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REVISÃO CRIMINAL

1 - CONCEPÇÃO E ORIGEM

1.1 - CONCEITO GERAL

A Revisão Criminal é um remédio jurídico cabível contra sentença penal


condenatória transitada em julgado. Seu objetivo é desconstituir a decisão
judicial em casos de erros judiciários graves, assegurando a justiça e a correção
do sistema penal. Tem natureza jurídica de ação penal constitutiva autônoma.
As hipóteses de cabimento são para erro de fato, erro de direito, descoberta de
nova prova, inconstitucionalidade da lei aplicada e violação de norma jurídica.

1.2 - CONCEITO NO DIREITO BRASILEIRO

É um instituto de extrema importância para o sistema legal brasileiro, pois


reconhece a possibilidade de falhas na justiça, tornando o processo mais eficaz,
com a oportunidade de correção de equívocos e injustiças.

1.3 - ORIGENS

As origens da Revisão Criminal remontam ao direito romano, onde existia


a “querela nullitatis”, que permitia a anulação de decisões judiciais em casos de
vícios insanáveis. No entanto, a Revisão Criminal como a conhecemos hoje,
surgiu no século XIX, na Europa, em um contexto de crescente preocupação
com os erros judiciários. No Brasil, a Revisão Criminal foi introduzida no Código
de Processo Penal em 1890, e desde então, vem sendo utilizada para corrigir
erros judiciários e garantir justiça.

2 - PRESSUPOSTOS DA REVISÃO CRIMINAL

2.1 - COISA JULGADA

A sentença condenatória precisa ter transitado em julgado, o que significa


que não cabe mais nenhum recurso contra ela. Isso garante a segurança jurídica
e evita a instabilidade das decisões judiciais.

2.2 – O ERRO JUDICIÁRIO

É necessário que se demonstre a existência de um erro judiciário que


tenha resultado na condenação injusta do réu. O erro pode ser de fato ou de
direito.

2.3 – ESTABILIDADE E JUSTIÇA

A aplicação da Revisão Criminal deve buscar um equilíbrio entre esses


dois princípios. O objetivo é garantir a justiça sem comprometer a segurança
jurídica.
3 – ESPÉCIES DE REVISÃO CRIMINAL

3.1 – REVISÃO “PRO REO”

A doutrina majoritária reconhece apenas uma espécie de revisão criminal,


que é a “pro reo”, em favor do condenado.

3.2 – REVISÃO “PRO SOCIETATE”

Em favor da sociedade, para corrigir erros judiciários que tenham


resultado em absolvições indevidas.
E ainda podemos citar a revisão “pro veritate”, que é em favor da verdade,
para corrigir erros judiciários em qualquer sentido, independentemente de
beneficiar ou prejudicar o condenado.

4 – NATUREZA JURÍDICA DA REVISÃO CRIMINAL

4.1 – REVISÃO COMO RECURSO

Seria um recurso especial cabível contra decisões condenatórias


transitadas em julgado. Possui procedimento semelhante aos dos recursos.

4.2 – REVISÃO COMO AÇÃO PENAL

É uma ação autônoma para impugnação de decisão judicial. Ela não se


submete aos prazos decadenciais dos recursos. A Revisão Criminal não ataca a
decisão em si, mas os fundamentos que a sustentam. Visa corrigir erros
judiciários, assim como as ações rescisórias.

4.3 – O CARÁTER MISTO DA REVISÃO CRIMINAL

A Revisão Criminal é um instrumento jurídico de natureza mista,


combinando características de um recurso e de uma ação autônoma.

4.4 – REVISÃO CRIMINAL COMO REMÉDIO EXTRAORDINÁRIO

Se configura por ser excepcional, pois só pode ser utilizada em casos de


erros judiciários graves, que resultem em condenações injustas. É subsidiária,
pois só pode ser utilizada após esgotamento de todos os outros recursos
cabíveis. É restrito, pois possui requisitos específicos para seu cabimento.

4.5 – REVISÃO COMO MEIO CONSTITUCIONAL DE IMPUGNAÇÃO DA


CONDENAÇÃO

A Revisão Criminal encontra fundamento no princípio da presunção da


inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal. Tem
previsão também no inciso LXXV do mesmo artigo, onde diz que o Estado
indenizará o condenado por erro judiciário. Ainda no artigo 5º, inciso XXXV, diz
que a Lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça à
direito.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE
DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RONDÔNIA.

JOÃO DA SILVA, brasileiro, solteiro, comerciante, residente e domiciliado


na Rua xxxxxxxxxxx, CPF xxx.xxx.xxx-xx, RG xxxxxx SESDEC RO, atualmente
recolhido junto ao presídio estadual, vem, respeitosamente, por meio desse
causídico, à presença de vossa excelência e, inconformado com a r. sentença
transitada em julgado da ação penal que o condenou pelo crime de homicídio
doloso qualificado, propor REVISÃO CRIMINAL, com fulcro no artigo 621, inciso
III do Código de Processo Penal, pelas razões de fatos e de direito a seguir
expostas.

I – SÍNTESE DOS FATOS

João da Silva resta condenado definitivamente, com trânsito em julgado


pela prática do crime de homicídio doloso qualificado, com uma pena a cumprir
de 18 anos de reclusão em regime fechado, eis que teria matado sua esposa.
Ocorre que agora, decorridos 3 (três) anos do trânsito em julgado, com o
condenado cumprindo pena privativa de liberdade, foi descoberto uma nova
prova que demonstra que a vítima estava com vida em outro local, no suposto
momento em que teria acontecido o crime cometido por João da Silva. Trata-se
de um vídeo de câmera de segurança, que demonstra a inocência do
condenado.

II – FUNDAMENTO JURÍDICOS

Com o surgimento dessa nova prova, injustiça pura é o que ocorre com o
autor, pois ele jamais cometeu o crime de homicídio. O vídeo de uma câmera de
segurança comprova que a vítima foi asfixiada por outra pessoa e em outro local.
Portanto, em razão da ação penal já ter transitado em julgado, o artigo 621, inciso
III do Código de Processo Penal, autoriza a revisão de processo findo, quando
após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado,
como ocorrido no caso, visto que agora há a prova documental com o vídeo de
uma câmera de segurança que demonstra que o autor não cometeu o crime.
Inexistindo o fato criminoso, é de rigor a absolvição do acusado, conforme
o artigo 386, inciso I c/c artigo 626, ambos do Código de Processo Penal.

III – PEDIDOS

Ante o exposto, requer que seja julgada procedente a presente ação


revisional, para que se absolva o revisionando, com fulcro nos artigos 386, I e
686, ambos do Código de Processo Penal.
Ademais, requer a expedição do respectivo alvará de soltura em seu favor,
bem como seja reconhecido o seu direito à indenização, a ser liquidada em
momento posterior (artigo 630, parágrafo 1º do Código de Processo Penal).

Nestes termos,
Pede deferimento

Porto Velho/RO

PHABLO PONTES COSTA


OAB RO XXXXX

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