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TEXTUS - TEXTOS Raízes Do Brasil
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Boa-tarde !
Segunda-feira, 18 de Junho de 19118
I - FRONTEIRAS DA EUROPA
HIERARQUIA O princípio de hierarquia nunca chegou a importar de modo cabal, entre nós.
Toda hierarquia funda-se necessariamente em privilégios. E a verdade é que,
bem antes de triunfarem no mundo as chamadas idéias revolucionárias,
portugueses e espanhóis parecem ter sentido vivamente a irracionalidade
específica, a injustiça social de certos privilégios, sobretudo dos privilégios
hereditários. O prestígio pessoal, independente do nome herdado, manteve-se
continuamente nas épocas mais gloriosas da história das nações ibéricas. (pp. 6
–7)
Portugal salientou, com apoio em ampla documentação, que a nobreza, por
maior que fosse a sua prepoderância em certo tempo, jamais logrou constituir
ali uma aristocracia fechada; a generalização dos mesmos nomes a pessoas das
mais diversas condições, não é um fato novo na sociedade portuguesa (p. 6).
ÉTICA RELIGIOSA As teorias negadoras do livre arbítrio foram sempre encaradas com
desconfiança e antipatia pelos espanhóis e portugueses. Nunca se sentiram à
vontade em um mundo onde o mérito e a responsabilidade individuais não
encontrassem pleno reconhecimento (p. 6).
As doutrinas que apregoam o livre arbítrio e a responsabilidade pessoal são
tudo, menos favorecedoras da associação entre os homens. Nas nações ibéricas,
à falta dessa racionalização da vida, que experimentam as nações de origem
protestantes, o princípio unificador foi sempre representado pelos governos.
Nelas predominou, incessantemente, o tipo de organização política
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artificialmente mantida por uma força exterior, que, nos tempos modernos,
encontrou uma das suas formas características nas ditaduras militares (p. 9).
MORAL DO TRABALHO Repulsa em toda moral fundada no culto ao trabalho. O que todos admiram
como ideal é uma vida de grande senhor, sem qualquer esforço ou preocupação.
O trabalho é algo exterior ao indivíduo.
Reduzida capacidade de organização social.
Onde prevaleça uma forma qualquer de moral do trabalho dificilmente faltará a
ordem e a tranqüilidade entre os cidadãos... entre os espanhóis e portugueses, a
moral do trabalho representou sempre fruto exótico (p. 10).
Moral do trabalho – Idéia de solidariedade. Onde a Moral do Trabalho fosse
efetivada haveria sempre a idéia de solidariedade.
LATIFUNDIOS E Adotadas depois por outros povos nas colônias situadas nas zonas tropicais.
MONOCULTURA
Extensões de terras férteis e mal desbravadas fez grandes propriedades rurais.
Tentativa frustada do emprego de mão-de-obra indígenas.
Introdução de escravos africanos.
O negro africano como fator obrigatório para o desenvolvimento latifundiário
nas coloniais tropicais.
Os antigos moradores da terra contribuíam para a indústria extrativa, na caça e
na pesca e em determinados ofícios mecânicos e na criação de gados.
Não se acomodavam em trabalhos metódicos e acurado.
Atividades menos sedentárias e que pudessem exercer sem regularidade
forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos.
Versáteis ao extremo eram-lhes inacessíveis certas noções de ordem, constância
e exatidão, que no europeu formam como uma segunda natureza e parecem
requisitos fundamentais da existência social e civil (p. 17).
AVENTUREIROS Português vinha buscar riqueza que custava ousadia, não riqueza que custava
trabalho. A mesma que tinha alcançado nas índias com as especiarias e metais
preciosos.
EMPREENDIMENTO Não foi uma civilização agrícola que os portugueses instauraram no Brasil com
COLONIAL a lavoura açucareira.. Não foi, em primeiro lugar, porque a tanto não conduzia
o gênio aventureiro que os trouxe à América; em seguida, por causa da escassez
da população do reino, que permitisse emigração em larga escala de
trabalhadores rurais, e finalmente pela circustância de atividade agrícola não
ocupar então, em Portugal, posição de primeira grandeza (p. 18).
NEGROS EM PORTUGAL A carta de Clenardo a Latônio (p. 23), revela-nos como pululavam os escravos
em Portugal. Todo serviço era feito por negros e mouros cativos, que não se
distinguiam de bestas de carga, senão na figura. "Estou em crer — nota ele —
que em Lisboa os escravos e escravas são mais que os portugueses" (p. 23).
ACEITAÇÃO DO NEGRO O escravo das minas e das plantações eram simplesmente manaciais de energia,
um carvão humano, que esperava ser substituído na época das indústrias.
As relações iam da dependência do escravo ao de protegido. A influência negra
penetrava no recesso doméstico, agindo como dissolvente de qualquer idéia de
separação de castas ou raças. Essa regra não impedia que tenham existido casos
particulares, como a de 1726, que vedava qualquer mulato, até a quarta
geração, o exercício de cargos municipais em Minas Gerais, tornando tal
proibição extensiva aos brancos casados com mulheres negras.
ESTRUTURA COLONIAL Estrutura da sociedade colonial brasileira teve base fora dos meios urbanos.
BRASILEIRA
Civilização de raízes rurais.
Abolição, marco divisor entre duas épocas: passagem da sociedade rural para a
urbana (pp.41- 43).
Período Republicano: tentativas de reformas.
A sociedade girava entorno da propriedade rural: patriarcal e individualista.
Pátrio poder era ilimitado.
PÚBLICO X PRIVADO O quadro familiar torna-se, assim, tão poderoso e exigente que sua sombra
persegue os indivíduos mesmo fora do recinto doméstico. A entidade privada
precede sempre, neles, a entidade pública (p. 50).
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IV - O SEMEADOR E O LADRILHADOR
TRAÇADO URBANO O traçado dos centros urbanos na América espanhola denuncia o esforço
determinado de vencer a paisagem agreste.
O plano regular, as linhas retas não nasce como idéia religiosa, mas como
triunfo da aspiração de ordenar e dominar o mundo conquistado.
Verificar regiões saudáveis, abundância de homens velhos e de animais sãos,
frutos e mantimentos sadios, céus claro e benigno, ar puro e suave.
Marina – abrigo, profundidade, capacidade de defesa do porto, quando
possível o mar não bater na parte do sul ou do poente. Não escolher lugares
demasiados altos, expostos aos ventos e de acesso difícil, nem baixo, que
poderia ser enfermiços, mas uma altura mediana, descoberto para os ventos do
norte e sul. Se houvesse serras, que fosse pela banda do levante e poente. Caso
recaísse a escolha sobre a localidade à beira de um rio, ficasse ela de modo
que, ao sair o sol, desse primeiro na povoação e só depois nas águas (p. 63).
Praça - seria o local onde começaria a cidade. Quadrilátero – 2/3 do
cumprimento para que pudesse correr cavalos em dias de festas.
Se a cidade fosse próximo ao mar: Praça começaria na área de desembarque do
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Se a c dade osse p ó o ao a: aça co eça a a á ea de dese ba que do
porto.
Somente com a descoberta de ouro em Minas Gerais é que inicia o fluxo para o
interior (p. 68).
A descoberta de ouro e diamante faz Portugal por ordem em sua colônia com o
uso da tirania.
Portugal encontrou facilidade para colonizar o litoral, havia uma única família
indígena no litoral, de norte ao sul, falavam o mesmo idioma.
Proibição de produção na colônia que competisse com a metrópole.
V - O HOMEM CORDIAL
ANTIGONA E CREONTE Creontes encarna a noção abstrata, impessoal da Cidade em luta contra essa
realidade concreta e tangível que é a família. Antígona, sepultando Polinice
contra as ordenações do Estado, atrai sobre si a cólera do irmão, que não age
em nome de sua vontade pessoal, mas da suposta vontade geral dos cidadãos,
da pátria... (p. 101). encarna a noção abstrata, impessoal da Cidade em luta
contra essa realidade concreta e tangível que é a família. Antígona, sepultando
Polinice contra as ordenações do Estado, atrai sobre si a cólera do irmão, que
não age em nome de sua vontade pessoal, mas da suposta vontade geral dos
cidadãos, da pátria... (p. 101).
A estrutura da sociedade pode ser afetada por crises mais ou menos graves,
quando a lei geral suplanta a particular.
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Onde quer que prospere e assente em bases muito sólidas a idéia de família – e
principalmente onde predomina a família de tipo patriarcal – tende a ser
precária e a lutar contra fortes restrições a formação e evolução da sociedade...
(p. 103).
O sistema de ensino superior contribuíram para a formação de homens públicos
capazes de viver por si, libertando-se progressivamente dos velhos laços
caseiros.
VI - NOVOS TEMPOS
HOLLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. 7 ed. Rio de Janeiro, José Olympo, 1973.
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