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ESPI

Podemos definir de forma básica o Espiritismo como a prática de evocação dos


RITISM
mortos, e como tal já é uma prática bastante antiga, dos primórdios da humanidade.

Contudo, assim definida só surge no séc. XIX por Allan Kardec.

Contudo, foi em 1848 nos Estados-Unidos que duas irmãs, Margarida e Catarina

Fox, depois de ouvirem ruídos na casa onde habitavam, na tentativa de descobrir a sua

origem acabaram por estabelecer comunicação com um espírito. A difusão do fenómeno

foi tão grande que as irmãs Fox começaram a dar lições de comunicação espírita a

multidões. Mas já em 1847, surgiram duas obras de cariz de mediúnico nos Estados

Unidos e em França, e em 1856 Louis Alphonse publicava outra obra da mesma génese.

Assim, pelas mãos de Kardec é que o espiritismo se codifica como uma doutrina

de matriz religiosa. Depois de constatar a factualidade dos acontecimentos mediúnicos,

procurou a veracidade dos mesmos através de vários anos de estudo. Em 1855 estudou o

fenômeno das mesas gigantes e falantes, afirmando a teoria «da presença e atuação dos

espíritos ou almas dos falecidos nos movimentos das mesas, cestas e outros objetos» 1. E

em 1857 surge a obra mãe da doutrina espírita, O Livro dos Espíritos, onde Allan

Kardec resume os princípios da doutrina espírita pelas revelações de espíritos superiores

ao próprio Allan.

Desta forma, Allan Kardec pelas revelações diz ser-lhe revelada na sua missão e

a consequente missão do espiritismo. Pela passagem do Evangelho de S. João, onde

Jesus promete a vinda do Espírito de Verdade, Allan diz ter recebido desse mesmo

espírito a missão de transformar o mundo inteiro, para ele receber a verdade plena. Esta

transformação implica a unidade dos homens, o desaparecimento da Igreja, que segundo


1
Boaventura Kloppenburg, Espiritismo e Fé (São Paulo: Quadrante, 1988), 9.
Allan se deixou corromper pelo poder. Contudo, o espiritismo como recetor do Espírito

de Verdade, tem como base os Evangelhos, pois segundo o movimento é neles que o

Espírito é prometido.

Portanto, para entender a doutrina espírita é necessário fazer ponte com os

elementos fundamentais da fé cristã:

- Na doutrina espírita a Bíblia não é de inspiração divina, vale pelo seu valor

cultural. Apenas são recomendados o Decálogo do Antigo Testamento e os Evangelhos;

- Rejeita o dogma da Santíssima Trindade, defendo a unicidade de Deus num

todo, não dividido em três pessoas;

- Jesus não é entendido como um ser divino, nem como um ser humano. Entende

que o corpo de Jesus não era real e que Ele apenas recetor da segunda revelação;

- A redenção não se baseia na cristologia, mas antes na antropologia. Ou seja,

não é pela morte e ressurreição que o Homem se salva, mas por si próprio. Portanto, se

não é pelo sangue de Cristo que o Homem se salva é pelo seu aperfeiçoamento pessoal,

fruto do seu sacrifício e da sua dor, no próprio Homem está a salvação, segundo a

afirmação dos espíritos;

- Visto que é pelos seus próprios méritos que o Homem se salva, a reencarnação

na doutrina espírita constitui uma oportunidade dada por Deus para que o Homem se

possa salvar. Constitui, portanto, a máxima misericórdia divina que faz o Homem voltar

ao Estado da carne para se salvar por si próprio. Léon Tolstoi, um autor espírita, baseia-

se na parábola do Filho pródigo para desenvolver esta questão. Diz ele que o Pai e o

Filho para recomeçar tiveram de esquecer o passado e assim ele salvou-se. A

reencarnação constitui, portanto, o esquecimento do passado para uma oportunidade de

salvação;
- A imortalidade do espírito e a sua individualidade;

- Nem todos os espíritos encarnados podem comunicar com os espíritos

desencarnados, por isso existem médiuns, que são pessoas dotadas de capacidades

especiais para o estabelecimento dessa comunicação, reveladora da verdade. É uma

prática de adivinhação e orientação para a salvação;

- Para o espiritismo a caridade é o ponto chave para a salvação. Só é possível o

alcance pela perfeição, quando se perdoa a imperfeição do outro. Afirmam mesmo:

“Fora da caridade não há salvação;

- O corpo e o espírito são coisas distintas, mas só é possível a através do

elemento intermediário, perispírito.

Deste modo, podemos tratar o Espiritismo como uma tríade:

- O Espiritismo é uma ciência, visto que estuda os fenômenos mediúnicos de

foram intensa. Kardec dizia: “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem

e destino dos Espíritos, bem como das suas relações com o mundo corporal.”

- O Espiritismo é uma Filosofia, pois estuda o entendimento da realidade.

Kardec afirmava: “Ora, o Espiritismo, toca nas questões mais graves da Filosofia, em

todos os setores de ordem social.”

- O Espiritismo é uma religião na medida em pretendendo restaurar o Evangelho,

pelas bases fundamentais da religião, que transformam o Homem moralmente.

O movimento espírita foi adquirindo grande número de adeptos em todo o

mundo, mas é no Brasil que ele encontra o maior número de aderentes e, portanto, o

maior centro espírita do mundo.


Bibliografia Final

Kloppenburg, Boaventura. Espiritismo e Fé. São Paulo: Quadrante, 1988.

Rafael Cepa e João Pedro Santos

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