABA-
LHOU AOS DOMINGOS E FERIADOS. DIREITO AO BENEFÍCIO. CONS-
TRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM DE OFÍCIO CONCE-
DIDA. 1. O Superior Tribunal de Justiça, seguindo o entendimento
firmado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, não tem
admitido a impetração de habeas corpus em substituição ao recurso
próprio, prestigiando o sistema recursal ao tempo que preserva a im-
portância e a utilidade do writ, visto permitir a concessão da ordem,
de ofício, nos casos de flagrante ilegalidade. 2. A remição da pena
pelo trabalho, nos termos do art. 33, c/c 126, § 1º, da LEP, é realizada
à razão de um dia de pena a cada três dias de trabalho, cuja jorna-
da diária não seja inferior a 6 nem superior a 8 horas, o que impõe,
para fins de cálculo, a consideração dos dias efetivamente trabalha-
dos, incluídos os domingos e feriados. 3. Na espécie, de acordo com
o Relatório emitido pela Diretora do estabelecimento prisional, o
paciente trabalhou, ininterruptamente, por 97 (noventa e sete) dias,
incluídos os domingos e feriados, fazendo, portanto, jus ao direito à
remição da pena pelo trabalho em todo o período assinalado. 4. Ha-
beas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para restabe-
lecer a decisão do Juízo das Execuções Penais. (HC 346.948/RS, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 21/06/2016, DJe 29/06/2016).

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Alternativa E: Incorreto. As horas excedentes poderão ser somadas para que se-
jam aproveitadas no cálculo da remição. O Superior Tribunal de Justiça admitiu a contagem
de horas excedentes, como se nota do julgado a seguir:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RE-


CURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO. EXECUÇÃO PENAL. REMI-
ÇÃO DA PENA PELO TRABALHO. CRITÉRIO DE CÁLCULO DO DIA TRA-
BALHADO. JORNADA NÃO INFERIOR A 6 NEM SUPERIOR A 8 HORAS.
CÔMPUTO DA REMIÇÃO EM HORAS. IMPOSSIBILIDADE, SALVO AS
HORAS EXTRAS EXCEDENTES À OITAVA HORA DIÁRIA. PRECEDENTES.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. I - A Terceira Seção desta Corte,
seguindo entendimento firmado pela Primeira Turma do col. Pretó-
rio Excelso, firmou orientação no sentido de não admitir a impe-
tração de habeas corpus em substituição ao recurso adequado, si-
tuação que implica o não-reconhecimento da impetração, ressalva-
dos casos excepcionais em que, configurada flagrante ilegalidade
apta a gerar constrangimento ilegal, seja recomendável a concessão
da ordem de ofício. II - “A remição se dá por dias trabalhados, e não
por horas, sendo que a contagem de tempo será feita à razão de um
dia de pena a cada 3 dias trabalhados, exigindo-se, para cada dia a
ser remido, o labor de no mínimo 6 e no máximo 8 horas” (AgRg no
HC n. 289.635/MG, Sexta Turma, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe
de 3/2/2015). III - Apenas as horas trabalhadas após a jornada má-
xima legal poderão ser somadas a fim de que, atingindo 6 horas, se-
jam computadas como 1 dia para fins de remição. Habeas corpus não
conhecido. (HC 338.220/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA
TURMA, julgado em 21/06/2016, DJe 29/06/2016).

Como destacou o Ministro relator, as horas trabalhadas após a jornada máxima


legal poderão ser somadas. Quando as horas extras atingirem 6, será computado 1 dia para
fins de remição.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

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21 – QUESTÃO:

João, em cumprimento de pena no regime aberto, optou por estudar em um curso


profissionalizante de técnico de radiologia. Nesse sentido assinale a alternativa correta:

a) O curso profissionalizante não se enquadra como hábil para a remição por estudo.
b) João somente terá direito a remição de pena por estudo se comparecer presencialmente
no curso.
c) João terá direito ao acréscimo de remição de pena caso comprove ter sido aprovado no
exame final do curso.
d) João terá direito a remir um dia de pena a cada 12 horas de estudo desde que divididos
em no mínimo três dias.
e) Em caso de falta grave João poderá perder até metade dos dias remidos por estudos.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- TEMA: 1. Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) e alterações.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Incorreto. O art. 126, § 1°, inciso I, da Lei de Execução Penal, trata
da remição da pena pelo estudo. Vejamos:

Art. 126. (...).


§ 1° A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar -
atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante,
ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no
mínimo, em 3 (três) dias;

Assim, João faz jus a remição de pena por exercer curso profissionalizante.

Alternativa B: Incorreto. As atividades de ensino poderão ser desenvolvidas


de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância, contando que ocorra a
certificação da realização da atividade pelas autoridades educacionais competentes do
curso frequentado, nos termos do § 2°, do art. 126, da Lei de Execução Penal.

Art. 126. (...).


§ 2º As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo po-
derão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia
de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades
educacionais competentes dos cursos frequentados. (Redação dada
pela Lei nº 12.433, de 2011) `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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Alternativa C: Incorreto. Não existe essa previsão legal. Somente no caso de
conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, o
tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3:

Art. 126. (...).


§ 5° O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de
1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio
ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada
pelo órgão competente do sistema de educação.

Alternativa D: Correto. Para a remição pelo estudo, o apenado deduzirá 1 dia de


pena a cada 12 horas de frequência escolar, desde que divididas, em, no mínimo, 3 (três)
dias.

Art. 126. (...).


§ 1° A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar -
atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizan-
te, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas,
no mínimo, em 3 (três) dias;

Veja a resposta do item a).

Alternativa E: Incorreto. Acerca da perda dos dias remidos, salienta o art. 127,
da Lei de Execução Penal:

Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um
terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recome-
çando a contagem a partir da data da infração disciplinar.

Destarte, sendo constatado o cometimento de falta grave, está autorizado o per-


dimento dos dias remidos em até 1/3 do montante total, cabendo ao juízo da execução afe-
rir a porcentagem que deve incidir sobre os dias remidos, levando em conta a natureza, os
motivos, as circunstâncias e as consequências do fato, bem como a pessoa do apenado e
seu tempo de prisão.

Com esta possibilidade de revogação dos dias remidos, verifica-se a concessão


do benefício da remição não produz coisa julgada material, podendo ser revogada, em até
1/3, mediante decisão fundamentada, reiniciando-se a contagem a partir da data da falta
grave.

Sobre o tema, verifique a seguinte decisão:


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AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. LEI DE EXECUÇÃO PE-
NAL. PRÁTICA DE FALTA DISCIPLINAR DE NATUREZA GRAVE. PERDA
DOS DIAS REMIDOS. OBRIGATORIEDADE. AGRAVO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. A prática de falta grave pelo reeducando impõe a
decretação da perda de até 1/3 (um terço) dos dias remidos, deven-
do a expressão “poderá” contida no art. 127 da Lei n.º 7.210/84, com
a redação que lhe foi conferida pela Lei n.º 12.433/11, ser interpreta-
da como verdadeiro poder-dever do Magistrado, ficando no juízo de
discricionariedade do Julgador apenas a fração da perda, que terá
como limite máximo 1/3 (um terço) dos dias remidos. 2. Agravo regi-
mental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no REsp: 1424583 PR
2013/0406049-1, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
Data de Julgamento: 03/06/2014, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publi-
cação: DJe 18/06/2014).

Fonte: Sinopse de estudo OUSE SABER.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

22 – QUESTÃO:

A Atento às necessidades especiais das mulheres condenadas, assinale a alternativa


incorreta:

a) A mulher será recolhido a estabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal.


b) Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde
as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6
(seis) meses de idade.
c) Os estabelecimentos penais destinados a mulheres deverão possuir, exclusivamente,
agentes do sexo feminino na segurança de suas dependências internas.
d) Não há previsão legal da existência de creche na penitenciária feminina.
e) A progressão do regime de pena para a mulher gestante é diferenciada.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- TEMA: 1. Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e alterações.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Correto. Atento às necessidades especiais das mulheres, o


legislador ordinário estabeleceu que as mulheres devem cumprir pena em estabelecimento
penal especial. Nesse sentido, veja-se o teor do § 1º art. 82 da LEP:
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Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao
submetido à medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso.
§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão re-
colhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condição pes-
soal. (Redação dada pela Lei nº 9.460, de 1997)

Trata-se de regra que observa o princípio da isonomia, previsto no ar. 5º


da CRFB/88, de tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente, na medida das
suas desigualdades. Ora, não é segredo que o corpo feminino tem as suas peculiaridades e,
que, portanto, as mulheres condenadas necessitam de atenção especial.

De toda sorte, a LEP não difere do texto constitucional, veja-se o teor do art. 5º,
XLVIII:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer na-
tureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acor-
do com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

Alternativa B: Correto. Atendendo as peculiaridades das mulheres mães o


legislador assim previu:

Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá


contar em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar
assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva
§ 2º Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dota-
dos de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos,
inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade. (Re-
dação dada pela Lei nº 11.942, de 2009)

Alternativa C: Correto. Essa disposição está expressa na Lei de Execução Penal:

Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá


contar em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar
assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva [...]
§ 3º Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste artigo deverão
possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na segurança de
suas dependências internas. (Incluído pela Lei nº 12.121, de 2009).
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Alternativa D: Incorreto. A penitenciária feminina será dotada de seção para
gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores
de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver
presa.

Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de


mulheres será dotada de seção para gestante e parturiente e de cre-
che para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7
(sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja
responsável estiver presa. (Redação dada pela Lei nº 11.942, de 2009)
Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da creche referi-
das neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)
I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as diretrizes
adotadas pela legislação educacional e em unidades autônomas; e
(Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)
II – horário de funcionamento que garanta a melhor assistência à
criança e à sua responsável. (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)

Portanto, são requisitos básicos da seção e da creche mencionada:

 Atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as diretrizes adotadas


pela legislação educacional e em unidades autônomas;

 Horário de funcionamento que garanta a melhor assistência à criança e à sua


responsável.

Alternativa E: Correto. Para a progressão de regime exigem-se o cumprimento de


requisitos objetivos e subjetivos de pena com decisão motivada e precedida de manifestação
do Ministério Público e do defensor.

No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou


pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente:

 Não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;

 Não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente

 Ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;

 Ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor


do estabelecimento;
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 Não ter integrado organização criminosa.

Fiquem atentos, pois essa é uma alteração legislativa do ano de 2018! Portanto,
tem muita chance de cair na sua prova.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
PROFA. RUTH ARAÚJO VIANA

23 – QUESTÃO:

Sobre o descumprimento da medida protetiva de urgência decidida judicialmente no


âmbito da Lei Maria da Penha, assinale a alternativa correta:

a) Trata-se de uma infração administrativa sem conteúdo criminal.


b) Trata-se de crime quando a decisão judicial descumprida tem competência criminal.
c) Trata-se de crime que admite a suspensão condicional do processo.
d) Trata-se de crime que admite a transação penal.
e) O crime se caracteriza a partir do conhecimento e posterior descumprimento pelo
agente da decisão judicial que decretou medidas protetivas de urgência da Lei Maria da
Penha em seu desfavor.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- TEMA: 1. Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e alterações.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Incorreto. Trata-se também de crime previsto no art. 24-A da Lei


Maria da Penha:

Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas


de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei
nº 13.641, de 2018)
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou
criminal do juiz que deferiu as medidas.
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial
poderá conceder fiança.
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções
cabíveis.

O derradeiro parágrafo do artigo 24-A, da Lei nº 11.340/06 dispõe que o crime sob
estudo não interfere na aplicação de outras sanções cabíveis (sejam cíveis, administrativas
ou processuais).

Desse modo, por exemplo, em razão do descumprimento de medida protetiva,


o ofensor pode ser alvo, cumulativamente, de execução de multa, decretação de prisão
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preventiva, além de detenção de 3 (três) meses a 2 (dois) anos). Ainda, é possível, inclusive
ser fixada multa pecuniária.13

FONTE: LIVRO DIREITO PENAL DAS MINORIAS E DOS GRUPOS VULNERÁVEIS


EDITORA JUSPODIVM 2019.

Alternativa B: Incorreto. A configuração do crime independe da competência


civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. Vide resposta do item a).

Alternativa C: Incorreto. Apesar do delito ter pena mínima de 3 meses não se


admite a suspensão condicional do processo nos crimes que envolvem a Lei Maria da Penha:

Súmula 536 do STJ: A suspensão condicional do processo e a


transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao
rito da Lei Maria da Penha.

Alternativa D: Incorreto. Apesar do delito ter pena máxima de 2 anos não se


admite a transação penal nos crimes que envolvem a Lei Maria da Penha, nos termos da
Súmula supramencionada.

Alternativa E: Correto. Em análise da tipicidade formal do delito, destaque-se que


o verbo do tipo é “descumprir”, que significa deixar de cumprir, transgredir, desrespeitar
(no caso, a decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência com base na Lei nº
11.340/06), o que pode ser feito mediante uma ação ou omissão.

O sujeito passivo não é a vítima da violência doméstica, mas sim o Estado,


que tem sua decisão afrontada pelo particular. Assim, enquanto o particular não tem
conhecimento da decisão, não se pode afirmar que ele a descumpriu, elemento necessário
para a configuração do dolo e tipicidade do delito.

FONTE: LIVRO DIREITO PENAL DAS MINORIAS E DOS GRUPOS VULNERÁVEIS


EDITORA JUSPODIVM 2019.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

13 Enunciado n. 11 do Conselho Nacional de Justiça – Poderá ser fixada multa pecuniária, no caso de
descumprimento de medida protetiva de urgência. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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24 – QUESTÃO:

Ana convive maritalmente com Carlos há 5 anos. Na data de ontem, Carlos, enraivecido
por descobrir que Ana o tinha traído, organizou sua vingança. Assim, no dia posterior
aguardou ela chegar em casa após o trabalho, a pegou desprevenida, momento em que a
amarrou na cama, submetendo-a à sua força e disse que lhe ensinaria uma lição. Assim,
se apoderou de um chicote, a despiu e a amarrou na cama e passou a chicotear as suas
costas, provocando-lhe lesão corporal leve. Neste contexto responda corretamente:

a) Ana precisa representar Carlos criminalmente pelo crime lesão corporal leve para que
seja possível o início das investigações.
b) Ana poderá desistir do processo até o recebimento da denúncia.
c) Carlos responderá pelo crime de lesão corporal leve na sua modalidade qualificada.
d) Carlos poderá ser beneficiado com uma causa de diminuição de pena, pois agiu em
razão de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima.
e) Caso Ana decida voltar a conviver maritalmente com Carlos este fato colocará um fim
ao processo criminal.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 1. Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e alterações.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Incorreto. O crime de lesão corporal leve no contexto da Lei Maria


da Penha é de ação penal pública incondicionada.

Da análise da pena do delito de lesão corporal leve, observa-se que se trata de


crime de menor potencial ofensivo e, portanto, segundo a Lei 9.099 de 1995 esse tipo de
delito é de ação penal pública condicionada à representação. Vejamos:

Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial,


dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de
lesões corporais leves e lesões culposas.

A partir daí surge a seguinte indagação, é possível aplicar este dispositivo da Lei
dos Juizados Especiais nos crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra a
mulher impondo a natureza condicionada da ação penal de crime de lesão corporal leve
e culposa?

O Supremo Tribunal Federal se manifestou sobre o tema, em sede de Ação Direta


de Inconstitucionalidade n.º 4.424 e seu entendimento foi de que a natureza da ação penal
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em casos de lesões corporais leves e/ou culposas praticadas em ambiente doméstico e
familiar é incondicionada, justamente por conta da coação que a mulher sofre depois de
seu primeiro ato perante a autoridade policial e sua necessidade de regressar ao local onde
vive, onde acaba recebendo várias ameaças por parte do agressor e fazem com que ela se
retrate no futuro.

Segundo o STF, deixar a cargo da mulher autora da representação a decisão


sobre o início da persecução penal significa desconsiderar o temor, a pressão psicológica e
econômica, as ameaças sofridas, bem como a assimetria de poder decorrente de relações
histórico-culturais, tudo a contribuir para a diminuição de sua proteção e a prorrogação
da situação de violência, discriminação e ofensa à dignidade humana. Implica relevar os
graves impactos emocionais impostos pela violência de gênero à vítima, o que a impede de
romper com o estado de submissão14.

Desse modo, hodiernamente, é absolutamente prevalente o entendimento de


que a ação penal é pública incondicionada para casos em que ocorre lesão corporal leve e/
ou culposa no âmbito doméstico e familiar contra a mulher, já tendo, inclusive, o Superior
Tribunal de Justiça sumulado a questão:

Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal


resultante de violência doméstica contra a mulher é pública
incondicionada.

FONTE: LIVRO DIREITO PENAL DAS MINORIAS E DOS GRUPOS VULNERÁVEIS


EDITORA JUSPODIVM 2019.

Alternativa B: Incorreto. Como o crime é de lesão corporal a ação será de


natureza pública incondicionada, portanto, é desnecessária a representação pelo crime.
Vide resposta do item a).

Alternativa C: Correto. O crime de lesão corporal de natureza leve está descrito


no caput do art. 129 do Código Penal com pena de detenção, de três meses a um ano. Ocorre
que o crime praticado contra a mulher no contexto de violência doméstica e familiar atrairá
a hipótese qualificada da lesão leve descrito no art. 129, §9º, do Código Penal. Vejamos:

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:


(...)
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido,
ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

14 Ação Direita de Inconstitucionalidade 4.424, 2012. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ


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Assim na prática, por expressa disposição de lei, o delito de lesão corporal quando
for praticado no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher atrairá a figura
qualificada da lesão corporal leve.

FONTE: LIVRO DIREITO PENAL DAS MINORIAS E DOS GRUPOS VULNERÁVEIS


EDITORA JUSPODIVM 2019.

Alternativa D: Incorreto. Não houve no caso descrito subsunção da conduta ao


“logo após” injusta provocação da vítima:

Diminuição de pena
Art. 129. (...).
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante
valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de
um sexto a um terço.

A assertiva é clara em afirmar que Carlos premeditou o crime. Assim, apesar de


existir essa causa de diminuição de pena na lei, ela não poderia ser aplicada a Carlos.

A premeditação exclui a violenta emoção15.

Alternativa E: Incorreta. Não existe essa hipótese de extinção do processo, seja


no Código Penal, no Código de Processo Penal ou na Lei Maria da Penha.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

25 – QUESTÃO:

Durante a sua atuação como Promotor de Justiça, veio ao seu conhecimento que o
Delegado de Polícia decretou o imediato afastamento do lar do agressor em favor da
vítima. Assim, assinale a alternativa correta:

a) Somente será possível essa atuação do Delegado de Polícia caso verificada a existência
de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência
doméstica e familiar, ou de seus dependentes.
b) Somente será possível essa atuação do Delegado de Polícia caso verificada a existência
de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de
violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes quando o Município não for sede
de comarca.

15 Superior Tribunal de Justiça STJ - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL: AREsp 1066019 SC 2017/0052117-9 -
Decisão Monocrática `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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c) Essa medida não é possível legalmente, pois ofende à reserva de jurisdição. .
d) O Delegado, neste caso, terá que comunicar o juiz no prazo de um dia sobre a medida
protetiva de afastamento do lar.
e) O delegado de polícia quando o município não for sede da Comarca caso determine o
afastamento do lar do agressor em caso de violência iminente aos dependentes da vítima
responderá por abuso de autoridade.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- TEMA: 1. Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e alterações.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Incorreto. A assertiva está incompleta. O delegado de polícia


somente pode decretar esse afastamento do lar cautelarmente quando o município não for
sede da comarca:

Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou


à integridade física da mulher em situação de violência doméstica
e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente
afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:
(Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de
comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não
houver delegado disponível no momento da denúncia. (Incluído
pela Lei nº 13.827, de 2019)

Fiquem atentos, pois agora o policial também pode determinar essa medida
protetiva de afastamento cautelar do lar contra o agressor quando não houver delegado
disponível no momento da denúncia.

Alternativa B: Correto. Resposta no item a).

Alternativa C: Incorreta. Em que pese alguns doutrinadores afirmem que esta


previsão legislativa ofende a reserva de jurisdição, a lei está em vigor e sendo plenamente
efetivada. Assim, cuidado para não levar para a prova discussões doutrinárias minoritárias
que poderão acabar prejudicando o raciocínio na hora de responder a questão.

Alternativa D: Incorreto. O juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte


e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida
aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.
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Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou
à integridade física da mulher em situação de violência doméstica
e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamen-
te afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendi-
da: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de co-
marca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não
houver delegado disponível no momento da denúncia. (Incluído
pela Lei nº 13.827, de 2019)
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será
comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidi-
rá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida
aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitante-
mente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

O prazo não é de 1 dias, mas sim de 24 horas!

Alternativa E: Incorreto. Verificada a existência de risco atual ou iminente à


vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou
de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de
convivência com a ofendida pelo Delegado de Polícia quando o Município não for sede de
comarca.

Assim, a garantia se estende aos dependentes da vítima e não há abuso de


autoridade, pois o delegado de polícia está agindo sob o amparo da Lei Maria da Penha.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
PROF. MURIEL VASCONCELOS

26 – QUESTÃO:

Sobre o controle de constitucionalidade, assinale a alternativa correta de acordo com a


jurisprudência dos Tribunais Superiores:

a) A alteração do parâmetro constitucional, quando o processo ainda está em curso,


prejudica o conhecimento da ADI.
b) Não é cabível ADI contra decreto autônomo que extingue colegiados da Administração
Pública.
c) É defeso celebrar acordo no bojo de arguição de descumprimento de preceito
fundamental.
d) Não se aplica ao processo objetivo de controle abstrato de constitucionalidade a norma
que concede prazo em dobro à Fazenda Pública.
e) O Estado-membro tem legitimidade para propor ADI.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- TEMA: 1.5. Controle de constitucionalidade.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Como ensina Alexandre de Moraes (2016), o controle de constitu-


cionalidade é um juízo de adequação da norma infraconstitucional (objeto) à norma cons-
titucional (parâmetro), por meio da verticalização da relação imediata de conformidade
vertical entre aquela e esta, com o fim de impor a sanção de invalidade à norma que seja
revestida de incompatibilidade material ou formal com a Constituição.

O parâmetro superior do controle de constitucionalidade é a Constituição Federal


(ou a estadual, no caso do controle feito por Estados-membros). Todavia, modernamente,
entende-se ter havido um alargamento desse parâmetro superior, constituindo o chamado
bloco de constitucionalidade, que seria todo um catálogo de normas que não se exaure no
texto escrito e formal da Constituição.

Conteúdo: (a) texto vigente da Constituição, incluindo as normas do ADCT (o


preâmbulo, todavia, apesar de ser parte integrante da Constituição, não tem caráter norma-
tivo, razão pela qual não pode ser invocado como parâmetro para o controle de constitucio-
nalidade – STF, MS 24.645-MC/DF). Por isso, não são admitidos como parâmetro norma de
constituições anteriores e norma constitucional revogada; (b) princípios implícitos da CRFB;
(c) disposições autônomas das Emendas Constitucionais; (d) emendas constitucionais `ˆÌi`ÊÜˆÌ de
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revisão que, apesar de aprovadas com o quórum de maioria absoluta (ADCT, art. 3º), pos-
suem a mesma hierarquia das demais normas constitucionais; (e) tratados internacionais
de direitos humanos incorporados conforme art. 5º, § 3º da CF.

Para o STF (ADI 145/CE), a alteração do parâmetro constitucional, quando o pro-


cesso ainda está em curso, não prejudica o conhecimento da ADI. Isso para evitar situações
em que uma lei que nasceu claramente inconstitucional volte a produzir, em tese, seus efei-
tos. Para a Corte, mesmo tendo havido a alteração do parâmetro, o STF terá que examinar
o mérito da ADI e verificar se a lei impugnada violava ou não a redação do parâmetro antes
da mudança efetuada.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Nas lições de Juliano Bernardes (2018), os decretos autônomos


são aqueles que veiculam normas que estabelecem proibições, mandamentos ou permis-
sões que não estavam previstos no ordenamento jurídico. Cuida-se de atos que buscam
validade diretamente da Constituição, como se fossem normas primárias.

Os decretos autônomos retiram fundamento diretamente da Constituição Fede-


ral (art. 84, VI) e, portanto, são dotados de generalidade e abstração. Por essa razão, podem
ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade.

Nessa toada, o STF (ADI 6121 MC/DF) assentou que é cabível ADI contra decreto
presidencial que, com fundamento no art. 84, VI, “a”, da CF/88, extingue colegiados da Admi-
nistração Pública federal. Isso porque se trata de decreto autônomo, que retira fundamento
de validade diretamente da Constituição Federal e, portanto, é dotado de generalidade e
abstração.

Alternativa B incorreta.

Alternativa C: O art. 102, §1º, CF/88 estabelece que a arguição de descumprimento


de preceito fundamental, decorrente da Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal
Federal, na forma da lei. Portanto, a norma constitucional que trata da ADPF é uma norma
de eficácia limitada, visto que exige sua regulamentação. A lei que regulamenta é a Lei n°
9.882/99.

Segundo a Lei, a ADPF será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e


terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder
Público.

Para o STF (ADPF 165/DF), é possível a celebração de acordo num processo de


índole objetiva, como a ADPF, desde que fique demonstrado que há no feito um conflito
intersubjetivo subjacente (implícito), que comporta solução por meio de autocomposição.
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Cumpre destacar que o STF irá apenas homologar as disposições patrimoniais
que forem combinadas e que estiverem dentro do âmbito da disponibilidade das partes,
não chancelado ou legitimando nenhuma das teses jurídicas defendidas pelas partes no
processo.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: Com o advento do NCPC, previu-se que, atuando em defesa da


União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, o advogado público terá, por conta
dessa representação, prazo em dobro para toda e qualquer manifestação processual.
Somente na hipótese de lei especial disciplinar prazo próprio para o ente público é que essa
regra será afastada. A prerrogativa de prazo em dobro, ressalte-se, é da Fazenda Pública, e
não do advogado que a representa.

Para o STF (ADI 5814 MC-AgR-AgR/RR), não se conta em dobro o prazo recursal
para a Fazenda Pública em processo objetivo, mesmo que seja para interposição de
recurso extraordinário em processo de fiscalização normativa abstrata. Não há, portanto,
nos processos de fiscalização normativa abstrata, a prerrogativa processual dos prazos em
dobro.

Para a Corte, o tratamento diferenciado (prazo em dobro) está relacionado com a


defesa dos interesses subjetivos da Fazenda Pública e, portanto, não se aplica ao processo
objetivo. Assim, a natureza objetiva do processo afasta a prerrogativa da Fazenda Pública.

Ademais, destacou que existem várias regras aplicáveis aos processos subjetivos
que não incidem em caso de processos objetivos. Assim, o direito processual constitucional
é autônomo, regido por princípios próprios, em que são afastados os interesses meramente
subjetivos.

A alternativa D está correta.

Alternativa E: O art. 103, CF/88 prevê, como legitimados para propor a ADI e a
ADC: a) o Presidente da República; b) a Mesa do Senado Federal; c) a Mesa da Câmara dos
Deputados; c) Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
d) o Governador de Estado ou do Distrito Federal; e) o Procurador-Geral da República; f) o
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; g) partido político com representação
no Congresso Nacional; h) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

O STF apresenta dois grupos de legitimados. O Presidente da República, as Mesas


do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, o Procurador-Geral da República, o Conse-
lho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e os partidos políticos com representação no
Congresso são legitimados ativos universais, ou seja, não precisam demonstrar pertinência
temática. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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Por outro lado, as Mesas das Assembleias Legislativas e da Câmara Legislativa do
Distrito Federal, os governadores, as confederações sindicais e as entidades de classe de
âmbito nacional são considerados legitimados ativos especiais, ou seja, devem demonstrar
pertinência temática entre o conteúdo veiculado na norma impugnada e suas finalidades
ou interesses.

Como podemos observar, os Estados-membros não estão inclusos no rol dos le-
gitimados a agir como sujeitos processuais em sede de controle concentrado de constitu-
cionalidade.

Nessa senda, o STF (ADI 4420 ED-AgR) decidiu que Estado-membro não possui
legitimidade para recorrer contra decisões proferidas em sede de controle concentrado de
constitucionalidade, ainda que a ADI tenha sido ajuizada pelo respectivo Governador.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

27 – QUESTÃO:

Acerca do processo legislativo, assinale a opção correta:

a) É constitucional medida provisória ou lei decorrente de conversão de medida provisória,


ainda que o conteúdo normativo caracterize a reedição, na mesma sessão legislativa, de
medida provisória anterior rejeitada, de eficácia exaurida por decurso do prazo ou que
ainda não tenha sido apreciada pelo Congresso Nacional dentro do prazo estabelecido
pela Constituição Federal.
b) Não é cabível a edição de medidas provisórias tratando sobre matéria ambiental, ainda
que veicule normas favoráveis ao meio ambiente.
c) Lei estadual que exige autorização prévia do Poder Legislativo estadual para que sejam
firmados instrumentos de cooperação pelos órgãos componentes do Sistema Nacional
do Meio Ambiente – SISNAMA é constitucional.
d) É defeso que a Constituição de um Estado preveja iniciativa popular para a propositura
de emenda à Constituição Estadual.
e) É incompatível com a Constituição a apresentação de emendas sem relação de
pertinência temática com medida provisória submetida à sua apreciação.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- TEMA: 2.1.4. Do Poder Legislativo (Do Congresso Nacional. Das atribuições do Congresso
Nacional. Do processo legislativo. Da fiscalização contábil, financeira e orçamentária).
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- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A medida provisória é um ato normativo elaborado e editado pelo


Presidente da República com força de lei, sob o fundamento de relevância e urgência e que
deve ser apreciado pelo Congresso Nacional em prazo de 60 dias prorrogáveis por mais 60
dias.

Os requisitos de “relevância” e “urgência”, necessários para a edição de medida


provisória, são conceitos jurídicos indeterminados e, por isso, estão inseridos na esfera da
discricionariedade administrativa. O Presidente da República é que avalia, discricionaria-
mente, se estes requisitos estão presentes.

Conforme previsão do art. 62, §10, é vedada a reedição, na mesma sessão legis-
lativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por
decurso de prazo.

Com efeito, o sistema instituído pela EC nº 32 leva à impossibilidade - sob pena


de fraude à Constituição - de reedição da MP revogada, cuja matéria somente poderá voltar
a ser tratada por meio de projeto de lei.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: O art. 62, § 1º, da CF/88, lista determinados temas que não podem
ser objeto de medida provisória:

Art. 62. (...).


§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e
direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira
e a garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos
adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular
ou qualquer outro ativo financeiro;
III – reservada a lei complementar;
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso
Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.

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Para o STF (ADI 4717/DF), é possível a edição de medidas provisórias tratando
sobre matéria ambiental, mas sempre veiculando normas favoráveis ao meio ambiente.
Normas que importem diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado só podem
ser editadas por meio de lei formal, com amplo debate parlamentar e participação da so-
ciedade civil e dos órgão e instituições de proteção ambiental, como forma de assegurar o
direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Com efeito, é inconstitucional a edição de MP que importe em diminuição da pro-


teção ao meio ambiente equilibrado, especialmente em se tratando de diminuição ou su-
pressão de unidades de conservação, com consequências potencialmente danosas e graves
ao ecossistema protegido.

Alternativa B está incorreta.

Alternativa C: Em recente julgado, o STF (ADI 4348/RR) decidiu que é


inconstitucional, por violar o princípio da separação dos poderes, lei estadual que exige
autorização prévia do Poder Legislativo estadual (Assembleia Legislativa) para que sejam
firmados instrumentos de cooperação pelos órgãos componentes do Sistema Nacional do
Meio Ambiente – SISNAMA.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: As Emendas Constitucionais são espécies normativas primárias


que são produzidas mediante procedimento e quórum especial, e que uma vez aprovadas
agregam ao texto constitucional, ou seja, viram norma constitucional com o mesmo status de
qualquer outra norma constitucional, embora diferentemente das normas constitucionais
originárias, elas se sujeitam ao controle de constitucionalidade.

Conforme previsão do art. 61, § 2º, da CF/88, a iniciativa popular pode ser exercida
pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um
por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos
de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

No que tange à possibilidade de iniciativa popular para a propositura de emenda


à Constituição Estadual, José Afonso da Silva (2012) sempre defendeu que a Constituição
Federal poderia ser emendada por proposta de iniciativa popular. Isso com base em uma
interpretação sistemática e com fulcro na soberania popular. Ocorre que essa posição é
minoritária.

Para o STF (ADI 825/AP), a iniciativa popular de emenda à Constituição Estadual


é compatível com a Constituição Federal, encontrando fundamento no art. 1º, parágrafo
único, no art. 14, II e III e no art. 49, XV, da CF/88. Embora a Constituição Federal não autorize
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proposta de iniciativa popular para emendas ao próprio texto, mas apenas para normas
infraconstitucionais, não há impedimento para que as Constituições Estaduais prevejam a
possibilidade, ampliando a competência constante da Carta Federal.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Durante a tramitação de uma MP, é possível que os parlamentares


apresentem emendas. Todavia, tais emendas deverão ter relação de pertinência temática
com a medida provisória que está sendo apreciada.

A prática inserir emendas sem pertinência temática é chamada de “contrabando


legislativo”. Com efeito, se uma emenda versar sobre assunto diverso do que é tratado na
medida provisória, deve-se considerá-la inconstitucional.

A alternativa E está correta.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

28 – QUESTÃO:

No que tange ao Poder Executivo, assinale a alternativa correta.

a) O Presidente da República não poderá ser responsabilizado pela prática de infrações


penais cometidas durante seu mandato, se o delito foi praticado em razão de seu ofício.
b) É possível que o STF examine questões jurídicas formuladas a respeito da denúncia
antes do seu envio à Câmara dos Deputados para o juízo político de que trata o art. 86 da
CF/88.
c) Os Governadores e Prefeitos não gozam da imunidade penal relativa.
d) O Estado-membro pode dispor sobre crime de responsabilidade do Governador.
e) É imprescindível a prévia autorização da Assembleia Legislativa Estadual para que o
STJ receba denúncia criminal contra o Governador do Estado.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 2.1.4. Do Poder Executivo (Do Presidente e do Vice-Presidente da República. Das


atribuições do Presidente da República).

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: No tocante ao processo, o Presidente da República possui


imunidade formal, o que significa que para que este seja processado, seja pela prática de
crime comum ou quanto a prática de crimes de responsabilidade, deve haver autorização
da Câmara dos Deputados (por 2/3 de seus membros).
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O Presidente da República, durante o seu mandato, não pode ser denunciado,
processado ou condenado por infrações penais (crimes/contravenções) que não tenham
relação com seu cargo, ou seja, com as funções por ele desempenhadas. Dessa forma,
não havendo conexão entre o crime praticado e a atividade presidencial, ou se o crime
foi praticado antes do início do mandato, a responsabilização somente ocorrerá após o
encerramento deste.

Em outra senda, se o crime foi praticado in officio (em ofício) ou propter officium
(em razão do ofício), Presidente da República poderá ser responsabilizado pela prática de
infrações penais, mesmo antes do mandato terminar, se o delito cometido tiver relação com
o exercício de suas funções. Portanto, nesse caso, o Presidente poderá ser responsabilizado.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Como visto na alternativa anterior, se o crime praticado pelo


Presidente da República estiver relacionado com o exercício das suas funções, o Procurador-
Geral da República poderá apresentar ao STF denúncia contra o Presidente, no caso de ação
penal pública.

Por conseguinte, o STF deverá encaminhar a denúncia ou queixa-crime à Câmara


dos Deputados para que esta Casa decida se o Supremo poderá dar ou não continuidade à
análise da peça acusatória.

Para a Corte Suprema (Inq 4483 QO/DF), apreciação da denúncia pela Câmara
dos Deputados (juízo político) deve ser feita antes do juízo jurídico que será feito pelo
STF. Assim, não há possibilidade de o STF conhecer e julgar qualquer questão ou matéria
defensiva suscitada pelo Presidente da República antes que a matéria seja examinada
pela Câmara dos Deputados. O juízo político de admissibilidade exercido pela Câmara dos
Deputados precede a análise jurídica pelo STF para conhecer e julgar qualquer questão ou
matéria defensiva suscitada pelo denunciado.

Alternativa B está incorreta.

Alternativa C: Não é possível aplicar o art. 86, § 4º, da CF/88 para o Governador ou
Prefeito, considerando que a garantia prevista neste dispositivo é destinada expressamente
ao chefe do Poder Executivo da União (Presidente da República).

Desse modo, por se tratar de um dispositivo de natureza restritiva, não é possível


qualquer interpretação que amplie a sua incidência a outras autoridades.

Nesse sentido, Marcelo Novelino (2014) assevera que, por se tratar de exceção ao
princípio republicano, esta prerrogativa somente pode ser contemplada pela Constituição
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da República, não podendo ser estendida pelas Constituições estaduais a Governadores e
Prefeitos.

Alternativa C está correta.

Alternativa D: Para o STF (ADI 4791/PR), o Estado-membro não pode dispor


sobre crime de responsabilidade, ainda que seja na Constituição estadual. Isso porque a
competência para legislar sobre crime de responsabilidade é privativa da União, nos termos
do art. 22, I, e art. 85 da CF/88.

As Constituições estaduais não podem prever que os Governadores serão julga-


dos pela Assembleia Legislativa em caso de crimes de responsabilidade. Isso porque o art.
78, § 3º da Lei 1.079/50 afirma que a competência para julgar os Governadores de Estado em
caso de crimes de responsabilidade é de um “Tribunal Especial”, composto especialmente
para julgar o fato e que será formado por 5 Deputados Estaduais e 5 Desembargadores, sob
a presidência do Presidente do Tribunal de Justiça.

Alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Em caso analisado pelo STF, uma Constituição Estadual previa que,
antes de os Governadores serem julgados (por crimes comuns ou de responsabilidade), é
necessária a autorização da Assembleia Legislativa (licença prévia) mediante voto de 2/3 de
seus membros.

Ocorre que, para o STF, não há necessidade de prévia autorização da Assembleia


Legislativa para que o Governador do Estado seja processado por crime comum. Assim, o
STJ pode receber denúncia ou queixa proposta contra o Governador e seguir com a ação
penal sem que seja necessária autorização prévia da Assembleia Legislativa.

Isso porque a CF/88 não prevê a necessidade de autorização prévia da Assem-


bleia Legislativa para o processamento e julgamento de Governador por crimes comuns pe-
rante o STJ. Ademais, essa previsão afronta a responsividade exigida dos gestores públicos,
o que viola o princípio republicano do Estado.

Essa exigência viola, ainda, a separação dos Poderes, pois estabelece uma
condição não prevista pela CF/88 para o exercício da jurisdição pelo Poder Judiciário.
Outro argumentado levantado foi que, ao prever a necessidade de autorização prévia da
Assembleia Legislativa como condição para que o STJ receba a denúncia ou queixa, o Estado-
membro acaba legislando sobre direito processual penal, matéria que é de competência
privativa da União, nos termos do art. 22, I, da CF/88.

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Por fim, a Corte Suprema entendeu que a previsão da autorização prévia afronta
o princípio da igualdade (art. 5º). Estabelecer essa condição de procedibilidade faz com que
o Governador seja alçado à condição de superior em relação às outras pessoas apenas por
ocupar este cargo.

Alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

29 – QUESTÃO:

Em relação aos Direitos e Garantias Fundamentais, assinale a alternativa correta:

a) Os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente os


poderes públicos, não estando direcionados à proteção dos particulares em face dos
poderes privados.
b) Os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte. Trata-se da denominada cláusula de expansividade do
catálogo de direitos fundamentais, sendo certo que a Carta de 1988 foi a pioneira na
abertura do rol dos direitos fundamentais garantidos pelo ordenamento jurídico pátrio.
c) Os direitos fundamentais de terceira dimensão são, usualmente, denominados “direitos
do bem-estar”, uma vez que pretendem ofertar os meios materiais imprescindíveis para a
efetivação dos direitos individuais.
d) Para os defensores da teoria relativa, o núcleo essencial dos direitos fundamentais
há de ser definido para cada caso, mediante a utilização de um processo de ponderação
entre meios e fins, com base no princípio da proporcionalidade.
e) De acordo com a teoria dos quatro status de Jellinek, o status negativo significa que
o indivíduo pode se encontrar em uma situação de subordinação em relação ao Poder
Público, possuindo deveres face ao Estado.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- TEMA: 2.1.2. Dos Direitos e Garantias Fundamentais.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam


diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos
particulares em face dos poderes privados. Com efeito, as violações a direitos fundamentais
não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente
nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Trata-se da eficácia
horizontal dos direitos fundamentais.
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Por outro lado, para a eficácia vertical, os direitos fundamentais foram idealizados
para proteger o indivíduo em face do Estado.

Cumpre destacar a eficácia diagonal, significando a aplicação dos direitos


fundamentais às relações entre particulares, nas quais há uma situação de flagrante
desigualdade fática.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Conforme previsão do art. 5º, §2º, da CF/88, os direitos e garantias


expressos não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

Ocorre que, a Carta de 1988 não foi pioneira na abertura (na expansão) do
catálogo de direitos fundamentais no Brasil. Já havia a previsão de norma semelhante nas
Constituições de 1891, de 1934, de 1946 e de 1967.

Alternativa B incorreta.

Alternativa C: De acordo com a classificação proposta por Karel Vasak, em alusão


aos ideais da Revolução Francesa, os direitos fundamentais de 1º dimensão traduzem o va-
lor “liberdade”, pois destinados à limitação do poder estatal. Os direitos fundamentais de 2ª
dimensão por sua vez, correspondem aos direitos sociais que materializam o valor “igualda-
de”. Por fim, os direitos fundamentais de 3ª dimensão compreendem os interesses transindi-
viduais, de titularidade difusa, relacionados ao valor “fraternidade”.

1ª. Dimensão: os direitos dessa dimensão importam na consagração de direitos


civis e políticos clássicos, essencialmente ligados ao valor liberdade.

2ª. Dimensão: direitos que exigem um agir do Estado, estabelecendo um direito


de igualdade material. São os direitos econômicos, sociais e culturais que exigem do Estado
alguns fazeres como saúde, trabalho e educação. Todos estes são os direitos prestacionais
(direitos positivos).

3ª. Dimensão: direitos atribuídos genericamente a todas as formações sociais,


pois buscam tutelar interesses de titularidade coletiva ou difusa, que dizem respeito ao gê-
nero humano. Estão ligados ao valor fraternidade.

4ª. Dimensão: seriam consagrados os direitos dos quais dependerá a concretiza-


ção da sociedade aberta do futuro, tais como a democracia, a informação e ao pluralismo.

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Atualmente, ainda fala-se em direitos fundamentais de 5ª dimensão (a paz, axio-
ma da democracia participativa ou, ainda, supremo direito da humanidade) e 6ª dimensão
(direito de acesso à água potável).

Portanto, a alternativa narrou, na verdade, os direitos de segunda dimensão.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: De acordo com a teoria relativa, o núcleo essencial de cada direito


fundamental é aquilo que resta após o sopesamento. A garantia do conteúdo essencial é
reduzida à máxima da proporcionalidade. É o que resta depois da ponderação entre os
direitos fundamentais no caso concreto.

Em outra senda, os adeptos da chamada teoria absoluta entendem o


núcleo essencial dos direitos fundamentais como unidade substancial autônoma que,
independentemente de qualquer situação concreta, estaria a salvo de eventual decisão
legislativa. Haveria um espaço que seria suscetível de limitação por parte do legislador;
outro seria insuscetível de limitação.

A alternativa D está correta.

Alternativa E: Georg Jellinek trata os direitos fundamentais como direitos


públicos subjetivos do indivíduo em relação ao Estado, demonstrando algumas das funções
de tais direitos, que são reveladas com base na posição jurídica que o indivíduo assume em
face do Estado. Com base nisso, idealizou quatro status:

Status negativo: há uma relação jurídica baseada na não interferência do Estado


na vida do cidadão, ou seja, os direitos fundamentais exercem a função de garantir ao
indivíduo que o Estado não intervirá nos aspectos particulares de sua vida;

Status positivo: situação jurídica na qual o indivíduo pode exigir do Estado uma
atuação, relaciona-se com direitos a prestações – ações concretas para viabilizar a aplicação
de determinados direitos, por exemplo, direito à educação, direito à saúde;

Status passivo: o cidadão assume um papel de sujeição em relação ao Estado,


seja em decorrência de um dever ou de uma proibição;

Status ativo: possibilidade de participação ativa dos indivíduos na formação da


vontade política estatal.

Na alternativa, houve a inversão do conceito de status passivo por negativo.


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A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

30 – QUESTÃO:

Sobre o mandado de injunção, assinale a alternativa correta:

a) É cabível para questionar descumprimento de norma em vigor.


b) Para a posição concretista intermediária geral, cabe ao Judiciário comunicar a omissão
ao órgão competente para a elaboração da norma regulamentadora com a fixação de
um prazo para supri-la. Expirado o prazo, caso a inércia permaneça, o direito poderá ser
exercido por todos os que se encontrem na mesma situação.
c) Não se admite o mandado de injunção coletivo.
d) Somente pode ser ajuizado pelos legitimados ativos que podem propor a ADI.
e) É de competência exclusiva do STF.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- TEMA: 1.6. Remédios Constitucionais (Habeas Corpus – mandado de segurança – ação


popular - mandado de injunção – Habeas Data – Ação Civil Pública).

- COMENTÁRIOS:

A Constituição Federal previu uma série de direitos e garantias fundamentais. No


entanto, para que alguns deles possam ser plenamente exercidos, é indispensável a edição
de lei ou outro ato normativo regulamentador.

Sempre que um direito (em sentido amplo) não puder ser exercido pelo titular
em razão de ainda não ter sido editada norma regulamentadora, este interessado poderá
ingressar com uma ação chamada de mandado de injunção pedindo que o Poder Judiciário
reconheça que o Poder Público está em mora e, então, supra a falta dessa lei ou ato normativo
e possibilite o pleno exercício do direito.

Como conceitua Juliano Bernardes (2016), o mandado de injunção (MI) é


instrumento processual instituído especialmente para fiscalizar e corrigir, concretamente,
as omissões do Poder Público em editar as normas necessárias para tornar efetivos direitos
e liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania (art. 5º, LXXI, da Constituição).

O mandado de injunção, como visto acima, está previsto no art. 5º, LXXI, da CF/88.
Durante muitos anos, não houve lei regulamentando o instituto. O STF, no entanto, afirmou
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que, mesmo sem lei, já era possível impetrar mandado de injunção porque o art. 5º, LXXI, da
CF/88 sempre foi autoaplicável.

Antes da edição da Lei do MI, aplicava-se, por analogia, as regras procedimentais


do mandado de segurança. Com muitos anos de atraso, finalmente foi editada a Lei nº
13.300/2016, que disciplina o processo e o julgamento dos mandados de injunção individual
e coletivo.

Alternativa A: De acordo com o Art. 5º, LXXI, da CF/88, o Mandado de Injunção


pressupõe falta de norma regulamentadora indispensável ao exercício de direitos e liber-
dades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, a soberania e a cida-
dania. Com efeito, não é a via adequada para discutir descumprimento de norma em vigor,
uma vez que seu objeto é justamente a falta de uma norma.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Um dos pontos mais polêmicos a respeito do mandado de injun-


ção diz respeito aos efeitos da decisão que julga esta ação.

Para a corrente não concretista, o Poder Judiciário, ao julgar procedente o man-


dado de injunção, deverá apenas comunicar o Poder, órgão, entidade ou autoridade que
está sendo omisso. Para os defensores desta posição, o Poder Judiciário, por conta do prin-
cípio da separação dos Poderes, não pode criar a norma que está faltando nem determinar
a aplicação, por analogia, de outra que já exista e que regulamente situações parecidas. É
uma posição considerada mais conservadora e foi já adotada pelo STF (MI 107/DF).

Por sua vez, para a corrente concretista, o Poder Judiciário, ao julgar procedente
o mandado de injunção e reconhecer que existe a omissão do Poder Público, deverá editar
a norma que está faltando ou determinar que seja aplicada, ao caso concreto, uma já exis-
tente para outras situações análogas.

Quanto à necessidade ou não de concessão de prazo para o impetrado, a posição


concretista pode ser dividida em:

Corrente concretista direta: o Judiciário deverá implementar uma solução para


viabilizar o direito do autor e isso deverá ocorrer imediatamente (diretamente), não sendo
necessária nenhuma outra providência, a não ser a publicação do dispositivo da decisão.

Corrente concretista intermediária: ao julgar procedente o mandado de injun-


ção, o Judiciário, antes de viabilizar o direito, deverá dar uma oportunidade ao órgão omis-
so para que este possa elaborar a norma regulamentadora. Assim, a decisão judicial fixa um
prazo para que o Poder, órgão, entidade ou autoridade edite a norma que está faltando.
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Quanto às pessoas atingidas pela decisão, a corrente concretista pode ser dividi-
da em:

Corrente concretista individual: a solução “criada” pelo Poder Judiciário para


sanar a omissão estatal valerá apenas para o autor do MI.

Corrente concretista geral: a decisão que o Poder Judiciário der no mandado de


injunção terá efeitos erga omnes e valerá para todas as demais pessoas que estiverem na
mesma situação. Em outras palavras, o Judiciário irá “criar” uma saída que viabilize o direi-
to, liberdade ou prerrogativa e esta solução valerá para todos.

Inicialmente, o STF consagrou a corrente não concretista. No entanto, em 2007


houve um overruling (superação do entendimento jurisprudencial anterior) e o STF adotou
a corrente concretista direta geral (STF. Plenário. MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 25/10/2007).

Cumpre frisar que, em regra, a Lei nº 13.300/2016 determina a adoção da corrente


concretista intermediária (art. 8º, I). Caso o prazo para a edição da norma já tenha sido dado
em outros mandados de injunção anteriormente propostos por outros autores, o Poder Ju-
diciário poderá veicular uma decisão concretista direta (art. 8º, parágrafo único).

Alternativa B correta.

Alternativa C: O mandado de injunção coletivo não foi previsto expressamente


pelo texto da CF/88, mas mesmo assim sempre foi admitido pelo STF e atualmente encontra-
se disciplinado pela Lei nº 13.300/2016. Deve ser proposto por legitimados previstos no art.
12 da LMI.

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:


I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente
relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou
dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;
II - por partido político com representação no Congresso Nacional,
para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de
seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;
III - por organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um)
ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas
em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados,
na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial;
IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for
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especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e
a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na
forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.
Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas
protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes,
indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou
determinada por grupo, classe ou categoria.

Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção


coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas
ou determinada por grupo, classe ou categoria.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: São legitimados para o mandado de injunção individual, como


impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das
liberdades ou das prerrogativas.

Quanto ao mandado de injunção coletivo, cumpre observar o rol previsto no art.


12 da Lei nº 13.300/2016.

Portanto, a legitimidade para ajuizamento do mandado de injunção é mais ampla


que os legitimados para propositura da ADI.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: A competência para julgar o mandado de injunção dependerá da


autoridade que figura no polo passivo e que possui atribuição para editar a norma.

A competência será do STF quando a atribuição para elaborar a norma for: a)


Presidente da República; b) Congresso Nacional; c) Câmara dos Deputados; d) Senado
Federal; d) Mesas da Câmara ou do Senado; d) Tribunal de Contas da União; e) Tribunais
Superiores; f) Supremo Tribunal Federal.

Quando a atribuição para elaborar a norma for de órgão, entidade ou autoridade


federal, excetuados os casos de competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, da
Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal, a competência será do STJ.

Competirá aos Juízes e Tribunais da Justiça Militar, Justiça Eleitoral, Justiça do


Trabalho quando for órgão, entidade ou autoridade federal nos assuntos de sua competência.

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A competência será dos Juízes Federais e TRFs quando for órgão, entidade ou
autoridade federal, se não for assunto das demais “Justiças” e desde que não seja autoridade
sujeita à competência do STJ.

Compete ao Juízes estaduais e TJs quando for órgão, entidade ou autoridade


estadual, na forma como disciplinada pelas Constituições estaduais.

Compete ao STF julgar, em recurso ordinário, o mandado de injunção decidido


em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (art. 102, II, “a”, da
CF/88).

Compete ao TSE julgar o recurso interposto pelo autor contra a decisão do TRE
que denegar mandado de injunção (art. 121, § 4º, V).

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

31 – QUESTÃO:

Sobre a Teoria do Poder Constituinte, assinale a alternativa correta:

a) O poder constituinte derivado constituído é ilimitado juridicamente.


b) É possível afirmar que o processo da mutação constitucional equivale formalmente ao
exercício do poder constituinte derivado reformador.
c) A criação de territórios federais é um exemplo do poder constituinte derivado
decorrente.
d) O poder constituinte difuso se exerce em caráter permanente, por mecanismos
informais, não expressamente previstos na Constituição, mas indubitavelmente por ela
admitidos, como são a interpretação de suas normas e o desenvolvimento dos costumes
constitucionais.
e) De acordo com a visão jusnaturalista, o Poder Constituinte Originário é ilimitado em
relação ao Direito Positivo anterior, todavia guarda um limite no movimento revolucionário
que o alicerçou.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- TEMA: 1.3. Poder constituinte originário, derivado e decorrente.

- COMENTÁRIOS:

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Alternativa A: O poder constituinte derivado constituído, também conhecido
como derivado, instituído, secundário, de segundo grau ou remanescente, é o poder de mo-
dificar a constituição ou de elaborar as constituições estaduais. Tal poder é criado e instituí-
do pelo Poder Constituinte Originário.

Ao contrário do PCO, que é, do ponto de vista jurídico, ilimitado, incondiciona-


do, inicial, o derivado deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo originário, sendo,
nesse sentido, limitado e condicionado aos parâmetros a ele impostos.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Também conhecida como interpretação constitucional evolutiva,


a mutação constitucional tem relação não com aspecto formal do texto constitucional, mas
sim com a interpretação dada à Constituição. Não são necessárias técnicas de revisão ou de
reforma constitucional para que o fenômeno se opere.

Trata-se de forma de alteração do sentido do texto maior, sem, todavia, afetar-lhe


a letra. Trata-se de uma alteração do significado do texto, que é adaptado conforme a nova
realidade social, econômica, política ou jurídica na qual a Constituição está inserida.

Alternativa B está incorreta.

Alternativa C: Nas lições de Pedro Lenza (2018), os Territórios Federais, de acordo


com o art. 18, § 2.º, integram a União, não se falando em autonomia federativa, e, portanto,
não se cogitando em manifestação de poder constituinte derivado decorrente. Trata-se de
descentralização administrativo-territorial da União, com natureza jurídica de autarquia
federal.

Com efeito, o poder constituinte derivado decorrente é apenas o poder que os


Estados-Membros, por meio das Assembleias Legislativas, têm de elaborar e modificar as
suas Constituições Estaduais, bem como o Distrito Federal, por meio da Câmara Legislativa,
de elaborar e modificar a sua Lei Orgânica.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: O termo poder constituinte difuso tem sido utilizado pela doutrina
para caracterizar o poder de fato que serve de fundamento para a atuação da mutação
constitucional. Esta é o modo informal e espontâneo, decorrente de fatores sociais, políticos
e econômicos, de modificação da Constituição Federal, alterando seu sentido interpretativo
sem, no entanto, modificar a o seu texto.

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Como ensina Luís Roberto Barroso (2014), essa terceira via já foi denominada por
célebre publicista francês poder constituinte difuso, cuja titularidade remanesce no povo,
mas que acaba sendo exercido por via representativa pelos órgãos do poder constituído, em
sintonia com as demandas e sentimentos sociais, assim como em casos de necessidade de
afirmação de certos direitos fundamentais.

A alternativa D está correta.

Alternativa E: A corrente jusnaturalista defende que o Poder Constituinte


Originário não é ilimitado, uma vez que ele é limitado em cânones do Direito Natural, como
a liberdade e a igualdade. A alternativa conceituou, na verdade, a corrente sociológica.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

32 – QUESTÃO:

No que tange aos princípios de interpretação constitucional, assinale a alternativa correta:

a) O princípio do efeito integrador orienta o exegeta a buscar a justa medida de cada


instituto jurídico, objetivando a ponderação entre os meios utilizados e os fins.
b) O princípio da unidade da constituição assenta que, diante de normas plurissignificativas
ou polissêmicas, deve-se preferir a exegese que mais se aproxime da Constituição e,
portanto, que não seja contrária ao texto constitucional.
c) Também chamado de princípio da eficiência ou da interpretação efetiva, o princípio
da máxima efetividade das normas constitucionais deve ser entendido no sentido de a
norma constitucional ter a mais ampla efetividade social.
d) Partindo da ideia de unidade da Constituição, os bens jurídicos constitucionalizados
deverão coexistir de forma harmônica na hipótese de eventual conflito ou concorrência
entre eles, buscando, assim, evitar o sacrifício (total) de um princípio em relação a outro
em choque. Trata-se do princípio da conformidade funcional.
e) De acordo com o princípio da interpretação conforme a constituição, o intérprete
deve atribuir à norma constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia, mais ampla
efetividade social.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 1.8. Hermenêutica das normas constitucionais.

- COMENTÁRIOS:
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Alternativa A: De acordo com o princípio do efeito integrador, na resolução dos
problemas jurídico-constitucionais deve dar-se primazia aos critérios ou pontos de vista
que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política.

A alternativa conceituou o princípio da proporcionalidade. Nesse caso, orienta-


se o exegeta a buscar a justa medida de cada instituto jurídico, objetivando a ponderação
entre os meios utilizados e os fins perseguidos.

Como ensina Mártires Coelho (2014), o princípio da proporcionalidade ou da


razoabilidade, em essência, consubstancia uma pauta de natureza axiológica que emana
diretamente das ideias de justiça, equidade, bom senso, prudência, moderação, justa
medida, proibição de excesso, direito justo e valores afins; precede e condiciona a positivação
jurídica, inclusive de âmbito constitucional; e, ainda, enquanto princípio geral do direito,
serve de regra de interpretação para todo o ordenamento jurídico.

A alternativa A está incorreta.

Alternativa B: O princípio da unidade da constituição significa que a constituição


deve ser interpretada de forma a se evitar antagonismos e contradições entre suas normas.
Assim, impõe-se ao intérprete o dever de harmonizar as tensões e contradições existentes
entre as normas da Constituição.

Uma Constituição democrática, feita em uma sociedade plural, consagra uma


série de valores muitas vezes conflitantes. Cabe ao intérprete harmonizar a tensão entre os
dispositivos constitucionais, de forma a não excluir nenhuma das normas constitucionais.

Este princípio é uma especificação da interpretação sistemática: segundo o


elemento sistemático (Savigny), os dispositivos de uma lei ou Constituição fazem parte
de um sistema. Assim, devem ser interpretados em conjunto com os demais dispositivos
daquele mesmo sistema.

Na verdade, a alternativa conceituou o princípio da interpretação conforme a


constituição, em que, diante de normas plurissignificativas ou polissêmicas (que possuem
mais de uma interpretação), deve-se preferir a exegese que mais se aproxime da Constituição
e, portanto, não seja contrária ao texto constitucional, conforme ensina Pedro Lenza (2018).

Destina-se, portanto, a assegurar que os órgãos jurisdicionais interpretem a


legislação infraconstitucional de modo a realizar de maneira mais adequada os valores e
fins constitucionais.

A alternativa B está incorreta.


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Alternativa C: Para o princípio da máxima efetividade, na interpretação da norma
constitucional deve-se dá o sentido que maior reconheça efetividade a norma constitucional.

Nas lições de Nathália Masson (2015), apresenta-se, pois, como um apelo, para
que seja realizada a interpretação dos direitos e garantias fundamentais de modo a alcançar
a maior efetividade possível, de maneira a otimizar a norma e dela extrair todo seu potencial
protetivo.

A alternativa C está correta.

Alternativa D: O princípio da conformidade funcional, também conhecido


como princípio da justeza, tem por finalidade não permitir que os órgãos encarregados da
interpretação da Constituição cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema
organizatório-funcional estabelecido pela Constituição.

É mais uma regra de competência que propriamente um princípio interpretativo.


Significa que o poder encarregado de interpretar a Constituição deve agir conforme a
função que lhe foi atribuída pela própria Constituição, não devendo usurpar funções de
outros poderes. O principal destinatário deste princípio é o tribunal constitucional, que é o
guardião da Constituição.

O princípio objeto da alternativa foi o da concordância prática ou harmonização.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: Como já destacado, o princípio da interpretação conforme


a constituição assenta que, quando da interpretação de normas infraconstitucionais
polissêmicas ou plurissignificativas, deve-se dar prevalência à que lhe confira sentido
compatível, e não conflitante com a Constituição (presunção de constitucionalidade das
leis). Assim, a declaração de inconstitucionalidade deve ser o último recurso de que lançará
mão o juiz

A alternativa conceituou o princípio da máxima efetividade. Nos casos de colisão,


cabe ao intérprete coordenar e combinar os bens jurídicos em conflito, fazendo uma redução
proporcional do âmbito de aplicação de cada um deles.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

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33 – QUESTÃO:

Assinale a alternativa correta:

a) O Poder Judiciário apenas realiza o controle repressivo de constitucionalidade.


b) O Poder Legislativo, via de regra, exerce o controle repressivo de constitucionalidade.
c) Segundo o Supremo Tribunal Federal, os Partidos Políticos não podem impetrar
mandado de segurança para questionar a constitucionalidade de projeto de lei em
tramitação.
d) É defeso ao Poder executivo o controle prévio de constitucionalidade.
e) Não é cabível controle político repressivo de constitucionalidade pelo Poder Executivo.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 1.5. Controle de constitucionalidade.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: No controle de constitucionalidade preventivo, há mecanismos


para evitar a ocorrência da lesão. No Brasil, realizam controle preventivo o Legislativo, o
Executivo e, excepcionalmente, o Judiciário (em um único caso).

O Poder Judiciário pode, excepcionalmente, realizar o controle preventivo de


constitucionalidade. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar Mandado de Segurança impe-
trado por parlamentar, pode exercer controle de constitucionalidade de projeto de lei ou de
PEC que tramite no Congresso Nacional nas seguintes hipóteses: se a Proposta de Emenda
Constitucional violar cláusula pétrea ou o devido processo legislativo; se o projeto de lei
violar o devido processo legislativo (arts. 59 a 69 da CF/88).

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: O controle de constitucionalidade repressivo é realizado após a


conclusão do processo legislativo, com objetivo de reparar ofensa à Constituição. Ele tam-
bém pode ser exercido pelos três Poderes.

No Brasil, o Poder Legislativo exerce, via de regra, o controle preventivo de


constitucionalidade, por meio da análise realizada Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) e do Plenário das Casas Legislativas. Vale frisar que a análise de constitucionalidade
de projeto de lei realizada pela CCJ, com a emissão de parecer, tem natureza terminativa e a
proposta de lei tida como inconstitucional será rejeitada e arquivada.

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Em casos excepcionais, o Poder Legislativo pode exercer o controle repressivo
de constitucionalidade: a) o Congresso Nacional CN pode sustar os atos normativos do Po-
der Executivo que exorbitem o poder regulamentar ou no caso de ultrapassar os limites de
delegação de legislativa; b) sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem
dos limites de delegação legislativa; c) em caso de relevância e urgência, o Presidente da
República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de
imediato ao Congresso Nacional (Poder Legislativo). Entendendo-a inconstitucional (vejam:
as medidas provisórias têm força de lei), o Congresso Nacional estará realizando controle
de constitucionalidade. Trata-se de exceção à regra geral, haja vista que, nessa hipótese, o
controle não é exercido pelo Judiciário, mas pelo Legislativo.

Alternativa B está incorreta.

Alternativa C: Somente o parlamentar tem legitimidade ativa para impetrar


mandado de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação
de leis e emendas constitucionais que não se compatibilizam com o processo legislativo
constitucional.

Segundo o Supremo Tribunal Federal, os deputados e senadores possuem


direito líquido e certo ao chamado devido processo legislativo. Nessa hipótese, a finalidade
principal do controle não é assegurar a supremacia da Constituição, mas proteger um
direito subjetivo do parlamentar: o direito à observância do devido processo legislativo
constitucional.

Exemplo clássico de concurso: cláusulas pétreas (art. 60, § 4º). Uma proposta
de emenda capaz de abolir cláusula pétrea é tão grave que sequer pode ser objeto de
deliberação. Apresentada proposta com tal conteúdo, o art. 60, § 4º pode desde logo ser
considerado violado, de modo que o parlamentar que participa do projeto legislativo
respectivo já pode impetrar MS.

A alternativa C está correta.

Alternativa D: Caso o Chefe do Executivo entenda ser inconstitucional o projeto


de lei, poderá vetá-lo, exercendo, desta feita, o controle de constitucionalidade prévio ou
preventivo, antes de o projeto de lei transformar-se em lei.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: O poder executivo pode negar cumprimento a uma lei que entenda
ser inconstitucional. Trata-se da única hipótese em que o Poder Executivo pode realizar
controle repressivo.
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Nesse sentido, os Tribunais Superiores entendem que o controle de
constitucionalidade da lei ou dos atos normativos é da competência exclusiva do Poder
Judiciário. Os Poderes Executivo e Legislativo, por sua chefia — e isso mesmo tem sido
questionado com o alargamento da legitimação ativa na ação direta de inconstitucionalidade
—, podem tão só determinar aos seus órgãos subordinados que deixem de aplicar
administrativamente as leis ou atos com força de lei que considerem inconstitucionais.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

34 – QUESTÃO:

Sobre o Poder Judiciário, assinale a alternativa correta:

a) Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República,


com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante
o Supremo Tribunal Federal, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
deslocamento de competência para a Justiça Federal.
b) Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído
órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o
exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do
tribunal pleno, provendo- -se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por
eleição pelo tribunal pleno.
c) Compete ao STJ processar e julgar habeas corpus, sendo paciente um chefe de missão
diplomática de caráter permanente.
d) Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou
atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, podendo
atribuir legitimação para agir a um único órgão.
e) No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal
examine a admissão do recurso, somente podendo conhecê-lo pela manifestação de dois
terços de seus membros.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- TEMA: 2.1.4. Do Poder Judiciário. (Da Organização do Poder Judiciário da União e dos
Poderes Judiciários dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. Dos princípios do
Estatuto da Magistratura. Das garantias e vedações dos membros do Poder Judiciário. Da
Independência funcional do Poder Judiciário. Da autonomia orçamentária e administrativa
do Poder Judiciário. Do Conselho Nacional de Justiça).
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- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Conforme previsão do art. 109, §5º, da CF/88, nas hipóteses de


grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade
de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de
direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal
de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal. Com efeito, o PGR deve suscitar o IDC perante o STJ.

Alternativa A está incorreta.

Alternativa B: Sobre o órgão especial, é importante frisar que, segundo a


doutrina e a jurisprudência, ele não pode ser equiparado aos diversos órgãos fracionados
dos Tribunais.

Pode assumir a integralidade das atribuições administrativas e jurisdicionais


do Plenário. Portanto, ele substitui o Pleno do Tribunal. Observamos que não haverá
superposição de atuações, mas sim delegação constitucional de competências
administrativas e jurisdicionais.

Ademais, conforme entendimento do STF, compete ao Tribunal definir quais


as competências serão delegadas ao órgão especial, desde que aprovadas pela maioria
absoluta de seus membros.

O art. 93, XI, dispõe sobre o órgão especial:

Art. 93. (...).


XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores,
poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o
máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições
administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do
tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a
outra metade por eleição pelo tribunal pleno.

Alternativa B está correta.

Alternativa C: O STF é dotado de competências originárias e recursais. As com-


petências originárias são aquelas em que o STF processa e julga em instância única e de
forma originária. Por sua vez, as competências recursais são aqueles em que a apreciação
da matéria pelo STF se dá mediante recurso ordinário ou extraordinário, ou seja, análise
em última instância. Ademais, o STF reconheceu o princípio da reserva constitucional de
competência originária e, assim, toda a atribuição do STF está taxativamente explicitada no
texto constitucional.
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De acordo com o art. 102, I, “d”, compete ao STF processar e julgar, originaria-
mente, o habeas corpus, sendo paciente o Presidente da República, o Vice-Presidente, os
membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros, Procurador-Geral da República,
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica (ressalvado o disposto no art. 52,
I), os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de
missão diplomática de caráter permanente.

Com efeito, a competência para julgar habeas corpus de chefe de missão diplo-
mática permanente, caso seja paciente, é do STF.

A alternativa C está incorreta.

Alternativa D: Segundo o art. 125, CF/88, compete aos Estados a organização de


sua Justiça, observados os princípios estabelecidos na Constituição Federal.

A competência dos tribunais será definida pela Constituição de cada Estado,


sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. Ressalte-se que a
competência da Justiça Estadual é residual: compreende tudo aquilo que não é de atribuição
da Justiça Federal, do Trabalho ou Eleitoral.

Conforme previsão do art. 125, § 2º, cabe aos Estados a instituição de representa-
ção de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da
Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. Com
efeito, não pode se atribuir a legitimação para apenas um único órgão.

A alternativa D está incorreta.

Alternativa E: O art. 102, § 3º, da CF/88, introduzido pela EC 45/2004, prevê a


necessidade de repercussão geral para o conhecimento do Recurso Extraordinário.

Para que o RE seja admitido, deve ser demonstrada a relevância social, econômica,
jurídica ou política. Ademais, para que haja a transcendência, a questão tem de ultrapassar,
transcender o interesse subjetivo das partes.

Para o reconhecimento de inexistência da repercussão geral, é necessária a


manifestação de dois terços dos Ministros do STF. Cumpre frisar que a decisão do STF que
nega a existência de repercussão geral terá efeitos vinculantes, ou seja, valerá para todos os
recursos sobre matéria idêntica.

A alternativa E está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF. ERICK PESSOA

Alun@ Ouse, antes de adentrar na resolução das questões, é de bom alvitre


chamar atenção que a Cebraspe/Cespe vem exigindo maior conhecimento de doutrina e
jurisprudência, sem deixar de lado a legislação pura.

Observa-se que a banca examinadora da Cebraspe/Cespe navega, inclusive, na


jurisprudência de vanguarda e doutrinas extravagantes, notabilizando-se em suas provas
indagações acerca de conhecimento com nomenclaturas pouco acessíveis aos estudantes.

Nesse sentido, as questões de Direito Administrativo serão abalizadas buscando-


se harmonizar o estilo Cespe/Cebraspe de arguição desta disciplinas.

35 – QUESTÃO:

Em virtude de atuação na Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará,


Desembargador do referido tribunal atuou em Processo Administrativo Disciplinar
que ensejou, pelo mesmo fato, ação penal do Ministério Público. Por força do destino,
coincidentemente a ação penal foi distribuída em grau de recurso para câmara que
pertence o mesmo Desembargador que atuou como Corregedor. Neste caso e amparado
na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, estaria ele impedido de julgar o processo
criminal?

a) Amparado no princípio da impessoalidade, entende o Supremo Tribunal Federal


pelo impedimento do julgador que participou como corregedor de procedimento
administrativo que, pelo mesmo fato, ensejou processo criminal.
b) O Supremo Tribunal Federal entende que não é possível criar, por meio de interpretação,
novas causas de impedimento que não estejam descritas expressamente nesse dispositivo.
c) Ao apreciar um caso de magistrado que atuou como corregedor em processo
administrativo instaurado contra mesmo indivíduo, agora réu em processo criminal, o
julgador estaria impedido de atuar, uma vez que já teria posicionamento pré-ordenado
acerca do caso, malferindo o dever de imparcialidade.
d) A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa não precisa indicar
de modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas.
e) O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas
exclusivamente em caso de dolo.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- TEMA: 8. Processo e procedimento administrativo. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ


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- COMENTÁRIOS:

A questão de número 35 exige conhecimento sobre processo administrativo,


agentes públicos, princípios da administração e entendimento da jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal.

O princípio da impessoalidade está intimamente ligado aos princípios da


isonomia e do julgamento objetivo, onde todos devem ser tratados igualmente, em
termos de direitos e obrigações, devendo a Administração, em suas decisões, pautar-se
por critérios objetivos, sem levar em consideração as condições pessoais dos envolvidos
ou as vantagens por ele oferecidas, salvo as expressamente previstas na lei ou meio de
fins equivalente, como instrumento convocatório de licitação e editais.

Como bem aponta Maria Sylvia Zanella Di Pietro: é oportuno lembrar, ainda,
que a Lei nº 9.784/99, nos artigos 18 a 21, contém normas sobre impedimento e suspeição,
que se inserem também como aplicação do princípio da impessoalidade e do princípio da
moralidade (v. item 7.11.2.3). Do mesmo modo que nas ações judiciais existem hipóteses
de impedimento e suspeição do Juiz, também no processo administrativo essas hipóteses
criam presunção de parcialidade da autoridade que decidir sem declarar a existência das
causas de impedimento ou suspeição.

Muito embora o candidato mais açodado pudesse entender impedimento do


magistrado no caso apresentado em tela, o Supremo Tribunal Federal posicionou-se que
magistrado que atuou como corregedor em processo administrativo instaurado contra o réu
não está impedido de participar como julgador no processo criminal que tramita contra o
acusado, uma vez que a situação não se amolda em nenhuma das hipóteses do art. 252 do
Código de Processo Penal.

Entende a Corte Suprema que não é possível criar, por meio de interpretação,
novas causas de impedimento que não estejam descritas expressamente nesse dispositivo.
STF. 2ª Turma. RHC 131735/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824)

Desta forma:

Alternativa A: A assertiva “a” traz a afirmativa equivocada, uma vez que o princípio
da impessoalidade, ligado aos princípios da isonomia e do julgamento objetivo, onde
todos devem ser tratados igualmente, em termos de direitos e obrigações, devendo
a Administração, em suas decisões, pautar-se por critérios objetivos, sem levar em
consideração as condições pessoais dos envolvidos não pode ensejar a criação de causa
de impedimento que não esteja descrita expressamente em lei.

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Alternativa B: A assertiva “b” está correta, pois se amolda ao entendimento do
Supremo Tribunal Federal que entendeu não ser possível criar, por meio de interpretação,
novas causas de impedimento que não estejam descritas expressamente nesse dispositivo
(referindo aos CPP*). STF. 2ª Turma. RHC 131735/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
3/5/2016 (info 824).

Alternativa C: A alternativa “c” está incorreta, uma vez que diametralmente


oposta ao entendimento do Supremo Tribunal Federal que entendeu não ser possível
criar, por meio de interpretação, novas causas de impedimento que não estejam descritas
expressamente nesse dispositivo (referindo aos CPP*). STF. 2ª Turma. RHC 131735/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (info 824).

Alternativa D: O item “d” está incorreto, em razão do que disciplina o art. 21


da LINDB, que diz que a decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial,
decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá
indicar de modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas.

Alternativa E: A alternativa “e” está errada, uma vez que o art. 28 da LINDB diz
que o agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em
caso de dolo ou erro grosseiro.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

36 – QUESTÃO:

Acerca das pessoas da Administração Indireta e o entendimento da jurisprudência dos


Tribunais Superiores, assinale a opção falsa:

a) É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de


serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial.
b) Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro a empresa pública é pessoa jurídica de direito privado
com capital inteiramente público (com possibilidade de participação das entidades da
Administração Indireta) e organização sob qualquer das formas admitidas em direito.
c) A fundação instituída pelo Poder Público caracteriza-se por ser um patrimônio, total
ou parcialmente público, a que a lei atribui personalidade jurídica de direito público ou
privado, para consecução de fins públicos; quando tem personalidade pública, o seu
regime jurídico é idêntico ao das autarquias, sendo, por isso mesmo, chamada de
autarquia fundacional, em oposição à autarquia corporativa.
d) A empresa subsidiária da sociedade de economia mista ou da empresa pública é
aquela em que o controle acionário é exercido por uma dessas modalidades de empresas
estatais, ficando a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município com o controle
indireto.
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e) Às sociedades de economia mista é inaplicável o regime dos precatórios, mesmo que
prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial, uma
vez que possuem natureja jurídica de direito privado e não podem se confundir com as
autarquias, salvo em se tratando da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- TEMA: 3. Administração indireta: autarquias, fundações públicas; empresas públicas e de


economia mista.

- COMENTÁRIOS:

Antes de iniciar a análise de cada uma das entidades da Administração Indireta,


Maria Sýlvia Zannella Di Pitro resume da seguinte maneira as suas características:

1. A autarquia é pessoa jurídica de direito público, o que significa ter


praticamente as mesmas prerrogativas e sujeições da Administração Direta; o seu regime
jurídico pouco difere do estabelecido para esta, aparecendo, perante terceiros, como a
própria Administração Pública; difere da União, Estados e Municípios – pessoas públicas
políticas – por não ter capacidade política, ou seja, o poder de criar o próprio direito; é
pessoa pública administrativa, porque tem apenas o poder de autoadministração, nos
limites estabelecidos em lei;

2. A fundação instituída pelo Poder Público caracteriza-se por ser um patrimônio,


total ou parcialmente público, a que a lei atribui personalidade jurídica de direito público
ou privado, para consecução de fins públicos; quando tem personalidade pública, o
seu regime jurídico é idêntico ao das autarquias, sendo, por isso mesmo, chamada de
autarquia fundacional, em oposição à autarquia corporativa; outros preferem falar em
fundações públicas ou de direito público; as fundações de direito privado regem-se
pelo Direito Civil em tudo o que não for derrogado pelo direito público;

3. O consórcio público é pessoa jurídica de direito público ou privado criada


por dois ou mais entes federativos (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios) para
a gestão associada de serviços públicos prevista no artigo 241 da Constituição; se tiver
personalidade de direito público, é denominado de associação pública, inserindo-se na
categoria de autarquia; se tiver personalidade de direito privado, rege-se pela legislação
civil, em tudo o que não for derrogado pelo direito público, em especial pela Lei nº
11.107, de 6-4-05;

4. A sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito privado, em que


há conjugação de capital público e privado, participação do Poder Público na gestão e
organização sob forma de sociedade anônima, com as derrogações estabelecidas pelo
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direito público e pela própria lei das S.A. (Lei nº 6.404, de 15-12-76); executa atividades
econômicas, algumas delas próprias da iniciativa privada (com sujeição ao art. 173 da
Constituição) e outras assumidas pelo Estado como serviços públicos (com sujeição ao art.
175 da Constituição);

5. A empresa pública é pessoa jurídica de direito privado com capital


inteiramente público (com possibilidade de participação das entidades da Administração
Indireta) e organização sob qualquer das formas admitidas em direito;

6. A empresa sob controle acionário do Estado é pessoa jurídica de direito


privado, que presta atividade econômica (pública ou privada), mas a que falta um dos
requisitos essenciais para que seja considerada empresa pública ou sociedade de
economia mista; em geral, presta serviços públicos comerciais e industriais do Estado,
atuando, em muitos casos, como empresa concessionária de serviços públicos, sujeita ao
artigo 175 da Constituição;

7. A empresa subsidiária da sociedade de economia mista ou da empresa


pública é aquela em que o controle acionário é exercido por uma dessas modalidades de
empresas estatais, ficando a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município com o
controle indireto. Nos termos do artigo 2º, IV, do Decreto nº 8.945, de 27-12-16, que
regulamentou o estatuto jurídico das empresas estatais no âmbito da União, empresa
subsidiária é a “empresa estatal cuja maioria das ações com direito a voto pertença direta
ou indiretamente a empresa pública ou a sociedade de economia mista”; o parágrafo
único do artigo 2º do decreto regulamentar inclui no conceito de empresa subsidiária
“as subsidiárias integrais e as demais sociedades em que a empresa estatal detenha o
controle acionário majoritário, inclusive as sociedades de propósito específico”. Embora
o decreto não defina “subsidiária integral”, ela é disciplinada na Lei das Sociedades por
Ações (Lei nº 6.404, 15-12-76, como companhia em que a companhia tem como único
acionista uma sociedade brasileira (arts. 251 e 252); a empresa subsidiária corresponde
à modalidade muitas vezes referida na legislação como entidade sob controle indireto
do poder público.

De bom alvitre registrar que muitas vezes o Cesbraspe/Cespe se filia a determi-


nada doutrina, muito embora não seja a mais pacífica. Desta forma, nos termos da referida
banca examinadora, para fins dessa questão iremos nos balizar por Marya Silvya Zanella di
Pietro.

Além do que informado pela doutrina, em o Supremo Tribunal Federal vem


entendodendo ser aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista
prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF.
Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info 858).
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Alternativa A: O item “a” está correto, uma vez que o Supremo Tribunal Federal
entende ser aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista
prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF.
Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info 858).

Alternativa B: O item “b” está correto, uma vez que reproduz o conceito de Di
Pietro ao afirmar que a empresa pública é pessoa jurídica de direito privado com capital
inteiramente público (com possibilidade de participação das entidades da Administração
Indireta) e organização sob qualquer das formas admitidas em direito.

Alternativa C: O item “c” está correto e reproduz Di Petro, informando que a


fundação instituída pelo Poder Público caracteriza-se por ser um patrimônio, total ou
parcialmente público, a que a lei atribui personalidade jurídica de direito público ou
privado, para consecução de fins públicos; quando tem personalidade pública, o seu
regime jurídico é idêntico ao das autarquias, sendo, por isso mesmo, chamada de
autarquia fundacional, em oposição à autarquia corporativa.

Alternativa D: O item “d” também é correto e reproduz Di Pietro quando diz que a
sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito privado, em que há conjugação
de capital público e privado, participação do Poder Público na gestão e organização sob
forma de sociedade anônima, com as derrogações estabelecidas pelo direito público
e pela própria lei das S.A. (Lei nº 6.404, de 15-12-76); executa atividades econômicas,
algumas delas próprias da iniciativa privada (com sujeição ao art. 173 da Constituição)
e outras assumidas pelo Estado como serviços públicos (com sujeição ao art. 175 da
Constituição)

Alternativa E: O item “e” é falso, e vai de encontro com o posicionamento do


Supremo Tribunal Federal, pois para a Corte Constitucional é aplicável o regime dos
precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do
Estado e de natureza não concorrencial. STF. Plenário. ADPF 387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 23/3/2017 (Info 858).

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

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37 – QUESTÃO:

Acerca do processo administrativo e o entendimento dos tribunais superiores, assinale a


opção correta:

a) Segundo o Superior Tribunal de Justiça, há ilegalidade na instauração de processo


administrativo com fundamento em denúncia anônima, uma vez que o princípio da não
culpabilidade deve resguardar as relações dentro da administração pública.
b) Pelo entendimento do Superior Tribunal de Justiça é permitida a “prova emprestada”
no processo administrativo disciplinar, desde que respeitados o contraditório e a ampla
defesa no momento de sua produção.
c) Na visão do Superior Tribunal de Justiça o excesso de prazo para a conclusão do
processo administrativo disciplinar só causa nulidade se houver demonstração de
prejuízo à defesa.
d) A anulação do concurso em momento anterior à posse dos candidatos nomeados
independe de prévio processo administrativo, conforme orientação do Supremo Tribunal
Federal.
e) O Superior Tribunal de Justiça entende que eventuais irregularidades ocorridas
na sindicância, mesmo que não arguidas nesta fase, ensejam a anulação do Processo
Administrativo Disciplinar, uma vez que fundamentada nos princípios da oficialidade,
verdade real, presunção de não culpabilidade e fungibilidade das formas.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 8. Processo e procedimento administrativo.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: O item “a” está incorreto, pois segundo o Superior Tribunal de
Justiça, não há ilegalidade na instauração de processo administrativo com fundamento em
denúncia anônima, por conta do poder-dever de autotutela imposto à Administração e, por
via de consequência, ao administrador público. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1307503/RR,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 06/08/2013.

Alternativa B: O item “b” está incorreto, pois contraria um dos requisitos


impostos pela Súmula 591 do Superior Tribunal de Justiça que diz: é permitida a “prova
emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada
pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa.

Alternativa C: A assertiva “c” está correto, uma vez que reproduz a Súmula 592
do Superior Tribunal de Justiça que diz: o excesso de prazo para a conclusão do processo
administrativo disciplinar só causa nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa.
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Alternativa D: O item “d” está incorreto, pois no RE 351.489, o Supremo Tribunal
Federal decidiu que a anulação de concurso em momento anterior à posse dos candi-
datos nomeados depende de prévio processo administrativo e que lhes seja assegurado o
exercício do contraditório e da ampla defesa (RE 351.489).

Alternativa E: O item “e” está incorreto, pois como a sindicância não é


obrigatória para embasar o Processo Administrativo Disciplinar, a jurisprudência firme
do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que, uma vez instaurado competente
processo administrativo disciplinar, fica superada a possibilidade de análise de eventuais
irregularidades ocorridas durante a sindicância. (RMS 37.871/SC).

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

38 – QUESTÃO:

Não é entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

a) É possível a abertura de inquérito civil pelo Ministério Público objetivando a apuração


de ato ímprobo atribuído a magistrado mesmo que já exista concomitante procedimento
disciplinar na Corregedoria do Tribunal acerca dos mesmos fatos.
b) Não há usurpação das atribuições da Corregedoria pelo Ministério Público a abertura
de inquérito civil objetivando a apuração de ato ímprobo atribuído a magistrado mesmo
que já exista concomitante procedimento disciplinar na Corregedoria do Tribunal.
c) Em razão das prerrogativas da Magistratura, o Ministério Público não pode solicitar
que o juiz preste depoimento pessoal nos autos de inquérito civil instaurado pelo Órgão
Ministerial para apurar suposta conduta ímproba.
d) A ação de improbidade administrativa deve ser processada e julgada nas instâncias
ordinárias, ainda que proposta contra agente político que tenha foro privilegiado no
âmbito penal e nos crimes de responsabilidade.
e) A decretação da indisponibilidade e do sequestro de bens em improbidade
administrativa é possível antes do recebimento da ação, bastando que se prove o fumus
boni iuris, sendo o periculum in mora presumido (implícito).

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 19. Improbidade administrativa.

- COMENTÁRIOS:

A questão 38 exige conhecimento do candidato acerca da jurisprudência do


Superior Tribunal de Justiça em Matéria de Improbidade.
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Por este tribunal, é possível a abertura de inquérito civil pelo Ministério Público
objetivando a apuração de ato ímprobo atribuído a magistrado mesmo que já exista
concomitante procedimento disciplinar na Corregedoria do Tribunal acerca dos mesmos
fatos, não havendo usurpação das atribuições da Corregedoria pelo órgão ministerial
investigante. A mera solicitação para que o juiz preste depoimento pessoal nos autos de
inquérito civil instaurado pelo Ministério Público para apuração de suposta conduta ímproba
não viola o disposto no art. 33, IV, da LC nº 35/79 (LOMAN). STJ. 1ª Turma. RMS 37.151 -
SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina, julgado em
7/3/2017 (Info 609).

Para o Superior Tribunal de Justiça, a ação de improbidade administrativa deve


ser processada e julgada nas instâncias ordinárias, ainda que proposta contra agente
político que tenha foro privilegiado no âmbito penal e nos crimes de responsabilidade.
Corte Especial. AgRg na Rcl 12.514 - MT, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 16/9/2013 (Info
527).

No que diz respeito o momento dos atos de constrição patrimonial, a jurispru-


dência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a decretação da indisponibilida-
de e do sequestro de bens em improbidade administrativa é possível antes do recebimento
da ação (AgRg no REsp 1317653/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
julgado em 07/03/2013, DJe 13/03/2013) e para que seja decretada a indisponibilidade dos
bens da pessoa suspeita de ter praticado ato de improbidade basta que se prove o fumus
boni iuris, sendo o periculum in mora presumido (implícito).

A decretação de indisponibilidade de bens em improbidade administrativa


dispensa a demonstração de periculum in mora, o qual está implícito ao comando normativo
do art. 7º da Lei nº 8.429/92, bastando a demonstração do fumus boni iuris, que consiste
em indícios de atos ímprobos.2ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 1351825/BA, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 22/09/2015.

Alternativa A: A assertiva “a” está correta e consagrada em decisão publicada


em informativo do Superior Tribunal de Justiça: é possível a abertura de inquérito civil pelo
Ministério Público objetivando a apuração de ato ímprobo atribuído a magistrado mesmo
que já exista concomitante procedimento disciplinar na Corregedoria do Tribunal acerca
dos mesmos fatos, não havendo usurpação das atribuições da Corregedoria pelo órgão
ministerial investigante. A mera solicitação para que o juiz preste depoimento pessoal
nos autos de inquérito civil instaurado pelo Ministério Público para apuração de suposta
conduta ímproba não viola o disposto no art. 33, IV, da LC nº 35/79 (LOMAN). STJ. 1ª Turma.
RMS 37.151 - SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina,
julgado em 7/3/2017 (Info 609).

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Alternativa B: A alternativa “b” encontra-se correta e consagrada em decisão
publicada em informativo do Superior Tribunal de Justiça: é possível a abertura de inquérito
civil pelo Ministério Público objetivando a apuração de ato ímprobo atribuído a magistrado
mesmo que já exista concomitante procedimento disciplinar na Corregedoria do Tribunal
acerca dos mesmos fatos, não havendo usurpação das atribuições da Corregedoria pelo
órgão ministerial investigante. A mera solicitação para que o juiz preste depoimento pessoal
nos autos de inquérito civil instaurado pelo Ministério Público para apuração de suposta
conduta ímproba não viola o disposto no art. 33, IV, da LC nº 35/79 (LOMAN). STJ. 1ª Turma.
RMS 37.151 - SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina,
julgado em 7/3/2017 (Info 609).

Alternativa C: O item “c” está falso, já que correta a mera solicitação para que
o juiz preste depoimento pessoal nos autos de inquérito civil instaurado pelo Ministério
Público para apuração de suposta conduta ímproba não viola o disposto no art. 33, IV, da LC
nº 35/79 (LOMAN). STJ. 1ª Turma. RMS 37.151 - SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel.
para acórdão Min. Sérgio Kukina, julgado em 7/3/2017 (Info 609).

Alternativa D: A assertiva “d” é correta, pois a jurisprudência do Superior Tribunal


de Justiça é no sentido de que a decretação da indisponibilidade e do sequestro de bens
em improbidade administrativa é possível antes do recebimento da ação (AgRg no REsp
1317653/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 07/03/2013,
DJe 13/03/2013).

Alternativa E: A alternativa “e” está correta, pois praticado ato de improbidade,


basta que se prove o fumus boni iuris, sendo o periculum in mora presumido (implícito).
A decretação de indisponibilidade de bens em improbidade administrativa dispensa a
demonstração de periculum in mora, o qual está implícito ao comando normativo do art. 7º
da Lei nº 8.429/92, bastando a demonstração do fumus boni iuris, que consiste em indícios
de atos ímprobos. 2ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 1351825/BA, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 22/09/2015.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

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39 – QUESTÃO:

A respeito das súmulas do Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa incorreta:

a) Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de


perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada
a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
b) As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos estados,
autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domínio com a união, ainda que se mantenha
inerte ou tolerante, em relação aos possuidores.
c) É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-
se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo
que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
d) Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à
nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.
e) A nomeação de funcionário impõe direito subjetivo à da posse.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- TEMA: 2. Administração Pública: conceito; elementos; Poderes do Estado; organização


política e administrativa do Estado; administração pública e governo; entidades políticas
e administrativas; órgãos e agentes públicos; natureza e fins da administração pública. 16.
Restrições do Estado sobre a propriedade privada: tombamento, servidões administrativas
e desapropriação. 17. Bens públicos. 21. Responsabilidade civil do Estado.

- COMENTÁRIOS:

A questão exige o conhecimento das súmulas do Supremo Tribunal Federal.

Alternativa A: Correta a alternativa “a”, conforme Súmula Vinculante 11-STF:


só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada
a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Alternativa B: A alternativa “b” está correta, conforme a Súmula 477-STF: as


concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos estados, autorizam,
apenas, o uso, permanecendo o domínio com a união, ainda que se mantenha inerte ou
tolerante, em relação aos possuidores.
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Alternativa C: Alternativa “c” está correta, uma vez que a Súmula vinculante 43–
STF: é inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-
se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
não integra a carreira na qual anteriormente investido.

Alternativa D: A Alternativa “d” está correta, conforme a Súmula 15-STF: dentro


do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando
o cargo for preenchido sem observância da classificação.

Alternativa E: A alternativa “e” está incorreta, pois a Súmula 17-STF: a nomeação


de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da posse.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

40 – QUESTÃO:

Acerca do poder de polícia, julgue o item incorreto:

a) no processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as


notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.
b) A legislação de cada ente deverá prever o prazo prescricional da sanção de polícia. No
âmbito federal o prazo é de 5 anos, com fundamento na Lei nº 9.873/99. Caso não haja
lei estadual ou municipal sobre o assunto, deverá ser aplicado o prazo prescricional de 5
anos por força, não da Lei nº 9.873/99, mas sim do art. 1º do Decreto 20.910/32.
c) Diante de uma irregularidade grave, a Administração Pública poderia, em tese,
interditar o estabelecimento. Se ela em vez de executar esta ordem diretamente, ajuíza
ação pedindo que o Poder Judiciário determine essa providência, tal ação não pode ser
julgada extinta por falta de interesse de agir.
d) As guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm competência para
fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor multas.
e) O PROCON não detém poder de polícia para impor multas decorrentes de transgressão
às regras ditadas pela Lei nº 8.078/90. Assim, a sanção administrativa aplicada pelo
PROCON reveste-se de legitimidade, em virtude de seu poder de polícia para cominar
multas relacionadas à transgressão do CDC.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- TEMA: 6. Poderes da administração pública.

- COMENTÁRIOS:

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MP-CE
A questão exigia do aluno o conhecimento acerca do poder de polícia e a posição
do Superior Tribunal de Justiça.

Alternativa A: A alternativa “a” está correta, uma vez que reproduz a súmula 312
do Superior Tribunal de Justiça que diz que no processo administrativo para imposição
de multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena
decorrente da infração.

Alternativa B: A alternativa “b” está correta, vez que decidiu o Superior Tribunal
de Justiça sobre o tema da prescrição: A legislação de cada ente deverá prever o prazo
prescricional da sanção de polícia. No âmbito federal o prazo é de 5 anos, com fundamento
na Lei n.º 9.873/99. Caso não haja lei estadual ou municipal sobre o assunto, deverá ser
aplicado o prazo prescricional de 5 anos por força, não da Lei n. 9.873/99, mas sim do art.
1º do Decreto 20.910/32; As disposições contidas na Lei n.º 9.873/99 não são aplicáveis às
ações administrativas punitivas desenvolvidas por Estados e Municípios, pois o seu art. 1º
é expresso ao limitar sua incidência ao plano federal. Assim, inexistindo legislação local
específica, incide, no caso, o prazo prescricional previsto no art. 1º do Decreto 20.910/32.
(STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1409267/PR, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
16/03/2017).

Alternativa C: A alternativa “c” é correta, uma vez que já decidiu o Superior


Tribunal de Justiça que um dos atributos do poder de polícia é a autoexecutoriedade. Isso
significa que a Administração Pública pode, com os seus próprios meios, executar seus
atos e decisões, sem precisar de prévia autorização judicial. A Administração, contudo,
pode, em vez de executar o próprio ato, ingressar com ação judicial pedindo que o Poder
Judiciário determine essa providência ao particular. Ex.: diante de uma irregularidade
grave, a Administração Pública poderia, em tese, interditar o estabelecimento. Se ela
em vez de executar esta ordem diretamente, ajuíza ação pedindo que o Poder Judiciário
determine essa providência, tal ação não pode ser julgada extinta por falta de interesse de
agir. A autoexecutoriedade não retira da Administração Pública a possibilidade de valer-se
de decisão judicial que lhe assegure a providência fática que almeja, pois nem sempre as
medidas tomadas pelo Poder Público no exercício do poder de polícia são suficientes. STJ.
2ª Turma. (REsp 1651622/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2017).

Alternativa D: A alternativa “d” está correta, vez que o Supremo Tribunal


Federal entendeu que as guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm
competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor multas. O
STF definiu a tese de que é constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício
do poder de polícia de trânsito, inclusive para a imposição de sanções administrativas
legalmente previstas (ex.: multas de trânsito). (STF. Plenário. RE 658570/MG, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 6/8/2015 (repercussão
geral) (Info 793).
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Alternativa E: A alternativa “e” está incorreta, já que o PROCON detém poder de
polícia para impor multas (art. 57 do CDC) decorrentes de transgressão às regras ditadas
pela Lei n.º 8.078/90. Assim, a sanção administrativa aplicada pelo PROCON reveste-se de
legitimidade, em virtude de seu poder de polícia (atividade administrativa de ordenação)
para cominar multas relacionadas à transgressão do CDC. (STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp
1594667/MG, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 04/08/2016).

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

41 – QUESTÃO:

É ato vinculado e sem prazo determinado, concedido na existência de direito público


subjetivo do administrado no exercício de uma atividade. Tal afirmação trata da:

a) Licença.
b) Autorização.
c) Permissão.
d) Ato enunciativo.
e) Ato punitivo.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- TEMA: 7. Atos administrativos.

- COMENTÁRIOS:

A questão exige conhecimento de atos administrativos.

Atos negociais são expedidos quando se exige a anuência da Administração para


o exercício de um direito ou interesse do administrado. Diferem de um contrato, posto que
são manifestações unilaterais e produzem efeitos concretos. São espécies de atos negociais
a licença, a autorização e a permissão.

A licença é ato vinculado e sem prazo determinado, concedido na existência de


direito público subjetivo do administrado no exercício de uma atividade.

A autorização é concedida à prazo e de forma precária para o exercício de atividade


do interesse do particular (ex.: porte de arma).

Por fim, a permissão também é ato discricionário e precário, em que a atividade


do administrado coincide com um interesse social. Se a permissão for concedida a prazo, a
revogação anterior ao termo final dará ensejo a indenização. Se coincidir com delegação de
serviço público, exigirá contrato e licitação. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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Alternativa A: O item “a” está correto e deve ser assinalado, a licença é ato
vinculado e sem prazo determinado, concedido na existência de direito público subjetivo
do administrado no exercício de uma atividade.

Alternativa B: O item “b” está equivocado, pois a autorização é concedida à


prazo e de forma precária para o exercício de atividade do interesse do particular (ex.: porte
de arma).

Alternativa C: O item “c” está incorreto, uma vez a permissão também é ato
discricionário e precário, em que a atividade do administrado coincide com um interesse
social.

Alternativa D: A assertiva “d” apresenta-se equivocada, pois ato enunciativo


é aquele que contém apenas um juízo de valor, uma recomendação. Ou seja, não há
propriamente uma manifestação de vontade. São suas espécies: a) certidão e atestado; b)
parecer; c) apostila.

Alternativa E: Por fim, o item “e” encontra-se equivocado, pois ato punitivo é
aquele por meio do qual a Administração impõe punições. Fundamenta-se no poder de
polícia ou no disciplinar (interno).

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

42 – QUESTÃO:

As limitações administrativas são restrições estatais impostas por atos normativos


à propriedade, que acarretam obrigações negativas e positivas aos respectivos
proprietários, com o objetivo de atender a função social da propriedade. Neste contexto,
é correto afirmar:

a) O objeto das limitações administrativas engloba somente os bens móveis e imóveis.


b) As limitações administrativas geram, em regra, o dever de indenizar, pois as restrições
à propriedade são fixadas de maneira genérica e abstrata. No entanto, serão indenizáveis
quando acarretarem danos desproporcionais ou configurarem verdade desapropriação
indireta.
c) Somente serão indenizáveis quando acarretarem danos desproporcionais ou
configurarem desapropriação direta.
d) O tombamento é a intervenção estatal restritiva que tem por objetivo proteger o
patrimônio cultural brasileiro.
e) A maioria da doutrina entende que carece competência legislativa dos Municípios no
tocante ao tombamento.
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- RESPOSTA: Alternativa D.

- TEMA: 16. Restrições do Estado sobre a propriedade privada: tombamento, servidões


administrativas e desapropriação

- COMENTÁRIOS:

Limitações administrativas são restrições estatais impostas por atos normativos


à propriedade, que acarretam obrigações negativas e positivas aos respectivos proprietá-
rios, com o objetivo de atender a função social da propriedade. O objeto das limitações
administrativas é amplo, englobando os bens (móveis e imóveis) e os serviços.

É oportuno lembrar que as limitações decorrem do exercício do poder de polícia,


razão pela qual as limitações incidem sobre as propriedades e as atividades privadas.

As limitações administrativas são impostas, primariamente, por lei e,


secundariamente, por atos administrativos normativos. A extinção das limitações ocorre
com a revogação da legislação ou dos atos normativos.

As limitações administrativas não geram, em regra, o dever de indenizar, pois


as restrições à propriedade são fixadas de maneira genérica e abstrata. No entanto, serão
indenizáveis quando acarretarem danos desproporcionais ou configurarem verdade
desapropriação indireta.

Alternativa A: A alternativa “a” está incorreta, uma vez que o objeto das limitações
administrativas é amplo, englobando os bens (móveis e imóveis) e os serviços.

Alternativa B: A alternativa “b” está incorreta, pois as limitações administrativas


não geram, em regra, o dever de indenizar, pois as restrições à propriedade são fixadas de
maneira genérica e abstrata. No entanto, serão indenizáveis quando acarretarem danos
desproporcionais ou configurarem verdade desapropriação indireta.

Alternativa B: A alternativa “c” está incorreta, já que serão indenizáveis quando


acarretarem danos desproporcionais ou configurarem verdade desapropriação indireta.

Alternativa D: O item “d” está correto, pois o art. 216 da Constituição Federal
aduz que a intervenção estatal restritiva que tem por objetivo proteger o patrimônio cultural
brasileiro.

Alternativa E: A alternativa “e” está incorreta, vez que para a maioria da doutrina,
deve ser reconhecida a competência legislativa dos Municípios no tocante ao tombamento
a partir da interpretação sistemática do texto constitucional (arts. 23, III, e 30, I, II e IX).
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- GABARITO DA QUESTÃO: D.

43 – QUESTÃO:

O consórcio público:

I - O consórcio público adquirirá personalidade jurídica de direito público, no caso de


constituir associação pública, mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de
intenções;
II – O consórcio público adquirirá personalidade jurídica de direito privado, mediante o
atendimento dos requisitos da legislação civil.
III – O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a
administração indireta de todos os entes da Federação consorciados.
IV – No caso de se revestir de personalidade jurídica de direito privado, o consórcio
público observará as normas de direito público no que concerne à realização de licitação,
celebração de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal, que será regido pela
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.

Está inteiramente correto o item:

a) I, II.
b) I e III.
c) I, II e III.
d) II, III e IV.
e) I, II, III e IV.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 3. Administração indireta: autarquias, fundações públicas; empresas públicas e de


economia mista; agências executivas e reguladoras; consórcio público.

- COMENTÁRIOS:

A questão exigia d@ alun@ o conhecimento de consórcio público.

Consórcios públicos são pessoas jurídicas de direito público ou privado,


constituídas exclusivamente por entes da federação para a consecução de objetivos comuns
e estabelecimento de relações cooperativas.

O consórcio será formado entre quaisquer entes federados, sendo vedada,


porém, a formação de consórcio entre a União e Município qualquer, sem a presença do
Estado do qual este faça parte, e entre Estados e Municípios de outros Estados, que não os
seus próprios. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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O consórcio é constituído por contrato e depende da subscrição do protocolo de
intenções, ratificado em lei. Tal protocolo de intenções será dispensado se, porém, o ente
político já possuir lei que o submete integralmente a todas as condições do consórcio. Na
assinatura do protocolo poderá haver reservas. Já sua alteração ou extinção depende de
aprovação da Assembleia.

Uma vez que o consórcio é formado por diversos entes federados, um dos chefes
do executivo dos entes que o assinaram será seu representante, e a fiscalização contábil,
orçamentária etc. será feita pelo Tribunal de Contas que julga e aprecia as contas do chefe
do ente que o representa, especificamente.

Os consórcios de personalidade jurídica de direito privado terão natureza de


associações civis, e os de personalidade jurídica de direito público serão constituídos como
autarquias multi ou interfederativas. Em sendo assim, há divergência doutrinária sobre se
aqueles consórcios de personalidade jurídica de direito privado integrariam a Administração
Pública Indireta, tal qual os de natureza pública.

Atenção: foi publicada a Lei nº 13.822/2019, que altera o § 2º do art. 6º da Lei nº


11.107, de 6 de abril de 2005, para estabelecer que, no consórcio público com personalidade
jurídica de direito público, o pessoal será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT):
Art. 6º. O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:
I – de direito público, no caso de constituir associação pública,
mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções;
II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da
legislação civil.
§ 1º O consórcio público com personalidade jurídica de direito público
integra a administração indireta de todos os entes da Federação
consorciados.
§ 2º O consórcio público, com personalidade jurídica de direito
público ou privado, observará as normas de direito público no que
concerne à realização de licitação, à celebração de contratos, à
prestação de contas e à admissão de pessoal, que será regido pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943. (Redação dada pela Lei nº 13.822, de
2019).

Desta forma, o item IV reproduz norma revogada do antigo § 2º, que dizia que
no caso de se revestir de personalidade jurídica de direito privado, o consórcio público
observará as normas de direito público no que concerne à realização de licitação, celebração
de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal, que será regido pela Consolidação
das Leis do Trabalho - CLT.
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Observa-se, portanto que apenas o item “C” é o correto.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

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TEORIA DO DIREITO
PROF. FILIPPE AUGUSTO

44 – QUESTÃO:

No que tange à estrutura e função das normas jurídicas em Bobbio, assinale a alternativa
correta:

a) As normas jurídicas possuem, em regra, estrutura de imperativos autônomos.


b) As normas jurídicas, diferentemente das normas da moral, possuem a estrutura de
imperativos categóricos.
c) A sanção jurídica distingue-se da moral por ser externa, social e institucionalizada,
apesar de, em todo ordenamento jurídico, existirem normas jurídicas não garantidas por
sanção.
d) As normas jurídicas não podem assumir o formato de conselhos.
e) As proposições jurídicas pertencem à linguagem prescritiva, mas, em regra, sem caráter
imperativo.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 1. Teoria da Norma Jurídica.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Errada. Segundo Bobbio, as normas jurídicas são espécies de


prescrições, tal como as regras morais, regras gramaticais, normas jurídicas, prescrições
médicas etc. Um dos critérios para tentar diferenciar a norma jurídica dessas demais
espécies normativas é a distinção em imperativos autônomos e heterônomos.

O imperativo autônomo é aquele em que uma mesma pessoa é quem formula


e executa a norma, enquanto nos heterônomos quem formula a norma e quem a executa
são pessoas diversas. Tais conceitos foram elaborados por Immanuel Kant, a moral envolve
sempre imperativos autônomos, enquanto o Direito é regido por imperativos heterônomos,
visto que o legislador moral é interno e o jurídico é externo e diverso.

Assim sendo, em regra, no direito, os imperativos serão heterônomos, pois a


sociedade tem de cumprir as regras criadas pelo Legislador (outrem).

Não obstante isso, deve-se destacar que os imperativos autônomos também


podem ser encontrados também no campo do Direito, por exemplo, na autonomia privada
existente no Direito Civil.
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Alternativa B: Errada. Outro critério para tentar diferenciar a norma jurídica
dessas demais espécies normativas é a distinção em imperativos categóricos e hipotéticos.

Bobbio distingue imperativos categóricos e imperativos hipotéticos também


com base em Kant. Os imperativos categóricos prescrevem uma ação boa em si mesma,
em sentido absoluto, que deve ser cumprida incondicionalmente, ou com nenhum outro
fim a não ser o seu cumprimento enquanto ação devida. São próprios da legislação moral e
entendidos como sinônimos de normas éticas.

Já os imperativos hipotéticos prescrevem uma ação boa para atingir um fim, isto
é, uma ação que não é boa em sentido absoluto, mas boa somente quando se deseja atingir
um fim determinado e, assim, é cumprida condicionalmente para a obtenção do fim. Essa
finalidade pode ser possível (que os indivíduos podem perseguir ou não) ou real (que os
homens não podem deixar de perseguir). O Direito, em regra, é baseado em imperativos
hipotéticos, pois as pessoas costumam agir com receio da sação.

Vale frisar, no entanto, que no Direito também há imperativos categóricos como


a dignidade da pessoa humana, mas a regra é que a Moral seja baseada em imperativos
categóricos e o Direito em Imperativos hipotéticos, por isso, a questão está errada, pois
inverteu essa lógica.

Alternativa C: Correta. Segundo Bobbio, o grande diferencial entre as normas


jurídicas das demais normas é a sanção, que corresponde à resposta à violação da norma
de Direito. Uma norma prescreve o que deve ser, mas aquilo que deve ser não corresponde
sempre ao que é. Se a ação real não corresponde à ação prescrita, houve violação da norma
e a essa violação dá-se o nome de ilícito. O ilícito consiste em uma ação quando a norma é
um imperativo negativo e em uma omissão quando a norma é um imperativo positivo.

A sanção é o expediente através do qual se busca, em um sistema normativo,


salvaguardar a lei da erosão das ações contrárias. Todo sistema normativo implica o
expediente da sanção. A finalidade da sanção é prevenir a violação ou, no caso em que a
violação seja verificada, eliminar as consequências nocivas.

Existem diversos tipos de sanção e são estas que identificam a natureza da


norma em questão. São morais aquelas normas cuja sanção é puramente interior, cuja
única consequência desagradável seria o sentimento de culpa, um estado incômodo,
de perturbação, de angústia, de remorso ou arrependimento. As sanções sociais são
externas e voltadas a tornar mais fácil ou menos difícil a convivência. Os comportamentos
sancionadores apresentam diversos graus de gravidade: reprovação, eliminação do grupo,
isolamento, expulsão, linchamento, etc. A reação do grupo à violação das normas que
garantem sua coesão é um dos mais eficazes meios de controle social, no entanto essas
sanções têm êxito incerto e apresenta inconsistência em sua aplicação pela falta de medida
entre violação e resposta. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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A sanção jurídica distingue-se da moral por ser externa e da social por ser institu-
cionalizada. A presença de uma sanção externa e institucionalizada é uma característica dos
ordenamentos jurídicos. O argumento mais comum contra a teoria que vê na sanção um
dos elementos constitutivos de um ordenamento jurídico se funda na presença, em todo
ordenamento jurídico, de normas não garantidas por sanção. Não obstante isso, de modo
geral, como regra, a norma jurídica, na visão de Bobbio, seria marcada pela sanção externa
e institucionalizada.

Alternativa D: Errada. Segundo Bobbio, um outro critério de distinção da norma


jurídica para as demais é quanto à força vinculante da norma. Neste ponto, o autor dirá
que as normas podem ser podem ser comandos ou conselhos. Neste sentido, para Bobbio,
as normas jurídicas seriam comandos, pois têm maior força vinculante, de forma que o
comportamento previsto pelo imperativo é obrigatório. Isso as diferenciariam de outras
espécies normativas que seriam conselhos, por serem mais brandos, menos vinculantes
ao influenciar o comportamento alheio. A distinção entre comandos e conselhos pode
servir para diferenciar o Direito da Moral, assim como servem as distinções entre normas
autônomas e heterônomas, e normas categóricas e hipotéticas.

Todavia, também nem todas as prescrições no ordenamento jurídico são


comandos. Em todo ordenamento jurídico, ao lado dos órgãos deliberativos, há os órgãos
consultivos (autoridade menor, com a função de guiar ou dirigir o comportamento alheio).
No ordenamento internacional, os organismos internacionais não têm no confronto entre
Estados (que conservam suas soberanias) o poder de decidir obrigatoriamente, mas de
endereçar suas recomendações. Assim sendo, podem existir normas jurídicas com caráter
de conselhos no ordenamento jurídico.

Alternativa E: Errada. De fato, as normas jurídicas assumem o caráter de


proposições e pertencem à linguagem prescritiva, todavia, diferentemente do que consta
na alternativa, em regra, possuem um caráter imperativo, ou seja, prescrevem comandos
com força obrigatória. Para a maioria dos teóricos, a doutrina imperativista é a mais aceita.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

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45 – QUESTÃO:

Com relação à coerência do ordenamento jurídico, assinale a alternativa incorreta:

a) Antinomias são definidas por Bobbio como situações em que se têm duas ou mais
normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico e tendo os mesmos
âmbitos de validade.
b) Segundo Bobbio, antinomia total-parcial ocorre quando uma norma tem o âmbito de
validade igual ao da outra, porém mais restrito, enquanto esta outra norma é mais geral
e, portanto, tem uma esfera de aplicação maior. A norma mais geral pode ser aplicada
dentro dessa esfera de aplicação não conflituosa, mas a norma mais restrita nunca pode
ser aplicada sem entrar em conflito com a norma mais geral.
c) As antinomias impróprias podem ser antinomias de princípio, antinomias de valor ou
antinomias teleológicas.
d) Bobbio classifica as antinomias ainda em reais (ou de 2º grau) ou aparentes (ou
solúveis).
e) Diante de antinomias de 2º grau, o critério cronológico é vencido por todos os demais
critérios.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- TEMA: 2. Teoria do Ordenamento Jurídico

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Correta. De fato, segundo Bobbio, as antinomias ocorrem quando:

i) Uma norma comanda fazer algo e a outra proíbe fazer algo (contrariedade).
ii) Uma norma que comanda fazer algo e a outra norma permite não fazer algo
(contraditoriedade).
iii) Uma norma proíbe fazer algo e a outra norma permite fazê-lo (contraditoriedade).

Não bastasse o acima narrado, são necessárias mais duas condições para que
efetivamente ocorram as antinomias, a saber, as normas devem pertencer ao mesmo
ordenamento, além de deter o mesmo âmbito de validade.

Antinomias são assim definidas por Bobbio como situações em que se têm duas
ou mais normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico e tendo o(s)
mesmo(s) âmbito(s) de validade. Esses âmbitos de validade podem ser temporal, espacial,
pessoal ou material.

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Alternativa B: Correta. Segundo Bobbio, podem existir diferentes classificações
de antinomias, quanto a coincidência dos âmbitos de validade, as antinomias podem ser
classificadas de três formas:

i) Total-Total: igual âmbito de validade. Em nenhum caso uma norma pode ser
aplicada sem entrar em conflito com a outra.

ii) Parcial-Parcial: âmbito de validade em parte igual e em parte diferente. Há um


campo de aplicação das normas em que há conflito entre as duas normas e um
campo no qual não há.

iii) Total-Parcial: uma norma tem o âmbito de validade igual ao da outra, porém
mais restrito, enquanto esta outra norma é mais geral e, portanto, tem uma esfera
de aplicação maior. A norma mais geral pode ser aplicada dentro dessa esfera de
aplicação não conflituosa, mas a norma mais restrita nunca pode ser aplicada
sem entrar em conflito com a norma mais geral.

Desse modo, a antinomia total-parcial como descrita na questão está certa.

Alternativa C: Correta. Novamente, está certo. Trata-se de outra classificação das


antinomias de Bobbio, desta vez, quanto à propriedade, podendo, desta vez, as antinomias
serem:

i) Próprias: quanto à prescrição normativa, ou seja, quando é o conteúdo


prescritivo (o que obriga, determina ou proíbe) que conflita entre as normas.

ii) Impróprias: são aspectos subjetivos (indiretos) decorrentes das normas que
entram em choque. Não é o conteúdo prescritivo em si que conflita. Desta espécie,
decorrem três subespécies:

ii.i) antinomias de princípio: nos casos em que, por exemplo, um princípio se


choca com outro; comumente, isso ocorre entre os princípios da liberdade
e da segurança;
ii.i) antinomias de valor: quando, por exemplo, a sanção cominada a um
crime leve é bem mais gravosa que a de um crime mais sério;
ii.iii) antinomias teleológicas: quando há contraste entre a norma que
prescreve o meio para alcançar determinado fim e aquela que prescreve o
próprio fim; a aplicação de uma inviabiliza a aplicação da outra.

Logo, dadas as subespécies, o item está correto.

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Alternativa D: Incorreta. Esta era a alternativa a ser marcada. Trata-se da última
classificação das antinomias trabalhada por Bobbio. Esta classificação as divide em:

i) aparentes (ou solúveis): que são passíveis de solução por meio dos critérios
elencados pelo autor.
ii) reais ou insolúveis: são casos em que não há critérios para a solução das
antinomias ou há conflito entre os critérios possíveis.

Os critérios usualmente adotados para a resolução das antinomias aparentes


são o cronológico (prevalece a norma mais recente), o hierárquico (prevalece a norma mais
elevada na hierarquia de validade) e o da especialidade (entre a norma geral e a específica,
prevalece a norma específica).

Bobbio reportará ainda as hipóteses – pouco frequentes – de antinomias entre


normas contemporâneas, de mesmo nível e ambas gerais. Neste caso, a antinomia será real.

Por outro lado, há casos, em que a antinomia possui critério para solução, mas
esse está em um grau mais avançado, pois o que conflita não são as regras em si, mas os
próprios critérios de solução de antinomias. Isso se chama de incompatibilidade de segundo
grau. Então, quando há conflito entre os próprios critérios, isso se chama de antinomia de
segundo grau. É o que ocorre quando, por exemplo, uma norma mais recente conflita com
uma norma outra mais moderna.

No entanto, há saída mecânica também para as antinomias de segundo grau, por


isso, elas são uma subespécie de antinomia aparente.

Caso haja conflito entre os critérios de resolução de antinomias, Bobbio propõe


que (são os meta critérios):

i) tratando-se de choque entre o critério cronológico e o critério da hierarquia,


prevaleça o critério hierárquico;
ii) tratando-se de conflito entre o critério cronológico e o critério da especialidade,
há de prevalecer a especialidade;
iii) havendo conflito entre o critério hierárquico e o especial, Bobbio pondera
que, por mais sedutor que seja fazer triufar o critério hierárquico, muitas vezes
se observa o contrário, na existência de antinomias entre a constituição e leis
ordinárias (posteriores à constituição, portanto), no qual prevalece a regra legal
em face da constitucional.

Nesses termos, pode-se dizer que as antinomias aparentes possuem duas


subespécies:
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i.i) de primeiro grau: resolvidas pelos critérios cronológico, da especialidade e da
hierarquia;
i.ii) de segundo grau: resolvidas pelos critérios de resolução de conflitos entre
critérios (metacritérios).

O quadro geral quanto à solubilidade, as antinomias podem ser:

i) reais ou insolúveis: são casos em que não há critérios para a solução das
antinomias ou há conflito entre os critérios possíveis.
ii) aparentes (ou solúveis): que são passíveis de solução por meio dos critérios
elencados pelo autor,

ii.i) de primeiro grau: resolvidas pelos critérios cronológico, da especialidade


e da hierarquia;

ii.ii) de segundo grau: resolvidas pelos critérios de resolução de conflitos


entre critérios (metacritérios).

Desse modo, como antinomia real não é sinônimo de antinomia de segundo grau
tal como diz a questão, por isso, o item está errado.

Alternativa E: Correta. O item está correto, pois, como demonstrado na


explicação do item acima, uma das características dos meta critérios usados para solucionar
antinomias de segundo grau é que o critério cronológico, em caso de confronto, cede tanto
para o hierárquico como para o da especialidade.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

46 – QUESTÃO:

Sobre Política e Direito no cenário contemporâneo, marque a opção correta:

a) A noção de Constituição traz em si uma ideia de Direito como técnica capaz de imunizar
a sociedade da política.
b) A Jurisdição Constitucional em sentido amplo soluciona conflitos entre poderes
e entre entes federativos, garante direitos fundamentais e exerce o controle de
constitucionalidade strito sensu, sendo uma técnica específica de trabalho com o poder,
logo, com a política pautada pelas regras jurídicas.
c) As Políticas Públicas são programas de ação governamental voltados à concretização
de direitos, garantindo uma técnica de transformação da realidade, que consegue afastar
a Política do Direito.
d) Na visão de Niklas Luhmann, a Constituição é uma garantia de que o sistema jurídico
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funciona operativamente fechada e, portanto, sem colher informações do sistema
político.
e) Na visão de Habermas, cabe ao Tribunal Constitucional definir as políticas democráticas
a serem seguidas pela população.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- TEMA: 3. Direito e Política

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Errada. Na realidade, diferentemente do que afirma o item, pode-


se perceber que há uma intrínseca relação existente entre Política e Direito na Constituição.
A Constituição traz em si uma ideia de Direito que busca regulamentar a política. Assim, uma
Constituição é a tentativa do Direito em regulamentar a Política/o Poder dos Governantes.

“A definição usual de ‘constituição’ alude à existência de um conjunto


unitário de normas jurídicas que, no sistema normativo geral do
ordenamento, ocupa o lugar de mais alta hierarquia. Tendo se
firmada paralelamente à forma prevalecente de organização política
consubstanciada no Estado moderno, é conceito inseparável da ideia
de Estado, e pode ser compreendido em sentido amplo e sentido
restrito”16.

Nesse conceito, Luís Fernando Coelho apresenta a Constituição como um


conjunto de normas jurídicas que tenta organizar a vida política do Estado e que tem o lugar
de mais alta hierarquia dentro do ordenamento jurídico.

Com efeito, a Constituição não tenta imunizar a política da sociedade, na


realidade, a Constituição tenta estabelecer parâmetros de licitude e ilicitude para a política
dentro da sociedade.

Alternativa B: Correta. Jurisdição Constitucional é uma Jurisdição específica,


que contempla a aplicação direta das normas constitucionais. A Jurisdição Constitucional
abrange as competências constitucionais para a atuação da Corte Constitucional no que
tange à aplicação direta do texto constitucional (aspecto amplo), acaba por ser confundida,
por vezes, com o controle de constitucionalidade (aspecto estrito), que, na realidade, é
apenas um dos aspectos que podem ser discutidos pela Jurisdição Constitucional.

Quando a Jurisdição trata de temas acerca da validade de uma norma,


verificando se está ou não em conformidade com a Constituição, está exercendo a Jurisdição
Constitucional e o Controle de Constitucionalidade.

16 COELHO, Luís Fernando. Direito Constitucional e Filosofia da Constituição. 2011. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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O controle de constitucionalidade surge em 1803, no caso Marbury versus Madi-
son. Em tal caso, o Chief Justice John Marshall considerou que caberia ao Poder Judiciário
analisar o conflito existente entre os planos constitucional e legal, dando prevalência ao
primeiro. O controle de constitucionalidade por si só já fixa um importante marco de tensão
entre as funções estatais (Executivo, Legislativo e Judiciário), logo, tece uma delicada rede
de equilíbrio do poder (política) dentro do Estado por meio do Direito. O controle de cons-
titucionalidade seria, portanto, a avaliação da compatibilidade entre a Constituição, que
representaria o parâmetro, e o ato normativo primário, que representaria o objeto.

Por contemplar a maior parte dos casos abordados na Jurisdição Constitucional,


o Controle de Constitucionalidade pode ser visto como jurisdição constitucional em sentido
estrito, ainda que os conceitos não sejam rigorosamente sinônimos.

A Jurisdição Constitucional em sentido amplo, nesse passo, soluciona


conflitos interorgânicos (entre poderes e entre entes federativos), garante direitos
fundamentais (através do controle de constitucionalidade também) e exerce o controle
de constitucionalidade (strito sensu). Como se pode notar, a Jurisdição Constitucional é
uma técnica específica de trabalho com o poder, logo, com a política pautada pelas regras
jurídicas.

Portanto, este é o item correto.

Alternativa C: Errada. O item começa correto. De fato, políticas públicas podem


ser conceituadas como programas de ação governamental voltados à concretização de
direitos. As políticas públicas visam, assim, a coordenação dos meios à disposição do
Estado e as atividades privadas, para a realização de objetivos socialmente relevantes e
politicamente determinados.

Há diferentes tipologias na literatura especializada referente à classificação


das políticas públicas. Dentre elas, tem-se por notória a tipologia de Theodore Lowi, que
segmenta as políticas públicas em quatro ramos:

i) Políticas Distributivas: aquelas que alocam bens ou serviços a frações especí-


ficas da sociedade, mediante recursos provenientes da coletividade como um
todo. Podem relacionar-se aos exercícios de direitos, ou não. Podem ser assis-
tencialistas, ou não. Podem ser clientelistas, ou não. Exemplo: implementação
de hospitais e escolas, construção de pontes e estradas, revitalização de áreas
urbanas etc.

ii) Políticas Regulatórias: aquelas que estabelecem imperativos (obrigatorieda-


des), interdições e condições por meio das quais podem e devem ser realizadas
determinadas atividades ou admitidos certos comportamentos. Seus custos e
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benefícios podem ser disseminados equilibradamente ou podem privilegiar inte-
resses restritos, a depender dos recursos de poder dos atores abarcados. Podem
variar de regulamentações simples e operacionais a regulações complexas, de
grande abrangência. Exemplo: Leis reguladoras (Código Florestal, CTB, Legisla-
ção trabalhista)

iii) Políticas Redistributivas: aquelas que distribuem bens ou serviços a segmen-


tos particularizados da população por intermédio de recursos oriundos de outros
grupos específicos. São conflituosas e nem sempre virtuosas. Exemplo: Reforma
agrária, distribuição de royalties do petróleo, política de transferência de recur-
sos inter-regionais, política tributária etc.

iv) Políticas Constitutivas ou Estruturadas: aquelas que consolidam as regras


do jogo político. São as normas e os procedimentos sobre as quais devem ser
formuladas e implementadas as demais políticas públicas. Exemplo: regras
constitucionais diversas, regimentos das Casas Legislativas e do Congresso
Nacional, etc.

Nesses termos, como visto, políticas públicas visam a realizar objetivos


socialmente relevantes e politicamente determinados, logo, diferentemente do que consta
no item, as políticas públicas não conseguem, porque, na realidade, sequer almejam afastar
a Política do Direito.

Alternativa D: Errada. Para entender o item, faz-se necessário compreender


minimamente a Teoria dos Sistemas de Niklas Luhmann e a posição da Constituição nesse
cenário. É preciso então apresentar os conceitos de diferenciação, autonomia e acoplamentos
estruturais.

Inicialmente, é preciso entender as noções de tradição e complexidade em


Luhmann. A ideia básica desse autor é que tudo que formava a sociedade antiga/tradicional
estava dentro de uma amalgama. Com o desenvolvimento do capitalismo, as sociedades
vão se tornando cada vez mais complexas/dinâmicas, sendo que os elementos que formam
uma sociedade vão se diferenciando um do outro (criando sistemas sociais próprios).

Sobre complexidade social e evolução, Marcelo Neves em Entre Têmis e Leviatã,


traz trecho esclarecedor:

“A concepção sistêmica da positividade do direito moderno é


indissociável do modelo de evolução social como ampliação da
complexidade, que conduz, na sociedade moderna, à diferenciação
funcional”17.

17 NEVES, Marcelo. Entre Têmis e Leviatã: uma relação difícil. 2ª edição. São Paulo: WMF Martins Fontes,`ˆÌi`Ê܈Ì
2008. P.ÊÌ 1.iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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Luhmann, então, desenvolve a ideia de que, quanto mais as sociedades vão
saindo da tradição para a modernidade (tornando-se mais complexas), o que era uma
grande amalgama social vai criando sistemas sociais próprios. Isso é o que se chama de
diferenciação funcional.

Segundo Luhmann, cada sistema social terá sua própria lógica de funcionamen-
to (diferenciação funcional), que pode ser representada por códigos binários. O sistema so-
cial da economia, por exemplo, orienta-se pela lógica do “lucro” ou “prejuízo”; diferente do
sistema social das artes, para o qual somente importa se algo é “belo” ou “feio”; as famílias,
por sua vez, orientam-se por relações de “amor” ou “desamor”. Segundo o autor, o Direito
será baseado no código binário do “lícito” ou “ilícito”.

Em razão dessa diferenciação funcional, Luhmann afirmará, então, que os sis-


temas sociais são autopoiéticos e operativamente fechados. Autopoiese significa algo que
nasce de si próprio, ou seja, os sistemas têm a capacidade de criar suas próprias regras.
Dizer que os sistemas são operativamente fechados significa que eles funcionam baseados
apenas nas regras por eles criadas, não admitindo determinações de funcionamento exter-
nas. Quanto mais desenvolvida a sociedade, mais autopoiéticos e operativamente fechados
os sistemas.

Ocorre que, por mais que os sistemas funcionem com suas regras próprias,
existem canais de comunicação entre eles, sendo tais canais chamados de acoplamentos
estruturais. Por tais canais de comunicação, entrarão inputs e sairão outputs, havendo a troca
de informações, permitindo diálogo entre eles a fim de que um aprenda com o outro. Daí
Luhmann afirmar que, embora operativamente fechados, os sistemas são cognitivamente
abertos.

Para a Teoria dos Sistemas de Luhmann, a Constituição seria o acoplamento


estrutural entre Direito e Política, ou seja, a Constituição é o canal de comunicação entre o
Sistema Jurídico e o Sistema Político, permitindo a troca de informações e o funcionamento
operativamente fechado do sistema jurídico (por meio de seus códigos próprios: lícito e
ilícito), mas cognitivamente aberto (apto a conhecer os problemas da política).

Nesses termos, o item está certo, quando diz que, na visão de Niklas Luhmann,
a Constituição é uma garantia de que o sistema jurídico funciona operativamente fechada,
mas está errada ao afirmar que ela impede de o sistema jurídico colher informações no
sistema político. Ao contrário do que diz a parte final do item, a Constituição permite a troca
de informações e o funcionamento cognitivamente aberto (apto a conhecer os problemas
da política) do sistema jurídico.

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Alternativa E: Errada. Habermas defende exatamente que as questões centrais
da vida político-democrática de uma sociedade devem ser discutidas por meio de proces-
sos plurais e participativos. Ao Judiciário caberia apenas estabelecer regras das disputas
públicas, garantindo a participação de todos os possíveis interessados no processo e não
tomando as decisões morais e políticas da sociedade por conta própria e de modo isolado.

Habermas deixa clara sua manifestação contrária à legitimidade de decisões


judiciais baseadas em valores, moral e política, já que tais decisões podem dar guarida ao
subjetivismo e ao voluntarismo, tudo sob um manto de aparente racionalidade18:

“Ao deixar-se conduzir pela ideia de realização de valores materiais,


dados preliminarmente no direito constitucional, o tribunal
constitucional transforma-se numa instância autoritária. No caso de
uma colisão, todas as razões podem assumir o caráter de argumentos
de colocação de objetivos, o que faz ruir a viga mestra introduzida
no discurso jurídico pela compreensão deontológica de normas e
princípios do direito”.

Habermas assevera que a legitimidade do Direito deve ser buscada no processo


legislativo, sendo este o espaço de integração social por excelência19, por meio de direitos
de comunicação e de participação política. Segundo Habermas, o Tribunal Constitucional
reveste suas decisões de legitimidade ao realizar o controle do processo legislativo,
verificando se nesse processo houve o respeito aos pressupostos comunicativos e à
participação política democrática.

Com efeito, diferente do que afirma o item em questão, na visão de Habermas,


não cabe ao Tribunal Constitucional, mas ao Poder Legislativo definir em sua substancia as
políticas democráticas a serem seguidas pela população.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

18 HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: entre faticidade e validade. P. 320 e ss.


19 Esse entendimento é corroborado por MOREIRA, Luís. Fundamentação do Direito em Jürgen Habermas. Belo
Horizonte: Mandamentos, 1999. P. 141. `ˆÌi`ÊÜˆÌ ÊÌ iÊ`i“œÊÛiÀȜ˜ÊœvÊ
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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
PROFA. MAYARA MUNIZ

47 – QUESTÃO:

Acerca da indisponibilidade de bens no âmbito das ações de improbidade administrativa,


é correto afirmar:

a) A indisponibilidade de bens deverá recair sobre o acréscimo patrimonial resultante do


enriquecimento ilícito.
b) De acordo com STJ, a medida cautelar de indisponibilidade dos bens não pode ser
aplicada aos atos de improbidade administrativa que impliquem violação dos princípios
da administração pública, em razão da ausência de previsão legal específica.
c) É desnecessário que o Ministério Público, ao formular o pedido de indisponibilidade,
faça a indicação individualizada dos bens do réu.
d) A indisponibilidade de bens deve recair sobre o patrimônio dos réus em ação de
improbidade administrativa de modo suficiente a garantir o integral ressarcimento de
eventual prejuízo ao erário, não se incluindo nesta medida o valor de possível multa civil
como sanção autônoma.
e) A indisponibilidade somente poderá recair sobre os bens de família, caso tenha sido
adquirido como produto do ato ímprobo.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- TEMA: 1. Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992).

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: A alternativa está incorreta, pois de acordo com o que dispõe


artigo 7º, parágrafo único, da Lei nº 8.429/92, a indisponibilidade recairá sobre bens que
assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante
do enriquecimento ilícito.

Alternativa B: De acordo com a parte final da alternativa, de fato, não há


previsão legal para a aplicação da medida cautelar de indisponibilidade dos bens aos atos
de improbidade administrativa que impliquem violação dos princípios da administração
pública.

O artigo 7º da Lei 8429/92 dispõe:

“Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou


ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa
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responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a
indisponibilidade dos bens do indiciado”.

Em razão da ausência de previsão legal, passaram a sustentar que a medida


de indisponibilidade de bens seria inaplicável aos atos de improbidade administrativa
decorrentes de violação dos princípios da administração pública.

Todavia, o STJ fixou entendimento em sentido contrário, sustentando que “em


que pese o silêncio do art. 7º da Lei n. 8.429/92, uma interpretação sistemática que leva
em consideração o poder geral de cautela do magistrado induz a concluir que a medida
cautelar de indisponibilidade dos bens também pode ser aplicada aos atos de improbidade
administrativa que impliquem violação dos princípios da administração pública”, razão pela
qual a alternativa está INCORRETA.

Segue abaixo o julgado:

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAÇÃO DOS


PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. INDISPONIBILIDADE
DE BENS. POSSIBILIDADE. DILAPIDAÇÃO PATRIMONIAL.
PERICULUM IN MORA PRESUMIDO NO ART. 7º DA LEI N. 8.429/92.
INDIVIDUALIZAÇÃO DE BENS. DESNECESSIDADE. 1. O art. 7º da Lei
n. 8.429/92 estabelece que “quando o ato de improbidade causar
lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito,
caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos
bens do indiciado. Parágrafo único. A indisponibilidade a que se
refere o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o
integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilícito”. 2. Uma interpretação literal
deste dispositivo poderia induzir ao entendimento de que não
seria possível a decretação de indisponibilidade dos bens quando
o ato de improbidade administrativa decorresse de violação dos
princípios da administração pública. 3. Observa-se, contudo, que o
art. 12, III, da Lei n. 8.429/92 estabelece, entre as sanções para o ato
de improbidade que viole os princípios da administração pública,
o ressarcimento integral do dano - caso exista -, e o pagamento de
multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo
agente. 4. Esta Corte Superior tem entendimento pacífico no sentido
de que a indisponibilidade de bens deve recair sobre o patrimônio
dos réus em ação de improbidade administrativa, de modo suficiente
a garantir o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário,
levando-se em consideração, ainda, o valor de possível multa civil
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como sanção autônoma. 5. Portanto, em que pese o silêncio do
art. 7º da Lei n. 8.429/92, uma interpretação sistemática que leva
em consideração o poder geral de cautela do magistrado induz
a concluir que a medida cautelar de indisponibilidade dos bens
também pode ser aplicada aos atos de improbidade administrativa
que impliquem violação dos princípios da administração pública,
mormente para assegurar o integral ressarcimento de eventual
prejuízo ao erário, se houver, e ainda a multa civil prevista no art. 12,
III, da Lei n. 8.429/92. 6. Em relação aos requisitos para a decretação
da medida cautelar, é pacífico nesta Corte Superior o entendimento
segundo o qual o periculum in mora, em casos de indisponibilidade
patrimonial por imputação ato de improbidade administrativa, é
implícito ao comando normativo do art. 7º da Lei n. 8.429/92, ficando
limitado o deferimento desta medida acautelatória à verificação
da verossimilhança das alegações formuladas na inicial. Agravo
regimental improvido. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1311013 / RO,
Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 04/12/2012.

No mesmo sentido: STJ. 2ª Turma. MC 24.205/RS, Rel. Min. Humberto Martins,


julgado em 12/04/2016.

Alternativa C: A alternativa está correta.

A jurisprudência do STJ está consolidada no sentido de que é desnecessária a in-


dividualização pelo MP dos bens sobre os quais se pretende fazer recair a indisponibilidade
prevista no art. 7º, parágrafo único da Lei nº 8.429/92.

A decisão ressalta a importância da diferenciação entre a medida de


indisponibilidade e a medida de sequestro, prevista no artigo 16 da LIA, uma vez que apenas
para esta última a individualização seria necessária.

Registre-se que são duas medidas absolutamente diversas, regradas em


diferentes dispositivos da Lei n 8.429 /92. Para o sequestro, exige o art. 16 , da Lei n 8.429 /92
no § 1º, que o rito seja aquele do CPC. Por sua vez, para a indisponibilidade a regra é a do
art. 7º e seu parágrafo único.

No sequestro há a retirada da posse dos bens do administrador. Na


indisponibilidade não há essa retirada, pois o réu permanece na posse de seus bens, não
podendo desfazer-se deles.

Vejamos o julgado do STJ:


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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE DE
BENS. DILAPIDAÇÃO PATRIMONIAL. ART. 7º DA LEI N. 8.429/92.
INDIVIDUALIZAÇÃO DE BENS. DESNECESSIDADE. 1. É pacífico nesta
Corte Superior entendimento segundo o qual a indisponibilidade de
bens deve recair sobre o patrimônio dos réus em ação de improbidade
administrativa de modo suficiente a garantir o integral ressarcimento
de eventual prejuízo ao erário, levando-se em consideração, ainda, o
valor de possível multa civil como sanção autônoma. 2. Na espécie, o
Juízo de Primeira Instância considerou que o dano aos cofres públicos
perfaz o valor de R$ 41.782,12 (quarenta e um mil, setecentos e
oitenta e dois reais e doze centavos). Esta é, portanto, a quantia a
ser levada em conta na decretação de indisponibilidade dos bens,
não esquecendo o valor do pedido de condenação em multa civil,
se houver (vedação ao excesso de cautela). 3. A jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça está consolidada pela desnecessidade
de individualização dos bens sobre os quais se pretende fazer recair
a indisponibilidade prevista no art. 7º, parágrafo único, da Lei n.
8.429/92, considerando a diferença existente entre os institutos da
“indisponibilidade” e do “sequestro de bens” (este com sede legal
própria, qual seja, o art. 16 da Lei n. 8.429/92). Precedentes: REsp
1195828/MA, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 02/09/2010, DJe 04/10/2010; AgRg na MC 15.207/
RJ, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 19.9.2009; AgRg
nos EDcl no Ag 587.748/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda
Turma, DJe 23.10.2009. 4. Agravo regimental parcialmente provido.
AgRg no REsp 1307137/BA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª
Turma, julgado em 25/09/2012.

Alternativa D: Alternativa incorreta.

De acordo com o entendimento pacífico do STJ, a indisponibilidade de bens


deve recair sobre o patrimônio dos réus em ação de improbidade administrativa de modo
suficiente a garantir o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, incluindo-se,
ainda, o valor possível da multa civil como sanção autônoma.

Indisponibilidade deve recair à Garantia de pagamento do prejuízo integral do dano +


valor da possível multa civil

Vejamos o julgado:

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. IMPRO-
BIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE DE BENS. DILAPIDA-
ÇÃO PATRIMONIAL. ART. 7º DA LEI N. 8.429/92. INDIVIDUALIZAÇÃO
DE BENS. DESNECESSIDADE. 1. É pacífico nesta Corte Superior en-
tendimento segundo o qual a indisponibilidade de bens deve recair
sobre o patrimônio dos réus em ação de improbidade administrativa
de modo suficiente a garantir o integral ressarcimento de eventual
prejuízo ao erário, levando-se em consideração, ainda, o valor de
possível multa civil como sanção autônoma. 2. Na espécie, o Juízo
de Primeira Instância considerou que o dano aos cofres públicos per-
faz o valor de R$ 41.782,12 (quarenta e um mil, setecentos e oitenta
e dois reais e doze centavos). Esta é, portanto, a quantia a ser levada
em conta na decretação de indisponibilidade dos bens, não esque-
cendo o valor do pedido de condenação em multa civil, se houver
(vedação ao excesso de cautela). 3. A jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça está consolidada pela desnecessidade de indivi-
dualização dos bens sobre os quais se pretende fazer recair a indis-
ponibilidade prevista no art. 7º, parágrafo único, da Lei n. 8.429/92,
considerando a diferença existente entre os institutos da “indispo-
nibilidade” e do “sequestro de bens” (este com sede legal própria,
qual seja, o art. 16 da Lei n. 8.429/92). Precedentes: REsp 1195828/
MA, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 02/09/2010, DJe 04/10/2010; AgRg na MC 15.207/RJ, Rel.
Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 19.9.2009; AgRg nos
EDcl no Ag 587.748/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma,
DJe 23.10.2009. 4. Agravo regimental parcialmente provido. AgRg no
REsp 1307137/BA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, jul-
gado em 25/09/2012.

Registre-se, a título de conhecimento, que de acordo com a jurisprudência do


TRF1, a constrição não deve ser aplicada como garantia ao pagamento antecipado de
multa civil, porquanto não há autorização normativa para essa medida, a qual contempla
somente a hipótese de recomposição de dano ao erário devendo a questão relativa à multa
ser sopesada e modulada quando da prolação da sentença a ser proferida nos autos da
ação civil já ajuizada.

Alternativa E: A Alternativa está incorreta.

De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a


indisponibilidade prevista na Lei de Improbidade Administrativa pode recair sobre bem de
família, independentemente de ter sido adquirido como produto de ato ímprobo.
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Vejamos o julgado:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DECRETO DE INDISPONIBILIDADE.
BEM DE FAMÍLIA. POSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. 1. A
jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é assente em admitir
a decretação de indisponibilidade prevista na Lei de Improbidade
Administrativa sobre bem de família. Precedentes: AgInt no REsp
1633282/SC, Segunda Turma, Rel. Ministro Francisco Falcão, DJe
26/06/2017; AgRg no REsp 1483040/SC, Primeira Turma, Minha
Relatoria, DJe 21/09/2015; REsp 1461882/PA, Primeira Turma,
Rel. Ministro Sérgio Kukina, DJe 12/03/2015. 2. Agravo interno não
provido. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1670672/RJ, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 30/11/2017.

Em voto vencido, adotando posição contrária, o ministro Napoleão Nunes Maia


Filho registrou:

“A questão que se impõe é a seguinte: o bem de família pode ser


arrolado para garantia desse ressarcimento? Penso que as exceções,
a impenhorabilidade ou a impossibilidade de arrecadar, está regida
pela Lei 8.009⁄90, que diz que a impenhorabilidade é oponível em
qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista
ou de outra natureza, salvo se movido [aqui vem a exceção] por ter
sido adquirido como produto de crime ou para execução de sentença
penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento
de bens. Entendo que somente no caso de ter sido adquirido como
produto de crime, é que se pode excepcionar a impenhorabilidade
do bem de família. E mais, ainda que seja adquirido como produto
de ato ímprobo, penso que não está na exceção. Crime é crime.
Ato ímprobo é ato ímprobo. É outra infração. Há cinco exceções à
impenhorabilidade. O caso de ressarcimento de dano ao erário por ato
ímprobo não cabe, ao meu sentir, em nenhuma das exceções do art.
3º, da Lei Sarney. Se refletirmos sobre esse tema, teremos de tomar
uma nova posição, nem que seja ratificando o que está decidido. Mas
a orientação de arrecadar bens de família, fora das exceções que a
Lei Sarney prevê, talvez não seja uma orientação compatível com o
espírito do nosso tempo. Talvez devamos respeitar mais os direitos
humanos, os direitos fundamentais, a família e outros institutos e
instituições que têm merecido, ao longo dos anos, abono judicial”.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.
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48 – QUESTÃO:

De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a opção incorreta:

a) As regras de prescrição em improbidade administrativa aplicáveis aos particulares que


participam do ato ímprobo são as mesmas do agente público também envolvido.
b) Em caso de ação de improbidade administrativa que envolva dois ou mais réus, o prazo
prescricional de 5 anos previsto no art. 23 da Lei nº 8.429/92 deve ser contado de forma
individual, haja vista a natureza subjetiva da pretensão sancionatória.
c) Inexiste prescrição intercorrente no âmbito das ações de improbidade administrativa.
d) São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato
doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.
e) Nas ações civis por ato de improbidade administrativa, o prazo prescricional é
interrompido com a efetivação da citação do réu.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- TEMA: 1. Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992).

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Alternativa correta, nos exatos termos da súmula 634 do STJ.

O art. 23 da Lei nº 8.429/92 não previu expressamente as regras de prescrição


para o terceiro (particular) que participa do ato de improbidade administrativa em conjunto
com o agente público.

Todavia, a súmula 634 do STJ dispôs sobre o assunto, fixando o entendimento de


que “ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na Lei de Improbidade
Administrativa para o agente público”.

Súmula 634 do STJ: Ao particular aplica-se o mesmo regime


prescricional previsto na Lei de Improbidade Administrativa para
o agente público. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/06/2019, DJe
17/06/2019.

Alternativa B: Alternativa correta, nos termos da jurisprudência do STJ.

Em razão da natureza subjetiva da pretensão sancionatória e do instituto da


prescrição, o prazo prescricional deve ser contabilizado de forma individual, ainda na
hipótese de concurso de agentes.
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Vejamos o julgado:

RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE. PRESCRIÇÃO.


CONCURSO DE AGENTES. PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL.
TERMO INICIAL. ART. 23, I, DA LEI N. 8.429/1992. TÉRMINO DO
MANDATO. CONTAGEM INDIVIDUALIZADA. 1. A jurisprudência desta
Corte pacificou o entendimento de que o prazo de prescrição na
ação de improbidade é quinquenal, nos termos do que dispõe o
art. 23, I, da Lei n. 8.429/1992. 2. Mencionado dispositivo é claro
no sentido de que o início do prazo prescricional ocorre com o
término do exercício do mandato ou cargo em comissão, sendo
tal prazo computado individualmente, mesmo na hipótese de
concurso de agentes, haja vista a própria natureza subjetiva da
pretensão sancionatória e do instituto em tela. Precedentes.
3. Acórdão recorrido que se coaduna com a jurisprudência desta
Corte de Justiça. 4. A divergência jurisprudencial apontada não
foi comprovada nos moldes exigidos nos arts. 541, parágrafo
único, do Código de Processo Civil e 255, § 2º, do Regimento Interno
do STJ, uma vez que o recorrente apenas transcreveu as ementas
dos julgados que entendeu favoráveis à sua tese, sem realizar o
necessário cotejo analítico entre a fundamentação contida nos
precedentes invocados como paradigmas e no aresto impugnado.
5. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, não
provido. STJ. 2ª Turma. REsp 1230550/PR, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 20/02/2018.

Alternativa C: Alternativa correta, pois o artigo 23 da Lei 8.429/1992, que regula


o prazo prescricional para propositura da ação de improbidade administrativa, não possui
comando a permitir a aplicação da prescrição intercorrente nos casos de sentença proferidas
há mais de 5 (cinco) anos do ajuizamento ou do ato citatório na demanda.

O STJ sedimentou entendimento neste sentido:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DESVIO DE DINHEIRO. ART. 23, I E II,
DA LEI 8.429/1992. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. NÃO OCORRÊNCIA.
ELEMENTO SUBJETIVO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULA 282/STF. PARTICIPAÇÃO NO ATO ÍMPROBO. ALTERAÇÃO
DAS PREMISSAS FÁTICAS. SÚMULA 7/STJ. COMINAÇÃO DAS
SANÇÕES. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. DOSIMETRIA. ART. 12
DA LIA. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. INOBSERVÂNCIA DAS EXIGÊNCIAS
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LEGAIS E REGIMENTAIS. 1. O art. 23 da Lei 8.429/1992, que regula
o prazo prescricional para propositura da ação de improbidade
administrativa, não possui comando a permitir a aplicação da
prescrição intercorrente nos casos de sentença proferidas há mais
de 5 (cinco) anos do ajuizamento ou do ato citatório na demanda.
Precedente. 2. É inadmissível o recurso especial quanto a questão não
decidida pelo Tribunal de origem, por falta de prequestionamento
(Súmula 282/STJ). 3. Inviável a modificação das premissas fáticas
estabelecidas pela instância ordinária, referente à participação da
recorrente na consecução e proveito do ato ímprobo, por demandar
o reexame de provas (Súmula 7/STJ). 4. Cada inciso do art. 12 da
Lei 8.429/1992 traz uma pluralidade de sanções, que podem ser
aplicadas cumulativamente ou não, ainda que o ato de improbidade
tenha sido praticado em concurso de agentes. Precedentes do
STJ. 5. Não havendo violação aos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, modificar o quantitativo da sanção aplicada
pela instância de origem, no caso concreto, enseja reapreciação
dos fatos e provas, obstado nesta instância especial (Súmula 7/
STJ). 6. A ausência de cotejo analítico, bem como de similitude das
circunstâncias fáticas e do direito aplicado nos acórdãos recorrido
e paradigmas, impede o conhecimento do recurso especial pela
hipótese da alínea “c” do permissivo constitucional. 7. Recurso
especial parcialmente conhecido e não provido.

Alternativa D: O Supremo Tribunal Federal, ao fazer análise da previsão contida


no artigo 37, §5º, da CF, fixou o entendimento de que são imprescritíveis as ações de
ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade
Administrativa.

Art. 37 da CF:
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão
dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados
por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao
erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

Agravo regimental nos embargos de declaração em recurso


extraordinário com agravo. 2. Direito Constitucional e Administrativo.
3. Ação de Improbidade Administrativa. Ressarcimento ao erário.
Imprescritibilidade. Art. 37, §5º, do texto constitucional. Tema 897.
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São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na
prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.
4. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada.
Impossibilidade de reexame do acervo probatório. Súmula 279 do
STF. Precedentes. 5. Agravo regimental a que se nega provimento.
Sem majoração da verba honorária. STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel.
orig. Min. Alexandre de Moraes, Rel. para acórdão Min. Edson Fachin,
julgado em 08/08/2018.

Registre-se que a tese vencedora no STF fez uma exigência não existente na CF,
qual seja: somente serão imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário decorrentes da
prática de ATO DOLOSO tipificado na LIA. Assim, se o ato de improbidade administrativa que
causou prejuízo ao erário for de natureza CULPOSA, a ação de ressarcimento será prescritível
e deverá ser proposta no prazo do artigo 23 da LIA.

Necessário pontuar, ainda, que segundo entendimento do STF, o § 5º do artigo


37 da CF se refere apenas aos casos de improbidade administrativa, face à interpretação
conjunta com o §4º do mesmo artigo, não abrangendo, portanto, ações de ressarcimento
decorrentes de outros ilícitos civis (Vale a pena conferir: STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 03/02/2016 - repercussão geral).

Alternativa E: De acordo com o entendimento do STJ, “nas ações civis por ato de
improbidade administrativa, interrompe-se a prescrição da pretensão condenatória com o
mero ajuizamento da ação dentro do prazo de cinco anos contado a partir do término do
exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança, ainda que a citação
do réu seja efetivada após esse prazo”.

Assim, o prazo prescricional é interrompido com o mero ajuizamento da ação


dentro do prazo de cinco anos e não com a efetivação da citação do réu.

Ressalte-se que a eventual demora na citação do réu não prejudica a pretensão


condenatória da parte autora.

Vejamos o julgado:

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. INTERRUPÇÃO


DO PRAZO PRESCRICIONAL NAS AÇÕES DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. Nas ações civis por ato de improbidade
administrativa, interrompe-se a prescrição da pretensão
condenatória com o mero ajuizamento da ação dentro do prazo de
cinco anos contado a partir do término do exercício de mandato, de
cargo em comissão ou de função de confiança, ainda que a citação
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do réu seja efetivada após esse prazo. Se a ação de improbidade foi
ajuizada dentro do prazo prescricional, eventual demora na citação
do réu não prejudica a pretensão condenatória da parte autora. Assim,
à luz do princípio da especialidade e em observância ao que dispõe
o art. 23, I, da Lei 8.429/1992, o tempo transcorrido até a citação do
réu, nas ações de improbidade, que já é amplo em razão do próprio
procedimento estabelecido para o trâmite da ação, não justifica o
acolhimento da arguição de prescrição, uma vez que o ajuizamento
da ação de improbidade, à luz do princípio da actio nata, já tem o
condão de interrompê-la. STJ. 2ª Turma. REsp 1391212-PE, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 2/9/2014.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

49 – QUESTÃO:

De acordo com o artigo 11 da Lei nº 8.429/92, constitui ato de improbidade administrativa


que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que
viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições,
exceto:

a) Celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância


das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie.
b) Deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo.
c) Revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva
divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço.
d) Descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de
parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas.
e) Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- TEMA: 1. Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992).

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Esta hipótese NÃO se encontra prevista no artigo 11 da LIA que


dispõe sobre algumas situações que constituem ato de improbidade administrativa que
atentam contra os princípios da administração pública.

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Na verdade, está prevista no artigo 10 da LIA que dispõe sobre as situações que
constituem ato de improbidade administrativa que causam lesão ao erário público.

Vejamos:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa


lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que
enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente:
(...)
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades
privadas sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;

Alternativa B: Alternativa correta, de acordo com previsão legal. Vejamos:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta


contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
(...)
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

Alternativa C: Alternativa correta, de acordo com previsão legal. Vejamos:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta


contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
(...)
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro,
antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou
econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.

Alternativa D: Alternativa correta, de acordo com previsão legal. Vejamos:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta


contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
(...)
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VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e
aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração
pública com entidades privadas.

Alternativa E: Alternativa correta, de acordo com previsão legal. Vejamos:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta


contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
(...)
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

50 – QUESTÃO:

Com base na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 e na jurisprudência dos Tribunais


Superiores, é incorreto afirmar:

a) A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de


improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública.
b) O membro vitalício do Ministério Público somente perderá o cargo por sentença judicial
transitada em julgado, proferida em ação civil própria, não sendo possível a imposição da
sanção de perda de cargo em seu desfavor no âmbito de ação de improbidade.
c) Os notários e registradores estão abrangidos no amplo conceito de “agentes públicos”,
na categoria dos “particulares em colaboração com a Administração”e se sujeitam à
incidência da Lei nº 8.429/1992.
d) Não é possível a propositura de ação de improbidade exclusivamente contra o
particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda.
e) Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos
a duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização
civil pelos atos de improbidade administrativa quanto à responsabilização político-
administrativa por crimes de responsabilidade.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- TEMA: 1. Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992).

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Trata-se de caso concreto que foi apreciado pelo STJ.


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Na oportunidade, o Tribunal Superior destacou a importância de aferir se dentre
os bens violados pelo agente público existia algum vinculado ao interesse público, para fins
de responsabilização por ato de improbidade.

Ressaltou-se que a violência policial arbitrária não é ato apenas contra o


particular-vítima, mas sim contra a própria Administração Pública, ferindo suas bases de
legitimidade e respeitabilidade.

Ademais, no caso do policial, ao descumprir com suas obrigações legais e


constitucionais de forma frontal, mais que atentar apenas contra um indivíduo, atinge
toda a coletividade e a própria corporação a que pertence de forma imediata, restando
claro a prática de ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública por ter violado os deveres de lealdade às instituições.

Vejamos o julgado:

DIREITO ADMINISTRATIVO. CARACTERIZAÇÃO DE TORTURA COMO ATO


DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. A tortura de preso custodiado
em delegacia praticada por policial constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração
pública. O legislador estabeleceu premissa que deve orientar o
agente público em toda a sua atividade, a saber: “Art. 4° Os agentes
públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela
estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos”. Em
reforço, o art. 11, I, da mesma lei, reitera que configura improbidade
a violação a quaisquer princípios da administração, bem como a
deslealdade às instituições, notadamente a prática de ato visando a
fim proibido em lei ou regulamento. Tais disposições evidenciam que
o legislador teve preocupação redobrada em estabelecer que a grave
desobediência - por parte de agentes públicos - ao sistema normativo
em vigor pode significar ato de improbidade. Com base nessas
premissas, a Segunda Turma já teve oportunidade de decidir que “A
Lei 8.429/1992 objetiva coibir, punir e afastar da atividade pública
todos os agentes que demonstraram pouco apreço pelo princípio da
juridicidade, denotando uma degeneração de caráter incompatível
com a natureza da atividade desenvolvida” (REsp 1.297.021-PR, DJe
20/11/2013). É certo que o STJ, em alguns momentos, mitiga a rigidez
da interpretação literal dos dispositivos acima, porque “não se pode
confundir improbidade com simples ilegalidade. A improbidade
é ilegalidade tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo da
conduta do agente. Por isso mesmo, a jurisprudência do STJ considera
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indispensável, para a caracterização de improbidade, que a conduta
do agente seja dolosa, para a tipificação das condutas descritas
nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/92, ou pelo menos eivada de culpa
grave, nas do artigo 10” (AIA 30-AM, Corte Especial, DJe 28/9/2011).
A referida mitigação, entretanto, ocorre apenas naqueles casos sem
gravidade, sem densidade jurídica relevante e sem demonstração do
elemento subjetivo. De qualquer maneira, a detida análise da Lei n.
8.429/1992 demonstra que o legislador, ao dispor sobre o assunto,
não determinou expressamente quais seriam as vítimas mediatas ou
imediatas da atividade desonesta para fins de configuração do ato
como ímprobo. Impôs, sim, que o agente público respeite o sistema
jurídico em vigor e o bem comum, que é o fim último da Administração
Pública. Essa ausência de menção explícita certamente decorre da
compreensão de que o ato ímprobo é, muitas vezes, um fenômeno
pluriofensivo, ou seja, ele pode atingir bens jurídicos diversos.
Ocorre que o ato que apenas atingir bem privado e individual jamais
terá a qualificação de ímprobo, nos termos do ordenamento em
vigor. O mesmo não ocorre, entretanto, com o ato que atingir bem/
interesse privado e público ao mesmo tempo. Aqui, sim, haverá
potencial ocorrência de ato de improbidade. Por isso, o primordial é
verificar se, dentre todos os bens atingidos pela postura do agente,
existe algum que seja vinculado ao interesse e ao bem público. Se
assim for, como consequência imediata, a Administração Pública
será vulnerada de forma concomitante. No caso em análise, trata-se
de discussão sobre séria arbitrariedade praticada por policial, que,
em tese, pode ter significado gravíssimo atentado contra direitos
humanos. Com efeito, o respeito aos direitos fundamentais, para
além de mera acepção individual, é fundamento da nossa República,
conforme o art. 1º, III, da CF, e é objeto de preocupação permanente
da Administração Pública, de maneira geral. De tão importante,
a prevalência dos direitos humanos, na forma em que disposta no
inciso II do art. 4º da CF, é vetor de regência da República Federativa
do Brasil nas suas relações internacionais. Não por outra razão,
inúmeros são os tratados e convenções assinados pelo nosso Estado
a respeito do tema. Dentre vários, lembra-se a Convenção Americana
de Direito Humanos (promulgada pelo Decreto n. 678/1992), que
já no seu art. 1º, dispõe explicitamente que os Estados signatários
são obrigados a respeitar as liberdades públicas. E, de forma mais
eloquente, os arts. 5º e 7º da referida convenção reforçam as suas
disposições introdutórias ao prever, respectivamente, o “Direito
à integridade pessoal” e o “Direito à liberdade pessoal”. A essas
previsões, é oportuno ressaltar que o art. 144 da CF é taxativo sobre
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as atribuições gerais das forças de segurança na missão de proteger
os direitos e garantias acima citados. Além do mais, é injustificável
pretender que os atos mais gravosos à dignidade da pessoa humana
e aos direitos humanos, entre os quais a tortura, praticados por
servidores públicos, mormente policiais armados, sejam punidos
apenas no âmbito disciplinar, civil e penal, afastando-se a aplicação
da Lei da Improbidade Administrativa. Essas práticas ofendem
diretamente a Administração Pública, porque o Estado brasileiro
tem a obrigação de garantir a integridade física, psíquica e moral
de todos, sob pena de inúmeros reflexos jurídicos, inclusive na
ordem internacional. Pondere-se que o agente público incumbido
da missão de garantir o respeito à ordem pública, como é o caso do
policial, ao descumprir com suas obrigações legais e constitucionais
de forma frontal, mais que atentar apenas contra um indivíduo,
atinge toda a coletividade e a própria corporação a que pertence de
forma imediata. Ademais, pertinente reforçar que o legislador, ao
prever que constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de lealdade às instituições, findou
por tornar de interesse público, e da própria Administração em si, a
proteção da imagem e das atribuições dos entes/entidades públicas.
Disso resulta que qualquer atividade atentatória a esse bem por
parte de agentes públicos tem a potencialidade de ser considerada
como improbidade administrativa. Afora isso, a tortura perpetrada
por policiais contra presos mantidos sob a sua custódia tem outro
reflexo jurídico imediato. Ao agir de tal forma, o agente público cria,
de maneira praticamente automática, obrigação ao Estado, que é o
dever de indenizar, nos termos do art. 37, § 6º, da CF. Na hipótese
em análise, o ato ímprobo caracteriza-se quando se constata que a
vítima foi torturada em instalação pública, ou melhor, em delegacia
de polícia. Por fim, violência policial arbitrária não é ato apenas
contra o particular-vítima, mas sim contra a própria Administração
Pública, ferindo suas bases de legitimidade e respeitabilidade. Tanto
é assim que essas condutas são tipificadas, entre outros estatutos, no
art. 322 do CP, que integra o Capítulo I (“Dos Crimes Praticados por
Funcionário Público contra a Administração Pública”), que por sua
vez está inserido no Título XI (“Dos Crimes contra a Administração
Pública”), e também nos arts. 3º e 4º da Lei n. 4.898/1965, que trata
do abuso de autoridade. Em síntese, atentado à vida e à liberdade
individual de particulares, praticado por agentes públicos armados -
incluindo tortura, prisão ilegal e “justiciamento” -, afora repercussões
nas esferas penal, civil e disciplinar, pode configurar improbidade
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administrativa, porque, além de atingir a pessoa-vítima, alcança,
simultaneamente, interesses caros à Administração em geral, às
instituições de segurança pública em especial, e ao próprio Estado
Democrático de Direito. Precedente citado: REsp 1.081.743-MG,
Segunda Turma, julgado em 24/3/2015. STJ. 1ª Seção. REsp 1177910-
SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/8/2015.

Alternativa B: Inicialmente, necessário o registro do disposto na LC n 75/93 e Lei


n 8.625/93.

Art. 17 da LC 75/93. Os membros do Ministério Público da União


gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, após dois anos de efetivo exercício, não podendo
perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado;

Art. 38. Os membros do Ministério Público sujeitam-se a regime


jurídico especial e têm as seguintes garantias:
I - vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o
cargo senão por sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público;
III - irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à
remuneração, o disposto na Constituição Federal.
§ 1º O membro vitalício do Ministério Público somente perderá o
cargo por sentença judicial transitada em julgado, proferida em ação
civil própria, nos seguintes casos:
I - prática de crime incompatível com o exercício do cargo, após
decisão judicial transitada em julgado;
II - exercício da advocacia;
III - abandono do cargo por prazo superior a trinta dias corridos.
§ 2º A ação civil para a decretação da perda do cargo será proposta
pelo Procurador-Geral de Justiça perante o Tribunal de Justiça
local, após autorização do Colégio de Procuradores, na forma da Lei
Orgânica.

Em razão das previsões legais acima destacadas surgiu o questionamento da


possibilidade de ser imposta sanção de perda de cargo ao membro do MP por decorrência
da prática de ato de improbidade administrativa.

Esta situação chegou ao STJ e o tribunal decidiu que:

“(...) o fato de a LC 75/1993 e a Lei 8.625/1993 preverem a garantia da


vitaliciedade aos membros do MP e a necessidade de ação judicial
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para aplicação da pena de demissão não induz à conclusão de que
estes não podem perder o cargo em razão de sentença proferida na
ação civil pública por ato de improbidade administrativa. (…) Nesse
sentido, a ação civil específica acima mencionada em nada interfere
nas disposições da Lei 8.429/1992, até mesmo porque o § 2º do art.
2º do Decreto-Lei 4.657/1942 (LINDB) dispõe que: “A lei nova, que
estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes,
não revoga nem modifica a lei anterior”.

Desta forma, observa-se que:

“Não há somente uma única via processual adequada à aplicação da


pena de perda do cargo a membro do MP. Assim, a demissão ou perda
do cargo por ato de improbidade administrativa (art. 240, V, “b”, da
LC 75/1993) não só pode ser determinada por sentença condenatória
transitada em julgado em ação específica, cujo ajuizamento deve ser
provocado por procedimento administrativo e é da competência do
Procurador-Geral, conforme se extrai da Lei 8.429/1992, c/c com o
parágrafo único do art. 208 da LC 75/1993, como também pode ocorrer
em decorrência do trânsito em julgado da sentença condenatória
proferida em ação civil pública prevista na Lei 8.429/1992”.

Vejamos o julgado:

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. APLICAÇÃO DA


PENA DE PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA A MEMBRO DO MP EM AÇÃO DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. É possível, no âmbito de ação civil
pública de improbidade administrativa, a condenação de membro
do Ministério Público à pena de perda da função pública prevista
no art. 12 da Lei 8.429/1992. Inicialmente, deve-se consignar que é
pacífico o entendimento jurisprudencial do STJ no sentido de que a
Lei 8.429/1992 é aplicável aos agentes políticos, dentre os quais se
incluem os magistrados e promotores (REsp 1.249.531-RN, Segunda
Turma, DJe 5/12/2012; REsp 1.205.562-RS, Primeira Turma, DJe
17/2/2012; e AIA 30-AM, Corte Especial, DJe 28/9/2011). O fato de a
LC 75/1993 e a Lei 8.625/1993 preverem a garantia da vitaliciedade
aos membros do MP e a necessidade de ação judicial para aplicação
da pena de demissão não induz à conclusão de que estes não podem
perder o cargo em razão de sentença proferida na ação civil pública
por ato de improbidade administrativa. Isso porque, conquanto
a lei estabeleça a necessidade de ação judicial específica para a
aplicação da perda do cargo, as hipóteses previstas nas referidas
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normas dizem respeito a fatos apurados no âmbito administrativo,
daí porque se prevê a necessidade de autorização do Conselho
Superior do Ministério Público para o ajuizamento da ação judicial
(art. 57, XX, da LC 75/1993 e § 2º do art. 38 da Lei 8.625/1993). Nesse
sentido, a ação civil específica acima mencionada em nada interfere
nas disposições da Lei 8.429/1992, até mesmo porque o § 2º do art.
2º do Decreto-Lei 4.657/1942 (LINDB) dispõe que: “A lei nova, que
estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes,
não revoga nem modifica a lei anterior”. Com efeito, a previsão
legal de que o Procurador-Geral de Justiça ou o Procurador-Geral da
República ajuizará ação civil específica para a aplicação da pena de
demissão ou perda do cargo, nos casos elencados na lei, dentre os
quais se destacam a prática de crimes e os atos de improbidade, não
obsta que o legislador ordinário, cumprindo o mandamento do § 4º
do art. 37 da CF, estabeleça a pena de perda do cargo do membro
do MP quando comprovada a prática de ato ímprobo, em ação
civil pública própria para sua constatação. Na legislação aplicável
aos membros do MP, asseguram-se à instituição as providências
cabíveis para sancionar o agente comprovadamente ímprobo e,
nos exatos termos das garantias que prevê, exige o ajuizamento de
ação judicial específica para tanto. Na nominada Lei de Improbidade
Administrativa (Lei 8.429/1992), o legislador amplia a legitimação
ativa, ao prever que a ação será proposta “pelo Ministério Público
ou pela pessoa jurídica interessada” (art. 17). Não há, portanto,
competência exclusiva do Procurador-Geral. Dessa forma, não há
somente uma única via processual adequada à aplicação da pena
de perda do cargo a membro do MP. Assim, a demissão ou perda do
cargo por ato de improbidade administrativa (art. 240, V, “b”, da LC
75/1993) não só pode ser determinada por sentença condenatória
transitada em julgado em ação específica, cujo ajuizamento deve ser
provocado por procedimento administrativo e é da competência do
Procurador-Geral, conforme se extrai da Lei 8.429/1992, c/c com o
parágrafo único do art. 208 da LC 75/1993, como também pode ocorrer
em decorrência do trânsito em julgado da sentença condenatória
proferida em ação civil pública prevista na Lei 8.429/1992. Essa
conclusão é decorrência lógica do comando inserto no caput
do art. 12 da Lei 8.429/1992: “Independentemente das sanções
penais, civis e administrativas previstas na legislação específica,
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente,
de acordo com a gravidade do fato”. STJ. 1ª Turma. REsp 1191613-
MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 19/3/2015.
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Alternativa C: A alternativa está correta, nos exatos termos da jurisprudência do
STJ.

O julgado abaixo elenca vários aspectos que se revelam suficientes a justificar


a inclusão dos notários e registradores, como “agentes públicos” que são, no campo de
incidência da Lei nº 8.429⁄1992.

Vejamos o julgado:

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. RECURSO


ESPECIAL INTERPOSTO PELA RÉ. AÇÃO MOVIDA CONTRA TABELIÃ DE
OFÍCIO DE NOTAS, POR ALEGADA AUSÊNCIA DE REPASSE, A TEMPO E
MODO, DE QUANTIA REFERENTE À TAXA DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA
DEVIDA À FAZENDA ESTADUAL. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO AUTORAL
EM PRIMEIRA INSTÂNCIA E CONFIRMAÇÃO EM GRAU DE APELAÇÃO.
DIVERGÊNCIA PRETORIANA INDEMONSTRADA. NOTÁRIOS E
REGISTRADORES DE SERVENTIAS NÃO OFICIALIZADAS. SUBMISSÃO À
LEI Nº 8.429⁄1992. SIMULTÂNEA CARACTERIZAÇÃO, NA ESPÉCIE, DAS
CONDUTAS ÍMPROBAS DE ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, DE DANO AO
ERÁRIO E DE VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO NÃO IMPUGNADO NO RECURSO ESPECIAL,
O QUE ATRAI A SÚMULA 283⁄STF. INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS CÍVEL,
PENAL E ADMINISTRATIVA. DOSIMETRIA. PROPORCIONALIDADE
E RAZOABILIDADE. MANUTENÇÃO DAS SANÇÕES IMPOSTAS EM
PRIMEIRA INSTÂNCIA E CONFIRMADAS EM APELAÇÃO. RECURSO
DESPROVIDO. 1. O dissídio jurisprudencial não foi comprovado na
forma exigida pelos arts. 541, parágrafo único, do CPC e 255, §§ 1º e
2º, do RISTJ, pois o paradigma colacionado refere-se a julgado que
não guarda similitude fática com o tema em exame. 2. Consoante a
jurisprudência do STJ e a doutrina pátria, notários e registradores
estão abrangidos no amplo conceito de “agentes públicos”, na
categoria dos “particulares em colaboração com a Administração”.
3. A Lei nº 8.935⁄1994 (Lei dos Cartórios), que regulamentou o art.
236 da CF, dentre outros aspectos, reforça a indispensabilidade da
habilitação em concurso público de provas e títulos para o ingresso
na atividade (art. 14, I); assenta a incompatibilidade das funções
notariais e de registro com a advocacia, a intermediação de seus
serviços e o exercício de qualquer cargo, emprego ou função públicos,
ainda que em comissão (art. 25); bem como dispõe que a perda da
delegação dependerá de sentença judicial transitada em julgado ou
de decisão decorrente de processo administrativo instaurado pelo
juízo competente, assegurado amplo direito de defesa (art. 35, I e
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II). 4. A partir do art. 236 da CF e de sua regulamentação pela Lei nº
8.935⁄1994, a jurisprudência pátria tem consignado a legalidade da
ampla fiscalização e controle das atividades cartoriais pelo Poder
Judiciário (RMS 23.945⁄PB, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, julgado em 20⁄8⁄2009, DJe 27⁄8⁄2009), bem como a natureza
pública dessas atividades, apesar de exercidas em caráter privado,
por delegação do Poder Público (ADI 1.378-MC, Rel. Ministro Celso
de Mello, Tribunal Pleno, julgada em 30⁄11⁄1995; ADI 3.151, Rel.
Ministro Ayres Britto, Tribunal Pleno, julgada em 8⁄6⁄2005). 5. Ainda
na esteira da jurisprudência pátria, os emolumentos percebidos
pelos serviços notariais e registrais se qualificam como tributos,
na modalidade de taxas remuneratórias de serviços públicos (ADI
2.129-MC, Rel. Ministro Eros Grau, Tribunal Pleno, julgada em
10⁄5⁄2000; ADI 1378-MC, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno,
julgada em 30⁄11⁄1995; REsp 1.181.417⁄SC, Rel. Ministro Humberto
Martins, Segunda Turma, julgado em 19⁄8⁄2010, DJe 3⁄9⁄2010). 6.
Os aspectos acima elencados revelam-se suficientes a justificar
a inclusão dos notários e registradores, como “agentes públicos”
que são, no campo de incidência da Lei nº 8.429⁄1992. 7. Consoante
desponta do arcabouço fático delineado no acórdão, sobre o qual
não há controvérsia, restou claramente demonstrado que a “a ré,
na qualidade de Tabeliã do 7º ofício de Notas da Comarca de Belo
Horizonte, indevidamente, deixou de recolher os valores referentes
à Taxa de Fiscalização Judiciária, devidos à Fazenda Pública
Estadual, descumprindo o preceito contido no artigo 8º, § 3º, da Lei
Estadual 12.727⁄97, com redação dada pela Lei nº 13.438⁄99”. Esse
proceder, que resultou na apropriação indevida de R$ 926.429,71,
configurou, a um só tempo, “violação dos deveres de moralidade
e legalidade, bem como [...] lesão ao erário e [...] enriquecimento
ilícito”. Entendimento que não merece reparos. 8. Demais disso, o
recurso especial não impugnou fundamento que ampara o acórdão
recorrido, qual seja, o de que a conduta da insurgente implicou
violação aos deveres de moralidade e legalidade, o que deu ensejo
à sua condenação com base no art. 11 da LIA. Súmula 283⁄STF. 9. O
Superior Tribunal de Justiça firmou a compreensão de que as esferas
cível, administrativa e penal são independentes, com exceção dos
casos de absolvição, no processo criminal, por afirmada inexistência
do fato ou inocorrência de autoria. 10. As razões do recurso especial
não lograram demonstrar que, na espécie, as sanções aplicadas,
no patamar mínimo estabelecido no art. 12, I, da Lei nº 8.429⁄1992,
devessem ser decotadas porque desproporcionais ou irrazoáveis. 11.
Recurso especial desprovido, mantidas as reprimendas já fixadas na
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sentença e confirmadas em apelação. STJ. 1ª Turma. REsp 1186787/
MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 24/04/2014.

Alternativa D: De acordo com o entendimento do STJ, é inviável o ajuizamento


de ação de improbidade administrativa exclusivamente em face de particular, sem a
concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda, tendo em vista que
o artigo 3 da LIA, nas três hipóteses em que descreve a possibilidade de responsabilização
do particular, vincula-o sempre a ato praticado por agente público, restando incabível,
portanto, a propositura da ação em desfavor apenas do particular.

Vejamos o julgado:

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AJUIZADA APENAS EM FACE DE
PARTICULAR. Não é possível o ajuizamento de ação de improbidade
administrativa exclusivamente em face de particular, sem a
concomitante presença de agente público no polo passivo da
demanda. De início, ressalta-se que os particulares estão sujeitos
aos ditames da Lei 8.429/1992 (LIA), não sendo, portanto, o conceito
de sujeito ativo do ato de improbidade restrito aos agentes públicos.
Entretanto, analisando-se o art. 3º da LIA, observa-se que o particular
será incurso nas sanções decorrentes do ato ímprobo nas seguintes
circunstâncias: a) induzir, ou seja, incutir no agente público o estado
mental tendente à prática do ilícito; b) concorrer juntamente com
o agente público para a prática do ato; e c) quando se beneficiar,
direta ou indiretamente do ato ilícito praticado pelo agente público.
Diante disso, é inviável o manejo da ação civil de improbidade
exclusivamente contra o particular. Precedentes citados: REsp
896.044-PA, Segunda Turma, DJe 19/4/2011; REsp 1.181.300-PA,
Segunda Turma, DJe 24/9/2010. STJ. 1ª Turma. REsp 1171017-PA,
Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 25/2/2014.

Alternativa E: De acordo com o STJ, apenas o Presidente da República não estaria


sujeito ao duplo regime sancionatório (responsabilização civil e político-administrativa),
em razão da previsão contida no artigo 85, inciso V, da CF, não aplicável aos demais agentes
públicos, que dispõe que configura crime de responsabilidade o ato do Presidente da
República que atente contra a probidade na administração.

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente


da República que atentem contra a Constituição Federal e,
especialmente, contra:
I - a existência da União;
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II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do
Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da
Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que
estabelecerá as normas de processo e julgamento.

Ressalte-se, ainda, a parte do julgado que consigna que “o foro especial por
prerrogativa de função previsto na Constituição Federal em relação às infrações penais
comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa, de natureza civil”.

Vejamos o julgado:

Ementa: Direito Constitucional. Agravo Regimental em Petição.


Sujeição dos Agentes Políticos a Duplo Regime Sancionatório em
Matéria de Improbidade. Impossibilidade de Extensão do Foro por
Prerrogativa de Função à Ação de Improbidade Administrativa.
1. Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República,
encontram-se sujeitos a um duplo regime sancionatório, de modo
que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de
improbidade administrativa, quanto à responsabilização político-
administrativa por crimes de responsabilidade. Não há qualquer
impedimento à concorrência de esferas de responsabilização
distintas, de modo que carece de fundamento constitucional a
tentativa de imunizar os agentes políticos das sanções da ação
de improbidade administrativa, a pretexto de que estas seriam
absorvidas pelo crime de responsabilidade. A única exceção ao duplo
regime sancionatório em matéria de improbidade se refere aos atos
praticados pelo Presidente da República, conforme previsão do art.
85, V, da Constituição. 2. O foro especial por prerrogativa de função
previsto na Constituição Federal em relação às infrações penais
comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa,
de natureza civil. Em primeiro lugar, o foro privilegiado é destinado
a abarcar apenas as infrações penais. A suposta gravidade das
sanções previstas no art. 37, § 4º, da Constituição, não reveste a
ação de improbidade administrativa de natureza penal. Em segundo
lugar, o foro privilegiado submete-se a regime de direito estrito, já
que representa exceção aos princípios estruturantes da igualdade
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e da república. Não comporta, portanto, ampliação a hipóteses
não expressamente previstas no texto constitucional. E isso
especialmente porque, na hipótese, não há lacuna constitucional,
mas legítima opção do poder constituinte originário em não instituir
foro privilegiado para o processo e julgamento de agentes políticos
pela prática de atos de improbidade na esfera civil. Por fim, a fixação
de competência para julgar a ação de improbidade no 1o grau de
jurisdição, além de constituir fórmula mais republicana, é atenta às
capacidades institucionais dos diferentes graus de jurisdição para
a realização da instrução processual, de modo a promover maior
eficiência no combate à corrupção e na proteção à moralidade
administrativa. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. STF.
Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min.
Roberto Barroso, julgado em 10/5/2018.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

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