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MATERIAL DE APOIO

Disciplina: Direito Civil


Professor: Paulo Henrique
Aulas: 07 a 09 | Data: 25/11/2016

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

VÍCIOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS


1) Introdução
2) Vícios do consentimento
2.1) Erro ou ignorância
2.2) Coação
2.3) Dolo
2.4) Estado de perigo
2.5) Lesão
3) Vícios sociais
3.1) Fraude contra credores
3.2) Simulação

INVALIDADE OU NULIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS


1) Ato nulo e ato anulável
2) Confirmação
3) Convalescimento
4) Conversão do negócio jurídico
5) Negócio jurídico nulo e negócio jurídico anulável

EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO


1) Elementos acidentais
1.1) Condição
1.2) Termo
1.3) Encargo

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

Contatos do professor Paulo Henrique:


Cel (11) 98232-0469 – Instagram: @profpholiveira – e-mail: pholiveira@yahoo.com.br

O professor dará continuidade ao tema NEGÓCIOS JURÍDICOS; já foi abordado em aula anterior o seu conceito, os
planos de validade e existência, bem como sua forma (princípio da liberdade de forma).

ATENÇÃO = o professor explicou que ministrou aula sobre a Lei n° 8.212/91, normas aplicáveis aos funcionários
públicos, e retificou o prazo para ação disciplinar (prescricional para a Administração), no caso de SUSPENSÃO dito
equivocadamente como de 3 anos, sendo correto o PRAZO PRESCRICIONAL de 2 anos.

I. VÍCIOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS


1) Introdução
Vícios do consentimento = recaem sobre a formação da vontade.
a) Erro
b) Dolo

Intensivão TRE SP
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
c) Coação
d) Estado de perigo
e) Lesão

Vício sociais = não é a formação da vontade, mas sim a vontade das partes (intenção)
a) Fraude contra credores
b) Simulação

2) VÍCIOS DO CONSENTIMENTO
2.1) ERRO ou IGNORÂNCIA
Erro é a falsa realidade.
Ignorância é a falta de conhecimento.

Formas
Somente o erro substancial anula o negócio jurídico.
a) Substancial
b) Acidental
Erro substancial recai sobre
 Sobre a pessoa = identidade ou qualidade da pessoa (erro sobre a pessoa),
 Sobre natureza do negócio jurídico,
 Sobre a qualidade essencial ou natureza do objeto (erro sobre o objeto),
 Erro de direito = vício que não consistindo em recusa à aplicação da lei for o motivo único ou
determinante/principal do negócio jurídico.

Falso motivo
Somente anula o negócio jurídico se expressamente declaro como motivo determinante.

Conservação do negócio jurídico celebrado com erro


O CC adota como princípio a conservação dos negócios jurídicos, os quais não são anulados se a parte se oferecer para
executar o contrato conforme a real vontade.

2.2) COAÇÃO
a) Sujeito realiza o negócio jurídico fundado em temor de dano iminente e considerável à pessoa, à família e aos
bens.
b) Caracterização
Na apreciação será considerado
 Sexo
 Idade
 Condição
 Saúde
 Temperamento
 Demais circunstâncias

NÃO CARACTERIZA coação


 Simples temor reverencial
 Exercício normal de um direito

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c) Coação por terceiro
 Se a parte não conhecia ou não devia conhecer, o negócio jurídico subsiste.
 Se a parte conhecia ou devia conhecer, a parte responde solidariamente pelos danos.

2.3) DOLO
Consiste no erro provocado.
a) Caracterização
Pode ocorrer por
i. Ação; ou,
ii. Omissão = silêncio intencional sobre fato ou qualidade essencial sem o qual o negócio não se realizaria.
Exemplo, venda de casa próxima a casa noturno barulhenta sem avisar ao comprador.
b) Formas de dolo
Dolo principal = dolo essencial que invalida o NJ.
Acidental = aquele que, se inexistente o dolo, a parte celebraria o negócio jurídico, mas de forma diversa =>
autoriza a indenização por perdas e danos, não anula o NJ. Exemplo, pessoa compra veículo flex, mas descobre
não ser flex, contudo, comprou o carro independentemente de ser ou não flex, mas, se soubesse que só aceitava
gasolina, teria realizado a compra de forma diversa, ou seja, por preço mais barato.

c) Agente
 Dolo por 1 parte = o NJ é anulável
 Dolo de ambas as partes = é o chamado “dolo bilateral ou recíproco”. Nenhuma das partes pode invocar o
dolo para anular o NJ ou reclamar indenização.
 Dolo de terceiro =
o Se a parte conhecia ou devia conhecer, o NJ é anulável.
o Se a parte não conhecia ou não devia conhecer,
 Subsiste o NJ
 Terceiro que agiu com dolo responde por perdas e danos.
 Dolo do representante = o representante pode ser legal ou convencional.
o Representante legal = o representado responde no limite do proveito.
o Representante convencional = representado responde SOLIDARIAMENTE pelas perdas e danos.

2.4) ESTADO DE PERIGO


Ocorre quando alguém premido de necessidade para salvar-se ou alguém de sua família de DANO CONHECIDO da
outra parte assume obrigação excessivamente onerosa.

2.5) LESÃO
Ocorre quando a pessoa premente necessidade ou inexperiência se obriga a prestação manifestamente
desproporcional. EXEMPLO, venda de imóvel abaixo do preço de mercado para arrecadar fundos para pagar resgate
do filho sequestrado sem o conhecimento do comprador.

Conservação do NJ = o NJ não se anulará se a parte oferecer suplemento ou se a parte concordar com o


abatimento/redução.

A desproporção das prestações entre as partes é verificada no momento da celebração do NJ.

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3) VÍCIOS SOCIAIS

3.1) FRAUDE CONTRA CREDORES


NJ celebrado para fraudar o direito do CREDOR.

Requisitos gerais
 Intenção de dano = consilium fraudis
 Dano

NJ gratuito ou oneroso
a. Gratuito = não se exige intenção de dano.
b. Onerosos = a intenção de dano é PRESUMIDA.

AÇÃO POR FRAUDE CONTRA CREDORES - AÇÃO PAULIANA


Ação pode ser proposta contra a parte (devedor), o adquirente e o terceiro de má-fé (deve ser provada, pois a boa-fé
é presumida).
Ler artigos 158 a 165 do CC.

3.2) SIMULAÇÃO
NJ celebrado para violar/prejudicar direito ou a lei.

Considera-se simulação (hipóteses não exaustivas)


a) Quando tiver pessoas diversas das que realmente se confere/transfere direitos.
b) NJ que contiver confissão/declaração/condição ou cláusula não verdadeiras.
c) Quando os instrumentos forem antedatados ou pós datados

A simulação torna o negócio jurídico NULO, não sendo possível a confirmação do NJ.
Contudo, na dissimulação (simulação relativa), o NJ subsistirá se for válido na substância e na forma (artigo 167 do CC)
=> aproveitamento do NJ (o NJ simulado é nulo, mas o dissimulado por subsistir).

Obs = Se não aparecer a informação CREDOR na prova do concursos público, fatalmente se trata de vício por
simulação.

II. INVALIDADE OU NULIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS


1) Ato nulo e ato anulável
Cuidado com a palavra NULIDADE, pois ora poderá ser empregada como anulabilidade (nulidade relativa) ora como
nulidade (absoluta).

Nulidade absoluta = NULIDADE, em sentido estrito => ato nulo.


Nulidade relativa = ANULABILIDADE => ato anulável.

Nulo Anulável
Natureza da nulidade Nulidade absoluta = nulidade Nulidade relativa = anulabilidade
Norma de interesse privado = vício
Violação Norma de ordem pública = vício grave
menos grave
Sim, em qualquer grau de jurisdição (juiz
Reconhecimento de ofício Não, pressupõe provocação.
não pode suprir a nulidade)
Legitimidade para reclamar o Qualquer interessado ou MP Somente os interessados.

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reconhecimento
Ex nunc (não produz efeito antes da
sentença de anulação - a decisão
Efeitos Ex tunc (desde o início) aproveita somente a quem alegou,
SALVO solidariedade e
indivisibilidade)
Confirmação (sanar o vício pelas
Não admite Admite
próprias partes)
Convalescimento (vício sanado Convalescem (sujeitam-se a prazo
Não convalescem
pelo decurso do tempo) decadencial)

2) CONFIRMAÇÃO
As próprias partes suprem o vício dos NJ, possível apenas nos atos anuláveis, SALVO direito de terceiro.

Pode ser nas formas


a) Expressa = deve conter a substância do NJ e a vontade (intenção) expressa das partes de confirmar o NJ.
b) Tácita = pelo comportamento das partes quando
a. O devedor executa/cumpre, ainda que em parte, a obrigação mesmo ciente do vício.

Efeito da confirmação
Extingue-se as ações e exceções que dispunha o devedor.

3) CONVALESCIMENTO
Se não for proposta ação para nulidade do NJ, haverá convalidação.
PRAZO DECADENCIAL:
a) GERAL = 2 anos, quando anulável e não houver prazo específico previsto na lei.
b) ESPECIAL = 4 anos
a. Coação = contagem a partir do momento que cessar a coação.
b. Em razão da incapacidade = contagem inicia quando cessar a incapacidade.
c. Erro, dolo, estado de perigo, lesão, fraude conta credores = contados da realização do ato/NJ.

4) CONVERSÃO DO NJ
Artigo 170 do CC.
Quando o NJ nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor
que o teriam querido se houvessem previsto a nulidade.

5) NJ nulo e NJ anulável
Quando os NJ são nulos ou anuláveis:

NULOS (art 166 do CC) ANULÁVEIS


Absolutamente incapaz Relativamente incapaz
Objeto Vícios do consentimento:
 Ilícito  Erro
 Impossível  Dolo
 Indeterminado/indetermináveis  Coação
 Estado de perigo
 Lesão

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Motivo comum às partes for ilícito Fraude contra credores (vício social)
Não se revestirem da forma prevista em lei *
Preterirem solenidade prevista em lei como *
essencial para a validade
Com objetivo de fraudar lei imperativa *
Lei taxativamente declarar nulo ou proibir *
sua prática sem cominar sanção
NJ simulado (vício social) *

Invalidade parcial
 Não prejudica a parte válida do NJ, se separável.
 Invalidade do NJ principal = invalida a parte acessória (a invalidade da parte acessória não invalida a principal).

III. EFICÁCIA DO NJ
1) Elementos acidentais do NJ
1.1) Condição = deriva exclusivamente da vontade das partes => evento futuro e incerto.

Condição quanto a origem:


a. Casuais = condição que não depende das partes.
b. Potestativas = condição que depende das partes. Podem ser
i. Simplesmente potestativas = depende das partes + fator externo + terceiro.
ii. Puramente potestativas (arbitrárias).

Condição quanto ao modo de atuação:


a. Suspensiva = condiciona o início dos efeitos.
b. Resolutiva = condiciona o fim dos efeitos, a ineficácia dos NJ.

Condição quanto à licitude:


a. Lícita = quando não contrariar a lei, a ordem pública e os bons costumes.
b. Ilícitas = quando a condição do NJ contraria a lei, a ordem pública e os bons costumes. São ilícitas as condições
PURAMENTE POTESTATIVAS, as arbitrárias que derivam da vontade exclusiva de uma das partes, bem como
são ilícitas aqueles que privarem de todos os efeitos o NJ (condições perplexas = são contraditórias, inclusive).

INVALIDAM os negócios jurídicos as condições:


 Condição Impossível = se SUSPENSIVA, pois o implemento da condição nunca se realizará para o início dos
efeitos.
 Ilícitas e de fazer coisa ilícita.
 As incompreensíveis e contraditórias.

Considera-se INEXISTENTE a condição:


 Condição impossível RESOLUTIVA
 Condição de NÃO FAZER coisa impossível.

EFEITOS DA CONDIÇÃO
Pendente de condição suspensiva = parte não tem direito adquirido.
Pendente de condição resolutiva = vigora o NJ e a parte pode exercer, desde logo, o direito.

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1.2) Termo
Evento futuro e CERTO.
O termo inicial não impede a aquisição do direito, mas suspende seu exercício.

1.3) Encargo
É um ônus previsto no NJ.
a. Regra= a previsão do encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito.
b. Exceção = suspende a aquisição do direito se o encargo for previsto como condição suspensiva.

IV. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA


Estudar os artigos 189 a 211 do Código Civil.
 Prescrição = perda da pretensão.
 Decadência = perda do direito.

Atenção: Prescrição está sujeita a suspensão e interrupção.

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