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MEDÍOCRE

“E nós, na qualidade de cooperadores com ele, vos exortamos a que não recebais em
vão a graça de Deus”

O contexto desta passagem está na abordagem de Paulo sobre o seu ministério e


a vida cristã dos crentes em Jesus em relação à graça de Deus, dada de forma
espontânea ao cristão (2 Co 6.1-3).
O apóstolo Paulo plantou a igreja cristã na cidade de Corinto e muito embora
fosse o seu fundador, a relação dele com a comunidade era tensa e complicada. Perceba
que irmãos daquela igreja fizeram diversas acusações contra Paulo, e dentre essas
acusações pode-se citar que eles o acusaram de ser carnal (2 Co 10.2), de não ser
apóstolo coisa nenhuma (2 Co 13.3) e ainda o acusaram de ser inferior aos pregadores
judeus itinerantes (2 Co 11.5). Eram acusações sérias que poderiam tirar o ânimo de
qualquer um, todavia, Paulo sabiamente respondeu que a sua capacidade vinha de Deus
e deu o assunto por encerrado (2 Co 3.5). Reflita!
Considere que nos dias atuais, tudo caminha para o mérito. A palavra
meritocracia tem sido empregada em todos os ambientes. Mérito é receber algo
fundamentado no esforço pessoal, é ganhar alguma por merecimento. A título de
exemplo, o trabalhador recebe o seu salário no fim do mês pelo mérito, de forma
semelhante a aprovação escolar é pelo mérito. Tanto o trabalhador como o estudante
ganharam porque fizeram por merecer. Ou seja, vive-se hoje dentro de uma sociedade
baseada na cultura do mérito, ou no que as pessoas são capazes de realizar para obter.
A narrativa bíblica mostra que no principio, o homem vivia confortavelmente até
que foi ludibriado por Satanás e, diante da astúcia da serpente somado com a
desobediência humana, deu-se a origem do pecado e consequentemente a separação
humana de Deus, o seu criador (Gn 3.1-6). Dali em diante o homem sempre caminhou
para longe de Deus e por vezes ele se aproximava, mas rapidamente se afastava. O certo
é que as escolhas do homem o levaram para muitos caminhos, menos para os caminhos
de Deus, até que o mesmo Deus, mediante o seu grande amor, idealizou um plano para
se reaproximar do homem. Este plano foi executado por meio de Jesus que veio, viveu,
amou, se sacrificou na cruz, morreu e ressuscitou. Portanto, Jesus se tornou o mediador
da salvação e justificação dos pecados humanos, obra exclusiva do amor e da graça de
Deus, portanto, o plano perfeito de Deus se cumpriu mediante à sua graça, favor esse
que o homem não merecia.
A história mostra que igreja de Corinto era composta por uma mescla de pessoas
da própria cidade e de gente vinda de outras regiões, mas todas elas, basicamente
tinham muita confiança em si mesmo, no que elas podiam fazer em prol de seus
interesses. E foi nesse sentido que Paulo abordou o perigo deles passarem a confiar mais
em seus esforços pessoais e se esquecerem da graça de Deus. Ou seja, presunçosos, eles
deveriam prestigiar, receber e valorizar a graça de Deus. Noutras palavras, eles não
podiam banalizar ou menosprezar a graça salvadora. Reflita!
Entenda bem que essa abordagem de Paulo aos irmãos de Corinto encontra
grande aplicabilidade aos dias de hoje, que possuem enorme semelhança com os
daquela época. É notório que a sociedade atual caminha debaixo do mérito, caminha
dentro de parâmetros onde se ganha algo se houver feito por merecer. Veja que os
atletas recebem os aplausos após a vitória em sua modalidade esportiva, são
condecorados e ganham medalhas, mas tudo é pelo mérito. Afinal, eles correram
saltaram, pularam, foram velozes e é mais que merecido o reconhecimento pela vitória.
Mas na vida cristã, infelizmente, muita gente tem desprezado a graça salvadora
de Deus, afirmando categoricamente que a salvação por ser obtida por meio de seus
esforços pessoais ou por suas credenciais. Grande engano! No cristianismo a salvação é
unicamente pela graça de Deus, nunca pela capacidade e/ou competência humana.
Salvação não é questão de esforço ou mérito pessoal, a salvação é resultado da livre e
espontânea graça de Deus. Ou seja, a graça de Deus caminha na contracultura social,
confrontando todo esforço e mérito humano. Guarde isso!
“Pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus;
não de obras para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9). Sabe-se que em muitas
circunstâncias da vida vale o esforço e vale a competência, mas para a salvação e
justificação dos pecados, só vale a graça de Deus. Entenda que as pessoas podem fazer
as obras que quiserem e estiverem ao seu alcance, mas ninguém é aceito diante de Deus
com base nos seus esforços pessoais. Assim, o grande perigo e ameaça à salvação e à
vida eterna no céu, não vem de fora, não vem do mundo, mas vem do coração do
próprio homem quando ele se torna um ser medíocre e passa a banalizar a sua vida
espiritual, minimizando a gravidade do pecado e priorizando a separação de Deus por
meio de uma existência cheia de pecados, em detrimento de uma vida pura e santificada.
Simples assim! Abraço grande.
Jesus Cristo Filho de Deus continue fortalecendo sua vida.
Milton Marques de Oliveira - Pr

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