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Apr enda a s er ot i mi s t a.

t x t
APRENDA A SER OTI MI STA

Mar t i n E. P Sel i gman

___

Obs . : nes t a edi ç ão di gi t al da obr a Apr enda a Ser Ot i mi s t a, não c ons t am


as or el has do l i v r o e a c ont r a- c apa da edi ç ão i mpr es s a.
___

APRENDA A SER OTI MI STA

Mar t i n E. P Sel i gman, Ph. D.

Tr aduç ão de
ALBERTO LOPES
Rev i s ão t éc ni c a de
ÊDELA NI COLETTL
Ps i c ól oga c l í ni c a e t er apeut a c ogni t i v a

2ª EDI ÇÃO

NOVA ERA

CI P- Br as i l . Cat al ogaç ão- na- f ont e

Si ndi c at o Nac i onal dos Edi t or es de Li v r os . Ri .

Sel i gman, Mar t i n E. P. , 1942.


S467a Apr enda a s er ot i mi s t a / Mar t i n E. P. Sel i gman;
2 ed. t r aduç ão de Al ber t o Lopes . - r c d. - Ri o de J anei r o:
Nov a Er a. 2005.
208p.
Tr aduç ão de: Lear ned opt i mi s m
I SBN 85- 7701- 049- X
1. Ot i mi s mo. I . Tí t ul o.

CDD - 155. 232

05- 3567 CDU - 159. 923. 35


Tí t ul o or i gi nal nor t e- amer i c ano:
LEARNED OPTI MI SM

Copy r i ght © 1990 Mar t i n E. P. Sel i gman

Pági na 1
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Todos os di r ei t os r es er v ados . Pr oi bi da a r epr oduç ão, no t odo ou em par t e,
s em aut or i z aç ão pr év i a por es c r i t o da edi t or a, s ej am quai s f or em os mei os
empr egados , c om ex c eç ão das r es enhas l i t er ár i as , que podem r epr oduz i r
al gumas pas s agens do l i v r o, des de que c i t ada a f ont e.

Di r ei t os ex c l us i v os de publ i c aç ão em l í ngua por t ugues a par a o Br as i l


adqui r i dos pel a EDI TORA BEST SELLER LTDA.
RuaAr gent i na 171 - Ri o de J anei r o, RJ - 20921- 380- Tel . : 2585- 2000
que s e r es er v a a pr opr i edade l i t er ár i a des t a t r aduç ão

I mpr es s o no Br as i l
I SBN 85- 7701- 049- X

PEDI DOS PELO REEMBOLSO POSTAL


Cai x a Pos t al 23. 052
Ri o de J anei r o, RJ - 20922- 970

Es t e l i v r o é dedi c ado
c om ot i mi s mo ao f ut ur o
da mi nha f i l ha r ec émnas c i da
LARA CATRI NA SELI GMAN

o s i m é um mundo
e nes t e mundo de
s i ns c onv i v em

( habi l ment e ent r el aç ados )

t odos os mundos

e. e. c ummi ngs
" l ov e i s a pl ac e"
No Thank s ( 1935)

Sumár i o

Pr ef ác i o da Edi ç ão Br as i l ei r a 11
I nt r oduç ão à Segunda Edi ç ão 15

Pr i mei r a Par t e: A Pr oc ur a
1. Duas Manei r as de Enc ar ar a Vi da 25
2. Apr endendo a Ser Des ampar ado 43
3. Ex pl i c ando o I nf or t úni o 61
4. Pes s i mi s mo Agudo 89
5. Como Voc ê Pens a, Como Voc ê Sent e 109
Pági na 2
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Segunda Par t e: Os Remos da Vi da
6. Suc es s o no Tr abal ho 137
7. Fi l hos e Pai s : As Or i gens do Ot i mi s mo 165
8. Col égi o 189
9. Es por t es 213
10. Saúde 220
11. Pol í t i c a, Rel i gi ão e Cul t ur a:
Uma Nov a Ps i c o- hi s t ór i a 251

Ter c ei r a Par t e: Mudando: Do Pes s i mi s mo par a o Ot i mi s mo

12. A Vi da Ot i mi s t a 279
13. Aj udando s eu Fi l ho a Es c apar do Pes s i mi s mo 311
14. A Or gani z aç ão Ot i mi s t a 333
15. Ot i mi s mo Fl ex í v el 365
Agr adec i ment os 381
Not as ex pl i c at i v as 389
Í ndi c e Remi s s i v o 405
O aut or 417

10

Pr ef ác i o da Edi ç ão Br as i l ei r a

Gos t ar i a de ex pr es s ar meus agr adec i ment os à edi t or a Nov a Er a pel a


opor t uni dade de pr es t ar mi nha c ont r i bui ç ão, por pequena que s ej a, a es t a
magní f i c a
obr a do Dr . Sel i gman. Numa époc a em que s e mul t i pl i c am nas l i v r ar i as os
c hamados l i v r os de " aut o- aj uda" , f az - s e nec es s ár i o um es t udo c i ent í f i c o,
r eal i z ado por pr of i s s i onai s gabar i t ados e ex per i ent es de t emas c omo es t e ( o
ot i mi s mo) . Pode- s e, é c l ar o, emi t i r opi ni ões pes s oai s s obr e o r es ul t ado dos
es t udos , mas c om embas ament o s ér i o e met odol ogi a r i gor os a, poi s o av anç o
do c onhec i ment o humano s empr e f oi r es ul t ado da mi s t ur a do c onhec i ment o
empí r i c o c om a apl i c aç ão dos c onhec i ment os t éc ni c os à di s pos i ç ão num
det er mi nado moment o de nos s a ev ol uç ão. Pr ef ac i ar o l i v r o do Dr . Sel i gman é
r eal ment e uma t ar ef a gr at i f i c ant e. É s em dúv i da uma obr a memor áv el , de al t o
v al or c i ent í f i c o e de gr ande i nt er es s e par a o públ i c o, t ant o o es pec i al i z ado
c omo o ger al , que pode auf er i r gr andes benef í c i os del a. Como at ual pr es i dent e
da As s oc i aç ão Br as i l ei r a de Ps i c ot er api a Cogni t i v a - ABPC, s ó pos s o el ogi ar
publ i c aç ões c omo es t a, que abor dam de manei r a s ober ba al guns t emas t ão
c ar os a nos s a r ot i na di ár i a.
O aut or di s pens a apr es ent aç ões . Dono de um c ur r í c ul o pr i v i l egi ado
de
mai s de 30 anos e c omo pes qui s ador e pr of es s or de uma das mai or es i ns t i t ui ç ões
ac adêmi c as amer i c anas , s eu t r abal ho t em, t ant o no t empo c omo na c as uí s t i c a,
uma r el ev ânc i a que di f i c i l ment e enc ont r a par al el o. A ex per i ênc i a do Dr .
Sel i gman o c r edenc i a a f az er i l aç ões s obr e pr obl emas de nos s a s oc i edade a que

11

pouc os pr of i s s i onai s poder i am at r ev er , c om bas e em dados t r abal hados de f or ma


pr of i s s i onal e c om uma v i s ão ac ur ada e humaní s t i c a de c onc ei t os c omo o do
ot i mi s mo, da ans i edade, da depr es s ão e da aut o- es t i ma.
Tal v ez a aus ênc i a de s ent i do da v i da e a pr ol i f er aç ão das c or r ent es ,
di t as de
f or t al ec i ment o de aut o- es t i ma da s oc i edade moder na, t enham s eu papel de c ul pa
no aument o epi dêmi c o da depr es s ão, do s ui c í di o e das c r i s es de ans i edade que s ão
Pági na 3
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
c ada v ez mai s det ec t ados , i nc l us i v e ent r e c r i anç as e j ov ens . A pr omes s a de c ur a
medi c ament os a, al ém de embut i r r i s c os nem s empr e c onhec i dos , não poder á
r es ol v er t odas as ques t ões em s eu âmago, que é a f al t a de s ubs í di os f i l os óf i c os
e
es pi r i t uai s que nos ampar em em moment os de f al ha ou dúv i da ex i s t enc i al .
Cur i os ament e, a equi pe do Dr . Sel i gman det ec t ou que as c r i anç as educ adas c om
c onc ei t o mai s el ev ado de aut o- es t i ma pel os pai s ou educ ador es t endem a t er a
mai or por c ent agem de depr es s ão, ex at ament e por dedi c ar em i mpor t ânc i a ex t r ema
ao s eu pr ópr i o eu, e não s upor t ar em f al has ou dec epç ões . Cada v ez mai s as
ger aç ões
s ão educ adas s em l i mi t es par a s eus pr ópr i os at os ou pens ament os , c ul t i v ando o
egoc ent r i s mo e o hedoni s mo, s em v i nc ul aç ões mai or es c om a f amí l i a, a r el i gi ão ou
a c ol et i v i dade, o que, em l ongo pr az o, r edunda em s of r i ment o e v az i o.
Na v i s ão obj et i v a do aut or , t al v ez es s a max i v al or i z aç ão do i ndi v i duo
pos s a
s er ut i l i z ada c omo uma al i ada, no s ent i do de s e c onv enc er as pes s oas de que é
bom e s audáv el par a el as s er em ot i mi s t as , mas c om l i mi t es , e que o f i l ant r opi s mo
pode s er benéf i c o i nc l us i v e par a a s aúde f í s i c a e ment al , adot ando uma l i nha
de pens ament o que s ej a ao mes mo t empo ot i mi s t a mas que s ai ba j ul gar
obj et i v ament e as s i t uaç ões , ut i l i z ando a c ogni ç ão par a mel hor ar s ua qual i dade
dev i da. Si nt et i z ando, é bom s er ot i mi s t a, mas t ambém é bom s er bom, mes mo
que egoi s t i c ament e.
Sem dúv i da, não s e es t á quer endo, nes t e l i v r o, di s c ut i r c onv i c ç ões ,
c r enç as
ou or i ent aç ões ger ai s de v i da, O que s e pr et ende é demons t r ar , c om dados
c l ar os e f ac i l ment e i nt el i gí v ei s , que nos s a v i da pode s er mui t o mel hor , e
podemos
mel hor ar a v i da das pes s oas c om quem nos r el ac i onamos , e at é nos s a
c omuni dade ou paí s at r av és do " ot i mi s mo apr endi do" , que nos aj uda a enf r ent ar
nos s as es c ol has na v i da c om um pens ament o or gani z ado e c r í t i c o.
Um pr i mei r o pas s o s er á apl i c ar mos es s as i déi as em nos s a v i da e na
educ aç ão
de nos s os f i l hos , poi s o que s e es t á v endo hoj e é que as nov as ger aç ões pas s ar ão
por c r i s es ex i s t enc i ai s e ét i c as que nenhum c onf or t o mat er i al ou f i nanc ei r o
poder á c ompens ar .

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Como t er apeut a, pos s o t es t emunhar , t ant o na mi nha ex per i ênc i a


pr of i s s i onal no c ons ul t ór i o c omo nas empr es as que at endo, que a ques t ão do
es t r es s e, da aut o- es t i ma e do ot i mi s mo s ão pont os - c hav es par a s e i dent i f i c ar e
t r at ar os doi s mai or es mal es da c i v i l i z aç ão oc i dent al de hoj e: a depr es s ão e o
es t r es s e. Aqui l o que c hamamos de " qual i dade de v i da" s ó pode s er al c anç ada
em s ua pl eni t ude quando apr endemos a dos ar e a r el at i v i z ar as s i t uaç ões que
enf r ent amOs , apr endendo a t er uma v i s ão mai s obj et i v a e menos c at as t r óf i c a
de nOSSOS pr obl emas .
Nos s a s oc i edade mudou, em menos de um s éc ul o, de uma mor al v i t or i ana,
onde quas e t udo er a pec ado ou pr oi bi do, par a uma mor al c ont empor ânea,
onde quas e t udo é per mi t i do - o que i mpor t a é mant er el ev ada aut o- es t i ma- , o
que c r i a uma di c ot omi a f i l os óf i c a nas nos s as nov as ger aç ões , j á que a ét i c a t em
que s er t r ans mi t i da pel as ger aç ões ant er i or es , s ob o r i s c o de hav er uma
degr adaç ão dos v al or es e c os t umes , s em um embas ament o que j us t i f i que nos s as
aç ões ou omi s s ões . A s oc i edade moder na es t á s endo, c ada v ez mai s ,
bombar deada pel os av anç os t ec nol ógi c os , a uma v el oc i dade mui t o mai or do que
nos s as c i ênc i as humanas podem ev ol ui r par a ac ompanhá- l os . Ur ge que
t enhamos apoi o ps i c ol ógi c o e es pi r i t ual par a que es s e des c ompas s o não c r i e
uma ger aç ão de aut ômat os s em v al or es ét i c os e s em s i gni f i c ado par a s uas v i das .
Di z em que o gr ande mes t r e não é o que dá r es pos t as , mas o que ens i na o
di s c í pul o a enc ont r á- l as por s i mes mo. Es per o que a l ei t ur a des t a obr a aj ude,
al ém de t r az er i nf or maç ões v al i os as , a s us c i t ar ai nda mai s ques t i onament os e a
bus c a de nov os c ami nhos par a aquel es que pr oc ur am.

Édel a Ni c ol et t i
São Paul o, j ul ho de 2005

Pági na 4
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

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I nt r oduç ão
à Segunda Edi ç ão

Pas s ei t oda a mi nha v i da pr of i s s i onal t r abal hando c om ques t ões l i gadas ao


des ampar o e ao c ont r ol e das pr ópr i as emoç ões . Apr enda a s er ot i mi s t a f oi o
pr i mei r o de quat r o l i v r os , dedi c ados ao l ei t or c omum, que ex pl or am es t es
t emas . * Sei s anos j á s e pas s ar am des de que a pr i mei r a edi ç ão do l i v r o f oi
publ i c ada pel a Si mon & Sc hus t er . Por t ant o, des ej o mant er meus l ei t or es
at ual i z ados c om r el aç ão a um i mpor t ant e pr ogr es s o des de aquel a edi ç ão - a
pr ev enç ão da depr es s ão por mei o de pr ogr amas de ot i mi s mo apr endi do.
Como s er á mos t r ado nos Capí t ul os 4 e 5, os Es t ados Uni dos e a mai or i a
dos paí s es des env ol v i dos es t ão pas s ando por uma epi demi a de depr es s ão s em
pr ec edent es - pr i nc i pal ment e ent r e a popul aç ão j ov em. Por que s er á que, em
um mundo c ada v ez mai s di s t ant e de uma c at ás t r of e nuc l ear , em uma naç ão
que t em c ada v ez mai s di nhei r o, mai s poder , mai s di s c os , mai s l i v r os e mai or
es c ol ar i dade, o í ndi c e de depr es s ão s e t or nou mai or do que quando o paí s er a
menos pr ós per o e menos poder os o?
___

* Os quat r o l i v r os s ão: a) Sel i gman, M. E. P. ( 1991) . Lear ned Opt i mi s m ( Si mon &
Sc hus t er , mc . )
no Br as i l , Apr enda a s er ot i mi s t a ( Nov a Er a, 1992, 2005) . b) Pet er s on, C. Mai er ,
S. e Sel i gman, M.
E. P. ( 1993) . Lear ned Hel pl es s nes s . Nov a Yor k : Ox f or d Uni v er s i t y Pr es s ; c )
Sel i gr nan, M. E. P.
( 1994) ; What You Can Change and What You Can' t . Nov a Yor k : Al f r ed A. Knopf ( no
Br as i l , O que
v oc ê pode e o que v oc ê não pode mudar , Obj et i v a, 1995) ; e d) Sel i gman, M. E. P. ,
Rei v i c h, K. ,
J ay c ox , L. e Gi l l ham, J . ( 1995) . The Opt i mi s t i c Chi l d. Nov a Yor k : Hought on
Mi f f i n.

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Nes t e s ent i do, t r ês f or ç as c onv er gi r am par a i s t o e eu quer o enf at i z ar a


t er c ei r a por que é a mai s s ur pr eendent e e a menos agr adáv el . As duas pr i mei r as
f or ç as s er ão di s c ut i das no c apí t ul o de c onc l us ão do l i v r o: r es umi dament e, a
pr i mei r a nos mos t r a que a depr es s ão é um t r ans t or no do " eu" , um f r ac as s o na
s ua pr ópr i a v i s ão r el ac i onada às s uas met as . Numa s oc i edade em que o
i ndi v i dual i s mo enc ont r a- s e des enf r eado, as pes s oas c ada v ez mai s ac r edi t am que
s ão
o c ent r o do uni v er s o. Tal s i s t ema de c r enç as f az c om que o f r ac as s o i ndi v i dual
s ej a pr at i c ament e i nc ons ol áv el .
No pas s ado, o f r ac as s o i ndi v i dual er a ameni z ado pel a s egunda f or ç a: o
gr ande " nós " . Quando nos s os av ós f al hav am, el es t i nham r ec ur s os es pi r i t uai s
c om os quai s s e c ons ol ar em. Ti nham, na mai or i a das v ez es , uma r el aç ão c om
Deus , um v í nc ul o c om uma naç ão que amav am, um l aç o c om a c omuni dade
e, al ém di s s o, f az i am par t e de uma f amí l i a ex t ens a. A f é em Deus , a c omuni dade,
a naç ão e a f amí l i a ampl a v êm ac abando nos úl t i mos 40 anos e os r ec ur s os
es pi r i t uai s dos quai s dependi am v êm s e es got ando.
Mas é a t er c ei r a f or ç a, o mov i ment o de aut o- es t i ma, que eu des ej o
Pági na 5
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
enf at i z ar .
Tenho c i nc o f i l hos que v ão dos quat r o aos 28 anos de i dade. Por t ant o, t i v e o
pr i v i l égi o de l er l i v r os i nf ant i s t odas as noi t es par a t oda uma ger aç ão. Com
i s s o, pude ac ompanhar uma gr ande mudanç a nes s e t i po de l i t er at ur a ao l ongo
dos úl t i mos 25 anos . Há 25 anos ( c omo dur ant e o t empo da Gr ande
Depr es s ão) , o s í mbol o dos l i v r os i nf ant i s er a The Li t t l e Engi ne t hat Coul d
[ A pequena l oc omot i v a s abi da] . O l i v r o é s obr e c omo s e dar bem no mundo,
s obr e per s i s t ênc i a e f or ç a par a v enc er obs t ác ul os . At ual ment e, mui t os dos l i v r os
par a c r i anç as s ão s obr e c omo s e s ent i r bem, t er gr ande aut o- es t i ma e mos t r ar
c onf i anç a.
I s t o i ndi c a um mov i ment o em pr ol da aut o- es t i ma, um mov i ment o que
c omeç ou, não s ur pr eendent ement e, na Cal i f ór ni a nos anos de 1960. Em 1990,
a As s embl éi a Legi s l at i v a da Cal i f ór ni a pat r oc i nou um r el at ór i o que s uger i a
que a aut o- es t i ma f os s e ens i nada em t odas as s al as de aul a c omo um " ant í dot o"
c ont r a doenç as s oc i ai s , t ai s c omo o v i c i o em dr ogas , o s ui c í di o, a dependênc i a
f i nanc ei r a dos pr ogr amas s oc i ai s pr omov i dos pel o gov er no, a gr av i dez na
adol es c ênc i a e a depr es s ão - Towar d a St at e of Es t eem, 1990 [ Em di r eç ão a
um es t ado de aut o- es t i ma, 1990] - 2 O mov i ment o de aut o- es t i ma é um

___
2 Sac r ament o: Depar t ament o de Educ aç ão da Cal i f ór ni a.

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mov i ment o f or t e; é o mov i ment o que es t á por t r ás do f i m dos t es t es de QI


par a ev i t ar que c r i anç as c om pont uaç ão bai x a s e s i nt am mal . É o mov i ment o
que es t á por t r ás do f i m da c l as s i f i c aç ão es c ol ar , de f or ma que os al unos c om
not as r ui ns não s e s i nt am der r ot ados . É o mov i ment o que t r ans f or mou a pal av r a
" c ompet i ç ão" num pal av r ão, numa pal av r a s uj a. É o mov i ment o que f ez c om
que dei x ás s emos de t r abal har c om af i nc o. Shi r l ey Mc Lai ne s uger i u ao pr es i dent e
Cl i nt on que el e c r i as s e, em s eu gov er no, uma Sec r et ar i a da Aut o- es t i ma.
Não s ou c ont r ár i o à aut o- es t i ma, mas ac r edi t o que el a s ej a apenas um
i ns t r ument o par a s e medi r o ní v el do es t ado ger al do s i s t ema. A aut o- es t i ma
não é um f i m em s i mes ma. Quando v oc ê es t á i ndo bem na es c ol a ou no
t r abal ho; quando v oc ê es t á s e dando bem c om as pes s oas que ama; quando
v oc ê s e dá bem nos j ogos , s eu ní v el de aut o- es t i ma é al t o. Quando v oc ê s e s ai
mal nas s uas at i v i dades e r el aç ões , o ní v el c ai . Fi z uma pes qui s a na l i t er at ur a
di s poní v el s obr e aut o- es t i ma em bus c a da c aus al i dade em opos i ç ão à c or r el aç ão.
Pr oc ur ei por al guma ev i dênc i a que mos t r as s e que uma al t a aut o- es t i ma ent r e
os j ov ens os c onduz i a a not as mel hor es , a mai or popul ar i dade, a menor es
í ndi c es de gr av i dez na adol es c ênc i a, menor dependênc i a dos benef í c i os s oc i ai s
of er ec i dos pel o gov er no, c omo af i r ma o r el at ór i o da Cal i f ór ni a. Ex i s t e uma
ex per i ênc i a s i mpl es que s epar a c om per f ei ç ão a c aus a da c or r el aç ão: pega- s e
um gr upo de c r i anç as no i ní c i o do ano l et i v o, t odas es t udant es c om not a " B" ,
por ex empl o. Mede- s e a aut o- es t i ma del as . No f i nal des s e mes mo ano, r et or na- s e
à es c ol a. Se a aut o- es t i ma c aus ar al guma modi f i c aç ão nas not as , os al unos
de not a " B" que t i v er em gr ande aut o- es t i ma t ender ão a obt er not as " A" , ao
pas s o que os al unos de not a " B" c om bai x a aut o- es t i ma dev er ão c ai r par a
not as " C" . Não há nada s emel hant e a i s t o na l i t er at ur a. A aut o- es t i ma par ec e
s er apenas um s i nt oma, um f at or c or r el at o ao modo c omo a pes s oa es t á s e
s ai ndo no mundo.
At é j anei r o de 1996, eu ac r edi t av a que a aut o- es t i ma f os s e apenas um
i ns t r ument o de medi da c om pouc a ou quas e nenhuma ef i c ác i a c aus al .
O pr i nc i pal ar t i go da Ps y c hol ogi c al Rev i ew c onv enc eu- me do c ont r ár i o,
mos t r andome que a aut o- es t i ma é c aus al : Roy Baumei s t er e s eus c ol egas
( 1996) 3 r ev i s ar am a l i t er at ur a s obr e genoc i das , mat ador es de al uguel , l í der es

___

3 Baumei s t er , Roy F. , Smar t , Laur a, Boden, J os eph M. ( 1996) ‘ Rel at i on


of Thr eat ened Egot i s m to
Vi ol enc e and Aggr es s i on: l he Dar k Si de of Hi gh Sel f - Es t eem" [ A r el aç ão do
egoí s mo ameaç ado à
Vi Ol enc i a e agr es s ão: o l ado negr o da al t a aut o- es t i ma] . Ps y c hol ogi c al Rev i ew.
103, pp. 5- 33.
Pági na 6
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

17

de gangues e c r i mi nos os v i ol ent os . Os pes qui s ador es ar gument ar am que es s es


c r i mi nos os t êm gr ande aut o- es t i ma e que s ua i nf undada aut o- es t i ma c aus a
v i ol ênc i a. O t r abal ho de Baumei s t er s uger e que, quando s e ens i na às c r i anç as
uma aut o- es t i ma não bas eada em v al or es r eai s , oc or r em pr obl emas . Um s ub-
gr upo des s as c r i anç as t ende a des env ol v er t r aç os de mal dade. Quando el as
depar am c om o mundo r eal e o mes mo l hes mos t r a que não s ão t ão mar av i l hos as
quant o l hes f oi ens i nado, el as r eagem c om v i ol ênc i a. Por t ant o, é pos s í v el que
as duas at uai s epi demi as ent r e os j ov ens amer i c anos , depr es s ão e v i ol ênc i a,
t enham or i gem na at i t ude er r ônea de v al or i z ar mai s c omo os j ov ens s e s ent em
a s eu pr ópr i o r es pei t o do que c omo es t ão s e s ai ndo no mundo.
Se uma aut o- es t i ma aument ada não é a s ol uç ão par a s e di mi nui r a
epi demi a de depr es s ão, o que pode s er f ei t o? Des de que a pr i mei r a edi ç ão de
Apr enda a s er ot i mi s t a f oi publ i c ada, meus c ol egas 4 e eu t emos doi s gr upos
de pr oj et os na Uni v er s i dade da Pens i l v âni a: um c om j ov ens adul t os , c al our os
da uni v er s i dade; e out r o c om c r i anç as pouc o ant es da puber dade. Nos s a
pr opos t a é s el ec i onar j ov ens c om r i s c o de depr es s ão, ens i nar - l hes as
habi l i dades de Apr enda a s er ot i mi s t a s obr e as quai s v oc ê l er á nos Capí t ul os
11 e 13 des t e l i v r o, e v er i f i c ar s e as s i m é pos s í v el f az er a pr ev enç ão de
t r ans t or nos depr es s i v os e de ans i edade. Na pr i mav er a de 1991, quando nov os
al unos f or am ac ei t os pel a Uni v er s i dade da Pens i l v âni a, el es r ec eber am uma
c ar t a mi nha pel o c or r ei o. Na c ar t a, eu pedi a que r es pondes s em a um
ques t i onár i o, c uj a v er s ão f oi i nc l uí da no Capí t ul o 3. A mai or i a del es
r es pondeu o ques t i onár i o e me env i ou de v ol t a. Fi z emos a pont uaç ão dos
ques t i onár i os . Os al unos c om um quar t o de r es pos t as mai s bai x as s obr e
pes s i mi s mo r ec eber am out r a c ar t a mi nha di z endo que quando c hegas s em à
uni v er s i dade, em s et embr o, nós i r í amos r eal i z ar al guns wor k s hops s obr e c omo
l i dar bem c om o nov o e des c onhec i do ambi ent e es c ol ar . Cas o el es
des ej as s em, s er i am es c ol hi dos al eat or i ament e par a par t i c i par de um gr upo de
c ont r ol e ou de um des s es wor k s hops . As s i m, nos úl t i mos anos , es s e um quar t o
de c al our os mai s pes s i mi s t as da Uni v er s i dade da Pens i l v âni a t em par t i c i pado
des s es wor k s hops ou t em f ei t o par t e do gr upo de c ont r ol e.

___

4 Meus c ol egas que l ev am adi ant e o pr oj et o c om os al unos da Uni v er s i dade da


Pens i l v âni a s ão
Pet er Shul man, o Dr . Rob DeRubei s , o Dr . St c v e HoI l on, o Dr . Ar t Fr eeman e a
Dr a. Kar en
Rei v i c h. Es t e t r abal ho é apoi ado pel a f i l i al de Pes qui s a Pr ev ent i v a do Nat i onal
I ns t i t ut e of Ment al
Heal t h.

18

Nós ens i namos doi s c onj unt os de habi l i dades no wor k s hop o qual é
c onduz i do, em gr upos de 10, por t al ent os os al unos de pós - gr aduaç ão em
ps i c ol ogi a c l í ni c a. Nós ens i namos aos c al our os as habi l i dades des c r i t as nos
Capí t ul os 11 e 13 e um c onj unt o adi c i onal de habi l i dades c ompor t ament ai S
o qual i nc l ui t r ei nament o as s er t i v o, c l as s i f i c aç ão de t ar ef as e c ont r ol e de
es t r es s e.
Depoi s de 18 mes es de ac ompanhament o pos s o i nf or mar os pr i mei r os
r es ul t ados c om 119 pes s oas que par t i c i par am do gr upo de c ont r ol e e 106 que
c ompar ec er am ao c ur s o de 16 hor as s obr e c omo apr ender a s er ot i mi s t a. A
c ada s ei s mes es , c ada pes s oa pas s av a por uma ent r ev i s t a c ompl et a de di agnós t i c o,
na qual nós obs er v áv amos epi s ódi os moder ados ou s ev er os de depr es s ão e
ans i edade. Tr i nt a e doi s por c ent o dos al unos do gr upo de c ont r ol e t i v er am um
moder ado a s ev er o epi s ódi o de depr es s ão em c ont r as t e c om 22% do gr upo
que par t i c i pav a do wor k s hop de pr ev enç ão. Res ul t ados s emel hant es f or am
obt i dos c om r el aç ão ao t r ans t or no de ans i edade gener al i z ada. Qui nz e por
c ent o dos par t i c i pant es do gr upo de c ont r ol e t i v er am um epi s ódi o de t r ans t or no
de ans i edade gener al i z ada c ont r a 7% dos par t i c i pant es do wor k s hop. Também
Pági na 7
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
obs er v amos que f oi a mudanç a do pes s i mi s mo par a o ot i mi s mo que l ev ou à
pr ev enç ão da depr es s ão e da ans i edade.
Meus c ol egas e eu l anç amos r ec ent ement e um pr ogr ama par al el o de
Ot i mi s mo Apr endi do par a c r i anç as de di f er ent es f ai x as et ár i as que f r eqüent am
es c ol as . 5 Ci nc o es t udos ens i nam a c r i anç as ent r e 10 e 12 anos habi l i dades
c ogni t i v as e c ompor t ament ai s que di mi nuem o r i s c o de depr es s ão. Tai s
habi l i dades s ão des c r i t as nos Capí t ul os 11 e 13 des t e l i v r o. Nes s es es t udos , nós
s el ec i onamos c r i anç as c om doi s f at or es de r i s c o: c r i anç as c om s i nt omas
moder ados de depr es s ão e c r i anç as c uj os pai s br i gam mui t o. Es t es doi s f at or es
pr edi s põem c r i anç as a t er em depr es s ão. Se a pont uaç ão de uma c r i anç a f or
al t a em qual quer des t es doi s f at or es , el a pr eenc he os r equi s i t os par a par t i c i par
de nos s o pr ogr ama de t r ei nament o. Habi l i dades de c ombat e à depr es s ão s ão
ens i nadas a gr upos de 10 c r i anç as após o hor ár i o es c ol ar , at r av és de
br i nc adei r as ,
des enho ani mado, t eat r o e l anc hes c ol et i v os . ( Voc ê enc ont r ar a a des c r i ç ão des s as
at i v i dades no Capí t ul o 13 ou em mai or es det al hes no l i v r o The Opt i mi s t i c
Chi l d [ A c r i anç a ot i mi s t a] ) .
___
5 Meus c ol egas nes t e pr oj et o s ão: Dr s . Kar en Rei v i c h. J ane Gi l l ham, Rob
DeRubet s . Li s a J ay c ox ,
St ev e Hol l on, Andr ew Shat t e e Sr . Pet er Shul man. Somos apoi ados pel a f i l i al de
Pes qui s a
Pr ev ent i v a do Nat i onal I ns t i t ut e of Ment al Heal t h.

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Aqui , f al ar ei apenas s obr e um dos es t udos , o qual t ev e um ac ompanhament o


mai s l ongo. O es t udo f oi f ei t o no muni c í pi o de Abi ngt on, per t o da Fi l adél f i a
( J ay c ox , Rei v i c h, Gi l l ham e Sel i gman, 1994; Gi l l ham, Rei v i c h, J ay c ox e
Sel i gman, 1996) - 6 Os ac hados do es t udo f ei t o em Abi ngt on r ev el am o s egui nt e:

1) Dur ant e o ac ompanhament o de doi s anos , a por c ent agem ger al de


c r i anç as que apr es ent am s i nt omas de moder ados a s ev er os de
depr es s ão é as s us t ador ament e al t a ( ent r e 20% e 45%) .
2) As c r i anç as que par t i c i par am do wor k s hop s obr e ot i mi s mo t i v er am
apenas c er c a da met ade dos í ndi c es de s i nt omas depr es s i v os
moder ados ou s ev er os apr es ent ados pel o gr upo de c ont r ol e.
3) I medi at ament e após o wor k s hop, o gr upo que não f oi t r at ado
apr es ent ou um gr au de s i nt omas depr es s i v os s i gni f i c at i v ament e mai or do que
o gr upo que par t i c i pou do wor k s hop s obr e ot i mi s mo.
4) Os benef í c i os do Apr enda a s er ot i mi s t a aument am c om o t empo. À
medi da que as c r i anç as do gr upo de c ont r ol e pas s ar am pel a
puber dade, enf r ent ar am s uas pr i mei r as r ej ei ç ões s oc i ai s e s ex uai s e dei x ar am de
s er os al unos mai s v el hos do pr i mei r o gr au par a s e t or nar em os
es t udant es mai s j ov ens do s egundo gr au, es s as c r i anç as f or am s e t or nando
mai s e mai s depr i mi das em c ompar aç ão c om aquel as que
par t i c i par am do gr upo par a apr endi z agem do ot i mi s mo. Após 24 mes es , 44%
das pr i mei r as apr es ent av am s i nt omas depr es s i v os de moder ados a
s ev er os , ao pas s o que apenas 22% do gr upo que t r abal hou o ot i mi s mo
t i nha t ai s s i nt omas .
Ens i nar as c r i anç as o ot i mi s mo ant es da puber dade, mas c om i dade
s uf i c i ent e na i nf ânc i a, de f or ma que el as s e t or nem met ac ogni t i v as ( c apaz es de
pens ar s obr e o pens ar ) , é uma es t r at égi a que t r az bons r es ul t ados . Quando as
c r i anç as que pas s am pel o pr ogr ama de t r ei nament o us am s uas habi l i dades

___

6 Gi l l ham, J . , Rei v i c b, K. , J ay c ox , L. e Sel i gman, M. E. P. ( 1995) . " Pr ev ent i on


of depr es s i v e
s y mpt ons i n s c hool c hi l dr en: Two- y ear f ol l ow- upo [ Pr ev enç ão dos s i nt omas de
depr es s ão em
c r i anç as em i dade es c ol ar : ac ompanhament o de doi s anos ] . Ps y c / i ol ogi c al Sdenee,
6( 6) , pp. 343- 51.
Pági na 8
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
J ay c ox , L. , Rei v i c h, K. , Gi l l ham, J . e Sel i gman, M. E. P. ( 1994) . " Pr ev ent i on of
Depr es s i v e
Sy mpt ons i n Sc hool c hi l dr en" [ Pr ev enç ão dos s i nt omas de depr es s ão em c r i anç as em
i dade es c ol ar . ]
Behav i or Res ear c h and Ther apy , 32, pp. 801- 16.

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par a l i dar c om s uas pr i mei r as r ej ei ç ões na puber dade, el as mel hor am c ada v ez
mai s na apl i c aç ão des s as habi l i dades . Nos s a anál i s e mos t r a que a mudanç a do
pes s i mi s mo par a o ot i mi s mo é, pel o menos par c i al ment e, r es pons áv el pel a
pr ev enç ão de s i nt omas depr es s i v os .
À medi da que v oc ê f or l endo es t e l i v r o, v er á que, at ual ment e, há uma
epi demi a de depr es s ão ent r e adul t os e c r i anç as nos Es t ados Uni dos . Como os
Capí t ul os 6 a 10 mos t r am, a depr es s ão não é apenas um s of r i ment o ment al ;
el a t ambém c onduz a uma pr odut i v i dade bai x a e a uma s aúde f í s i c a debi l i t ada.
Se es s a epi demi a c ont i nuar , ac r edi t o que a pos i ç ão dos Es t ados Uni dos no
mundo es t ar á em r i s c o. Os Es t ados Uni dos per der ão s ua pos i ç ão ec onômi c a
par a paí s es menos pes s i mi s t as e o nos s o pes s i mi s mo mi nar á nos s o des ej o de
al c anç ar j us t i ç a s oc i al em nos s o pr ópr i o paí s .
Es t e pr obl ema não c hegar á ao f i m c om o Pr oz ac . Não v amos of er ec er
dr ogas ant i depr es s i v as par a uma ger aç ão i nt ei r a. Es s as medi c aç ões não s ão
ef i c i ent es ant es da puber dade e há um gr av e r i s c o mor al em t or nar t oda uma
ger aç ão dependent e de medi c ament os par a mel hor ar s eu humor e s ua
pr odut i v i dade. Também não f ar emos t er api a c om uma ger aç ão i nt ei r a por que
não t emos um númer o s uf i c i ent e de bons t er apeut as par a at ender a t odos .
O que podemos f az er é apr ov ei t ar as habi l i dades que s ão ens i nadas nes t e
l i v r o e t r ans pô- l as par a a pr át i c a educ ac i onal . Nas es c ol as e nos l ar es nor t e-
amer i c anos , podemos ens i nar es s as habi l i dades a t odos os j ov ens que apr es ent em
r i s c o de depr es s ão, s uper ando as s i m a depr es s ão em nos s as pr ópr i as v i das e na
v i da de nos s os f i l hos .

Mar t i n E. P. Sel i gman


31 de j ul ho de 1997
Wy nnewood, Pens i l v âni a

21

22

Pr i mei r a Par t e
A PROCURA

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Capí t ul o 1

Pági na 9
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Duas Manei r as de
Enc ar ar a Vi da

O PAI OLHA EMBEVECI DO PARA A FI LHA RECÉM- NASCI DA, HÁ POUCO CHEGADA
da mat er ni dade, dor mi ndo no ber ç o. Seu c or aç ão ex ul t a de j úbi l o e de
gr at i dão pel a bel ez a e pel a per f ei ç ão da c r i anç a.
O bebê des per t a e ol ha f i x ament e par a c i ma.
Opai c hama- a c ar i nhos ament e pel o nome, es per ando que el a v i r e a c abeç a
e ol he par a el e, mas os ol hos da meni na não s e mov em.
Apanha um br i nquedo de pel úc i a pendur ado na gr ade do ber ç o e s ac ode- o,
f az endo s oar um gui z o embut i do. Os ol hos do bebê não s e mex em.
Seu c or aç ão di s par a. Pr oc ur a a mul her no quar t o de dor mi r e c ont a- l he o
que ac aba de pr es enc i ar .
- El a par ec e não r eagi r a qual quer r uí do. Dá a i mpr es s ão de que não
c ons egue ouv i r .
- Tenho c er t ez a de que es t á bem - di z a es pos a, v es t i ndo o penhoar .
J unt os , di r i gem- s e ao quar t o da c r i anç a.
A mãe pr onunc i a doc ement e o nome do bebê, agi t a o c hoc al ho, bat e pal mas .
Pega a meni na no c ol o, que s e r eani ma i medi at ament e, es per neando e
bal buc i ando.
- Meu Deus ! - ex c l ama o pai . - El a é s ur da.
- Nem pens e numa c oi s a des s a - di z a mãe. - El a ai nda é mui t o
nov i nha. Os s eus ol hos nem c ons eguem f oc al i z ar di r ei t o.

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- Mas el a não f ez o menor mov i ment o, nem mes mo quando v oc ê bat eu


pal mas c om t oda f or ç a.
A mãe apanha um l i v r o na es t ant e.
- Vej amos o que di z o l i v r o de puer i c ul t ur a. - Loc al i z a o v er bet e
" audi ç ão" e l ê em v oz al t a: - " Não s e al ar me s e o s eu bebê não s e as s us t ar c om
bar ul hos mai s f or t es ou dei x ar de s e or i ent ar pel o s om. O r ef l ex o c ondi c i onado
ao s us t o e a at enç ão ao s om l ev am ger al ment e al gum t empo par a s e
mani f es t ar em. O s eu pedi at r a poder á s ubmet er a c r i anç a a ex ames
neur ol ógi c os . " Aí es t á - di z a mãe. - Sent e- s e mel hor agor a?
- Não mui t o - r es ponde o pai . - O l i v r o nem menc i ona a out r a
pos s i bi l i dade, de que o bebê s ej a s ur do. Mas o f at o é que el a não ouv e nada.
Tenho um mau pr es s ent i ment o. Tal v ez s ej a por que meu av ô er a s ur do. Nunc a
me per doar ei s e es s a c oi s i nha f of a f or s ur da por mi nha c ul pa.
- Ei , c al ma l á - i nt er r ompe a mul her . - Voc ê es t á pens ando l ogo no
pi or . Chamar emos o pedi at r a s egunda- f ei r a à pr i mei r a hor a. At é l á, ani me- s e.
Aj ude aqui , s egur e o neném um i ns t ant i nho, enquant o ar r umo os l enç ói s .
O pai pega a c r i anç a, mas dev ol v e- a o mai s depr es s a pos s í v el .
Dur ant e
t odo o f i m de s emana, não c ons egue abr i r a pas t a e dar c ont a do t r abal ho que
l ev ou par a f az er em c as a. Per s egue a mul her por t oda par t e, r umi nando os
pens ament os mai s t enebr os os s obr e a s upos t a def i c i ênc i a audi t i v a da f i l ha e
ant ev endo a v i da t r ági c a que a aguar da c as o s e c onf i r me a s ur dez i nc ur áv el . Só
i magi na o pi or : pr i v ada da audi ç ão, i nc apaz de des env ol v er a l i nguagem, s ua
l i nda c r i anç a es t á pr edes t i nada a v i v er à mar gem da s oc i edade, c onf i nada num
mundo s ol i t ár i o e i mpi edos ament e s i l enc i os o. No domi ngo à noi t e, s eu
des es per o at i nge o par ox i s mo.
A mãe dei x a um r ec ado na s ec r et ár i a el et r ôni c a do pedi at r a, s ol i c i t ando
uma c ons ul t a par a s egunda- f ei r a c edo. Pas s a o f i m de s emana f az endo ex er c í c i os
de r ec uper aç ão, l endo e pr oc ur ando ac al mar o mar i do.
O r es ul t ado dos t es t es do pedi at r a é t r anqüi l i z ador , mas o es t ado
de es pí r i t o
do pai per manec e em bai x a. Soment e uma s emana depoi s , quando o bebê
r egi s t r a s eu pr i mei r o r ef l ex o, à pas s agem de um c ami nhão c om o c ano de
des c ar ga aber t o, el e c omeç a a s e r ec ompor e a c ur t i r a f i l ha nov ament e.
ESSE PAI E ESSA MÃE VÉEM O MUNDO DE MANEI RAS DI STI NTAS. SEMPRE QUE
al guma c oi s a des agr adáv el l he ac ont ec e - uma c ont es t aç ão aos s eus
i mpos t os , uma s i mpl es r us ga c om a mul her , uma t es t a f r anz i da do pat r ão - , el e
Pági na 10
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

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l ogo ant ec i pa o f i m do mundo: s onegaç ão f i s c al e c adei a, di v ór c i o, demi s s ão.


E, dado a depr es s ões , mer gul ha em l ongos per í odos de f os s a, t ot al i ndi f er enç a;
s ua s aúde s of r e as i nev i t áv ei s c ons eqüênc i as . Em c ont r apar t i da, el a v ê as
c ont r ar i edades s ob s ua l uz menos ameaç ador a. Par a el a, s ão des af i os moment âneos
a s er em s uper ados . Ref az - s e r api dament e de um r ev és , r ec uper a s ua ener gi a
em pouc o t empo.
Ot i mi s t as e pes s i mi s t as : v enho es t udando- os há 25 anos . Uma
c ar ac t er í s t i c a
def i ni dor a dos pes s i mi s t as é s ua t endênc i a a ac r edi t ar que as v i c i s s i t udes s ão
i r r emov í v ei s , que mi nam i ns i di os ament e t odas as s uas at i v i dades e que s ão os
úni c os r es pons áv ei s por el as . J á os ot i mi s t as , s uj ei t os aos mes mos t r anc os des t e
mundo, enc ar am o i nf or t úni o de manei r a opos t a. Ac r edi t am ger al ment e que
um i ns uc es s o é apenas um c ont r at empo pas s agei r o, que as c aus as s e r es t r i ngem
ao c as o em ques t ão. Os ot i mi s t as não s e j ul gam c ul pados de ev ent uai s mal ogr os :
ac ham que s ão pr ov oc ados por c i r c uns t ânc i as des f av or áv ei s , f al t a de s or t e
oc as i onal , ou out r as pes s oas . Os r ev es es não abal am s ua es t r ut ur a; c onf r ont ados
c om uma s i t uaç ão adv er s a, enf r ent am- na c omo um des af i o a s er v enc i do c om
r edobr ado empenho.
Es s as duas manei r as de i nt er pr et ar as c aus as da i nf el i c i dade t êm
c ons eqüênc i as di s t i nt as . Li t er al ment e, c ent enas de es t udos demons t r am que os
pes s i mi s t as des i s t em c om mai s f ac i l i dade e f i c am depr i mi dos c om mai s
f r eqüênc i a. As pes qui s as t ambém i ndi c am que os ot i mi s t as s aem- s e mel hor no
c ol égi o e na uni v er s i dade, no t r abal ho e nas c ompet i ç ões es por t i v as . Quas e
s empr e ex c edem as pr ev i s ões dos t es t es de apt i dão. Quando s e c andi dat am a
c ar gos el et i v os , os ot i mi s t as t êm mai s c hanc es de s er em el ei t os do que os
pes s i mi s t as . Sua s aúde é ex c epc i onal ment e boa. Env el hec em bem, menos
pr opens os do que a mai or i a dos mor t ai s aos mal es que ger al ment e ac omet em
as pes s oas de mei a- i dade. Há i ndí c i os de que podem at é des f r ut ar de uma v i da
mai s l onga.
Cons t at ei que, em c ent enas de mi l har es de t es t es , é s ur pr eendent ement e
el ev ado o númer o de i ndi v í duos que s e r ev el am pes s i mi s t as empeder ni dos ,
s endo i gual ment e ex pr es s i v o o c ont i ngent e dos que apr es ent am t endênc i as
ac ent uadas par a o pes s i mi s mo. Apr endi que nem s empr e é f ác i l af i r mar que
uma pes s oa é pes s i mi s t a e que é mui t o mai or do que i magi nam a por c ent agem
dos que não s e dão c ont a de que o s ão. Tes t es c i ent í f i c os apont am s i nt omas de
pes s i mi s mo nas at i t udes de pes s oas que j amai s s e c ons i der ar i am pes s i mi s t as ;

27

i ndi c am, ai nda, que es s es s i nt omas s ão det ec t ados por t er c ei r os , que r eagem
negat i v ament e ao di s c ur s o des s as pes s oas .
Um c ompor t ament o pes s i mi s t a pode es t ar t ão pr of undament e enr ai z ado
a pont o de par ec er per manent e. Des c obr i , ent r et ant o, que é pos s í v el es c apar
do pes s i mi s mo. Na v er dade, os pes s i mi s t as podem apr ender a s er ot i mi s t as ,
s em pr ec i s ar r ec or r er a ar t i f i c i os t ol os c omo as s obi ar uma mel odi a al egr e ou
i nc or r er em l ugar es - c omuns ( " A c ada di a, em t odos os s ent i dos , v ou c ada v ez
mel hor . " ) , mas apr endendo nov as t éc ni c as c ogni t i v as . Longe de s er em c r i aç ões
de f al s os ps i c ól ogos ou do s ens ac i onal i s mo da mí di a popul ar , es s as t éc ni c as
f or am des env ol v i das e r i gor os ament e t es t adas em l abor at ór i os e c l í ni c as de
r enomados ps i c ól ogos e ps i qui at r as .
Es t e l i v r o o aj udar á a des c obr i r s uas pr ópr i as t endênc i as pes s i mi s t as ,
se
v oc ê as t i v er , ou das pes s oas por quem v oc ê s e i nt er es s a. Rev el ar á, t ambém,
nov os pr oc edi ment os que aj udar am mi l har es de pes s oas a s e l i v r ar em de hábi t os
pes s i mi s t as de uma v i da i nt ei r a e, por ex t ens ão, da depr es s ão. El e l he dar á a
opor t uni dade de r epens ar s eus r ev es es s ob uma nov a l uz .

Um Ter r i t ór i o Não- r ec l amado

No CENTRO DO FENÔMENO DO PESSI MI SMO EXI STE OUTRO FENÔMENO -


Pági na 11
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
odo des ampar o. Des ampar o é o es t ado de c oi s as em que nada do que v oc ê s e
pr opõe f az er af et a o que Lhe ac ont ec e. Por ex empl o, s e eu l he pr omet er mi l
dól ar es par a que abr a o l i v r o na pági na 104, pr ov av el ment e v oc ê s e dec i di r á a
f az ê- l o, e c ons egui r á. Ent r et ant o, s e l he pr omet er mi l dól ar es par a c ont r ai r
a pupi l a do s eu ol ho, us ando apenas f or ç a de v ont ade, v oc ê poder á r es ol v er
f az ê- l o, mas de nada adi ant ar á. Voc ê s e s ent i r á i nc apaz de c ont r ai r s ua pupi l a.
Vi r ar a pági na é al go que es t á s ob o c ont r ol e de s ua v ont ade; os mús c ul os que
ac i onam a c ont r aç ão da s ua pupi l a não es t ão.
A v i da c omeç a no mai s c ompl et o des ampar o. A c r i anç a r ec ém- nas c i da
não t em v ont ade pr ópr i a, é uma c r i at ur a que age quas e i nt ei r ament e por r ef l ex o.
Quando el a c hor a, s ua mãe ac or r e, embor a i s s o não quei r a di z er que el a c ont r ol e
os mov i ment os da mãe. O c hor o é uma s i mpl es r eaç ão r ef l ex i v a, c ondi c i onada
à dor ou ao des c onf or t o. El a não c hor a a s eu bel - pr az er . Ao que t udo i ndi c a,

28

os mús c ul os env ol v i dos no at o de s ugar ( mamar ) obedec em a um


f r ági l c ont r ol e da v ont ade. Por v ez es , os úl t i mos anos de uma v i da nor mal
r epr es ent am um r et r oc es s o ao es t ado de des ampar o, i nc apac i dade. Podemos
per der a c apac i dade de andar . Mai s t r i s t e ai nda, podemos per der o c ont r ol e
s obr e a bex i ga e os i nt es t i nos , que c onqui s t amos no s egundo ano de v i da.
Podemos per der a c apac i dade de enc ont r ar as pal av r as que bus c amos . Podemos
at é per der a pr ópr i a f al a, e o dom de or denar as i déi as .
O l ongo per í odo ent r e a i nf ânc i a e nos s os úl t i mos anos é um pr oc es s o que
c ons i s t e na s uper aç ão do des ampar o e c onqui s t a do c ont r ol e pes s oal . Por
c ont r ol e pes s oal , ent enda- s e a c apac i dade de modi f i c ar as c oi s as pel a aç ão
v ol unt ár i a de c ada um: é o opos t o da i mpas s i bi l i dade. Nos t r ês ou quat r o
pr i mei r os mes es da v i da de uma c r i anç a, al guns mov i ment os r udi ment ar es
dos br aç os e das per nas s ubmet em- s e ao c ont r ol e v ol unt ár i o. O mov i ment o
des c ont r ol ado dos br aç os aos pouc os s e apur a e t r ans f or ma- s e no ges t o de
al c anç ar . Ent ão, par a des al ent o dos pai s , o c hor o do bebê pas s a a s er
v ol unt ár i o:
el e j á pode ber r ar par a c hamar a mãe. El e abus a de s ua nov a f or ç a, at é que el a
dei x a de f unc i onar . O pr i mei r o ano s e enc er r a c om doi s mi l agr es do c ont r ol e
da v ont ade: os pr i mei r os pas s os e as pr i mei r as pal av r as . Se t udo c or r er bem, s e
as nec es s i dades ment ai s e f í s i c as da c r i anç a f or em r az oav el ment e s at i s f ei t as à
medi da que s e mani f es t ar em, os anos s egui nt es s er ão de c ons t ant e di mi nui ç ão
do des ampar o e c r es c ent e c onqui s t a do c ont r ol e pes s oal .
Mui t as c oi s as na v i da es t ão al ém do nos s o c ont r ol e - a c or dos nos s os
ol hos , a nos s a r aç a, a s ec a no Mei o- Oes t e. Mas há um i mens o t er r i t ór i o
não- r ec l amado de aç ões das quai s podemos as s umi r o c ont r ol e - ou c edê- l o a
t er c ei r os ou ao des t i no. Es s as aç ões abr angem a manei r a c omo c onduz i mos
nos s as v i das , c omo l i damos c om as pes s oas , c omo ganhamos a v i da -
t odos os as pec t os da ex i s t ênc i a s obr e os quai s nor mal ment e t emos al gum
poder de es c ol ha.
A manei r a c omo pens amos s obr e os v as t os domí ni os da v i da pode ampl i ar
ou l i mi t ar o c ont r ol e que t emos s obr e el a. Nos s os pens ament os não s ão
mer ament e r eaç ões aos ac ont ec i ment os ; el es modi f i c am o que s uc ede. Se nos
j ul gar mos , por ex empl o, s em c ondi ç ões par a i nf l ui r no des t i no de nos s os f i l hos ,
f i c ar emos par al i s ados quando t i v er mos de enf r ent ar es s a f ac et a de nos s as v i das .
A i déi a de que " Não adi ant a f az er nada" t ol he nos s os mov i ment os ,
i mpede- nos de agi r . E, des s a f or ma, c edemos o c ont r ol e aos c ompanhei r os e aos

29

pr of es s or es de nos s os f i l hos , e às c i r c uns t ânc i as . Se s uper es t i mar mos nos s a


i nc apac i dade, out r as f or ç as as s umi r ão o c ont r ol e e model ar ão o f ut ur o del es .
Mai s adi ant e nes t e l i v r o v er emos que, j udi c i os ament e empr egado, o
pes s i mi s mo ameno t em s ua ut i l i dade. Mas 25 anos de es t udos me c onv enc er am
de que s e ac r edi t amos habi t ual ment e, c omo ac ont ec e c om o pes s i mi s t a, que
s omos c ul pados por nos s os i nf or t úni os , que el es s ão et er nos , e c ompr omet er ão
t udo o que f i z er mos , s uas c ons eqüênc i as s er ão mui t o mai s gr av es do que s e
pens ás s emos o c ont r ár i o. Também es t ou c onv enc i do de que, s e s uc umbi r mos
a es s a v i s ão negat i v a das c oi s as , f i c ar emos f ac i l ment e depr i mi dos , r eal i z ar emos
Pági na 12
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
menos do que o nos s o pot enc i al e at é f i c ar emos doent es f i s i c ament e c om mai s
f r eqüênc i a. As pr of ec i as pes s i mi s t as s ão aut o- s uf i c i ent es .
Um ex empl o dol or os o é o c as o de uma j ov em que c onhec i , al una de
uma uni v er s i dade onde l ec i onei . Dur ant e t r ês anos , s eu ment or , um
pr of es s or de l i t er at ur a i ngl es a, t i nha s i do ex t r emament e dedi c ado, quas e
af et uos o.
O s eu apoi o e as boas not as da moç a pr opor c i onar am- l he uma bol s a de
es t udos de um ano em Ox f or d. Quando el a v ol t ou da I ngl at er r a, s eu i nt er es s e
pr i nc i pal t i nha s e t r ans f er i do de Di c k ens , es pec i al i dade do s eu ment or , par a
r omanc i s t as i ngl es es que o ant ec eder am, par t i c ul ar ment e J ane Aus t en,
es pec i al i dade de um dos c ol egas do s eu pr of es s or . El e pr oc ur ou per s uadi - l a a
es c r ev er s ua t es e de dout or ado s obr e Di c k ens , mas par ec eu ac ei t ar s em
r es s ent i ment o a dec i s ão da pupi l a de abor dar a obr a de Aus t en, c onc or dando
em c ont i nuar a or i ent á- l a.
Tr ês di as ant es do ex ame or al , o ment or env i ou uma not a à banc a
ex ami nador a ac us ando a moç a de pl ági o na s ua t es e. O s eu c r i me, di s s e el e, t i nha
s i do omi t i r o c r édi t o a duas f ont es do s eu depoi ment o s obr e a adol es c ênc i a de
J ane Aus t en, at r i bui ndo- s e na r eal i dade a aut or i a de s uas c ons i der aç ões . O
pl ági o é o mai s gr av e dos pec ados ac adêmi c os , e t odo o f ut ur o da j ov em al una
- i nc l us i v e s ua pr ópr i a f or mat ur a - f oi s er i ament e ameaç ado.
Quando el a c ons ul t ou as pas s agens que o pr of es s or ques t i onar a, v er i f i c ou
que ambas pr oc edi am da mes ma f ont e - o pr ópr i o pr of es s or . El a obt i v er a as
r ef er ênc i as numa c onv er s a i nf or mal c om el e, na qual el e as menc i onar a c omo
s e f os s em obs er v aç ões de s ua pr ópr i a l av r a; em moment o al gum al udi u às
f ont es em que as c ol her a. A j ov em f or a v í t i ma de um pr of es s or c i ument o,
r ec eos o de per dê- l a.

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Mui t a gent e t er i a r eagi do f ur i os ament e c ont r a o pr of es s or . Mas não


El i z abet h. Seu hábi t o de pens ar pes s i mi s t ament e f oi mai s f or t e. Ti nha c er t ez a de
que a banc a ex ami nador a a c ons i der ar i a c ul pada. E c onv enc eu- s e de que não
hav i a c omo pr ov ar o c ont r ár i o. Ser i a a pal av r a del a c ont r a a del e, e el e er a um
pr of es s or . Em v ez de s e def ender , r et r ai u- s e, ex ami nando t odos os as pec t os da
s i t uaç ão s ob a l uz menos f av or áv el . A c ul pa er a t oda s ua, di s s e a s i mes ma. Não
i mpor t av a que o pr of es s or t i v es s e i do bus c ar as i déi as em out r os aut or es . A
v er dade é que el a as " r oubar a" ao dei x ar de dar c r édi t o ao pr of es s or . Ac r edi t av a
s i nc er ament e que t i nha t r apac eado; não r es t av a dúv i da de que er a uma
i mpos t or a, e pr ov av el ment e s empr e t i nha s i do.
Pode par ec er i nc r í v el que el a s e c ons i der as s e c ul pada quando s ua
i noc ênc i a
er a t ão óbv i a. Mas pes qui s as c ui dados as demons t r am que as pes s oas c om hábi t os
de pens ar pes s i mi s t as s ão c apaz es de t r ans f or mar s i mpl es c ont r at empos em
t r agédi as . É c omum c onv er t er em s ua pr ópr i a i noc ênc i a em s ent i ment o de
c ul pa. El i z abet h des enc av ou l embr anç as que par ec i am c onf i r mar s eu r i gor os o
v er edi c t o: a v ez em que " c ol ar a" as r es pos t as da pr ov a de uma c ol ega de c ol égi o;
out r a v ez , na I ngl at er r a, quando dei x ar a de des f az er a i mpr es s ão de al guns
ami gos i ngl es es de que des c endi a de uma f amí l i a abas t ada. E agor a aquel e
embus t e, o pl ági o de que ac us av am s ua t es e. Mant ev e- s e c al ada di ant e da banc a
ex ami nador a e f oi r epr ov ada.
Es s a hi s t ór i a não t ev e um f i nal f el i z . Com a der r oc ada de s eus pl anos ,
s ua
v i da s e ar r ui nou. Nos úl t i mos 10 anos , t em t r abal hado c omo v endedor a. Tem
pouc as ambi ç ões . Não es c r ev e mai s , nem s e i nt er es s a pel a l ei t ur a. Cont i nua
pagando pel o " s eu c r i me" .
Mas não houv e c r i me al gum, apenas uma f r aquez a humana c omum: um
hábi t o de pens ar pes s i mi s t a. Se t i v es s e di t o a s i mes ma " Fui r oubada. O c anal ha
c i ument o me ar mou uma c i l ada" , t er i a t i do c or agem par a s e def ender e c ont ar
s ua v er s ão dos f at os . A demi s s ão do pr of es s or de out r a f ac ul dade pel o mes mo
mot i v o poder i a t er v i ndo à t ona. El a t er i a s e di pl omado c om di s t i nç ão - s e
t i v es s e hábi t os di f er ent es de pens ar s obr e os i nf or t úni os da v i da.
Os hábi t os de pens ar não pr ec i s am s er et er nos . Uma das des c ober t as mai s
i mpor t ant es da ps i c ol ogi a nos úl t i mos 25 anos é o f at o de os i ndi v í duos poder em
es c ol her s ua pr ópr i a manei r a de pens ar .
A c i ênc i a da ps i c ol ogi a nem s empr e s e i mpor t ou c om os es t i l os de pens ar
de c ada um, ou c om a aç ão humana i ndi v i dual ou c om o pr ópr i o i ndi v í duo
Pági na 13
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

31

em s i . Mui t o pel o c ont r ár i o. Quando eu es t udav a ps i c ol ogi a, há 25 anos ,


di l emas c omo o que ac abei de des c r ev er não er am ex pl i c ados c omo hoj e o s ão.
Naquel a époc a, t i nha- s e c omo c er t o que as pes s oas er am pr odut o do s eu mei o.
A ex pl i c aç ão domi nant e da aç ão humana er a que as pes s oas er am " empur r adas "
por s eus i mpul s os i nt er i or es ou " pux adas " pel os ac ont ec i ment os ex t er i or es .
Embor a os det al hes s obr e o empur r ão e o pux ão dependes s em da t eor i a
par t i c ul ar que o i ndi v i duo pudes s e t er , em ger al t odas as t eor i as em v oga
c onc or dav am c om es s e pr i nc i pi o. Os f r eudi anos s us t ent av am que os c onf l i t os
não- r es ol v i dos da i nf ânc i a er am r es pons áv ei s pel o c ompor t ament o adul t o. Os
adept os de B. E Sk i nner def endi am a t es e de que o c ompor t ament o er a r epet i do
s oment e quando r ef or ç ado ex t er nament e. Os et ol ogi s t as ar gument av am que
o c ompor t ament o r es ul t av a de padr ões de aç ão f i x os det er mi nados por nos s os
genes , e os s egui dor es da t eor i a c ompor t ament al de Cl ar k Hul l af i r mav am
que ér amos i ns t i gados a agi r pel a nec es s i dade de r eduz i r mos nos s os i mpul s os
e s at i s f az er nos s as nec es s i dades bi ol ógi c as .
A par t i r de 1965, as ex pl i c aç ões at é ent ão s us t ent adas c omeç ar am a s e
modi f i c ar r adi c al ment e. O mei o que c er c a uma pes s oa pas s ou a s er c ons i der ado
c ada v ez menos i mpor t ant e c omo f at or det er mi nant e do s eu c ompor t ament o.
Quat r o v er t ent es de pens ament o c onv er gi r am par a o pr ec ei t o de que a aut o-
det er mi naç ão, mai s do que f or ç as ex t er nas , pode ex pl i c ar a aç ão humana.

- Em 1959, Noam Choms k y f ez uma c r í t i c a dev as t ador a do l i v r o or i gi nal


de B. E Sk i nner - Compor t ament o v er bal . Choms k y ar gument ou que a
l i nguagem em par t i c ul ar e a aç ão humana em ger al não r es ul t av am do
f or t al ec i ment o de hábi t os v er bai s ant er i or es pel a r epet i ç ão. A es s ênc i a da
l i nguagem, di s s e el e, é s er ger ador a, pr odut i v a: f r as es nunc a
pr onunc i adas ou ouv i das ant es ( c omo " Um l agar t o- gi l a pur pur i no es t á s ent ado no
s eu c ol o" ) podem no ent ant o s er i medi at ament e c ompr eendi das .

- J ean Pi aget , o gr ande i nv es t i gador s uí ç o do des env ol v i ment o das


c r i anç as , c onv enc eu mei o mundo - os amer i c anos por úl t i mo - de que o
des abr oc har da ment e i nf ant i l pode s er c i ent i f i c ament e es t udado.
- Em 1967, c om a publ i c aç ão de Cogni t i v e Ps y c hol ogy , de Ul r i c Nei s s er ,
um nov o c ampo s eduz i u ps i c ól ogos ex per i ment ai s di s s i dent es dos dogmas
do c ompor t ament o. A ps i c ol ogi a c ogni t i v a pr et ende que as el uc ubr aç ões
da ment e humana podem s er medi das e s uas c ons eqüênc i as es t udadas

32

us ando- s e as at i v i dades de pr oc es s ament o de i nf or maç ões dos


c omput ador es c omo model o.
Ps i c ól ogos behav i or i s t as des c obr i r am que o c ompor t ament o humano er a
ex pl i c ado i nadequadament e c omo c ons eqüenc i a de i mpul s os e
nec es s i dades , e c omeç ar am a i nv oc ar as c ogni ç ões - os pens ament os - do
i ndi v i duo par a ex pl i c ar as c ompl ex i dades do c ompor t ament o.
As s i m, as t eor i as pr ev al ec ent es na ps i c ol ogi a mudar am de enf oque no
f i nal
da déc ada de 1960, pas s ando do poder do mei o par a a ex pec t at i v a, a pr ef er ênc i a,
a es c ol ha, a dec i s ão, o c ont r ol e e o des ampar o i ndi v i duai s .
Es s a mudanç a f undament al no c ampo da ps i c ol ogi a es t á i nt i mament e
r el ac i onada c om a mudanç a f undament al oper ada em nos s a pr ópr i a ps i c ol ogi a.
Pel a pr i mei r a v ez na hi s t ór i a - dev i do à t ec nol ogi a, à pr oduç ão em mas s a e à
di s t r i bui ç ão, e ai nda a out r as r az ões - i númer as pes s oas di s põem de uma
s i gni f i c at i v a pos s i bi l i dade de es c ol ha e, c ons eqüent ement e, de c ont r ol e pes s oal
s obr e s uas v i das . Des s as es c ol has , t al v ez uma das mai s i mpor t ant es di ga r es pei t o
a nos s os hábi t os de pens ar . Es s e c ont r ol e f oi mai s do que bem r ec ebi do.
Per t enc emos a uma s oc i edade que out or ga aos i ndi v í duos que del a f az em par t e
poder es que el es nunc a pos s uí r am, uma s oc i edade que l ev a mui t o a s ér i o os
pr az er es e as dor es des s es i ndi v í duos , que ex al t a o ego e c ons i der a a r eal i z aç ão
pes s oal um obj et i v o dos mai s l egí t i mos , um di r ei t o quas e s agr ado.
Pági na 14
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

Depr es s ão
ESSAS LI BERDADES I MPLI CAM UNS TANTOS PERI GOS, POI S A ERA DO EGO É
t ambém a er a de um f enômeno i nt i mament e l i gado ao pes s i mi s mo: a depr es s ão,
a ex pr es s ão máx i ma do pes s i mi s mo. Es t amos no mei o de uma epi demi a de
depr es s ão c uj as c ons eqüênc i as , por f or ç a do s ui c í di o, r oubam mai s v i das do
que a Ai ds , e é mai s di f undi da. Os í ndi c es de depr es s ão aguda s ão 10 v ez es
mai or es at ual ment e do que há 50 anos . At i nge as mul her es duas v ez es mai s do
que os homens , e agor a s e mani f es t a na v i da das c r i at ur as 10 anos mai s c edo que
uma ger aç ão at r ás .
At é r ec ent ement e, s ó s e ac ei t av a duas manei r as de enc ar ar a depr es s ão: a
ps i c anal í t i c a e a bi omédi c a. A ps i c anal í t i c a é bas eada num t r abal ho que

33

Si gmund Fr eud es c r ev eu há quas e 75 anos . As es pec ul aç ões de Fr eud


apoi av am- s e em mui t o pouc a obs er v aç ão e ex c es s o de i magi naç ão. El e s us t ent av a
que a
depr es s ão er a o ódi o v ol t ado c ont r a o ego: o i ndi v í duo depr i mi do s e
aut odepr ec i a, c ons i der a- s e um i nút i l e quer s e mat ar . O depr es s i v o, af i r mou
Fr eud,
apr ende a s e odi ar no c ol o da mãe. Um di a, nos pr i mei r os anos de v i da da
c r i anç a, a mãe a abandona - pel o menos do pont o de v i s t a da c r i anç a. ( El a s e
aus ent a numa v i agem de f ér i as , f i c a f or a de c as a at é mui t o t ar de ou t em out r o
f i l ho. ) Em al gumas c r i anç as , i s s o é c apaz de pr ov oc ar ódi o, mas c omo a mãe é
mui t o quer i da par a s e t or nar o al v o de s emel hant e s ent i ment o, a c r i anç a v ol t a- s e
par a um al v o mai s ac ei t áv el - el a pr ópr i a ( ou, mai s pr ec i s ament e, a par t e
del a que s e i dent i f i c a c om a mãe) . Es s a t r ans f er ênc i a t or na- s e um hábi t o
des t r ut i v o. Agor a, s empr e que s e j ul ga abandonada, el a s e r ev ol t a c ont r a s i
mes ma e não c ont r a a r eal c aus ador a do s eu s ent i ment o de r ej ei ç ão. A
aut oc ens ur a, a depr es s ão c omo r eaç ão a uma per da, o s ui c í di o - t udo i s s o
s e s uc ede c l ar ament e.
De ac or do c om Fr eud, v oc ê não s e l i v r a da depr es s ão f ac i l ment e. A
depr es s ão é pr odut o de c onf l i t os da i nf ânc i a que per manec em não- r es ol v i dos
por bai x o de c amadas c r i s t al i z adas de def es a. Soment e quebr ando es s as
c amadas , ac r edi t av a Fr eud, e r es ol v endo f i nal ment e os ant i gos pr obl emas é
pos s í v el que a t endênc i a à depr es s ão di mi nua. Anos s egui dos de ps i c anál i s e
- a l ut a or i ent ada pel o t er apeut a par a det ec t ar na i nf ânc i a as or i gens da
c onv er gênc i a do ódi o c ont r a o ego - é a r ec ei t a de Fr eud par a os c as os
de depr es s ão.
Pel o que el a r epr es ent a par a a i magi naç ão amer i c ana ( s obr et udo par a a
dos habi t ant es de Manhat t an) , s ó t enho a di z er que é s i mpl es ment e abs ur da.
El a c ondena s uas v í t i mas a anos de uma c onv er s a uni l at er al s obr e um pas s ado
s ombr i o, di s t ant e, a f i m de s uper ar um pr obl ema que nor mal ment e s e r es ol v er i a
em pouc os mes es . Em mai s de 90% dos c as os , a depr es s ão é epi s ódi c a: el a v em
e v ai . Os epi s ódi os dur am ent r e t r ês e 12 mes es . Embor a mui t os mi l har es de
pac i ent es t enham s e s ubmet i do a mi l har es de s es s ões , a t er api a ps i c anal í t i c a
não c ompr ov ou s ua ef i c i ênc i a na c ur a da depr es s ão.
Pi or do que i s s o, el a c ul pa a v í t i ma. A t eor i a ps i c anal í t i c a ar gument a
que,
dev i do a f al has de c ar át er , a v í t i ma f az c om que a depr es s ão s e abat a s obr e el a.
El a quer f i c ar depr i mi da. El a é mot i v ada, pel o ans ei o de aut opuni ç ão, a s e’
ent r egar ao s of r i ment o di as s em f i m, e a ac abar c om a v i da s e puder .

34

Não pr et endo c om es s a c r í t i c a negar per empt or i ament e a t eor i a f r eudi ana.


Fr eud f oi um gr ande l i ber ador . Nos s eus es t udos i ni c i ai s s obr e a hi s t er i a -
per das f í s i c as c omo a par al i s i a s em c aus a f í s i c a - , el e ous ou ex ami nar a
s ex ual i dade humana e c onf r ont ar s eus as pec t os mai s s ombr i os . Ent r et ant o, o
êx i t o que obt ev e us ando os meandr os da s ex ual i dade par a ex pl i c ar a hi s t er i a
deu or i gem a uma f ór mul a de que s e s er v i u par a o r es t o da v i da. Todo s of r i ment o
Pági na 15
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
ment al pas s ou a s er uma t r ans mut aç ão de uma par t e v i l do nos s o c ar át er , e
par a Fr eud as par t es v i s c ons t i t uí am a es s ênc i a de nós mes mos . Es s a pr emi s s a
i mpl aus í v el , por mai s i ns ul t uos a que pudes s e s er par a a nat ur ez a humana, deu
i ni c i o a uma époc a em que s e t or nou pos s í v el di z er as c oi s as mai s c hoc ant es :
Voc ê quer t er r el aç ões s ex uai s c om s ua mãe.
Voc ê quer mat ar s eu pai .
Voc ê al i ment a f ant as i as de que s eu f i l ho r ec ém- nas c i do pode mor r er -
por que v oc ê quer que el e mor r a.
Voc ê quer pas s ar s eus di as ent r egue ao s of r i ment o.
Os s eus s egr edos mai s r epugnant es e s ec r et os c ons t i t uem s ua nat ur ez a
bás i c a.
Us adas des s a manei r a, as pal av r as per dem s ua c onex ão c om a r eal i dade;
t or nam- s e des l i gadas da emoç ão e da ex per i ênc i a c omum, r ec onhec i das da
humani dade. Tent e di z er qual quer uma des s as c oi s as a um s i c i l i ano ar mado.
A out r a c onc epç ão mai s ac ei t áv el da depr es s ão é de or dem bi omédi c a. A
depr es s ão, di z em os ps i qui at r as bi ol ógi c os , é uma doenç a do c or po. Der i v a de
um def ei t o bi oquí mi c o her dado - l oc al i z ado, t al v ez , numa r ami f i c aç ão do
c r omos s omo númer o 2 - , que pr oduz um des equi l í br i o de s ubs t ânc i as
quí mi c as ar maz enadas no c ér ebr o. Os ps i qui at r as bi ol ógi c os t r at am a depr es s ão
c om medi c ament os ou t er api a el et r oc onv ul s i v a ( " t r at ament o de c hoque" ) . Es s es
mét odos s ão r ápi dos , pouc o di s pendi os os e moder adament e ef i c az es .
O pont o de v i s t a bi oquí mi c o, ao c ont r ár i o do ps i c anal í t i c o, é
par c i al ment e
c or r et o. Al gumas depr es s ões par ec em r es ul t ar de um c ér ebr o f unc i onando mal
e, at é c er t o pont o, s ão her dadas . Mui t as depr es s ões r es pondem l ent ament e a
medi c ament os ant i depr es s i v os e r api dament e à t er api a el et r oc onv ul s i v a. Mas
es s as v i t ór i as s ão apenas par c i ai s e c ons t i t uem uma f ac a de doi s gumes . Os
medi c ament os ant i depr es s i v os e al t as c or r ent es el ét r i c as podem t er ef ei t os

35

c ol at er ai s noc i v os ao pas s ar em pel o c ér ebr o, que uma mi nor i a apr ec i áv el de


pes s oas depr i mi das não t ol er am. Al ém di s s o, a es c ol a bi omédi c a gener al i z a,
um t ant o i nc ons i s t ent ement e, a par t i r de um pequeno númer o de depr es s ões
c r ôni c as her dadas , que ger al ment e r es pondem aos medi c ament os , l ev ando em
menor c ont a as depr es s ões mui t o mai s c omuns do di a- a- di a que af et am t ant as
v i das . Uma pr opor ç ão bas t ant e c ons i der áv el de pes s oas depr i mi das não her dou
a depr es s ão dos pai s , e não há pr ov as de que a depr es s ão mai s amena pos s a s er
al i v i ada c om a admi ni s t r aç ão de r emédi os .
O pi or de t udo é que o t r at ament o bi oquí mi c o t or na pes s oas es s enc i al ment e
nor mai s dependent es de f at or es ex t er nos - pí l ul as r ec ei t adas por um médi c o
c ondes c endent e. As dr ogas ant i depr es s i v as não c aus am a dependênc i a no
s ent i do c omum; o pac i ent e não s ent e s ua f al t a des es per adament e. É c omum o
pac i ent e c uj o t r at ament o f oi bem- s uc edi do v ol t ar a apr es ent ar s i nt omas de
depr es s ão quando dei x a de t omar o medi c ament o. O pac i ent e medi c ado c om
êx i t o não pode c r edi t ar a s i mes mo a apar ent e nor mal i dade c onqui s t ada; dev e
at r i bui - l a às pí l ul as . Os r emédi os ant i depr es s i v os c ons t i t uem um ex empl o t ão
bom de nos s a s oc i edade s uper medi c ada quant o os t r anqüi l i z ant es i nger i dos
par a pr opor c i onar paz de es pí r i t o ou os al uc i nógenos c ons umi dos par a v er as
c oi s as bel as . Em ambos os c as os , pr obl emas emoc i onai s que podi am s er
r es ol v i dos pel a habi l i dade e pel a aç ão do pr ópr i o i ndi v í duo s ão t r ans f er i dos
par a um agent e ex t er no em bus c a de s ol uç ão.

E SE A GRANDE MAI ORI A DAS DEPRESSÕES POR MUI TO MAI S SI MPLES DO QUE
os ps i qui at r as bi ol ógi c os e os ps i c anal i s t as ac r edi t am?

- E s e a depr es s ão não f or al go que v oc ê s e s ent e mot i v ado a pr ov oc ar e s i m


al guma c oi s a que s e abat e s obr e v oc ê i ndependent ement e de s ua v ont ade?
- E s e a depr es s ão não f or uma doenç a e s i m um abat i ment o gr av e?
- E s e v oc ê não f or um pr i s i onei r o de c onf l i t os do pas s ado na manei r a
c omo r eage? E s e a depr es s ão f or det er mi nada por pr obl emas pr es ent es ?
- E s e v oc ê não f or um pr i s i onei r o do s eu gene ou t ampouc o da quí mi c a
do s eu c ér ebr o?
- E s e a depr es s ão f or c aus ada por deduç ões er r ôneas que f az emos das
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
t r agédi as e t r ans t or nos que t odos ex per i ment amos no dec ur s o de
nos s as v i das ?

36

- E s e a depr es s ão oc or r er s oment e quando al i ment amos c onv i c ç ões


pes s i mi s t as s obr e as c aus as de nos s os r ev es es ?
- E s e puder mos des apr ender o pes s i mi s mo e adqui r i r a c apac i dade de
ol har mos par a nos s os i nf or t úni os ot i mi s t i c ament e?

Real i z aç ão

O CONCEI TO TRADI CI ONAL DE REALI ZAÇÃO, ASSI M COMO O DE


depr es s ão, pr ec i s a s er r ef or mul ado. As empr es as onde t r abal hamos e as es c ol as
onde nos s os f i l hos es t udam par t em da pr emi s s a c onv enc i onal de que o s uc es s o
r es ul t a de uma c ombi naç ão de t al ent o e des ej o. Quando oc or r e o i ns uc es s o,
é por que es t á f al t ando t al ent o ou v ont ade. Mas o i ns uc es s o t ambém pode
ac ont ec er quando o t al ent o e a v ont ade es t ão pr es ent es em abundânc i a, mas
f al t a ot i mi s mo.
Des de o j ar di m de i nf ânc i a os t es t es de apt i dão s ão f r eqüent es - t es t es
que mui t os pai s c ons i der am t ão i mpor t ant es par a o f ut ur o de s eus f i l hos que
c hegam a pagar par a que el es s ej am i ns t r uí dos na ar t e de r es pondê- l os . Em
c ada es t agi o da v i da, es s es t es t es s upos t ament e s epar am os c ompet ent es dos
menos c ompet ent es . Embor a, at é c er t o pont o, s ej a pos s í v el medi r o t al ent o,
t em- s e r ev el ado des ani mador ament e di f í c i l f az er c om que el e aument e. Cur s os
es pec i ai s par a t es t es podem c ont r i bui r par a mel hor ar um pouc o os r es ul t ados
obt i dos , mas o v er dadei r o ní v el do t al ent o dos al unos que a el es s e s ubmet em
per manec e i nal t er áv el .
J á o des ej o pode s er es t i mul ado mui t o f ac i l ment e. Os pr egador es , por
ex empl o, s ão c apaz es de i nf l amar o des ej o de s al v aç ão em uma ou duas hor as .
A publ i c i dade i nt el i gent e t ambém c r i a o des ej o de c ons umo
i ns t ant aneament e. Os s emi nár í os podem i nj et ar mot i v aç ão e dei x ar os f unc i onár i os
de uma empr es a c ondi c i onados e ex uber ant es . Ent r et ant o, t odos es s es
ent us i as mos s ão ef êmer os , Se não f or c ons t ant ement e i nc ent i v ado, o des ej o
de s al v aç ão es mor ec e; a f ant as i a des per t ada por um pr odut o é l ogo es quec i da
ou s ubs t i t ui da por out r a f ant as i a. O ef ei t o dos s emi nár i os pode dur ar al guns
di as ou s emanas , mas em s egui da é pr ec i s o bot ar l enha na f oguei r a nov ament e.

37

E SE A I DÉI A TRADI CI ONAL QUE SE FAZ DOS ELEMENTOS DO SUCESSO


es t i v er er r ada?

- E s e houv er um t er c ei r o f at or - ot i mi s mo oü pes s i mi s mo - que pes e


t ant o quant o o t al ent o ou o des ej o?
- E s e v oc ê r euni r t odo o t al ent o e di s pos i ç ão nec es s ár i os mas ai nda
as s i m
f al har , s e f or pes s i mi s t a?
- E s e os ot i mi s t as s e s ai r em mel hor no c ol égi o, no t r abal ho e nos
es por t es ?
- E s e o ot i mi s mo f or uma ques t ão de apr endi z ado, uma qual i dade que
pode s er per manent ement e adqui r i da?
- E s e puder mos i nc ut i r es s a qual i dade em nos s os f i l hos ?

Saúde
O CONCEI TO TRADI CI ONAL DE SAÚDE ÉTÃO FALHO QUANTO O DE TALENTO,
o ot i mi s mo e o pes s i mi s mo af et am a s aúde quas e t ão c l ar ament e quant o os
f at or es RhI c os .
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Mui t os ac r edi t am que a s aúde f í s i c a é uma ques t ão ex c l us i v ament e f í s i c a
que é det er mi nada pel as c ondi ç ões do or gani s mo, hábi t os de hi gi ene e pel a
c apac i dade de ev i t ar os ger mes . Es t ão c er t os de que, em gr ande par t e, as
c ar ac t er í s t i c as do s eu or gani s mo r es ul t am dos s eus genes , embor a v oc ê pos s a
c ont r i bui r par a s ua boa f or ma f í s i c a adot ando hábi t os al i ment ar es s audáv ei s ,
pr at i c ando ex er c í c i os , ev i t ando o c ol es t er ol , s ubmet endo- s e a c hec k - ups médi c os
r egul ar es e us ando o c i nt o de s egur anç a. É pos s í v el ev i t ar doenç as t omando- s e
i nj eç ões , obs er v ando- s e hábi t os de hi gi ene r i gor os os , f az endo- s e s ex o c om as
dev i das pr ec auç ões , el i mi nando- s e o c ont at o c om pes s oas r es f r i adas ,
es c ov ando- s e os dent es t r ês v ez es por di a e por aí af or a. Por t ant o, quando uma
pes s oa f i c a
doent e, dev e s er por que t em um or gani s mo f r ac o, não c ul t i v a bons hábi t os de
s aúde ou f oi c ont ami nada por ger mes .
O c onc ei t o c onv enc i onal omi t e um dos pr i nc i pai s f at or es det er mi nant es
da s aúde - nos s as c ogni ç ões . Nos s a s aúde f í s i c a é al go s obr e o qual podemos
t er mui t o mai s c ont r ol e pes s oal do que pr ov av el ment e s us pei t amos . Por
ex empl o:

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- A manei r a c omo pens amos , es pec i al ment e quando s e t r at a de s aúde,


modi f i c a nos s a s aúde.
- Os ot i mi s t as c ont r aem menos doenç as i nf ec c i os as do que os pes s i mi s t as .
- Os ot i mi s t as t êm mel hor es hábi t os de s aúde do que os pes s i mi s t as .
- O nos s o s i s t ema i munol ógi c o pode f unc i onar mel hor s e f or mos ot i mi s t as .
- Há ev i dênc i as de que os ot i mi s t as v i v em mai s do que os pes s i mi s t as .

DEPRESSÃO, REALI ZAÇÃO E SAÚDE FÍ SI CA s Ão TRÊS DAS APLI CAÇÕES MAI S


óbv i as do ot i mi s mo apr endi do. Cons i der e- s e ai nda o pot enc i al par a uma nov a
c ompr eens ão de s i mes mo.
No f i nal des t e l i v r o, v oc ê s aber á o quant o pes s i mi s t a ou ot i mi s t a v oc ê é
e, s e
as s i m des ej ar , t ambém poder á medi r o gr au de ot i mi s mo de s ua mul her e de
s eus f i l hos . Poder á at é av al i ar at é que pont o v oc ê er a pes s i mi s t a. Voc ê v ai
f i c ar
s abendo mui t o mai s s obr e as r az ões por que f i c a depr i mi do - ent r a em f os s a ou s e
ent r ega ao des es per o - e o que al i ment a s ua depr es s ão. Ent ender á mel hor as
v ez es em que f r ac as s ou, embor a t i v es s e t al ent o e des ej as s e mui t o al c anç ar o
obj et i v o. Também t er á apr endi do uma s ér i e de c ami nhos par a pôr f i m à depr es s ão
e i mpedi r que el a v ol t e. Voc ê poder á l anç ar mi o des s es r ec ur s os quando del es
nec es s i t ar no s eu c ot i di ano. Ac umul am- s e a c ada di a as pr ov as de que el es podem
c ont r i bui r par a mel hor ar s ua s aúde. E mai s , poder á c ompar t i l har es s as
des c ober t as
c om as pes s oas que l he s ão c ar as .
Ac i ma de t udo, v ai adqui r i r c onhec i ment os que l he per mi t i r ão c ompr eender
a nov a c i ênc i a do c ont r ol e pes s oal .
O ot i mi s mo apr endi do não é uma r edes c ober t a do " poder do pens ament o
pos i t i v o" . As v i r t udes do ot i mi s mo não af l or am por obr a e gr aç a da ót i c a
c or - de- r os a das aul as domi ni c ai s de c at ec i s mo. El as não c ons i s t em em apr ender a
di z er c oi s as pos i t i v as a s i mes mo. Cons t at amos , at r av és dos anos , que as f r as es
pos i t i v as , os c hav ões de aut o- es t i mul o, não s ur t em pr at i c ament e qual quer ef ei t o.
O que é c r uc i al é o que v oc ê pens a quando f r ac as s a, us ando o " pens ament o
não- negat i v o" . Mudar as c oi s as des t r ut i v as que v oc ê s e di z quando s of r e os
r ev es es que a v i da r es er v a a t odos nós é a pr i nc i pal c apac i dade do ot i mi s mo.

A MAI ORI A DOS PSI CÓLOGOS PASSA A VI DA LI DANDO COM CATEGORI AS


t r adi c i onai s de pr obl emas : depr es s ão, r eal i z aç ão, s aúde, dec epç ões pol í t i c as ,
r el ac i onament o c om os f i l hos , c om as empr es as e as s i m por di ant e. Pas s ei

39

mi nha v i da pr oc ur ando c r i ar uma c at egor i a que r es ume mui t as das


t r adi c i onai s . Vej o os ac ont ec i ment os c omo s uc es s os ou i ns uc es s os do c ont r ol e
pes s oal .
Pági na 18
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Ver as c oi s as des s a manei r a f az c om que o mundo par eç a mui t o di f er ent e.
Cons i der e um c onj unt o de f at os apar ent ement e s em r el aç ão ent r e s i : depr es s ão
e s ui c í di o t or nam- s e um l ugar - c omum; a s oc i edade el ege a r eal i z aç ão pes s oal
c omo um di r ei t o; a t endênc i a é opt ar pel o i medi at i s mo e não pel a
aut oc onf i anç a; i ndi v i duos c ada v ez mai s j ov ens s ão ac omet i dos por doenç as
c r ôni c as
e mor r em pr emat ur ament e; pai s i nt el i gent es e dedi c ados ger am f i l hos f r ágei s e
mi mados ; uma nov a t er api a é c apaz de c ur ar a depr es s ão mudando o
pens ament o c ons c i ent e. Enquant o al guns v êem es s a mi s t ur a de êx i t o e f r ac as s o,
s of r i ment o e t r i unf o c omo um abs ur do, uma c ont r adi ç ão, pr ef i r o v er t udo
i s s o c omo peç as de um mes mo c onj unt o. Es t e l i v r o, bem ou mal , pr oc ur a s er
c oer ent e c om a mi nha manei r a de v er as c oi s as .
Comec emos c om a t eor i a do c ont r ol e pes s oal . Apr es ent ar ei a v oc ê doi s
c onc ei t os pr i nc i pai s : o des ampar o abs or v i do e o es t i l o ex pl i c at i v o. São
i nt i mament e r el ac i onados .
O des ampar o apr endi do ( abs or v i do) é a r eaç ão de des i s t ênc i a, a r enúnc i a
que r es ul t a da c onv i c ç ão de que não adi ant a f az er nada. O es t i l o ex pl i c at i v o é a
manei r a c omo v oc ê habi t ual ment e ex pl i c a a s i mes mo por que as c oi s as
ac ont ec em. É o gr ande modul ador do des ampar o apr endi do. Um es t i l o
ex pl i c at i v o ot i mi s t a põe f i m ao des ampar o, ao pas s o que um es t i l o ex pl i c at i v o
pes s i mi s t a agr av a o des ampar o. A manei r a c omo v oc ê ex pl i c a a s i mes mo os
ac ont ec i ment os det er mi na at é que pont o poder á s e t or nar des ampar ado ou
ener gi z ado, quando s e depar a c om as c ont r ar i edades do di a- a- di a ou
moment âneos r ev es es . Cons i der o s eu es t i l o ex pl i c at i v o c omo um r ef l ex o da
" pal av r a
no s eu c or aç ão" .
Cada um de nós t em uma pal av r a no c or aç ão, um " não" ou um " s i m" . É
pr ov áv el que v oc ê não s ai ba i nt ui t i v ament e qual a pal av r a que l á s e enc ont r a,
mas pode apr ender , c om r az oáv el pr ec i s ão, qual é. Br ev e v oc ê t es t ar á s uas
t endênc i as e des c obr i r á s eu gr au de ot i mi s mo ou de pes s i mi s mo.
O ot i mi s mo oc upa um l ugar i mpor t ant e, s e não em t odos , em al guns dos
domí ni os da v i da. Não é uma panac éi a. Mas pode pr ot egê- l o c ont r a a depr es s ão,
aument ar s ua c apac i dade de r eal i z ar ; mel hor ar s eu bem- es t ar f í s i c o; é um
es t ado
ment al mui t o agr adáv el de s e des f r ut ar . O pes s i mi s mo, por s ua v ez ,
t ambém

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t em s eu l ugar , e v oc ê t er á opor t uni dade de c onhec er mel hor s eu as pec t o


i ndul gent e mai s adi ant e.
Se os s eus t es t es r ev el ar em que v oc ê é pes s i mi s t a, a ques t ão não s e
enc er r a
aí . Ao c ont r ár i o de mui t as qual i dades pes s oai s , o pes s i mi s mo não é f i x o e
i nal t er áv el . Voc ê pode apr ender uma s ér i e de c ami nhos que o l i ber t ar ão da
t i r ani a do pes s i mi s mo e l he per mi t i r ão r ec or r er ao ot i mi s mo quando bem
ent ender . O apr endi z ado des s as al t er nat i v as r equer al gum es f or ç o, mas v oc ê
poder á domi ná- l as . O pr i mei r o pas s o é des c obr i r a pal av r a que v oc ê guar da
no s eu c or aç ão. Não é mer a c oi nc i dênc i a o f at o de t ambém c ons t i t ui r o pr i mei r o
pas s o par a uma nov a per c epç ão da ment e humana que per mi t i u aos i ndi v i duos ,
no úl t i mo quar t o de s éc ul o, f i c ar em s abendo c omo a c ons c i ênc i a do c ont r ol e
pes s oal de que di s põem pode det er mi nar s eu des t i no.

41

42

Capí t ul o 2
Pági na 19
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

Apr endendo a
Ser Des ampar ado

QUANDO TI NHA 13 ANOS, ME DEI CONTA DE QUE TODA VEZ QUE MEUS PAI S
me mandav am dor mi r na c as a do meu mel hor ami go, J ef f r ey , i s s o quer i a di z er
que hav i a pr obl emas s ér i os em c as a. A úl t i ma v ez que ac ont ec eu, v i m a s aber
mai s t ar de que mi nha mãe t i nha s i do s ubmet i da a uma hi s t er ec t omi a ( abl aç ão
do út er o) . Nes s a oc as i ão, per c ebi que meu pai es t av a em apur os . Na v er dade,
el e v i nha agi ndo de manei r a es t r anha ul t i mament e. Er a quas e s empr e c al mo e
s egur o, t al c omo eu ac hav a que um pai dev i a s er . Pas s ou a s e mos t r ar
c ons t ant ement e emot i v o, às v ez es z angado, out r as , c hor os o.
Ao me l ev ar de c ar r o par a a c as a de J ef f r ey naquel a noi t e, at r av es s ando
as
r uas es c ur as da z ona r es i denc i al de Al bany , Nov a Yor k , de r epent e r es pi r ou
f undo e enc os t ou o c ar r o j unt o ao mei o- f i o. Fi c amos s ent ados em s i l enc i o
at é que por f i m el e me di s s e que por um ou doi s mi nut os f i c ar a c om o l ado
es quer do do c or po c ompl et ament e i ns ens í v el . Not ei o medo na s ua v oz e
f i quei apav or ado.
Es t av a em pl eno v i gor dos s eus 49 anos . Pr odut o da Gr ande Depr es s ão,
s aí r a di r et ament e de um br i l hant e c ur s o de adv oc ac i a par a um empr ego s egur o
no s er v i ç o públ i c o, pr ef er i ndo des s a f or ma não s e ar r i s c ar numa oc upaç ão que
pudes s e pagar mel hor . Rec ent ement e, dec i di r a dar o pr i mei r o pas s o mai s ous ado
de s ua v i da: pr et endi a c andi dat ar - s e a um al t o c ar go el et i v o na admi ni s t r aç ão
do es t ado de Nov a Yor k . Or gul hav a- me mui t o del e.

43

Eu t ambém at r av es s av a um per í odo de c r i s e, o pr i mei r o de mi nha c ur t a


ex i s t ênc i a. Naquel e out ono, meu pai me t i r ou da es c ol a públ i c a, onde es t av a
mui t o c ont ent e, e me mat r i c ul ou numa ac ademi a mi l i t ar par t i c ul ar , por s e
t r at ar do úni c o c ol égi o de Al bany c apaz de enc ami nhar os al unos apl i c ados às
boas uni v er s i dades . Logo v er i f i quei que er a o úni c o gar ot o de uma f amí l i a da
c l as s e médi a num c ol égi o de meni nos r i c os , mui t os del es des c endent es de
f amí l i as r adi c adas em Al bany há mai s de 250 anos . Sent i - me r ej ei t ado e s ol i t ár i o.
Meu pai par ou o c ar r o em f r ent e à c al ç ada da c as a de J ef f r ey , e me
des pedi
del e c om o c or aç ão na gar gant a. Ac or dei de madr ugada em pâni c o. Pr ec i s av a
v ol t ar par a c as a de qual quer manei r a, poi s s abi a que al guma c oi s a es t av a
ac ont ec endo. Saí às es c ondi das e per c or r i c or r endo os s ei s quar t ei r ões que
me s epar av am de c as a. Cheguei a t empo de v er uma mac a s endo c ar r egada
pel a es c ada da f r ent e. Meu pai es t av a s endo r emov i do par a o hos pi t al .
Ol hando por t r ás de uma ár v or e, v i que el e pr oc ur av a mos t r ar - s e c or aj os o,
mas podi a ouv i - l o, of egant e, di z er que não c ons egui a s e mex er . El e não me
v i u e nunc a s oube que eu pr es enc i ar a s eu pi or moment o. Suc eder am- s e t r ês
enf ar t es , que o dei x ar am par a s empr e par al í t i c o e à mer c ê de at aques
i nt er mi t ent es de mel anc ol i a e, es t r anhament e, de euf or i a. El e f i c ar a f i s i c a e
emoc i onal ment e des ampar ado.
Não me l ev ar am par a v i s i t á- l o no hos pi t al nem, dur ant e al gum t empo, na
Cl í ni c a de Repous o Gui l der l and. Por f i m, c hegou o di a. Quando ent r ei no
quar t o, per c ebi que el e t emi a, t ant o quant o eu, que o v i s s e naquel e es t ado
l as t i máv el .
Mi nha mãe pr oc ur av a c ons ol á- l o, f al ando de Deus e das al egr i as da
v i da et er na.
- I r ene - el e s us s ur r ou, - não ac r edi t o em Deus . Depoi s di s s o, não
ac r edi t o em c oi s a al guma. Só ac r edi t o em v oc ê e nas c r i anç as , e não quer o
mor r er .
Foi es s e meu pr i mei r o c ont at o c om o s of r i ment o que o des ampar o ac ar r et a.
Ver meu pai naquel a dec adênc i a f í s i c a, c omo o v i t ant as v ez es at é s ua mor t e,
al guns anos depoi s , det er mi nou o r umo da mi nha pr oc ur a. Seu des es per o
f or t al ec eu mi nha det er mi naç ão.
Um ano depoi s , i ns t ado por mi nha i r mã mai s v el ha que t r az i a r egul ar ment e
Pági na 20
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
par a c as a l i v r os da f ac ul dade par a que s eu i r mão pr ec oc e l es s e, t r av ei
c onhec i ment o c om Fr eud. Es t av a dei t ado numa r ede l endo s uas Lei t ur as
i nt r odut ór i as .

44

Quando c heguei ao t r ec ho em que el e f al a de pes s oas que s onham


f r eqüent ement e que s eus dent es es t ão c ai ndo, me r ec onhec i de pr ont o. Também
t i v er a es s es s onhos ! Fi quei i mpr es s i onado c om a i nt er pr et aç ão. Par a Fr eud,
s onhos em que os dent es c aem s i mbol i z am c as t r aç ão e ex pr i mem s ent i ment o
de c ul pa r el ac i onados c om a mas t ur baç ão. O s onhador r ec ei a que o pai c as t i gue
o pec ado da mas t ur baç ão, c as t r ando- o. Fi quei admi r ado por el e me c onhec er
t ão bem. Mal s abi a ent ão que, par a pr ov oc ar es s e es t al o de r ec onhec i ment o no
l ei t or , Fr eud v al er a- s e da c oi nc i dênc i a de s onhos c om dent es , mui t o c omuns
na adol es c ênc i a, e a oc or r enc i a ai nda mai s c omum da mas t ur baç ão. Sua
ex pl i c aç ão al i av a s uf i c i ent e pl aus i bi l i dade c om i ns t i gant es i ndí c i os de que
hav i a
mai s r ev el aç ões a s er em f ei t as . Naquel e i ns t ant e, dec i di que quer i a pas s ar a
v i da f az endo per gunt as c omo as de Fr eud.
Al guns anos mai s t ar de, quando f ui par a Pr i nc et on dec i di do a me t or nar
ps i c anal i s t a ou ps i qui at r a, v er i f i quei que s ua f ac ul dade de ps i c ol ogi a dei x av a a
des ej ar , enquant o a de f i l os of i a er a de pr i mei r a or dem. Par a mi m, a f i l os of i a da
ment e e a f i l os of i a da c i ênc i a er am al i adas . Quando me f or mei em f i l os of i a
moder na, ai nda es t av a c onv enc i do de que as per gunt as de Fr eud es t av am c er t as .
Suas r es pos t as , ent r et ant o, não me par ec i am mai s pl aus í v ei s , e o s eu mét odo -
gener al i z ar a par t i r de pouc os c as os - er a i nac ei t áv el . Pas s ar a a ac r edi t ar que
s oment e por mei o da pes qui s a a c i ênc i a poder i a el uc i dar as c aus as e os
ef ei t os de
pr obl emas emoc i onai s c omo o des ampar o - e ent ão apr ender a c ur á- l os .
Fui par a a f ac ul dade es t udar ps i c ol ogi a ex per i ment al . No out ono de 1964,
aos 21 anos , c hei o de ent us i as mo e c om um di pl oma nov i nho em f ol ha debai x o
do br aç o, c heguei ao l abor at ór i o de Ri c har d L. Sol omon, na Uni v er s i dade da
Pens i l v âni a. Sempr e des ej ar a es t udar c om Sol omon. Não s ó el e er a um dos
mai or es t eór i c os do mundo, c omo s e dedi c av a ex at ament e ao mes mo t r abal ho
que eu pr et endi a des env ol v er : el e es t av a pr oc ur ando ent ender o mec ani s mo
das doenç as ment ai s r eal i z ando ex per i ênc i as bem c ont r ol adas c om ani mai s .
O l abor at ór i o de Sol omon f i c av a no edi f í c i o Har e, o pr édi o mai s v el ho e
l úgubr e do c ampus , e quando abr i a por t a c ai ndo aos pedaç os , j ul guei que
f os s e des pr ender - s e das dobr adi ç as . Lá es t av a Sol omon, do out r o l ado da s al a,
al t o e magr o, quas e t ot al ment e c al v o, i mer s o no que par ec i a s er uma aur a
pr ópr i a de br i l ho i nt el ec t ual . Mas s e Sol omon es t av a abs or v i do pel o s eu
t r abal ho, o mes mo não ac ont ec i a c om as demai s pes s oas que s e enc ont r av am
no l abor at ór i o. Par ec i am c ompl et ament e di s t r aí das .

45

Seu as s i s t ent e mai s ant i go, Br uc e Ov er mi er , um j ov em do Mei o- Oes t e,


ami s t os o, quas e s ol í c i t o, pr ont i f i c ou- s e a ex pl i c ar o que es t av a ac ont ec endo.
- São os c ac hor r os - di s s e Br uc e. - Não f az em nada. Há al guma c oi s a
er r ada c om el es . Por i s s o, ni nguém es t á podendo pr os s egui r c om as ex per i ênc i as .
Cont ou que, nas úl t i mas s emanas , os c ac hor r os do l abor at ór i o - que
es t av am s endo us ados no que el e c hamou de modo pouc o es c l ar ec edor de
t es t es de " t r ans f er ênc i a" - t i nham s i do s ubmet i dos ao c ondi c i onament o
pav l ov i ano. Di a após di a, t i nham s i do ex pos t os a doi s t i pos de es t í mul o -
s ons es t r i dent es e c hoques br ev es . Os s ons e os c hoques t i nham s i do
admi ni s t r ados aos c ac hor r os em par es - pr i mei r o o s om e depoi s o c hoque.
Os c hoques não er am mui t o dol or os os , pr ov oc av am uma es péc i e de t r emor
que s ent i mos ao t oc ar numa maç anet a num di a s ec o de i nv er no. A i déi a er a
f az er c om que os c ac hor r os as s oc i as s em o s om neut r o c om o c hoque noc i v o -
par a que os " empar el has s em" - de modo que, quando ouv i s s em o s om,
r eagi s s em c omo s e f os s e um c hoque - c om medo. Er a s ó i s s o.
Depoi s , c omeç ou a par t e pr i nc i pal da ex per i ênc i a. Os c ac hor r os f or am
c ol oc ados numa c ai x a c om doi s c ompar t i ment os s epar ados por uma di v i s ór i a
de pouc a al t ur a. Os pes qui s ador es quer i am v er s e os c ac hor r os , agor a numa
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
c ai x a, r eagi r i am aos s ons da mes ma f or ma que t i nham apr endi do a r eagi r aos
c hoques - pul ando a bar r ei r a par a es c apar . Se t i v es s em apr endi do, i s s o
demons t r ar i a que a apr endi z agem emoc i onal pode s er t r ans f er i da par a i númer as
s i t uaç ões di f er ent es .
Pr i mei r o, os c ac hor r os pr ec i s av am apr ender a pul ar a bar r ei r a par a f ugi r
do c hoque; uma v ez apr endi do i s s o, poder i am ent ão s er t es t ados par a s e v er f f i c ar
s e apenas os s ons pr ov oc av am a mes ma r eaç ão. Dev er i a s er mui t o f ác i l par a
el es . Par a es c apar do c hoque, bas t av a pul ar a pequena bar r ei r a que di v i di a a
c ai x a, c oi s a que os c ac hor r os apr endem a f az er c om f ac i l i dade.
No ent ant o, aquel es c ac hor r os , ex pl i c ou Ov er mi er , per manec er am dei t ados ,
gani ndo. Não t i nham nem t ent ado f ugi r dos c hoques . E i s s o, nat ur al ment e,
s i gni f i c av a que ni nguém podi a l ev ar adi ant e a ex per i ênc i a que r eal ment e el es
quer i am f az er - t es t ar os c ac hor r os c om os s ons .
Enquant o ouv i a Ov er mi er e ol hav a par a os c ac hor r os gani ndo,
oc or r eu- me que t i nha ac ont ec i do uma c oi s a mui t o mai s i mpor t ant e do que qual quer
r es ul t ado que o t es t e de t r ans f er ênc i a pudes s e pr oduz i r . Ac i dent al ment e,
dur ant e a pr i mei r a par t e do t es t e, os c ac hor r os dev i am t er apr endi do a

46

per manec er apát i c os ( des ampar ados ) . Es s a er a a r az ão por que t i nham


des i s t i do. Os s ons não t i nham nada a v er c om i s s o. Dur ant e o c ondi c i onament o
pav l ov i ano, el es s ent i r am e dei x ar am de s ent i r os c hoques
i ndependent ement e de s e debat er em, pul ar em, l at i r em, ou não f az er em nada.
Ti nham c onc l uí do, ou " apr endi do" , que não adi ant av a f az er nada. Por t ant o,
par a que t ent ar ?
Fi quei per pl ex o c om as i mpl i c aç ões . Se os c ac hor r os er am c apaz es de
c ompr ender al go t ão c ompl ex o quant o a f ut i l i dade de s uas aç ões , al i es t av a uma
anal ogi a c om o des ampar o humano, que poder i a s er es t udada em l abor at ór i o.
O des ampar o enc ont r av a- s e em t oda par t e - na popul aç ão ur bana pobr e, na
c r i anç a r ec ém- nas c i da, no pac i ent e des es per ado que v i r a o r os t o par a a par ede.
A v i da do meu pai t i nha s i do des t r uí da por el e. Mas não ex i s t i a nenhum
es t udo s obr e o des ampar o humano. Mi nha ment e di s par ou: s er i a aquel e um
model o de l abor at ór i o do des ampar o humano, que pudes s e s er us ado par a
c ompr eender mos a manei r a c omo f unc i ona, es t udar mos c omo c ur á- l o, c omo
pr ev eni - l o, pr oduz i r mos os medi c ament os adequados , des c obr i r mos quai s as
pes s oas mai s v ul ner áv ei s a el e?
Embor a f os s e a pr i mei r a v ez que v i s s e o des ampar o apr endi do em
l abor at ór i o, s abi a do que s e t r at av a. Out r os o t i nham v i s t o ant es , mas o
c ons i der ar am um empec i l ho, não um f enômeno que mer ec es s e s er es t udado à
par t e. De c er t a f or ma, mi nha ex per i enc i a de v i da - t al v ez o i mpac t o que
a par al i s i a de meu pai t ev e s obr e mi m - me pr epar ou par a per c eber do que s e
t r at av a. For am pr ec i s os , no ent ant o, 10 anos de mi nha v i da par a pr ov ar à
c omuni dade c i ent í f i c a que o que af et av a aquel es c ac hor r os er a o des ampar o, e
que es s e f enômeno pode s er apr endi do e, por t ant o, t ambém pode s er
des apr endi do.
Por mai s ex c i t ado que pudes s e es t ar c om as pos s i bi l i dades des s a
des c ober t a,
v i a al go que i ni bi a meu ent us i as mo. Os es t udant es que par t i c i pav am da
ex per i ênc i a apl i c av am c hoques el ét r i c os que pr ov oc av am dor em i noc ent es
c ac hor r os i ndef es os . Ser á que c ons egui r i a t r abal har naquel e l abor at ór i o? Sempr e
gos t ar a de ani mai s , es pec i al ment e de c ac hor r os , por i s s o a pos s i bi l i dade de
c aus ar dor - por menor que f os s e - er a- me mui t o des agr adáv el . Apr ov ei t ei
um f i m de s emana par a me aus ent ar da c i dade e f ui ex por meus es c r úpul os a um
de meus pr of es s or es de f i l os of i a. Embor a el e f os s e apenas al guns anos mai s
v el ho que eu, c ons i der av a- o um s ábi o. El e e s ua mul her nunc a t i nham s e

47

r ec us ado a me r ec eber e a me aj u t ar a dec i f r ar os eni gmas e as c ont r adi ç ões de


que es t av a c hei a a v i da uni v er s i t ár i a dos anos 60.
- Vi uma c oi s a no l abor at ór i o que pode l ev ant ar o v éu que enc obr e o
mec ani s mo do des ampar o - eu di s s e a el e. - Ni nguém j amai s i nv es t i gou as
c aus as do des ampar o. Cont udo, não s ei s e pos s o t ent ar des c obr i - l as , por que
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
não c onc or do que s e apl i que c hoques em c ac hor r os . Mes mo que não s ej a
et i c ament e er r ado, é uma c oi s a que me r epugna.
Des c r ev i mi nhas obs er v aç õe , at é onde ac hav a que podi a c hegar , e,
pr i nc i pal ment e, mi nhas apr eens ões .
Meu pr of es s or er a pr of undo c onhec edor de ét i c a e de hi s t ór i a da c i ênc i a,
o
que f i c ou ev i dent e nas per gunt as que me f ez .
- Mar t y , v oc ê não di s põe de out r os mei os par a enc ont r ar a c hav e do
pr obl ema do des ampar o? Não poder i a, por ex empl o, c onc ent r ar - s e no es t udo
de c as os c l í ni c os , de pes s oas ac omet i das de des ampar o?
Ambos s abí amos que es t udo de c as os c ons t i t ui um bec o s em s aí da no
c ampo c i ent í f i c o. Um c as o c l í ni c o f oc al i z a apenas a v i da de uma pes s oa, não
f or nec e el ement os par a que s e pos s a det er mi nar as c aus as ; ger al ment e, não s e
t em nem c omo des c obr i r o que r eal ment e ac ont ec eu, a não s er at r av és da
v er s ão do nar r ador , que s empr e t em uma opi ni ão pr ópr i a e, por i s s o, di s t or c e
o r el at o. Também er a i gual ment e c l ar o que s oment e ex per i ment os bem
c ont r ol ados podem i s ol ar a c aus a e des c obr i r a c ur a. Al ém do mai s , do pont o
de v i s t a ét i c o, er a i nc onc ebí v el t r aumat i z ar s er es humanos . Por t ant o, a úni c a
al t er nat i v a er a ut i l i z ar ani mai s nas ex per i ênc i as c i ent í f i c as .
- Mas s e j us t i f i c a - per gunt ei - i nf l i gi r dor a qual quer c r i at ur a?
Meu pr of es s or l embr ou- me que a mai or i a dos s er es humanos , bem c omo
dos ani mai s , es t á v i v a gr aç as à ex per i ment aç ão c om ani mai s . Sem el es ,
af i r mou, a pol i omi el i t e c ont i nuar i a gr as s ando e a v ar í ol a não t er i a s i do
domi nada.
- Por out r o l ado - pr os s egui u - , v oc ê s abe que a hi s t ór i a da c i ênc i a
es t á r epl et a de not as pr omi s s ór i as não r es gat adas da pes qui s a bás i c a - gar ant i as
de t éc ni c as que dev er i am al i v i ar a dor da humani dade mas que por um mot i v o
ou out r o nunc a o f i z er am.
- Dei x e- me per gunt ar - l he duas c oi s as s obr e o que v oc ê s e pr opõe f az er .
Em
pr i mei r o l ugar , há pos s i bi l i dades r az oáv ei s de que c ons i ga el i mi nar mui t o mai s
dor a l ongo pr az o do que poder á c aus ar a c ur t o pr az o? Em s egundo l ugar , os

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c i ent i s t as podem s empr e es t ender as c onc l us ões a que c hegam nas ex per i ênc i as
c om ani mai s à es péc i e humana?"
Mi nha r es pos t a a ambas as per gunt as f oi af i r mat i v a. Pr i mei r o, ac r edi t av a
c ont ar c om um model o que poder i a des v endar o mi s t ér i o do des ampar o humano.
Se i s s o pudes s e s er f ei t o, o pot enc i al de al i v i o de dor s er i a i nes t i máv el .
Segundo,
s abi a que a c i ênc i a j á des env ol v er a t es t es i nf al í v ei s des t i nados a pr ec i s ar
quando
a gener al i z aç ão a par t i r de ani mai s f unc i ona ou não. Dec i di f az er os t es t es .
Meu pr of es s or adv er t i u- me que mui t as v ez es os c i ent i s t as dei x am- s e
empol gar por s uas ambi ç ões e es quec em os i deai s que ac al ent av am no i ni c i o.
El e me pedi u par a t omar duas r es ol uç ões : no di a em que s e t or nas s e c l ar o par a
mi m t er enc ont r ado as r es pos t as par a o que pr oc ur av a3 dei x ar i a de t r abal har
c om ani mai s . No di a em que enc ont r as s e a c hav e dos pr obl emas que pes qui s av a
- par a o que s e t or nar a i ndi s pens áv el o us o de ani mai s - , dei x ar i a par a
s empr e de t r abal har c om el es .
Vol t ei ao l abor at ór i o c om gr andes es per anç as de c r i ar um model o ani mal
de des ampar o. Soment e out r o es t udant e, St ev en Mai er , ac r edi t ou que es s e
obj et i v o f az i a al gum s ent i do. J ov em t í mi do, es t udi os o, nas c i do no c or aç ão do
Br onx , Mai er l ogo s e dei x ou abs or v er pel o pr oj et o. Cr es c er a num ambi ent e
pobr e e s e des t ac ar a na Hi gh Sc hool of Sc i enc e do Br onx . Sabi a o que s i gni f i c av a
o v er dadei r o des ampar o do mundo e apr ec i av a o s abor da l ut a. Também t i nha
uma f or t e i nt ui ç ão de que a des c ober t a de um model o ani mal de des ampar o
er a al go a que v al i a a pena dedi c ar uma c ar r ei r a. I deal i z amos uma ex per i ênc i a
que pudes s e demons t r ar que os ani mai s er am c apaz es de apr ender o des ampar o.
Es c ol hemos o nome de " t r i ádi c o" par a o nos s o ex per i ment o por que el e env ol v i a
t r ês gr upos c as ados ent r e s i .
Apl i c ar í amos no pr i mei r o gr upo c hoques de que os ani mai s pudes s em
es c apar : empur r ando um pai nel c om o f oc i nho, um c ac hor r o des s e gr upo
poder i a des l i gar o c hoque. Des s a f or ma, es s e c ac hor r o t er i a c ont r ol e por que
uma de s uas r eaç ões s ur t i a ef ei t o.
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
O di s pos i t i v o de c hoque par a o s egundo gr upo s er i a " c as ado" c om o
ut i l i z ado par a os pr i mei r os c ac hor r os : el es r ec eber i am ex at ament e os mes mos
c hoques apl i c ados nos pr i mei r os 3 mas qual quer que f os s e s ua r eaç ão el a não
t er i a nenhum ef ei t o. O c hoque que um c ac hor r o des s e gr upo ex per i ment as s e
s ó c es s ar i a quando o c ac hor r o " c as ado" do pr i mei r o gr upo empur r as s e o pai nel .
Um t er c ei r o gr upo não r ec eber i a qual quer t i po de c hoque.

49

Uma v ez que os c ac hor r os t i v es s em s i do s ubmet i dos a es s a ex per i ênc i a,


c ada um de ac or do c om s ua c at egor i a, os ani mai s dos t r ês gr upos s er i am
c ol oc ados na c ai x a. Dev er i am pul ar f ac i l ment e a bar r ei r a par a es c apar do
c hoque. Admi t i mos , ent r et ant o, a hi pót es e de que s e os c ac hor r os do s egundo
gr upo apr endes s em que nada que f i z es s em adi ant ar i a, f i c ar i am s ent ados s em
r eagi r ao ef ei t o do c hoque.
O pr of es s or Sol omon mos t r ou- s e f r anc ament e c ét i c o. Não hav i a l ugar ent r e
as t eor i as ps i c ol ógi c as em v oga par a a hi pót es e de ani mai s - ou pes s oas -
poder em apr ender a s er des ampar adas .
- Os or gani s mos - di s s e Sol omon quando o pr oc ur amos par a
di s c ut i r o pr oj et o - s ó s ão c apaz es de apr ender a r eagi r quando as r es pos t as
pr oduz em r ec ompens a ou puni ç ão. Na ex per i ênc i a que v oc ês s e di s põem a
f az er , as r es pos t as não t er i am r el aç ão c om r ec ompens a ou puni ç ão. El as
oc or r er i am i ndependent ement e do que o ani mal f i z es s e. Es s a não é uma
c ondi ç ão que dê l ugar a apr endi z agem s egundo qual quer t eor i a ex i s t ent e
s obr e o as s unt o.
Br uc e Ov er mi c r c onc or dou pr ont ament e.
- Como é que os ani mai s podem apr ender que não adi ant a f az er c oi s a
al guma? El es não t êm uma v i da ment al des env ol v i da a es s e pont o;
pr ov av el ment e, não t êm qual quer es péc i e de c ogni ç ão.
Os doi s , embor a c ét i c os , c ont i nuar am me apoi ando. Também i ns i s t i r am
par a que eu não t i r as s e c onc l us ões pr ec i pi t adas . Er a pos s í v el que os ani mai s
não pr oc ur as s em f ugi r do c hoque por qual quer out r o mot i v o e não por que
t i v es s em apr endi do que er a i nút i l r eagi r . O pr ópr i o es t r es s e pr ov oc ado pel o
c hoque poder i a dar a i mpr es s ão de des i s t ênc i a por par t e dos c ac hor r os .
St ev e e eu ac hamos que o nos s o ex per i ment o t r i ádi c o t ambém por i a à
pr ov a es s as pos s i bi l i dades , uma v ez que os gr upos que r ec ebes s em c hoques
es c apáv ei s e i nes c apáv ei s s er i am s ubmet i dos à mes ma c ar ga de es got ament o
f í s i c o. Se es t i v és s emos c er t os e o des ampar o f os s e o i ngr edi ent e dec i s i v o,
s oment e
os c ac hor r os que r ec ebes s em o c hoque i nev i t áv el des i s t i r i am.
No i ni c i o de j anei r o de 1965, s ubmet emos o pr i mei r o c ac hor r o a c hoques
dos quai s el e podi a es c apar , e o s egundo c ac hor r o a c hoques i dênt i c os , dos
quai s não podi a es c apar . O t er c ei r o c ac hor r o f oi dei x ado em paz . No di a
s egui nt e,
c ol oc amos os c ac hor r os na c ai x a e apl i c amos , nos t r ês , c hoques de que poder i am

50

es c apar f ac i l ment e pul ando a bai x a di v i s ór i a que s epar av a os doi s


c ompar t i ment os da c ai x a.
Em pouc os s egundos , o c ac hor r o que t i nha apr endi do a c ont r ol ar os
c hoques des c obr i u que podi a pul ar a di v i s ór i a e f ugi r . O c ac hor r o que não
r ec eber a c hoques ant es t ambém des c obr i u a mes ma c oi s a numa ques t ão de
s egundos . Mas o c ac hor r o que ac hou que não adi ant av a f az er nada não f ez o
menor es f or ç o par a es c apar , apes ar de poder v er f ac i l ment e a ár ea não s uj ei t a a
c hoques , do out r o l ado da di v i s ór i a da c ai x a. Pat et i c ament e, l ogo des i s t i u e
dei t ou- s e, embor a c ont i nuas s e r ec ebendo c hoques . Não c ons egui u des c obr i r
que bas t av a pul ar par a o out r o l ado da c ai x a par a s e l i v r ar del es .
Repet i mos a ex per i ênc i a em oi t o t r i ades . Sei s dos oi t o c ac hor r os do
gr upo
apát i c o ( des ampar ado) s ent ar am- s e na c ai x a e des i s t i r am, ao pas s o que nenhum
dos oi t o c ac hor r os do gr upo que apr ender a que podi a c ont r ol ar o c hoque des i s t i u.
St ev e e eu es t áv amos c onv enc i dos de que s oment e ac ont ec i ment os
i nes c apáv ei s l ev av am à des i s t ênc i a, uma v ez que c hoques de padr ões i dênt i c os , s e
Pági na 24
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
es t i v es s em s ob o c ont r ol e do ani mal , não pr oduz i am des i s t ênc i a.
Fi c av a c l ar o que os ani mai s podi am apr ender que s uas aç ões s ão i nút ei s ,
e
quando i s s o ac ont ec e, não mai s i ni c i am uma aç ão, t or nam- s e pas s i v os .
Tí nhamos c ons egui do pr ov ar que a pr emi s s a c ent r al da t eor i a da apr endi z agem
- que es t abel ec e que a apr endi z agem oc or r e s oment e quando uma r eaç ão
pr oduz r ec ompens a ou puni ç ão - es t av a er r ada.
St ev e e eu es c r ev emos um t r abal ho s obr e a nos s a des c ober t a, e, par a
nos s a
s ur pr es a, o edi t or do J our nal of Ex per i ment al Ps y c hol ogy , ger al ment e a mai s
c ons er v ador a das publ i c aç ões , r epr oduz i u- o c om honr as de ar t i go pr i nc i pal .
O r ept o f or a l anç ado par a t odos os t eór i c os da apr endi z agem mundo af or a.
Doi s es t udant es bi s onhos t i nham t i do a audac i a de di z er ao gr ande B. F.
Sk i nner , gur u do behav i or i s mo, e a t odos os s eus di s c í pul os , que a mai s
f undament al de s uas pr emi s s as es t av a er r ada.
Os behav i or i s t as não ent r egar am os pont os es por t i v ament e. O mai s
v ener áv el pr of es s or do nos s o depar t ament o na uni v er s i dade - que edi t ar a o
J our nal of Ex per i ment al PSYChOl OSY dur ant e 20 anos - es c r ev eu- me um bi l het e
di z endo que o meu ar t i go o dei x ar a " doent e" . Num c ongr es s o i nt er nac i onal ,
f ui abor dado no mai s pr os ai c o dos l ugar es , um mi c t ór i o, pel o mai s emi nent e
di s c í pul o de Sk i nner , que me i nf or mou que os ani mai s " não apr endem qual quer
c oi s a, el es s ó apr endem r eaç ões " .

51

Não t i nha hav i do mui t as ex per i ênc i as na hi s t ór i a da ps i c ol ogi a que


pudes s em s er c hamadas de dec i s i v as . Poi s bem, St ev e Mai er , ent ão c om apenas
24 anos , ac abar a de r eal i z ar uma. Foi um at o c or aj os o, por que a pes qui s a de
St ev e at ac av a f r ont al ment e uma or t odox i a f or t ement e ent r i nc hei r ada - o
behav i or i s mo. Há 60 anos , el e domi nav a a ps i c ol ogi a amer i c ana. Todos os
gr andes nomes no c ampo da apr endi z agem er am behav i or i s t as e, há duas
ger aç ões , quas e t odos os bons c ar gos ac adêmi c os da ps i c ol ogi a t i nham i do
par ar nas mãos de behav i or i s t as . A des pei t o de t udo, o behav i or i s mo er a
uma
dout r i na c l ar ament e ar t i f i c i al . ( A c i ênc i a mui t as v ez es f or ç a a bar r a. )
As s i m c omo o f r eudi ani s mo, a i déi a pr i nc i pal do behav i or i s mo é c ont r a-
i nt ui t i v a, i s t o é, c ont r ar i a o s ens o c omum. Os behav i or i s t as i ns i s t i am que
t odo o c ompor t ament o de uma pes s oa er a det er mi nado uni c ament e pel a
hi s t ór i a de t oda uma v i da de r ec ompens as e puni ç ões . Aç ões que t i v es s em s i do
r ec ompens adas ( um s or r i s o, uma c ar í c i a, por ex empl o) pr ov av el ment e s er i am
r epet i das , e aç ões que t i nham s i do puni das , pr ov av el ment e s er i am s upr i mi das .
E i s t o er a t udo.
A c ons c i ent i z aç ão - o r ac i oc í ni o, o pl anej ament o, a ex pec t at i v a, a
memór i a
- não ex er c e i nf l uênc i a s obr e as aç ões . É c omo o v el oc í met r o de um aut omóv el :
el e não f az o c ar r o andar , apenas r ef l et e o que es t á ac ont ec endo. O s er humano,
di z i am os behav i or i s t as , é i nt ei r ament e model ado pel o ambi ent e ex t er no -
r ec ompens as e puni ç ões - e não pel os s eus pens ament os í nt i mos .
É di f í c i l ac r edi t ar que pes s oas i nt el i gent es t i v es s em endos s ado t al
i déi a,
mas , des de o f i m da Pr i mei r a Guer r a Mundi al , a ps i c ol ogi a amer i c ana t i nha
s i do paut ada pel os dogmas do behav i or i s mo. O at r at i v o des s a t eor i a t ão
i mpl aus í v el é bas i c ament e i deol ógi c o. O behav i or i s mo v ê o or gani s mo
humano c om ex t r emo ot i mi s mo, a t al pont o que o pr ogr es s o par ec e
s edut or ament e s i mpl es . Tudo o que é pr ec i s o f az er par a mudar uma pes s oa é
mudar s eu ambi ent e. As pes s oas c omet em c r i mes por que s ão pobr es . Por t ant o,
s e a pobr ez a f or el i mi nada, o c r i me des apar ec er á. Se v oc ê pr ender um
c r i mi nos o, é c apaz de r eabi l i t á- l o mudando as c ont i ngênc i as da s ua v i da:
puni ndo- o por r oubo e pr emi ando- o por at i t ude c ons t r ut i v a que pos s a
demons t r ar . O pr ec onc ei t o é c aus ado pel a i gnor ânc i a a r es pei t o das pes s oas
s obr e as quai s t emos pr ec onc ei t os , e pode s er s uper ado pr oc ur ando- s e
c onhec ê- l as . A es t upi dez é c aus ada por f al t a de i ns t r uç ão, e pode s er s uper ada
pel o ens i no obr i gat ór i o.

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Pági na 25
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

Enquant o os eur opeus anal i s av am o c ompor t ament o à l uz da genét i c a -


f al ando em t er mos de t r aç os de c ar át er , genes , i ns t i nt os et c . - , os amer i c anos
enc ampar am a i déi a de que o c ompor t ament o er a i nt ei r ament e det er mi nado
pel o mei o. Não é por ac as o que os doi s paí s es onde o behav i or i s mo f l or es c eu
- os Es t ados Uni dos e a Uni ão Sov i ét i c a - s ej am, pel o menos t eor i c ament e,
os ber ç os do i gual i t ar i s mo. " Todos os homens s ão c r i ados i guai s " e " De c ada
um de ac or do c om a s ua c apac i dade, par a c ada um de ac or do c om s uas
nec es s i dades " f or am os s upor t es i deol ógi c os do behav i or i s mo, as s i m c omo
dos s i s t emas pol í t i c os amer i c ano e s ov i ét i c o, r es pec t i v ament e.
Er a as s i m que as c oi s as s e enc ont r av am em 1965, quando des f ec hamos
nos s o c ont r a- at aque c ont r a os behav i or i s t as . Ac háv amos que o s eu dogma de
que t udo s e r es umi a a uma ques t ão de pr êmi os e puni ç ões f or t al ec endo as
as s oc i aç ões não pas s av a de um gr ande c ont r a- s ens o. Cons i der em, por ex empl o,
a ex pl i c aç ão dos behav i or i s t as de um r at o pr es s i onando uma bar r a par a obt er
c omi da: quando um r at o que c ons egui u c omi da aper t ando uma bar r a pr es s i ona
a bar r a nov ament e, é por que a as s oc i aç ão ent r e pr es s i onar a bar r a e c omi da
hav i a s i do f or t al ec i da ant er i or ment e c om uma r ec ompens a. Ou a ex pl i c aç ão
s obr e o t r abal ho humano: o s er humano v ai t r abal har s i mpl es ment e por que a
r es pos t a ao at o de i r t r abal har j á f oi f or t al ec i da por uma r ec ompens a, não
por que el e es per a s er r ec ompens ado. A v i da ment al de uma pes s oa ou do r at o
ou não ex i s t e ou não des empenha um papel c aus al na v i s ão dos behav i or i s t as .
Em c ont r apos i ç ão, ac r edi t áv amos que os ev ent os ment ai s s ão c aus ai s : o r at o
es per a que o at o de pr es s i onar a bar r a t r aga c omi da; o s er humano es per a que i r
t r abal har r es ul t ar á em pagament o. Ac háv amos que o c ompor t ament o mai s
v ol unt ár i o é mot i v ado pel o r es ul t ado que v oc ê es per a do c ompor t ament o.
Com r el aç ão ao des ampar o apr endi do, St ev e e eu s us t ent áv amos que
os c ac hor r os f i c av am i mpas s í v ei s por que t i nham apr endi do que não
adi ant av a f az er c oi s a al guma - por i s s o, es per av am que nenhuma de s uas aç ões
c ont as s e no f ut ur o. Uma v ez as s i mi l ada es s a ex pec t at i v a, não mai s s e
engaj ar i am numa aç ão.
- A pas s i v i dade pode t er duas f ont es - s al i ent ou St ev e, c om o s eu
s ot aque
i nc ongr uent e do Br onx , per ant e os membr os c ada v ez mai s c r í t i c os do nos s o
s emi nár i o de pes qui s as s emanal . - As s i m c omo os i dos os das c l í ni c as
ger i át r i c as , podemos apr ender a nos t or nar pas s i v os s e i s s o der bons r es ul t ados .
O pes s oal da c l í ni c a é mui t o mai s at enc i os o c om aquel es que s e mos t r am

53

dóc ei s do que c om os ex i gent es . Também podemos nos t or nar pas s i v os quando


des i s t i mos de t udo por que ac r edi t amos que, não i mpor t a o que f i z er mos , dóc ei s
ou ex i gent es , nada adi ant ar i a. Os c ac hor r os não f i c ar am pas s i v os por que
apr ender am que a pas s i v i dade des l i ga o c hoque. Des i s t i r am por que es per av am
que nada que pudes s em f az er dar i a r es ul t ado.
Os behav i or i s t as j amai s admi t i r i am que c ac hor r os " des ampar ados "
t i v es s em adqui r i do uma ex pec t at i v a de que não adi ant av a f az er nada: af i nal ,
o behav i or i s mo def endi a que a úni c a c oi s a que um ani mal - ou um s er
humano - er a c apaz de apr ender er a uma aç ão ( ou, no j ar gão pr of i s s i onal ,
uma r es pos t a mot or a) ; j amai s c ons egui r i a apr ender um pens ament o ou uma
ex pec t at i v a. As s i m, os behav i or i s t as f or ç ar am uma ex pl i c aç ão, ar gument ando
que al guma c oi s a ac ont ec er a aos c ac hor r os de modo a gr at i f i c a- l os por f i c ar em
i nat i v os ; de al guma f or ma, el es dev er i am t er s i do r ec ompens ados por
per manec er em i mpas s í v ei s .
Os c ac hor r os es t av am r ec ebendo c hoques de que não t i nham c omo es c apar .
Hav i a moment os , ar gument av am os behav i or i s t as , em que os ani mai s es t av am
s ent ados quando o c hoque c es s av a. Di z i am ent ão os behav i or i s t as que a c es s aç ão
de dor nes s es moment os r ef or ç av a a pos t ur a s ent ada. Os c ac hor r os agor a
pr ef er i r i am f i c ar s ent ados , e o c hoque s er i a nov ament e i nt er r ompi do, r ef or ç ando
ai nda mai s a pos i ç ão s ent ada.
Es s e ar gument o er a o úl t i mo r ef úgi o de uma opi ni ão def endi da c om
s er i edade ( embor a, a meu v er , equi v oc ada) . Com a mes ma f ac i l i dade, poder i a
t er s i do c ont r a- ar gument ado que os c ac hor r os não t i nham s i do r ec ompens ados
por t er em s e mant i do s ent ados . Ao c ont r ar i o, t i nham s i do puni dos - pel o
f at o de que o c hoque às v ez es oc or r i a quando es t av am s ent ados , o que dev er i a
Pági na 26
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
puni r a pos i ç ão s ent ada e s upr i mi - l a. Os behav i or i s t as i gnor av am a f al t a de
l ógi c a do s eu ar gument o e i ns i s t i am que a úni c a c oi s a que os c ac hor r os t i nham
apr endi do er a uma f or t e r es pos t a à pos i ç ão s ent ada i móv el . Res pondemos que
er a c l ar o que os c ac hor r os , c onf r ont ados c om um c hoque s obr e o qual não
t i nham c ont r ol e, er am c apaz es de pr oc es s ar i nf or maç ão, per mi t i ndo- l hes
apr ender que não adi ant av a f az er nada.
Foi a es s a al t ur a que St ev e Mai er c r i ou o s eu br i l hant e t es t e.
- Vamos s ubmet er os c ac hor r os ao mes mo pr oc es s o que os behav i or i s t as
af i r mam que os t or na s uper des ampar ados . El es di z em que os c ac hor r os s ão
r ec ompens ados por que per manec em par ados , não é v er dade? Mui t o bem,

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v amos r ec ompens á- l os por f i c ar em qui et os . Toda v ez que per manec er em par ados
por c i nc o s egundos , des l i gar emos o c hoque - di s s e el e.
I s s o quer i a di z er que o t es t e f ar i a del i ber adament e a mes ma c oi s a que os
behav i or i s t as di z i am que es t av a ac ont ec endo ac i dent al ment e.
Os behav i or i s t as di r i am ai nda que uma r ec ompens a por f i c ar em qui et os
pr oduz i r i a c ac hor r os i mpas s í v ei s . St ev e di s c or dou.
- Todos nós s abemos - r epl i c ou - que os c ac hor r os apr ender ão que o
s i mpl es f at o de f i c ar em qui et os f ar á c om que o c hoque par e. Apr ender ão que
podem i nt er r omper o c hoque s e f i c ar em qui et os por c i nc o s egundos . Di r ão a
s i mes mos : " Pux a, t enho um boc ado de c ont r ol e. " E, de ac or do c om a nos s a
t eor i a, uma v ez que os c ac hor r os t enham apr endi do a noç ão de c ont r ol e, nunc a
s e t or nar ão apát i c os , des ampar ados .
St ev e c r i ou um ex per i ment o que s e di v i di a em duas par t es . Na pr i mei r a,
os c ac hor r os que el e c hamou de gr upo s ent ado- i móv el s er i am s ubmet i dos a
c hoques que s ó c es s ar i am s e el es f i c as s em par ados dur ant e c i nc o s egundos .
El es poder i am c ont r ol ar os c hoques f i c ando qui et os . O s egundo gr upo,
c hamado de gr upo c as ado, r ec eber i a c hoques s empr e que o gr upo s ent ado- i móv el
t ambém r ec ebes s e, mas nada que os c ac hor r os do s egundo gr upo f i z es s em
af et ar i a os s eus c hoques . El es s ó c es s av am quando os c ac hor r os do pr i mei r o
gr upo f i c av am s ent ados s em mex er . Um t er c ei r o gr upo f oi denomi nado gr upo
i s ent o de c hoque.
A s egunda par t e do ex per i ment o c ons i s t i a em c ol oc ar t odos os c ac hor r os
dent r o da c ai x a e ens i ná- l os a pul ar a di v i s ór i a par a es c apar dos c hoques . Os
behav i or i s t as pr ev i r am que, ao r ec eber em o c hoque, os c ac hor r os dos doi s
gr upos f i c ar i am i móv ei s e par ec er i am des ampar ados - por que ambos os gr upos
t i nham s i do ant er i or ment e r ec ompens ados ao s er em di s pens ados dos c hoques
por per manec er em qui et os . Des s es doi s gr upos , ant ec i par am os behav i or i s t as ,
o gr upo s ent ado- i móv el f i c ar i a mai s i mpas s í v el por que t i nha s i do c ons t ant ement e
r ec ompens ado por s ua i mobi l i dade, enquant o os c ac hor r os do gr upo c as ado
t i nham s i do r ec ompens ados apenas oc as i onal ment e. Os behav i or i s t as af i r mar am
ai nda que o gr upo i s ent o de c hoque não s er i a af et ado.
Nós , c ogni t i v i s t as , di s c or damos . Pr ev i mos que os c ac hor r os do gr upo
s ent ado- i móv el , t endo apr endi do que t i nham c ont r ol e s obr e a i nt er r upç ão
do c hoque, não f i c ar i am des ampar ados . Quando t i v es s em opor t uni dade de
pul ar a di v i s ór i a da c ai x a, não hes i t ar i am em f az ê- l o. Também pr ev i mos que

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a mai or i a dos c ac hor r os do gr upo c as ado f i c ar i a des ampar ada, e que,


nat ur al ment e, o gr upo i s ent o de c hoque não s er i a af et ado, es c apando
agi l ment e dos c hoques da c ai x a.
Cumpr i da a pr i mei r a par t e da ex per i ênc i a, c ol oc amos os c ac hor r os na
c ai x a. Ei s o que ac ont ec eu:
A mai or i a. dos c ac hor r os do gr upo c as ado per manec eu i mpas s í v el , c omo as
duas f ac ç ões t i nham pr ev i s t o. Os c ac hor r os do gr upo i s ent o de c hoque não
f or am af et ados . Quant o aos c ac hor r os do gr upo s ent ado- i móv el , ao s er em c ol oc ados
na c ai x a, f i c ar am par ados por al guns s egundos , à es per a de que os c hoques
c es s as s em. Quando i s s o não ac ont ec eu, mex er am- s e um pouc o, t ent ando
enc ont r ar al guma manei r a pas s i v a de des l i gar os c hoques . Logo c onc l uí r am
que não hav i a nenhuma e pr ont ament e pul ar am a bar r ei r a.
Quando c onc ei t os uni v er s ai s s e c hoc am, c omo ac ont ec eu c om as t eor i as
Pági na 27
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
dos behav i or i s t as e dos c ogni t i v i s t as a pr opós i t o do des ampar o apr endi do, é
mui t o di f í c i l c ons t r ui r um ex per i ment o que dei x e os oponent es s em
ar gument os . Mas f oi pr ec i s ament e i s s o que o j ov em de 24 anos St ev e Mai er
c ons egui u f az er .
As t ent at i v as ac r obát i c as dos behav i or i s t as f i z er am- me l embr ar o
epi s ódi o
dos epi c i c l os . Os as t r ônomos da Renas c enç a f i c ar am per pl ex os c om as
met i c ul os as obs er v aç ões do f i r mament o l ev adas a ef ei t o por Ty c ho Br ahe. Vol t a
e mei a, os pl anet as par ec i am r et i r ar - s e dos c ami nhos que t i nham ac abado de
t omar . Os as t r ônomos que ac r edi t av am que o Sol gi r av a em t or no da Ter r a
ex pl i c av am es s as r et i r adas por mei o dos " epi c i c l os " — pequenos c í r c ul os dent r o
do gr ande c i r c ul o, em c uj a di r eç ão, t eor i z av am, os c or pos c el es t es
per i odi c ament e s e des v i av am. À medi da que er am r egi s t r adas nov as obs er v aç ões ,
os as t r ônomos t r adi c i onal i s t as v i am- s e obr i gados a apel ar c ada v ez mai s par a os
epi c i c l os . Fi nal ment e, os que ac r edi t av am que aTer r a des c r ev i a um c í r c ul o em
t or no do Sol ( na v er dade, o s eu c ur s o é el í pt i c o) der r ot ar am os geoc ent r i s t as ,
s i mpl es ment e por que s eu pont o de v i s t a r equer i a menos epi c i c l os e, por t ant o,
er a mai s c ons i s t ent e. A ex pr es s ão " ac r es c ent ando epi c i c l os " pas s ou a s er
apl i c ada
a c i ent i s t as de qual quer c ampo de i nv es t i gaç ão que, enc ont r ando di f i c ul dade
par a def ender uma t es e v ac i l ant e, pos t ul am, em des es per o de c aus a, s ubt es es ,
numa t ent at i v a de es c or á- l as .
Nos s as des c ober t as , j unt ament e c om as de pens ador es c omo Noam
Choms k y , J ean Pi aget e os ps i c ól ogos pr oc es s ador es de i nf or maç ão, s er v i r am

56

par a ex pandi r o c ampo da i nv es t i gaç ão da ment e e f or ç ar os behav i or i s t as a


bat er em em r et i r ada. Por v ol t a de 1975, o es t udo c i ent í f i c o de pr oc es s os
ment ai s em pes s oas e ani mai s s ubs t i t ui u o c ompor t ament o de r at os c omo
t ema f av or i t o de t es es de dout or ado.
STEVE MAI ER E EU TÍ NHAMOS DESCOBERTO COMO PRODUZI R DESAMPARO
apr endi do. Res t av a s aber s e, t endo c ons egui do pr ov oc á- l o, s er í amos c apaz es
de c ur á- l o.
Pegamos um gr upo de c ac hor r os que t i nham s i do ens i nados a s e t or nar em
des ampar ados , e ar r as t amos os pobr es e r el ut ant es ani mai s de um l ado par a
out r o da c ai x a e por c i ma da di v i s ór i a não s ei quant as v ez es , at é que c omeç ar am
a s e mex er por c ont a pr ópr i a e per c eber que s uas aç ões f unc i onav am. Uma v ez
c ons egui do i s s o, a c ur a t or nou- s e 100% c onf i áv el e per manent e.
Tr abal hamos c om a pr ev enç ão e des c obr i mos um f enômeno, a que demos
• nome de " i muni z aç ão" , que nada mai s é do que o c onhec i ment o pr év i o das
r eaç ões que i mpedem o des ampar o adqui r i do. Des c obr i mos mai s que os
c ac hor r os que apr endem a domi nar es s a habi l i dade quando f i l hot es f i c am
i muni z ados c ont r a o des ampar o par a o r es t o de s uas v i das . As i mpl i c aç ões
des s a c ons t at aç ão par a os s er es humanos er am f ant ás t i c as .
Tí nhamos es t abel ec i do os f undament os da t eor i a e, f i el à r es ol uç ão que
t omar a naquel e di a em Pr i nc et on, ao di s c ut i r c om o meu pr of es s or os as pec t os
ét i c os da ex per i ment aç ão c om ani mai s , St ev e Mai er e eu enc er r amos nos s os
ex per i ment os c om c ac hor r os .

Vul ner abi l i dade e I nv ul ner abi l i dade


Nos s os TRABALHOS PASSARAM A SER DI VULGADOS COM FREQÜÊNCI A. OS
t eór i c os da apr endi z agem r eagi r am c omo er a de s e es per ar : c om
i nc r edul i dade, um c er t o r anc or e c r i t i c as ac er bas . Es s a c ont r ov ér s i a, c er t ament e
t éc ni c a e
t edi os a, ar r as t ou- s e por 20 anos , e de c er t a f or ma par ec e que l ev amos a
mel hor . At é mes mo behav i or i s t as obs t i nados c omeç am a ens i nar a s eus al unos os
pr i nc í pi os do des ampar o apr endi do e a pes qui s á- l o.
As r eaç ões mai s c ons t r ut i v as par t i r am de c i ent i s t as i nt er es s ados em
apl i c ar
a t eor i a do des ampar o apr endi do a pr obl emas do s of r i ment o humano. Uma

Pági na 28
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
57

das mai s i nt r i gant es v ei o de Donal d Hi r ot o, um ni po- amer i c ano de 30 anos ,


al uno de pós - gr aduaç ão da Or egon St at e Uni v er s i t y . Hi r ot o es t av a pr oc ur ando
um t ema par a uma t es e e pedi u- nos det al hes s obr e o que t í nhamos f ei t o. " Quer o
ex per i ment á- l as em c r i at ur as e não em c ac hor r os ou r at os " , es c r ev eu, " e v er s e
as s uas des c ober t as de f at o s e apl i c am à c ondi ç ão humana. Meus pr of es s or es
s ão mui t o c ét i c os . "
Hi r ot o r es ol v er a f az er , c om pes s oas , ex per i ênc i as anál ogas às que
t í nhamos
f ei t o c om c ac hor r os . Pr i mei r ament e, i s ol ou um gr upo de pes s oas num quar t o,
l i gou um apar el ho de s om a t odo v ol ume e deu- l hes a t ar ef a de apr ender a
des l i gá- l o. El as t ent ar am t odas as c ombi naç ões pos s í v ei s c om os bot ões do
pai nel , mas o s om er a i ndes l i gáv el . Out r o gr upo c ons egui u des l i gar o s om
mex endo nos bot ões c er t os . Um t er c ei r o gr upo não f oi ex pos t o a qual quer
t i po de s om.
Mai s t ar de, Hi r ot o l ev ou as pes s oas par a out r o quar t o, onde hav i a uma
c ai x a. Toc ando- s e num dos l ados da c ai x a, ouv i a- s e um s om c or t ant e,
des agr adáv el ; enc os t ando- s e a mão no out r o l ado, o s om par av a.
Numa t ar de de 1971, Hi r ot o me t el ef onou.
- Mar t y , ac ho que c ons egui mos al guns r es ul t ados que podem s i gni f i c ar
al guma c oi s a. . . quem s abe at é mui t o. Por i nc r í v el que par eç a, a mai or i a das
pes s oas que s ubmet i i ni c i al ment e a um r uí do i nes c apáv el f i c ou es t át i c a quando
enc os t ou a mão na c ai x a! - Dav a par a per c eber que Hi r ot o es t av a ex c i t ado,
embor a pr oc ur as s e mant er a c ompos t ur a pr of i s s i onal . - Foi c omo s e t i v es s em
apr endi do que não t i nham a menor c ondi ç ão de des l i gar o r uí do. Por i s s o,
nem t ent ar am, apes ar de t udo mai s . . . o t empo, o l oc al . . , t er mudado. El as
t r ans pus er am o des ampar o que t i nham s ent i do ao s er em ex pos t as ao r uí do
par a o nov o t es t e. Mas v ej a bem: t odas as out r as pes s oas que t i nham s i do
s ubmet i das i ni c i al ment e a um r uí do es c apáv el , ou que não t i nham s i do
s ubmet i das a r uí do al gum, apr ender am a des l i gar o r uí do mui t o f ac i l ment e!
Ac hei que i s s o podi a s er o ápi c e de mui t os anos de i nv es t i gaç ão. Se as
pes s oas podi am s er ens i nadas a f i c ar em des ampar adas di ant e de uma i r r i t aç ão
t r i v i al c omo um r uí do es t r i dent e, ent ão t al v ez f os s e v er dade que pes s oas
es pal hadas por es s e mundo de Deus , pas s ando por pr ov aç ões em que s uas aç ões
er am i nút ei s , s of r endo gol pes pr of undos , t ambém es t i v es s em s endo ens i nadas
a s e c ompor t ar em des ampar adament e. Tal v ez a r eaç ão humana à per da de um
modo ger al - r ej ei ç ão por par t e daquel es a quem amamos um di a, i ns uc es s o

58

no t r abal ho, mor t e do c ônj uge - pudes s e s er c ompr eendi da at r av és do model o


do des ampar o apr endi do. 7
Segundo as des c ober t as de Hi r ot o, em c ada gr upo de t r ês pes s oas que el e
t ent ar a t or nar des ampar ada, uma não s uc umbi r a. Es s e dado er a ex t r emament e
s i gni f i c at i v o. Um de c ada gr upo de t r ês de nos s os ani mai s t ambém não t i nha
f i c ado des ampar ado depoi s de s ubmet i do ao c hoque i nes c apáv el . Tes t es
s ubs eqüent es , ut i l i z ando di s c os de Bi l l Cos by que t oc av am e dei x av am de
t oc ar , i ndependent ement e do que as pes s oas f i z es s em, ou moedas que c aí am
i mpr ev i s t ament e de c aç a- ní quei s , c onf i r mar am as des c ober t as de Hi r ot o.
O t es t e de Hi r ot o pr oduz i u out r o r es ul t ado f as c i nant e: c er c a de uma em
10 das pes s oas que não r ec eber am c hoque l i mi t ar am- s e a f i c ar s ent adas na
c ai x a des de o i ní c i o, s em s e mex er , s em f az er nada ac er c a do r uí do
des agr adáv el .
Es s a at i t ude es t abel ec i a uma f or t e anal ogi a c om os t es t es que t í nhamos f ei t o
c om ani mai s . Um em 10 dos nos s os ani mai s t ambém per manec eu i mpas s í v el
des de o pr i nc í pi o.
Nos s a s at i s f aç ão f oi l ogo s ubs t i t ui da por uma ar dent e c ur i os i dade. Quem
é que des i s t e i medi at ament e e quem é que não des i s t e nunc a? Quem s obr ev i v e
quando o s eu t r abal ho é mal s uc edi do ou é r ej ei t ado por al guém que amou
l onga e pr of undament e? E por quê? É dat o que al gumas pes s oas não pr ev al ec em;
s uc umbem c omo os c ac hor r os des ampar ados . Out r as , ent r et ant o, s uper am as
di f i c ul dades ; c omo v ol unt ár i os ex per i ment ai s i ndomáv ei s , r ec uper am- s e e,
embor a a v i da pos s a t er f i c ado um pouc o mai s pobr e, c ons eguem s egui r em
f r ent e e r ec ons t r ui r . Os s ent i ment ai s c hamam a i s s o de " t r i unf o da v ont ade
Pági na 29
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
humana" ou de " a c or agem de s er " - c omo s e mer os r ót ul os bas t as s em par a
ex pl i c ar t udo.
Ent ão, depoi s de s et e anos de ex per i ênc i a, f i c ou c l ar o par a nós que o
not áv el
at r i but o que é a c apac i dade de adapt aç ão f ac e à der r ot a, ao i nf or t úni o, não
pr ec i s a per manec er env ol t o em mi s t ér i o. Não s e t r at a de uma v i r t ude i nat a;
pode s er apr endi da. Ex pl or ar as c ol os s ai s i mpl i c aç ões des s a des c ober t a é o que
t enho f ei t o na úl t i ma déc ada e mei a.
___
7 Apr es s o- me em es c l ar ec er que as pes s oas que par t i c i par am des s es e dos demai s
ex per i ment os
s obr e des ampar o env ol v endo s er es humanos não s e r et i r ar am do l abor at ór i o em
es t ado de
depr es s ão. No f i nal do t es t e, f oi mos t r ado a c ada uma del as que o s om t i nha s i do
mani pul ado ou que o
pr obl ema er a i ns ol úv el . Os s eus s i nt omas des apar ec er am.

59

60

Capí t ul o 3

Ex pl i c ando o I nf or t úni o

A UNI VERSI DADE DE OXFORD É UM LUGAR ASSUSTADOR PARA SE FAZER


uma pal es t r a. Não t ant o por s eus t or r eões e s uas gár gul as ou pel o f at o de
l i der ar o mundo i nt el ec t ual há mai s de 700 anos . São os s eus mons t r os
s agr ados que met em medo. El es c ompar ec er am em pes o naquel e di a de abr i l de
1975 par a ouv i r o pr et ens i os o ps i c ól ogo amer i c ano que f az i a um es t ági o no
Hos pi t al Mauds l ey do I ns t i t ut o de Ps i qui at r i a de Londr es e v i er a a Ox f or d
f al ar de s ua pes qui s a. Enquant o ar r umav a os papéi s na es t ant e da t r i buna e
ol hav a ner v os ament e em v ol t a, r ec onhec i o et ol ogi s t a Ni k o Ti nber gen,
Pr êmi o Nobel de 1973. Pude v er ai nda J er ome Br uner , r enomado ac adêmi c o que
c hegar a há pouc o a Ox f or d, pr oc edent e de Har v ar d, par a r ec eber o t i t ul o de
pr of es s or emér i t o de des env ol v i ment o i nf ant i l . Lá t ambém s e enc ont r av am
Donal d Br oadbent , f undador da moder na ps i c ol ogi a c ogni t i v a e c ons i der ado
o mai s emi nent e c ul t or da c i ênc i a s oc i al " apl i c ada" do mundo, e Mi c bael Gel der ,
dec ano da ps i qui at r i a br i t âni c a. E hav i a ai nda J ef f r ey Gr ay , ac at ado
es pec i al i s t a da ans i edade e doenç as do c ér ebr o. Er am as s umi dades da mi nha
pr of i s s ão.
Sent i - me c omo o at or que empur r ar am par a o pal c o e que t em de r ec i t ar um
s ol i l óqui o per ant e Gui nnes s , Gi el gud e Ol i v i er .
I ni c i ei mi nha pal es t r a s obr e o des ampar o apr endi do, e f i quei al i v i ado ao
per c eber que a pl at éi a mos t r av a- s e r az oav el ment e r ec ept i v a, c hegando al guns
dos l umi nar es a apoi ar mi nhas c onc l us ões c om ges t os af i r mat i v os de c abeç a,
a s or r i r di s c r et ament e de mi nhas pi adas . Mas no mei o da pr i mei r a f i l a es t av a
um es t r anho c om um ar i nt i mi dant e. Não ac hav a mi nhas pi adas engr aç adas ,

61

e em di v er s os pont os c r uc i ai s da pal es t r a bal anç ar a c ons pi c uament e a c abeç a


em s i nal de des apr ov aç ão. Tomav a not a de t udo e par ec i a f az er um i nv ent ár i o
Pági na 30
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
de enganos que eu c omet er a i nadv er t i dament e.
Fi nal ment e, c onc l uí a pal es t r a. Os apl aus os me dei x ar am de c er t o modo
r ec onf or t ado, pr i nc i pal ment e por t er l ev ado a c abo a empr ei t ada, f al t ando
apenas ouv i r os agr adec i ment os de pr ax e do or ador of i c i al . Oc or r e que o or ador
não er a out r o que não o per s onagem es t r anho da pr i mei r a f i l a. Chamav a- s e
J ohn Teas dal e. Ouv i r a o nome ant es mas não s abi a quas e nada s obr e el e.
Teas dal e, ao que v i m a s aber , er a um c onf er enc i s t a do depar t ament o de
ps i qui at r i a, r ec ém- egr es s o do depar t ament o de ps i c ol ogi a do Hos pi t al Mauds l ey ,
de Londr es .
- Real ment e, os s enhor es não dev em s e dei x ar empol gar por es s a hi s t ór i a
enc ant ador a - di s s e el e di r i gi ndo- s e à pl at éi a. - A t eor i a é t ot al ment e
i nadequada. Sel i gman gl os ou o f at o de um t er ç o das pes s oas que s ubmet eu aos s eus
ex per i ment os não t er f i c ado des ampar ado. Por quê? E que, ent r e as que f i c ar am,
al gumas l ogo s e r ec uper ar am; out r as nunc a s e r ef i z er am. Out r as ai nda
mos t r ar am- s e des ampar adas s oment e na s i t uaç ão em que apr ender am a r eagi r
des ampar adament e; não t ent ar am mai s es c apar de r uí dos . Ent r et ant o, houv e
quem des i s t i s s e em s i t uaç ões i nt ei r ament e nov as . Per gunt emo- nos por quê? Houv e
t ambém as que per der am a aut o- es t i ma e c ul par am- s e por não t er em
c ons egui do es c apar do r uí do, enquant o out r as ac us ar am o ex per i ment ador de l hes
t er
apr es ent ado pr obl emas i ns ol úv ei s . Por quê?
Mui t os dos i l us t r es pr es ent es ent r eol har am- s e, per pl ex os . A c r í t i c a
c ont undent e de Teas dal e l ev ant ou dúv i das s obr e t udo o que eu ac abar a de
di z er . Dez anos de pes qui s a, que j ul gav a def i ni t i v as quando c omec ei a f al ar ,
par ec i am agor a ei v adas de c ont r adi ç ões .
Eu es t av a es t ar r ec i do. Ac hei que Teas dal e t i nha r az ão, e s ent i - me
c ons t r angi do por não t er me f ei t o ant es es s as obj eç ões . Bal buc i ei al gumas
pal av r as , t ent ando j us t i f i c ar que er a as s i m que a c i ênc i a ev ol ui a, e, à gui s a de
r épl i c a, per gunt ei a Teas dal e s e el e s er i a c apaz de r es ol v er o par adox o que
c ol oc ar a di ant e de mi m.
- Si m, c r ei o que s i m - di s s e el e. - Mas aqui não é o l ugar apr opr i ado,
nem es t e é o moment o.
Não v ou r ev el ar por enquant o a s ol uç ão de Teas dal e, poi s quer o l hes
pedi r
que ant es f aç am um t es t e que os aj udar á a des c obr i r s e s ão ot i mi s t as ou

62

pes s i mi s t as . O c onhec i ment o ant ec i pado da r es pos t a à per gunt a s obr e a r az ão


de al gumas pes s oas nunc a s e t or nar em des ampar adas poder i a pr ej udi c ar s ua
manei r a de r es ponder ao t es t e.

Tes t e o Seu Pr ópr i o Ot i mi s mo

Lev e t odo o t empo que pr ec i s ar par a r es ponder a c ada uma das per gunt as .
Em médi a, o t es t e t oma c er c a de 15 mi nut os par a s er c onc l uí do. Não há
r es pos t as c er t as ou er r adas . É i mpor t ant e que v oc ê f aç a o t es t e ant es de l er
a anál i s e que s e s egue a el e, a f i m de as s egur ar que s uas r es pos t as não s er ão
t endenc i os as .
Lei a a des c r i ç ão de c ada s i t uaç ão e i magi ne v i v ament e que el a es t á ac ont ec endo
c om v oc ê. É pr ov áv el que v oc ê não t enha pas s ado por al gumas das s i t uaç ões ,
mas i s s o não t em i mpor t ânc i a. Tal v ez nenhuma das r es pos t as l he par eç a adequada;
pr os s i ga as s i m mes mo e as s i nal e A ou B, es c ol hendo a c aus a que par eç a mai s s e
aj us t ar a v oc ê. Voc ê pode não gos t ar da manei r a c omo al gumas r es pos t as s oam,
mas não es c ol ha o que pens a que dev er i a di z er ou o que s oe bem par a out r as
pes s oas ; es c ol ha a r es pos t a mai s pr ov áv el que dar i a.
As s i nal e apenas uma r es pos t a par a c ada per gunt a. Es queç a por enquant o
os c ódi gos de l et r as e númer os .

1. O pr oj et o s ob s ua r es pons abi l i dade f oi c ons i der ado um gr ande


s uc es s o.

Pági na 31
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Ps B
A. Super v i s i onei de per t o o t r abal ho de t odos
os que par t i c i par am. 1
B. Todos dedi c ar am mui t o t empo e ener gi a ao t r abal ho. O

2. Voc ê e s eu c ônj uge ( namor ado/ namor ada) f i z er am as paz es


depoi s de uma br i ga.
PmB
A. Eu o per doei . O
B. Cos t umo per doar . 1

63

3. Voc ê s e per de ao s e di r i gi r de c ar r o à c as a de um ami go.

Ps M
A. Dobr ei na es qui na er r ada. 1
B. Meu ami go não me or i ent ou di r ei t o. O

4. Seu c ônj úge ( namor ado/ namor ada) s ur pr eende- o c om um


pr es ent e.

Ps B
A. El e/ El a r ec ebeu um aument o. O
B. Eu o( a) l ev ei par a j ant ar f or a na noi t e ant er i or . 1

5. Voc ê es quec eu o ani v er s ár i o de s ua c ar a- met ade


( namor ado/ namor ada) .

PmM
A. Não s ou bom par a guar dar dat as de ani v er s ár i o. 1
B. Es t av a pr eoc upado c om out r as c oi s as . O

6. Voc ê ganhou uma f l or de um admi r ador .

AbB
A. El e/ El a me ac ha at r aent e O
B. Sou uma pes s oa benqui s t a 1

7. Voc ê s e c andi dat a a um c ar go el et i v o ( c omuni t ár i o) e é el ei t o.

AbB
A. Me emp enhei a f undo na c ampanha O
B. Tudo o que f aç o é c om ent us i as mo. 1

8. Voc ê f al t a a um c ompr omi s s o i mpor t ant e.


AbM
A. As v ez es , mi nha memór i a f al ha. 1
B. As v ez es , es queç o de c ons ul t ar mi nha agenda. O

9. Voc ê s e c andi dat a a um c ar go c omuni t ár i o e per de.


Ps M
A. Não me dedi quei à c ampanha o s uf i c i ent e. 1
B. O c andi dat o que v enc eu c onhec i a mai s gent e do que eu. O

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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
64

10. Voc ê pr omov e um j ant ar que é um s uc es s o.


PmB
A. Es t av a par t i c ul ar ment e c har mos o naquel a noi t e. O
B. Cos t umo s er um bom anf i t r i ão. 1

11. Voc ê i mpede a c ons umaç ão de um c r i me c hamando a pol í c i a.

Ps B
A. Um bar ul ho es t r anho des per t ou mi nha at enç ão. O
B. Es t av a at ent o naquel e di a. 1

12. Voc ê pas s ou mui t o bem de s aúde o ano i nt ei r o.

Ps B
A. Pouc as pes s oas da mi nha i nt i mi dade es t i v er am doent es . Por i s s o
não me ex pus . O
B. Fi z ques t ão de me al i ment ar bem e des c ans ar bas t ant e. 1

13. Voc ê dev e à bi bl i ot ec a 10 dól ar es por não t er dev ol v i do um


l i v r o no pr az o.
PmM
A. Quando f i c o abs or v i do pel o que es t ou l endo es queç o que a dat a de
dev ol uç ão v enc eu. 1
B. Es t av a t ão env ol v i do es c r ev endo um r el at ór i o que es quec i de dev ol v er
ol i v r o. O

14. Voc ê ganha mui t o di nhei r o c om a v enda de aç ões .

PmB
A. Meu c or r et or r es ol v eu ex per i ment ar uns papéi s nov os . O
B. Meu c or r et or é um i nv es t i dor de mão c hei a. 1

15. Voc ê v enc e uma c ompet i ç ão at l ét i c a.

PmB
A. Es t av a me s ent i ndo i nv enc í v el . O
B. Lev o os t r ei nos a s ér i o. 1

65

16. Voc ê é r epr ov ado numa pr ov a I mpor t ant e.

AbM
A. Não f ui t ão bom quant o os out r os c andi dat os . O
B. Não me pr epar ei dev i dament e par a a pr ov a. 1

17. Voc ê pr epar ou uma r ef ei ç ão es pec i al par a um( a) ami go( a) e el e( a)


não t oc ou na c omi da.

AbM
A. Não s ou um bom c oz i nhei r o. 1
B. Pr epar ei a r ef ei ç ão às pr es s as . O

18. Voc ê per de uma pr ov a de at l et i s mo par a a qual v i nha s e


Pági na 33
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
pr epar ando há mui t o t empo.

AbM
A. Não s ou um bom at l et a. 1
B. Não s ou bom nes s a modal i dade de c ompet i ç ão. O

19. Ac aba a gas ol i na do s eu c ar r o, numa r ua es c ur a, al t as hor as


da noi t e.
Ps M
A. Não c hequei o ní v el da gas ol i na. 1
B. O mar c ador de gas ol i na es t av a quebr ado. O

20. Voc ê s e ex al t a c om um( a) ami go( a) .


PmM
A. El e( a) es t á s empr e me pr ov oc ando. 1
B. El e( a) mos t r ou- s e agr es s i v o. O

21. Voc ê é mul t ado por não ent r egar a dec l ar aç ão do I mpos t o de
Renda no pr az o.
PmM
A. Sempr e dei x o par a a úl t i ma hor a o pagament o dos meus i mpos t os . 1
B. Fi quei c om pr egui ç a de f az er a dec l ar aç ão do i mpos t o es t e ano. O

66

22. Voc ê c onv i da uma pes s oa par a s ai r e el a s e r ec us a.

AbM
A. Eu es t av a em pet i ç ão de mi s ér i a naquel e di a. 1
B. Fi quei c om a l í ngua pr es a quando a( o) c onv i dei . O

23. Num pr ogr ama de audi t ór i o c om di s t r i bui ç ão de pr êmi os


v oc ê é es c ol hi do par a di s put ar um dos j ogos .
Ps B
A. Es t av a s ent ado no l ugar c er t o. O
B. Par t i c i pav a do pr ogr ama c om mui t o ent us i as mo. 1

24. Numa f es t a, v oc ê é f r equent ement e c onv i dado par a danç ar .

PmB
A. Sou ex t r ov er t i do nas f es t as . 1
B. Es t av a em pl ena f or ma naquel a noi t e. O

25. Voc ê c ompr a par a s eu c ônj uge ( namor ado/ namor ada) um
pr es ent e e el e( a) não gos t a.
Ps M
A. Não me empenho mui t o nes s as c oi s as . 1
B. El e( a) t em um gos t o mui t o es qui s i t o. O

26. Voc ê s e s ai ex c epc i onal ment e bem numa ent r ev i s t a par a


obt er um empr ego.
PmB
A. Sent i - me ex t r emament e s egur o dur ant e a ent r ev i s t a. O
Pági na 34
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
B. Ger al ment e me s ai o bem nas ent r ev i s t as . 1

27. Voc ê c ont a uma pi ada e t odo mundo r i .


Ps B
A. A pi ada er a engr aç ada. O
B. O meu t i mi ngf oi per f ei t o. 1

67

28. Seu c hef e l he dá mui t o pouc o t empo par a r eal i z ar uma t ar ef a,


mas mes mo as s i m v oc ê c ons egue c onc l ui - l a.

AbB
A. Sou bom no meu t r abal ho. O
B. Sou uma pes s oa ef i c i ent e. 1

29. Voc ê v em s e s ent i ndo es got ado ul t i mament e.


PmM
A. Nunc a t enho opor t uni dade de r el ax ar . 1
B. Es t i v e ex c epc i onal ment e oc upado dur ant e a s emana. O

30. Voc ê c onv i da uma pes s oa par a danç ar e el a s e r ec us a.

Ps M
A. Não s ou bom danç ar i no. 1
B. El e( a) não gos t a de danç ar . O

31. Voc ê s al v a uma pes s oa de mor r er s uf oc ada.

AbB
A. Conheç o uma t éc ni c a par a i mpedi r que al guém s e s uf oque. O
B. Sei c omo agi r em s i t uaç ões de c r i s e. 1

32. Seu par c ei r o amor os o pede um t empo par a que as c oi s as


es f r i em um pouc o.
AbM
A. Sou mui t o egoc ênt r i c o. 1
B. Não l he dedi c o t empo s uf i c i ent e. O

33. Uma ami ga di z al go que f er e s eus s ent i ment os .

PmM
A. El a s empr e di z c oi s as s em pens ar . 1
B. Mi nha ami ga es t av a de mau humor e des f or r ou em c i ma de mi m. O

34. Seu empr egador o pr oc ur a par a pedi r s ua opi ni ão.


AbB
A. Sou um es pec i al i s t a na ár ea em que f ui c ons ul t ado. O
B. Sou bom par a dar c ons el hos út ei s . 1

68

35. Um ami go l he agr adec e por t ê- l o aj udado a s uper ar maus


Pági na 35
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
moment os .

AbB
A. Gos t o de aj udar os ami gos nos moment os di f í c ei s . O
B. Pr eoc upo- me c om as pes s oas . 1

36. Voc ê s e di v er t e a v al er numa f es t a.


Ps B
A. Todos f or am mui t o s i mpát i c os . O
B. Fui mui t o s i mpát i c o. 1

37. Seu médi c o l he di z que v oc ê es t a em ex c el ent e f or ma f í s i c a.

AbB
A. Não dei x o de f az er ex er c í c i os r egul ar ment e. O
B. Sou mui t o c ons c i ent e da mi nha s aúde. 1

38. Seu c ônj uge ( namor ado/ namor ada) l ev a- o par a pas s ar um
f i m de s emana r omânt i c o.

PmB
A. El e( a) pr ec i s av a es pai r ec er um pouc o. O
B. El e( a) gos t a de c onhec er nov os l ugar es . 1

39. O s eu médi c o o adv er t e par a c omer menos aç úc ar .

Ps M
A. Não dou mui t a at enç ão à mi nha di et a al i ment ar . 1
B. É i mpos s í v el ev i t ar o aç úc ar , t udo éf ei t o c om el e. O

40. Voc ê é c onv i dado par a c hef i ar um pr oj et o i mpor t ant e.


PmB
A. Ac abei de c onc l ui r c om êx i t o um pr oj et o s emel hant e. O
B. Sou um bom s uper v i s or . 1

41. Voc ê e s eu c ônj uge ( namor ado/ namor ada) v êm br i gando


mui t o ul t i mament e.
Ps M
A. Tenho me s ent i do i r r i t adi ç o e t ens o. 1
B. El e( a) t em s e mos t r ado hos t i l ul t i mament e. O

69

42. Voc ê c ai mui t o quando anda de pat i ns .


PmM
A. Pat i nando é f ác i l . 1
B. As pi s t as s ão mui t o í ngr emes . O

43. Voc ê r ec ebe um pr êmi o de pr es t í gi o.


AbB
A. Sol uc i onei um pr obl ema i mpor t ant e. O
B. Er a o mel hor f unc i onár i o. 1

Pági na 36
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
44. Suas aç ões s of r er am uma queda s em pr ec edent es .

AbM
A. Não es t av a mui t o por dent r o das t endênc i as dos negóc i os na
oc as i ão. 1
B. Es c ol hi mal as aç ões que negoc i ei . O

45. Voc ê engor dou dur ant e as f ér i as e não c ons egue per der pes o.
Ps B
A. As di et as não f unc i onam a l ongo pr az o. O
B. A di et a que es c ol hi não deu c er t o. 1

46. Voc ê ganhou na l ot er i a.


PmM
A. Foi pur a s or t e. O
B. Apos t ei nos nümer os Cer t os . 1

47. Voc ê es t á hos pi t al i z ado e pouc as pes s oas v êm v i s i t á- l o.

Ps M
A. Fi c o i r r i t ado quando f i c o doent e. 1
B. Meus ami gos não s ão mui t o c ui dados os c om es s as c oi s as . O

48. O s eu c ar t ão de c r édi t o não é ac ei t o numa l oj a.

AbM
A. As v ez es , s uper es t i mo o di nhei r o que t enho. 1
B. As v ez es , es queç o de pagar a c ont a do meu c ar t ão de c r édi t o. O

70

CHAVE DO ESCORE

PmM
PmB
AbM
AbB
Es M

Ps M
Ps B
Tot al M
Tot al B
B - M

Dei x e o t es t e de l ado por enquant o. Voc ê v er i f i c ar a s eu es c or e à medi da


que f or l endo o r es t ant e des t e c apí t ul o.

Es t i l o Ex pl i c at i v o
QUANDO J OHN TEASDALE LEVANTOU SUAS OBJ EÇÕES APÓS MI NHA PALESTRA
au Ox f or d, por um i ns t ant e pens ei que anos de t r abal ho podi am t er s i do em
Pági na 37
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
v ão. Não t i nha c omo s aber naquel e moment o que o des af i o de Teas dal e
r es ul t ar i a no que eu mai s quer i a - us ar nos s as des c ober t as par a aj udar as
c r i at ur as
humanas doent es e nec es s i t adas .
Teas dal e admi t i r a na s ua r ef ut aç ão que duas em t r ês pes s oas t or nar am- s e
des ampar adas . Mas , s al i ent ou, uma em t r ês r es i s t i u: a des pei t o do que
l he t i v es s e ac ont ec i do par a que s e t or nas s e des ampar ada, nunc a des i s t i .
um par adox o, e, at é que f os s e r es ol v i do, mi nha t eor i a não poder i a s er
l ev ada a s ér i o.
Ao dei x ar o s al ão de c onf er ênc i as c om Teas dal e, após a pal es t r a, per gunt ei - l he
s e es t ar i a di s pos t o a t r abal har c omi go par a v er mos s e c ons eguí amos el abor ar
uma t eor i a adequada. El e c onc or dou, e pas s amos a nos r euni r r egul ar ment e.
Eu v i nha de Londr es e dáv amos l ongas c ami nhadas pel os t er r enos aj ar di nados
de Ox f or d e pel os pr ados ar bor i z ados denomi nados The Bac k s , di s c ut i ndo
s uas obj eç ões . Per gunt ei qual er a s ua s ol uç ão par a o pr obl ema que el e l ev ant ar a,
s obr e quem é v ul ner áv el ao des ampar o e quem não é. Fi quei s abendo que,
par a Teas dal e, a s ol uç ão s e r es umi a no s egui nt e: c omo as pes s oas ex pl i c am a s i
mes mas as c oi s as r ui ns que l hes ac ont ec em, El e ac r edi t av a que pes s oas que s e
dão c er t os t i pos de ex pl i c aç ão s ão s us c et í v ei s ao des ampar o. Ens i nar - l hes a

71

mudar es s as ex pl i c aç ões poder i a s er um mét odo ef i c i ent e no t r at ament o de


s ua depr es s ão.
De doi s em doi s mes es dur ant e es s e per í odo na I ngl at er r a f i z v i agens de
uma s emana aos Es t ados Uni dos . Na pr i mei r a v i agem, quando f ui à
Uni v er s i dade da Pens i l v âni a, v er i f i quei que mi nha t eor i a es t av a s endo obj et o
de c r í t i c as quas e i dênt i c as às deTeas dal e. As c ont es t ador as er am duas des t emi das
es t udant es do meu pr ópr i o gr upo de pes qui s as - Ly n Abr ams on e J udy Car ber .
Ly n e J udy t i nham- s e dei x ado empol gar pel a úl t i ma nov i dade - o t r abal ho
de um homem c hamado Ber nar d Wei ner . No f i nal dos anos 60, Wei ner , j ov em
ps i c ól ogo s oc i al do c ampus da UCLA, c omeç ou a c onj et ur ar por que al gumas
pes s oas s ão gr andes r eal i z ador as e out r as não. Conc l ui u que o que r eal ment e
i mpor t av a er a a manei r a c omo as pes s oas pens av am s obr e as c aus as dos êx i t os
e dos f r ac as s os . Sua abor dagem f oi c hamada t eor i a de at r i bui ç ão. ( I s t o é, el a
per gunt av a a que f at or es as pes s oas at r i buí am s eus êx i t os e f r ac as s os . )
Es s e enf oque c hoc av a- s e c om a opi ni ão v i gent e s obr e r eal i z aç ão, c uj a
demons t r aç ão c l ás s i c a er a c hamada PREE - par t i al r ei nf or c ement ex t i nc t i on
ef f ec t ( EERP - ef ei t o de ex t i nç ão de r ef or ç o par c i al ) . O EERP é uma v el ha
ár v or e da t eor i a da apr endi z agem. Se v oc ê der a um r at o uma bol i nha de
c omi da c ada v ez que el e aper t ar uma bar r a, c hama- s e a i s s o " r ef or ç o c ont í nuo" ;
a r el aç ão ent r e r ec ompens a e es f or ç o é um- a- um, par a c ada bol i nha uma
pr es s ão na bar r a. Se v oc ê dei x ar de l he dar c omi da quando el e pr es s i onar a
bar r a ( " ex t i nç ão" ) , el e a pr es s i onar á t r ês ou quat r o v ez es e des i s t i r á
c ompl et ament e, por que v er á que não es t á mai s s endo al i ment ado, uma v ez que
o c ont r as t e é mui t o gr ande. Se, por out r o l ado, em v ez de um r ef or ç o
um- por - um, v oc ê der ao r at o um r ef or ç o " par c i al " - di gamos , uma bol i nha
par a c i nc o ou 10 pr es s ões na bar r a - e ent ão i ni c i ar a ex t i nç ão, el e aper t ar á a
bar r a 100 v ez es ant es de des i s t i r .
O EERP f oi demons t r ado nos anos 30. Foi o t i po de ex per i ment aç ão que
f ez a f ama de B. E. Sk i nner e o c ons agr ou c omo o gur u do behav i or i s mo.
Ent r et ant o, o pr i nc í pi o do EERP, embor a f unc i onas s e c om r at os e pombos ,
não dav a mui t o c er t o c om s er es humanos . Al guns des i s t i am as s i m que c omeç av a
a ex t i nç ão; out r os c ont i nuav am.
Wei ner i magi nav a por que o pr i nc í pi o não f unc i onav a c om pes s oas : aquel as
que pens av am que a c aus a da ex t i nç ão er a per manent e ( que c onc l uí am, por
ex empl o: " O ex per i ment ador dec i di u não me r ec ompens ar mai s ) , des i s t i am

72

i medi at ament e, enquant o as que pens av am que a c aus a er a pr ov i s ór i a ( " Deu


um c ur t o- c i r c ui t o nes t e mal di t o equi pament o" ) i ns i s t i am, por que ac hav am
que a s i t uaç ão poder i a modi f i c ar - s e e a r ec ompens a v ol t ar i a a s er pr opor c i onada.
Quando Wei ner r eal i z ou es s e ex per i ment o, enc ont r ou os r es ul t ados que hav i a
Pági na 38
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
pr ev i s t o. Er am as ex pl i c aç ões que as pes s oas s e dav am, e não o pr ogr ama de
r ef or ç o a que es t av am s ubmet i das , que det er mi nav am s ua s us c et i bi l i dade ao
EERP. A t eor i a da at r i bui ç ão f oi mai s l onge ai nda, ao pos t ul ar que o
c ompor t ament o humano é c ont r ol ado não apenas pel a " r el aç ão de r ef or ç o"
no mei o ambi ent e, c omo t ambém pel o es t ado ment al i nt er no, as ex pl i c aç ões
que as pes s oas dão a s i mes mas s obr e a manei r a c omo o mei o ambi ent e pr ogr ama
s eus r ef or ç os .
Es s e t r abal ho t ev e gr ande i mpac t o na es pec i al i dade, par t i c ul ar ment e
s obr e
as pes qui s ador as mai s j ov ens c omo Ly n Abr ams on e J udy Gar ber . El e
c ondi c i onou t oda a s ua per s pec t i v a e f oi s ob s ua ót i c a que el as anal i s ar am a
t eor i a do des ampar o apr endi do. Por oc as i ão de mi nha pr i mei r a v i s i t a aos
Es t ados Uni dos dur ant e mi nha t empor ada na I ngl at er r a, c oment ei c om mi nhas
c ol egas o que Teas dal e me t i nha di t o, e Ly n e J udy me di s s er am que el e es t av a
c er t o e eu es t av a er r ado, e que a t eor i a pr ec i s av a s er r ef or mul ada.
Ly n Abr ams on t i nha i do par a a Uni v er s i dade da Pens i l v âni a no ano
ant er i or , c omo al una do pr i mei r o ano do c ur s o de pós - gr aduaç ão de ps i c ol ogi a.
Foi i medi at ament e r ec onhec i da c omo uma das mel hor es al unas a f r eqüent ar o
c ur s o nos úl t i mos anos . Cont r ar i ando s ua apar ênc i a - s eus j eans r emendados
e c ami s et as r as gadas - , er a uma c abeç a de pr i mei r a or dem. Pr opôs - s e,
pr i mei r ament e, a des c obr i r quai s as dr ogas que pr ov oc av am o des ampar o
apr endi do em ani mai s e quai s as que t or nav am o des ampar o menos pr ov áv el .
Es t av a pr oc ur ando demons t r ar que a depr es s ão e o des ampar o er am a mes ma
c oi s a, pr ov ando que pos s uí am os mes mos mec ani s mos quí mi c o- c er ebr ai s .
J udy Gar ber abandonar a um pr ogr ama de ps i c ol ogi a c l f ni c a numa
uni v er s i dade do Sul dur ant e um per í odo de c r i s e pes s oal . Ao r ef az er s ua
v i da, apr es ent ou- s e es pont aneament e par a t r abal har de gr aç a no meu
l abor at ór i o. Di s s e- me que quer i a pr ov ar s er c apaz de dar uma c ont r i bui ç ão
i mpor t ant e à ps i c ol ogi a e, as s i m, poder ev ent ual ment e mat r i c ul ar - s e num
pr ogr ama de pós - gr aduaç ão de pr i mei r a c at egor i a, O pes s oal do l abor at ór i o
não es c ondi a s ua admi r aç ão ao v er aquel a j ov em el egant ement e t r aj ada, de
unhas l ongas , pi nt adas , s er v i ndo a r aç ão di ár i a dos r at os . Mas a c ompet ênc i a

73

de J udy , as s i m c omo a de Ly n, l ogo s e t or nou ev i dent e, e dent r o em pouc o


f or am- l he c onf i adas t ar ef as mai s i mpor t ant es . Naquel a pr i mav er a de 1975,
J udy t ambém es t av a t r abal hando c om ani mai s des ampar ados . Quando s ur gi u
o des af i o deTeas dal e, t ant o Ly n quant o J udy dei x ar am de l ado s eus pr ópr i os
pr oj et os e pas s ar am a t r av al har c onos c o na r ef or mul aç ão da t eor i a, a f i m de
que pudes s e s er mai s bem apl i c ada ao gêner o humano.
Ao l ongo de t oda a mi nha c ar r ei r a, nunc a me mos t r ei adept o da t endênc i a,
c omum ent r e os ps i c ól ogos , de ev i t ar a c r í t i c a. É uma ant i ga t r adi ç ão her dada do
c ampo da ps i qui at r i a, c om o s eu aut or i t ar i s mo médi c o e s ua r el ut ânc i a em admi t i r
oer r o. Vol t ando at r ás , pel o menos at é Fr eud, o mundo dos ps i qui at r as dedi c ados
à pes qui s a t em s i do domi nado por um punhado de dés pot as que c ons i der am os
di s s i dent es c omo uma hor da de i nv as or es bár bar os pr et endendo us ur par s eu
domí ni o. Bas t a uma pal av r a c r i t i c a de um j ov em di s s i dent e par a el e s er bani do.
Sempr e pr ef er i a t r adi ç ão humaní s t i c a. Par a os c i ent i s t as da Renas c enç a,
o
c r í t i c o er a em v er dade um al i ado que o aj udav a a des v endar a r eal i dade.
Os af t i c os no c ampo da c i ênc i a não s ão c omo os c r í t i c os de ar t e dr amát i c a,
que det er mi nam os s uc es s os e os f r ac as s os . A c r í t i c a aos c i ent i s t as dev e s er
enc ar ada c omo um mei o de apont ar s e el es es t ão er r ados , c omo s e s e t r at as s e
de out r a ex per i ênc i a par a v er s e el a c onf i r ma ou r ef ut a uma t eor i a. As s i m
c omo o pr i nc í pi o j ur í di c o do t r i bunal é uma das mel hor es manei r as que o
homem c onc ebeu par a c hegar mai s per t o da v er dade.
Nunc a dei x o de enf at i z ar aos meus al unos a i mpor t ânc i a de ac ol her a
c r í t i c a.
" Quem que me di gam" , f or am s empr e as mi nhas pal av r as . " Nes t e l abor at ór i o,
é a or i gi nal i dade que c ont a, não o s er v i l i s mo. " Abr ams on e Gar ber , par a não
menc i onar Teas dal e, me t i nham di t o, e eu não pr et endi a dec l ar ar hos t i l i dades .
I medi at ament e, al i s t ei os t r ês c omo meus al i ados par a mel hor ar a t eor i a.
Di s c ut i a c om meus br i l hant es al unos , mui t as v ez es dur ant e 12 hor as
c ons ec ut i v as , t r abal hando par a que mi nha t eor i a i nc or por as s e s uas obj eç ões .
Es t abel ec i doi s f or os de debat es . O pr i mei r o, em Ox f or d, c om Teas dal e. O
Pági na 39
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
c ompr omi s s o de J ohn er a c om a t er api a. Por i s s o, ao di s c ut i r mos a manei r a de
modi f i c ar a t eor i a, ex pl or áv amos a pos s i bi l i dade de t r at ar a depr es s ão mudando
o modo c omo as pes s oas depr es s i v as ex pl i c av am a s i mes mas as c aus as dos
maus ac ont ec i ment os . O s egundo, c om Abr ams on e Gar ber , na Fi l adél f i a,
c ar ac t er i z av a- s e pel o par t i c ul ar i nt er es s e de Ly n pel a et i ol ogi a - as c aus as -
das doenç as ment ai s .

74

Teas dal e e eu c omeç amos a es c r ev er um t r abal ho mos t r ando c omo a t er api a


do des ampar o e da depr es s ão dev i a s e bas ear na mudanç a das ex pl i c aç ões das
pes s oas . Si mul t aneament e, Abr ams on e eu i ni c i amos out r o t r abal ho,
demons t r ando c omo o es t i l o ex pl i c at i v o das pes s oas podi a pr ov oc ar o des ampar o
e a depr es s ão.
Nes s e moment o, o edi t or - c hef e do J our nal of Abnor mal Ps y c bol ogy ent r ou
em c ont at o c omi go. A c ont r ov ér s i a s obr e o des ampar o apr endi do t i nha pr ov oc ado
mui t as c ar t as à r edaç ão da publ i c aç ão, a mai or i a del as c r i t i c ando a t eor i a da
mes ma f or ma que J ohn, Ly n e J udy o t i nham f ei t o. O edi t or es t ev e pl anej ando
dedi c ar uma edi ç ão i nt ei r a da publ i c aç ão ao as s unt o e quer i a s aber s e eu
es c r ev er i a
um dos ar t i gos . Conc or dei e c onv enc i Ly n e J ohn a me per mi t i r em f undi r os
doi s t r abal hos em que v í nhamos t r abal hando s epar adament e. Ac hav a i mpor t ant e
que a t eor i a, ao t er es s a ex c el ent e opor t uni dade de s er di v ul gada, j á
i nc or por as s e
as r es pos t as aos at aques que v i nha r ec ebendo.
Nos s o enf oque t i nha pont os em c omum c om a t eor i a da at r i bui ç ão de
Wei ner , mas del e di f er i a em t r ês as pec t os . Pr i mei r o, es t áv amos i nt er es s ados
em hábi t os de ex pl i c aç ão, não apenas numa ex pl i c aç ão i s ol ada que uma pes s oa
dá a um i ns uc es s o es pec í f i c o. Sus t ent áv amos que ex i s t i a um es t i l o de ex pl i c aç ão:
nós t odos t í nhamos um es t i l o de v er as c aus as e, s e t i v és s emos opor t uni dade,
i mpor í amos es s e hábi t o ao nos s o mundo. Segundo, enquant o Wei ner r ef er i a- s e
a duas di mens ões de ex pl i c aç ão - per manênc i a e per s onal i z aç ão - ,
i nt r oduz i mos uma t er c ei r a: abr angênc i a. ( J á v amos ex pl i c ar es s es c onc ei t os . )
Ter c ei r o, enquant o Wei ner es t av a i nt er es s ado em r eal i z aç ão, nós nos
c onc ent r áv amos em doenç as ment ai s e t er api a.
A edi ç ão es pec i al do J our nal of Abnor mal Ps y c hol ogy f oi publ i c ada em
f ev er ei r o de 1978. Cont i nha o ar t i go que Ly n, J ohn e eu hav í amos es c r i t o,
r ef ut ando ant ec i padament e as pr i nc i pai s obj eç ões à t eor i a do des ampar o
apr endi do. O t r abal ho f oi bem r ec ebi do e ger ou ai nda mai s pes qui s as do
que a t eor i a do des ampar o or i gi nal s us c i t ar a. El abor amos ent ão o ques t i onár i o
que
v oc ê r es pondeu no i ní c i o des t e c apí t ul o. Com a c r i aç ão do ques t i onár i o, o
es t i l o ex pl i c at i v o podi a s er f ac i l ment e medi do e nos s a abor dagem pas s av a a t er
c ondi ç ões de s er apl i c ada na v i da r eal , al ém dos l i mi t es do l abor at ór i o,
c ont r i bui ndo par a a s ol uç ão de pr obl emas humanos .
Todos os anos , a Amer i c an Ps y c hol ogi c al As s oc i at i on c onc ede o Pr êmi o
par a as Car r ei r as I ni c i ant es ao ps i c ól ogo que s e des t aque por s ua c ont r i bui ç ão

75

c i ent í f i c a nos pr i mei r os anos de c ar r ei r a. Eu o r ec eber a em 1976, pel a


t eor i a do des ampar o. Ly n Abr ams on o ganhou em 1982, pel a r ef or mul aç ão
da mes ma t eo r i a.

Quem Não Des i s t e Nunc a?

COMO VOCÊ PENSA A RESPEI TO DAS CAUSAS DOS I NFORTÚNI OS, PEQUENOS
e gr andes , que s e abat em s obr e v oc ê? Al gumas pes s oas , as que des i s t em
f ac i l ment e, di z em habi t ual ment e de s eus i nf or t úni os : " Só podi a ac ont ec er
c omi go. Vai dur ar par a s empr e e v ai c ompr omet er t udo que es t ou f az endo. "
Out r os , aquel es que r es i s t em a s e ent r egar à adv er s i dade, di z em: " For am as
Pági na 40
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
c i r c uns t ânc i as . Vai pas s ar l ogo e, al ém do mai s , a v i da ai nda t em mui t o o que
of er ec er . "
Sua manei r a habi t ual de ex pl i c ar os maus ac ont ec i ment os , s eu es t i l o
ex pl i c at i v o, é mui t o mai s do que as pal av r as que v oc ê anunc i a quando f r ac as s a.
É um hábi t o de pens ar adqui r i do na i nf ânc i a e na adol es c ênc i a. Seu es t i l o
ex pl i c at i v o emana di r et ament e da manei r a c omo v ê o l ugar que oc upa no
mundo - s e s e c ons i der a uma pes s oa pos s ui dor a de mér i t os ou des pr ov i da de
qual i dades , i nút i l . É a mar c a que o di s t i ngue c omo ot i mi s t a ou pes s i mi s t a.
O t es t e a que v oc ê s e s ubmet eu no i ní c i o des t e c apí t ul o des t i na- s e a
r ev el ar
s eu es t i l o ex pl i c at i v o.

HÁ TRÊS DI MENSÕES CRUCI AI S PARA O SEU ESTI LO EXPLI CATI VO: PERMANÊNCI A,
abr angênc i a e per s onal i z aç ão.

Per manênc i a

AS PESSOAS QUE DESI STEM COM FACI LI DADE ACREDI TAM QUE AS CAUSAS
dos maus ac ont ec i ment os que oc or r em em s uas v i das s ão per manent es ,
per s i s t em, af et ando t udo o que f az em. As que r es i s t em ao des ampar o ac r edi t am que
as c aus as dos i nf or t úni os s ão pas s agei r as .

76

PERMANENTES ( Pes s i mi s t as ) : / PASSAGEI RAS ( Ot i mi s t as ) :

" Es t ou l i qui dado. " / " Es t ou ex aus t o. "


" Os r egi mes nunc a f unc i onam. " / " Os r egi mes não f unc i onam quando v oc ê
c ome f or a. "
" Voc ê s empr e r es munga. " / " Voc ê r es munga quando não l i mpo meu quar t o. "
" O pat r ão é um f - d- p. " / " O pat r ão es t á de mau humor . "

" Voc ê nunc a f al a c omi go. " / " Voc ê não t em f al ado c omi go
ul t i mament e. "

Se pens a s obr e os r ev es es em t er mos de s empr e e nunc a, v oc ê t em um es t i l o


pes s i mi s t a. Se pens a em t er mos de às v ez es e ul t i mament e, s e us a
gr adaç ões e at r i bui os r ev es es a c ondi ç ões t r ans i t ór i as , v oc ê t em um es t i l o
ot i mi s t a.

Agor a, c onf i r a s eu t es t e. Vej amos c i nc o i t ens mar c ados c om as l et r as " PmM"


que s i gni f i c am Per manênc i a Má) , as per gunt as de númer os 5, 13, 20, 21, 29,
42 e46.
Es s as per gunt as t es t ar am s ua t endênc i a a j ul gar per manent es as c aus as dos
i nf or t úni os . Cada r es pos t a s egui da de O é ot i mi s t a. As s egui das de 1 s ão
pes s i mi s t as . Por t ant o, s e v oc ê es c ol her , por ex empl o, " Não s ou bom par a
guar dar dat as de ani v er s ár i o" ( per gunt a 5) , em v ez de " Es t av a pr eoc upado
c om out r as c oi s as " par a ex pl i c ar por que es quec eu o ani v er s ár i o de s ua mul her
ou de s eu mar i do, v oc ê es c ol heu um mot i v o mai s per manent e e,
c ons equent ement e, pes s i mi s t a.
Tot al i z e os númer os na mar gem di r ei t a das per gunt as PmM. Tr ans c r ev a a
par a a l i nha PmM na c hav e do es c or e na pági na 71.
Se t i v er t ot al i z ado O ou 1, v oc ê é mui t o ot i mi s t a nes s a di mens ão
( Per manênc i a) ;
2 ou 3 é um es c or e moder adament e ot i mi s t a;
4 é médi o;
5 ou 6 é mui t o pes s i mi s t a; e
Pági na 41
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
s e v oc ê t i v er mar c ado 7 ou 8, v er i f i c ar á que a Ter c ei r a Par t e des t e l i v r o -
" Mudando: Do Pes s i mi s mo par a o Ot i mi s mo" - l he s er á mui t o út i l .

77

Ei s por que a per manênc i a c ont a t ant o - e aí es t á nos s a r es pos t a ao


des af i o de J ohn Teas dal e s obr e a r az ão de al gumas pes s oas f i c ar em des ampar adas
par a s empr e enquant o out r as s e r ec uper am i medi at ament e.
Os r ev es es f az em c om que qual quer um f i que pel o menos moment aneament e
des ampar ado. É c omo um s oc o no es t ômago. Dói , mas a dor pas s a - par a
al gumas pes s oas quas e i ns t ant aneament e. São as pes s oas c uj os r es ul t ados
t ot al i z am O ou 1. Par a as out r as , a dor per manec e; el a f er v e, el a c or r ói , e
ac aba
s e t r ans f or mando em r anc or . Es s as pes s oas s ão as que s omam 7 ou 8 pont os .
Ent r egam- s e ao des ampar o dur ant e di as e at é mes es , at é mes mo di ant e de
pequenos c ont r at empos . São c apaz es de nunc a mai s s e r ec uper ar em de gr andes
r ev es es .
O ESTI LO OTI MI STA DE EXPLI CAR OS BONS ACONTECI MENTOS É J USTAMENTE O
opos t o do es t i l o ot i mi s t a de ex pl i c ar os maus ac ont ec i ment os . As pes s oas que
ac r edi t am que os bons ac ont ec i ment os t êm c aus as per manent es s ão mai s ot i mi s t as
do que as que ac r edi t am que el es t êm c aus as t empor ár i as .

TEMPORÁRI AS
( Pes s i mi s t as ) :

" É o meu di a de s or t e. "


" Faç o f or ç a. "
" O meu adv er s ár i o c ans ou.

PERMANENTES
( Ot i mi s t as ) :
" Tenho s empr e s or t e. "
" Sou t al ent os o. "
" O meu adv er s ár i o não é bom. "

As pes s oas ot i mi s t as ex pl i c am os bons ev ent os a s i mes mas em t er mos de


c aus as per manent es : c ar ac t er í s t i c as , habi l i dades , s empr e. Os pes s i mi s t as
denomi nam as c aus as t r ans i t ór i as de: es t ados de es pí r i t o, es f or ç o, às v ez es .
Pr ov av el ment e, v oc ê not ou que al gumas per gunt as do t es t e ( ex at ament e a
met ade, par a s er pr ec i s o) s e r ef er em a bons ac ont ec i ment os ; por ex empl o:
" Voc ê ganhou mui t o di nhei r o c om a v enda de aç ões . " Comput e as mar c adas
c om as l et r as " PmB" ( Per manênc i a Boa) : 2, 10, 14, 15, 24, 26, 38 e 40.
As s egui das de 1 s ão as r es pos t as per manent es , ot i mi s t as . Some os
númer os
do l ado di r ei t o. Es c r ev a o t ot al na l i nha " PmB" na c hav e do es c or e ( pági na 71) .

78

Se o s eu t ot al f or 7 ou 8, v oc ê é mui t o ot i mi s t a s obr e as pr obabi l i dades dos


bons ac ont ec i ment os c ont i nuar em;
6 é um es c or e moder adament e ot i mi s t a;
4 ou5émédi o;
3 é moder adament e pes s i mi s t a; e
O, 1 ou 2 é mui t o pes s i mi s t a.

As pes s oas que ac r edi t am que os bons ac ont ec i ment os t êm c aus as


Pági na 42
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
per manent es es f or ç am- s e ai nda mai s depoi s de t er em s i do bem- s uc edi das . As que
at r i buem r az ões t empor ár i as aos bons ac ont ec i ment os podem des i s t i r depoi s
de s er em bem- s uc edi das , ac r edi t ando que o s uc es s o f oi uma c as ual i dade.

Abr angênc i a: O Es pec í f i c o c ont r a o Uni v er s al

A PERMANÊNCI A TEM A VER COM O TEMPO. A ABRANGÊNCI A, COM O ESPAÇO.


Vej amos um ex empl o: numa gr ande f i r ma de v ar ej o, met ade do depar t ament o
de c ont abi l i dade f oi des pedi do. Doi s dos c ont ador es , Nome Kev i n, f i c ar am
depr i mi dos . Dur ant e mui t os mes es , não podi am nem pens ar em pr oc ur ar out r o
empr ego e ev i t av am qual quer t ar ef a que l hes l embr as s e c ál c ul os c ont ábei s , at é
mes mo o pr eenc hi ment o da dec l ar aç ão do i mpos t o de r enda. Nor a, ent r et ant o,
c ont i nuou s endo uma es pos a c ar i nhos a e di l i gent e. Sua v i da s oc i al pr os s egui u
nor mal ment e, s ua s aúde mant ev e- s e ót i ma, e el a pas s ou a t r abal har t r ês v ez es
por s emana. Em c ont r apar t i da, Kev i n des abou. Es quec eu a mul her e o f i l ho
pequeno, f i c ando o t empo t odo ens i mes mado. Rec us av a- s e a i r a f es t as , di z endo
que não podi a v er gent e. Não ac hav a gr aç a nas pi adas . Pegou um r es f r i ado que
dur ou t odo o i nv er no, e des i s t i u de c or r er t odas as manhãs .
Al gumas pes s oas s ão c apaz es de ar qui v ar s eus pr obl emas e c ont i nuar
t oc ando
a v i da mes mo quando um de s eus as pec t os i mpor t ant es - o t r abal ho ou o
r el ac i onament o amor os o, por ex empl o - es t ej a em c r i s e. Out r os s e des c abel am
por qual quer c oi s a, dr amat i z am. Quando um f i o de s uas v i das c ede, l á s e v ai
t odo o t ec i do.
Tr oc ando em mi údos : as pes s oas que dão ex pl i c aç ões uni v er s ai s par a s eus
i ns uc es s os des i s t em de t udo quando oc or r e um r ev és numa det er mi nada ár ea.

79

As pes s oas que dão ex pl i c aç ões es pec í f i c as podem s e s ent i r des ampar adas naquel e
s egment o de s uas v i das , o que não as i mpede, ent r et ant o, de c ui dar
c or aj os ament e dos demai s .
Ei s aqui al guns ex empl os de ex pl i c aç ões uni v er s ai s e es pec i f i c as de maus
ac ont ec i ment os :
UNI VERSAI S ( Pes s i mí s t as ) : / ESPECI FI CAS ( Ot i mi s t as ) :

" Todos os pr of es s or es s ão i nj us t os . " / " O pr of es s or Sel i gman é i nj us t o. "

" Eu s ou r epul s i v a. " " Eu s ou r epul s i v a par a el e. "

" Os l i v r os s ão i nút ei s . " / " Es t e l i v r o ê i nút i l . "

Nor a e Kev i n obt i v er am o mes mo es c or e al t o na di mens ão de


per manênc i a do t es t e. Er am ambos pes s i mi s t as nes s e par t i c ul ar . Quando f or am
des pedi dos , ambos f i c ar am depr i mi dos por mui t o t empo. Mas r egi s t r ar am
es c or es di f er ent es na di mens ão de abr angênc i a. Kev i n ac r edi t av a que a
di s pens a i r i a c ompr omet er t udo o que t ent as s e f az er ; pas s ou a s e c ons i der ar um
f r ac as s ado, um i nc ompet ent e. Nor a ac hou que os ac ont ec i ment os adv er s os
t i nham mot i v os mui t o es pec í f i c os . Quando f oi des pedi da, pens ou que não er a
boa em c ont abi l i dade.
Naquel as l ongas c ami nhadas em Ox f or d c om J ohn Teas dal e, pegamos o
par adox o que el e c i t ou - s obr e quem des i s t e e quem não des i s t e- , o di v i di mos
em t r ês par t es e f i z emos t r ês pr ev i s ões s obr e os doi s gr upos .
A pr i mei r a er a que a di mens ão de per manênc i a det er mi na o t empo de
des i s t ênc i a de uma pes s oa. Ex pl i c aç ões per manent es par a ac ont ec i ment os
adv er s os pr oduz em des ampar o dur adour o e ex pl i c aç ões t empor ár i as
pr oduz em adapt abi l i dade.
A s egunda pr ev i s ão er a s obr e abr angênc i a. Ex pl i c aç ões uni v er s ai s , de
c ar ár er
genér i c o, pr oduz em des ampar o num r ai o de mui t as s i t uaç ões , e ex pl i c aç ões
es pec i f i c as pr oduz em des ampar o s oment e na ár ea em c r i s e. Kev i n er a v i t i ma
da di mens ão de abr angênc i a. Ao s er des pedi do, ac hou que a c aus a er a genér i c a,
Pági na 43
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
e agi u c omo s e o des as t r e t i v es s e at i ngi do t odos os as pec t os de s ua v i da.

80

O es c or e de abr angênc i a de Kev i n r ev el ou que el e er a c at as t r of i z ador . A


t er c ei r a
pr ev i s ão di z i a r es pei t o à per s onal i z a ç ão, de que f al ar emos daqui a pouc o.
Voc ê c os t uma c at as t r of i z ar ? Cat as t r of i z ou nes s e t es t e? Por ex empl o, ao
r es ponder à per gunt a 18, v oc ê at r i bui u a der r ot a ao f at o de não s er um bom
at l et a ( uni v er s al ) ou à c i r c uns t ânc i a de não s er mui t o bom naquel a modal i dade
de c ompet i ç ão ( es pec í f i c a) ? Separ e c ada per gunt a as s i nal ada c om as l et r as
" AbM" ( Abr angênc i a Má) : 8, 16, 17, 18, 22, 32, 44 e 48.
Some os númer os na mar gem di r ei t a e es c r ev a o t ot al na l i nha " AbM" da
c hav e do es c or e ( pági na 71) .
Um t ot al O ou 1 é mui t o ot i mi s t a;
2 ou 3 é um es c or e moder adament e ot i mi s t a;
4 é médi o;
5 ou 6 é moder adament e pes s i mi s t a; e
7 ou 8 é mui t o pes s i mi s t a.
O es t i l o ex pl i c at i v o ot i mi s t a par a os bons ac ont ec i ment os é o opos t o do
es t i l o
ex pl i c at i v o par a os maus ac ont ec i ment os . O ot i mi s t a ac r edi t a que os maus
ac ont ec i ment os t êm c aus as es pec í f i c as , ao pas s o que os bons ac ont ec i ment os
f av or ec er ão t udo o que f i z er ; o pes s i mi s t a ac r edi t a que os maus ac ont ec i ment os
t êm c aus as uni v er s ai s e que os bons ac ont ec i ment os s ão c aus ados por f at or es
es pec í f i c os . Quando of er ec er am a Nor a a opor t uni dade de v ol t ar a t r abal har
t empor ar i ament e na c ompanhi a, el a pens ou: " Fi nal ment e, c onc l uí r am que
não podem pas s ar s em mi m. " Quando f i z er am a mes ma pr opos t a a Kev i n, el e
pens ou: " El es dev em es t ar mes mo pr ec i s ando de gent e. "

ESPECÍ FI CAS ( Pes s i mi s t as ) : / UNI VERSAI S ( Ot i mi s t as ) :

" Sou bom em mat emát i c a. " / " Sou bom. "

" Meu c or r et or c onhec e aç ões de pet r ól eo. " / " Meu c or r et or c onhec e Wal l
St r eet . "

" Fui c har mos o c om el a. " / " Fui c har mos o. "

81

Comput e a abr angênc i a do s eu ot i mi s mo nos bons ac ont ec i ment os .


Ver i f i que c ada í t em mar c ado c om " AbB" : 6, 7, 28, 31, 34, 35, 37 e 43.
Cada r es pos t a s egui da de O é pes s i mi s t a ( es pec i f i c a) . Quando r es pondeu à
per gunt a 35 s obr e a s ua r eaç ão ao agr adec i ment o de um ami go por t ê- l o
aj udado, v oc ê di s s e: " Gos t o de aj udar os ami gos nos moment os di f í c ei s "
( es pec í f i c o e pes s i mi s t a) ou " Pr eoc upo- me c om as pes s oas " ( uni v er s al e
ot i mi s t a) ?
Tot al i z e o s eu es c or e e es c r ev a- o na l i nha " AbB" .

Um es c or e de 7 ou 8 é mui t o ot i mi s t a;
6 é um es c or e moder adament e ot i mi s t a;
4 ou 5 é médi o;
3 é moder adament e pes s i mi s t a; e
O, 1 ou 2 é mui t o pes s i mi s t a.

A Mat ér i a da Es per anç a

A ESPERANÇA TEM SI DO AMPLAMENTE EXPLORADA PELOS PREGADORES,


Pági na 44
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
pol í t i c os e v endedor es . O c onc ei t o de es t i l o ex pl i c at i v o t r az es per anç a aos
l abor at ór i os , onde os c i ent i s t as podem di s s ec á- l o a f i m de c ompr eender c omo
el e f unc i ona.
Ter mos ou não t er mos es per anç a depende de duas di mens ões do nos s o
es t i l o ex pl i c at i v o: abr angênc i a e per manênc i a. Enc ont r ar r az ões t empor ár i as e
es pec i f i c as par a os i nf or t úni os é a ar t e da es per anç a: as r az ões t empor ár i as
l i mi t am o des ampar o no t empo e as r az ões es pec i f i c as l i mi t am o des ampar o à
s i t uaç ão or i gi nal . De out r a par t e, as r az ões per manent es es t endem o des ampar o
ao f ut ur o di s t ant e e as r az ões uni v er s ai s es pal ham o des ampar o por t odas as
s uas i ni c i at i v as . At r i bui r r az ões per manent es e uni v er s ai s par a o i nf or t úni o é
pr at i c ar o des es per o.

82

SEM ESPERANÇA / ESPERANÇOSO


" Sou bur r o. " / " Es t ou de r es s ac a. "
" Os homens s ão t i r anos . " / " Meu mar i do não es t av a numa boa. "
" Apos t o que es s e t umor é c anc er . " / " Apos t o que es s e t umor é beni gno. "

Tal v ez o r es ul t ado mai s i mpor t ant e do s eu t es t e s ej a o s eu es c or e de


es per anç a ( Es M) . Some o s eu t ot al " AbM" ao t ot al " PmM" e t eM o s eu es c or e par a
maus ac ont ec i ment os .

Se f or , O, 1 ou 2, v oc ê é ex t r aor di nar i ament e es per anç os o;


3, 4, 5 ou 6 é um es c or e moder adament e es per anç os o;
7 ou 8 é médi o;
9, 10 ou 11 é moder adament e s em es per anç a, e
12, 13, 14, 15 ou 16 é ex t r emament e s em es per anç a.
As pes s oas que dão ex pl i c aç ões per manent es e uni v er s ai s par a os s eus
pr obl emas t endem a ent r ar em c ol aps o quando s ob pr es s ão, por mui t o t empo e
di v er s as s i t uaç ões .
Nenhum out r o r es ul t ado i s ol ado é t ão i mpor t ant e quant o o s eu es c or e de
es per anç a.

Per s onal i z aç ão: I nt er na c ont r a Ex t er na


( I nt er i or c ont r a Ex t er i or )
É UM ASPECTO FI NAL DO ESTI LO EXPLI CATI VO: PERSONALI ZAÇÃO.

Uma oc as i ão, v i v i c om uma mul her que punha a c ul pa de t udo em c i ma


de mi m. A c omi da r ui m de um r es t aur ant e, v ôos at r as ados e at é o v i nc o mal f ei t o
de c al ç as que v ol t av am da t i nt ur ar i a.
- Quer i da - eu di s s e um di a, ex as per ado após t er s i do r epr eendi do
por que o s ec ador de c abel os não f unc i onav a - v oc ê é a c r i at ur a que mai s
ex t er i or i z a as c ont r ar i edades que j á c onhec i .
- É v er dade - es br av ej ou - e v oc ê é o c ul pado!

83

Quando ac ont ec em c oi s as r ui ns , podemos nos c ul par ( i nt er i or i z ar ) ou


podemos c ul par out r as pes s oas pel as c i r c uns t ânc i as ( ex t er i or i z ar ) . As pes s oas
que s e c ul pam t êm, c ons eqüent ement e, pouc a aut o- es t i ma. J ul gam- s e s em
v al or , s em t al ent o e des pr ez i v ei s . As pes s oas que põem a c ul pa nos
ac ont ec i ment os ex t er nos não per dem a aut o- es t i ma quando oc or r em r ev es es . No
f undo, gos t am mai s de s i mes mas do que as pes s oas que s e c ul pam pel os
t r opeç os da v i da.
Pági na 45
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Um ní v el bai x o de aut o- es t i ma der i v a ger al ment e de um es t i l o i nt er i or i z ado
c om r el aç ão aos maus ac ont ec i ment os .

I NTERI ORI ZADO ( Bai x a aut o- es t i ma) / EXTERI ORI ZADO ( Al t a aut o- es t i ma)

" Sou bur r o. " / " Voc ê é bur r o. "


" Não s ou bom j ogador de pôquer . " / " Não t enho s or t e no pôquer . "
" Sou i ns egur o. " / " Cr es c i na pobr ez a. "

Conf i r a os s eus es c or es de " Ps M" ( Per s onal i z aç ão Má) ; as per gunt as s ão: 3,
9, 19, 25, 30, 39, 41 e47.
Os í t ens s egui dos de 1 s ão pes s i mi s t as ( i nt er i or es ou pes s oai s ) . Tot al i z e o
s eu es c or e e es c r ev a- o na l i nha " Ps M" da c hav e do es c or e na pági na 71.
Um es c or e de O ou 1 i ndi c a el ev ada aut o- es t i ma;
2 ou 3 i ndi c a aut o- es t i ma moder ada;
4 é um es c or e médi o;
5 ou 6 i ndi c a uma aut o- es t i ma bai x a; e
7 ou 8 i ndi c a uma aut o- es t i ma mui t o bai x a.

Das t r ês di mens ões do es t i l o ex pl i c at i v o, a per s onal i z aç ão é a mai s f ác i l de s e


ent ender . Af i nal , uma das pr i mei r as c oi s as que uma c r i anç a apr ende a di z er
é:
" Foi el e, não f ui eu! " A per s onal i z aç ão t ambém é a di mens ão mai s f ác i l de s er
s uper es t i mada. El a c ont r ol a apenas o que v oc ê s ent e s obr e s i mes mo, mas a
abr angênc i a e a per manênc i a - as di mens ões mai s i mpor t ant es - c ont r ol am o
que v oc ê f az ; quant o t empo v oc ê f i c a des ampar ado e em quant as s i t uaç ões .

84

A per s onal i z aç ão é a úni c a di mens ão f ác i l de s er c amuf l ada. Se eu l he


di s s er par a f al ar s obr e os s eus pr obl emas de uma manei r a ex t er i or i z ada, v oc ê
s er á c apaz de f az ê- l o - mes mo que s ej a um i nt r ov er t i do c r ôni c o. Voc ê poder á
di v agar , pondo a c ul pa nos out r os pel os s eus pr obl emas . Ent r et ant o, s e f or
pes s i mi s t a e eu l he di s s er par a di s c or r er s obr e os s eus pr obl emas
c onf er i ndo- l hes c aus as t empor ár i as e es pec í f i c as , v oc ê não s er á c apaz de f az ê- l o
( a menos
que t enha domi nado as t éc ni c as da Ter c ei r a Par t e: " Mudando: Do Pes s i mi s mo
par a o Ot i mi s mo" ) .
Uma úl t i ma i nf or maç ão ant es que v oc ê c omec e a t ot al i z ar os s eus
r es ul t ados :
O es t i l o ot i mi s t a de ex pl i c ar os bons ev ent os é o opos t o do us ado par a os
maus
ac ont ec i ment os . É i nt er no e não ex t er no. As pes s oas que ac r edi t am que s ão
c aus ador as de c oi s as boas em ger al gos t am mai s de s i mes mas do que as que
j ul gam que as boas c oi s as der i v am de out r as pes s oas ou de out r as c i r c uns t ânc i as .

EXTERI ORI ZADO ( Pes s i mi s t as ) : / I NTERI ORI ZADO ( Ot i mi s t as ) :


" Um gol pe de s or t e. . . " / " Pos s o t i r ar par t i do da s or t e. "

" A habi l i dade de meus c ol egas . . . " / " Mi nha habi l i dade. . . "

O s eu úl t i mo es c or e é " Ps B" , Per s onal i z aç ão Boa. As per gunt as r el ev ant es


s ão: 1, 4, 11, 12, 23, 27, 36 e 45.
Os i t ens s egui dos de O s ão ex t er i or i z ados e pes s i mi s t as . Os s egui dos de
1
s ão i nt er i or i z ados e ot i mi s t as .
Pági na 46
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Es c r ev a o s eu es c or e t ot al na l i nha " Ps B" da c hav e do es c or e na pági na
71.
Um es c or e de 7 ou 8 é mui t o ot i mi s t a;
6 é um es c or e moder adament e ot i mi s t a;
4 ou 5 é médi o;
3 é moder adament e pes s i mi s t a; e
O, 1 ou 2 é mui t o pes s i mi s t a.
Voc ê agor a pode c omput ar s eus t ot ai s ger ai s .
Pr i mei r o, s ome os t r ês M ( PmM + AbM + Ps M) . Es t e é o s eu Tot al M
( maus ac ont ec i ment os ) .

85

Em s egui da, s ome os t r ês es c or e B ( PmB + AbB + Ps B) . Es t e é o s eu Tot al


B ( bons ac ont ec i ment os ) .
Subt r ai a M de B. Es t e é o s eu r es ul t ado f i nal ( B - M) .
Vej amos agor a o que es s es t ot ai s s i gni f i c am:
Se o s eu es c or e M f i c ar ent r e 3 e 6, v oc ê é mar av i l hos ament e ot i mi s t a e
não
nec es s i t ar á dos c apí t ul os que abor dam a " Mudanç a" ;

Se el e s e s i t uar ent r e 6 e 9, v oc ê é moder adament e ot i mi s t a;


10 a 11 é mai s ou menos a médi a;
12 a 14 é moder adament e pes s i mi s t a; e
o que ex c eder de 14 es t á c l amando por modi f i c aç ões .

Se o s eu es c or e B é 19 ou ac i ma di s s o, v oc ê pens a c om mui t o ot i mi s mo
s obr e os bons ac ont ec i ment os ;
Se f i c ar ent r e 17 e 19, s eu j ul gament o é moder adament e ot i mi s t a;
Ent r e 14 e 16 é a médi a apr ox i mada;
11 a 13 i ndi c a que v oc ê pens a de f or ma mui t o pes s i mi s t a; e um
es c or e de 10 ou menos i ndi c a gr ande pes s i mi s mo.
Fi nal ment e, s e o s eu es c or e B - M f or ac i ma de B, v oc ê é mui t o
ot i mi s t a;
Se f i c ar ent r e 6 e 8, v oc ê é moder adament e ot i mi s t a;
3 a 5 é médi a;
1 ou 2 é um es c or e moder adament e pes s i mi s t a;
um es c or e de O ou menos é mui t o pes s i mi s t a.

Adv er t ênc i a s obr e a Res pons abi l i dade


EMBORA SEJ AM EVI DENTES AS VANTAGENS DE APRENDER O OTI MI SMO -
há al guns per i gos . Tempor ár i os ? Ci r c uns c r i t os ? Tudo bem. Quer o que mi nhas
depr es s ões s ej am c ur t as e l i mi t adas . Quer o me r ec uper ar r api dament e. E s e
s uas c aus as f or em ex t er nas ? Ser á j us t o c ul par out r as pes s oas por s eus r ev es es ?
Sem dúv i da, quer emos que as pes s oas as s umam as c ons eqüênc i as das
c onf us ões que apr ont am, que s ej am r es pons áv ei s pel os s eus at os . Cer t as

86

dout r i nas ps i c ol ógi c as pr ej udi c ar am nos s a s oc i edade aj udando a c or r oer a


r es pons abi l i dade pes s oal . O mal é r ot ul ado er r oneament e de i ns ani dade; os
maus modos s ão l ev ados à c ont a de neur os es ; pac i ent es " t r at ados c om êx i t o"
negl i genc i am s uas obr i gaç ões par a c om s uas f amí l i as por que el as não l hes
pr opor c i onam r eal i z aç ão pes s oal . A ques t ão é s aber s e a mudanç a de
c onc ei t uaç ão s obr e as c aus as dos r ev es es , que dei x ar i am de s er i nt er i or es par a
se
ex t er i or i z ar em ( " A c ul pa não é mi nha. . , é f al t a de s or t e" ) , não mi na a
r es pons abi l i dade.
Pági na 47
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Sou c ont r a qual quer es t r at égi a que c ont r i bua par a er odi r ai nda mai s a
r es pons abi l i dade. Não ac r edi t o que as pes s oas dev am mudar r adi c al ment e s uas
c onv i c ç ões , t r ans f or mando s eu pr oc es s o ment al i nt er i or em ex t er i or , por at ac ado.
Todav i a, há uma c ondi ç ão em que i s s o não pode dei x ar de s er f ei t o: a depr es s ão.
Como v er emos no pr óx i mo c apí t ul o, as pes s oas depr i mi das ger al ment e as s umem
mui t o mai s r es pons abi l i dade pel as adv er s i dades do que l hes c abe.
Há um as s unt o mai s pr of undo a s er c ons i der ado: por que mot i v o, ant es
de t udo, as pes s oas dev em as s umi r a r es pons abi l i dade por s eus r ev es es . A
r es pos t a, quer o c r er , é por que quer emos que as pes s oas mudem, e s abemos
que el as não o f ar ão s e não as s umi r em r es pons abi l i dade. Se qui s er mos que as
pes s oas mudem, a i nt er i or i z aç ão não é t ão dec i s i v a quant o a per manênc i a. Se
v oc ê ac r edi t ar que a c aus a do s eu i nf or t úni o - es t upi dez , f al t a de t al ent o,
f ei úr a - é per manent e, não agi r á par a modi f i c á- l a. Não f ar á nada par a s e
aper f ei ç oar . Se qui s er mos que as pes s oas s ej am r es pons áv ei s pel os s eus at os ,
ent ão, s i m, hav emos de quer er que el as t enham um es t i l o i nt er i or . E, o que é
mai s i mpor t ant e: as pes s oas pr ec i s am adot ar um es t i l o t empor ár i o em r el aç ão
aos r ev es es - pr ec i s am ac r edi t ar que, s ej am quai s f or em as c aus as , el as podem
s er modi f i c adas .

E s e Voc ê For um Pes s i mi s t a?


FAz MUI TA DI FERENÇA SE O SEU ESTI LO É PESSI MI STA. SE O SEU ESCORE NO
t es t e f oi f r ac o, há quat r o ár eas onde v oc ê enc ont r ar á ( e pr ov av el ment e j á
enc ont r ou) pr obl emas . Pr i mei r o, c omo v er emos no pr óx i mo c apí t ul o, v oc ê t em
t endênc i a a f i c ar depr i mi do c om f ac i l i dade. Segundo, é pos s í v el que o s eu
r endi ment o
no t r abal ho es t ej a aquém do s eu t al ent o. Ter c ei r o, s ua s aúde f í s i c a - e s eu

87

s i s t ema i munol ógi c o - pr ov av el ment e dei x am a des ej ar , e o quadr o at ual


poder á pi or ar à medi da que v oc ê env el hec er . Fi nal ment e, a v i da não é t ão
pr az er os a
quant o dev er i a s er . O es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a é uma des gr aç a.
Se o es c or e do s eu pes s i mi s mo s i t ua- s e num ní v el médi o, el e não c hegar á
a
c ons t i t ui r pr obl ema em t empos nor mai s . Mas nas c r i s es , nos t empos di f í c ei s
que a v i da r es er v a a t odos nós , é quas e c er t o que v oc ê pagar á uni pr eç o
i ndev i do.
Quando f or v i t i ma de um r ev és , t udo i ndi c a que el e o dei x ar á mai s depr i mi do
do que s er i a r az oáv el . Como v oc ê r eage nor mal ment e quando s uas aç ões c aem,
quando é r ej ei t ado por al guém que ama, quando não c ons egue o empr ego que
pl ei t eav a? Como mos t r a o pr óx i mo c apí t ul o, v oc ê f i c ar á mui t o t r i s t e. Per der á
a al egr i a de v i v er . Ser á pr at i c ament e i mpos s í v el par a v oc ê enf r ent ar qual quer
t i po de des af i o. O f ut ur o l he par ec er á t enebr os o. E v oc ê s e s ent i r á as s i m
dur ant e
mui t os di as e at é mes mo mes es . Sem dúv i da, v oc ê j á s e s ent i u des s a manei r a
mui t as v ez es ; a mai or i a das pes s oas r eage des s e modo.
Ent r et ant o, embor a es s as r as t ei r as pos s am s er um f at o c or r i quei r o, i s s o
não quer di z er que el e s ej a ac ei t áv el ou que a v i da t enha de s er nec es s ar i ament e
as s i m. Se v oc ê us ar um es t i l o ex pl i c at i v o di f er ent e, es t ar á mai s bem apar el hado
par a enf r ent ar t empos di f í c ei s e ev i t ar que el es o l ev em à depr es s ão.
Mas i s s o es t á l onge de es got ar as v ant agens de um nov o es t i l o
ex pl i c at i v o.
Se o s eu gr au de pes s i mi s mo f or médi o, v oc ê es t ar á at r av es s ando a v i da num
ní v el i nf er i or ao que f az j us por f or ç a de s eus t al ent os . Como v oc ê v er á nos
Capí t ul os 6, 8 e 9, mes mo um gr au médi o de pes s i mi s mo c ompr omet e s eu
des empenho no c ol égi o, no t r abal ho e nos es por t es , o que t ambém é v er dade
no que di z r es pei t o à s ua s aúde f í s i c a. O Capí t ul o 10 i l us t r a c omo, ai nda que
v oc ê s ej a apenas di s c r et ament e pes s i mi s t a, s ua s aúde pode não s er das mel hor es .
É de s e s upor que s of r er á de doenç as c r ôni c as dec or r ent es do env el hec i ment o
pr emat ur o e mai s penos o do que o nec es s ár i o. O s eu s i s t ema i munol ógi c o
poder á não f unc i onar t ão bem quant o dev er i a; v oc ê t ambém poder á s er
Pági na 48
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
ac omet i do de mai or númer o de doenç as i nf ec c i os as e s ua r ec uper aç ão poder á
s er mai s l ent a.
Se v oc ê r ec or r er às t éc ni c as ex pos t as no Capí t ul o 12, poder á el ev ar s eu
ní v el di ár i o de ot i mi s mo. Reagi r á às adv er s i dades nor mai s da v i da mui t o mai s
pos i t i v ament e e s e r ec uper ar á dos r ev es es c om mui t o mai s r api dez do que
ant es . Real i z ar á mai s no t r abal ho, no c ol égi o e nas pr aç as de es por t e. E, a
l ongo pr az o, at é o s eu c or po o s er v i r á mel hor .

88

Capí t ul o 4

Pes s i mi s mo Agudo

QUANDO NOS ENCONTRAMOS NUM ESTADO PESSI MI STA, MELANCÓLI CO,


es t amos at r av es s ando uma v er s ão br anda de um di s t úr bi o ment al mai s gr av e:
a depr es s ão. A depr es s ão é o pes s i mi s mo na s ua ex pr es s ão mai s c ont undent e, e
par a c ompr eender mos es s e f enômeno s ut i l aj uda obs er v ar s ua f or ma mai s
abr angent e, mai s aguda. Es s a é a t éc ni c a us ada pel o aut or e i l us t r ador Dav i d
Mac aul ay par a nos mos t r ar c omo f unc i onam pequenos apar el hos do di a- a-
di a. Num de s eus l i v r os c ampeões de v endas , el e nos mos t r a, por ex empl o,
c omo f unc i ona um r el ógi o de pul s o, des enhando o mec ani s mo de um r el ógi o
i mens o, ampl i ado mui t as v ez es , c uj as peç as s ão gr andes e f ac i l ment e
r ec onhec i v ei s , e nos l ev a par a um pas s ei o pel o s eu i nt er i or . Um es t udo s obr e a
depr es s ão i l umi na de manei r a s emel hant e o pes s i mi s mo. A depr es s ão, é c l ar o,
i mpõe
um es t udo à par t e, mas el a t ambém t em mui t o a r ev el ar às pes s oas i nt er es s adas
t ão- s oment e c om o es t ado ment al que c hamamos de pes s i mi s mo.
Quas e t odos nós pas s amos por f as es de depr es s ão e s abemos c omo es s e
es t ado
ps í qui c o é c apaz de env enenar a v i da di ár i a. Par a al guns , é uma ex per i ênc i a
r ar a,
que s ó oc or r e quando nos s as mel hor es es per anç as ent r am em c ol aps o
s i mul t aneament e. Par a mui t os de nós , ent r et ant o, el a é mai s f ami l i ar . Tr at a- s e
de um
es t ado que nos domi na quando nos s ent i mos der r ot ados . Par a out r os ai nda, é
uma c ompanhei r a c ons t ant e, empanando a al egr i a at é de nos s os mel hor es
moment os e pi nt ando c om t i nt as mai s negr as os t empos j á de s i c i nz ent os .
At é pouc o t empo, a depr es s ão er a um mi s t ér i o. Quem er a mai s s us c et í v el
de c ont r aí - l a, de onde v i nha, c omo di s s i pá- l a - t udo er am eni gmas . Hoj e,

89

gr aç as a 25 anos de i nt ens as pes qui s as c i ent í f i c as l ev adas a ef ei t o por c ent enas


de ps i c ól ogos e ps i qui at r as do mundo i nt ei r o, j á s e t em um per f i l das r es pos t as
a es s as per gunt as .
Há t r ês t i pos de depr es s ão. O pr i mei r o é c hamado de depr es s ão nor mal ,
do t i po que t odos nós c onhec emos bem. El a der i v a da dor e da per da,
c ons eqüênc i a i nev i t áv el do f at o de per t enc er mos à es péc i e s api ent e - c r i at ur as
que
pens am s obr e o f ut ur o. Não c ons egui mos os empr egos que quer emos . Nos s as
aç ões s e des v al or i z am. Somos r ej ei t ados pel as pes s oas que amamos ; nos s as
mul her es e nos s os mar i dos mor r em. Faz emos pal es t r as medí oc r es e es c r ev emos
l i v r os r ui ns . Fi c amos v el hos . Quando es s as per das oc or r em, o que s uc ede é
nor mal e pr ev i s í v el : s ent i mo- nos t r i s t es e des ampar ados . Tor namo- nos pas s i v os
e l et ár gi c os . Ac r edi t amos , c om a mai s abs ol ut a c onv i c ç ão, que nos s as
per s pec t i v as s ão negr as e que nos f al t a t al ent o par a t or ná- l as br i l hant es . Não
f az emos
nos s o t r abal ho di r ei t o e nos aus ent amos c om f r eqüênc i a. Des apar ec e o pr az er
das at i v i dades que apr ec i áv amos , e per demos o i nt er es s e por c omi da, c ompanhi a
ou s ex o. Não c ons egui mos dor mi r .
Pági na 49
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Mas , depoi s de al gum t empo, por um des s es mi s t ér i os benev ol ent es da
nat ur ez a, c omeç amos a nos s ent i r mel hor . A depr es s ão nor mal é ex t r emament e
c omum - é o r es f r i ado das doenç as ment ai s . Tenho c ons t at ado r epet i dament e
que, a qual quer moment o, 25% de nós em médi a v i v enc i am um epi s ódi o de
depr es s ão pel o menos de f or ma s uav e.
Os out r os doi s t i pos de depr es s ão s ão c hamados de di s t úr bi os
depr es s i v os :
a depr es s ão uni pol ar e a bi pol ar . Ambas pr opor c i onam t r abal ho di ár i o a
ps i c ól ogos c l í ni c os e ps i qui at r as . O que det er mi na a di f er enç a ent r e el as é
a ex i s t ênc i a ou não de mani as . Mani a é uma c ondi ç ão ps i c ol ógi c a apr es ent ando
s i nt omas que par ec em o opos t o da depr es s ão: euf or i a s em pr opós i t o,
gr andi os i dade, f al a e aç ão f r enét i c a e aut o- es t i ma i nf l ac i onada.
A depr es s ão bi pol ar s empr e ac ar r et a epi s ódi os maní ac os ; t ambém é c hamada
depr es s ão maní ac a ( t endo a mani a c omo um pól o e a depr es s ão c omo out r o) .
Os depr es s i v os uni pol ar es nunc a r egi s t r am epi s ódi os maní ac os . Out r a di f er enç a
ent r e as duas é que a depr es s ão bi pol ar é mui t o mai s her edi t ár i a. Se um de doi s
gêmeos i dênt i c os t i v er depr es s ão bi pol ar , há 72% de pos s i bi l i dades de que o
Out r o t ambém t enha. ( I s s o s e apl i c a s oment e a 14% dos i r mãos gêmeos . Os
i r mãos gêmeos não s ão mai s i nt i mament e r el ac i onados ent r e s i do que quai s quer
out r os i r mãos de uma mes ma f amí l i a, mas , c omo nas c er am na mes ma hor a e

90

f or am c r i ados j unt os pel os mes mos pai s , uma c ompar aç ão ent r e os doi s t i pos
de gêmeos aj uda- nos a s epar ar o que é apr endi do do que é her dado
genet i c ament e. ) A depr es s ão bi pol ar r es ponde es t r anhament e a uma " dr oga
mar av i l ha" , o c ar bonat o de l í t i o. Em mai s de 80% dos c as os de depr es s ão
bi pol ar , o l í t i o al i v i a a mani a de f or ma c ons i der áv el e, menos ac ent uadament e,
a depr es s ão. Ao c ont r ár i o das depr es s ões nor mal e uni pol ar , a depr es s ão maní ac a
é uma doenç a, apr opr i adament e c ons i der ada c omo um di s t úr bi o do c or po e
t r at ada c l i ni c ament e.
Res t a s aber s e a depr es s ão uni pol ar , t ambém c l as s i f i c ada c omo di s t úr bi o,
e
a depr es s ão nor mal s ão r el ac i onadas . Ac r edi t o que s ej am a mes ma c oi s a,
di f er enc i ando- s e apenas quant o ao númer o de s i nt omas e s ua gr av i dade. Uma
pes s oa pode s er di agnos t i c ada c omo s endo por t ador a de depr es s ão uni pol ar e
s er r ot ul ada c omo pac i ent e, enquant o out r a, ex ami nada por apr es ent ar s i nt omas
pr onunc i ados de depr es s ão nor mal , pode não s er c ons i der ada c omo uma
pac i ent e. A di f er enç a ent r e as duas é s ut i l . Pode s er uma di s t i nç ão es t abel ec i da
a par t i r da r api dez c om que duas pes s oas pr oc ur em t r at ament o ou s e s uas
apól i c es de s egur o c obr em depr es s ão uni pol ar ou at é que pont o el as ac ei t am
s em c ons t r angi ment o o es t i gma de s er em r ot ul adas c omo pac i ent es .
O meu pont o de v i s t a pes s oal di v er ge r adi c al ment e da opi ni ão
médi c a
domi nant e, que s us t ent a que a depr es s ão uni pol ar é uma enf er mi dade e a
depr es s ão nor mal não pas s a de um abat i ment o mor al pas s agei r o des t i t uí do de
i nt er es s e c l í ni c o. Es t a é a c onc epç ão v i gent e, apes ar da t ot al f al t a de pr ov as
de que a depr es s ão uni pol ar s ej a mai s do que a depr es s ão nor mal gr av e. Ni nguém
es t abel ec eu o t i po de di s t i nç ão ent r e el as que f oi es t abel ec i do, por ex empl o,
ent r e os anões e as pes s oas bai x as nor mai s - uma di f er enc i aç ão qual i t at i v a.
O c or r et o, a meu v er , é que a depr es s ão nor mal e a depr es s ão
uni pol ar
s ej am r ec onhec i das ex at ament e da mes ma manei r a. Ambas env ol v em os mes mos
quat r o t i pos de mudanç a negat i v a: de pens ament o, de di s pos i ç ão, de
c ompor t ament o e de r es pos t a f í s i c a.
Lembr o- me de uma ex - al una mi nha, a quem c hamar ei de Sophi e. El a
i ngr es s ar a na Uni v er s i dade da Pens i l v âni a após t er c onc l uí do o c ur s o s ec undár i o
c om di s t i nç ão. Ti nha s i do l í der da t ur ma, or ador a of i c i al e ani mador a de t or c i da
mui t o boni t a e popul ar . Cons egui a c om f ac i l i dade t udo o que Quer i a: boas
not as e uma l egi ão de admi r ador es que di s put av am s eu af et o. Er a f i l ha úni c a,
o or gul ho dos pai s , ambos pr of i s s i onai s bem- s uc edi dos ; s uas v i t ór i as er am

91

Pági na 50
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
t r i unf o del es , s uas der r ot as , a agoni a del es . Seus ami gos pus er am- l he o apel i do
de " Gar ot a Dour ada" .
Quando a c onhec i , em t r at ament o no pr i mei r o ano do c ur s o, j á não er a
uma gar ot a dour ada. Sua v i da amor os a e s ua v i da uni v er s i t ár i a er am um s ó
des as t r e, e el a es t av a pr of undament e depr i mi da. Como a mai or i a dos depr es s i v os ,
pr oc ur ar a t r at ament o não após uma oc or r ênc i a t r aumát i c a, mas s i m depoi s de
uma s ér i e de c ont r ar i edades ac umul adas dur ant e mui t os mes es . Di s s e que s e
s ent i a " v az i a" . Ac hav a que não hav i a es per anç a par a el a por que s e c ons i der av a
" des pr ez ada" , s em t al ent o, " l i qui dada" . As aul as que f r eqüent av a er am
enf adonhas ,
t odo o s i s t ema ac adêmi c o er a uma " c ons pi r aç ão par a s uf oc ar " s ua c r i at i v i dade, e
s ua at i v i dade f emi ni s t a não pas s av a de uma " mi s t i f i c aç ão s em s ent i do" . No úl t i mo
s emes t r e s uas not as t i nham s i do pés s i mas . Não er a c apaz de dar andament o a
nenhum de s eus pr oj et os . Quando s e s ent av a par a f az er os dev er es de c as a, f i c av a
s em s aber qual das pi l has de papéi s at ac ar pr i mei r o. Fi c av a ol hando par a a
papel ada
por uns mi nut os e ac abav a des i s t i ndo, des es per ada, e l i gav a a TV. Vi v i a na
oc as i ão c om um r apaz que abandonar a o c ur s o uni v er s i t ár i o. Sent i a- s e ex pl or ada
e i ndi gna s empr e que f az i am s ex o, e a at i v i dade s ex ual , que c os t umav a l he dar
pr az er , pas s ar a a s er uma c oi s a r epugnant e.
f i z er a um c ur s o de f i l os of i a e s e s ent i r a par t i c ul ar ment e at r ai da pel o
ex i s t enc i al i s mo. Ac ei t ar a a dout r i na de que a v i da er a abs ur da, e i s s o t ambém
a dei x av a ans i os a.
Pr oc ur ei f az er - l he v er que er a uma al una t al ent os a e uma mul her boni t a,
e
el a c ai u em pr ant os . " Também c ons egui enganá- l o! " , ex c l amou.

COMO DI SSE, UM DOS QUATRO CRI TÉRI OS DE DEPRESSÃO É UMA MUDANÇA

negat i v a na manei r a de pens ar . A manei r a c omo v oc ê pens a quando es t á


depr i mi do di f er e da manei r a c omo pens a quando não es t á depr i mi do. Quando
es t á depr i mi do, v oc ê f az um quadr o t ac i t ur no de s i mes mo, do mundo e do
f ut ur o. O f ut ur o de Sophi e par ec i a- l he s em es per anç a, e el a at r i buí a i s s o à s ua
f al t a de t al ent o.
Quando v oc ê es t á depr i mi do, pequenos obs t ác ul os par ec em bar r ei r as
i nt r ans poní v ei s . Voc ê t em a i mpr es s ão de que t udo em que t oc a des f az - s e em
c i nz as . Voc ê t em um r eper t ór i o i nes got áv el de r az ões ex pl i c ando que t odos os
s eus êx i t os na r eal i dade não pas s ar am de f r ac as s os . A pi l ha de papéi s em c i ma
da mes a de Sophi e par ec i a- l he uma mont anha.

92

Aar on Bec k , um dos mai or es t er apeut as do mundo, t ev e um pac i ent e que,


no mei o de uma depr es s ão pr of unda, c ons egui u empapel ar as par edes de uma
c oz i nha. O pac i ent e c ons i der ou es s e f ei t o um f r ac as s o:
Ter apeut a: Por que v oc ê não c ons i der ou o at o de empapel ar as par edes da
c oz i nha c omo uma pr oez a magi s t r al ?
Pac i ent e: Por que as f l or es não f i c ar am bem al i nhadas .
Ter apeut a: Voc ê c hegou a c onc l ui r o t r abal ho?
Pac i ent e: Si m.
Ter apeut a: A c oz i nha er a s ua?
Pac i ent e: Não, aj udei um v i z i nho a r ev es t i r as par edes da c oz i nha del e.
Ter apeut a: El e f ez a mai or par t e do t r abal ho?
Pac i ent e: Não, f i z quas e t udo. El e nunc a t i nha f or r ado uma par ede ant es .
Ter apeut a: Mai s al guma c oi s a não deu c er t o? Voc ê não l ambuz ou t udo de
c ol a? Es t r agou mui t o papel ? Não dei x ou t udo na mai or des or dem?
Pac i ent e: Não, o úni c o pr obl ema f oi as f l or es não f i c ar em al i nhadas .
Ter apeut a: O des al i nhament o das f l or es f oi mui t o pr onunc i ado?
Pac i ent e ( abr i ndo os dedos um pouqui nho) : I s s o, mai s ou menos .
Ter apeut a: Em c ada r ol o de papel ?
Pac i ent e: Não. . . em apenas doi s ou t r ês r ol os .
Ter apeut a: Num t ot al de quant os r ol os ?
Pac i ent e: De20a25.
Ter apeut a: Mai s al guém not ou?
Pac i ent e: Não. Par a di z er a v er dade, meu v i z i nho ac hou que f i c ou ót i mo.
Pági na 51
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Ter apeut a: Voc ê per c ebi a o def ei t o quando ol hav a a par ede de uma c er t a
di s t ânc i a?
Pac i ent e: Bem, r eal ment e não.
O pac i ent e ac hou que um t r abal ho bem- f ei t o não t i nha f i c ado bom por que,
no s eu ent ender , não c ons egui a f az er nada di r ei t o.
Um es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a es c onde- s e no c er ne do pens ament o
depí mi do. Uma c onc epç ão negat i v a do f ut ur o, do ego e do mundo dec or r e
do f at o de v er mos as c aus as das ev ent uai s adv er s i dades c omo per manent es ,
abr angent es e pes s oai s , e c ons i der ar mos as c aus as dos ac ont ec i ment os pos i t i v os
de manei r a opos t a. Mi nha depr i mi da al una Sophi e, por ex empl o, at r i buí a os

93

s eus pr obl emas a s ua f al t a de t al ent o, s ua f al t a de at r at i v os e à f al t a de


s ent i do
ex i s t enc i al . O empapel ador de par edes v i u o pequeno pr obl ema do al i nhament o
c omo uma pr oj eç ão de s ua v i da i nt er i or .
A s egunda manei r a de r ec onhec er mos t ant o a depr es s ão uni pol ar quant o a
nor mal é uma mudanç a negat i v a no modo de pens ar . Quando es t á depr i mi do,
v oc ê s e s ent e pés s i mo: t r i s t e, des ani mado, mer gul hado num poç o de
des es per o. Voc ê pode t er c r i s es de c hor o ou j á t er s uper ado a f as e das l ágr i mas ;
nos
s eus pi or es di as Sophi e f i c av a na c ama s ol uç ando at é a hor a do al moç o. A v i da
t or na- s e amar ga. At i v i dades que ant es er am pr az er os as pas s am a s er v i s t as c omo
um es c ár ni o. As pi adas dei x am de s er engr aç adas par a s e t or nar em
i ns upor t av el ment e i r ôni c as .
Um es t ado depr es s i v o ger al ment e não é i ni nt er r upt o. Ti pi c ament e, quando
v oc ê ac or da, el e es t á pr óx i mo do s eu gr au máx i mo. Lembr anç as de s eus
i ns uc es s os pas s ados e t emor es das per das que o nov o di a na c er t a t r ar á o
dei x ar ão
pr os t r ado na c ama. Se v oc ê per manec er dei t ado, s eu es t ado de es pí r i t o i r á
ader i r ao s eu c or po c omo um l enç ol pegaj os o. Lev ant ar e enf r ent ar o di a al i v i a
a t ens ão, que nor mal ment e mel hor a à medi da que as hor as av anç am, embor a
s of r a uma r ec aí da no per í odo bai x o do s eu c i c l o bás i c o de r epous o e at i v i dade
( CBRA) , quas e s empr e das t r ês às s ei s da t ar de. O i ní c i o da noi t e pode s er o
per í odo menos depr i ment e do di a. A madr ugada, ent r et ant o, s e v oc ê es t i v er
ac or dado das t r ês às c i nc o hor as , é o pi or .
A t r i s t ez a não é a úni c a mani f es t aç ão de depr es s ão; ans i edade e
i r r i t abi l i dade
mui t as v ez es es t ão pr es ent es . Mas quando a depr es s ão t or na- s e mui t o i nt ens a,
a ans i edade e a i r r i t abi l i dade di mi nuem e o i ndi v i duo f i c a ent or pec i do, at ôni t o.
O t er c ei r o s i nt oma da depr es s ão di z r es pei t o ao c ompor t ament o, o
depr es s i v o apr es ent a t r ês s i nt omas de c ompor t ament o: pas s i v i dade, i ndec i s ão e
t endênc i a s ui c i da.
Fr equent ement e, as pes s oas depr i mi das não c ons eguem dar i ní c i o a
qual quer
t i po de t ar ef a, a não s er as mai s r ot i nei r as , e des i s t em à pr i mei r a di f i c ul dade.
Um
r omanc i s t a, por ex empl o, não c ons egue es c r ev er a pr i mei r a pal av r a. Quando,
f i nal ment e, dec i de- s e a c omeç ar , des i s t e ao pr i mei r o t r emor da t el a do
c omput ador
e não v ol t a a es c r ev er dur ant e um mês .
Os i ndi v í duos depr i mi dos não c ons eguem t omar uma dec i s ão quando
c onf r ont ados c om di v er s as al t er nat i v as . Um es t udant e depr i mi do pede uma

94

pi z z a pel o t el ef one e quando l he per gunt am qual a guar ni ç ão que pr ef er e, f i c a


ol hando, par al i s ado, par a o f one. Após 15 s egundos de s i l ênc i o, des l i ga. Sophi e
não er a c apaz de c omeç ar s eus dev er es de c as a; não c ons egui a s equer dec i di r
qual a mat ér i a que dev i a es t udar em pr i mei r o l ugar .
Mui t as pes s oas depr i mi das pens am em s ui c í di o e c hegam a t ent á- l o. De
um modo ger al , t êm um ou doi s mot i v os . O pr i mei r o é o des ej o de ex t er mí ni o:
Pági na 52
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
a per s pec t i v a de c ont i nuar em no es t ado em que s e enc ont r am é i nt ol er áv el ,
s ua v ont ade é ac abar c om t udo. O out r o é a mani pul aç ão: quer em r es gat ar o
amor , v i ngar - s e, ou t er a úl t i ma pal av r a numa di s c us s ão.
O s i nt oma f i nal da depr es s ão t em a v er c om o eu f í s i c o. A depr es s ão é
c omument e ac ompanhada de s i nt omas f í s i c os i ndes ej áv ei s ; quant o mai s gr av e
a depr es s ão, mai or o númer o de s i nt omas . Os apet i t es di mi nuem. Voc ê não
t em mai s v ont ade de c omer , de f az er amor . Sophi e ac hav a o s ex o, ant es o
pont o al t o do s eu r el ac i onament o c om o j ov em c om quem v i v i a, r epugnant e.
At é o s ono é af et ado. Voc ê ac or da ant es da hor a e f i c a r ol ando na c ama, s em
c ons egui r dor mi r . Fi nal ment e, o des per t ador di s par a, e v oc ê c omeç a um nov o
di a não s ó depr i mi do c omo ex aus t o.
Es s es quat r o s i nt omas - mudanç as negat i v as do modo de pens ar , es t ado
de âni mo, c ompor t ament o e r es pos t a f í s i c a - di agnos t i c am a depr es s ão, s ej a
el a uni pol ar ou nor mal . Par a s er c ons i der ado depr i mi do, v oc ê não pr ec i s a
apr es ent ar t odos os quat r o s i nt omas , e não é nec es s ár i o t ampouc o que nenhum
es pec í f i c o s e mani f es t e. Ent r et ant o, quant o mai s s i nt omas ac us ar , e
quant o mai s i nt ens o f or c ada um del es , mai or c er t ez a v oc ê t er á de que o
pr obl ema é depr es s ão.

Tes t e s ua Depr es s ão
Qual o gr au de s ua depr es s ão nes t e moment o?
Agor a, gos t ar i a que v oc ê f i z es s e um t es t e mui t o di f undi do, el abor ado
por Lenor e Radl of f , do Cent er of Epi demi ol ogi c al do Nat i onal I ns t i t ut e
of Ment al Heal t h. Es s e t es t e, c hamado CES- D ( Cent er f or
Epi demi ol ogi c al St udi es - Depr es s i on) - " CEE- D" - , c obr e t odos os s i nt omas

95

depr es s i v os . As s i nal e a r es pos t a que mel hor des c r ev e c omo v oc ê s e s ent i u


na úl t i ma s emana.

Dur ant e a ul t i ma s emana


1. Abor r ec i - me c om c oi s as que ger al ment e não me abor r ec em.
O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

2. Não t i nha v ont ade de c omer ; t i nha pouc o apet i t e.


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

3. Sent i que não er a c apaz de af as t ar a mel anc ol i a, mes mo c om a aj uda da


f amí l i a e de ami gos .
O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

4. Sent i que não er a t ão bom quant o as out r as pes s oas .


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .
Pági na 53
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

5. Ti v e di f i c ul dade em me c onc ent r ar .


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

96

6. Sent i - me depr i mi do.


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

7. Sent i que t udo o que f az i a er a c om gr ande es f or ç o.


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

8. Sent i - me des ampar ado em r el aç ão ao f ut ur o.


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

9. Pens ei que a mi nha v i da f oi um f r ac as s o.


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

10. Sent i - me amedr ont ado.


o Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

11. Meu s ono f oi agi t ado.


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

97

12. Sent i - me i nf el i z .
O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

13. Fal ei menos do que de c os t ume.


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
Pági na 54
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

14. Sent i - me s oz i nho.


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

15. As pes s oas f or am ami s t os as .


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

16. Não apr ec i ei a v i da.


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

17. Ti v e c r i s es de c hor o.
O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as )

98

18. Sent i - me t r i s t e.
O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

19. Sent i que as pes s oas não gos t av am de mi m.


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

20. Não c ons egui " engr enar " .


O Rar ament e ou nunc a ( menos de 1 di a) .
1 Pouc as v ez es ( 1- 2 di as ) .
2 Oc as i onal ment e ou moder adament e ( 3- 4 di as ) .
3 Dur ant e quas e t odo o t empo ( 5- 7 di as ) .

É f ác i l apur ar o r es ul t ado des t e t es t e. Some os númer os que v oc ê mar c ou


par a c ada r es pos t a. Se f i c ou em dúv i da e mar c ou doi s númer os par a a mes ma
per gunt a, c ont e apenas o de v al or mai s al t o. O s eu es c or e f i c ar ent r e O e 60,
Ant es de i nt er pr et á- l o, s ai ba que obt er um es c or e el ev ado não equi v al e a
um di agnós t i c o de depr es s ão. Um di agnós t i c o depende de out r os f at or es ,
c omo a dur aç ão de s eus s i nt omas , e s ó pode s er f ei t o depoi s de uma ent r ev i s t a
mi nuc i os a c om um ps i c ól ogo ou ps i qui at r a habi l i t ado. Na r eal i dade, dá
apenas uma i ndi c aç ão pr ec i s a do ní v el dos s i nt omas depr es s i v os que v oc ê
apr es ent a agor a.
Se mar c ar de O a 9 pont os , v oc ê s e s i t ua na c at egor i a dos
não- depr i mi dos ,
abai x o da médi a dos adul t os amer i c anos . Um es c or e de 10 a 15 pont os c ol oc a- o
na c at egor i a dos l i gei r ament e depr i mi dos ; e de 16 a 24 na c at egor i a dos
Pági na 55
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
moder adament e depr i mi dos . Se mar c ar ac i ma de 24 pont os , v oc ê poder á es t ar
s er i ament e depr i mi do.
Se v oc ê s e s i t uar na c at egor i a dos s er i ament e depr i mi dos , ou mes mo em
qual quer
out r a, mas ac r edi t ar que s er á c apaz de s e mat ar s e t i v er opor t uni dade,
ac ons el ho- o a
pr oc ur ar c om ur gênc i a um t er apeut a de doenç as ment ai s . Se o s eu es c or e o
c l as s i f i c a
c omo moder adament e depr i mi do, mas mes mo as s i m v oc ê às v ez es pens a em

99

se s ui c i dar , dev e c ons ul t ar um pr of i s s i onal s em per da de t empo. Se f i c ou ent r e


os moder adament e depr i mi dos , f aç a o t es t e nov ament e dent r o de duas s emanas .
Se per manec er na mes ma c at egor i a, mar que uma c ons ul t a c om um es pec i al i s t a
em doenç as ment ai s .
Ao f az er o t es t e, pr ov av el ment e s e deu c ont a de que v oc ê mes mo ou al guém
a quem ama s of r e i nt er mi t ent ement e des s a enf er mi dade t ão c omum. Não
c hega a s ur pr eender que quas e t odo mundo, ai nda que não s e t r at e de uma
pes s oa depr i mi da, c onheç a al guém que s ej a, uma v ez que os Es t ados Uni dos
es t ão s of r endo uma epi demi a de depr es s ão s em pr ec edent es . O Dr . Ger al d
Kl er man, quando er a di r et or do Depar t ament o de Pr ev enç ão c ont r a o Us o
Abus i v o de Ál c ool e Dr ogas e Doenç as Ment ai s , c unhou a f el i z ex pr es s ão " A
I dade da Mel anc ol i a" par a des c r ev er nos s o t empo.
No f i m dos anos 1970, Kl er man pat r oc i nou doi s gr andes es t udos s obr e a
i nc i dênc i a de doenç as ment ai s nos Es t ados Uni dos , e as r ev el aç ões f or am
al ar mant es . O pr i mei r o, c hamado ECA - Epi demi ol ogi c al Cat c hment Ar ea -
St t udy ( Es t udo da Ár ea de I nc i dênc i a Epi demi ol ógi c a) , des t i nav a- s e a apur ar a
quant i dade de doenç as ment ai s , de t odos os t i pos , ex i s t ent es nos Es t ados
Uni dos . Pes qui s ador es v i s i t ar am e ent r ev i s t ar am 9. 500 i ndi v í duos es c ol hi dos
ao ac as o par a r epr es ent ar um per f i l da popul aç ão adul t a dos Es t ados Uni dos .
For am t odos s ubmet i dos ao mes mo ex ame- di agnós t i c o por que pas s a qual quer
pac i ent e que pr oc ur a o c ons ul t ór i o de um ps i c ól ogo ou ps i qui at r a c onc ei t uado.
Pel o f at o de um númer o i nus i t adament e el ev ado de adul t os de di f er ent es
f ai x as et ár i as t er s i do ent r ev i s t ado, t endo s i do per gunt ado a t odos s e e quando
t i nham apr es ent ado s i nt omas mai s ac ent uados , o es t udo del i neou um quadr o
i nédi t o das doenç as ment ai s num es paç o de mui t os anos e t or nou pos s í v el
det ec t ar as mudanç as oc or r i das no s éc ul o XX. Uma das mudanç as mai s
s ur pr eendent es f oi a c hamada pr edomi nânc i a da depr es s ão no dec ur s o de uma
v i da - i s t o é, a por c ent agem da popul aç ão que s e s ent i r a depr i mi da pel o
menos uma v ez na v i da. ( Obv i ament e, quant o mai s v el ho v oc ê f or , mai or es
t er ão s i do s uas c hanc es de t er s i do v i t i ma de al gum di s t úr bi o. A pr obabi l i dade
de per nas quebr adas dur ant e t oda uma v i da, por ex empl o, aument a c om a
i dade, uma v ez que, quant o mai s el a f or av anç ada, mai s opor t uni dades v oc ê
t er á t i do de quebr ar uma per na. )
O que t odos os i nt er es s ados em depr es s ão es per av am er a que, quant o mai s
no i ni c i o do s éc ul o uma pes s oa t i v es s e nas c i do, mai s el ev ada s er i a s ua

100

pr obabi l i dade de depr es s ão - i s t o é, mai s epi s ódi os depr es s i v os t er i am oc or r i do


em s ua v i da. Se v oc ê t i v es s e nas c i do em 1920, t er i a t i do mai s c hanc es de s of r er
de depr es s ão do que s e t i v es s e nas c i do em 1960. Ant es de v er em os r es ul t ados ,
os es t at í s t i c os t er i am di t o que s e v oc ê t i v es s e 25 anos na époc a em que f oi
ent r ev i s t ado par a o es t udo - s e t i v es s e, por t ant o, nas c i do por v ol t a de 1955 - ,
hav er i a c er c a de 6% de c hanc es de j á t er t i do pel o menos uma c r i s e s ér i a de
depr es s ão, e s e v oc ê t i v es s e de 25 a 40 anos , s eu r i s c o de depr es s ão aguda
s ubi r i a - di gamos , par a c er c a de 9% - c omo qual quer es t at í s t i c a c umul at i v a
demons t r ar i a.
Quando os es t at í s t i c os c ons ul t ar am os r es ul t ados , depar ar am c om um
quadr o mui t o es t r anho. As pes s oas nas c i das por v ol t a de 1925 - que por
s er em mai s v el has t i nham t i do mai s c hanc es de t er em s i do v i t i madas pel o
di s t úr bi o - quas e não t i nham s of r i do de depr es s ão. E quando os pes qui s ador es
c onf er i r am os r es ul t ados das pes s oas nas c i das mai s c edo - ant es da Pr i mei r a
Pági na 56
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Guer r a Mundi al - , des c obr i r am al go ai nda mai s es pant os o. Nov ament e, a
pr ev al ênc i a não aument ar a, c omo s er i a pr ev i s í v el ; des abar a par a um
i ns i gni f i c ant e 1%.
Ao que t udo i ndi c a, es s es dados não f or am bas eados em i nf or maç ões
det ur padas ou t endenc i os as . Por t ant o, el es s uger em que as pes s oas nas c i das no
t er ç o médi o do s éc ul o s ão 10 v ez es mai s s us c et í v ei s à depr es s ão do que as
nas c i das no pr i mei r o t er ç o.
Ent r et ant o, um es t udo - mes mo t ão bem- f ei t o quant o o Es t udo ECA -
não aut or i z a os c i ent i s t as a f al ar em em " epi demi a" . Fel i z ment e, o I ns t i t ut o de
Saúde Ment al t i nha f ei t o na mes ma époc a out r o es t udo denomi nado Es t udo
dos Par ent es . Er a s emel hant e ao Es t udo ECA nos s eus pr opós i t os e t ambém
abr angi a i númer as pes s oas . Des s a v ez , el as não f or am es c ol hi das ao ac as o;
f or am s el ec i onadas por t er em par ent es pr óx i mos que hav i am s i do hos pi t al i z ados
dev i do a c as os gr av es de depr es s ão. Os pes qui s ador es c omeç ar am c om 523
pes s oas que j á t i nham s of r i do de depr es s ão aguda. Quas e t odos os par ent es em
pr i mei r o gr au di s poní v ei s des s as pes s oas - um t ot al de 2. 892 pai s , mães ,
i r mãos , i r mãs , f i l hos e f i l has - f or am s ubmet i dos a uma ent r ev i s t a- di agnós t i c o
i dênt i c a. O obj et i v o er a v er i f i c ar s e es s es par ent es t ambém j á t i nham s of r i do
de depr es s ão gr av e, a f i m de es t abel ec er s e par ent es de i ndi v í duos s er i ament e
depr i mi dos c or r i am mai or r i s c o de depr es s ão do que o r es t ant e da popul aç ão.

101

I s s o per mi t i r i a des emar anhar a c ont r i bui ç ão genét i c a da ambi ent al na oc or r ênc i a
da depr es s ão.
Nov ament e, c omo ac ont ec er a no Es t udo ECA, as des c ober t as c ont r ar i ar am
t odas as ex pec t at i v as . El as mos t r ar am um aument o mai s de 10 v ez es mai or da
depr es s ão no t r ans c ur s o do s éc ul o.
Cons i der emos apenas as mul her es . As pes qui s adas nas c i das dur ant e o
per í odo da Guer r a da Cor éi a ( o que v al e di z er que t i nham c er c a de 30 anos
por oc as i ão do Es t udo ECA) r euni am 10 v ez es mai s pr obabi l i dades de t er em
t i do um epi s ódi o de depr es s ão do que as mul her es nas c i das por v ol t a da Segunda
Guer r a Mundi al , embor a as mul her es mai s v el has ( s ept uagenár i as na époc a do
es t udo) t i v es s em t i do mui t o mai s opor t uni dades de t er em s of r i do de depr es s ão.
Quando as mul her es da ger aç ão da Pr i mei r a Guer r a Mundi al es t av am
c om 30 anos ( i dade que as mul her es c ont empor âneas da Guer r a da Cor éi a
t i nham agor a) , s oment e 3% del as t i v er am um c as o de depr es s ão. Compar e
i s s o c om o des t i no das mul her es do per í odo da Guer r a da Cor éi a: quando
t i nham 30 anos , 60% del as t i nham s i do v í t i mas de depr es s ão gr av e - uni a
di f er enç a de 20 v ez es .
As es t at í s t i c as do es t udo s obr e os homens mos t r ar am a mes ma
s ur pr eendent e i nv er s ão. Embor a os homens t i v es s em s of r i do apenas c er c a da met ade
da depr es s ão s of r i da pel as mul her es ( um dado c r uc i al que di s c ut i r ei no pr óx i mo
c apí t ul o) , a por c ent agem de homens v i t i mados pel a depr es s ão ac us av a o mes mo
aument o ex pr es s i v o no dec or r er do s éc ul o.
A depr es s ão não s ó é mai s c omum ul t i mament e, c omo at ac a s uas v í t i mas
mui t o mai s c edo. Se v oc ê t i v es s e nas c i do nos anos 1930 e mai s t ar de t i v es s e
um par ent e depr i mi do, s ua pr ópr i a pr i mei r a depr es s ão, s e c hegas s e a t er uma,
pr ov av el ment e oc or r er i a ent r e os s eus 20 a 25 anos - 10 anos mai s c edo.
Uma v ez que a depr es s ão aguda r ei nc i de na met ade dos c as os , os 10 anos
ex t r as de v ul ner abi l i dade à depr es s ão s omam- s e a um oc eano de l ágr i mas .
E pode hav er out r os oc eanos , j á que es s es es t udos di z em r es pei t o apenas
à depr es s ão gr av e. A depr es s ão s uav e, que t odos j á ex per i ment amos , pode
r ev el ar a mes ma t endênc i a: s ua i nc i dênc i a pode s er mui t o mai or do que
ant er i or ment e. Em médi a, os amer i c anos podem s er mai s depr i mi dos e
mai s j ov ens do que j amai s o f or am: mi s ér i a ps i c ol ógi c a s em pr ec edent es
numa naç ão goz ando pr os per i dade e bem- es t ar s oc i al i gual ment e s em
pr ec edent es .

102

De qual quer f or ma, os i ndi c i os mai s do que j us t i f i c am um br ado de al er t a


s obr e uma pos s í v el " epi demi a" .

Pági na 57
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
PASSEI OS ÚLTI MOS 25 ANOS PROCURANDO DESCOBRI R O QUE PROVOCA A

depr es s ão. Ei s o que pens o.


Depr es s ão bi pol ar ( depr es s ão maní ac a) é uma doenç a f í s i c a, bi ol ógi c a na
or i gem e c ont i da por dr ogas .
Al gumas depr es s ões uni pol ar es t ambém s ão em par t e bi ol ógi c as , s obr et udo
as mai s v i ol ent as . Al gumas depr es s ões uni pol ar es s ão her dadas . Se um de doi s
gêmeos i dént i c os s of r er de depr es s ão, é mai s pr ov áv el que o out r o t ambém
s of r a, do que s e f os s em apenas gêmeos f r at er nos . Es s e t i po de depr es s ão
uni pol ar ger al ment e pode s er c ont i do c om o empr ego de medi c ament os , embor a
t ão ef i c i ent ement e quant o nos c as os de depr es s ão bi pol ar , e os s eus s i nt omas
mui t as v ez es podem s er al i v i ados c om el et r ot er api a.
Mas as depr es s ões uni pol ar es her dadas es t ão em mi nor i a, o que nos l ev a a
i ndagar de onde v em o gr ande númer o de depr es s ões que as s ume pr opor ç ões
epi dêmi c as nes t e paí s . Per gunt o- me s e os s er es humanos s of r er am mudanç as
f í s i c as ao l ongo do s éc ul o que os t or nar am mai s v ul ner áv ei s à depr es s ão.
Pr ov av el ment e, não. É mui t o duv i dos o que nos s a quí mi c a c er ebr al ou os
nos s os
genes t enham s e modi f i c ado r adi c al ment e dur ant e as duas úl t i mas ger aç ões .
Por t ant o, um aument o de 10 v ez es na i nc i dênc i a da depr es s ão não pode s er
ex pl i c ado em t er mos bi ol ógi c os .
Sus pei t o que a depr es s ão epi dêmi c a t ão f ami l i ar a nós t odos é mai s bem
c onc ei t uada de um pont o de v i s t a ps i c ol ógi c o. Meu pal pi t e é que a mai or i a dos
c as os de depr es s ão c omeç a c om pr obl emas ex i s t enc i ai s e manei r as
es pec í f i c as de
pens ar s obr e es s es pr obl emas . Er am es s as as s upos i ç ões que eu t i nha quando
i ni c i ei mi nhas pes qui s as s obr e depr es s ão, há 20 anos , mas f i c av a i magi nando
c omo s er i a pos s í v el pr ov ar que a c aus a da mai or i a das depr es s ões é ps i c ol ógi c a.
Por mei o de que pr oc es s o ps i c ol ógi c o as pes s oas t or nam- s e depr i mi das ?
Uma anal ogi a: c omo é que os pás s ar os v oam? Des de os t empos da Gr éc i a
ant i ga at é o f i m do s éc ul o XI X houv e c ont r ov ér s i as s obr e es s e pr oc es s o, ao
mes mo t empo as s ombr os o e mar av i l hos o. Er a mui t o f ác i l obs er v ar o v ôo dos
pás s ar os e i nv ent ar uma t eor i a; mas s i mpl es ment e não hav i a c omo s aber qual
das t eor i as es t av a c er t a. A ques t ão f oi def i ni t i v ament e r es ol v i da em 1903, e a
s ol uç ão v ei o de onde não s e es per av a.

103

Wi l bur e Or v i l l e Wr i ght c ons t r ui r am um aer opl ano e v oar am. Di ant e di s s o,


os f í s i c os r ec or r er am ao model i s mo, um mei o c ons agr ado at r av és dos t empos
par a r es ol v er di v er gênc i as c i ent í f i c as . O model i s mo i mpl i c a a c r i aç ão de um
" model o l ógi c o" que i nc or por e pr opr i edades do f enômeno que per manec e
env ol t o em mi s t ér i o - v oar , par a os Wr i ght , e depr es s ão, par a nós . Se o model o
l ógi c o r euni r t odas as pr opr i edades da c oi s a r eal , o pr oc es s o pel o qual o
model o f unc i ona l he di r á c omo a c oi s a r eal f unc i ona.
O aer opl ano dos Wr i ght - o model o l ógi c o do v ôo dos pás s ar os -
dec ol ou
e, mi l agr os ament e, v oou. Os f í s i c os c onc l uí r am ent ão que os pás s ar os dev i am
v oar pel o mes mo pr oc es s o.
O meu des af i o er a c ons t r ui r um model o l ógi c o r euni ndo t odas as
pr opr i edades da depr es s ão. Es s a t ar ef a di v i di u- s e em duas par t es : pr i mei r o,
c ons t r ui r
o model o e, s egundo, mos t r ar que el e s e enc ai x av a na depr es s ão. De pr ont o,
podi a apont ar al gumas s emel hanç as , mas pr ov ar que er am a mes ma c oi s a e
que o des ampar o apr endi do er a um model o de l abor at ór i o do f enômeno r eal
c hamado depr es s ão er a out r a ques t ão.
Dur ant e os 20 anos s egui nt es , bem mai s de 300 es t udos , r eal i z ados em
di v er s as uni v er s i dades do mundo i nt ei r o, c ons t r uí r am o model o do
des ampar o apr endi do. Os pr i mei r os es t udos f or am f ei t os c om c ac hor r os ;
pouc o depoi s , r at os s ubs t i t ui r am os c ac hor r os , e, f i nal ment e, s er es humanos
s ubs t i t ui r am os r at os . Todos os es t udos t i nham o mes mo f or mat o: er am
ex per i ment os ut i l i z ando t r ês gr upos de s uj ei t os . A um gr upo er a per mi t i do
c ol oc ar um det er mi nado ev ent o ou el ement o - bar ul ho, c hoque, di nhei r o,
c omi da - s ob o c ont r ol e de s ua v ont ade. Por ex empl o, um r at o er a c apaz de
c ont r ol ar o c hoque pr es s i onando uma bar r a; c ada v ez que el e aper t av a mai s
a bar r a, o c hoque c es s av a. Um s egundo gr upo - o gr upo des ampar ado -
Pági na 58
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
f oi " c as ado" ao pr i mei r o e r ec ebeu ex at ament e o mes mo c hoque, mas de
nada adi ant av a o que f i z es s e. O c hoque par a um r at o des s e gr upo c es s av a
t oda v ez que o pr i mei r o r at o aper t av a a bar r a. Um t er c ei r o gr upo f oi dei x ado
i nt ei r ament e s ó.
Os r es ul t ados f or am c ons i s t ent es . O gr upo des ampar ado des i s t i u.
Tor nou- s e t ão pas s i v o que, mes mo em s i t uaç ões nov as , não r eagi a. Os r at os
f i c ar am
apát i c os , s em ao menos t ent ar es c apar . As pes s oas f i c ar am per pl ex as di ant e
de anagr amas f ác ei s e não f i z er am o menor es f or ç o par a r es ol v ê- l os . ( Suc edeu
um númer o c ons i der áv el de out r os s i nt omas s obr e os quai s f al ar ei mai s

104

adi ant e. ) O gr upo c apaz de c ont r ol ar os a ont ec i ment os mant ev e- s e at i v o e


v i v az , da mes ma f or ma que o gr upo que f oi dei x ado s ó. Os r at os
des v enc i l har am- s e agi l ment e do c hoque e as pes s oas r es ol v er am os anagr amas
em pouc os s egundos .
Es s es r es ul t ados s i mpl es i dent i f i c ar am di r et ament e a f ont e de des ampar o
apr endi do. El e er a c aus ado por ex per i ênc i a nas quai s os s uj ei t os da pes qui s a
apr endi am que não adi ant av a f az er c oi s a al guma e que s uas r eaç ões não
f unc i onav am no s ent i do de pr opor c i onar - l hes o que des ej av am. Es s a ex per i ênc i a
ens i nou- os a es per ar que no f ut ur o e em nov as s i t uaç ões s uas aç ões s er i am
nov ament e i nút ei s .
Os s i nt omas de des ampar o apr endi do podi am s er pr oduz i dos de di v er s as
manei r as . A der r ot a e o f r ac as s o ger av am os mes mos s i nt omas que os ev ent os
i nc ont r ol áv ei s . Ser der r ot ado por out r o r at o numa br i ga pr oduz i a s i nt omas
i dênt i c os aos c aus ados pel os c hoques i nev i t áv ei s . Ser i nc umbi do de c ont r ol ar
c er t o bar ul ho, e não c ons egui r f az ê- l o, pr oduz i a os mes mos s i nt omas do que
pr obl emas i ns ol úv ei s ou bar ul ho i nev i t áv el . As s i m, o des ampar o apr endi do
par ec i a es t ar no c er ne da der r ot a e do f r ac as s o.
O des ampar o apr endi do podi a s er c ur ado mos t r ando- s e ao s uj ei t o da
pes qui s a que s uas aç ões podi am f unc i onar . Também podi a s er c ur ado s endo
ens i nado a pens ar de manei r a di f er ent e s obr e as c aus as do s eu f r ac as s o. El e
podi a s er ev i t ado s e, ant es de oc or r er a ex per i ênc i a de des ampar o, o s uj ei t o
apr endes s e que s uas aç ões f az i am di f er enç a. Quant o mai s c edo na v i da es s e
domí ni o f os s e apr endi do, mai s ef i c az s er i a a i muni z aç ão c ont r a o des ampar o.
As s i m f oi des env ol v i da, t es t ada e aper f ei ç oada a t eor i a do des ampar o
apr endi do. Mas t er i a s er v i do c omo model o par a a depr es s ão? O model o de
l abor at ór i o adapt ou- s e ao f enômeno do mundo r eal ? As r ec ompens as em obt er
uma adapt aç ão er am al t as , por que, quando ex i s t e um model o, um di s t úr bi o
pode s er del i ber adament e c r i ado em l abor at ór i o, o qual s i gni f i c a que há uma
boa c hanc e de poder i dent i f i c ar s eus mec ani s mos oc ul t os e, a par t i r daí ,
des env ol v er t r at ament os . Se f os s e c onf i r mado que t í nhamos des c ober t o um
model o de l abor at ór i o par a um dos mai s ant i gos t or ment os da humani dade, a
depr es s ão, o f ei t o c ons t i t ui r i a um av anç o c i ent í f i c o da mai or r el ev ânc i a.
Hav i a pouc o a f az er par a mos t r ar que os pr i nc í pi os do av i ão dos i r mãos
s e enc ai x av am c om os do v ôo dos pás s ar os . Os s eus " s i nt omas " er am
c l ar ament e os mes mos : ambos dec ol av am, v oav am e at er r i s s av am. No c as o do

105

des ampar o apr endi do hav i a mui t o mai s a f az er par a mos t r ar que o ex per i ment o
r ef l et i a, pont o por pont o, t odos os s i nt omas da depr es s ão. Um enc ai x e
c onv i nc ent e
é o pas s o dec i s i v o par a t odos os model os de l abor at ór i o de doenç as ment ai s .
Pr ec i s áv amos s aber s e os s i nt omas do des ampar o apr endi do pr oduz i dos em t odos
aquel es l abor at ór i os er am os mes mos s i nt omas que as pes s oas depr i mi das
apr es ent av am. Quant o mai s pr óx i mo o par al el o, mel hor o model o.
Comec emos c om o c as o di f í c i l : a depr es s ão uni pol ar pl ena, c omo a de
Sophi e, a j ov em pac i ent e de quem f al ei no i ni c i o des t e c apí t ul o.
Se v oc ê pr oc ur ar um ps i qui at r a ou um ps i c ól ogo em bus c a de aj uda, el e
t r at ar á l ogo de es t abel ec er um di agnós t i c o, e, par a f ac i l i t ar o s eu t r abal ho,
r ec or r er á a uma publ i c aç ão DSM- I I I - R ( que s i gni f i c a Di agnos t i c and St at i s t i c al
Manual of t her Amer i c an Ps y c hi at r i c As s oc i at i on, t hi r d edi t i on, r ev i s ed) -
Pági na 59
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Manual de Di agnós t i c o e Es t at í s t i c a da As s oc i aç ão Amer i c ana de Ps i qui at r i a,
t er c ei r a edi ç ão, r ev i s ada. - a bí bl i a of i c i al da pr of i s s ão, uma c odi f i c aç ão do
que s abemos s obr e a di agnos e das doenç as ment ai s . Na s ua pr i mei r a ent r ev i s t a,
o t er apeut a pr oc ur ar á v er i f i c ar s e os s eus s i nt omas per mi t em que el e o enquadr e
numa das c at egor i as de di s t úr bi os ment ai s .
Faz er um di agnós t i c o v al endo- s e do DSM- I I I - R é um pouc o c omo es c ol her
um j ant ar num c ar dápi o c hi nês . Par a s er di agnos t i c ado c omo por t ador de um
" epi s ódi o depr es s i v o gr av e" v oc ê pr ec i s a apr es ent ar c i nc o dos nov e s i nt omas
s egui nt es :
1. Âni mo depr i mi do
2. Per da de i nt er es s e pel as at i v i dades habi t uai s
3. Per da de apet i t e
4. I ns ôni a
5. Ret ar dament o ps i c omot or ( mor os i dade)
6. Per da de ener gi a
7. Sent i ment os de i nut i l i dade e de c ul pa
8. Di mi nui ç ão da c apac i dade de r ac i oc í ni o e di f i c ul dade de c onc ent r aç ão
9. Pens ament o ou aç ão s ui c i da
Sophi e er a um bom ex empl o de al guém s of r endo um epi s ódi o depr es s i v o
gr av e. El a r euni a s ei s dos nov e s i nt omas , f al t ando s oment e pens ament os
s ui c i das , r et ar dament o ps i c omot or e i ns ôni a.

106

Quando c ons ul t amos a l i s t a dos s i nt omas do DSM- I I I - R e a apl i c amos às


pes s oas e aos ani mai s que t i nham s i do s uj ei t os dos ex per i ment os de des ampar o
apr endi do, v er i f i c amos que os gr upos aos quai s t i nha s i do per mi t i do c ont r ol e
dos ev ent os não apr es ent av am nenhum dos nov e s i nt omas c r í t i c os , mas os
gr upos aos quai s não t i nha s i do per mi t i do c ont r ol ar es s es mes mos ev ent os
r euni a nada menos do que oi t o dos nov e s i nt omas - doi s a mai s do que
Sophi e, gr av ement e depr i mi da, ac us ar a.
1. Pes s oas ex pos t as a r uí dos dos quai s não podi am es c apar ou às quai s
f or am s ubmet i dos pr obl emas i ns ol úv ei s r ev el ar am que s e s ent i r am
domi nadas por um âni mo depr es s i v o.
2. Ani mai s que r ec eber am c hoques i nev i t áv ei s per t der am o i nt er es s e por
s uas
at i v i dades habi t uai s . Dei x ar am de c ompet i r ent r e s i , de r eagi r quando
at ac ados ou de pr ot eger as c r i as .
3. Ani mai s que s of r er am c hoques i nev i t áv ei s per der am o apet i t e. Comi am
menos , bebi am menos água ( e mai s ál c ool quando l hes er a of er ec i do)
e per der am pes o. Des i nt er es s ar am- s e em c opul ar .
4. Ani mai s des ampar ados t i v er am i ns ôni a, pas s ando a ac or dar
f r eqüent ement e ant es da hor a, c omo ac ont ec e c om as pes s oas depr i mi das .
5. e 6. As pes s oas e os ani mai s des ampar ados mani f es t ar am r et ar dament o
ps i c omot or e per da de ener gi a. Não t ent ar am es c apar dos c hoques , obt er
c omi da ou r es ol v er os pr obl emas . Não r eagi r am quando at ac ados ou
of endi dos . Des i s t i r am r api dament e de nov as t ar ef as . Não ex pl or av am
nov os ambi ent es .
7. Pes s oas des ampar adas at r i bui r am s eu f r ac as s o de r es ol v er os pr obl emas
à s ua f al t a de habi l i dade e i nut i l i dade. Quant o mai s depr i mi das f i c av am,
mai s s e ac ent uav a es s e as pec t o do s eu es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a.
8. Pes s oas e ani mai s depr i mi dos não r ac i oc i nav am mui t o bem e
mos t r av am- s e des at ent os . Ti nham enor me di f i c ul dade em apr ender qual quer c oi s a
nov a e não pr es t av am at enç ão às " dei x as " dec i s i v as que i ndi c av am
r ec ompens a ou s egur anç a.

O úni c o s i nt oma que não r egi s t r amos f oi o pens ament o e aç ão s ui c i da, e i s s o


s e dev e pr ov av el ment e aos i ns uc es s os de l abor at ór i o t er em s i do mí ni mos : ou
s ej a, a i nc apac i dade de des l i gar o r uí do ou r es ol v er os anagr amas .

107

Pági na 60
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Por t ant o, a adequaç ão do model o ao f enômeno da v i da r eal f oi
ex t r aor di nar i ament e pr óx i ma. O r uí do i nev i t áv el , os pr obl emas i ns ol úv ei s e os
c hoques
i nev i t áv ei s pr ov oc ar am oi t o dos nov e s i nt omas que c ont r i buem par a o
di agnós t i c o de uma depr es s ão gr av e.
A pr ec i s ão des s a adequaç ão i ns pi r ou os pes qui s ador es a t es t ar a t eor i a
de
out r a manei r a. Cer t os medi c ament os c ons eguem el i mi nar a depr es s ão nas
pes s oas ; os pes qui s ador es mi ni s t r ar am t odos el es a ani mai s des ampar ados . Mai s
uma v ez , os r es ul t ados f or am dr amát i c os : c ada um dos medi c ament os ant i -
depr es s i v os ( as s i m c omo a t er api a el et r oc onv ul s i v a) c ur ou o des ampar o
apr endi do em ani mai s . Pr ov av el ment e, c ons egui r am f az ê- l o aument ando a
quant i dade de neur ot r ans mi s s or es ex i s t ent es no c ér ebr o. Os i nv es t i gador es
t ambém des c obr i r am que os medi c ament os que não el i mi nam a depr es s ão em
pes s oas , c omo c af eí na, Val i um e as anf et ami nas , t ambém não el i mi nam o
des ampar o apr endi do.
A adequaç ão, por t ant o, par ec i a quas e per f ei t a. Nos s eus s i nt omas , o
des ampar o
apr endi do pr oduz i do em l abor at ór i o par ec i a quas e i dênt i c o à depr es s ão.
Ao obs er v ar mos agor a o s ur t o de depr es s ão, podí amos v ê- l o c omo uma
epi demi a de des ampar o apr endi do. Conhec í amos a c aus a do des ampar o
apr endi do, e podí amos apont á- l a c omo a c aus a de depr es s ão: a c onv i c ç ão de
que s uas aç ões s er ão i nát ei s . Es s a c r enç a f oi engendr ada pel a der r ot a e pel o
f r ac as s o, as s i m c omo por s i t uaç ões i nc ont r ol áv ei s . A depr es s ão podi a s er c aus ada
por der r ot a, f r ac as s o ou per da e a c onv i c ç ão dec or r ent e de que quai s quer aç ões
empr eendi das s er ão i nút ei s .
Ac ho que es s a c r enç a abr i ga- s e no âmago de nos s a epi demi a nac i onal de
depr es s ão. O eu moder no t al v ez s ej a mai s s us c et í v el ao des ampar o apr endi do.
a uma c r es c ent e c onv i c ç ão de que ni o adi ant a f az er nada. Ac r edi t o que s ei por
que, e abor dar ei a ques t ão no c apí t ul o f i nal .
Tudo i s s o s oa mui t o s ombr i o. Todav i a, ex i s t e um l ado es per anç os o, e é aí
que o es t i l o ex pl i c at i v o t or na- s e i mpor t ant e.

108

Capí t ul o 5

Como Voc ê Pens a,


Como Voc ê Sent e

SE SOPHI E TI VESSE SOFRI DO DE DEPRESSÃO HÁ 20 ANOS, NÃO TERI A TI DO


s or t e. Ter i a t i do que es per ar que a depr es s ão s egui s s e s eu c ur s o nat ur al -
mes es , t al v ez at é um ano ou mai s . Ent r et ant o, c omo f i c ou depr i mi da na
úl t i ma déc ada, s uas c hanc es s e t or nar am mui t o mel hor es , poi s nos úl t i mos 10
anos f oi aper f ei ç oado um t r at ament o que age de f or ma r ápi da e ef i c az . Os s eus
des c obr i dor es f or am um ps i c ól ogo, Al ber t El l i s , e um ps i qui at r a, Aar on T.
Bec k . Quando a hi s t ór i a da moder na ps i c ot er api a f or es c r i t a, c r ei o que os
nomes del es c ons t ar ão de uma pequena l i s t a ao l ado de Fr eud e J ung. J unt os ,
ac abar am c om o mi s t ér i o que c er c av a a depr es s ão. Mos t r ar am que el a er a
mui t o mai s s i mpl es e mai s c ur áv el do que s e s upunha.
Ant es de El l i s e Bec k t ec er em s uas t eor i as , af i r mav a- s e dogmat i c ament e
que
t odas as f or mas de depr es s ão er am di s t úr bi os maní ac o- depr es s i v os . Hav i a duas
t eor i as ant agôni c as s obr e as doenç as maní ac o- depr es s i v as : a es c ol a bi omédi c a
s us t ent av a que er a uma doenç a do c or po; em c ont r apos i ç ão, a de Fr eud di z i a
que a depr es s ão er a o ódi o v ol t ado c ont r a o ego. I nc or por ando s ubmi s s ament e
es s e c ont r a- s ens o i ns i di os o ao t r at ament o de s eus pac i ent es , os f r eudi anos
i nduz i am os depr es s i v os a ex t er i or i z ar t odas as s uas emoç ões - o que r es ul t av a
f r eqüent ement e no aument o da depr es s ão e at é mes mo dos c as os de s ui c í di o.
El l i s er a um após t ol o mui t o di f er ent e da t eor i a de ex t er i or i z ar t udo.
Pági na 61
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Depoi s
de obt er o di pl oma de Ph. D. na Uni v er s i dade de Col úmbi a, em 1947, El l i s

109

as s umi u uma pr át i c a pr i v ada de ps i c ot er api a, es pec i al i z ando- s e na t er api a do


r el ac i onament o c onj ugal e de f amí l i a. Es t i mul ado t al v ez pel as r ev el aç ões de
s eus pac i ent es , l ogo l anç ou o que s e t or nar i a uma c ampanha pel a v i da t oda
c ont r a a r epr es s ão s ex ual . Começ ou es c r ev endo um l i v r o at r ás do out r o c om
t í t ul os c omo: I f Thi s Be Sex ual Her es y [ Se i s s o f or her es i a s ex ual ] , The Cas e
f or
Sex ual Li ber t y [ O c as o da l i ber dade s ex ual ] e The Ci v i l i z ed Coupl e' s
Gui de t o
Ex t r amar i t al Adv ent ur e [ Gui a do c as al c i v i l i z ado par a a av ent ur a ex t r ac onj ugal ] .
E
Mui t o nat ur al ment e, El l i s t or nou- s e um membr o de c ar t ei r i nha da ger aç ão
Ker ouac , aj udando a dar embas ament o c i ent í f i c o. Tr av ei c onhec i ment o c om
o s eu t r abal ho no i ní c i o dos anos 60 quando, c omo s egunda ni s t a de Pr i nc et on,
aj udei a or gani z ar um pr ogr ama es t udant i l s obr e s ex ual i dade. El l i s , c onv i dado
a f az er uma pal es t r a, pr opôs o t ema " Mas t ur be- s e Agor a" . O pr es i dent e de
Pr i nc et on, c onhec i do por s ua pr ov er bi al i mpar c i al i dade, dev e t er ac hado que
el e ex ager ar a e pr ov i denc i ou par a que f os s e des c onv i dado.
Mui t os c ol egas c ons i der av am El l i s um embar aç o, mas hav i a quem
r ec onhec es s e que el e er a dot ado de ex t r aor di nár i o s ens o c l í ni c o. Quando s eus
pac i ent es f al av am, el e ouv i a c om at enç ão e medi t av a pr of unda e
i c onoc l as t i c ament e. Por v ol t a dos anos 1970, el e t r ans f er i u s eu c ar i s ma e s ua
obj et i v i dade par a o c ampo da depr es s ão, uma ár ea c er c ada de t ant o
pr ec onc ei t o e c onc epç ões er r ôneas quant o a s ex ual i dade. A depr es s ão nunc a
mai s f oi a mes ma.
El l i s mos t r ou- s e t ão audac i os o no s eu nov o c ampo quant o t i nha s i do no
ant i go. Magr o e angul os o, s empr e em mov i ment o, el e mai s par ec i a um
v endedor ( mui t o ef i c i ent e) de as pi r ador es de pó. Com os pac i ent es , i ns i s t i a
i nc ans av el ment e at é c onv enc ê- l os a s e l i v r ar em de c onc epç ões i r r ac i onai s que
s us t ent av am s uas depr es s ões . " O que v oc ê quer di z er c om ' Não pos s o v i v er
s em amor ?' " , i nt er pel av a. " Bobagem. O amor ac ont ec e r ar ament e na v i da, e s e
pr et ende pas s ar os s eus di as l ament ando uma f al t a c omum a t ant a gent e, v oc ê
mes mo es t á pr ov oc ando s ua depr es s ão. Es t á v i v endo s ob uma t i r ani a, de
c ondi c i onai s . Des c ondi c i one- s e. "
El l i s ac r edi t av a que o que os out r os r ot ul av am de c onf l i t o neur ót i c o
pr of undo er a apenas uma manei r a er r ada de pens ar - um c ompor t ament o
i di ot a por par t e de pes s oas que não s ão i di ot as " , di z i a el e - e, c om uma
el oqüênc i a al t i s s onant e, pr opagandí s t í c a ( el e s e i nt i t ul av a
c ont r apr opagandi s t a) ,
ex i gi a que s eus pac i ent es dei x as s em de pens ar er r ado e pas s as s em a pens ar

110

Sur pr eendent ement e, a mai or i a de s eus pac i ent es mel hor av am. El l i s pôs
por t er r a a c r enç a i nf undada de que as doenç as ment ai s c ons t i t uem um
f enômeno ex t r emament e c ompl i c ado, at é mes mo um f enômeno mi s t er i os o,
que s ó s e c ur a quando c onf l i t os pr of undos do i nc ons c i ent e s ão t r az i dos à l uz ,
ou quando uma doenç a ment al é t r at ada. No mundo c ompl ex o da ps i c ol ogi a,
es s e enf oque des poj ado f oi t i do c omo r ev ol uc i onár i o.
Ent r ement es , Bec k , um ps i qui at r a f r eudi ano c om not áv ei s dot es c l í ni c os ,
t ambém enf r ent av a di f i c ul dades c om a c onc epç ão or t odox a. Bec k e El l i s não
podi am s er mai s di f er ent es um do out r o. O es t i l o de El l i s er a t r ot s k i s t a e o de
Bec k , s oc r át i c o. Um homem ami s t os o, s i mpl es , c om uma c ar a de quer ubi m e
o j ei t o de médi c o do i nt er i or , Bec k t r ans mi t i a amabi l i dade e ar r ai gado bom
s ens o. Dout r i nar c l i ent es não er a s eu es t i l o. Ouv i a c om a mai or at enç ão,
i nt er r ogav a c om del i c adez a e per s uadi a c om s ut i l ez a.
As s i m c omo El l i s , Bec k s ent i a- s e pr of undament e f r us t r ado na déc ada de
60 c om o es t r angul ament o pr ov oc ado pel os c onc ei t os f r eudi ano e bi omédi c o
s obr e o t r at ament o da depr es s ão. Depoi s de s eus es t udos médi c os em Yal e,
pas s ou al guns anos c omo anal i s t a c onv enc i onal , es per ando que a f i gur a s ol i t ár i a
Pági na 62
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
no di v ã f or nec es s e al gum dado es c l ar ec edor s obr e s ua depr es s ão: c omo v i nha
c onv er gi ndo s eu ódi o s obr e s i mes mo em v ez de ex pr es s á- l o e c omo a depr es s ão
t i nha s e or i gi nado. A es per a de Bec k r ar ament e er a r ec ompens ada. El e t ent ou
ent ão t r at ar a depr es s ão em gr upos , es t i mul ando os pac i ent es a ex t er nar s eu
ódi o e s ua t r i s t ez a em v ez de i nt er i or i z á- l os . Foi pi or a emenda do que o
s onet o.
Os depr i mi dos des manc hav am- s e di ant e de s eus ol hos , e el e t i nha di f i c ul dade
em r ec ompô- l os .
Em 1966, quando c onhec i Ti m Bec k ( s eu nome do mei o é Temk i n e os
ami gos o c hamam de Ti m) , el e es t av a es c r ev endo s eu pr i mei r o l i v r o s obr e
depr es s ão. Seu bom s ens o pr ev al ec er a. Dec i di r a que s e l i mi t ar i a a des c r ev er o
que uma pes s oa depr i mi da pens a c ons c i ent ement e e dei x ar que out r os
t eor i z as s em s obr e a or i gem des s es pens ament os . Os depr i mi dos pens am c oi s as
hor r í v ei s s obr e s i mes mos e s obr e o f ut ur o. Ti m c hegav a a c onj et ur ar que
t al v ez a depr es s ão não f os s e out r a c oi s a. Quem s abe s e o que par ec e s er um
s i nt oma da depr es s ão - o pens ament o negat i v o - s ej a a doenç a. A depr es s ão,
ar gument av a c or aj os ament e, não é nem di s f unç ão quí mi c a do c ér ebr o nem
ódi o i nt r oj et ado. É um di s t úr bi o do pens ament o c ons c i ent e.

111

Com es s e br ado de guer r a, Ti m i nv es t i u c ont r a os f t eudi anos . " A pes s oa


af et ada" , es c r ev eu el e, " é l ev ada a ac r edi t ar que não t em c ondi ç ões de
aj udar - s e a s i mes ma, por c ont a pr ópr i a, que é i mpr es c i ndí v el pr oc ur ar a
or i ent aç ão
de um t er apeut a pr of i s s i onal quando s e s ent e depr i mi da em dec or r ênc i a dos
pr obl emas do di a- a- di a. A c onf i anç a que depos i t av a nas t éc ni c as " óbv i as " que
s e ac os t umou a ut i l i z ar par a r es ol v er s eus pr obl emas f or am abal adas ao ac ei t ar
o pr ec ei t o de que os di s t úr bi os emoc i onai s der i v am de f or ç as i nc ompr eens í v ei s
par a el e. Não pode pr et ender ent ender a s i mes mo v al endo- s e de s eus pr ópr i os
es f or ç os , uma v ez que pas s a a c ons i der ar s uas c onv i c ç ões v az i as , i nc ons i s t ent es .
Depr ec i ando a i mpor t ânc i a do bom s ens o, es s a i ndout r i naç ão s ut i l i ni be a
a pes s oa de us ar s eu pr ópr i o j ul gament o par a anal i s ar e r es ol v er s eus pr obl emas .
Ti m gos t av a de c i t ar um af or i s mo do gr ande mat emát i c o e f i l ós of o Al f r ed
Nor t h Whi t ehead: " A c i ênc i a es t á enr ai z ada ( . . . ) no bom s ens o. El e é o dado
bás i c o do qual el a emer ge, e ao qual pr ec i s a r ec or r er ( . . . ) Voc ê pode pol i r o
bom s ens o, c ont r adi z ê- l o no det al he, s ur pr eendê- l o. Mas , ao f i m e ao c abo,
t oda a s ua t ar ef a c ons i s t e em s at i s f az ê- l o. "
Um dos pai s des s a r ev ol uç ão na ps i c ol ogi a, hoj e t ambém s ept uagenár i o,
f oi J os eph Wol pe. Ps i qui at r a na Áf r i c a do Sul e c ont es t ador nat o ( s eu pr ópr i o
i r mão, l í der c omuni s t a s ul - af r i c ano, f oi pr oc es s ado e c ondenado) , Wol pe
di s pôs - s e a c onf r ont ar o es t abel ec i ment o ps i c anal í t i c o. Na Áf r i c a do Sul , i s s o
er a
quas e a mes ma c oi s a do que s e opor ao apar t hei d, t al o domí ni o da ps i c anál i s e
s obr e a pr of i s s ão. Nos anos 50, Wol pe s ur pr eendeu o mundo t er apêut i c o e
enf ur ec eu s eus c ol egas , ao des c obr i r uma c ur a s i mpl es par a as f obi as . O
es t abel ec i ment o ps i c anal í t i c o s us t ent av a que uma f obi a - medo i r r ac i onal e
i nt ens o de c er t os obj et os e ani mai s , c omo os gat os - er a apenas uma
mani f es t aç ão s uper f i c i al de um di s t úr bi o mai s pr of undo e s ubj ac ent e. A f ont e da
f obi a, di z i a- s e, er a o medo enc ober t o de que s eu pai o c as t r as s e em r epr es ál i a
ao des ej o que v oc ê nut r i a por s ua mãe. ( Não é s uger i do um mec ani s mo
al t er nat i v o par a as mul her es . Es t r anhament e, os f r eudi anos nunc a der am mui t a
at enç ão ao f at o da es magador a mai or i a das pes s oas por t ador as de f obi as s er em
mul her es , e, por t ant o, não t er em a c onf i gur aç ão geni t al r equer i da por s ua
t eor i a. ) Os t eór i c os bi omédi c os , em c ont r apar t i da, af i r mav am que, por t r ás
do pr obl ema, dev i a hav er al guma di s f unç ão quí mi c a c er ebr al ai nda não
des c ober t a. ( Ai nda hoj e, 40 anos depoi s , es s a di s f unç ão per manec e
des c onhec i da. ) Ambos os gr upos er am de opi ni ão que t r at ar apenas do medo

112

de gat os do pac i ent e adi ant ar i a t ant o quant o di s f ar ç ar as mar c as de s ar ampo


c om r uge.
Wol pe, ent r et ant o, ar gument av a que o medo i r r ac i onal de al guma c oi s a
Pági na 63
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
não é apenas um s i nt oma de f obi a; é a pr ópr i a f obi a. Se o medo pudes s e s er
r emov i do ( e podi a, at r av és de v ár i os pr oc es s os de ex t i nç ão pav l ov i anos bas eados
em puni ç ão e r ec ompens a) , i s s o el i mi nar i a a f obi a. Se v oc ê pudes s e s e l i v r ar do
s eu medo de gat os , o pr obl ema es t ar i a r es ol v i do. Segundo os t eór i c os
ps i c anal í t i c os e bi omédi c os , a f obi a não; es t a r eapar ec er i a de uma f or ma ou de
out r a. Wol pe e s eus s egui dor es , que s e aut o- i nt i t ul av am t er apeut as
behav i or i s t as ,
c ur av am medos r ot i nei r ament e em um ou doi s mes es , e as f obi as não
r eapar ec i am s ob qual quer f or ma.
Por es s a i mper t i nênc i a - r ev el ar que não hav i a nada de par t i c ul ar ment e
c ompl ex o s obr e os di s t úr bi os ps i qui át r i c os - , a v i da de Wol pe na Af r i c a do
Sul t or nou- s e i ns upor t av el ment e des agr adáv el . Res ol v eu ex i l ar - s e, i ndo
pr i mei r ament e par a o Hos pi t al Mauds l ey , em Londr es , depoi s , par a a
Uni v er s i dade de Vi r gí ni a, e, f i nal ment e, par a a Uni v er s i dade Templ e, na
Fi l adél f i a, onde c ont i nuou a apl i c ar s ua t er api a c ompor t ament al em doenç as
ment ai s . Ex al t ado e t ei mos o, br i gou c om mei o mundo. Quando s eus s egui dor es
des v i av am- s e, por pouc o que f os s e, de s uas i déi as , el e i medi at ament e os
af as t av a.
Se es s a f ac et a do s eu c ar át er l embr av a a or t odox i a ps i c anal í t i c a de que el e
pr ópr i o s of r er a as c ons eqüênc i as , denot av a, s ob out r o pr i s ma, c or agem.
No f i nal da déc ada de 1960, a Fi l adél f i a es t av a s e t or nando a At enas da
nov a ps i c ol ogi a. J os eph Wol pe br i l hav a na Uni v er s i dade Templ e, e Ti m Bec k ,
na Uni v er s i dade da Pens i l v âni a, r euni a um númer o c ada v ez mai or de adept os .
Tr anqüi l ament e, c hegou à mes ma c onc l us ão s obr e depr es s ão a que Wol pe
c hegar a s obr e f obi a. A depr es s ão nada mai s é do que os s eus s i nt omas . É
c aus ada por pens ament os c ons c i ent es negat i v os . Não ex i s t em di s t úr bi os
s ubj ac ent es a s er em er r adi c ados : c onf l i t os de i nf ânc i a não r es ol v i dos , nos s o
ódi o i nc ons c i ent e nem mes mo nos s a quí mi c a c er ebr al . A emoç ão der i v a
di r et ament e do que pens amos : pens e " Es t ou em per i go" e s ent i r á ans i edade.
Pens e " Es t ão des r es pei t ando os meus di r ei t os " e s ent i r á r ai v a. Pens e numa
per da e s ent i r á t r i s t ez a.
Ader i i medi at ament e à nov a c or r ent e de pens ament o, ac r edi t ando que o
mes mo pr oc es s o - o pens ament o c ons c i ent e des v i r t uado - poder i a es t ar
at uant e t ant o no des ampar o apr endi do quant o na depr es s ão. Ti nha i do l ec i onar

113

na Uni v er s i dade de Cor nel i em 1967, l ogo depoi s de r ec eber meu di pl oma na
Uni v er s i dade da Pens i l v âni a. Em 1969, Ti m c onv i dou- me a v ol t ar par a
a Uni v er s i dade da Pens i l v âni a e pas s ar um ou doi s anos c om el e, a f i m de
apr ender s eu nov o mét odo s obr e a depr es s ão. Ac ei t ei pr az er os ament e o c onv i t e
e me v i l i gado a um gr upo que des env ol v i a c om ent us i as mo um nov o t i po de
t er api a par a a depr es s ão.
Nos s o r ac i oc í ni o er a di r et o. A depr es s ão r es ul t a de t oda uma v i da de
hábi t os
de pens ament o c ons c i ent e. Se mudar mos es s es hábi t os de pens ament o,
c ons egui r emos c ur ar a depr es s ão. Vamos at ac ar f r ont al ment e o pens ament o
c ons c i ent e, dec i di mos , us ando t udo o que s abemos par a modi f i c ar a manei r a
c omo os nos s os pac i ent es pens am s obr e os ac ont ec i ment os adv er s os . Sur gi u
daí o nov o mét odo, que Bec k denomi nou de t er api a c ogni t i v a. El a pr oc ur a
mudar a manei r a c omo os pac i ent es depr i mi dos pens am s obr e f r ac as s o, der r ot a,
per da e des ampar o. O Nat i onal I ns t i t ut e Ment al Heal t h gas t ou mi l har es de
dól ar es em t es t es par a s e c er t i f i c ar de que a t er api a de f at o f unc i ona nos c as os
de depr es s ão. Func i ona.

A MANEI RA COMO VOCÊ PENSA SOBRE SEUS PROBLEMAS, I NCLUSI VE A


PRópr i a depr es s ão, al i v i ar á a depr es s ão ou a agr av ar á. Um i ns uc es s o ou uma
der r ot a pode l he dar a c ons c i ênc i a de que es t á des ampar ado, mas o des ampar o
apr endi do pr oduz i r á apenas s i nt omas moment âneos de depr es s ão - a não s er
que v oc ê t enha um es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a. Se f or o c as o, ent ão o
i ns uc es s o
e a der r ot a poder ão pr ec i pi t á- l o na mai s pr of unda depr es s ão. Ent r et ant o, s e o
s eu es t i l o ex pl i c at i v o f or ot i mi s t a, s ua depr es s ão poder á s er s us t ada.
As mul her es s ão duas v ez es mai s s us c et í v ei s a depr es s ão do que os homens
por que ger al ment e pens am s obr e os pr obl emas de manei r as que ampl i am a
depr es s ão. Os homens t endem a agi r em v ez de r ef l et i r , enquant o as mul her es
Pági na 64
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
t endem a c ont empl ar a depr es s ão, medi t ando s obr e el a, t ent ando anal i s á- l a e
det er mi nar s ua or i gem. Os ps i c ól ogos c hamam es s e pr oc es s o obs es s i v o de anál i s e
de r umi na ç i o. Os ani mai s r umi nant es , c omo v ac as , ov el has e c abr as , mas t i gam
i nt er mi nav el ment e o bol o al i ment ar c ompos t o de c omi da r egur gi t ada, di ger i da
em par t e - i magem não mui t o at r aent e em r el aç ão aos pens ament os das
pes s oas que r umi nam, mas i negav el ment e mui t o apr opr i ada. Rumi naç ão
c ombi nada c om es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a é uma r ec ei t a i nf al í v el par a
depr es s ão aguda.

114

E aqui t er mi nam as más not í c i as . Quant o às boas , c abe di z er , em pr i mei r o


l ugar , que t ant o o es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a quant o o hábi t o de r umi nar
podem s er mudados , e mudados per manent ement e. A t er api a c ogni t i v a pode
c r i ar um es t i l o ex pl i c at i v o ot i mi s t a e r eduz i r a r umi naç ão. El a i mpede a
r ei nc i dênc i a de depr es s ões ens i nando as t éc ni c as nec es s ár i as par a r eagi r à
der r ot a.
Voc ê v er á c omo el a age c om out r as pes s oas , e depoi s apr ender á a us ar es s as
t éc ni c as em s i mes mo.

Des ampar o Apr endi do e Es t i l o Ex pl i c at i v o


Nós TODOS NOS SENTI MOS MOMENTANEAMENTE DESAMPARADOS QUANDO

f r ac as s amos . A s ens aç ão ps i c ol ógi c a é de abat i ment o. Fi c amos t r i s t es , o f ut ur o


mos t r a- s e s i ni s t r o, qual quer es f or ç o par ec e ex t r emament e di f í c i l . Al gumas
pes s oas r ec uper am- s e quas e que i ns t ant aneament e; t odos os s i nt omas do
des ampar o di s s i pam- s e em ques t ão de hor as . Out r as , ent r et ant o, f i c am apát i c as
dur ant e s emanas , e s e o i ns uc es s o f or de c er t a i mpor t ânc i a, per manec em nes s e
es t ado de abandono dur ant e mes es e at é mai s t empo.
Es s a é a di f er enç a c r í t i c a ent r e um br ev e per í odo de pr os t r aç ão e um
epi s ódi o de depr es s ão. Como v oc ê s e r ec or da, oi t o de um t ot al de nov e s i nt omas
do
DSM- I I I - R, " o c ar dápi o c hi nês " ( des c r i t o no Capí t ul o 4) , s ão pr oduz i dos por
des ampar o apr endi do. É pr ec i s o que v oc ê apr es ent e c i nc o dos nov e s i nt omas
par a s er di agnos t i c ado c omo por t ador de um epi s ódi o depr es s i v o gr av e. É
pr ec i s o, c ont udo, mai s um f at or : os s i nt omas não podem s er moment âneos ;
t êm que dur ar pel o menos duas s emanas .
A di f er enç a ent r e pes s oas c uj o des ampar o apr endi do des apar ec e c om
r api dez
e aquel as que s of r em os s eus s i nt omas dur ant e duas s emanas ou mai s é
ger al ment e s i mpl es : as que f az em par t e do s egundo gr upo t êm um es t i l o
ex pl i c at i v o
pes s i mi s t a, e um es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a é c apaz de t r ans f or mar um
des ampar o apr endi do br ev e e l oc al i z ado numa mani f es t aç ão demor ada e
gener al i z ada. O des ampar o apr endi do t or na- s e um c as o gr av e de depr es s ão
quando a pes s oa que f r ac as s ou é pes s i mi s t a. Com os ot i mi s t as , um i ns uc es s o
pr ov oc a apenas um des âni mo pas s agei r o.
A c hav e des s e pr oc es s o é a es per anç a ou o des ampar o. O es t i l o
ex pl i c at i v o
pes s i mi s t a, v oc ê s e l embr a, c ons i s t e de c er t os t i pos de ex pl i c aç ões par a os maus

115

ac ont ec i ment os : pes s oai s ( " A c ul pa é mi nha" ) , per manent es ( " Vai s er s empr e
as s i m" ) e abr angent es ( " Vai mi nar t odos os demai s as pec t os de mi nha v i da" ) .
Se v oc ê ex pl i c ar um i ns uc es s o de manei r a per manent e e abr angent e, es t ar á
pr oj et ando par a o f ut ur o s eu i ns uc es s o pr es ent e e par a t odas as nov as s i t uaç ões .
Por ex empl o, s e f or r ej ei t ado por al guém a quem ama, poder á di z er a s i
mes mo: " As mul her es [ os homens ] me odei am" ( uma ex pl i c aç ão abr angent e)
e " Nunc a enc ont r ar ei al guém" ( uma ex pl i c aç ão per manent e) . Ambos os
f at or es , per manênc i a e abr angênc i a, c r i am em v oc ê a ex pec t at i v a de que
s empr e s er á r ej ei t ado - que não apenas o at ual amant e mas t odos o r ej ei t ar ão.
Pági na 65
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Ex pl i c ando as dec epç ões amor os as des s a manei r a a s i mes mo, s ua bus c a do
amor s ó poder á s e t or nar c ada v ez mai s di f í c i l . Se, al ém di s s o, ac r edi t ar que
a c aus a é pes s oal ( " Ni nguém pode gos t ar de mi m" ) , s ua aut o- es t i ma t ambém
s er á af et ada.
J unt e t udo i s s o e v er á que há uma manei r a de pens ar par t i c ul ar ment e
aut odepr ec i at i v a: ex pl i c ar os maus ac ont ec i ment os de um pont o de v i s t a pes s oal ,
per manent e e abr angent e. As pes s oas que t êm es s e es t i l o ex pl i c at i v o, o mai s
pes s i mi s t a de t odos , apr es ent am, quando s ão mal s uc edi das , s i nt omas de
des ampar o apr endi do dur ant e mui t o t empo e em mui t as de s uas i ni c i at i v as ,
al ém de per der em a aut o- es t i ma. Um des ampar o apr endi do t ão pr ol ongado
r es ul t a i nev i t av el ment e em depr es s ão. O pr ognós t i c o c ent r al da mi nha t eor i a
é as s i m enunc i ado: as pes s oas que t êm es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a e s of r em
adv er s i dades pr ov av el ment e f i c ar ão depr i mi das , ao pas s o que as pes s oas que
t êm um es t i l o ex pl i c at i v o ot i mi s t a e s of r em as mes mas adv er s i dades t endem a
r es i s t i r à depr es s ão.
Se as s i m é, ent ão o pes s i mi s mo é um f at or de r i s c o par a a depr es s ão na
mes ma medi da em que f umar é um f at or de r i s c o par a o c ânc er do pul mão, ou
s er um homem agr es s i v o, que ex i ge demai s de s i mes mo, é um f at or de r i s c o
par a um at aque c ar dí ac o.

O Pes s i mi s mo Caus a Depr es s ão?


PASSEI BOA PARTE DOS ÚLTI MOS 10 ANOS TESTANDO ESSA POSSI BI LI DADE.
A pr i mei r a c oi s a que o gr upo da Uni v er s i dade da Pens i l v âni a f ez f oi a mai s
s i mpl es . Di s t r i buí mos mi l har es de ex empl ar es do ques t i onár i o s obr e o es t i l o

116

ex pl i c at i v o a pes s oas c om t odos os t i pos e gr aus de depr es s ão. Ver i f i c amos


c ons i s t ent ement e que as pes s oas depr i mi das t ambém s ão pes s i mi s t as . Es s a
des c ober t a f oi t ão c ons i s t ent e e r epet i u- s e c om t ant a f r eqüênc i a que, de
ac or do c om uma es t i mat i v a, s er i am nec es s ár i os 10 mi l es t udos negat i v os par a
c ol oc á- l a em dúv i da.
I s s o não pr ov a, ent r et ant o, que o pes s i mi s mo c aus a depr es s ão, apenas
que as pes s oas depr i mi das s ão pes s i mi s t as ao mes mo t empo em que s ão
depr i mi das . Voc ê enc ont r ar i a es s a mes ma c oi nc i dênc i a de pes s i mi s mo e
depr es s ão s e ( par a i nv er t er as c oi s as ) f os s e a depr es s ão que c aus as s e o
pes s i mi s mo, ou s e out r o f at or ( c omo a quí mi c a c er ebr al ) c aus as s e ambas as
c oi s as .
Fi nal ment e, par t e da manei r a c omo di agnos t i c amos a depr es s ão é ouv i ndo o
que as pes s oas depr i mi das di z em. Se um pac i ent e di z que é um i nút i l , es s a
ex pl i c aç ão pes s i mi s t a é par t e do mot i v o por que o di agnos t i c amos c omo
depr i mi do. Por t ant o, a as s oc i aç ão ent r e o es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a e a
depr es s ão podi a s i mpl es ment e s er c i r c ul ar .
Par a demons t r ar que o pes s i mi s mo c aus a depr es s ão, pr ec i s ar í amos
s el ec i onar
um gr upo de pes s oas não depr i mi das e mos t r ar , depoi s de uma c at ás t r of e, que
as pes s i mi s t as t or nar am- s e depr i mi das mai s f ac i l ment e do que as ot i mi s t as . O
ex per i ment o i deal s er i a qual quer c oi s a na s egui nt e l i nha: t es t ar os s i nt omas de
depr es s ão e o es t i l o ex pl i c at i v o dos habi t ant es de uma c i dadez i nha do del t a do
Mi s s i s s í pi e es per ar que t er mi nas s e um f ur ac ão. Depoi s de o f ur ac ão t er pas s ado,
i r í amos c hec ar quem t i nha s e dei x ado f i c ar pr os t r ado na l ama e quem t i nha s e
l ev ant ado e r ec ons t r uí do a c i dade. Hav i a r az ões de or dem ét i c a que i mpedi am
a r eal i z aç ão de uma ex per i ênc i a des s a nat ur ez a. Ti v emos , por c ons egui nt e, de
des c obr i r out r as manei r as de t es t ar a c or r ent e c aus al .
Uma de mi nhas al unas mai s br i l hant es , Amy Semmel , c ur s ando ent ão o
s egundo ano, r es ol v eu o di l ema apont ando des as t r es nat ur ai s que nos at i ngi am
mui t o mai s de per t o - mi nhas pr ópr i as t ur mas - duas v ez es por s emes t r e.
Ex ames . Quando mi nhas t ur mas c omeç ar am, em s et embr o, t es t amos os
s i nt omas de depr es s ão e o es t i l o ex pl i c at i v o de t odos os al unos . Em out ubr o,
ao s e apr ox i mar a met ade do per í odo, per gunt amos a t odos el es o que
c l as s i f i c ar i am c omo um " f r ac as s o" . Em médi a, di s s er am que t i r ar uma not a
B + c ons t i t ui r i a um f r ac as s o. ( Por aí s e v ê o gabar i t o da t ur ma. ) I s s o er a ót i mo
par a o ex per i ment o, uma v ez que a not a médi a par a as mi nhas pr ov as é C.
Por t ant o, quas e t odos os meus al unos s er i am s uj ei t os do t es t e. Uma s emana
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

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depoi s , el es s e s ubmet er am às pr ov as da met ade do per í odo, e na s emana


s egui nt e r ec eber am as not as , j unt ament e c om um ex empl ar do I nv ent ár i o Bec k
de Depr es s ão.
Tr i nt a por c ent o dos al unos que ( de ac or do c om s ua pr ópr i a def i ni ç ão de
f r ac as s o) não obt i v er am médi a nas pr ov as f i c ar am mui t o depr i mi dos . E 30%
dos que s e mos t r ar am pes s i mi s t as em s et embr o t ambém f i c ar am. Mas 70% dos
que s e r ev el ar am pes s i mi s t as em s et embr o e não obt i v er am médi a nas pr ov as
f i c ar am depr i mi dos . As s i m, o c onf r ont o de pes s i mi s mo pr eex i s t ent e c om
i ns uc es s o é uma r ec ei t a par a depr es s ão gr av e. Na v er dade, os i nt egr ant es des s e
gr upo que der am as ex pl i c aç ões mai s per manent es e abr angent es par a o mal ogr o
f or am os que ai nda es t av am depr i mi dos quando f or am t es t ados nov ament e
em dez embr o.
Um c enár i o mui t o mai s aus t er o par a a r eal i z aç ão de um " ex per i ment o de
nat ur ez a" t ev e l ugar num pr es í di o. Medi mos o gr au de depr es s ão e o es t i l o
ex pl i c at i v o de pr i s i onei r os do s ex o mas c ul i no ant es e depoi s do enc ar c er ament o.
Quer í amos t ent ar pr ev er quem c or r i a mai s r i s c o de f i c ar depr i mi do, t endo em
v i s t a que a oc or r ênc i a de s ui c í di os c ons t i t ui um pr obl ema domi nant e nas
pr i s ões . Par a nos s a s ur pr es a, ni nguém mos t r ou- s e s er i ament e depr i mi do ao
ent r ar na pr i s ão. Par a nos s o es pant o, quas e t odos es t av am depr i mi dos ao
dei x a- l a.
Hav er á quem di ga que as pr i s ões es t ão c umpr i ndo s ua t ar ef a, mas a mi m me
par ec e que al go mai s pr of undament e c or r os i v o oc or r e dur ant e o
apr i s i onament o. De qual quer f or ma, mai s uma v ez pr ev i mos c or r et ament e os que s e
t or nar i am mai s depr i mi dos de t odos : os que er am pes s i mi s t as quando i ni c i ar am
a pena. I s s o s i gni f i c a que o pes s i mi s mo é s ol o f ér t i l no qual a depr es s ão
c r es c e,
pr i nc i pal ment e quando o ambi ent e é hos t i l .
Todas es s as c ons t at aç ões apont av am o pes s i mi s mo c omo uma c aus a de
depr es s ão. Sabí amos que podí amos es c ol her um gr upo de pes s oas nor mai s e
pr ev er , c om mui t a ant ec edênc i a, quem dent r e el as er a mai s pr opens a a s uc umbi r
à depr es s ão f r ent e a ac ont ec i ment os adv er s os .
Out r a manei r a de des c obr i r s e o pes s i mi s mo c aus a depr es s ão er a obs er v ar
um
gr upo de pes s oas at r av és do t empo, no c ur s o nat ur al de s uas v i das . Chama- s e a
i sso
r eal i z ar um es t udo l ongi t udi nal . Ac ompanhamos um gr upo de al unos ( 400) da
t er c ei r a s ér i e pr i már i a at é a s ex t a s ér i e, medi ndo s eu es t i l o ex pl i c at i v o, s ua
depr es s ão,
s eu des empenho es c ol ar e s ua popul ar i dade duas v ez es por ano. Ver i f i c amos que as
c r i anç as que t i nham i ni c i ado o c ur s o demons t r ando s er pes s i mi s t as er am as mai s

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s us c et í v ei s , dur ant e os quat r o anos , a s e t or nar em depr i mi das e as s i m


per manec er em.
As c r i anç as que c omeç ar am c om uma di s pos i ç ão ot i mi s t a mant i v er am- s e não-
depr i mi das ou, s e c hegas s em a f i c ar depr i mi das , r ec uper av am- s e r api dament e. Na
oc or r ênc i a de adv er s i dades mai s gr av es , c omo a s epar aç ão ou o di v ór c i o dos pai s ,
as pes s i mi s t as dei x av am- s e abat er mai s depr es s a. Também es t udamos j ov ens adul t os
e c ons t at amos a mes ma t endênc i a.
É v al i do c onc l ui r que es s es es t udos pr ov am r eal ment e que o pes s i mi s mo
c aus a
ou s oment e que o pes s i mi s mo pr ec ede a depr es s ão e a pr enunc i a? Ei s uma i ndagaç ão
par t i c ul ar ment e di aból i c a. Vamos admi t i r que as pes s oas t êm um gr ande
di s c er ni ment o s obr e a manei r a c omo r eagem aos maus ac ont ec i ment os . Al gumas
v i r am r epet i das v ez es c omo f i c am dev as t adas di ant e do i nf or t úni o. Out r as , as que
s e t or nar am ot i mi s t as , v i r am c omo s e r ec uper am pr ont ament e. Es s es doi s gr upos
t or nam- s e pes s i mi s t as ou ot i mi s t as por t er em t i do opor t uni dade de obs er v ar s uas
pr ópr i as r eaç ões aos des i gni os do des t i no. Sob es s e as pec t o, o pes s i mi s mo não é
uma c aus a mai s det er mi nant e da depr es s ão do que um v el oc í met r o mar c ando
100k m/ h que i ndi c a o aument o da v el oc i dade: o v el oc í met r o e o pes s i mi s mo
Pági na 67
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
ex pr i mem mer ament e es t ados s ubj ac ent es mai s bás i c os .
Só c onheç o um modo de r ef ut ar es s e ar gument o: es t ude a manei r a c omo
a t er api a f unc i ona.

Es t i l o Ex pl i c at i v o e Ter api a Cogni t i v a


TANYA PROCUROU TRATAMENTO QUANDO SEU CASAMENTO DETERI ORAVA
a c ada di a, t i nha t r ês f i l hos i nc ont r ol áv ei s par a c r i ar e at r av es s av a uma c r i s e
depr es s i v a mui t o gr av e. Conc or dou em par t i c i par de um es t udo de di f er ent es
mét odos de t r at ament o da depr es s ão, t endo- l he s i do pr es c r i t a uma t er api a
c ogni t i v a as s oc i ada c om medi c ament os ant i depr es s i v os . El a c ons ent i u que os
pes qui s ador es gr av as s em as s es s ões t er apêut i c as . Nas t r ans c r i ç ões que s e
s eguem, os t r ec hos gr i f ados enf at i z am os t i pos de ex pl i c aç ão que el a deu aos
s eus
pr obl emas . Ac r es c ent ar ei númer os a c ada t r ans c r i ç ão. Es s es númer os
r epr es ent am os es c or es de pes s i mi s mo que el a obt ev e ( r ef er ent es ao t es t e no
Capí t ul o 3) . El es v ão de 3 ( c ompl et ament e t empor ár i os , es pec í f i c os e ex t er nos ) a
21
( c ompl et ament e per manent es , abr angent es e per s onal i z ados ) . Cada di mens ão
i ndi v i dual é c odi f i c ada numa es c al a de 1 a 7, de manei r a que as t r ês di mens ões

119

s omadas v ar i am de 3 a 31. Os númer os na f ai x a de 3 a 8 s ão mui t o ot i mi s t as .


Os númer os ac i ma de 13 s ão mui t o pes s i mi s t as . 8

Tany a s ent i a- s e des gos t os a c ons i go mes ma por que " s empr e gr i t o c om
meus f i l hos e nunc a peç o des c ul pas " ( mai s per manent e do que abr angent e
e pes s oal : 17) .
El a não t i nha hobbi es por que " não s ou boa em nada" ( per manent e,
abr angent e e pes s oal : 21) .
Não t omav a s eus r emédi os ant i depr es s i v os " por que não me dou bem,
não s ou s uf i c i ent ement e f or t e" ( per manent e, abr angent e e pes s oal ; 15) .

As ex pl i c aç ões de Tany a er am uni f or mement e pes s i mi s t as . O que quer que


f os s e, s e r ui m, dur ar i a par a s empr e, des t r ui r i a t udo, e a c ul pa s er i a del a.
Como t odos os demai s do s eu gr upo, r ec ebeu 12 s emanas de t r at ament o,
Deu- s e mar av i l hos ament e. Num mas , s ua depr es s ão c omeç ou a s e di s s i par a ol hos
v i s t os , e no f i m do t r at ament o es t av a c ur ada. Cont udo, s ua v i da ex t er i or não
mel hor ou mui t o. Seu c as ament o c ont i nuav a a des mor onar . Seus f i l hos ai nda não
s e c ompor t av am c onv eni ent ement e no c ol égi o e em c as a. Ent r et ant o, el a enc ar av a
as c aus as dos pr obl emas de manei r a mui t o ot i mi s t a. Ei s c omo pas s ou a s e
ex pr es s ar ;

" Ti v e que i r à i gr ej a s oz i nha por que meu mar i do f oi mes qui nho e
r ec us ou- s e a i r " ( t empor ár i o, es pec í f i c o e ex t er no: 8) .
" Ti v e que andar mal v es t i dapor uns t empos por que er a pr ec i s o c ompr ar
os uni f or mes do c ol égi o das c r i anç as " ( bas t ant e t empor ár i o, es pec í f i c o e
ex t er no: 8) ,
" El e s ac ou t odo o di nhei r o da c ader net a de poupanç a e gas t ou c om el e.
Se eu t i v es s e uma ar ma, t er i a dado um t i r o nel e " ( t empor ár i o, es pec i f i c o
e ex t er no: 9) .
" El a t em pr obl emas ao di r i gi r c ar r os " por que os meus óc ul os não s ão
es c ur os o s uf i c i ent e par a el a" ( t empor ár i o, es pec i f i c o e ex t er no; 6) .

Quando s ur gi am c ont r at empos , uma oc or r ênc i a quas e di ár i a, Tany a não os


c ons i der av a mai s i nal t er áv ei s , abr angent es , e não s e j ul gav a c ul pada por el es .
" Es s e mét odo de c odi f i c ar o pes s i mi s mo de pes s oas que não r es ponder am ao
ques t i onár i o s obr e o
es t i l o ex pl i c at i v o é denomi nado Cont ent Anal y s i s of Ver bat i m Ex pl anat i ons ou
CAVE - i s t o é,
anál i s e do c ont eúdo de ex pl i c aç ões t ex t uai s . Es t a é des c r i t a na pági na 184.
Pági na 68
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

120

O que mot i v ou a not áv el mudanç a do es t i l o ex pl i c at i v o de Tany a de


pes s i mi s t a par a ot i mi s t a? Ter i am s i do os r emédi os ou a t er api a c ogni t i v a? A
mudanç a s er i a apenas um i ndí c i o de que el a f i c ar i a menos depr i mi da, ou t er i a
s i do a c aus a de s ua depr es s ão t er di mi nuí do? Pel o f at o de Tany a t er s i do um
dos mui t os pac i ent es s ubmet i dos a di f er ent es t r at ament os , es t as per gunt as
podi am s er r es pondi das .
Em pr i mei r o l ugar , ambos os t r at ament os f unc i onar am mui t o bem. Os
ant i depr es s i v os e a t er api a c ogni t i v a i s ol adament e r eduz i r am a depr es s ão de
manei r a c ons i s t ent e. A c ombi naç ão f unc i onou ai nda mel hor , embor a apenas
um pouc o.
Em s egundo l ugar , o i ngr edi ent e at i v o na t er api a c ogni t i v a f oi a mudanç a
do es t i l o ex pl i c at i v o, que dei x ou de s er pes s i mi s t a par a t or nar - s e ot i mi s t a.
Quant o mai s t er api a c ogni t i v a mi ni s t r ada e mai s ef i c i ent ement e apl i c ada, mai s
s i gni f i c at i v a a mudanç a par a o ot i mi s mo. Por s ua v ez , quant o mai or a mudanç a
par a o ot i mi s mo, mai or o al í v i o da depr es s ão. Os r emédi os , por out r o l ado,
embor a al i v i as s em a depr es s ão bas t ant e ef i c az ment e, não t or nav am os pac i ent es
mai s ot i mi s t as . Por t ant o, er a r az oáv el c ondui r que, embor a t ant o os r emédi os
quant o a t er api a c ogni t i v a al i v i em a depr es s ão, el es agem pr ov av el ment e de
manei r a bem di f er ent e. Os medi c ament os par ec em s er at i v ador es ; el es r eani mam
o pac i ent e e o t i r am da depr es s ão, mas não f az em c om que o mundo par eç a mai s
af áv el . A t er api a c ogni t i v a muda a manei r a c omo v oc ê v ê as c oi s as , e es s e nov o
es t i l o ot i mi s t a o r ev i gor a e mot i v a.
O t er c ei r o e mai s i mpor t ant e c onj unt o de des c ober t as f oi s obr e a
r ec aí da.
At é que pont o o al í v i o da depr es s ão er a per manent e? A depr es s ão de Tany a
não r ei nc i di u, embor a a de mui t os out r os pac i ent es des s e es t udo t enha v ol t ado.
Os r es ul t ados demons t r ar am que a c hav e par a o al í v i o per manent e da depr es s ão
er a a mudanç a do es t i l o ex pl i c at i v o. Mui t os dos pac i ent es dos gr upos t r at ados
c om medi c ament os s of r er am r ec aí da, mas os que f or am s ubmet i dos a t er api a
c ogni t i v a não t i v er am r ec aí das apr ox i madament e na mes ma pr opor ç ão. Os
pac i ent es c uj o es t i l o ex pl i c at i v o t or nou- s e ot i mi s t a mos t r ar am- s e menos
pr opens os a r ec aí das do que aquel es c uj o es t i l o per manec eu pes s i mi s t a.
I s s o quer di z er que a t er api a c ogni t i v a age es pec i f i c ament e, t or nando os
pac i ent es mai s ot i mi s t as . El a pr ev i ne a r ei nc i dênc i a por que os pac i ent es
adqui r em uma t éc ni c a que podem us ar r epet i dament e s em nec es s i dade de
r emédi os ou médi c os . Os medi c ament os al i v i am a depr es s ão, mas apenas

121

t empor ar i ament e; ao c ont r ár i o da t er api a c ogni t i v a, os r emédi os não c ons eguem


mudar o pes s i mi s mo s ubj ac ent e que s e enc ont r a na r ai z do pr obl ema.
A par t i r des s es es t udos c onc l ui que, num gr upo de pes s oas
não- depr i mi das ,
num det er mi nado moment o, o es t i l o ex pl i c at i v o ant ec i pa quem f i c ar á depr i mi do.
Pr ev ê i gual ment e quem per manec er á depr i mi do e quem s of r er á r ec aí da depoi s
do t r at ament o. A mudanç a do es t i l o ex pl i c at i v o de pes s i mi s t a par a ot i mi s t a
al i v i a c ons i der av el ment e a depr es s ão.
Lembr e- s e de nos s a pr eoc upaç ão quant o ao f at o de o pes s i mi s mo poder
r ev el ar apenas que v oc ê s e depr i me f ac i l ment e di ant e de ac ont ec i ment os
adv er s os , mas que el e não c ons t i t ui uma c aus a i s ol ada da depr es s ão. Uma das
manei r as de t es t ar s e o pes s i mi s mo é uma das c aus as é mudar o pes s i mi s mo
par a ot i mi s mo. Se o pes s i mi s mo f os s e s oment e um i ndi c ador , c omo o
v el oc í met r o, mudar par a o ot i mi s mo não dev er i a af et ar o modo c omo v oc ê
r eage às adv er s i dades , mai s do que o f at o de mudar o v el oc í met r o modi f i c ar i a
a v el oc i dade do c ar r o. Ent r et ant o, s e o pes s i mi s mo é uma das c aus as de v oc ê
f i c ar depr i mi do f ac i l ment e, mudar do pes s i mi s mo par a o ot i mi s mo dev er á
al i v i ar a depr es s ão. Em úl t i ma anál i s e, f oi i s s o o que ac ont ec eu. Es s e r es ul t ado
c onf er e um papel c aus al ao pes s i mi s mo na depr es s ão. Cer t ament e, não é a
c aus a úni c a da depr es s ão - genes , i nf or t úni os , hor môni os , t ambém c ons t i t uem
r i s c os - , mas par ec e i negáv el que s ej a uma das c aus as .

Pági na 69
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

Rumi naç ão e Depr es s ão


SE, A PROPÓSI TO DE QUALQUER PROBLEMA, VOCÉ I NSI STI R EM ACREDI TAR
que " a c ul pa é mi nha, v ai dur ar par a s empr e e v ai mi nar t udo o que eu t ent ar
f az er " , não es c apar á da depr es s ão. Mas o s i mpl es f at o de s e di s por a pens ar
as s i m não s i gni f i c a que s ej a nec es s ar i ament e ac omet i do por es s es pens ament os
a t oda hor a. Al gumas pes s oas s ão, out r as , não. As que f i c am mat ut ando s obr e
as adv er s i dades s ão c hamadas de r umi nant es .
Um r umi nant e t ant o pode s er ot i mi s t a quant o pes s i mi s t a. Os i ndi v í duos
que al ém de r umi nant es s ão pes s i mi s t as , c or r em per i go. Sua es t r ut ur a de
r ac i oc í ni o é pes s i mi s t a, e r epet em ex aus t i v ament a s i mes mos que as c oi s as
v ão s empr e mal . Out r os pes s i mi s t as v ol t am- s e par a a aç ão e não t êm o hábi t o

122

e r umi nar : s eu es t i l o ex pl i c at i v o é pes s i mi s t a, mas quas e não f al am c ons i go


mes mos . Quando o f az em, ger al ment e é s obr e o que pl anej am f az er e não
s obr e c omo as c oi s as v ão mal .
Quando Tany a i ni c i ou s eu t r at ament o, el a er a não apenas pes s i mi s t a c omo
t ambém r umi nant e. Ci s mav a s obr e s eu c as ament o, s eus f i l hos e, mai s
des t r ut i v ament e, s obr e s ua pr ópr i a depr es s ão.
" Mas , agor a, não quer o f az er nada. . . "
" É r eal ment e mui t o penos o par a mi m, es t ou c ons t ant ement e
mel anc ól i c a. Não s ou mui t o de c hor ar - s ó c hor o s e houv er uma boa
r az ão - , mas agor a, quando al guém di z al guma c oi s a de que não gos t o,
me der r amo em l ágr i mas . . . "
" Não pos s o ac ei t ar i s s o. . . "
" Não s ou uma pes s oa mui t o af et i v a. . . "
" Meu mar i do não me dei x a em paz . Vi v e me i mpor t unando.
Gos t ar i a que el e não f os s e as s i m. "

Tany a hav i a s uc umbi do a uma r umi naç ão i ni nt er r upt a, uma c adei a de


pens ament os amar gos s em mani f es t ar o menor des ej o de aç ão. Não er a apenas o s eu
pes s i mi s mo que es t av a al i ment ando s ua depr es s ão; er a t ambém s ua r umi naç ão.
Ei s c omo a c adei a pes s i mi s mo- r umi naç ão l ev a à depr es s ão: pr i mei r o, há
s empr e al guma ameaç a c ont r a a qual v oc ê s e s ent e i mpot ent e. Segundo, v oc ê
pr oc ur a a c aus a da ameaç a e, s e f or pes s i mi s t a, a c aus a a que c hega é
per manent e,
abr angent e e pes s oal . Cons eqüent ement e, v oc ê es per a s er i mpot ent e no
f ut ur o e nas mai s di v er s as s i t uaç ões , uma ex pec t at i v a c ons c i ent e que é o úl t i mo
el o da c adei a, o que di s par a a depr es s ão.
A ex pec t at i v a de des ampar o pode s ur gi r r ar ament e, ou pode mani f es t ar - s e
o t empo t odo. Quant o mai s v oc ê es t i v er i nc l i nado a r umi nar , mai s a depr es s ão
oc or r er á, mai s depr i mi do v oc ê s e s ent i r á. Ci s mar , pens ar que as c oi s as es t ão
s empr e mal , det ona a s eqüênc i a. Os r umi nant es mant êm es s a c adei a em
per manent e mov i ment o. Qual quer c oi s a que l embr e a ameaç a or i gi nal f az c om
que el es per c or r am t oda a c adei a pes s i mi s mo- r umi naç ão, pas s ando di r et ament e
da ex pec t at i v a de i ns uc es s o par a a depr es s ão.
As pes s oas que não r umi nam t endem a ev i t ar a depr es s ão mes mo que
s ej am pes s i mi s t as . Par a el as , a s eqüênc i a oc or r e es por adi c ament e. Os ot i mi s t as

123

que r umi nam t ambém ev i t em a depr es s ão. Mudar o hábi t o da r umi naç ão ou
a t endênc i a ao pes s i mi s mo c ont r i bui par a al i v i ar a depr es s ão. Mudar as duas
c oi s as c ont r i bui mui t o mai s .
Ver i f i c amos , por t ant o, que os r umi nant es pes s i mi s t as c or r em mai or r i s c o
de depr es s ão. A t er api a c ogni t i v a l i mi t a a r umi naç ão e c r i a um es t i l o
ex pl i c at i v o
ot i mi s t a. Vej am c omo Tany a s e ex pr es s av a ao c onc l ui r o t r at ament o:

" Não quer o mai s um empr ego de ex pedi ent e i nt egr al , quer o
Pági na 70
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
al guma c oi s a que me oc upe s oment e al gumas hor as por di a par a não f i c ar
s em f az er nada em c as a. . . " ( aç ão) .
" Sent i r ei que es t ou c ont r i bui ndo par a o or ç ament o domés t i c o e que
poder emos , s e qui s er mos , i r a al gum l ugar " ( aç ão) .
" De v ez em quando, gos t o de f az er c oi s as s ob o i mpul s o do
moment o" ( aç ão) .

El a dei x ou de r umi nar c ont i nuament e s obr e os maus ac ont ec i ment os e o s eu


di s c ur s o pas s ou a denot ar aç ão.

O Out r o Lado da Epi demi a:


Mul her es c ont r a Homens

O PAPEL CRUCI AL QUE A RUMI NAÇÃO DESEMPENHA NA DEPRESSÃO PODE


s er r es pons áv el pel o f at o di gno de r egi s t r o de a depr es s ão s er es s enc i al ment e
f emi ni na. Es t udos i numer áv ei s l ev ados a ef ei t o no s éc ul o XX c hegar am à
c onc l us ão de que a depr es s ão at i nge as mul her es mai s f r eqüent ement e do que os
homens . A pr opor ç ão at ual é de doi s par a um.
Por que as mul her es s ão t ão mai s s us c et í v ei s ?
Ser á por que s e s ubmet em mai s es pont aneament e à t er api a do que os homens ,
o que per mi t e es s e dado apar ec er c om mai s f r eqüênc i a nas es t at í s t i c as ? Não. A
mes ma pr eponder ânc i a de mul her es apar ec e nas pes qui s as de por t a em por t a.
Ser á por que as mul her es di s põem- s e a f al ar mai s f r anc ament e s obr e os
s eus pr obl emas ? Pr ov av el ment e, não. A pr opor ç ão de duas mul her es par a c ada
homem é r egi s t r ada t ant o em c ondi ç ões públ i c as quant o anôni mas .

124

Ser á por que, em ger al , as mul her es t êm pi or es empr egos e ganham menos
do que os homens ? Não. A pr opor ç ão mant êm- s e i dênt i c a mes mo quando s ão
r euni dos gr upos de mul her es e de homens das mes mas f ai x as de t r abal ho e de
r enda: mul her es r i c as t êm duas v ez es mai s depr es s ão do que homens r i c os e
mul her es des empr egadas s ão duas v ez es mai s v i t i madas do que homens
des empr egados .
Ser á al guma es péc i e de di f er enç a bi ol ógi c a que pr oduz mai s depr es s ão?
Pr ov av el ment e, não. Es t udos da emoc i onal i dade pr é- mens t r ual e pós - par t o
demons t r am que, de f at o, a f l ut uaç ão hor monal t ende a af et ar a depr es s ão,
mas o ef ei t o não c hega a s er t ão gr ande a pont o de j us t i f i c ar uma di f er enç a de
doi s par a um.
Ser á uma di f er enç a genét i c a? Es t udos r i gor os os s obr e a i nc i dênc i a
dadepr es s ão
ent r e f i l hos e f i l has de depr es s i v os de ambos os s ex os mos t r am que a
depr es s ão é s ubs t anc i al ent r e os f i l hos de depr es s i v os do s ex o mas c ul i no -
bas t ant e ac ent uada mes mo, c ons i der ando- s e a manei r a c omo os c r omos s omos
s ão t r ans mi t i dos de pai par a f i l ho e de mãe par a f i l ha, par a que s e ac r edi t e que
a genét i c a ex pl i que uma di f er enç a t ão pr onunc i ada ent r e os doi s s ex os . Há
ev i dênc i a de uma c ont r i bui ç ão genét i c a par a a depr es s ão, mas não há pr ov as
de que os genes c ont r i buem par a uma i nc i dênc i a mai or da depr es s ão ent r e as
mul her es do que ent r e os homens .
Res t am t r ês t eor i as i nt er es s ant es .
A pr i mei r a di z r es pei t o às f unç ões r es er v adas a c ada s ex o - que o papel
da
mul her em nos s a s oc i edade a t or na um t er r eno f ér t i l par a a depr es s ão é uma
opi ni ão de que mui t os c ompar t i l ham,
e Um ar gument o mui t o c i t ado em def es a des s a t eor i a s us t ent a que as
mul her es
s ão educ adas par a i nv es t i r no amor e nas r el aç ões s oc i ai s , enquant o os homens
s ão
c r i ados par a i nv es t i r nos empr eendi ment os . A aut o- es t i ma de uma mul her ,
af i r ma o ar gument o, depende do des empenho do amor e da ami z ade; por
i s s o, o f r ac as s o s oc i al - do di v ór c i o e da s epar aç ão, da emanc i paç ão dos f i l hos ,
a uma noi t e per di da num enc ont r o f r us t r ado c om um des c onhec i do - at i nge
mai s dur ament e a mul her do que o homem. I s s o pode s er v er dade, mas não
ex pl i c a por que as mul her es s ão duas v ez es mai s pr opens as à depr es s ão, at é
Pági na 71
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
por que o ar gument o pode s er us ado às av es s as . Admi t i ndo- s e es s a hi pót es e, os
homens l ev am o f r ac as s o no t r abal ho mui t o mai s a s ér i o. Má c l as s i f i c aç ão
numa pr ov a, uma pr omoç ão negada, der r ot a do t i me que i nt egr a t udo i s s o

125

t ambém pode abal ar a aut o- es t i ma de um homem. E o f r ac as s o pode s er t ão


c omum no t r abal ho quant o no amor . Por t ant o, o l ógi c o s er i a que os homens
s of r es s em t ant o de depr es s ão quant o as mul her es .
Out r o ar gument o c ons t r uí do em t or no do papel dos s ex os f oc al i z a o
c onf l i t o
de at r i bui ç ões : na v i da moder na, ex i gênc i as c onf l i t ant es pes am mai s s obr e az
mul her es do que s obr e os homens . Uma mul her , al ém do s eu papel t r adi c i onal
de mãe e es pos a, agor a t ambém ar c a c om a r es pons abi l i dade de um empr ego.
Es s a obr i gaç ão ex t r a ger a mai s pr es s ão do que nunc a e, c ons eqüent ement e,
mai s depr es s ão. O ar gument o par ec e pl aus í v el , mas , as s i m c omo mui t as t eor i as
pl aus í v ei s e adequadas i deol ogi c ament e, el e s e c hoc a c ont r a a r eal i dade dos
f at os . Em médi a, es pos as que t r abal ham f or a s ão menos depr i mi das do que az
que s ó s e oc upam dos af az er es domés t i c os . Donde s e c onc l ui que as ex pl i c aç ões
s obr e os papéi s at r i buI dos a c ada s ex o par ec em não c ont r i bui r par a es c l ar ec er
a pr eponder ânc i a f emi ni na de doi s par a um na i nc i dênc i a da depr es s ão.
A s egunda das r es t ant es t eor i as t r at a do des ampar o apr endi do e do es t i l o
ex pl i c at i v o. Em nos s a s oc i edade, ar gument a- s e, as mul her es não s ão poupadas
das ex per i ênc i as de des ampar o no c ur s o de s uas v i das . O c ompor t ament o dos
meni nos é el ogi ado ou c r i t i c ado por s eus pai s e por s eus pr of es s or es , enquant o
o das meni nas é mui t as v ez es i gnor ado. Os meni nos s ão educ ados par a adqui r i r
aut oc onf i anç a e des env ol v er at i v i dades , as meni nas , par a s er em pas s i v as e
dependent es . Ao s e t or nar em adul t as , as mul her es des c obr em- s e numa c ul t ur a
que depr ec i a o papel da es pos a e da mãe. Se uma mul her v ol t a- s e par a o mundo
do t r abal ho, l ogo s e dá c ont a de que as s uas r eal i z aç ões r ec ebem menos c r édi t o
que as dos homens . Quando f al a numa r euni ão, per c ebe mai s s i nai s de enf ado
e des at enç ão por par t e do públ i c o do que ger al ment e oc or r e quando o or ador
é do s ex o mas c ul i no. Se, apes ar de t udo i s s o, el a s e des t ac a e é gui ndada a uma
pos i ç ão de mando, é v i s t a c omo uma i nt r us a. Des ampar o apr endi do s empr e à
es pr ei t a. Se as mul her es t êm t endênc i a a pos s ui r um es t i l o ex pl i c at i v o mai s
pes s i mi s t a do que o dos homens , qual quer ex per i ênc i a de des ampar o
pr ov av el ment e pr ov oc ar á mai s depr es s ão numa mul her do que num homem. E,
de f at o, ex i s t em dados que c onf i r mam que qual quer f at or es t r es s ant e c aus a
mai s depr es s ão nas mul her es do que nos homens .
Es s a t eor i a t ambém é pl aus í v el , mas não dei x a de t er s uas f al has . Uma
del as é que ni nguém j amai s pr ov ou que as mul her es s ão mai s pes s i mi s t as do
que os homens . Na v er dade, o úni c o es t udo r el ev ant e de i ndi v í duos de ambos

126

os s ex os es c ol hi dos r andomi c ament e f oi r eal i z ado ent r e c r i anç as da quar t a


s ér i e pr i már i a, e pr ov a ex at ament e o c ont r ar i o. Ent r e al unos da quar t a e da
qui nt a s ér i es , os meni nos mos t r ar am- s e mai s pes s i mi s t as e mai s depr i mi dos
do que as meni nas . Quando os pai s s e di v or c i am, os meni nos f i c am mai s
depr i mi dos do que as meni nas . ( Es s e quadr o pode s e modi f i c ar c om a
puber dade, e, de f at o, par ec e que a pr opor ç ão de doi s par a um da depr es s ão
c omeç a a s e c onf i gur ar na adol es c ênc i a. Al guma c oi s a dev e ac ont ec er nos anos
púber es que pr ec i pi t a as j ov ens na depr es s ão e t i r a os r apaz es del a. Fal ar ei
mai s
s obr e es s e t ópi c o quando abor dar mos a pat er ni dade e a v i da es c ol ar nos
Capí t ul os 7 e 8. ) Out r o pr obl ema é o f at o de ni nguém nunc a t er c ompr ov ado
que as mul her es c ons i der am s uas v i das mai s di f í c ei s de s er em c ont r ol adas do que
ac ont ec e c om os homens .
A úl t i ma das t r ês t eor i as é s obr e a r umi naç ão. A es s e r es pei t o, quando o
I nf or t úni o s e abat e, as mul her es pens am e os homens agem. Quando uma
mul her é des pedi da do empr ego, el a pr oc ur a des c obr i r o mot i v o; medi t a e
r ec ons t i t ui os ac ont ec i ment os r epet i dament e. Um homem, ao s er des pedi do,
age: t oma um pi l eque, c ompr a uma br i ga ou pr oc ur a des v i ar o pens ament o
do as s unt o de al guma manei r a. Poder á at é pr oc ur ar out r o empr ego s em per da de
Pági na 72
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
t empo, s em s e dar ao t r abal ho de anal i s ar os f at os par a v er o que ac ont ec eu
de er r ado. Se a depr es s ão é um di s t úr bi o do pens ament o, o pes s i mi s mo e a
r umi naç ão al i ment am- na. A t endênc i a a anal i s ar , es t i mul a- a; a t endênc i a
a agi r , el i mi na- a.
Com ef ei t o, a depr es s ão pode oc as i onar a r umi naç ão em mai or es c al a nas
mul her es do que nos homens . O que f az emos , quando f i c amos depr i mi dos ?
As mul her es t ent am des c obr i r de onde v ei o a depr es s ão. Os homens v ão
j ogar
bas quet e ou v ão par a o es c r i t ór i o par a s e di s t r ai r c om o t r abal ho. O al c ool i s mo
é mai s c omum ent r e os homens do que ent r e as mul her es ; a di f er enç a é
s uf i c i ent ement e gr ande par a nos per mi t i r di z er : os homens bebem, as mul her es ,
ent r egam- s e à depr es s ão. É pos s í v el que os homens bebam par a es quec er os
s eus pr obl emas , enquant o as mul her es r umi nam. A mul her , r umi nando s obr e
a or i gem da depr es s ão, c ons egui r á apenas f i c ar mai s depr i mi da, ao pas s o que
os homens , r eagi ndo at i v ament e, podem el i mi ná- l a.
A t eor i a da r umi naç ão é c apaz de ex pl i c ar a epi demi a de depr es s ão de um
modo ger al , as s i m c omo a ex ager ada des pr opor ç ão ent r e os doi s s ex os . Se
v i v emos at ual ment e numa époc a que pr i v i l egi a a aut oc ons c i ênc i a, na qual

127

s omos i nc ent i v ados a enc ar ar nos s os pr obl emas c om mai s r i gor e a anal i s á- l os
i ndef i ni dament e em v ez de agi r , o r es ul t ado bem poder á s er a depr es s ão. Fal ar ei
mai s s obr e es s a es pec ul aç ão no Capí t ul o 15.
Rec ent ement e, s ur gi r am pr ov as que apói am o papel da r umi naç ão na
di f er enç a r egi s t r ada ent r e os doi s s ex os nos c as os de depr es s ão. Sus an Nol en
Hoek s ema, da Uni v er s i dade de St anf or d, que el abor ou a t eor i a da r umi naç ão,
t omou a i ni c i at i v a de t es t á- l a. Quando as mul her es av al i am o que f az em de
f at o ( não o que dev er i am f az er ) quando es t ão depr i mi das , a mai or i a di z :
" Tent ei
anal i s ar o meu es t ado de es pí r i t o" ou " Pr oc ur ei des c obr i r por que me s i nt o
des s e j ei t o" . Em c ont r apar t i da, a mai or i a dos homens dec l ar a que f ez al guma
c oi s a que l he dá pr az er , c omo pr at i c ar um es por t e ou t oc ar um i ns t r ument o
mus i c al , ou di z em: " Res ol v i não me pr eoc upar c om o meu es t ado de es pí r i t o. "
A mes ma t endênc i a s e c onf i r mou no es t udo de um di ár i o no qual homens
e mul her es anot av am t udo o que f az i am quando o s eu as t r al bai x av a. As
mul her es pens av am e anal i s av am s ua f os s a; os homens pr oc ur av am s e di s t r ai r .
Num es t udo s obr e c as ai s em c onf l i t o, c ada um dos c ônj uges gr av av a o que
f az i a t oda v ez que s ur gi am pr obl emas . Numa pr opor ç ão es magador a, as
mul her es c onc ent r av am- s e na emoç ão e a ex pr es s av am, e os homens di s t r aí am- s e
ou dec i di am não dar i mpor t ânc i a ao s eu es t ado de âni mo. Fi nal ment e, num
es t udo de l abor at ór i o, f oi of er ec i da a homens e mul her es a es c ol ha de uma
t ar ef a quando es t i v es s em t r i s t es , abat i dos . Podi am f az er uma l i s t a das pal av r as
que mel hor des c r ev es s em s eu des âni mo ( uma t ar ef a f oc al i z ando a depr es s ão)
ou r el ac i onar paí s es s egundo o s eu poder ec onômi c o ( uma t ar ef a par a des v i ar
a at enç ão) . Set ent a por c ent o das mul her es es c ol her am a t ar ef a c ent r al i z ada na
emoç ão, l i s t ando as pal av r as que des c r ev i am s eu es t ado de es pí r i t o. Com os
homens , ent r et ant o, as por c ent agens f or am o c ont r ár i o.
Por t ant o, anal i s ar e at ol ar - s e em emoç ões nos es t ados depr es s i v os par ec e
ex pl i c ar r az oav el ment e por que as mul her es depr i mem- s e mai s do que os
homens . I s s o i mpl i c a admi t i r que t ant o os homens quant o as mul her es
ex per i ment am a depr es s ão moder ada na mes ma pr opor ç ão, mas , no c as o das
mul her es , que c ul t i v am o es t ado mór bi do, a depr es s ão ev ol ui . Os homens , ao
c ont r ár i o, di s s ol v em o es t ado depr es s i v o r ec or r endo à aç ão, ou, t al v ez ,
pr oc ur ando af ogá- l o na bebi da.
Res t am duas hi pót es es pl aus í v ei s que t êm al gum apoi o. Uma é a
c i r c uns t ânc i a de as mul her es as s i mi l ar em mai s des ampar o e pes s i mi s mo

128

out r a bas ei a- s e no f àt o de a pr i mei r a e mai s pr ov áv el r eaç ão das mul her es


di ant e do i nf or t úni o - a r umi naç ão - c onduz i r di r et ament e à depr es s ão.

Pági na 73
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
A Depr es s ão c omo Doenç a Cur áv el
HÁ 100 ANOS, A EXPLI CAÇÃO DOMI NANTE SOBRE A CONDUTA HUMANA,
par t i c ul ar ment e a má c ondut a, er a o c ar át er . Pal av r as c omo i gnóbi l , es t úpi do,
c r i mi nos o, mal f ei t or - er am c ons i der adas c omo uma ex pl i c aç ão s at i s f at ór i a
par a o mau c ompor t ament o. Louc o er a ac ei t o c omo uma ex pl i c aç ão par a doenç a
ment al . Es s es t er mos r ev el am t r aç os que não podem s er mudados f ac i l ment e,
s e é que podem. Como pr of ec i a, t ambém s ão aut o- s uf i c i ent es . Pes s oas que s e
c ons i der am es t úpi das , em v ez de s em i ns t r uç ão, hão agem no s ent i do de
mel hor ar s uas ment es . Uma s oc i edade que v ê s eus c r i mi nos os c omo mar gi nai s e
os doent es ment ai s c omo l ouc os não mant ém i ns t i t ui ç ões r eal ment e
des t i nadas à s ua r ec uper aç ão; mant ém, ao c ont r ár i o, i ns t i t ui ç ões des t i nadas à
v i nganç a ou ao enc ar c er ament o de s er es humanos par a r et i r á- l os da c i r c ul aç ão.
Pel o f i m do s éc ul o XI X, os r ót ul os e os c onc ei t os que as es c ondi am
c omeç ar am a mudar . Pr ov av el ment e, a c r es c ent e i mpor t ânc i a pol í t i c a das f or ç as
t r abal hi s t as deu i ní c i o à t r ans f or maç ão. Depoi s , f or am as l ev as c ont i nuas de
i mi gr ant es eur opeus e as i át i c os que pr ogr edi r am v i s i v el ment e em menos
de uma ger aç ão. As ex pl i c aç ões par a as f i l has humanas em t er mos de mau
c ar át er i r r ev er s í v el der am l ugar à admi s s ão de más c ondi ç ões de c r i aç ão ou de
ambi ent e per ni c i os o. A i gnor ânc i a c omeç ou a s er v i s t a c omo f al t a de i ns t r uç ão
e não es t upi dez , e o c r i me c omo r es ul t ado da pobr ez a, não da mal dade. A
pobr ez a em s i pas s ou a s er c ons i der ada c omo f al t a de opor t uni dade e não
c omo i ndol ênc i a. A l ouc ur a, por s ua v ez , pas s ou a s er anal i s ada c omo
c ons eqüênc i a de maus hábi t os que podi am s er des apr endi dos . Es s a nov a i deol ogi a,
que pr i or i z ou o ambi ent e do i ndi v í duo, f oi a es pi nha dor s al do behav i or i s mo
que domi nou a ps i c ol ogi a amer i c ana ( e a r us s a) de 1920 a 1965, de Leni n
a Ly ndon J ohns on.
Suc es s or a do behav i or i s mo, a t er api a c ogni t i v a r et ev e, em t r oc a, a
c r enç a
ot i mi s t a e al i ou- a a uma v i s ão ampl i ada do i ndi v í duo, des env ol v endo a t es e de
que el e podi a mel hor ar a s i mes mo. As pes s oas empenhadas em r eduz i r o

129

per c ent ual de f al ha humana nes t e mundo puder am ent ão v i s l umbr ar al go mai s
al ém das di f i c ul dades de s uper ar as c ondi ç ões de c r i aç ão e de ambi ent e; puder am
admi t i r s er pos s í v el ao i ndi v í duo ex er c er a es c ol ha de agi r s obr e s i mes mo. A
c ur a das doenç as ment ai s , por ex empl o, dei x ou de f i c ar ex c l us i v ament e nas
mãos dos t er apeut as , dos as s i s t ent es s oc i ai s e dos mani c ômi os . Pas s ou, em
par t e, às mãos das pr ópr i as v í t i mas .
Es s a c onv i c ç ão é o al i c er c e i nt el ec t ual do mov i ment o de aut o- aper f ei ç oament o,
mol a mes t r a de t odos os l i v r os de di et as , ex er c í c i os f í s i c os e
mét odos par a mudar a per s onal i dade; s obr e o r i s c o que v oc ê c or r e de t er um
enf ar t e, c omo c ombat er s ua f obi a de andar de av i ão, s ua depr es s ão. O
ex t r aor di nár i o é que gr ande par t e des s a i deol ogi a de aut o- aper f ei ç oament o
não é papo- f ur ado. Uma s oc i edade que ex al t a o i ndi v í duo na medi da em
que a nos s a f az c r i a uma ent i dade que não é uma qui mer a. O i ndi v í duo
aut o- aper f ei ç oáv el aper f ei ç oa- s e na r eal i dade. De f at o, v oc ê é c apaz de
emagr ec er , bai x ar o ní v el de c ol es t er ol , t or nar - s e f i s i c ament e mai s f or t e e
mai s at r aent e, menos c ompul s i v ament e i medi at i s t a e r ef l ex i v ament e hos t i l ,
menos pes s i mi s t a.

A c er t ez a no aut o- aper f ei ç oament o é uma pr oj eç ão t ão aut o- s uf i c i ent e


quant o a v el ha c r enç a de que o c ar át er não podi a s er mudado. As pes s oas que
ac r edi t am que não pr ec i s am s er s edent ár i as ou hos t i s pr oc ur ar ão s e mex er e
pens ar duas v ez es quando f or em pr ej udi c adas ; as pes s oas que não ac r edi t am
que a mudanç a s ej a pos s í v el per manec er ão i nf ens as a qual quer t i po de mudanç a.
Uma c ul t ur a que ac r edi t a em aut o- aper f ei ç oament o f oment ar á c l ubes de s aúde,
as s oc i aç ões c omo os Al c oól i c os Anôni mos e ps i c ot er api a. Uma c ul t ur a
c onv enc i da de que as más aç ões r es ul t am de mau c ar át er , e s ão per manent es ,
nem t ent ar á.
Ci ent i s t as que f al am de um i ndi v í duo c apaz de agi r par a modi f i c ar - s e não
s e r ef er em a uma f ant as i a met af í s i c a. O c omput ador f or nec e o model o f í si co
par a af i r maç ões des s a nat ur ez a. Um c omput ador pes s oal pode c ompar ar s eu
out put c om o de um model o ( s i t uaç ão i deal ) l oc al i z ar os pont os onde o enc ai x e
Pági na 74
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
não é per f ei t o e c or r i gi r as i mper f ei ç ões . I s s o f ei t o, el e pode c ompar ar
nov ament e
o que f ez c om o que dev er i a f az er e, s e c ont i nuar er r ado, c or r i gi r - s e de nov o.
Quando o enc ai x e é per f ei t o, el e pár a. Se um c omput ador domés t i c o é c apaz
des s a pr oez a, o aut o- aper f ei ç oament o não dev e of er ec er a menor di f i c ul dade
par a o i nf i ni t ament e mai s c ompl ex o c ér ebr o humano.

130

Os s er es humanos v êm f i c ando s er i ament e depr i mi dos des de que s e t em


not í c i a do que s ej a f r ac as s o - t al v ez não nas gr andes pr opor ç ões de hoj e,
t odav i a, depr i mi dos . E quando o j ov em c amponês medi ev al f al hou ao c ons egui r
c onqui s t ar o c or aç ão da f or mos a donz el a, s ua mãe l he di s s e par a não s e dei x ar
obs ec ar por i s s o, pr ov av el ment e c om o mes mo ef ei t o al eat ór i o que as mães de
hoj e t êm s obr e as depr es s ões que s eus f i l hos t r az em par a c as a. Sur gi u, ent ão,
nos anos 1980, a t er api a c ogni t i v a, que pr oc ur a f az er c om que as pes s oas mudem
a manei r a de pens ar s obr e os s eus ev ent uai s f r ac as s os . Suas máx i mas não di f er em
pot enc i al ment e da s abedor i a que as av ós e os pr egador es de ant anho t ent ar am
pr opagar s em mai or s uc es s o. Mas a t er api a c ogni t i v a dá r es ul t ado.
O que é que at er api a c ogni t i v a f az e por que é que dá c er t o?

Ter api a Cogni t i v a e Depr es s ão

COM UMA AUDI ÊNCI A CADA VEZ MAI OR NOS ANOS 1970, AARON BECK E
Al ber t El l i s ar gument ar am que o que pens amos c ons c i ent ement e é o que
det er mi na em gr ande par t e o que s ent i mos . Des s a t es e s ur gi u uma t er api a
empenhada em modi f i c ar a manei r a c omo os pac i ent es depr i mi dos pens am
c ons c i ent ement e s obr e o f r ac as s o, a der r ot a, a per da e o des ampar o.
A t er api a c ogni t i v a ut i l i z a c i nc o t át i c as .
Na pr i mei r a, v oc ê apr ende a r ec onhec er os pens ament os aut omát i c os que
pas s am r api dament e pel a s ua c ons c i ênc i a nos moment os em que s e s ent e pi or .
Os pens ament os aut omát i c os s ão f r as es t ão bem enunc i adas a pont o de pas s ar em
quas e des per c ebi das e i nc ont es t adas . Por ex empl o, a mãe de t r ês c r i anç as gr i t a
c om el as quando as des pac ha par a o c ol égi o. Sent e- s e mui t o depr i mi da em
c ons eqüênc i a di s s o. Na t er api a c ogni t i v a el a apr ende a r ec onhec er que l ogo
depoi s des s as c enas de gr i t ar i a c os t uma di z er a s i mes ma: " Sou uma pés s i ma
mãe - pi or do que a mi nha pr ópr i a mãe. " Apr ende a s e t or nar c ons c i ent e
des s es pens ament os aut omát i c os e s e c apac i t a de que el es c ons t i t uem s uas
ex pl i c aç ões , e que es s as ex pl i c aç ões s ão per manent es , abr angent es e pes s oai s .
Na s egunda, v oc ê apr ende a c ont es t ar os pens ament os aut omát i c os
ar r ol ando pr ov as em c ont r ár i o. A mãe é aj udada a s e l embr ar e a admi t i r que,
quando os gar ot os v ol t am do c ol égi o, el a j oga f ut ebol c om el es , aj uda- os a

131

f az er os dev er es de geomet r i a e c onv er s a c om el es c ompr eens i v ament e s obr e os


s eus pr obl emas . Ao f oc al i z ar s ua at enç ão nes s e as pec t o do r el ac i onament o c om
os f i l hos , per c ebe que el e c ont r adi z s eu pens ament o aut omát i c o de que não é
uma boa mãe.
Na t er c ei r a, v oc ê apr ende a dar ex pl i c aç ões di f er ent es , c hamadas
r eav al i aç ões ,
e a us á- l as par a c ont es t ar s eus pens ament os aut omát i c os . A mãe é c apaz de
apr ender a di z er al go c omo: " Sou ót i ma c om as c r i anç as na par t e da t ar de e
pés s i ma na par t e da manhã. Tal v ez não s ej a uma pes s oa mat ut i na. " Sem dúv i da,
es t a é uma ex pl i c aç ão par a os gr i t os c om as c r i anç as mui t o menos per manent e e
abr angent e. Quant o à c adei a de ex pl i c aç ões negat i v as que ger al ment e s e s uc ede,
" Sou uma mãe des nat ur ada, não dev i a t er f i l hos , e por t ant o não mer eç o v i v er " ,
el a apr ende a c or t ar , i ns er i ndo a nov a ex pl i c aç ão c ont r ár i a. "
Na quar t a, v oc ê apr ende a af as t ar os pens ament os depr es s i v os . A mãe s e
c ons c i ent i z a de que não é mai s i nev i t áv el pens ar nes s as c oi s as negat i v as . A
r umi naç ão, s obr et udo quando s e es t á s ob pr es s ão par a s e f az er uma c oi s a bem-
f ei t a, t or na a s i t uaç ão pi or . Mui t as v ez es , é mel hor pôr os pens ament os de l ado
Pági na 75
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
par a s e c ons egui r uma boa at uaç ão. Voc ê pode apr ender não s ó a c ont r ol ar o
que pens a, c omo t ambém es c ol her o moment o c er t o de pens ar .
Na qui nt a, v oc ê apr ende a r ec onhec er e a ques t i onar as s upos i ç ões que
l ev am à depr es s ão e que gov er nam gr ande par t e do que f az .
" Não pos s o v i v er s em amor . "
" A menos que t udo o que f aç o s ej a per f ei t o, c ons i der o- me um f r ac as s o. "
" Sou um f r ac as s o s e t odo mundo não gos t ar de mi m. "
" Há uma s ol uç ão per f ei t a par a c ada pr obl ema. Pr ec i s o enc ont r á- l a. "
Pr emi s s as c omo es t as pr edi s põem à depr es s ão. Se v oc ê s e dec i di r a
ac at á- l as -
c omo t ant os f az em - , não f al t ar ão di as de amar gur a na s ua v i da. Mas ,
as s i m c omo uma pes s oa pode mudar s eu es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a par a
ot i mi s t a, el a t ambém pode es c ol her nov as pr emi s s as par a or i ent ar s ua v i da:

" O amor é uma c oi s a pr ec i os a, por i s s o mes mo r ar a. "


" O s uc es s o c ons t i t ui em s e f az er o mel hor . "
" Par a c ada pes s oa que gos t a de v oc ê, uma não gos t a. "
" A v i da não é out r a c oi s a s enão c ol oc ar os dedos nos f ur os da r epr es a. "

132

A depr es s ão de que f oi v i t i ma Sophi e - a " gar ot a dour ada" , que c hego a a


c ons i der ar des pr ez í v el , s em t al ent o, " l i qui dada" - , t í pi c a das
depr es s ões
- os j ov ens es t ão ex per i ment ando em númer os s em pr ec edent es . A
depr es s ão del a t i nha c omo núc l eo um es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a. Depoi s que
c omeç ou
uma t er api a c ogni t i v a, a v i da v ol t ou r api dament e a s or r i r - l he. O s eu
t r at ament o l ev ou t r ês mes es , uma hor a por s emana. O s eu mundo ex t er i or
não s e al t er ou, pel o menos no pr i nc i pi o, mas a manei r a c omo pens av a s obr e
el e mudou c ons i der av el ment e.
Pr i mei r o, el a f oi aj udada a v er que v i nha mant endo um di ál ogo
i nv ar i av el ment e negat i v o c ons i go mes ma. Lembr av a- s e de que, ao s er el ogi ada por
uma
pr of es s or a por um c oment ár i o f ei t o dur ant e uma aul a, pens ar a i medi at ament e:
" El a es t á apenas pr oc ur ando s er amáv el c om t odos os al unos . " Quando l eu a
not í c i a s obr e o as s as s i nat o de I ndi r a Gandhi , pens ou: " De um modo ou de out r o,
t odas as mul her es que al c anç am uma l i der anç a es t ão c ondenadas . " Quando o s eu
c ompanhei r o mos t r ou- s e i mpot ent e c er t a noi t e, pens ou: " El e me ac ha r epul s i v a. "
Per gunt ei - l he:
- Se um bêbado c aí do na r ua l he di s s es s e que v oc ê é r epul s i v a, v oc ê
l ev ar i a a s ér i o?
- Cl ar o que não.
- No ent ant o, quando di z c oi s as i gual ment e s em s ent i do a s i mes ma,
v oc ê ac r edi t a nel as . I s s o é por que ac ha que a f ont e, v oc ê, é mai s c onf i áv el .
Engano s eu. Mui t as v ez es , dí s t or c emos a r eal i dade mai s do que os bêbados .
Sophi e l ogo apr endeu a r euni r pr ov as c ont r a s eus pens ament os aut omát i c os
e a c ont es t á- l os . Lembr ou- s e de que a pr of es s or a que a el ogi ar a não t i nha
pr oc ur ado s er amáv el c om t odos os al unos , mas f oi i nt ei r ament e i nc i s i v a quando
out r a al una f ez um c oment ár i o em c l as s e. Rec or dou- s e que, na r eal i dade, o s eu
c ompanhei r o f i c ar a i mpot ent e por que beber a s ei s l at as de c er v ej a uma hor a
ant es de i r par a a c ama c om el a. Apr endeu uma t éc ni c a dec i s i v a: c omo c onduz i r
um di ál ogo pes s oal ot i mi s t a. Apr endeu a f al ar c ons i go mes ma quando as c oi s as
não dav am c er t o e c omo não f al ar quando dav am c er t o. Apr endeu que s empr e
que es per av a s er mal s uc edi da, o mal ogr o er a mai s pr ov áv el . O s eu es t i l o
ex pl i c at i v o
mudou per manent ement e de pes s i mi s t a par a ot i mi s t a.
Sophi e c ons egui u r eengr enar s ua v i da ac adêmi c a e di pl omou- s e c om
di s t i nç ão. Começ ou um nov o r omanc e que r es ul t ou num c as ament o bem-
s uc edi do.

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Pági na 76
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Ao c ont r ar i o da mai or i a das pes s oas pr opens as à depr es s ão, Sophi e apr endeu
a ev i t ar s ua r ei nc i dênc i a. A di f er enç a ent r e Sophi e e al guém que s e t r at a c om
r emédi os ant i depr es s i v os é que el a apr endeu c er t as t éc ni c as que us a t oda v ez
que é c onf r ont ada c om um i ns uc es s o ou uma der r ot a - t éc ni c as que s empr e
l ev a c ons i go. Sua v i t ór i a s obr e a depr es s ão per t enc e uni c ament e a el a, não é
uma c oi s a que s e pos s a c r edi t ar aos s eus médi c os ou à úl t i ma nov i dade em
t er mos de medi c ament os .

Por que a Ter api a Cogni t i v a Func i ona?


HÁ DOI S TI POS DE RESPOSTAS PARA ESTA PERGUNTA. NUM CONTEXTO
mec aní c o, a t er api a c ogni t i v a f unc i ona por que muda o es t i l o ex pl i c at i v o
pes s i mi s t a par a ot i mi s t a, e a mudanç a é per manent e. El a l he dá um c onj unt o de
t éc ni c as c ogni t i v as par a v oc ê f al ar c ons i go mes mo quando f or mal s uc edi do.
Voc ê pode r ec or r er a es s as t éc ni c as par a i mpedi r que a depr es s ão s e i ns t al e
di ant e de um i nf or t úni o.
Em t er mos f i l os óf i c os , a t er api a c ogní t i v a f unc i ona por que t i r a
v ant agens
de poder es r ec ent ement e l egi t i mados do i ndi v í duo. Numa er a em que
ac r edi t amos que o i ndi v i duo pode aj udar a s i mes mo, quer emos t ent ar mudar
hábi t os de pens ament os que par ec i am s er t ão I nev i t áv ei s quant o o nas c er do s ol .
A t er api a c ogní t i v a f unc i ona na nos s a er a por que f or nec e ao i ndi v i duo uma
s ér i e de t éc ni c as que o aj udam a mudar a s i pr ópr i o. O s el f pr ef er e r eal i z ar
es s a
t ar ef a em s eu pr ópr i o i nt er es s e, par a s ent i r - s e mel hor .

134

Segunda Par t e

OS REI NOS DA VI DA

Ent r ement es , os Rei s do Gel o t r emi am em s uas c adei r as


Mas não de f r i o - t i nham v i s t o um homem er guer bem al t o
A Gr ande Taç a de Chi f r e que ac aba no f undo do oc eano
E humi l ha t odos os Set e Mar es c om a s ua es t at ur a;

Ti nham- no v i s t o mov er o Gat o do Mundo e s us pender


O pi l ar de uma pat a, t oda a ex t r emi dade nor t e;
Ti nham v i s t o um s i mpl es mor t al l ut ar c om a pr ópr i a Mor t e
E medi r f or ç as , j oel ho c ont r a j oel ho, r ugi ndo c omo o t r ov ão.

Dav i d Wagoner
" The Labor s of Thor "

135

136

Capí t ul o 6
Pági na 77
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

Suc es s o no Tr abal ho

Nos VOOS LONGOS, GERALMENTE SENTO- ME NA POLTRONA AO LADO DA

j anel a e v i r o as c os t as par a o pas s agei r o do l ado, pr i nc i pal ment e par a ev i t ar


c onv er s a. Fi quei c ont r ar i ado c er t a v ez , em mar ç o de 1982, no i ní c i o do v ôo
79 de São Fr anc i s c o par a Fi l adél f i a, ao v er i f i c ar que a mi nha t át i c a não
adi ant ar a de nada.
- Oi - di s s e- me ami s t os ament e meu c ompanhei r o de v i agem - um
s ex agenár i o c ar ec a. - Meu nome é J ohn Les l i e. Qual é o s eu? - Es t endeu a
mão na di r eç ão da mi nha.
" Oh, não" , di s s e a mi m mes mo, " um t agar el a. " Res munguei meu nome e
dei - l he um aper t o de mão des l ei x ado, es per ando que el e ent endes s e a mens agem.
Les l i e não s e deu por ac hado.
- Tr ei no c av al os - di s s e el e enquant o o av i ão t ax i av a na pi s t a. - Quando
c hego a uma enc r uz i l hada, t udo o que t enho a f az er é pens ar par a qual l ado eu
quer o que o c av al o v á e el e s egue aquel e c ami nho. No meu t r abal ho, t r ei no
homens . . . e t udo o que t enho a f az er é pens ar no que quer o que el es f aç am, e
el es f az em.
As s i m, numa c onv er s a c as ual , c omeç ou a gr ande c hanc e que det er mi nou
uma mudanç a dr amát i c a no enf oque do meu t r abal ho.
Les l i e er a per s i s t ent e, um ot i mi s t a c onv i c t o que par ec i a não t er a menor
dúv i da de que eu f i c ar i a enc ant ado c om s uas s ábi as pal av r as . E, de f at o, quando
o av i ão s e apr ox i mav a de Nev ada, s obr ev oando as mont anhas r ec ober t as de
nev e, me dei c ont a de que es t av a s endo at r aí do aos pouc os .

137

- Foi o meu pes s oal - i nf or mou el e - que aper f ei ç oou o gr av ador de


v í deo par a a Ampex . Foi o gr upo mai s c r i at i v o que j á t i v e opor t uni dade
de di r i gi r .
- O que é que s epar a os s eus gr upos c r i at i v os dos que não s ão t ão bem-
dot ados ? - per gunt ei .
- Cada pes s oa - di s s e el e - , c ada uma del as ac r edi t a que é c apaz de
andar em c i ma d' água.
Em Ut ah, eu j á t i nha s i do f i s gado. O que el e es t av a me di z endo c oi nc i di a
c om o que eu v i nha obs er v ando em pes s oas que r es i s t i am à depr es s ão.
- Como é que v oc ê pode t or nar al guém c r i at i v o? - per gunt ei .
- Eu l he mos t r o - r es pondeu. - Mas pr i mei r o me di ga o que é que
v oc ê f az na v i da.
Fi z - l he um r es umo do que v enho f az endo nos úl t i mos 15 anos . Fal ei s obr e
pes s oas e ani mai s des ampar ados e c omo o des ampar o t i nha pr ov ado s er um
model o par a a depr es s ão. Menc i onei o es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a e os
pes s i mi s t as que des i s t em f ac i l ment e t ão l ogo per dem o c ont r ol e de uma s i t uaç ão.
- Es s as er am as pes s oas - di s s e- l he - que, f or a do l abor at ór i o, er am
ac omet i das de depr es s ão gr av e.
- Voc ê t em t r abal hado mui t o c om o out r o l ado da moeda? - per gunt ou
Les l i e. - Voc ê é c apaz de pr ev er quem nunc a des i s t i r á e quem nunc a f i c ar á
depr i mi do, não i mpor t a o que l he ac ont eç a?
- Conf es s o que não t enho pens ado o s uf i c i ent e s obr e i s t o.
Na v er dade, não me s ent i a bem há al gum t empo s obr e a f i x aç ão da
ps i c ol ogi a na doenç a. A mi nha pr of i s s ão gas t a quas e t odo o s eu t empo ( e
quas e t odo o s eu di nhei r o) t ent ando mi ni mi z ar os pr obl emas . Aj udar as pes s oas
af et adas é um obj et i v o v al i os o, mas de c er t a f or ma a ps i c ol ogi a nunc a c hega ao
obj et i v o c ompl ement ar , que é t or nar ai nda mel hor as v i das das pes s oas s adi as .
As pal av r as de Les l i e me f az i am v er que o meu t r abal ho t i nha l i gaç ão c om o
s egundo obj et i v o. Se eu er a c apaz de i dent i f i c ar ant ec i padament e quem f i c ar i a
depr i mi do, t ambém dev er i a poder i dent i f i c ar as pes s oas que nunc a f i c ar i am.
J ohn me per gunt ou s e me oc or r i am al gumas at i v i dades em que f os s e
es s enc i al c ont i nuar , mes mo em f ac e de c ons t ant e r ej ei ç ão e f r ac as s o.
- Tal v ez v endas - r es pondi , pens ando numa pal es t r a que f i z er a al guns
mes es ant es par a um gr upo de pr es i dent es de c ompanhi as de s egur os . - Vender ,
por ex empl o, s egur o de v i da. - Ti nham me di t o que, nes s e r amo de s egur o,
Pági na 78
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

138

nov e em 10 c ompr ador es pot enc i ai s di z em não ao v endedor . É pr ec i s o dar a


v ol t a por c i ma e c ont i nuar i ns i s t i ndo at é c hegar ao 100. É c omo no j ogo de
bei s ebol , quando v oc ê enf r ent a um gr ande l anç ador : na mai or i a das v ez es v oc ê
r oda o bas t ão mas não ac er t a na bol a. Par a c hegar na bas e, no ent ant o, é
pr ec i s o c ont i nuar t ent ando ac er t ar . Fi c ar c om o bas t ão no ombr o é que não
r es ul t ar á em pont os .
Lembr ei - me de uma c onv er s a que t i nha t i do naquel e f i m de s emana c om
J ohn Cr eedon, pr es i dent e da c ompanhi a de s egur os Met r opol i t an Li f e. Depoi s
de mi nha pal es t r a, Cr eedon per gunt ou- me s e a ps i c ol ogi a t i nha al guma c oi s a
a di z er a um ger ent e de empr es a. Poder í amos , por ex empl o, aj udá- l o a s el ec i onar
i ndi v í duos c apaz es , de s er bem- s uc edi dos na v enda de s egur os ? E poder í amos
des env ol v er mét odos par a t r ans f or mar pes s i mi s t as i nv et er ados em ot i mi s t as ,
daquel es s empr e di s pos t os a di z er " Si m, eu pos s o" ? Ti nha r es pondi do a Cr eedon
que não s abi a, e c oment ei es s a mi nha c onv er s a c om Les l i e. Quando o av i ão
i ni c i ou as manobr as par a des c er em Fi l adél f i a, el e me f ez pr omet er que
es c r ev er i a
uma c ar t a a Cr eedon. Es c r ev i a c ar t a di z endo que t al v ez pudés s emos es c ol her
al guns f ut ur os c ampeões de v endas . Fi z apenas i s s o. Mi nhas pes qui s as
s ubs eqüent es mos t r ar am r epet i dament e que os ot i mi s t as s aem- s e mel hor no
c ol égi o, ganham mai s el ei ç ões e t êm mai s c hanc e de s er bem- s uc edi dos
no t r abal ho do que os pes s i mi s t as . Par ec em at é c ons egui r c hegar a i dades mai s
av anç adas , v i v endo uma v i da mai s s audáv el . Como t er apeut a e pr of es s or de
t er apeut as , c onc l ui que o pes s i mi s mo pode s er t r ans f or mado em ot i mi s mo
não s oment e nas pes s oas depr i mi das , c omo t ambém nas pes s oas nor mai s .
Fr equent ement e, me oc or r e que dev o uma c ar t a a Les l i e. Se a t i v es s e es c r i t o,
t er i a l he f al ado da mi nha pes qui s a s obr e ot i mi s mo.
Cons i der e o r es t ant e des t e l i v r o c omo a c ar t a que não es c r ev i .
TRÊS SEMANAS DEPOI S DESSE VÔO, ESTAVA NUM ANDAR ALTO DE UMA DAS

t or r es gêneas da s ede da Met r opol i t an Li f e, em Manhat t an, pi s ando nos


c ar pet es de l ã mai s es pes s os que meus pés j á t i nham pi s ado, em di r eç ão ao
r adi os o s ant uár i o v es t i do de pai néi s de c ar v al ho de J ohn Cr eedon. Um
homem af áv el , per c ept i v o, de c i nqüent a e pouc os anos , v i s l umbr ar a o pot enc i al
do ot i mi s mo par a s ua i ndús t r i a mui t o ant es de mi m. Ex pl i c ou- me o et er no
pr obl ema que a Met r opol i t an e t odas as c ompanhi as de s egur os t êm c om s uas
equi pes de v endas .

139

- Vender não é f ác i l - f or am s uas pr i mei r as pal av r as . - Requer


per s i s t ênc i a. É pr ec i s o s er uma pes s oa ex c epc i onal par a ex er c er bem s ua f unç ão
e per manec er nel a. Todos os anos , admi t i mos 5 mi l nov os agent es . Faz emos
uma s el eç ão r i gor os a ent r e as 60 mi l pes s oas que s e c andi dat am. El as s ão
t es t adas , penei r adas , ent r ev i s t adas e s ubmet i das a t r ei nament o i nt ens i v o. Mas ,
a des pei t o de t odos es s es c ui dados , a met ade dei x a a c ompanhi a no pr i mei r o ano.
A mai or i a dos que f i c am pr oduz c ada v ez menos . No f i nal do quar t o ano,
80% j á f or am embor a. Cus t a- nos mai s de 30 mi l dól ar es a c ont r at aç ão de um
s ó agent e. Por t ant o, per demos mai s de 75 mi l hões de dól ar es t odos os anos
s oment e c om c us t o de c ont r at aç ão. E os nos s os númer os s ão c ar ac t er í s t i c os de
t oda a i ndús t r i a.
- Não es t ou f al ando apenas do di nhei r o que a Met r opol i t an Li f e per de,
Dr . Sel i gman - pr os s egui u. - I ndependent ement e de o t r abal hador demi t i r - s e,
eu es t ou f al ando s obr e o s of r i ment o humano, s obr e a s ua ár ea, depr es s ão,
t oda v ez que um f unc i onár i o v ê- s e na c ont i ngênc i a de dei x ar s eu empr ego.
Quando 50% de t oda uma i ndús t r i a dei x am s eus empr egos t odos os anos , é
s i nal de que há uma i mpor t ant e mi s s ão humani t ár i a a s er c umpr i da: pr oc ur ar
mel hor ar o " aj us t e do i ndi v í duo c om o ambi ent e" .
" O que des ej o s aber , é s e o s eu t es t e pode det ec t ar ant ec i padament e os
c andi dat os que s e r ev el ar ão bons agent es , a f i m de que pos s amos es t anc ar es s e
f l ux o de c api t al humano per di do. "
Pági na 79
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
- Por que é que oc or r e a ev as ão de v endedor es ? - per gunt ei .
Cr eedon del i neou o pr oc es s o de des i s t ênc i a.
- Di ar i ament e, mes mo os mel hor es agent es ouv em a pal av r a não de mui t a
gent e, às v ez es numa s eqüênc i a i ni nt er r upt a. Por i s s o, é f r eqüent e que um
agent e nor mal s i nt a- s e des enc or aj ado. A par t i r do moment o em que s e s ent e
des enc or aj ado, t or na- s e c ada v ez mai s di f í c i l par a el e r ec eber um não; pr ec i s a
r eal i z ar um gr ande es f or ç o par a c ons egui r r eer guer - s e e f az er uma nov a c hamada.
Pr oc ur a adi ar es s a pr óx i ma c hamada o máx i mo pos s í v el . I nv ent a qual quer
ex pedi ent e par a s e mant er l onge do t el ef one e des s e c ami nho. I s s o t or na mai s
di f í c i l ai nda r eal i z ar a pr óx i ma c hamada. Sua pr oduç ão c ai , e el e c omeç a a
pens ar em demi t i r - s e. Quando enf r ent am es s a s i t uaç ão, pouc os s ão os que
c ons eguem c ont or ná- l a.
- Lembr em- s e - el e di s s e - , es s as pes s oas t êm i ndependênc i a, es t a é
uma das at r aç ões des s e negóc i o, por I s SO, não f i c amos c ons t ant ement e

140

f i s c al i z ando e pr es s i onando- os quando a pr oduç ão c ai . E l embr e- s e de out r a


c oi s a: s oment e os agent es que c ont i nuam f az endo s uas 10 c hamadas di ár i as , e
não s e dei x am abat er pel a r ej ei ç ão, s ão bem- s uc edi dos .

O Es t i l o Ex pl i c at i v o do Suc es s o

EXPLI QUEI A TEORI A DO DESAMPARO APRENDI DO E DO ESTI LO EXPLI CATI VO

a Cr eedon. Depoi s menc i onei o ques t i onár i o s obr e ot i mi s mo/ pes s i mi s mo ( v ej a


Capí t ul o 3) . Di s s e- l he que t em s i do demons t r ado ex aus t i v ament e que as
pes s oas que obt êm es c or es pes s i mi s t as no ques t i onár i o des i s t em f ac i l ment e e
t or nam- s e depr es s i v as .
Mas o ques t i onár i o, ac r es c ent ei , não i dent i f i c a s oment e os pes s i mi s t as .
Os
s eus r es ul t ados s ão c ont í nuos e v ar i am de pr of undament e pes s i mi s t as a
i r r epr i mi v el ment e ot i mi s t as . As pes s oas que s e s i t uam na f ai x a ot i mi s t a,
es c l ar ec i ,
dev em s er as mai s per s i s t ent es . São as mai s i munes ao des ampar o. Não dev em
nunc a des i s t i r , por mai s r ej ei ç ões e der r ot as que enc ont r em.
- Es s es ot i mi s t as i nv ul ner áv ei s nunc a mer ec er am mai or at enç ão - di s s e
eu- , e podem s er ex at ament e o t i po de pes s oa que s e s ai u bem numa at i v i dade
t ão des af i ant e quant o v ender s egur os .
- Di ga- me pr ec i s ament e c omo o ot i mi s mo poder i a aj udar - r es pondeu
Cr eedon. - Comec emos c om as c hamadas f r i as , uma par t e dec i s i v a na v enda
de s egur o de v i da. Nas c hamadas f r i as , v oc ê r ec ebe uma l i s t a de t odos os
pos s í v ei s
c ompr ador es , c om os nomes de t odos os pai s dos bebês de uma c i dade. Voc ê
c omeç a os t el ef onemas a par t i r do pr i mei r o nome da l i s t a, e pr oc ur a mar c ar
um enc ont r o pes s oal . Mui t as pes s oas di z em " Não, não es t ou i nt er es s ado" ou
s e l i mi t am a bat er c om o t el ef one na s ua c ar a.
Ex pl i quei que o es t i l o ex pl i c at i v o ot i mi s t a dev er i a af et ar não o que o
agent e
de s egur os di z aos c ompr ador es pot enc i ai s , mas s i m o que el e di z a s i mes mo
quando os c ompr ador es di z em não. Vendedor es pes s i mi s t as , f i z v er a Cr eedon,
di r ão a s i pr ópr i os c oi s as per manent es , abr angent es e pes s oai s , c omo " Não s ou
bom" ou " Ni nguém quer c ompr ar s egur os de mi m ou Não c ons i go nem
c hegar à pr i mei r a bas e" . I ndubi t av el ment e, i s s o pr oduz i r á a r eaç ão de
des i s t ênc i a
e f i c ar á ai nda mai s di f í c i l di s c ar par a o pr óx i mo c l i ent e em pot enc i al . Após

141

di v er s os epi s ódi os c omo es s e, pr ev i , o agent e pes s i mi s t a dar á por enc er r ado o


t r abal ho do di a - e f i nal ment e des i s t i r á de t udo.
Em c ont r apar t i da, o agent e ot i mi s t a t er á pal av r as mai s c ons t r ut i v as nos
Pági na 80
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
s eus monól ogos i nt er i or es : " El e es t av a mui t o oc upado no moment o" ou " El es
j á t i nham s egur o, mas a v er dade é que oi t o em 10 pes s oas j á es t ão as s egur adas "
ou " Tel ef onei na hor a do j ant ar " . É pos s í v el t ambem que não di ga nada a s i
mes mo. Não s er á di f í c i l dar o t el ef onema s egui nt e, e em pouc os mi nut os o
agent e t er á c ons egui do f al ar c om aquel a pes s oa, ent r e as 10, que mar c a um
enc ont r o. I s s o ener gi z ar á o agent e e o mot i v ar á a f az er mai s l i gaç ões at é
c ons egui r
mar c ar out r a ent r ev i s t a pes s oal . Des s a f or ma, el e es t ar á c onf i r mando s eu
pot enc i al de v endas .

Ant es mes mo de eu t er s aí do pel a por t a, Cr eedon, c omo mui t os out r os


ex ec ut i v os de s egur os , s abi a que o ot i mi s mo er a a c hav e par a o s uc es s o de
v endas . El e es t av a apenas à es per a de al guém que o di mens i onas s e. Dec i di mos
c omeç ar c om um s i mpl es es t udo c or r el ac i onal , a f i m de v er i f i c ar s e v endedor es
que j á er am bem- s uc edi dos t ambém er am ex t r emament e ot i mi s t as . Se f os s em,
pr os s egui r í amos , pas s o a pas s o. Nos s o obj et i v o f i nal er a c r i ar um s i s t ema
i nt ei r ament e nov o par a s el ec i onar o pes s oal de v endas . Us amos uma v er s ão
aber t a do ques t i onár i o que v oc ê r es pondeu no Capi t ul o 3. Nes s a v er s ão do
ASQ ( At t r i but i onal St y l e Ques t i onai r e - Ques t i onár i o de At r i bui ç ão de Es t i l o)
ex i s t em 12 v i nhet as , pequenos c enár i os . A met ade r ef er e- s e a ac ont ec i ment os
adv er s os ( p. ex . " Voc ê c ompar ec e num enc ont r o e el e ac aba maL. " ) : e a out r a
met ade gi r a em t or no de bons ac ont ec i ment os ( p. ex . : " De r epent e, v oc ê f i c a
r i c o. . . " ) . Voc ê é c onv i dado a i magi nar que par t i c i pa da s i t uaç ão c r i ada e a
apont ar a c aus a mai s pr ov áv el do ac ont ec i ment o. Par a ex pl i c ar a pr i mei r a
v i nhet a, por ex empl o, v oc ê poder á di z er " Tenho mau hál i t o" , e par a a s egunda,
" Sou um i nv es t i dor br i l hant e. "
Voc ê ent ão r es ponder á, par a c l as s i f i c ar a c aus a f or nec i da, numa es c al a
de 1
a 7, par a per s onal i z aç ão. ( " A c aus a i ndi c ada t em a v er c om out r as pes s oas ,
out r as
c i r c uns t ânc i as [ ex t er na] ou é al guma c oi s a s obr e v oc ê [ i nt er na] ?" ) Em s egui da
v oc ê r es ponder á o ques t i onár i o par a per manênc i a. ( " Es s a c aus a não s e
mani f es t ar á nov ament e quando es t i v er pl ei t eando um empr ego [ t empor ár i o]
ou es t ar á s empr e pr es ent e [ per manent e] ?" ) E, f i nal ment e, v oc ê c l as s i f i c ar á a
abr angênc i a. ( " Es s a c aus a af et a s oment e a pos t ul aç ão a um empr ego [ es pec í f i c o]
ou t odas as out r as ár eas de s ua v i da [ abr angent e] ?" )

142

Na pr i mei r a t ent at i v a, s ubmet emos o ques t i onár i o a 200 agent es de v endas


ex per i ent es , met ade dos quai s er am águi as ( mui t o pr odut i v os ) e a out r a met ade
er am per us ( não- pr odut i v os ) , Os águi as obt i v er am r es ul t ados mui t o mai s
ot i mi s t as c om o ques t i onár i o do que os per us . Quando c onf r ont amos os es c or es
do t es t e c om os r es ul t ados de v endas , v er i f i c amos que os agent es que t i nham
s e c l as s i f i c ado na met ade mai s ot i mi s t a do ASQ t i nham v endi do 37% mai s
s egur os , em médi a, nos s eus doi s pr i mei r os anos de t r abal ho, do que os que
t i nham s e s i t uado na met ade pes s i mi s t a.
Os agent es que f i c ar am ent r e os 10% mai s bem c l as s i f i c ados v ender am
88% mai s do que os 10% mai s pes s i mi s t as . Na bus c a par a det er mi nar a ut i l i dade
do nos s o t es t e no mundo dos negóc i os , es s e f oi um i ní c i o ani mador .

Tes t ando o Tal ent o


DURANTE MUI TOS ANOS A I NDÚSTRI A DE SEGUROS APERFEI ÇOOU UM TESTE

des t i nado a des c obr i r a adequaç ão de uma pes s oa à c ar r ei r a de v endas . The


Car eer Pr of i l e ( O per f i l da c ar r ei r a) é edi t ado pel a Li f e I ns ur anc e Management
Res ear c h As s oc i at i on. Todos os c andi dat os à Met r opol i t an Li f e t êm que obt er
um ex empl ar do Per f i l , e par a s er em admi t i dos pr ec i s am mar c ar 12 pont os ou
mai s . Soment e 30% dos mel hor es c andi dat os c ons eguem t al r es ul t ado. Os
que f az em 12 pont os ou mai s s ão ent r ev i s t ados , e s e o ger ent e s e der por
s at i s f ei t o, s ão admi t i dos .
De um modo ger al , doi s t i pos de ques t i onár i os podem pr ev er o pot enc i al
Pági na 81
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
de êx i t o em qual quer gêner o de at i v i dade: o empí r i c o e o bas eado na t eor i a.
Um t es t e empí r i c o é f ei t o a par t i r de i ndi v í duos que, na r eal i dade, s ão bem-
s uc edi dos no s eu t r abal ho e de out r os , que f r ac as s ar am. São f ei t as mui t as
per gunt as genér i c as , t ai s c omo: " Voc ê
gos t a de mús i c a c l ás s i c a?" , " Voc ê quer
ganhar mui t o di nhei r o?" , " Voc ê t em mui t os par ent es ?" , " Que i dade v oc ê
t em?" , " Voc ê gos t a de i r a f es t as ?" . A mai or i a das per gunt as não s epar a os
águi as dos per us , mas al gumas c ent enas de per gunt as des s e t i po s ão c apaz es
de per mi t i r di s t i ngui - l os . ( Tudo o que v oc ê t em a f az er é det er mi nar quai s
s ão as per gunt as que f unc i onam e us á- l as ; nenhuma t eor i a é env ol v i da no
pr oc es s o. ) Es s as pouc as c ent enas de per gunt as s ão ut i l i z adas no t es t e par a

143

pr ev er o s uc es s o f ut ur o no empr ego. O c andi dat o adequado é aquel e que


t em o mes mo " per f i l " - mes ma f ai x a de i dade, mes mos ant ec edent es e
at i t udes s emel hant es , em s uma, as mes mas r es pos t as - que o f unc i onár i o
t í pi c o bem- s uc edi do na mes ma ár ea. Por t ant o, os t es t es empí r i c os admi t em
pac i f i c ament e que as r az ões que det er mi nam o êx i t o de uma pes s oa
c ons t i t uem um c ompl et o mi s t ér i o; el es us am t ão- s oment e as per gunt as que
es t abel ec em a di f er enç a ent r e águi as e per us .
Por out r o l ado, os t es t es bas eados na t eor i a, c omo os t es t es de QI
( Quoc i ent e
de I nt el i gênc i a) ou os SAT - Sk i l l s and Abi l i t i es Tes t s ( Tes t es de Habi l i dade
e Apt i dão) - s ó f az em per gunt as deduz i das de uma t eor i a - no c as o, uma
t eor i a de habi l i dade. A t eor i a por t r ás do SAT, por ex empl o, é de que a
" i nt el i gênc i a" c ons i s t e de habi l i dades v er bai s ( c ompr eens ão de l ei t ur a,
c apac i dade de ent ender anal ogi as et c . ) e de habi l i dades mat emát i c as anal í t i c as
( ál gebr a, geomet r i a et c . ) . Uma v ez que es s as habi l i dades s ão f undament ai s
par a o des empenho es c ol ar , s eu domí ni o pr es s upõe s uc es s o no c ol égi o, o que,
de f at o, oc or r e apr ec i av el ment e.
Mas t ant o os t es t es empí r i c os quant o os bas eados em t eor i as i nduz em a
um númer o par t i c ul ar ment e el ev ado de er r os , embor a no t odo ant ec i pem
t endênc i as c om pr ec i s ão es t at í s t i c a. Mui t a gent e que s e s ai mal nos SATs t em
bom des empenho na f ac ul dade, e mui t os que s e s aem bem nem s empr e s ão
bem- s uc edi dos no c ur s o s uper i or . O pr obl ema da Met r opol i t an Li f e er a ai nda
mai s óbv i o: um númer o apr ec i áv el de pes s oas que pas s am c om di s t i nç ão no
Per f i l da Car r ei r a r ev el a- s e s em apt i dão par a v endas . Mas s er i a pos s í v el o
c ont r ár i o, i s t o é, aquel es que não s e s aí r am bem no Per f i l da Car r ei r a s er i am
c apaz es de s er bons v endedor es de s egur os ? A Met r opol i t an não s abi a, poi s na
v er dade não t i nha pr at i c ament e admi t i do nenhum del es . Cons eqüent ement e,
a c ompanhi a di s punha de v agas não pr eenc hi das , uma v ez que o númer o de
c andi dat os apr ov ados não er a s uf i c i ent e. Se uma quant i dade s ubs t anc i al
de c andi dat os não l ogr as s e pas s ar no t es t e i ndus t r i al mas c ons egui s s e v ender
t ant o s egur o quant o os apr ov ados , a Met Li f e t er i a r es ol v i do s eu gr av e pr obl ema
de mão- de- obr a.
O ASQ ( Ques t i onár i o de At r i bui ç ão de Es t i l o) é um t es t e bas eado em
t eor i a, mas é bas eado numa t eor i a mui t o di f er ent e da s abedor i a t r adi c i onal
s obr e s uc es s o. A s abedor i a t r adi c i onal s us t ent a que há doi s i ngr edi ent es par a o
s uc es s o, e v oc ê pr ec i s a de ambos par a s er bem- s uc edi do. O pr i mei r o é a

144

habi l i dade ou apt i dão, e os t es t es de QI e SAT, s upos t ament e, s ão c apaz es de


medi - l o. O s egundo é o des ej o ou mot i v aç ão. Não i mpor t a a apt i dão que v oc ê
pos s a t er , di z a s abedor i a t r adi c i onal , mas s e l he f al t ar des ej o v oc ê
f r ac as s ar á.
Uma boa dos e de des ej o pode s upr i r a aus ênc i a de t al ent o.
Na mi nha opi ni ão, f al t a al guma c oi s a à s abedor i a t r adi c i onal . Um
c ompos i t or pode t er t odo o t al ent o de um Moz ar t e um des ej o apai x onado de
wnc er , mas s e el e ac r edi t ar que não é c apaz de c ompor mús i c a, não c ons egui r a
r eal i z ar nada. Não t ent ar a c om s uf i c i ent e empenho. Logo des i s t i r á, quando a
mel odi a ar di l os a demor ar mui t o a s e mat er i al i z ar . O s uc es s o ex i ge per s i s t ênc i a,
a c apac i dade de não des i s t i r f ac e ao i ns uc es s o. Ac r edi t o que o es t i l o
Pági na 82
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
ex pl i c at i v o
ot i mi s t a s ej a a c hav e da per s i s t ênc i a.
A t eor i a do es t i l o ex pl i c at i v o do s uc es s o ens i na que, par a es c ol her
pes s oas
f adadas ao s uc es s o num empr ego des af i ador , v oc ê pr ec i s a s el ec i onar t r ês
c ar ac t er Í s t i c as :

1. apt i dão
2. mot i v aç ão
3. ot i mi s mo

Todas t r ês det er mi nam s uc es s o.

Tes t ando o Es t i l o Ex pl i c at i v o
na Met r opol i t an Li f e

HÁ DUAS POSSÍ VEI S EXPLI CAÇÕES PARA O FATO DE EM NOSSO PRI MEI RO ESTUDO
os bons agent es de v endas t er em obt i do mai s r es ul t ados ot i mi s t as no
ques t i onár i o ASQ do que os maus agent es . Uma das ex pl i c aç ões c onf i r ma a t eor i a
de
que o ot i mi s mo pr oduz s uc es s o; el a di z que o ot i mi s mo f az c om que v oc ê v enda
bem e o pes s i mi s mo i mpede que v oc ê v enda bem. A out r a ex pl i c aç ão é que o
f at o de v ender bem t or na- o ot i mi s t a e v ender mal f az de v oc ê um pes s i mi s t a.
O nos s o pas s o i medi at o f oi des c obr i r o que é que c aus a o quê, medi ndo o
ot i mi s mo no moment o da admi s s ão e v er i f i c ando quem t i nha mel hor
des empenho no ano s egui nt e.

145

Par a t es t ar nos s a t eor i a, es c ol hemos os pr i mei r os 104 agent es admi t i dos


na r egi ão oes t e da Pens i l v âni a, em j anei r o de 1983. Todos j á t i nham s i do
apr ov ados na s el eç ão do Per f i l da Car r ei r a e r ec ebi do t r ei nament o pr é- admi s s ão.
Cada um f oi , ent ão, s ubmet i do ao ques t i onár i o ASQ. Pens amos que t i v és s emos
de es per ar um ano at é que a pr oduç ão de dados nos per mi t i s s e des c obr i r al guma
c oi s a i mpor t ant e. Na r eal i dade, não t i v emos que es per ar .
Fi c amos admi r ados ao c ons t at ar c omo os agent es de s egur os s ão ot i mi s t as .
O es c or e B - M médi o do gr upo ( a di f er enç a ent r e o es t i l o ex pl i c at i v o par a os
bons ac ont ec i ment os e o es t i l o ex pl i c at i v o par a os maus ac ont ec i ment os ) f oi
s uper i or a 7, 00. Es s e r es ul t ado s i t ua- s e mui t o ac i ma da médi a nac i onal e s uger e
que s oment e os mui t o ot i mi s t as dev em s e c andi dat ar . Os agent es de s egur os
de v i da, c omo um gr upo, s ão mai s ot i mi s t as do que i ndi v í duos de qual quer
out r o r amo de at i v i dade que j á t es t amos : v endedor es de aut omóv ei s , c or r et or es
de t í t ul os que f i c am ber r ando o di a i nt ei r o na Bol s a, c adet es de Wes t Poi nt ,
ger ent es de r es t aur ant es da c adei a Ar by , c andi dat os à Pr es i dênc i a dos Es t ados
Uni dos no t r ans c ur s o do s éc ul o, es t r el as da s el eç ão de bei s ebol ou c ampeões
de nat aç ão de ní v el mundi al . 9 Tí nhamos es c ol hi do par a c omeç ar ex at ament e a
pr of i s s ão c er t a, que, apenas par a i ngr es s ar , r equer uma f or t e dos e de ot i mi s mo
e um ot i mi s mo f or a de s ér i e par a s er bem- s uc edi do.
Um ano depoi s c hec amos o des empenho dos agent es . Como J ohn Cr eedon
me pr ev eni r a, mai s da met ade dos agent es demi t i r a- s e; 59 dos 104 t i nham
dei x ado a c ompanhi a dur ant e o ano.
Quem s e demi t i r a?
Agent es que s e c l as s i f i c ar am na met ade menos ot i mi s t a do ASQ
demons t r ar am s er duas v ez es mai s pr opens os a s e demi t i r em do que os que s e
s i t uar am na
met ade mai s ot i mi s t a. Agent es que s e c l as s i f i c ar am no quar t o menos ot i mi s t a er am
t r ês v ez es mai s pr opens os a s e demi t i r em do que os agent es que t i nham mar c ado
pont os no quar t o mai s ot i mi s t a. Em c ont r as t e, as pes s oas que t i nham
obt i do os menor es es c or es no Per f i l da Car r ei r a não er am nem mai s nem menos
i nc l i nadas a s e demi t i r em do que as que t i nham l ogr ado os mel hor es r es ul t ados .
E o que di z er da l i nha de bas e c om r el aç ão aos dól ar es pr oduz i dos ?

___
Pági na 83
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
9Nos s o mét odo de medi r o ot i mi s mo daquel es que não r es ponder am ou não puder am
r es ponder o
ques t i onár i o ASQ é c hamado anál i s e do c ont eúdo de ex pl i c aç ões t ex t uai s , ou CAVE
( Cont ent
Anal y s i s of Ver bat i m Ex pl anat i ons ) , des c r i t o na pagi na 184.

146

Os agent es da met ade s uper i or do ASQ v ender am 20% mai s s egur os do


que os agent es menos ot i mi s t as da met ade i nf er i or . Os agent es do quar t o
s uper i or v ender am 50% mai s do que os agent es do quar t o i nf er i or . Nes s e as pec t o,
o Per f i l da Car r ei r a t ambém pr ev i u o que ac ont ec er i a. Os agent es que s e
s i t uar am na met ade s uper i or do Per f i l da Car r ei r a v ender am 37% mai s do que
os agent es que f i c ar am na met ade i nf er i or . Conf r ont ando os doi s t es t es ( el es
não s e s uper põem; c ada um pr opor c i ona uma per s pec t i v a di s t i nt a) , v er i f i c amos
que os agent es que mar c ar am pont os na met ade s uper i or de ambos v ender am
56% mai s do que os agent es c uj os r es ul t ados s i t uar am- s e na met ade i nf er i or
de ambos . Por t ant o, o ot i mi s mo pr ev i u quem s obr ev i v er i a e quem v ender i a
mai s - e o f ez quas e t ão bem quant o o t es t e da i ndús t r i a.
Es s e es t udo t er á t es t ado adequadament e a t eor i a e o poder do ot i mi s mo de
pr ev er o s uc es s o de v endas ? Não. Mui t as per gunt as ai nda t i v er am que s er
r es pondi das ant es que a Met r opol i t an s e c onv enc es s e i nt ei r ament e de que o
ASQ é c apaz de pr ev er o s uc es s o de um v endedor . Em pr i mei r o l ugar , s oment e
104 pes s oas t i nham s i do es t udadas , e a amos t r a, c ol hi da uni c ament e no oes t e
da Pens i l v âni a, t al v ez não f os s e bas t ant e r epr es ent at i v a. Em s egundo l ugar , os
agent es f or am s ubmet i dos ao t es t e s em que houv es s e qual quer t i po de pr es s ão,
uma v ez que j á t i nham s i do c ont r at ados . O que ac ont ec er i a s e a Met c omeç as s e
a admi t i r agent es us ando o ASQ e al guns c andi dat os , s abendo que a admi s s ão
depender i a da manei r a c omo s e s aí s s em, pas s as s em a f or j ar as r es pos t as ? Se
c ons egui s s em, i s s o i nv al i dar i a o t es t e.
Er a r el at i v ament e f ác i l af as t ar nos s a pr eoc upaç ão c om a pos s i bi l i dade de
f r aude. Fi z emos um es t udo es pec i al no qual al guns c andi dat os s ubmet i dos ao
t es t e f or am ens i nados a t r apac ear ( " Demons t r e s er t ão ot i mi s t a quant o puder " )
e ai nda r ec eber am um i nc ent i v o par a f az ê- l o - um pr êmi o de 100 dól ar es
par a o mel hor r es ul t ado. Mas c om a or i ent aç ão e o i nc ent i v o, não obt i v er am
r es ul t ados mel hor es do que os s eus c ol egas de t es t e. Em out r as pal av r as ,
t r at av a- s e
de um t es t e em que é di f í c i l t r apac ear , e s er or i ent ado no s ent i do de par ec er
o mai s ot i mi s t a pos s í v el não f unc i ona. Mes mo que v oc ê es t ude es t e l i v r o,
c onc l ui r á que é di f í c i l f az er t r apaç a nos nos s os t es t es de ot i mi s mo, uma v ez
que as r es pos t as c er t as v ar i am de um t es t e par a out r o e i nc l uí mos " es c al as de
ment i r a" par a f l agr ar os t r apac ei r os .

147

O Es t udo da Equi pe Es pec i al

ESTÁVAMOS PRONTOS PARA UM ESTUDO EM PROFUNDI DADE NO QUAL OS

c andi dat os s er i am s ubmet i dos ao t es t e s ob as c ondi ç ões r eai s de admi s s ão. No


i ní c i o de 1985, 15 mi l c andi dat os à Met r opol i t an Li f e f i z er am ambos os t es t es
- o ASQ e o Per f i l da Car r ei r a.
Tí nhamos doi s obj et i v os , O pr i mei r o er a admi t i r mi l agent es pel o
c r i t ér i o
us ual , pas s ar no Per f i l da Car r ei r a. Par a es s es mi l agent es , o es c or e obt i do no
ASQ não pes av a na dec i s ão de c ont r at aç ão. Quer í amos apenas v er s e os ot i mi s t as
des s a equi pe r egul ar s uper ar i am os r es ul t ados de v endas dos pes s i mi s t as .
O s egundo obj et i v o er a mui t o mai s ar r i s c ado par a a Met r opol i t an.
Dec i di mos c r i ar uma " equi pe es pec i al " de agent es ot i mi s t as - c andi dat os que
t i nham f al hado mui t o pouc o no t es t e do Per f i l da Car r ei r a ( mar c ando de 9 a
11 pont os ) , mas que t i nham s e c ol oc ado na met ade s uper i or do ASQ. Mai s de
100 agent es que ni nguém mai s c ont r at ar i a, por não t er em pas s ado no t es t e,
s er i am admi t i dos pel a c ompanhi a. El es não s aber i am que er am agent es es pec i ai s .
Pági na 84
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Se es s e gr upo f r ac as s as s e t ot al ment e, a Met r opol i t an Li f e per der i a c er c a de 3
mi l hões de dól ar es c om c us t os de t r ei nament o.
Des s a f or ma, mi l dos 15 mi l c andi dat os f or am admi t i dos na equi pe
r egul ar ; a met ade de ot i mi s t as e a out r a met ade, de pes s i mi s t as . ( Fal a que,
em ger al , os c andi dat os s ão mui t o ot i mi s t as . Mas , nat ur al ment e, a met ade
del es f i c ou abai x o da médi a, al guns bem abai x o, s egment o em que s e s i t uav am
os c andi dat os pes s i mi s t as . ) E out r os 129 - t odos t endo obt i do r es ul t ados na
met ade s uper i or do ASQ, por t ant o ot i mi s t as aut ênt i c os , mas que não t i nham
pas s ado no Per f i l da Car r ei r a - t ambém f or am c ont r at ados . El es c ons t i t uí r am
a equi pe ot i mi s t a es pec i al .
Dur ant e os doi s anos s egui nt es os nov os agent es f or am as s es s or ados . Ei s
c omo s e s aí r am:
No pr i mei r o ano, os ot i mi s t as da equi pe r egul ar v ender am mai s do que os
pes s i mi s t as , mas apenas 8% a mai s . No s egundo ano, os ot i mi s t as v ender am
31% a mai s .
Quant o à equi pe es pec i al , s ai u- s e magni f i c ament e. Super ar am as v endas
dos pes s i mi s t as da equi pe r egul ar em 21% dur ant e o pr i mei r o ano, e em 57%
no s egundo ano. Super ar am at é a médi a da equi pe r egul ar , dur ant e os doi s

148

pr i mei r os anos , em 27%. Na v er dade, v ender am pel o menos t ant o quant o os


ot i mi s t as da equi pe r egul ar .
Ver i f i c amos t ambém que os ot i mi s t as c ont i nuar am mel hor ando s eu
des empenho em c ompar aç ão c om os pes s i mi s t as . Por quê? Nos s a t eor i a
s us t ent av a que o ot i mi s mo é i mpor t ant e por que ger a per s i s t ênc i a. J ul gáv amos
que a pr i nc í pi o o t al ent o e a mot i v aç ão par a v ender dev i am s er pel o menos t ão
i mpor t ant es quant o a per s i s t ênc i a. Mas , à medi da que o t empo pas s as s e e os
" nãos " s e ac umul as s em, a per s i s t ênc i a dev i a t or nar - s e dec i s i v a. Na pr át i c a, f oi
ex at ament e o que ac ont ec eu.
O t es t e de ot i mi s mo pr ev i u os r es ul t ados de v endas c om uma
pr ec i s ão
pel o menos i gual à do Per f i l da Car r ei r a.

A Equi pe Es pec i al

QUEM FOI ADMI TI DO NA EQUI PE ESPECI AL? PERMI TAM- ME FALAR- LHES DE

Rober t Del i e do di a em que a mi nha t eor i a ganhou v i da.


Suc c es s Magaz i ne t i nha ouv i do f al ar do es t udo da equi pe es pec i al e me
ent r ev i s t ou. Em 1987, publ i c ou um ar t i go s obr e ot i mi s mo e o s uper v endedor ,
que c omeç av a c om o per f i l de um homem c hamado Rober t Del i , s upos t ament e
i nt egr ant e t í pi c o da equi pe es pec i al da Met r opol i t an. Del i , di z i a o ar t i go,
t i nha
t r abal hado num f r i gor í f i c o e f or a demi t i do depoi s de mui t os anos no empr ego.
Candi dat ou- s e, ent ão, a um c ar go de v endedor na Met r opol i t an e, apes ar de
não t er pas s ado no t es t e do Per f i l da Car r ei r a, f oi admi t i do por c aus a do ót i mo
r es ul t ado que obt i v er a no ASQ. De ac or do c om o ar t i go, t or nar a- s e um
c ampeão de v endas , por que não er a apenas per s i s t ent e e i magi nos o. Enc ont r av a
c l i ent es em l ugar es onde ni nguém v i a.
I magi nei que Rober t Del i f os s e um per s onagem f i c t í c i o - a r épl i c a de um
agent e t í pi c o da equi pe es pec i al . Mas um bel o di a, al gumas s emanas após a
publ i c aç ão do ar t i go, mi nha s ec r et ár i a v ei o me di z er que um Sr . Rober t Del i
es t av a ao t el ef one. Ar r ebat ei o f one de s uas mãos .
- Rober t Del i ? - per gunt ei . - Rober t Del i ? Quer di z er que v oc ê
r eal ment e ex i s t e?
- Em c ar ne e os s o - di s s e uma v oz gr av e do out r o l ado da l i nha. -
El es não me i nv ent ar am.

149

Del i me di s s e que o que a r ev i s t a c ont ar a er a v er dade, e ac r es c ent ou


Pági na 85
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
det al hes
ao r el at o. Ti nha t r abal hado num f r i gor í f i c o no oes t e da Fi l adél f i a dur ant e 26
anos , t oda a s ua v i da adul t a. O t r abal ho er a ex aus t i v o, mas pel o menos el e
t r abal hav a na c oz i nha, onde er am pr epar ados os enl at ados , o que não er a t ão
r ui m quant o out r as t ar ef as . A demanda c aí r a. O c ont r at o s i ndi c al l he gar ant i a
um mí ni mo de hor as de t r abal ho, mas l he di s s er am que t er i a de c umpr i r es s as
hor as no abat edour o. Es s e t i po de t r abal ho r epugnav a- o. Os negóc i os da
c ompanhi a pi or ar am, e numa s egunda- f ei r a pel a manhã, ao s e apr es ent ar par a
o t r abal ho, enc ont r ou um av i s o na por t a: FECHADO.
- Não es t av a a f i m de pas s ar o r es t o da v i da à c us t a da pr ev i dênc i a s oc i al
- me di s s e Del i - , por i s s o, r es pondi a um anúnc i o, t r ês ou quat r o di as
depoi s , que pr oc ur av a pes s oas que qui s es s em v ender s egur os . Nunc a t i nha
v endi do c oi s a al guma e não s abi a s e t i nha j ei t o, mas r es ol v i f az er o t es t e, e -
s abe l á o que é i s s o? - a Met r opol i t an Li f e es t av a di s pos t a a me c ont r at ar .
A per da do empr ego no f r i gor í f i c o t i nha s i do uma bênç ão. No s eu pr i mei r o
ano na equi pe es pec i al ganhou 50% mai s do que l he pagav am no f r i gor í f i c o.
Al ém di s s o, ador av a o t r abal ho, pr i nc i pal ment e a l i ber dade de es t abel ec er s eus
pr ópr i os l i mi t es e de s e aut odi s c i pl i nar .
- Mas hoj e t i v e uma manhã pés s i ma - pr os s egui u. - Vendi uma apól i c e
mi l i onár i a. Vi nha per s egui ndo a l ebr e há mes es . . . a apól i c e de mai or v al or que
j á t i nha c ons egui do v ender . AI , há pouc as hor as , o depar t ament o de s ubs c r i ç ões
da c ompanhi a r ec us ou- a. É por i s s o que es t ou l he t el ef onando.
- Ót i mo, Sr . Del i - r es pondi s em per c eber onde el e quer i a c hegar .
-
Fi c o mui t o s at i s f ei t o c om i s s o.
- Dr . Sel i gman, o ar t i go da r ev i s t a di z que o s enhor f or mou uma equi pe
i nt ei r a de v endedor es par a a Met r opol i t an Li f e, gent e que não s e dei x a abat er
mes mo quando ac ont ec em c oi s as r ui ns , c omo ac ont ec eu c omi go es t a manhã.
Suponho que o s enhor não t enha f ei t o i s s o de gr aç a.
- É v er dade.
- Bem, não me l ev e a mal , ac ho que o s enhor dev i a r et r i bui r o f av or
f az endo um s egur o c omi go.
Fi z .

150

A Nov a Pol í t i c a de Admi s s ão


da Met r opol i t an Li f e
NA DÉCADA DE 1950, A METROPOLI TAN LI FE ERA O GI GANTE DA I NDÚSTRI A
de s egur os , empr egando mai s de 20 mi l agent es ( c or r et or es ) . Nos t r i nt a anos
que s e s egui r am, a Met dec i di u c or t ar s ua f or ç a de v endas e r ec or r er a out r os
mei os par a v ender s egur os e out r os pr odut os . Nos i dos de 1987, quando
es t áv amos c ompl et ando o es t udo s obr e a equi pe es pec i al , a Met r opol i t an
Li f e há mui t o t i nha s i do des banc ada pel a Pr udent i al da l i der anç a da
i ndús t r i a e o s eu pes s oal de v endas hav i a s i do r eduz i do par a pouc o mai s de 8 mi l
agent es . I mpunha- s e um nov o c omando no s et or de v endas par a r ec uper ar a
pos i ç ão per di da. J ohn Cr eedon f oi bus c ar Bob Cr i mmi ns , um dí namo de
c abel os pr at eados c om um i nc r í v el c ar i s ma or at ór i o. Cr i mmi ns , por s ua v ez ,
r ec r ut ou o Dr . Howar d Mas e, um es pec i al i s t a em t r ei nament o e c r i ador de
ger ent es par a o Ci t i Cor p ex t r emament e bem- s uc edi do, a f i m de i nj et ar v i da
nov a na ár ea de s el eç ão e t r ei nament o. O ambi c i os o obj et i v o del es er a
aument ar dr as t i c ament e o ef et i v o de v endas - par a 10 mi l no ano s egui nt e e,
s e des s e c er t o, par a 12 mi l no out r o ano - e des s a f or ma aument ar a
par t i c i paç ão da Met r opol i t an no mer c ado. Mas quer i am mant er , ao mes mo
t empo, a al t a qual i dade da equi pe. Par ec eu- l hes que o nos s o es t udo s obr e a
equi pe es pec i al poder i a aj udá- l os , uma v ez que t í nhamos demons t r ado em
es c al a mac i ç a que o ot i mi s mo pr ev ê o s uc es s o ac i ma e al ém dos c r i t ér i os
t r adi c i onai s de c ont r at aç ão.
Em v i s t a di s s o, a Met r opol i t an r es ol v eu, a par t i r de ent ão, s ubmet er
t odos
os c andi dat os ao ques t i onár i o ASQ, e c omo par t e de s ua audac i os a es t r at égi a,
c omeç ou a admi t i r v endedor es dev i do a s eu ot i mi s mo. Souber am us ar nos s os
s er v i ç os .
Sob a l i der anç a de Cr i mmi ns e de Mas e, a Met adot ou uma es t r at égi a de
Pági na 86
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
duas pont as de l anç a par a s el ec i onar nov os agent es . A c ompanhi a admi t e
c andi dat os que mar c am pont os na met ade s uper i or do ASQ e f al ham por
mui t o pouc o no t es t e do Per f i l da Car r ei r a. I s s o ex pl i c a o gr ande númer o de
agent es que j amai s s er i am c ons i der ados c as o pr ev al ec es s e a ant i ga es t r at égi a.
Al ém di s s o, os 25% c ons i der ados mai s pes s i mi s t as não s ão admi t i dos ai nda
que t enham pas s ado no Per f i l da Car r ei r a. Des s a f or ma, os pr ev i s í v ei s empr e-

151

gados - pr obl ema, que c os t umav am s er di s pendi os os f r ac as s os par a a c ompanhi a,


agor a não s ão mai s c ont r at ados . Com es s a es t r at égi a, a Met r opol i t an Li f e
ex c edeu s eu obj et i v o e ex pandi u 12 s ua equi pe de v endas par a mai s de 12 mi l .
Es t ou i nf or mado que, agi ndo des s a manei r a, a Met aument ou s eu mer c ado de
s egur os pes s oai s em quas e 50%. A c ompanhi a pas s ou a c ont ar não s ó c om
uma f or ç a de v endas mai or , c omo mel hor . Segundo c r i t ér i os de pr oduç ão, el a
r ec uper ou a l i der anç a da i ndús t r i a.
Adot ando o ASQ, Bob Cr i mmi ns e Howar d Mas e der am um gr ande pas s o
no s ent i do de s at i s f az er as nec es s i dades de mão- de- obr a da Met r opol i t an em
menos de doi s anos .

Tr ans f or mando Pes s i mi s t as


em Ot i mi s t as

ESTAVA NOVAMENTE NO GABI NETE DE J OHN CREEDON. Os TAPETES

c ont i nuav am es pes s os e mac i os , os pai néi s de c ar v al ho ai nda r el uz i am, mas


es t áv amos t odos um pouc o mai s v el hos . Quando nos enc ont r amos pel a
pr i mei r a v ez , s et e anos ant es , por oc as i ão de mi nha pal es t r a a ex ec ut i v os de
c ompanhi as de s egur os , J ohn ac abar a de s er nomeado pr es i dent e- ex ec ut i v o da
Met r opol i t an Li f e e os meus ol hos br i l hav am t oda v ez que f al av a s obr e a
c or r el aç ão ent r e ot i mi s mo e s uc es s o. J ohn c onqui s t ar a pr oemi nênc i a c omo l í der
da c omuni dade de negóc i os dos Es t ados Uni dos . Agor a, me di z i a que i a s e
apos ent ar dent r o de um ano.
Rev i mos o que hav í amos c ons egui do r eal i z ar . Tí nhamos des c ober t o que o
ot i mi s mo podi a s er medi do e, c omo es per áv amos , podi a pr ev er o s uc es s o de
uma pes s oa c omo agent e de s egur o de v i da. Não s ó t í nhamos mudado a
es t r at égi a de s el eç ão des s a i mens a c ompanhi a, c omo a pol í t i c a de s el eç ão de
t oda a i ndús t r i a dav a s i nai s de mudanç a.
- Uma c oi s a ai nda me i nc omoda - di s s e J ohn. - Toda c ompanhi a
t em s ua c ot a de pes s i mi s t as . Al guns es t ão ent r i nc hei r ados pel o t empo de
c as a e out r os s ão mant i dos por que s ão bons no que f az em. À medi da que
env el heç o - c ont i nuou - , me dou c ont a de que os pes s i mi s t as r epr es ent am
um pes o c ada v ez mai or par a mi m. Es t ão s empr e me di z endo o que não

152

pos s o f az er . Só me apont am o que es t á er r ado. Sei que não é a i nt enç ão


del es , mas o f at o é que ac abam t ol hendo a aç ão, a i magi naç ão e a i ni c i at i v a.
Ac ho que a mai or i a del es , e c er t ament e a c ompanhi a, s e s ent i r i a mel hor s e
f os s e mai s ot i mi s t a.
" Daí a mi nha per gunt a. Voc ê pode pegar uma pes s oa c om 30 ou 50 anos
de pr át i c a em pens ament o pes s i mi s t a e t r ans f or má- l a num ot i mi s t a?"
A r es pos t a a es t a per gunt a é s i m. Mas Cr eedon não es t av a mai s f al ando
s obr e agent es de v endas e s i m de ex ec ut i v os do pr i mei r o es c al ão,
par t i c ul ar ment e da bur oc r ac i a c ons er v ador a que, a des pei t o de quem quer
que pos s a s er o ex ec ut i v o- c hef e, t em mui t o c ont r ol e pr át i c o s obr e os des t i nos
de qual quer i ns t i t ui ç ão. Não s e pode mandar ex ec ut i v os f az er t es t es ou as s i s t i r
a s emi nár i os c omo s e f az c om os agent es de v endas . Tal v ez nem mes mo
Cr eedon pudes s e or dená- l os a s e s ubmet er a uma t er api a c ogni t i v a,
i ndi v i dual ment e ou em gr upo. Mas , ai nda que pudes s e, s er i a ac ons el háv el
ens i nar - l hes ot i mi s mo?
Naquel a noi t e, e mui t as noi t es depoi s , pens ei na per gunt a de Cr eedon.
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Hav er á um papel des t i nado ao pes s i mi s mo numa empr es a bem di r i gi da? Hav er á
l ugar par a o pes s i mi s mo numa v i da bem admi ni s t r ada?

A Raz ão de Ser do Pes s i mi s mo

ESTAMOS CERCADOS PELO PESSI MI SMO. ALGUMAS PESSOAS PADECEM DELE


c ont i nuament e. Mes mo os mai s ot i mi s t as dent r e nós podem s er at ac ados por
el e. Ser á o pes s i mi s mo um dos c ol os s ai s enganos da nat ur ez a, ou l he é
r es er v ado um l ugar i mpor t ant e no es quema das c oi s as ?
O pes s i mi s mo pode f undament ar o r eal i s mo de que t ant as v ez es pr ec i s amos .
Em mui t as ar enas da v i da, o ot i mi s mo é i nj us t i f i c ado. Às v ez es , f al hamos
i r r epar av el ment e, e v er as c oi s as nes s as oc as i ões at r av és de l ent es c or - de- r os a
pode nos c ons ol ar , mas não as modi f i c a. Em det er mi nadas s i t uaç ões - a
c abi ne de um av i ão c omer c i al , por ex empl o - o que é nec es s ár i o não é uma
v i s ão ot i mi s t a e s i m uma v i s ão i mpi edos ament e r eal i s t a. Por v ez es , pr ec i s amos
r el egar nos s as per das a um s egundo pl ano e i nv es t i r de pr ef er ênc i a em out r o
l ugar , em v ez de pr oc ur ar r az ões par a nos apegar mos a el as .

153

Quando Ct eedon me per gunt ou s e eu poder i a modi f i c ar o pes s i mi s mo


dos ex ec ut i v os da Met r opol i t an, f i quei - menos pr eoc upado c om mi nha
c apac i dade de t r ans f or mar o pes s i mi s mo em ot i mi s mo do que c om o mal que
eu poder i a c aus ar i nadv er t i dament e. Tal v ez par t e do pes s i mi s mo que os s eus
ex ec ut i v os t r ans f er i am par a o t r abal ho del es pudes s e ex er c er al guma f unç ão
i mpor t ant e. Al guém t em que des enc or aj ar pl anos ex c es s i v ament e ot i mi s t as .
Es s es pes s i mi s t as c hegar am ao t opo da es c ada em uma c or por aç ão empr es ar i al
nos EUA - f or ç os ament e, el es t i nham que es t ar f az endo al guma c oi s a c er t a.
Naquel a noi t e, v ol t ando a pens ar na quei x a de J ohn, ponder ei nov ament e
s obr e uma per gunt a que há mui t o me i mpor t unav a: por que a ev ol uç ão
per mi t i r a que a depr es s ão e o pes s i mi s mo ex i s t i s s em? O ot i mi s mo, c er t ament e,
t em um papel ev ol ut i v o. No s eu l i v r o s ér i o e ques t i onador Opt i mi s m: The
Bi ol ogy of Hope, Li onel Ti ger ar gument a que a es péc i e humana f oi s el ec i onada
pel a ev ol uç ão dev i do as s uas i l us ões ot i mi s t as s obr e a r eal i dade. De que out r a
manei r a poder i a t er ev ol ui do uma es péc i e que pl ant a s ement es em abr i l e
s obr ev i v e at é out ubr o a es c as s ez a des pei t o da s ec a e da f ome, que enf r ent a
mas t odont es ameaç ador es br andi ndo pequenos pedaç os de pau, que c omeç a a
c ons t r ui r c at edr ai s que l ev ar ão ger aç ões par a s er em c onc l uí das ? A c apac i dade
de agi r al i ment ando a es per anç a de que a r eal i dade s er á mel hor do que c os t uma
s er é o que l ev a as c r i at ur as a s e c ompor t ar em des s a manei r a i nt r épi da e um
t ant o i r r ef l et i da.
Ou pens e no s egui nt e: mui t a gent e ac r edi t a que Deus não ex i s t e, que os
úni c os obj et i v os da v i da s ão aquel es que as pes s oas c ons eguem c r i ar par a s i
mes mas e que, ao mor r er em, apodr ec em. Se as s i m é, por que é que t ant os
des s es i ndi v i duos domi nados pel o c et i c i s mo mos t r am- s e t ão f aguei r os ? A
c apac i dade de nos r ec us ar mos a v er nos s as ar r ai gadas c r enç as negat i v as pode
c ons t i t ui r nos s a ex t r aor di nár i a def es a c ont r a o as s édi o c ons t ant e da depr es s ão.
Mas qual é, ent ão, o papel do pes s i mi s mo? É pos s í v el que el e c or r i j a al go
que f aç amos di s pl i c ent ement e quando es t amos ot i mi s t as e não- depr i mi dos
- ou s ej a, apr ec i ar a r eal i dade c or r et ament e?
É uma i déi a per t ur bador a a de que pes s oas depr i mi das s ão c apaz es de
v er a r eal i dade c or r et ament e enquant o out r as não- depr i mi das di s t or c em a
r eal i dade de ac or do c om s uas c onv eni ênc i as . Como t er apeut a, ens i nar am- me
que a mi nha obr i gaç ão é aj udar os pac i ent es depr i mi dos a s e s ent i r em ao
mes mo t empo mai s f el i z es e a v er em o mundo mai s c l ar ament e. Es per a- s e

154

que eu s ej a o agent e da f el i c i dade e da v er dade. Mas é pos s í v el que a v er dade


e a f el i c i dade s ej am v al or es ant agôni c os . Tal v ez o que t enhamos c ons i der ado
c omo boa t er api a par a um pac i ent e depr i mi do apenas c ont r i bua par a
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
al i ment ar i l us ões beni gnas , f az endo c om que el e pens e que o mundo s ej a
mel hor do que v er dadei r ament e é.
Ao que t udo i ndi c a, as pes s oas depr i mi das , embor a mai s t r i s t es , s ão
mai s s ábi as .
Há 10 anos , Laur en Al l oy e Ly n Abr ams on, ent ão al unas do c ur s o de pós -
gr aduaç ão da Uni v er s i dade da Pens i l v âni a, r eal i z ar am uma ex per i ênc i a na qual
er a dado a um gr upo de pes s oas di f er ent es gr aus de c ont r ol e s obr e a
l umi nos i dade de uma l âmpada. Al gumas f or am c apaz es de c ont r ol ar a l uz
per f ei t ament e: el a ac endi a t oda v ez que aper t av am um bot ão e nunc a ac endi a
quando o bot ão não er a aper t ado. Out r as , no ent ant o, não t i nham nenhum
c ont r ol e: a l uz ac endi a i ndependent ement e de aper t ar em o bot ão ou não.
As pes s oas de ambos os gr upos f or am s ol i c i t adas a j ul gar , o mai s
ac ur adament e pos s í v el , o c ont r ol e que pos s uí am. As pes s oas depr i mi das
f or am mui t o pr ec i s as t ant o quando t i nham c omo quando não t i nham c ont r ol e.
As pes s oas não- depr i mi das nos c hoc ar am. Er am ex at as quando t i nham c ont r ol e,
mas quando f i c av am i mpot ent es não r ec uav am: c ont i nuav am j ul gando pos s ui r
um gr ande poder de c ont r ol e.
Ac hando que l uz es e aper t ar bot ões t al v ez não mot i v as s e s uf i c i ent ement e
as pes s oas , Al l oy e Abr ams on ac r es c ent ar am i nc ent i v os monet ár i os ao t es t e:
quando a l uz ac endi a, el as ganhav am di nhei r o, mas quando el a não ac endi a,
per di am. Cont udo, as di s t or ç ões beni gnas das pes s oas não- depr i mi das não
des apar ec er am; ao c ont r ár i o, t or nar am- s e ai nda mai s ev i dent es . Sob
det er mi nada c ondi ç ão, t odas as pes s oas t i nham al gum c ont r ol e, mas a t ar ef a f oi
mani pul ada e t odas per der am di nhei r o. Nes s a s i t uaç ão, as pes s oas não-
depr i mi das af i r mar am t er menos c ont r ol e do que r eal ment e t i nham. Quando
a t ar ef a f oi nov ament e mani pul ada de modo a per mi t i r que ganhas s em di nhei r o,
as pes s oas não- depr i mi das di s s er am que t i nham mai s c ont r ol e do que de f at o
t i nham. As pes s oas depr i mi das , em c ont r apar t i da, mant i v er am- s e f i r mes c omo
r oc has , r i gor os ament e ex at as quer ganhas s em ou per des s em.
Es s as f or am as des c ober t as mai s c ons i s t ent es na úl t i ma déc ada. As
pes s oas
depr i mi das - a mai or i a das quai s r ev el a- s e pes s i mi s t a - j ul gam de f or ma
ac ur ada o quant o de c ont r ol e el as t êm. Pes s oas não- depr i mi das - a mai or

155

par t e ot i mi s t as - ac r edi t am ex er c er mui t o mai s c ont r ol e s obr e as c oi s as do


que ef et i v ament e ac ont ec e, s obr et udo quando es t ão i mpot ent es e não t êm
qual quer c ont r ol e.
Out r o t i po de pr ov a em apoi o da t es e de que as pes s oas depr i mi das ,
embor a
mai s t r i s t es , s ão mai s s ábi as i mpl i c a j ul gament o de habi l i dades . Há mui t os
anos , a r ev i s t a News week not i c i ou que 80% dos homens amer i c anos pens am
que s e s i t uam na met ade s uper i or das habi l i dades s oc i ai s . Dev em t er s i do
amer i c anos não- depr i mi dos s e os r es ul t ados obt i dos por Pet er Lewi ns ohn,
ps i c ól ogo da Uni v er s i dade de Or egon, e s eus c ol egas s ão v ál i dos . Es s es
i nv es t i gador es c ol oc ar am pac i ent es depr i mi dos e não- depr i mi dos num pai nel
de debat es e mai s t ar de pedi r am a el es que av al i as s em s eu des empenho. At é
que pont o t i nham c ons egui do s er per s uas i v os ? Apr ec i ados ? J ul gados por um
pai nel de obs er v ador es , os pac i ent es depr i mi dos não f or am mui t o per s uas i v os
ou admi r ados ; habi l i dades s oc i ai s medí oc r es c ons t i t uem um s i nt oma de
depr es s ão. Pac i ent es depr i mi dos j ul gar am- s e des pr ov i dos de habi l i dades . A
des c ober t a s ur pr eendent e v er i f i c ou- s e no gr upo não- depr i mi do. Seus
i nt egr ant es s uper es t i mar am s uas habi l i dades , ac r edi t ando- s e mui t o mai s
per s uas i v os e c at i v ant es do que os j uI z es ac har am.
Ai nda out r a v ar i edade de pr ov a t em a v er c om a memór i a. De um modo
ger al , as pes s oas depr i mi das r ec or dam- s e mai s de ac ont ec i ment os r ui ns do
que de ac ont ec i ment os bons em r el aç ão às pes s oas não- depr i mi das , que r ev el am
um padr ão i nv er s o. Mas quem es t ar á c er t o? I s t o é, s e o númer o r eal de bons e
maus ac ont ec i ment os do mundo pudes s e s er apur ado, quem s er i a c apaz de v er
o pas s ado c om pr ec i s ão e quem o di s t or c er i a?
Logo que me t or nei t er apeut a, di s s er am- me que er a i nút i l i nqui r i r
pac i ent es
depr i mi dos s obr e o pas s ado de c ada um, s e v oc ê pr et ende obt er um quadr o
ac ur ado de s uas v i das . Tudo o que ouv i r á s er ão quei x as e l ament aç ões : c omo
f or am r ej ei t ados pel os pai s , c omo s eus negóc i os f r ac as s ar am, c omo é hor r or os a
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
a c i dade em que nas c er am. Mas poder i am es t ar c er t os ? I s t o é f ac i l ment e
c ompr ov ado no l abor at ór i o s ubmet endo- os a um t es t e, el abor ado de t al f or ma
que el es ac er t em 20 v ez es e er r em out r as 20. Depoi s s ão per gunt ados s obr e s eu
des empenho. Os dados obt i dos des s a manei r a l ev am a c r er que os depr i mi dos
s ão pr ec i s os : el es di z em, por ex empl o, que ac er t ar am 21 v ez es e er r ar am 19.
São os não- depr i mi dos que di s t or c em o pas s ado: s ão c apaz es de di z er que
er r ar am 12 v ez es e ac er t ar am 28.

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Uma c at egor i a f i nal de pr ov a s obr e a ques t ão de as pes s oas depr i mi das


s er em mai s t r i s t es por ém mai s s ábi as env ol v e o es t i l o ex pl i c at i v o. A j ul gar
pel as ex pl i c aç ões de pes s oas depr i mi das , o f r ac as s o é de f at o ór f ão, c omo di z o
di t ado, e o s uc es s o t em mi l pai s . Os depr i mi dos , ent r et ant o, dev em t ant o ao
f r ac as s o quant o ao s uc es s o.
Em t odos os nos s os es t udos s obr e es t i l o ex pl i c at i v o, uma c ar ac t er í s t i c a
emer gi u c ons i s t ent ement e: a par c i al i dade ent r e os não- depr i mi dos e a
i mpar c i al i dade ent r e os depr i mi dos . A met ade das per gunt as do ques t i onár i o
que v oc ê r es pondeu no Capí t ul o 3 r ef er i a- s e a bons ac ont ec i ment os e a out r a
met ade a maus ac ont ec i ment os , c uj as c aus as v oc ê apont ou. Voc ê c omput ou
um es c or e ger al B - M, que r epr es ent ou s ua médi a de bons ac ont ec i ment os
menos s ua médi a de maus ac ont ec i ment os . Como s e c ompar a o s eu t ot al c om
o dos depr i mi dos ? O es t i l o ex pl i c at i v o de um depr i mi do é pr at i c ament e o
mes mo par a ac ont ec i ment os bons e maus ; i s t o é, da mes ma f or ma que o
depr i mi do s i t ua- s e um pouc o ac i ma da médi a nas ex pl i c aç ões pes s oai s ,
per manent es e abr angent es par a os bons ac ont ec i ment os , el e t ambém f i c a um
pouc o ac i ma da médi a nas ex pl i c aç ões pes s oai s , per manent es e abr angent es
par a os maus ac ont ec i ment os . O es c or e t ot al B - M de um depr i mi do f i c a em
t or no de O; o que v al e di z er que el e é i mpar c i al .
O es c or e de um não- depr i mi do f i c a bem ac i ma de O; ou s ej a, el e é mui t o
par c i al . Se s e t r at ar de al guma c oi s a r ui m, não f oi v oc ê quem a c aus ou, v ai
pas s ar l ogo, e s e l i mi t ar á a es s a s i t uaç ão. No ent ant o, s e f or uma c oi s a boa,
f ui
eu quem f i z , v ai dur ar par a s empr e e v ai me aj udar em mui t as s i t uaç ões . Par a
os não- depr i mi dos , os maus ac ont ec i ment os t endem a s er ex t er nos , t empor ár i os
e es pec í f i c os , mas os bons ac ont ec i ment os s ão pes s oai s , per manent es e
abr angent es . Quant o mai s ot i mi s t as f or em os s eus j ul gament os , mai s par c i ai s el es
s er ão. Em c ont r apos i ç ão, uma pes s oa depr i mi da ac r edi t a que os s eus s uc es s os
s ão c aus ados pel os mes mos f at or es que det er mi nam os s eus f r ac as s os .
De um modo ger al , por t ant o, há i ndí c i os mui t o c l ar os de que uma pes s oa
não- depr i mi da di s t or c e a r eal i dade de ac or do c om s uas c onv eni ênc i as , e as
pes s oas depr i mi das t endem a v er a r eal i dade ac ur adament e. Como é que es s a
ev i dênc i a, que di z r es pei t o à depr es s ão, s e apl i c a ao ot i mi s mo e ao pes s i mi s mo?
Es t at i s t i c ament e, a mai or i a das pes s oas depr i mi das mar c a pont o na f ai x a
pes s i mi s t a do es t i l o ex pl i c at i v o, e a mai or i a das não- depr i mi das r es pondem de
f or ma ot i mi s t a. I s s o s i gni f i c a que, em médi a, as pes s oas ot i mi s t as di s t or c er ão

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a r eal i dade e as pes s i mi s t as c omo Ambr os e Bi er c e as def i ni u, " v er ão o mundo


c or r et ament e" . O pes s i mi s t a par ec e es t ar à mer c ê da r eal i dade, ao pas s o que o
ot i mi s t a s e pr ot ege c om uma c our aç a que l he per mi t e mant er a di s pos i ç ão
di ant e de um uni v er s o i nex or av el ment e i ndi f er ent e. É i mpor t ant e l embr ar , no
ent ant o, que es s e r el ac i onament o é apenas es t at í s t i c o, e que os pes s i mi s t as não
t êm a per c epç ão da r eal i dade. Al guns r eal i s t as , a mi nor i a, s ão ot i mi s t as , e
al guns di s t or c edor es da r eal i dade, t ambém em mi nor i a, s ão pes s i mi s t as .
A pr ec i s ão dos depr i mi dos s er á apenas uma c ur i os i dade de l abor at ór I o?
Ac r edi t o que não. Ao c ont r ár i o, el a nos c onduz ao c or aç ão do que o pes s i mi s mo
r eal ment e é. É nos s a pr i mei r a pi s t a c ons i s t ent e par a des c obr i r mos por que
s of r emos de depr es s ão, o mai s per t o que j á c hegamos da r es pos t a à per gunt a
f ei t a ant er i or ment e: por que a ev ol uç ão per mi t i u que o pes s i mi s mo e a depr es s ão
s ur gi s s em e pr os per as s em? Se o pes s i mi s mo es t á na or i gem da depr es s ão e do
s ui c í di o, s e el e r es ul t a num ní v el bai x o de r eal i z aç ão e, c omo v er emos , numa
f unç ão i munol ógi c a f r ac a e s aúde pr ec ár i a, por que não s e ex t i ngui u há mui t as
Pági na 90
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
er as ? Qual a f unç ão de equi l í br i o que o pes s i mi s mo ex er c e em benef i c i o da
es péc i e humana?
Os benef í c i os do pes s i mi s mo podem t er s ur gi do dur ant e nos s a r ec ent e
hi s t ór i a ev ol ut i v a. Somos ani mai s do pl ei s t oc eno, a époc a gl ac i al . Nos s a
es t r ut ur a emoc i onal f oi mui t o r ec ent ement e mol dada por c ent enas de mi l hões
de anos de c at ás t r of e c l i mát i c a: ondas de f r i o e de c al or , s ec a e i nundaç ões ,
abundânc i a e f ome r epent i na. Aquel es dos nos s os anc es t r ai s que c ons egui r am
s obr ev i v er ao pl ei s t oc c ao t al v ez t enham s i do bem- s uc edi dos por que t i v er am
c apac i dade de s e pr eoc upar em i nc es s ant ement e c om o f ut ur o, de v er os di as
de s ol c omo mer o pr el údi o de um i nv er no i nc l ement e, da mel anc ol i a.
Her damos a ment al i dade des s es anc es t r ai s e por t ant o s ua c apac i dade de v er
nuv ens e não a c l ar i dade.
Às v ez es , e em al guns ni c hos da v i da moder na, es s e pes s i mi s mo ent r anhado
s e mani f es t a. Pens e numa gr ande e bem- s uc edi da empr es a. El a c ont a c om um
v as t o el enc o de per s onal i dades di v er s as des empenhando di f er ent es papéi s . Em
pr i mei r o l ugar , os ot i mi s t as . Os pes qui s ador es e os que des env ol v em os
pr odut os , os pl anej ador es , os c omer c i al i z ador es - t odos el es pr ec i s am s er
v i s i onár i os . Pr ec i s am i magi nar c oi s as que ai nda não ex i s t em, ex pl or ar f r ont ei r as
al ém do al c anc e pr es ent e da c ompanhi a. Se não o f i z er em, a c onc or r ênc i a o
f ar á. Mas , por out r o l ado, pens e numa c ompanhi a que c ons i s t i s s e s oment e de

158

ot i mi s t as , t odos el es f i x ados nas ex c i t ant es pos s i bi l i dades à s ua f r ent e. Ser i a


um des as t r e.
A c ompanhi a t ambém pr ec i s a dos pes s i mi s t as , pes s oas que t êm um s ens o
agudo das r eal i dades pr es ent es . Pr ec i s am mos t r ar f r eqüent ement e a dur a
r eal i dade aos ot i mi s t as . O t es our ei r o, o v i c e- pr es i dent e f i nanc ei r o, os ger ent es
admi ni s t r at i v os , os engenhei r os de s egur anç a - t odos pr ec i s am t er a noç ão
ex at a das di s poni bi l i dades da c ompanhi a, e do per i go. Seu papel é ac aut el ar ,
s ua bandei r a é o s i nal amar el o.
Poder - s e- i a di z er pr ec i pi t adament e que es s es i ndi v í duos não per t enc em à
c as t a de pes s i mi s t as empeder ni dos , de al t a oc t anagem, c uj o es t i l o ex pl i c at i v o
mi na c ont i nuament e s ua c apac i dade de r eal i z aç ão e s ua s aúde. Al guns dent r e
el es poder ão s er depr es s i v os , mas out r os , t al v ez at é a mai or i a, a des pei t o da
c aut el a que demons t r am em s uas mes as de t r abal ho, s er ão al egr es e c onf i ant es .
Out r os s ão apenas pes s oas pr udent es e c omedi das , que des env ol v er am o s eu
l ado pes s i mi s t a em benef í c i o de s uas c ar r ei r as . J ohn Cr eedon j amai s i ns i nuou
que o s eu c or po de ex ec ut i v os f os s e c ons t i t uí do de pes s i mi s t as i nv et er ados
i nc apac i t ados pel o des ampar o. Mas a di f er enç a é apenas uma ques t ão de
gr aduaç ão. Es s es ex ec ut i v os , c omo um gr upo, s er i am c l as s i f i c ados c omo
pes s i mi s t as num t es t e, e s ua per s pec t i v a s er i a bas i c ament e, embor a não
dr as t i c ament e, pes s i mi s t a.
Es s es pes s i mi s t as moder ados - c hamem- nos de pes s i mi s t as pr of i s s i onai s
- par ec em t i r ar bom pr ov ei t o de s ua pr ec i s ão pes s i mi s t a ( é o s eu f undo do
c omér c i o) s em s of r er em o ônus i ns upor t áv el do pes s i mi s mo: as c r i s es de
depr es s ão e de f al t a de i ni c i at i v a que v i mos at é aqui nes t e l i v r o, a s aúde
c ombal i da e a der r ot a na di s put a dos c ar gos da al t a admi ni s t r aç ão que v er emos
nos úl t i mos c apí t ul os .
Por t ant o, a c or por aç ão bem- s uc edi da c ont a c om s eus ot i mi s t as ,
s onhador es , v endedor es e c r i ador es . Mas a c or por aç ão é uma f or ma de v i da moder na
que t ambém pr ec i s a de pes s i mi s t as , os r eal i s t as c uj a f unç ão é ac ons el har
c aut el a. Quer o s al i ent ar , ent r et ant o, a nec es s i dade de que s e enc ont r e à f r ent e
da
c or por aç ão um ex ec ut i v o- c hef e, s uf i c i ent ement e ex per i ent e e f l ex í v el par a
c ont r abal anç ar a v i s ão ot i mi s t a dos pl anej ador es c om as l amúr i as dos homens
de f i nanç as . Cr eedon er a ex at ament e es s e t i po de di r i gent e, e as quei x as que
me f ez dos pes s i mi s t as de s ua c ompanhi a der i v av am de s ua t ar ef a di ár i a de
c onc i l i ar as pol ar i dades .

159

O Bal anç o:
Ot i mi s mo c ont r a Pes s i mi s mo
Pági na 91
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
TALVEZ UMA VI DA BEM- SUCEDI DA, ASSI M COMO UMA EMPRESA VI TORI OSA,
pr ec i s e t ant o de ot i mi s mo quant o de um pes s i mi s mo pel o menos oc as i onal , e
pel as mes mas r az ões da empr es a. Tal v ez uma v i da bem- s uc edi da t ambém
pr ec i s e de um ex ec ut i v o dot ado de um ot i mi s mo f l ex í v el em s eu c omando.
Ac abei de def ender a c aus a do pes s i mi s mo. El e ac ent ua nos s o s ens o de
r eal i dade
e nos c onf er e ex at i dão, pr i nc i pal ment e s e v i v emos num mundo c hei o de
f r eqüent es e i nes per ados des as t r es . Que f al e agor a o adv ogado de ac us aç ão par a
que
pos s amos c ompar ar o ônus do pes s i mi s mo c om os benef í c i os do ot i mi s mo.
- O pes s i mi s mo pr ov oc a depr es s ão.
- O pes s i mi s mo pr oduz i nér c i a em v ez de at i v i dade di ant e dos r ev es es .
- O pes s i mi s mo t em uma c onot aç ão negat i v a s ubj et i v a c om o l ado r ui m
- t r i s t ez a, abat i ment o, pr eoc upaç ão, ans i edade.
- O pes s i mi s mo é aut o- s uf i c i ent e. Os pes s i mi s t as não per s i s t em em f ac e
dos des af i os e por i s s o f r ac as s am mai s f r eqüent ement e - mes mo
quando o s uc es s o é al c anç áv el .
- O pes s i mi s mo s e as s oc i a a s aúde f í s i c a pr ec ár i a ( v ej a Capí t ul o 10) .
- Os pes s i mi s t as s ão der r ot ados quando s e c andi dat am a c ar gos da
admi ni s t r aç ão públ i c a ( v ej a Capí t ul o 11) .
- Mes mo quando os pes s i mi s t as t êm r az ão e as c oi s as não dão c er t o, el es s e
s ent em, mes mo as s i m, pi or . Seu es t i l o ex pl i c at i v o c onv er t e ent ão o r ev és
ant ec i pado num des as t r e, e o des as t r e numa c at ás t r of e.

A mel hor c oi s a que s e pode di z er a um pes s i mi s t a é que s eus r ec ei os


t i nham f undament o.
O bal anç o par ec e s er f r anc ament e f av or áv el ao ot i mi s mo, mas há oc as i ões
em que pr ec i s amos de um pouc o de pes s i mi s mo. O Capí t ul o 12 dá i ndi c aç ões
s obr e quem não dev e r ec or r er ao ot i mi s mo e as c i r c uns t ânc i as em que o
pes s i mi s mo é mai s ac ons el háv el .
Todos nós - pes s i mi s t as ex t r emados e ot i mi s t as ex t r emados -
ex per i ment amos ambos os es t ados . Pr ov av el ment e, o es t i l o ex pl i c at i v o t em um
f l ux o

160

embut i do. Ci c l os c i r c adi anos as s egur am depr es s ão moder ada oc as i onal . A


depr es s ão t em um r i t mo at r av és do di a e, pel o menos ent r e al gumas mul her es ,
ao l ongo do mês . Ti pi c ament e, s ent i mo- nos mai s depr i mi dos quando nos
l ev ant amos , e à medi da que o di a av anç a t or namo- nos mai s ot i mi s t as . Mas a
i s s o s e s uper põe o nos s o BRAC - Bas i c Res t and Ac t i v i t y Cy c l e ( Ci c l o Bás i c o
de Repous o e At i v i dade) . Como j á f oi di t o, el e at i nge s eus ní v ei s mai s bai x os
por v ol t a das quat r o hor as da t ar de e nov ament e às quat r o da madr ugada. Os
s eus pi c os oc or r em no f i m da manhã e no i ní c i o da noi t e, embor a a hor a c er t a
v ar i e de pes s oa par a pes s oa.
Dur ant e os pi c os , s ent i mo- nos mai s ot i mi s t as do que habi t ual ment e.
For mul amos pl anos av ent ur os os : nos s a pr óx i ma c onqui s t a r omânt i c a, o nov o
c ar r o es por t e. Dur ant e os bai x os , s omos mai s i nc l i nados à depr es s ão e ao
pes s i mi s mo do que c omument e. Per c ebemos as dur as r eal i dades que os nos s os
pl anos i mpl i c am: el e j amai s s e i nt er es s ar á por al guém que é di v or c i ado e
t em t r ês f i l hos . Um nov o J aguar c us t a mai s do que eu ganho dur ant e um
ano. Se v oc ê é ot i mi s t a e quer v er i s s o gr af i c ament e, l embr e- s e da úl t i ma v ez
que ac or dou às quat r o da manhã e não c ons egui u v ol t ar a dor mi r .
Pr eoc upaç ões que v oc ê af as t a f ac i l ment e dur ant e o di a agor a o dei x am ar r as ado:
a di s c us s ão c om s ua mul her s i gni f i c a di v ór c i o, a t es t a f r anz i da do c hef e é
s i nal de que v oc ê s er á des pedi do.
Dur ant e es s es at aques di ár i os de pes s i mi s mo podemos v er o papel
c ons t r ut i v o que el e des empenha em nos s as v i das . Nes s as f or mas br andas , o
pes s i mi s mo s er v e par a nos poupar dos ex ager os ar r i s c ados do nos s o ot i mi s mo,
f az endo- nos pens ar duas v ez es , i mpedi ndo- nos de t omar at i t udes pr ec i pi t adas ,
i ns ens at as . Os moment os ot i mi s t as de nos s as v i das c ont êm os gr andes pl anos ,
os s onhos e as es per anç as . A r eal i dade é gent i l ment e di s t or c i da par a per mi t i r
que os s onhos des abr oc hem. Sem es s es moment os , j amai s r eal i z ar í amos al guma
Pági na 92
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
c oi s a di f í c i l e i nt i mi dant e, não c hegar í amos a t ent ar nem o mer ament e pos s í v el .

O mont e Ev er es t não t er i a s i do es c al ado, a mi l ha de um mi nut o não t er i a s i do


c or r i da, o av i ão a j at o e o c omput ador não pas s ar i am de pl ant as j ogadas na
c es t a de papéi s de al gum v i c e- pr es i dent e f i nanc ei r o.
O gêni o da ev ol uç ão enc ont r a- s e na t ens ão di nâmi c a ent r e o ot i mi s mo e o
pes s i mi s mo, c or r i gi ndo- s e c ont i nuament e um ao out r o. As s i m c omo nos
er guemos e c aí mos di ar i ament e c om o c i c l o c i r c adi ano, a t ens ão per mi t e
nos av ent ur ar mos e nos r et r ai r mos - s em per i go. por que à medi da que av anç amos

161

numa di r eç ão ex t r ema, a t ens ão nos t r az de v ol t a. De c er t o modo, é es s a per pét ua


f l ut uaç ão que t or na pos s í v el aos s er es humanos r eal i z ar em t ant o.
A ev ol uç ão, ent r et ant o, t ambém nos deu o c ér ebr o pl ei s t oc eni c o de
nos s os anc es t r ai s . At r av és del e é que nos c hegam os r es mungos do
pes s i mi s mo: o s uc es s o é pas s agei r o; o per i go es pr ei t a em c ada es qui na; a
t r agédi a
nos aguar da; o ot i mi s mo é uma at i t ude ar r ogant e. Mas o c ér ebr o que s oube
c apt ar c om pr ec i s ão a s ombr i a r eal i dade da époc a gl ac i al agor a dei x a- s e
f i c ar par a t r ás di ant e das r eal i dades menos s ombr i as da v i da moder na. A
agr i c ul t ur a e, depoi s , o s al t o da t ec nol ogi a i ndus t r i al dei x ar am os s er es
humanos nos paí s es des env ol v i dos mui t o menos à mer c ê dos r i gor es do
pr óx i mo i nv er no. Duas em t r ês de nos s as c r i anç as não mor r em mai s ant es
de c hegar em ao qui nt o ano de v i da. Não é mai s admi s s í v el que uma
mul her r ec ei e mor r er de par t o. A f ome mac i ç a não s e s uc ede mai s a um
i nv er no pr ol ongado ou a uma s ec a. Por c er t o, à v i da moder na não f al t am
ameaç as e t r agédi as : c r i me, Ai ds , di v ór c i o, ameaç a de guer r a nuc l ear , a
des t r ui ç ão do ec os s i s t ema. Mas nem a mai s pr emedi t ada mani pul aç ão
negat i v a das es t at í s t i c as da v i da moder na no Oc i dent e s er i a c apaz de
s equer apr ox i mar - nos do ní v el de des as t r e que mol dou o c ér ebr o da époc a
gl ac i al . Por t ant o, f az emos bem em r ec onhec er a v oz i ns i s t ent e do
pes s i mi s mo pel o al er t a que é.
I s s o não s i gni f i c a que nos t r ans f or mar í amos em c omedor es de l ót us .
Si gni f i c a, i s s o s i m, que t emos di r ei t o a mai s ot i mi s mo do que pos s amos
nat ur al ment e s ent i r . Temos a es c ol ha de us ar mos o ot i mi s mo? Podemos
apr ender as t éc ni c as do ot i mi s mo, s uper pondo- as ao c ér ebr o pl ei s t oc êni c o
par a us uf r ui r os s eus benef í c i os , mas r et er mos uma par c el a de pes s i mi s mo par a
quando pr ec i s ar mos ?
Ac r edi t o que podemos . poi s a ev ol uç ão nos c onc edeu mai s uma c oi s a.
As s i m c omo a c ompanhi a bem- s uc edi da, c ada um de nós c ar r ega dent r o de s i
um ex ec ut i v o que c ont r apõe os c ons el hos do ar r oj o aos c ons el hos da des t r ui ç ão.
Quando o ot i mi s mo nos i mpel e a ar r i s c ar e o pes s i mi s mo nos or dena r ec uar ,
par t e de nós f i c a at ent a aos doi s . Es s e ex ec ut i v o é a s abedor i a. É par a es s a
ent i dade que o pont o mai s bás i c o des t e l i v r o é di r i gi do: pel a c ompr eens ão da
v i r t ude i s ol ada do pes s i mi s mo, j unt ament e c om s uas c ons eqüênc i as
abr angent es , def or mant es , podemos apr ender a r es i s t i r aos c ons t ant es apel os do

162

pes s i mi s mo, por mai s ar r ai gados que el es pos s am es t ar no c ér ebr o ou nos


hábi t os . Podemos apr ender a opt ar pel o ot i mi s mo em gr ande par t e, mas
t ambém a at ent ar par a o pes s i mi s mo quando el e f or j us t i f i c ado.
Como apr ender as t éc ni c as do ot i mi s mo e as i ndi c aç ões par a des env ol v er
um ot i mi s mo f l ex í v el c ons t i t uem os t ópi c os de " Mudando: Do Pes s i mi s mo
par a o Ot i mi s mo" , a par t e c onc l us i v a des t e l i v r o.

163

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Capí t ul o 7

Fi l hos e Pai s :
As Or i gens do Ot i mi s mo

O ESTI LO EXPLI CATI VO TEM UM EFEI TO MARCANTE NA VI DA DOS ADULTOS.


El e pode pr oduz i r depr es s ão em r es pos t a aos r ev es es do di a- a- di a, ou c apac i dade
de r ec uper aç ão mes mo di ant e da t r agédi a. Pode pr i v ar uma pes s oa dos pr az er es
da v i da, ou per mi t i r que el a v i v a i nt ens ament e. Pode, ai nda, i mpedi r que el a
r eal i z e s eus obj et i v os , ou aj udá- l a a s uper á- l os . Como v er emos , o es t i l o
ex pl i c at i v o
de uma pes s oa i nf l uenc i a a manei r a c omo as out r as pes s oas a per c ebem,
di s pondo- as
a s eu f av or ou i ndi s pondo- as c ont r a el a. E af et a a s aúde f í s i c a.
O es t i l o ex pl i c at i v o des env ol v e- s e na i nf ânc i a. O ot i mi s mo ou o
pes s i mi s mo
ent ão des env ol v i do é f undament al . Os r ev es es e as v i t ór i as s ão f i l t r ados por
el e, e el e s e t or na um hábi t o bem es t abel ec i do de pens ar . Nes t e c apí t ul o,
per gunt ar emos qual a or i gem do es t i l o ex pl i c at i v o, quai s as s uas c ons eqüênc i as
par a as c r i anç as , e c omo pode s er mudado.

Tes t e de Ot i mi s mo do Seu Fi l ho
Se o s eu f i l ho t em mai s de s et e anos , pr ov av el ment e j á des env ol v eu um es t i l o
ex pl i c at i v o, que es t á em pr oc es s o de c r i s t al i z aç ão. Voc ê pode medi r o es t i l o
ex pl i c at i v o do s eu f i l ho c om um t es t e c hamado Chi l dr en' s At t r i but i onal St y l e
Ques t i onnai r e ( Ques t i onár i o do Es t i l o de At r i bui ç ão das Cr i anç as ) , ou CASQ.

165

O CASQ é mui t o par ec i do c om o t es t e que v oc ê f ez no Capí t ul o 3. Uma


c r i anç a de oi t o a 13 anos l ev a c er c a de 20 mi nut os par a c ompl et á- l o. Se o s eu
f i l ho f or mai s v el ho, s ubmet a- o ao t es t e do Capí t ul o 3. Par a c r i anç as c om
menos de oi t o anos , não ex i s t e um t es t e c om l ápi s e papel c onf i áv el , mas
uma out r a manei r a de medi r s eu es t i l o ex pl i c at i v o, s obr e a qual f al ar ei mai s
adi ant e nes t e c apí t ul o.
Res er v e 20 mi nut os par a s ubmet er s eu f i l ho ao t es t e, s ent e- s e ao s eu l ado
e di ga- l he al go as s i m:

- Cada c r i anç a pens a de um modo di f er ent e. Es t i v e l endo s obr e


i s s o e gos t ar i a de s aber o que v oc ê pens a s obr e umas t ant as c oi s as que
podem l he ac ont ec er .
" Vej a i s t o. É r eal ment e i nt er es s ant e. Faz uma por ç ão de per gunt as
s obr e o que v oc ê pens a. Cada per gunt a é c omo uma pequena hi s t ór i a, e
par a c ada hi s t ór i a v oc ê pode r eagi r de duas manei r as . Voc ê dev er á
es c ol her uma ou out r a, a que mai s s e apr ox i mar da manei r a c omo r eagi r i a
na r eal i dade c as o s e enc ont r as s e na s i t uaç ão des c r i t a. "
" Vamos , pegue o l ápi s . Quer o que v oc ê t ent e. I magi ne que c ada uma
des s as hi s t ór i as ac ont ec eu c om v oc ê, mes mo que não s ej a v er dade. Depoi s
mar que a r es pos t a A ou a r es pos t a B, a que mel hor des c r ev er a manei r a
c omo v oc ê s e s ent i r i a. Mas a gr ande c oi s a s obr e o t es t e é que não há
r es pos t as er r adas ! Não é f ant ás t i c o? Agor a, v ej amos a pr i mei r a per gunt a. "
Após aj udá- l o a dar a par t i da, o s eu f i l ho pr ov av el ment e poder á c ont i nuar
a f az er o t es t e s oz i nho. Mas , par a as c r i anç as menor es , que ai nda não
domi nam a l ei t ur a, v oc ê dev e l er c ada ques i t o c om el as .

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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
CHI LDREN' S ATTRI BUTI ONAL STYLE QUESTI ONNAI RE - CASQ
( QUESTI ONÁRI O DO ESTI LO DE ATRI BUI ÇÃO DAS CRI ANÇAS)

1. Voc ê ganhou " 10" numa pr ov a.


AbB
A. Sou es per t o. 1
B. Sou bom na mat ér i a da pr ov a. O

166

2. Voc ê j oga c om al guns ami gos e ganha.


Ps B
A. As pes s oas c om quem j oguei não j ogav am bem. O
B. J oguei bem. 1

3. Voc ê pas s a uma noi t e na c as a de um ami go e s e di v er t e mui t o.


AbB
A. Meu ami go es t av a al egr e naquel a noi t e. O
B. Todas as pes s oas da f amí l i a do meu ami go es t av am c ur t i ndo uma boa
naquel a noi t e. 1

4. Voc ê s ai de f ér i as c om um gr upo de pes s oas e s e di v er t e mui t o.


Ps B
A. Eu es t av a numa boa. 1
B. As pes s oas do gr upo es t av am c om um bom as t r al . O

5. Todos os s eus ami gos pegar am um r es f r i ado, menos v oc ê.


PmB
A. Tenho t i do boa s aúde ul t i mament e. O
B. Sou uma pes s oa s audáv el . 1

6. O s eu ani mal de es t i maç ão é at r opel ado por um c ar r o.


Ps M
A. Não t omo c ont a di r ei t o dos meus bi c hi nhos . 1
B. Os mot or i s t as não s ão c aut el os os o s uf i c i ent e. O

7. Al guns gar ot os que v oc ê c onhec e di z em que não gos t am de v oc ê.


Ps M
A. Às v ez es , as pes s oas s ão mal v adas c omi go. O
B. As v ez es , s ou mal v ado c om as pes s oas . 1

8. Voc ê t ev e not as mui t o boas .


Ps B
A. Os dev er es do c ol égi o s ão s i mpl es . O
B. Sou es f or ç ado. 1

167

9. Voc ê enc ont r a um ami go e el e l he di z que v oc ê es t á c om boa


apar ênc i a.
PmB
A. Meu ami go t ev e bas t ant e v ont ade de el ogi ar a apar ênc i a das
pes s oas naquel e di a. O
B. Ger al ment e, meu ami go el ogi a a apar ênc i a dos out r os . 1

Pági na 95
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
10. Um bom ami go l he di z que t e odei a.
Ps M
A. Meu ami go es t av a de mau humor naquel e di a. O
B. Fui r ude c om o meu ami go naquel e di a. 1

11. Voc ê c ont a uma pi ada e ni nguém r i .


Ps M
A. Não s ei c ont ar bem pi adas . 1
B. A pi ada er a t ão v el ha que j á t i nha per di do a gr aç a. O

12. Sua pr of es s or a dá uma aul a e v oc ê não ent ende.


AbM
A. Não pr es t ei at enç ão a c oi s a al guma naquel e di a. 1
B. Não pr es t ei at enç ão quando mi nha pr of es s or a es t a v a f al ando. O

13. Voc ê não pas s a numa pr ov a.


PmM
A. Mi nha pr of es s or a c os t uma dar pr ov as di f í c ei s . 1
B. Mi nha pr of es s or a t em dado pr ov as di f í c ei s nas úl t i mas s emanas .
O

14. Voc ê ganha pes o e c omeç a a par ec er gor do.


Ps M
A. A c omi da que t enho de c omer engor da. O
B. Gos t o de c omi da que engor da. 1

15. Uma pes s oa r ouba di nhei r o de v oc ê.


AbM
A. Es s a pes s oa é des ones t a. O
B. As pes s oas s ão des ones t as .

168

16. Os s eus pai s el ogi am al guma c oi s a que v oc ê f az .


Ps B
A. Sou bom par a f az er c er t as c oi s as . 1
B. Os meus pai s gos t am de al gumas c oi s as que f aç o. O

17. Voc ê j oga e ganha di nhei r o.


AbB
A. Sou uma pes s oa de s or t e. 1
B. Cos t umo t er s or t e no j ogo. O

18. Voc ê quas e s e af oga nadando num r i o.


PmM
A. Não s ou uma pes s oa mui t o c aut el os a. 1
B. Há di as em que não s ou uma pes s oa c aut el os a. O

19. Voc ê é c onv i dado par a mui t as f es t as .


Ps B
A. Ul t i mament e, mui t as pes s oas t êm s i do amáv ei s c omi go. O
B. Tenho s i do amáv el c om mui t as pes s oas ul t i mament e. 1

20. Um adul t o gr i t a c om v oc ê.
AbM
A. El e gr i t ou c om a pr i mei r a pes s oa que v i u. O
B. El e gr i t ou c om mui t a gent e naquel e di a. 1
Pági na 96
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

21. O pr oj et o que v oc ê el abor ou c om um gr upo de gar ot os


não dá c er t o.
AbM
A. Eu não t r abal ho di r ei t o c om os gar ot os que f az em par t e do gr upo.
O
B. Nunc a t r abal ho bem em gr upo. 1

22. Voc ê f az um nov o ami go.


Ps B
A. Sou uma boa pes s oa. 1
B. As pes s oas c om quem me dou s ão boas . O

169

23. Voc ê v em s e dando bem c om s ua f amí l i a.


PmB
A. Sou f ác i l de l i dar quando es t ou c om mi nha f amí l i a. 1
B. Às v ez es , s ou f ác i l de l i dar quando es t ou c om mi nha f amí l i a. O

24. Voc ê t ent a v ender bal as , mas ni nguém s e i nt er es s a em c ompr ar .


PmM
A. Ul t i mament e, mui t os gar ot os es t ão v endendo um mont e de c oi s as .
É por i s s o que as pes s oas não quer em c ompr ar mai s nada de c r i anç as . O
B. As pes s oas não gos t am de c ompr ar c oi s as de c r i anç as . 1

25. Voc ê j oga e ganha.


AbB
A. Às v ez es , me empenho o máx i mo que pos s o nos j ogos . O
B. Às v ez es , me empenho o máx i mo que pos s o. 1

26. Voc ê t i r a uma not a bai x a no c ol égi o.


Ps M
A. Sou bur r o. 1
B. Os pr of es s or es dão not as i nj us t as . O

27. Voc ê bat e c om a c ar a na por t a e f i c a c om o nar i z s angr ando.


AbM
A. Não es t av a ol hando par a onde i a. O
B. Ando mei o di s t r aí do ul t i mament e. 1

28. Voc ê er r a a bol a e s eu t i me per de o j ogo.


PmM
A. Não me es f or c ei o s uf i c i ent e no j ogo daquel e di a. O
B. Ger al ment e, não me empenho quando j ogo. 1

29. Voc ê t or c e o t or noz el o na aul a de gi nás t i c a.


Ps M
A. Nas ül t i mas s emanas , t êm s i do per i k os os os ex er c í c i os
que t emos f ei t o nas aul as de gi nás t i c a. O
B. Nas úl t i mas s emanas , t enho s i do des aj ei t ado nas aul as de gi nás t i c a.
1

170

30. Seus pai s l ev am v oc ê à pr ai a e v oc ê s e di v er t e a v al er .


Pági na 97
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
AbB
A. A pr ai a es t av a ót i ma naquel e di a. 1
B. O t empo es t av a bom naquel e di a. O

31. Voc ê per de a s es s ão do c i nema por que o t r em at r as a mui t o.


PmM
A. Tem hav i do pr obl emas c om o hor ár i o dos t r ens ul t i mament e. O
B. Os t r ens quas e nunc a andam no hor ár i o. 1

32. Sua mãe f az o s eu j ant ar pr ef er i do.


AbB
A. Mi nha mãe f az al gumas c oi s as par a me agr adar . O
B. Mi nha mãe gos t a de me agr adar . 1

33. O t i me de que v oc ê f az par t e per de uma par t i da.


PmM
A. Não t emos um bom c onj unt o. 1
B. Não c ons egui mos nos ent r os ar no j ogo daquel e di a. O

34. Voc ê t er mi na os s eus dev er es de c as a r api dament e.


AbB
A. Ul t i mament e, v enho f az endo t udo c om r api dez . 1
B. Ul t i mament e, v enho f az endo os dev er es c om r api dez . O

35. O s eu pr of es s or l he f az uma per gunt a e v oc ê r es ponde er r ado.


PmM
A. Fi c o ner v os o quando s ou c hamado par a r es ponder em aul a. 1
B. Fi quei ner v os o naquel e di a quando f ui c hamado par a r es ponder . O

36. Voc ê t oma o ôni bus er r ado e s e per de.


PmM
A. Es t av a mei o aér eo naquel e di a. O
B. Vi v o mei o no ar . 1

171

37. Voc ê s e di v er t e a v al er num par que de di v er s ões .


AbB
A. Ger al ment e, me di v i r t o mui t o nos par ques de di v er s ões . O
B. Ger al ment e, me di v i r t o mui t o. 1

38. Um gar ot o mai s v el ho l he dá um t apa na c ar a.


Ps M
A. Eu i mpl i quei c om o i r mão mai s nov o del e. 1
B. O i r mão mai s nov o del e di s s e que eu t i nha i mpl i c ado c om el e. O

39. Voc ê ganha t odos os br i nquedos que quer i a no di a


do s eu ani v er s ár i o.
PmB
A. As pes s oas s empr e adi v i nham os pr es ent es que eu gos t ar i a
de ganhar no meu ani v er s ár i o. 1
B. Nes t e ani v er s ár i o, as pes s oas adi v i nhar am o que eu quer i a ganhar .
O

40. Voc ê t em umas f ér i as mar av i l hos as no c ampo.


PmB
A. O c ampo é um l i ndo l ugar par a s e v i s i t ar . 1
Pági na 98
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
B. Na époc a do ano em que l á es t i v emos , o c ampo es t av a l i ndo. O

41. Os s eus v i z i nhos o c onv i dam par a j ant ar .


PmB
A. Às v ez es , as pes s oas mos t r am- s e amáv ei s . O
B. As pes s oas s ão amáv ei s . 1

42. Voc ê t em uma nov a pr of es s or a, que gos t a de v oc ê.


PmB
A. Eu me c ompor t ei bem na aul a naquel e di a. O
B. Quas e s empr e me c ompor t o bem na aul a. 1

43. Voc ê dei x a os s eus ami gos c ont ent es .


PmB
A. Sou uma pes s oa di v er t i da. 1
B. Às v ez es , s ou uma pes s oa di v er t i da. O

172

44. Voc ê ganha um s or v et e de c as qui nha de gr aç a.


Ps B
A. Fui gent i l c om o s or v et ei r o naquel e di a. 1
B. O s or v et ei r o es t av a gent i l naquel e di a. O

45. Na f es t a do s eu ami go, o mági c o l he pede par a aj udá- l o.


Ps B
A. Ti v e s or t e de s er es c ol hi do. O
B. Mos t r ei - me r eal ment e i nt er es s ado no que el e es t av a f az endo. 1

46. Voc ê t ent a c onv enc er um gar ot o a i r ao c i nema c om v oc ê,


mas el e não t opa.
AbM
A. Naquel e di a el e não es t av a c om v ont ade de f az er nada. 1
B. Naquel e di a el e não es t av a c om v ont ade de i r ao c i nema. O

47. Os s eus pai s s e di v or c i am.


AbM
A. É di f í c i l as pes s oas s e ent ender em quando s ão c as adas . 1
B. Foi di f í c i l par a os meus pai s s e ent ender em quando es t av am c as ados .
O

48. Voc ê v em t ent ando ent r ar par a um c l ube, mas não c ons egue
s er admi t i do.
AbM
A. É di f í c i l me dar bem c om out r as pes s oas . 1
B. Não me dou bem c om as pes s oas que s ão s óc i as do c l ube. O

CHAVE DO ESCORE

PmM
PmB
AbM
AbB

Pági na 99
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Es M

Ps M
Ps B
Tot al M
Tot al B
B- M

173

Voc ê agor a pode apur ar o r es ul t ado do t es t e. Se qui s er , pode apur á- l o


c om
o s eu f i l ho. Se o f i z er , t ambém l he ex pl i que o que el e s i gni f i c a.
Comec e c om o es c or e PmM ( Per manênc i a Má) . Tot al i z e os númer os na
mar gem di r ei t a das r es pos t as que o s eu f i l ho es c ol heu par a as per gunt as 13, 18,
24, 28, 31, 33, 35 e 36. Es c r ev a o t ot al na c hav e do es c or e, na l i nha " PmM" .
Em s egui da, s ome os es c or es PmB ( Per manênc i a Boa) - per gunt as 5, 9,
23, 39, 40, 41, 42 e 43 - e es c r ev a o t ot al na c hav e do es c or e.
Depoi s , c al c ul e os es c or es r el at i v os à abr angênc i a e anot e- os na c hav e.
As
per gunt as AbM ( Abr angênc i a Má) s ão 12, 15, 20, 21, 27, 46, 47, e 48. As
per gunt as AbB ( Abr angênc i a Boa) s ão 1, 3, 17, 25, 30, 32, 34, e 37.
Tot al i z e os es c or es PmM e AbM par a obt er o r es ul t ado Es M ( Es per anç a
Má) . Anot e- o.
Agor a, v er i f i que o r es ul t ado da per s onal i z aç ão. As per gunt as Ps M
( Per s onal i z aç ão Má) s ão 6, 7, 10, 11, 14, 26, 29 e 38.
As per gunt as Ps B ( Per s onal i z aç ão Boa) s ão 2, 4, 8, 16, 19, 22, 44 e 45.
Comput e os es c or es t ot ai s dos maus ac ont ec i ment os ( PmM + AbM + Ps M)
e anot e o Tot al M; depoi s , t ot al i z e os es c or es dos bons ac ont ec i ment os ( PmB
+ AbB + Ps B) e r egi s t r e a s oma.
Fi nal ment e, c omput e o es c or e ger al , B - M, s ubt r ai ndo o Tot al M do
Tot al B. Tr ans c r ev a- o na úl t i ma l i nha da c hav e.
Agor a, v ej amos o que s i gni f i c am os r es ul t ados do s eu f i l ho e c omo s e
c ompar am c om os de mi l har es de c r i anç as que f i z er am o t es t e.
Em pr i mei r o l ugar , meni nas e meni nos apr es ent am r es ul t ados di f er ent es .
As meni nas , pel o menos at é a puber dade, s ão ni t i dament e mai s ot i mi s t as do
que os meni nos . A médi a das meni nas de nov e a 12 anos apr es ent a um es c or e
M - B de 7. A médi a dos meni nos da mes ma f ai x a de i dade s oma 5. Se a s ua
f i l ha obt i v er menos de 4, 5 pont os , el a é bas t ant e pes s i mi s t a. Se obt i v er menos
de 2, é mui t o pes s i mi s t a, e c or r e o r i s c o de depr es s ão. Se o s eu f i l ho mar c ar
menos de 2, 5 pont os , el e é bas t ant e pes s i mi s t a; menos de 1, é mui t o pes s i mi s t a
e c or r e o r i s c o de depr es s ão.
Quant o ao es c or e Tot al M, a médi a das meni nas de nov e a 12 anos é de 7
e a médi a dos meni nos é 8, 5. Es c or es t r ês pont os mai s al t os do que a médi a s ão
mui t o pes s i mi s t as .
O Tot al B médi o par a meni nas e meni nos de nov e a 12 anos é 13, 5. Es c or es
t r ês pont os abai x o s ão mui t o pes s i mi s t as . Cada uma das boas di mens ões

174

i ndi v i duai s ( PmB, Ps B e AbB) , em médi a, é de 4, 5, s endo que as que f i c am


abai x o de 3 s ão mui t o pes s i mi s t as . As más di mens ões i ndi v i duai s ( PmM, AbM
e Ps M) as s i nal am, em médi a, 2, 5 par a as meni nas e 2, 8 par a os meni nos . Os
es c or es de 4 pont os ou mai s i ndi c am r i s c o de depr es s ão.

Por Que as Cr i anç as


Não Fi c am Des ampar adas

VOCÉ PODERÁ TER FI CADO SURPRESO COM AS NORMAS E COM A SI GNI FI CAÇÃO
Pági na 100
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
dos es c or es , par t i c ul ar ment e quando c ompar ados aos s eus pr ópr i os
r es ul t ados . De um modo ger al , as c r i anç as pr é- púber es s ão ex t r emament e
ot i mi s t as , demons t r ando c apac i dade par a a es per anç a e i muni dade par a o des ampar o
que j amai s t er ão depoi s da puber dade, quando per dem boa par t e do s eu
ot i mi s mo.
Quando meu f i l ho, Dav i d, t i nha c i nc o anos , mi nha mul her e eu nos
di v or c i amos . Ex pl i c ar a s i t uaç ão a el e c om euf emi s mos não deu c er t o. El e
v i v i a me per gunt ando, a c ada f i m de s emana, s e Ker r y e eu í amos nos c as ar
nov ament e. Chegar a a hor a de f al ar às c l ar as . Di s s e- l he, numa l onga c onv er s a,
que as pes s oas dei x am de s e amar e aí não t em j ei t o - é o f i m. Par a r ef or ç ar
meu ar gument o, per gunt ei - l he:
- Voc ê nunc a t ev e um ami go de que gos t as s e mui t o e de r epent e dei x as s e
de gos t ar t ant o?
- Si m - r es pondeu el e r el ut ant ement e, dando t r at os à memór i a.
- Poi s bem, é as s i m que s ua mãe e eu nos s ent i mos um em r el aç ão ao
out r o. Não nos amamos mai s , e não v ol t ar emos a nos amar . Por i s s o, não nos
c as ar emos out r a v ez .
El e ol hou par a mi m, c onc or dou c om um ges t o de c abeç a, e f i c ando c om a
úl t i ma pal av r a, enc er r ou a di s c us s ão:
- Voc ê poder i a!
O es t i l o ex pl i c at i v o das c r i anç as é ex t r emament e t endenc i os o, mui t o mai s
do que o dos adul t os . Os bons ac ont ec i ment os v ão dur ar par a s empr e, v ão
aj udar de t odas as manei r as , e oc or r em por obr a e gr aç a das c r i anç as . Os
maus ac ont ec i ment os s i mpl es ment e ac ont ec em, des f az em- s e r api dament e, e

175

dev em- s e a out r as pes s oas . A médi a das c r i anç as mos t r a- s e de t al f or ma


t endenc i os a que os s eus es c or es par ec em em médi a c om os de um agent e de
s egur os bem- s uc edi do da Met r opol i t an. Os es c or es t endenc i os os de uma
c r i anç a depr i mi da par ec em- s e c om os de um adul t o médi o não- depr i mi do.
Ni nguém par ec e t er a c apac i dade de es per anç a de uma c r i anç a, e é j us t ament e
es s e f at o que f az c om que a depr es s ão gr av e numa c r i anç a s e des t aque t ão
t r agi c ament e.
As c r i anç as f i c am depr i mi das , e t ão f r eqüent ement e e t ão pr of undament e
quant o um adul t o, mas a s ua depr es s ão di f er e da depr es s ão dos adol es c ent es
e dos adul t os de uma manei r a mui t o es pec i al . El as não s e t or nam
des ampar adas e não c omet em s ui c í di o. Todos os anos , s ão r egi s t r ados de 20
a 50 mi l s ui c í di os ent r e os amer i c anos adul t os , quas e t odos s egui ndo- s e a
c r i s es de depr es s ão. Um c omponent e da depr es s ão em par t i c ul ar , o des ampar o,
é o i ndi c ador mai s pr ec i s o do s ui c í di o. Os s ui c i das pot enc i ai s ac r edi t am
f i r mement e que o s eu pr es ent e i nf or t úni o dur ar á par a s empr e e s e al as t r ar á a
t udo o que f i z er em, e que s ó a mor t e dar á f i m ao s eu padec i ment o. O s ui c í di o
na i nf ânc i a é t r ági c o e es t á c r es c endo, mas os 200 c as os , apr ox i madament e,
r egi s t r ados por ano não c hegam a c ons t i t ui r um pr obl ema epi demi ol ógi c o
de mai or r el ev ânc i a. Cr i anç as c om menos de s et e anos nunc a s e s ui c i dam,
embor a t enha- s e c onhec i ment o de homi c í di os bem doc ument ados c omet i dos
por c r i anç as de c i nc o anos . Cr i anç as des s a i dade podem c ompr eender a mor t e,
a s ua f i ni t ude, e s ão c apaz es de s e mat ar ; mas não mant êm por mui t o t empo
um es t ado de des ampar o.
A ev ol uç ão, ac r edi t o, as s egur ou i s s o. A c r i anç a c ar r ega dent r o de s i a
s ement e
do f ut ur o, e o pr i nc i pal i nt er es s e da nat ur ez a nas c r i anç as é que el as at i nj am a
puber dade em s egur anç a e pr oduz am uma nov a ger aç ão de c r i anç as . A nat ur ez a
pr ot egeu nos s as c r i anç as não apenas f i s i c ament e - as c r i anç as pr é- púber es
t êm a t ax a mai s bai x a de mor t e de t odas as c aus as - , mas t ambém
ps i c ol ogi c ament e, dot ando- as de es per anç a abundant e e i r r ac i onal .
Mas , a des pei t o de t oda a pr ot eç ão c ont r a o des ampar o, al gumas c r i anç as
s ão mui t o mai s pr edi s pos t as ao pes s i mi s mo e à depr es s ão do que out r as . O
CASQ é um bom i ndi c ador de quem é v ul ner áv el e de quem é i mune. As
c r i anç as que mar c am pont os na met ade ot i mi s t a - meni nos c om um es c or e
ac i ma de 5, 5 e meni nas abai x o de 7, 5 - t endem a s e t or nar adol es c ent es e
adul t os ot i mi s t as . Em médi a, s of r er ão de menos depr es s ão, r eal i z ar ão mai s

Pági na 101
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
176

e s er ão mai s s audáv ei s ao l ongo de s uas v i das do que as c r i anç as que obt êm


r es ul t ados abai x o des s as médi as .
O es t i l o ex pl i c at i v o i ns t al a- s e c edo. Vêmo- l o numa f or ma bas t ant e
c r i s t al i z ada em c r i anç as de apenas oi t o anos . Se o s eu f i l ho j á denot a uma
at i t ude
ot i mi s t a ou pes s i mi s t a no t er c ei r o ano pr i már i o, e s e el a es t á des t i nada a s er
t ão i mpor t ant e par a o s eu f ut ur o, s ua s aúde e s eu s uc es s o, é nat ur al que v oc ê
quei r a s aber de onde el a v ei o e o que pode f az er par a mudá- l a.
Há t r ês hi pót es es pr i nc i pai s s obr e as or i gens do es t i l o ex pl i c at i v o. A
pr i mei r a
di z r es pei t o à mãe da c r i anç a.

( 1) O Es t i l o Ex pl i c at i v o da Mãe
OBSERVE COMO SYLVI A REAGE A UMA CONTRARI EDADE NA PRESENÇA DE
s ua f i l ha, Mar j or i e, de oi t o anos . A c ena t em i ní c i o quando el as ent r am no
c ar r o no es t ac i onament o de um s uper mer c ado. Ao ouv i - l a, pr oc ur e i dent i f i c ar
o es t i l o ex pl i c at i v o de Sy l v i a.

Mar j or i e: Mamãe, t em um amas s ado no meu l ado do c ar r o.


Sy l v i a: Que di abo, Bob é c apaz de me mat ar !
Mar j or i e: Papai di s s e par a v oc ê es t ac i onar o c ar r o nov o del e s empr e
l onge dos out r os .
Sy l v i a: Que i nf er no, es s as c oi s as s ó ac ont ec em c omi go. Sou t ão
pr egui ç os a! Tudo i s s o par a não t er que c ar r egar as c ompr as mai s al guns
met r os . Que es t upi dez !

Sy l v i a es t á di z endo c oi s as c ompr omet edor as a s eu r es pei t o e Mar j or i e


es t á
ouv i ndo c om t oda a at enç ão. Não é s oment e o c ont eúdo que é depr ec i at i v o,
mas a f or ma t ambém. Pel o c ont eúdo, Mar j or i e f i c a s abendo que Sy l v i a es t á
em apur os , e que el a é es t úpi da, pr egui ç os a e c r oni c ament e az ar ada. Bas t ant e
c ens ur áv el . Mas a f or ma c omo Sy l v i a s e ex pr es s a é ai nda pi or .
Mar j or i e s e dá c ont a de que um r ev és es t á s endo ex pl i c ado. Sy l v i a
( i nadv er t i dament e) dá quat r o ex pl i c aç ões a Mar j or i e:
1. " Coi s as c omo es s a s empr e ac ont ec em c omi go. " Es s a ex pl i c aç ão é
per manent e:
Sy l v i a empr ega a pal av r a s empr e. Também é abr angent e: " Coi s as c omo es s a" e

177

não s i mpl es ment e " amas s ados c omo es s e" ; Sy l v i a não qual i f i c a o r ev és nem
es t abel ec e f r ont ei r as par a os c ont r at empos que s empr e l he ac ont ec em.
É pes s oal :
el as " ac ont ec em c omi go" , não c om t odo mundo. Sy l v i a s e i s ol a c omo v í t i ma.

2. " Sou t ão pr egui ç os a! " A pr egui ç a, c omo Sy l v i a menc i onou, é uma f ac et a


per manent e do c ar át er . ( Compar e a ex pl i c aç ão de Sy l v i a c om es t a out r a: " Es t av a
me s ent i ndo pr egui ç os a. " ) A pr egui ç a s e mani f es t a em mui t as c i r c uns t ânc i as ,
e, por t ant o, é abr angent e. E Sy l v i a per s onal i z ou- a.
3. " Tudo i s s o par a ( eu) não t er que c ar r egar as c ompr as mai s al guns met r os "
- pes s oal , per manent e ( não " Eu não qui s c ar r egar " ) , mas não par t i c ul ar ment e
abr angent e, uma v ez que s e t r at a apenas de t r abal ho f í s i c o.
4. " Que es t upi dez ! " o mes mo que " Sou t ão es t úpi da! " - per manent e,
abr angent e, pes s oal .
Voc ê não f oi a úni c a pes s oa a anal i s ar o que Sy l v i a di s s e. Mar j or i e
t ambém
Pági na 102
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
anal i s ou s uas pal av r as . Mar j or i e ouv i u s ua mãe ex pl i c ar uma c r i s e
at r i bui ndo- l he quat r o c aus as al t ament e pes s i mi s t as . Ouv i u de s ua pr ópr i a mãe que
os
ac ont ec i ment os adv er s os s ão per manent es , abr angent es e que oc or r em por
c ul pa ex c l us i v ament e del a. Mar j or i e es t á apr endendo que o mundo é f ei t o
des s a manei r a.
Di ar i ament e, Mar j or i e ouv e s ua mãe f az er anál i s es per manent es ,
abr angent es e pes s oai s s obr e t udo o que ac ont ec e de des f av or áv el em c as a.
Mar j or i e
es t á no pr oc es s o de apr ender da pes s oa que ex er c e mai or i nf l uênc i a s obr e a s ua
v i da que as adv er s i dades s ão dur adour as , pr ej udi c am t udo, e que s ua c ul pa
dev e s er mui t o adequadament e at r i buI da à pes s oa a quem el as ac ont ec em.
Mar j or i e es t á f or mando uma t eor i a s obr e o mundo na qual os r ev es es t êm
c aus as per manent es , abr angent es e pes s oai s .
As ant enas das c r i anç as es t ão c ons t ant ement e v ol t adas par a a manei r a
c omo
s eus pai s , pr i nc i pal ment e s uas mães , f al am das c aus as de ac ont ec i ment os
c ar r egados de emoç ão. Não é por ac as o que " Por quê?" é uma das pr i mei r as e
mai s r epet i das per gunt as que as c r i anç as pequenas f az em. Obt er ex pl i c aç ão
par a o mundo que as c er c a, pr i nc i pal ment e o mundo s oc i al , é a pr i mei r a
t ar ef a i nt el ec t ual do pr oc es s o de c r es c i ment o. Quando os pai s t or nam- s e
i mpac i ent es e dei x am de r es ponder aos i nf i ndáv ei s por quês , as c r i anç as
enc ont r am s uas r es pos t as de out r as manei r as . Na mai or i a das v ez es , el as ouv em
c om at enç ão quando v oc ê ex pl i c a es pont aneament e por que as c oi s as ac ont ec em
- o que v oc ê f az , em médi a, c er c a de uma v ez por mi nut o dur ant e o s eu

178

di s c ur s o. Seus f i l hos s e apegam a c ada pal av r a das ex pl i c aç ões que v oc ê dá,


pr i nc i pal ment e quando al guma c oi s a não dá c er t o. Ouv em não s ó os det al hes
do que v oc ê di z , c omo ouv em c om v i v o i nt er es s e a des c r i ç ão de s uas
pr opr i edades f or mai s : quer em s aber s e a c aus a que v oc ê c i t a é t empor ár i a,
es pec i f i c a ou abr angent e, s e a c ul pa é s ua ou de out r a pes s oa.
A manei r a c omo s ua mãe f al ou s obr e o mundo quando v oc ê er a c r i anç a
t ev e uma i nf l uênc i a pr edomi nant e s obr e o s eu es t i l o ex pl i c at i v o. Chegamos a
es s a c onc l us ão di s t r i bui ndo ques t i onár i os s obr e o es t i l o ex pl i c at i v o a 100
c r i anç as e a s eus pai s . O ní v el de ot i mi s mo da mãe e o ní v el da c r i anç a er am
mui t o s emel hant es . I s s o demons t r ou s er v er dadei r o t ant o par a os f i l hos quant o
par a as f i l has . Fi c amos admi r ados ao v er i f i c ar que nem o es t i l o das c r i anç as
nem o es t i l o da mãe apr es ent av am qual quer s emel hanç a c om o do pai . I s s o
nos di z que as c r i anç as pequenas ouv em o que o s eu pr i mei r o guar di ão
( ger al ment e a mãe) di z em das c aus as , e t endem a adot ar o s eu es t i l o. Se a
c r i anç a
t em uma mãe ot i mi s t a, ót i mo, mas s e el a f or pes s i mi s t a pode s er um des as t r e
par a a c r i anç a.
Es s as c ons t at aç ões l ev ant am uma per gunt a: o es t i l o ex pl i c at i v o é genét i c o?
Podemos her dá- l o de nos s os pai s , c omo her damos gr ande par t e de nos s a
i nt el i gênc i a, nos s as i nc l i naç ões pol í t i c as e nos s a v i s ão r el i gi os a? ( Es t udos
r eal i z ados c om gêmeos i dênt i c os c r i ados s epar adament e mos t r am que ambos
des env ol v er am per s pec t i v as pol í t i c as , c r enç a em Deus ou at eí s mo, e QI s
i nc r i v el ment e s emel hant es . ) Ao c ont r ár i o des s es denomi nador es c omuns
her edi t ár i os , as c ar ac t er í s t i c as do es t i l o ex pl i c at i v o que enc ont r amos nas
f amí l i as
s uger em que el e não é her dado. O da mãe é s emel hant e t ant o ao dos f i l hos
quant o ao das f i l has ; o do pai não s e par ec e c om nenhum del es . Es s e é um
padr ão de r es ul t ados ao qual não s e aj us t a nenhum model o genét i c o c omum.
Por c er t o, agor a es t amos pr oc ur ando f az er a per gunt a genét i c a menos
i ndi r et ament e. Medi r emos o ot i mi s mo t ant o dos pai s bi ol ógi c os quant o dos
pai s adot i v os de c r i anç as que f or am adot adas mui t o pequenas . Se o ní v el de
ot i mi s mo das c r i anç as f or s emel hant e ao dos pai s adot i v os e des s emel hant e
do ní v el dos pai s bi ol ógi c os , i s s o c onf i r mar á nos s a t eor i a de que as or i gens do
ot i mi s mo s ão apr endi das . Se o gr au de ot i mi s mo das c r i anç as s e as s emel har ao
gr au dos pai s bi ol ógi c os , que as c r i anç as nunc a v i r am, i s s o pr ov a que o ot i mi s mo
pode s er pel o menos par c i al ment e her dado.

Pági na 103
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
179

( 2) Cr í t i c a dos Adul t os : Pr of es s or es e Pai s


QUANDO SEUS FI LHOS FAZEM ALGUMA COI SA ERRADA, O QUE É QUE VOCÊ

di z a el es ? O que é que os s eus pr of es s or es di z em a el es ? Como j á obs er v amos ,


as c r i anç as ouv em c ui dados ament e não apenas o c ont eúdo c omo a f or ma, não
s ó o que os adul t os di z em a el as c omo a manei r a c omo as c oi s as l hes s ão di t as .
I s s o é par t i c ul ar ment e v er dade no que di z r es pei t o às c r i t i c as e r epr i mendas .
As c r i anç as ac r edi t am nas c r i t i c as que r ec ebem e us am- nas par a f or mar s eu
es t i l o ex pl i c at i v o.
Vej amos por um i ns t ant e uma s al a de aul a t í pi c a da t er c ei r a s ér i e
pr i már i a,
c omo f ez Car ol Dwec k , uma das mai or es aut or i dades mundi ai s do
des env ol v i ment o emoc i onal . O t r abal ho de Car ol r edef i ni u a manei r a c omo o
ot i mi s mo s e des env ol v e. Também of er ec e pi s t as s obr e o que ac ont ec e
dur ant e a i nf ânc i a das mul her es par a t or ná- l as t ão mai s s us c et í v ei s à depr es s ão
do que os homens .
Uma v ez que a t ur ma s e ac os t uma à s ua pr es enç a e s e ac omoda, a pr i mei r a
c oi s a que v oc ê not a é uma ní t i da di f er enç a ent r e o c ompor t ament o das meni nas
e o dos meni nos . As meni nas , na s ua mai or i a, s ó dão pr az er ao pr of es s or :
s ent am- s e c om modos , c hegam a c r uz ar as mãos , e par ec em ouv i r c om at enç ão.
Quando s e mani f es t am, s us s ur r am ou dão r i s adi nhas , mas bas i c ament e
obedec em as r egr as . J á os gar ot os s ão umas pes t es . Mex em- s e o t empo t odo, mes mo
quando t ent am f i c ar qui et os , o que não ac ont ec e c om f r equênc i a. Não par ec em
pr es t ar at enç ão e não obedec em as r egr as t ão es c r upul os ament e quant o as
meni nas . Quando s e mani f es t am - o que ac ont ec e a t oda hor a - , gr i t am e
s aem dos s eus l ugar es .
Uma t ur ma s e c onc ent r a par a f az er uma pr ov a de f r aç ões . O que é que o
pr of es s or di z aos al unos que não s e s aem bem na pr ov a? Quai s s ão as c r í t i c as
que os meni nos e as meni nas ouv em de s eus mes t r es da t er c ei r a s ér i e quando
er r am?
Aos meni nos r epr ov ados é di t o em ger al : " Voc ê não es t av a pr es t ando
at enç ão" , " Voc ê não s e es f or ç ou o bas t ant e" , " Voc ê es t av a f az endo bagunç a
quando eu es t av a ens i nando f r aç ões " . Que t i po de ex pl i c aç ões s ão não pr es t ar
at enç ão, não s e es f or ç ar o s uf i c i ent e, f az er bagunç a? El as s ão t empor ár i as e
es pec í f i c as , não s ão abr angent es . Tempor ár i as por que v oc ê pode mudar a
i nt ens i dade do es f or ç o apl i c ado, pode pr es t ar at enç ão s e qui s er e pode dei x ar

180

de f az er bagunç a. Os meni nos ouv em c aus as t empor ár i as e es pec í f i c as s er em


i nv oc adas par a ex pl i c ar por que o s eu apr ov ei t ament o es c ol ar não f oi bom.
As meni nas , r ev el am os es t udos de Dwec k , ouv em r ot i nei r ament e um t i po
de r epr eens ão bas t ant e di f er ent e. Uma v ez que não f az em des or dem e par ec em
pr es t ar at enç ão, não podem s er c ens ur adas por es s es mot i v os . Par a o pr of es s or
que pr oc ur a c or r i gi - l as s ó r es t a di z er - l hes : " Voc ê não é mui t o boa em
ar i t mét i c a" ,
" Os s eus dev er es s ão s empr e apr es ent ados c om des l ei x o" , " Voc ê nunc a c onf er e
o s eu t r abal ho" . A mai or i a das c aus as t empor ár i as , c omo des at enç ão, f al t a de
empenho e mau c ompor t ament o, é el i mi nada; por t ant o, as meni nas s ão s empr e
al v o de c r í t i c as per manent es e abr angent es por s uas f al has . O que s er á que el as
obt êm da s ua ex per i ênc i a na t er c ei r a s ér i e?
Car ol Dwec k des c obr i u, c onv er s ando c om al unos da quar t a s ér i e e
s ubmet endo- l hes pr obl emas i ns ol úv ei s . Depoi s , el a c hec ou as ex pl i c aç ões que
der am par a o s eu f r ac as s o.
- Todos r ec eber am pal av r as mi s t ur adas par a f az er em anagr amas c om -
" ZOLT" , " I EOF" , " MAPE" e as s i m por di ant e - , mas os s eus es f or ç os f or am
em v ão, poi s er a i mpos s í v el r edi s t r i bui r as l et r as par a f or mar uma pal av r a c om
s ent i do. Todos os al unos f i z er am f or ç a, mas ant es que pudes s em es got ar t odas
as pos s í v ei s c ombi naç ões f or am av i s ados que o " Tempo ac abou" .
- Por que v oc ê não r es ol v eu es s as ? - per gunt ou o or i ent ador .
As meni nas di s s er am c oi s as c omo " Não s ou mui t o boa c om j ogos de
pal av r as " e " Ac ho que não s ou mui t o es per t a" .
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Os meni nos , quando s ubmet i dos ao mes mo t es t e, di s s er am: " Não es t av a
pr es t ando at enç ão" e " Não t ent ei pr a v al er " ; " Quem é que v ai dar bol a pr a úns
quebr a- c abeç as c ar et as c omo es s es ?" .
Nes s e t es t e, as meni nas der am ex pl i c aç ões per manent es e abr angent es par a
s eu i ns uc es s o; os gar ot os , por s ua v ez , der am ex pl i c aç ões mui t o mai s
es per anç os as - t empor ár i as , es pec í f i c as e mut áv ei s . O que v emos aqui é o
i mpac t o da s egunda i nf l uênc i a s obr e o es t i l o ex pl i c at i v o de s eu f i l ho: as
c r í t i c as
que os adul t os f az em quando as c r i anç as f al ham. Nov ament e, a c r i anç a ouv e
c om at enç ão, e s e o que ouv e é per manent e e abr angent e - " Voc ê é es t úpi do" ;
" Voc ê não é bom" - , i s s o adqui r e r es s onânc i a na s ua t eor i a s obr e s i mes mo.
Se o que ouv e é t empor ár i o e es pec í f i c o - " Voc ê não s e es f or ç ou
s uf i c i ent ement e" ; " Es s es quebr a- c abeç as s ão par a al unos da s ex t a s ér i e" - , el e
v ê os pr obl emas c omo s ol úv ei s e par c i ai s .

181

( 3) As Cr i s es na Vi da das Cr i anç as
EM HEI DELBERG, EM 1981, OUVI GLEN ELDER, LÍ DER MUNDI AL DA SOCI OLOGI A
da f amí l i a, pr of er i r uma pal es t r a a um gr upo de pes qui s ador es i nt er es s ados em
s aber c omo as c r i anç as c r es c em s ob t r emenda adv er s i dade. El e nos f al ou de
um es t udo f as c i nant e no qual v i nha t r abal hando t oda a s ua v i da adul t a. Duas
ger aç ões at r ás , di s s e el e, ant es da Gr ande Depr es s ão, um gr upo de c i ent i s t as
v i s i onár i os , pr edec es s or es de Gl en, l anç ou um es t udo s obr e c r es c i ment o que
v em s e r eal i z ando há quas e 60 anos . Um gr upo de c r i anç as de duas c i dades
c al i f or ni anas , Ber k el ey e Oak l and, f or am ent r ev i s t adas e t es t adas
mi nuc i os ament e par a s e det er mi nar s uas f or ç as e f r aquez as ps i c ol ógi c as . Es s as
c r i anç as
s ão hoj e s ept uagenár i as e oc t agenár i as . Cont i nuar am a c ooper ar c om es s e
es t udo pi onei r o s obr e o des env ol v i ment o do es pec t r o da v i da. Não s e l i mi t ar am
a i s s o, s eus f i l hos e agor a s eus net os t ambém t êm par t i c i pado.
Gl en f al ou ent ão de quem t i nha c ons egui do s obr ev i v er à Gr ande Depr es s ão
e de quem nunc a t i nha s e r ec uper ado. El e di s s e, ao gr upo f as c i nado, que as
meni nas da c l as s e médi a c uj as f amí l i as t i nham per di do t odo o di nhei r o
r ec uper ar am- s e no c omeç o da mei a- i dade, e env el hec er am bem t ant o f í s i c a
quant o ps i c ol ogi c ament e. Meni nas das c l as s es mai s bai x as c uj as f amí l i as v i r am- s e
de i gual modo pr i v adas de s eus bens dur ant e os anos 30 nunc a s e
r ec uper ar am ps i c ol ogi c ament e. Des es t r ut ur ar am- s e no f i m da mei a- i dade, e a s ua
v el hi c e f oi t r ági c a, t ant o f í s i c a quant o ps i c ol ogi c ament e.
Gl en es pec ul ou s obr e a c aus a.
- Ac r edi t o que as mul her es que env el hec er am bem - di s s e el e - ,
apr ender am dur ant e a i nf ânc i a na Gr ande Depr es s ão que a adv er s i dade s er i a
s uper ada. Af i nal , a mai or i a de s uas f amí l i as r ec uper ar a- s e ec onomi c ament e no
f i m dos anos 30 e pr i nc í pi o dos anos 40. Es s a r ec uper aç ão ens i nou- l hes
ot i mi s mo, e a c r i s e por que pas s ar am e s ua s ol uç ão mol dar am s eu es t i l o
ex pl i c at i v o par a os ac ont ec i ment os adv er s os , t or nando- os t empor ár i os ,
es pec í f i c os e ex t er nos . I s s o s i gni f i c a que na v el hi c e, quando s ua mel hor ami ga
mor r eu, el as pens ar am: " Far ei out r as ami z ades . " Es s a per s pec t i v a ot i mi s t a
aj udou a s aúde e o pr oc es s o de env el hec i ment o.
" Compar e c om as meni nas das f amí l i as de c l as s es mai s bai x as . Em gr ande
par t e, s uas f amí l i as não s e r ec uper ar am depoi s da Gr ande Depr es s ão. Er am
pobr es ant es , dur ant e e depoi s . Apr ender am pes s i mi s mo. Apr ender am que

182

quando o i nf or t úni o bat e à por t a, os t empos r ui ns dur am par a s empr e. Seu


es t i l o ex pl i c at i v o t or nou- s e des es per anç ado. Mui t o mai s t ar de, quando s ua
mel hor ami ga mor r eu, pens ar am: " Nunc a mai s f ar ei nov as ami z ades . " Es s e
pes s i mi s mo, da r eal i dade da s ua s i t uaç ão, apr endi do na i nf ânc i a, i mpôs - s e a
t odas as nov as c r i s es a que s obr ev i v er am, e mi nou s ua s aúde, s ua c apac i dade
de r eal i z ar , s eu s ens o de bem- es t ar .
Ent r et ant o, t udo i s s o não pas s a de es pec ul aç ão - di s s e Gl en ao c onc l ui r .
Pági na 105
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
- Ni nguém t i nha noç ão do que f os s e es t i l o ex pl i c at i v o há 50 anos , por t ant o,
el e não f oi medi do. É uma pena que não t enhamos uma máqui na do t empo,
par a que pudés s emos v ol t ar a 1930 e v er i f i c ar s e mi nhas deduç ões es t ão
c or r et as .
Não c ons egui dor mi r naquel a noi t e. " É uma pena que não t enhamos uma
máqui na do t empo. " O pens ament o não s aí a da mi nha c abeç a. Às c i nc o hor as
da manhã, es t av a bat endo na por t a de Gl en.
- Ac or de, Gl en, pr ec i s amos c onv er s ar . Eu t enho a máqui na do t empo!
Gl en ar r as t ou- s e da c ama e s aí mos par a dar uma c ami nhada.
- No ano pas s ado - di s s e a Gl en - r ec ebi uma c ar t a de um not áv el
j ov em ps i c ól ogo s oc i al c hamado Chr i s Pet er s on. " Aj ude- me" , di z i a a c ar t a.
" Es t ou pr es o numa pequena f ac ul dade dando oi t o c ur s os por ano. Tenho i déi as
c r i at i v as e es t oU di s pos t o a v i aj ar . " Conv i dei - o a pas s ar uns doi s anos
t r abal hando c omi go na Uni v er s i dade da Pens i l v âni a e v er i f i quei que, de f at o, el e
t i nha i déi as c r i at i v as .
A i déi a mai s c r i at i v a de Chr i s r ef er i a- s e à manei r a de det er mi nar o
es t i l o
ex pl i c at i v o de pes s oas que não s e s ubmet er i am ao ques t i onár i o - gent e c omo
í dol os es por t i v os , pr es i dent es e es t r el as do c i nema. Chr i s l i a as pági nas
es por t i v as
i nc ans av el ment e, e t oda v ez que enc ont r av a uma dec l ar aç ão c aus al f ei t a por
um j ogador de f ut ebol , por ex empl o, el e a anal i s av a c omo s e f os s e um ques i t o
do ques t i onár i o s obr e o es t i l o ex pl i c at i v o que o j ogador t i v es s e r es pondi do.
As s i m, s e um ar t i l hei r o di z i a que não t i nha al c anç ado o c ampo adv er s ár i o
por que " O v ent o es t av a c ont r a mi m" , Chr i s anot av a a dec l ar aç ão por c ont a de
s uas qual i dades per manent es , abr angent es e pes s oai s numa es c al a de 1 a 7. " O
v ent o es t av a c ont r a mi m" obt er i a apenas 1 pont o por s ua per manênc i a, j á que
nada é menos per manent e do que o v ent o; mai s 1 pont o pel a abr angênc i a,
c ons i der ando- s e que o v ent o c ont r a pr ej udi c a apenas o s eu c hut e e não s ua
v i da amor os a; e 1 pel a per s onal i z aç ão, uma v ez que o v ent o não é c ul pa do

183

ar t i l hei r o. " O v ent o es t av a c ont r a mi m" é uma ex pl i c aç ão mui t o ot i mi s t a de


um r ev és .
Em s egui da, Chr i s apur ou a s oma de t odos os pont os das dec l ar aç ões
c aus ai s
que o ar t i l hei r o f i z er a e c hegou ao s eu es t i l o ex pl i c at i v o, s em r ec or r er a um
ques t i onár i o. Depoi s , demons t r amos que o per f i l as s i m obt i do quas e que
empat av a c om o que t er i a ac ont ec i do s e o ar t i l hei r o t i v es s e pr eenc hi do o
ques t i onár i o. Chamamos es s e pr oc es s o de CAVE - Cont ent Anal y s i s of
Ver bat i m Ex pl anat i ons ( Anál i s e do Cont eúdo de Ex pl i c aç ões Tex t uai s ) .
- Gl en - pr os s egui - , a t éc ni c a CAVE éa máqui na do t empo. Podemos
us á- l a não s oment e c om pes s oas c ont empor âneas que não s e di s por i am a
r es ponder o ques t i onár i o, c omo t ambém c om pes s oas que não podem r es pondê- l o
por que j á mor r er am. I s s o me t r az ao mot i v o de t er ac or dado v oc ê. Os s eus
pr edec es s or es guar dar am as ent r ev i s t as or i gi nai s c om as c r i anç as de Ber k el ey e
Oak l and f ei t as nos anos 1930?
Gl en pens ou um pouc o.
- I s s o f oi ant es de ex i s t i r o gr av ador de f i t a, mas t enho a i mpr es s ão de
que
os ent r ev i s t ador es t omar am not as t aqui gr áf i c as . Pos s o v er i f i c ar nos meus
ar qui v os .
Se ai nda di s pus er mos das not as or i gi nai s , poder emos apl i c ar a t éc ni c a CAVE a
el as . Toda v ez que uma das c r i anç as t enha f ei t o uma dec l ar aç ão c aus al , podemos
c ons i der á- l a c omo um i t em do ques t i onár i o do es t i l o ex pl i c at i v o, e podemos
r ec or r er a apur ador es , que i gnor em a f ont e das dec l ar aç ões , par a c hec ar o
ot i mi s mo
das c r i anç as . No f i m do pr oc es s o, s aber emos qual er a o es t i l o ex pl i c at i v o de
c ada
c r i anç a há 50 anos . Podemos v i aj ar no t empo e t es t ar s uas es pec ul aç ões .
Quando v ol t amos aos ar qui v os de Ber k el ey , Gl en deu uma c hec ada. De
f at o, ex i s t i am not as t ex t uai s das ent r ev i s t as or i gi nai s e ent r ev i s t as c ompl et as
f ei t as em di v er s as opor t uni dades da v i da, quando as meni nas t i nham- s e
t or nado mães e av ós . Us amos as not as e ent r ev i s t as par a t r aç ar per f i s do es t i l o
ex pl i c at i v o des s as mul her es . Ex t r aí mos das ent r ev i s t as t odas as dec l ar aç ões
Pági na 106
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
c aus ai s , demos c ada uma del as a apur ador es que não c onhec i am s ua f ont e, e
f i z emos c om que c omput as s em os r es ul t ados r ef er ent es a abr angênc i a,
per manênc i a e per s onal i z aç ão numa es c al a de 1 a 7.
A es pec ul aç ão de Gl er t er a em gr ande par t e c or r et a. As mul her es de
c l as s e
médi a, que t i nham env el hec i do bem, t endi am a s er ot i mi s t as . As mul her es das
c l as s es mai s bai x as , que t i nham env el hec i do mal , t endi am a s er pes s i mi s t as .
O pr i mei r o us o da máqui na do t empo r eal i z ou t r ês c oi s as .

184

Pr i mei r o, a máqui na do t empo f or nec eu- nos um i ns t r ument o


ex t r emament e poder os o. Podí amos us á- l o, agor a, par a i ndagar o ot i mi s mo de
pes s oas
que não r es ponder i am ao ques t i onár i o, des de que pos s uí s s emos dec l ar aç ões
t ex t uai s del as . Podí amos " CAVAR" uma gr ande quant i dade de mat er i al par a
o es t i l o ex pl i c at i v o: ent r ev i s t as à i mpr ens a, di ár i os , t r ans c r i ç ões de s es s ões
t er apêut i c as , c ar t as de s ol dados c ombat endo nas l i nhas de f r ent e, t es t ament os .
Podí amos des c obr i r o es t i l o ex pl i c at i v o de c r i anç as mui t o j ov ens par a r es ponder
o CASQ ouv i ndo- as f al ar , ex t r ai ndo s uas dec l ar aç ões c aus ai s e c l as s i f i c ando- as
c omo s e f os s em r es pos t as aos ques i t os do ques t i onár i o. Podí amos at é det er mi nar
o quant o ot i mi s t as t er i am s i do ex - pr es i dent es dos Es t ados Uni dos mor t os há
mui t o t empo, s e o ní v el de ot i mi s mo no t empo hi s t ór i c o da Amér i c a t er i a
aument ado ou di mi nuí do, s e al gumas c ul t ur as e r el i gi ões s ão mai s pes s i mi s t as
do que out r as .
Segundo, a máqui na do t empo f or nec eu- nos pr ov as adi c i onai s de que
apr endemos nos s o es t i l o ex pl i c at i v o c om nos s as mães . Em 1970, as c r i anç as
de Ber k el ey e Oak l and, ent ão av ós , f or am ent r ev i s t adas . Al ém del as , s uas f i l has ,
ent ão mães , t ambém f or am ent r ev i s t adas . " CAVAMOS" es s as ent r ev i s t as e
enc ont r amos os mes mos r es ul t ados que os nos s os es t udos bas eados no ques t i onár i o
t i nham apont ado. Hav i a uma ac ent uada s emel hanç a ent r e o ní v el de
pes s i mi s mo das mães e de s uas f i l has . Como j á f oi di t o, es s a é uma das manei r as
c omo apr endemos ot i mi s mo, ouv i ndo nos s as mães ex pl i c ar em os
ac ont ec i ment os do di a- a- di a.
Ter c ei r o, a máqui na do t empo f or nec eu- nos a pr i mei r a pr ov a de que a
r eal i dade das c r i s es que at r av es s amos quando c r i anç as mol da nos s o ot i mi s mo:
meni nas que enf r ent ar am c r i s es ec onômi c as que f or am s uper adas pas s ar am a
c ons i der ar os ac ont ec i ment os adv er s os t empor ár i os e mut áv ei s . Ent r et ant o, as
c r i anç as que pas s ar am pr i v aç ões dur ant e a Gr ande Depr es s ão e per manec er am
pobr es v i am os ac ont ec i ment os adv er s os c omo f i x os e i mut áv ei s . Por
c ons egui nt e, as c r i s es mai s agudas de nos s a i nf ânc i a podem nos f or nec er um
mol de,
c omo um c or t ador de mas s a de bi s c oi t os , pel o qual , par a o r es t o de nos s as
v i das , pr oduz i mos ex pl i c aç ões par a nov as c r i s es .
Somando- s e as des c ober t as do t r abal ho c om Gl en El der , há uma out r a
l i nha de pr ov as s us t ent ando a pr opos i ç ão de que as c r i anç as des t i l am s eu es t i l o
ex pl i c at i v o das c r i s es mai or es de s uas v i das . Es s a ev i dênc i a f oi penos ament e
c ons t r uí da pel o pr of es s or i ngl ês Geor ge Br own. Quando nos c onhec emos ,

185

Geor ge t i nha pas s ado 10 anos per c or r endo as ár eas mai s mi s er áv ei s da z ona
s ul de Londr es , ent r ev i s t ando donas - de- c as a ex aus t i v ament e. J á t i nha
ent r ev i s t ado mai s de 400, à pr oc ur a da c hav e da pr ev enç ão c ont r a a depr es s ão. O
s i mpl es númer o de c as os de depr es s ão gr av e que el e l ev ant ou er a c hoc ant e
- mai s de 20% das donas - de- c as a er am depr i mi das , met ade das quai s de
f or ma ps i c ót i c a. Es t av a det er mi nado a des c obr i r o que di s t i ngui a aquel as
mul her es gr av ement e depr i mi das naquel e ambi ent e i nós pi t o das que er am
i nv ul ner áv ei s .
El e hav i a i s ol ado t r ês f at or es pr ot et or es . Se qual quer um dos t r ês
es t i v es s e
pr es ent e, a depr es s ão não oc or r er i a, mes mo em f ac e de per da gr av e e pr i v aç ão.
O pr i mei r o f at or pr ot et or er a um r el ac i onament o í nt i mo c om um mar i do ou
um amant e. As mul her es que mant i nham es s e t i po de r el ac i onament o
Pági na 107
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
c ons egui am c ombat er a depr es s ão de manei r a ef et i v a. O s egundo er a uma oc upaç ão
f or a de c as a. O t er c ei r o er a não t er t r ês ou mai s f i l hos c om menos de 14 anos
par a t omar c ont a.
Af or a os f at or es de i nv ul ner abi l i dade, Br own i s ol ar a doi s f at or es de
r i s c os s ér i os de depr es s ão: per da r ec ent e ( mor t e do mar i do, emi gr aç ão do
f i l ho) e, mai s i mpor t ant es mor t e de s uas mães ant es de as mul her es t er em
at i ngi do a adol es c ênc i a.
- Se s ua mãe mor r e quando v oc ê ai nda é mui t o j ov em - ex pl i c ou
Geor ge - , v oc ê r eage a per das f ut ur as da manei r a mai s amar ga. Quando o
s eu f i l ho emi gr a par a a Nov a Zel ândi a, v oc ê não pr oc ur a s e c onv enc er de
que el e par t i u par a f az er f or t una e l ogo r egr es s ar á. Voc ê o v ê c omo uma
pes s oa mor t a. Todas as per das adul t as l he par ec em mor t es .
A mor t e da mãe de uma meni na é uma per da per manent e e abr angent e.
A meni na depende da mãe par a as menor es c oi s as . I s s o é v er dade
pr i nc i pal ment e ant es da puber dade - ant es que os namor ados e a r oda de c ol egas
t or nem- s e s ubs t i t ut os par c i ai s . Se a r eal i dade de nos s a pr i mei r a per da mai or
det er mi na a manei r a c omo pens amos s obr e as c aus as das f ut ur as per das ,
ent ão as des c ober t as de Geor ge f az em s ent i do. Es s as i nf el i z es c r i anç as
apr endem - t al c omo ac ont ec eu c om as c r i anç as das c l as s es mai s bai x as
dur ant e a Gr ande Depr es s ão - que a per da é per manent e e abr angent e.
Suas mães s e aus ent am e não v ol t am mai s , e s uas v i das f i c am empobr ec i das .
Quando as per das oc or r em mai s t ar de na v i da de c ada um, s ão i nt er pr et adas

186

da s egui nt e manei r a: El e mor r eu, não há de v ol t ar nunc a mai s . Não pos s o


c ont i nuar .

PORTANTO, DI SPOMOS DE PROVAS PARA TRÊS TI POS DE I NFLUÊNCI AS SOBRE


o es t i l o ex pl i c at i v o do s eu f i l ho. Pr i mei r o, a f or ma das anál i s es c aus ai s de
t odos os di as que el e ouv e de v oc ê - es pec i al ment e s e v oc ê f or a mãe: s e el as
f or em ot i mi s t as , el e t ambém s er á. Segundo, a f or ma das c r í t i c as que el e r ec ebe
quando f al ha: s e el as f or em per manent es e abr angent es , a opi ni ão que f ar á de
s i mes mo t ender á par a o pes s i mi s mo. Ter c ei r o, a r eal i dade de s uas per das e
de s eus t r aumas i nf ant i s : s e f or em s uper ados , el e des env ol v er á a t eor i a de que
os i nf or t úni os podem s er modi f i c ados e c onqui s t ados . Mas s e f or em, na
v er dade, per manent es e abr angent es , as s ement es do des ampar o t er ão s i do
pr of undament e pl ant adas .

187

188

Capí t ul o 8

Col égi o

NUM DI A FRI O E VENTOSO DE ABRI L DE 1970, QUANDO EU AI NDA ERA UM

pr of es s or bas t ant e nov o na Uni v er s i dade da Pens i l v âni a, v i - me es per ando numa
f i l a par a me r egi s t r ar no Haddon Hal l , um hot el um t ant o dec adent e, que j á
f or a gr ande e agor a aguar dav a a t r ans f or maç ão de At l ant i c Ci t y na Las Vegas
do Les t e. A oc as i ão er a out r a c onv enç ão anual da Eas t er n Ps y c hol ogi c al
As s oc i at i on. À mi nha f r ent e, enc ont r av a- s e uma mul her que, pel as c os t as , não
me par ec i a f ami l i ar ; mas quando el a v i r ou a c abeç a, f i t ei - a as s ombr ado.
Pági na 108
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Tí nhamos s i do ami gos de i nf ânc i a.
- J oan St er n - ex c l amei . - Ser á que é v oc ê?
- Mar t y Sel i gman! O que é que es t á f az endo aqui ?
- Sou ps i c ól ogo - r es pondi .
- Eu t ambém!
E c aí mos na gar gal hada. É c l ar o - o que mai s poder í amos s er ,
r egi s t r ando-
nos pr ec i s ament e naquel e hot el de c onv enç ões naquel e f i m de s emana em
par t i c ul ar ? J oan s e f or mar a em ps i c ol ogi a pel a New Sc hool f or Soc i al Res ear c h
e eu pel a Uni v er s i dade da Pens i l v âni a, e al i es t áv amos , ambos pr of es s or es .
Tí nhamos f ei t o o j ar di m- de- i nf ânc i a j unt os ( " Lembr a- s e da pr of es s or a
Manv i l l e?" ) e hav í amos c r es c i do a t r ês quar t ei r ões um do out r o ( " O St i t t i g
ai nda mor a l á?" ) . Quando me mandar am par a a es nobe Ac ademi a de Al bany ,
el a f oi es t udar em Sai nt Agnes , o equi v al ent e par a as meni nas . A v i da f i c ou
mui t o mel hor par a nós quando dei x amos Al bany e ent r amos par a a f ac ul dade.
Des c obr i mos que o mundo es t av a c hei o de gent e c omo nós e que os enc ant os

189

de Debbi e Rey nol ds e a mus i c a de El v i s Pr es l ey não er am uni v er s al ment e


amados , c omo t ambém a v i da ment al não er a uni v er s al ment e des denhada.
J oan es t av a c as ada; s eu nome de c as ada er a J oan Gi r gus .
Per gunt ei - l he em que es t av a t r abal hando.
- Cr i anç as - di s s e el a. - O que el as per c ebem e pens am, e c omo i s s o
s e modi f i c a à medi da que c r es c em.
Fal ou- me do t r abal ho f as c i nant e que des env ol v i a s obr e i l us ões v i s uai s e
depoi s c ont ei - l he o que f az i a c om o des ampar o apr endi do.
- O s eu pai ai nda es t á v i v o? - per gunt ou. - Como dev e t er s i do di f í c i l
par a v oc ê - di s s e el a, quando l he f al ei que el e t i nha mor r i do. El a er a c apaz de
c ompr eender mui t o bem es s e t i po de per da, poi s a mãe del a mor r er a quando
el a ai nda er a adol es c ent e.
Enquant o a c onv enç ão s e des enr ol av a, pas s áv amos c ada v ez mai s t empo
j unt os , pr oc ur ando l i gar nos s o pas s ado c omum c om as c oi s as que es t av am
ac ont ec endo no moment o. Quando nos des pedi mos , oc or r eu- nos ao mes mo
t empo que t al v ez um di a nos s o i nt er es s e pel a pes qui s a - o del a em t or no das
c r i anç as e o meu do c ont r ol e pes s oal - pudes s e nos r eapr ox i mar .
J oan s egui u s ua c ar r ei r a, t or nando- s e dec ana de Ci ênc i as Soc i ai s da
Uni v er s i dade da Ci dade de Nov a Yor k e mai s t ar de r ei t or a da Uni v er s i dade de
Pr i nc et on, e eu me dedi quei aos es t udos s obr e o es t i l o ex pl i c at i v o. Pas s ar i a
mai s
uma déc ada ant es que nos s os i nt er es s es c ombi nas s em. Quando i s s o ac ont ec eu,
el es s e agl ut i nar am em t or no da ques t ão do ot i mi s mo na s al a de aul a.
COMO É QUE O ESTI LO EXPLI CATI VO DE UMA CRI ANÇA AFETA SEU DESEMPENHO

na s al a de aul a?
Comec emos v ol t ando à t eor i a bás i c a. Quando f al hamos em al guma c oi s a,
f i c amos des ampar ados e depr i mi dos pel o menos moment aneament e. Não
i ni c i amos aç ões v ol unt ár i as t ão r api dament e c omo f ar í amos em out r as
c i r c uns t ânc i as , ou t al v ez at é nem t ent emos . Se t ent amos , não per s i s t i mos . Como
v oc ê l eu, o es t i l o ex pl i c at i v o é o gr ande modul ador do des ampar o apr endi do.
Os ot i mi s t as s e r ec uper am do s eu des ampar o moment âneo i medi at ament e.
Pouc o depoi s de um mal ogr o, r ef az em- s e, dão de ombr os e r ec omeç am a
t ent ar . Par a el es , a der r ot a é um des af i o, mer o c ont r at empo na es t r ada que
c onduz à v i t ór i a i nev i t áv el . Vêem a der t ot a c omo al go t empor ár i o e es pec í f i c o,
não abr angent e.

190

Os pes s i mi s t as c haf ur dam na der r ot a, que c ons i der am per manent e e


abr angent e. Tor nam- s e depr i mi dos e f i c am des ampar ados por l ongos per í odos .
Um c ont r at empo é uma der r ot a. E a der r ot a numa bat al ha s i gni f i c a a per da da
guer r a. Não c omeç am a t ent ar nov ament e dur ant e s emanas ou mes es , e s e
t ent am, o menor nov o c ont r at empo l anç a- os out r a v ez num es t ado de apat i a.
Pági na 109
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
A t eor i a es t abel ec e c l ar ament e que na s al a de aul a e, c omo v er emos no
pr óx i mo c apí t ul o, no c ampo de es por t es o s uc es s o não s or r i nec es s ar i ament e
par a o mai s bem- dot ado. O pr êmi o c hegar á às mãos dos r az oav el ment e
t al ent os os que t ambém s ão ot i mi s t as .
Es s as pr ev i s ões s ão v er dadei r as ?

A Sal a de Aul a
RECENTEMENTE, DEFRONTEI - ME COM O CASO DE UM MENI NO A QUE

c hamar ei de Al an. Aos nov e anos , er a o que al guns ps i c ól ogos c hamam de


c r i anç a ômega - um t ant o t i mi do, c om má c oor denaç ão, s empr e c ol oc ado ent r e os
úl t i mos nas pr ov as des por t i v as . Er a, ent r et ant o, ex t r emament e i nt el i gent e e um
j ov em ar t i s t a pr omi s s or . Seus des enhos er am os mel hor es que o pr of es s or de ar t e
j á t i nha v i s t o, t r at ando- s e de uma c r i anç a de c ur s o pr i már i o. No 10º ano de v i da
de Al an, os pai s del e s e s epar ar am, e el e ent r ou em depr es s ão. Suas not as
des penc ar am, quas e não f al av a, e per deu t odo o i nt er es s e pel o des enho.
Seu pr of es s or de ar t e r ec us ou- s e a des i s t i r del e. Cons egui u f az er c om
que o
gar ot o f al as s e e des c obr i u que Al an s e j ul gav a es t úpi do, um f r ac as s o, um
mar i c as . . .
Ac hav a, ai nda, que er a c ul pado pel a s epar aç ão dos pai s . Pac i ent ement e, o
pr of es s or
f ez Al an v er c omo er am t ot al ment e er r ados t odos es s es c onc ei t os
aut odepr ec i at i v os
e o l ev ou a um j ul gament o mai s r eal i s t a s obr e s i mes mo. Al an ac abou
r ec onhec endo que, l onge de s er es t úpi do, er a um gr ande s uc es s o. Fi c ou s abendo
que a c oor denaç ão mot or a às v ez es c hega um pouc o t ar de par a c er t os meni nos ,
e o f at o de t er di f i c ul dade par a pr at i c ar es por t es t or nav a s ua det er mi naç ão
ai nda
mai s l ouv áv el . O pr of es s or c onhec i a os pai s de Al an e c ons egui u c onv enc ê- l o de
que el e não t i v er a nenhuma c ul pa na s epar aç ão del es .
Na v er dade, el e aj udou Al an a mudar s eu es t i l o ex pl i c at i v o. Dent r o de
pouc os mes es , Al an es t av a ganhando pr êmi os no c ol égi o e t ambém c ome-

191

ç ando a f az er al gum pr ogr es s o nos es por t es , a gar r a s ubs t i t ui ndo a habi l i dade.
Não mai s uma c r i anç a ômega, Al an es t av a a c ami nho de s e t or nar um
adol es c ent e al f a.
Quando s eu f i l ho não es t á s e s ai ndo bem no c ol égi o, é mui t o s i mpl es par a
os
pr of es s or es , e at é mes mo par a v oc ê, c onc l uí r em er r oneament e que el e não t em
t al ent o, ou, quem s abe, s ej a r et ar dado. Seu f i l ho pode es t ar depr i mi do, e s ua
depr es s ão pode i mpedi - l o de t ent ar , de per s i s t i r , de as s umi r r i s c os que l he
per mi t i r i am ex pl or ar s eu pot enc i al . E o pi or é que, s e v oc ê c onc l ui r que a c aus a
é a es t upi dez ou a f al t a de t al ent o, s eu f i l ho poder á ac ei t ar es s e c onc ei t o e
i nc or por á- l o à t eor i a que f ant as i a a s eu pr ópr i o r es pei t o. Seu es t i l o
ex pl i c at i v o
f i c ar á ai nda pi or , e s eu mau des empenho es c ol ar t or nar - s e- á habi t ual .

Av al i e a Depr es s ão do Seu Fi l ho
Como v oc ê pode s aber s e o s eu f i l ho s of r e de depr es s ão?
A não s er por mei o do di agnós t i c o de um ps i c ól ogo ou de um ps i qui at r a,
não há nenhuma manei r a c onc l us i v a de s aber . Mas v oc ê poder á obt er uma
r es pos t a apr ox i mada s ubmet endo s eu f i l ho ao s egui nt e t es t e. O t es t e,
uma modi f i c aç ão do t es t e de depr es s ão que v oc ê f ez no Capí t ul o 4, f oi
i magi nado por My r na Wei s s man, Hel en Or v as c hel l e N. Padi an, t r abal hando
at r av és do Cent er f or Epi demi ol ogi c al St udi es do Nat i onal I ns t i t ut e of Ment al
Heal t h. É denomi nado t es t e CES- DC - Cent er f or Epi demi ol ogi c al St udi es
Depr es s i on Chi l d ( Cent r o de Es t udos Epi demi ol ógi c os - Depr es s ão I nf ant i l ) .
Ei s c omo apr es ent á- l o ao s eu f i l ho:
Pági na 110
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
- Es t ou l endo um l i v r o s obr e a manei r a de as c r i anç as s ent i r em, e f i quei
i magi nando c omo v oc ê s e s ent e ul t i mament e. Às v ez es , é di f í c i l par a as
c r i anç as enc ont r ar em pal av r as par a des c r ev er c omo s e s ent em. I s t o aqui
l he of er ec e di v er s as manei r as de di z er c omo v oc ê s e s ent e. Voc ê v er á que
há quat r o al t er nat i v as par a c ada f r as e. Gos t ar i a que v oc ê l es s e c ada uma
das f r as es e es c ol hes s e a que des c r ev e mel hor c omo v oc ê v em s e s ent i ndo
ou agi ndo dur ant e a úl t i ma s emana. Depoi s de t er f ei t o s ua es c ol ha,
pr os s i ga par a o gr upo s egui nt e. Não há r es pos t as c er t as nem er r adas .

192

I Dur ant e a ul t i ma s emana

1. Pr eoc upei - me c om c oi s as que não c os t umam me pr eoc upar .


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

2. Não t i v e v ont ade de c omer ; não es t av a c om mui t a f ome.


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

3. Não c ons egui a me s ent i r f el i z , mes mo quando mi nha f amí l i a ou meus


ami gos pr oc ur av am me aj udar a me s ent i r mel hor .
Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

4. Sent i que não er a t ão bom quant o as out r as c r i anç as .


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

5. Sent i que não podi a pr es t ar at enç ão ao que es t av a f az endo.


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

6. Eu me s ent i abat i do.


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

7. Sent i que es t av a mui t o c ans ado par a f az er qual quer c oi s a.


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

8. Sent i que al guma c oi s a r ui m es t av a par a ac ont ec er .


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

9. Sent i que al gumas c oi s as que t i nha f ei t o ant es não dav am c er t o.


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

10. Sent i medo.


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

11. Não dor mi t ão bem quant o c os t umo dor mi r .


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

193

12. Es t av a i nf el i z .
Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

Pági na 111
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
13. Es t av a mai s c al mo do que de c os t ume.
Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

14. Sent i - me s ó, c omo s e não t i v es s e nenhum ami go.


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

15. Sent i que os gar ot os que c onheç o não s e mos t r av am ami s t os os ou que
não quer i am f i c ar c omi go.
Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

16. Não me di v er t i .
Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

17. Ti v e v ont ade de c hor ar .


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

18. Sent i - me t r i s t e.
Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

19. Sent i que as pes s oas não gos t av am de mi m.


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

20. Er a di f í c i l c omeç ar a f az er qual quer c oi s a.


Nem um pouc o - Pouc o - Mai s ou menos - Mui t o -

I I É s i mpl es apur ar o r es ul t ado do t es t e. Cada " Nem um pouc o" c omo O


c ada " Pouc o" , c ont a 1; c ada " Mai s ou menos " , c ont a 2; e c ada " Mui t o" , c ont a
3. Tot al i z e es s es númer os par a obt er s eu es c or e. Se o s eu f i l ho as s i nal ou duas
r es pos t as par a a mes ma per gunt a, c ons i der e o es c or e mai s al t o.
Ei s o que os r es ul t ados s i gni f i c am: s e o s eu f i l ho mar c ou de 0 a 9 pont os
pr ov av el ment e não s of r e de depr es s ão. Se mar c ou de 10 a 15, pr ov av el ment e
s of r e de uma depr es s ão mui t o br anda. Se mar c ou mai s de 15, r ev el a ní v ei s

194

ex pr es s i v os de depr es s ão; de 16 a 24 pont os c ol oc am- no na f ai x a dos


moder adament e depr i mi dos ; e s e mar c ou mai s de 24, dev e es t ar s er i ament e
depr i mi do. Cabe, ent r et ant o, uma adv er t ênc i a i mpor t ant e: nenhum t es t e de
l ápi s e papel equi v al e a um di agnós t i c o pr of i s s i onal . Há doi s enganos que um
t es t e c omo es t e pode c omet er , e v oc ê dev e f i c ar at ent o a el es : pr i mei r o, mui t as
c r i anç as es c ondem s eus s i nt omas , pr i nc i pal ment e dos pai s . Por t ant o, al gumas
c r i anç as que mar c am menos de 10 pont os podem es t ar na r eal i dade depr i mi das .
Segundo, al gumas c r i anç as c om es c or es el ev ados podem t er out r os pr obl emas
s em s er depr es s ão, pr obl emas que pr ov oc am os r es ul t ados al t os .
Se o s eu f i l ho mar c ar 10 pont os ou mai s , é s i nal de que el e não v ai bem
na
es c ol a, a depr es s ão dev e s er r es pons áv el pel o s eu f r ac o des empenho e não o
c ont r ár i o. Ver i f i c amos , ent r e c r i anç as da quar t a s ér i e, que quant o mai s al t o
o es c or e de depr es s ão, pi or é s eu des empenho na s ol uç ão de anagr amas e nos
t es t es de QI , e pi or es s ão s uas not as . I s s o s e apl i c a mes mo a c r i anç as mui t o
t al ent os as e mui t o i nt el i gent es .
Por c ons egui nt e, s e o s eu f i l ho as s i nal ar mai s de 15 pont os num per í odo
de
duas s emanas , v oc ê dev er á pr oc ur ar or i ent aç ão pr of i s s i onal . Se a c r i anç a mar c ar
ac i ma de 9 e t ambém f al ar em s ui c í di o, v oc ê dev e r ec or r er a um es pec i al i s t a c om
ur gênc i a. O i deal é que s ej a um t er apeut a i nf ant i l " c ogni t i v o- behav i or i s t a" .
Pr oc ur e
Pági na 112
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
nas Pági nas Amar el as , nos v er bet es " Ps i c ól ogos " , " Ps i qui at r as " ou
" Ps i c ot er apeut as " . Se não c ons egui r l oc al i z ar um es pec i al i s t a em t er api a
c ogni t i v a
ou behav i or i s t a, es c r ev a- me par a a Uni v er s i dade da Pens i l v âni a ou par a oDART
— Depr es s i on Awar enes s , Rec ogni t i on, Tr eat ment Pr ogr am ( Pr ogr ama de
Cons c i ent i z aç ão, Rec onhec i ment o e Tr at ament o da Depr es s ão) no Nat i onal
I ns t i t ut e of Ment al Heal t h, 5600 Fi s her s Lane, Roc k v i l l e, Mar y l and 20857. *

O Es t udo Longi t udi nal Pr i nc et on- Pens i l v âni a

PODERI A UM ESTI LO EXPLI CATI VO PESSI MI STA SER UMA DAS CAUSAS BÁSI CAS
da depr es s ão e do mau des empenho ent r e as c r i anç as , as s i m c omo é ent r e os
adul t os ? Em 1981, quando mi nhas i nv es t i gaç ões me l ev ar am a es s a i ndagaç ão,
l embr ei - me de J oan Gi r gus . Mant i v emos c ont at o ao l ongo dos anos e es t áv a-
___

* No Br as i l a or i ent aç ão pode s er s ol i c i t ada à As s oc i aç ão Br as i l ei r a de


Ps i c ol ogi a Cogni t i v a, em São
Paul o, t el . ( 11) 4166- 5660 ou ( 11) 3284- 5337.

195

mos a par das pes qui s as um do out r o. O s eu t r abal ho s obr e as c r i anç as


c ent r al i z av a- s e no des env ol v i ment o da per c epç ão à medi da que a c r i anç a c r es c e.
Também s abi a que na Uni v er s i dade da Ci dade de Nov a Yor k el a s e i nt er es s av a
mui t o de per t o pel o bai x o r endi ment o dos al unos . Ac hei que el a s er i a a
par c ei r a i deal par a o meu t r abal ho.
- A c oi s a s e r es ume no s egui nt e - di s s e quando nos enc ont r amos . -
Não ac ho que gr ande par t e do i ns uc es s o nos es t udos s ej a uma ques t ão de f al t a
de t al ent o. Dados r ec ent es demons t r am que s e uma c r i anç a es t á depr i mi da,
s eu des empenho es c ol ar aut omat i c ament e dec ai .
Des env ol v i um pouc o o t ema e c ont ei a J oan as úl t i mas des c ober t as de
Car ol Dwec k , que apont av am o es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a c omo o c ul pado
pel o bai x o r endi ment o es c ol ar .
- Ouv i f al ar por al t o - di s s e - do t r abal ho que Car ol v em c onduz i ndo
ul t i mament e. El a di v i di u al unos do c ur s o pr i már i o em gr upos " des ampar ados "
e " or i ent ados par a a des t r ez a" , dependendo do s eu es t i l o ex pl i c at i v o. E
s ubmet eu- os a uma s ér i e de i ns uc es s os , pr obl emas i ns ol úv ei s , s egui da de
s uc es s os ,
pr obl emas s ol úv ei s .
" Ant es dos i ns uc es s os , não hav i a qual quer di f er enç a ent r e os doi s
gr upos .
Mas as s i m que c omeç ar am a f al har , s ur gi u uma i nc r í v el di f er enç a. As es t r at égi as
us adas pel as c r i anç as des ampar adas par a r es ol v er os pr obl emas det er i or am- s e,
c ai ndo par a o ní v el da pr i mei r a s ér i e. Pas s ar am a odi ar o ex er c í c i o e a di z er
c omo
er am bons no bei s ebol ou at uando em peç as de t eat r o. Quando as c r i anç as
or i ent adas par a a des t r ez a f al hav am, mant i nham s uas es t r at égi as no ní v el da
quar t a s ér i e, e mes mo admi t i ndo que dev er i am es t ar c omet endo er r os ,
c ont i nuav am env ol v i das . Uma das c r i anç as or i ent adas par a a des t r ez a c hegou a
ar r egaç ar as mangas e di z er : " Ador o um des af i o. " Todas demons t r av am c onf i anç a
de que l ogo enc ont r ar i am o c ami nho c er t o, e c ont i nuav am i ns i s t i ndo. "
- E o mai s i mpor t ant e - pr os s egui - , no f i m, quando t odas as c r i anç as
r ec eber am s ua c ot a de s uc es s os , as des ampar adas ai nda f az i am r es t r i ç ões aos
del as . Pr ev i r am que no f ut ur o s ó r es ol v er i am 50% dos pr obl emas c om as mes mas
c ar ac t er í s t i c as dos que t i nham ac abado de r es ol v er per f ei t ament e. As c r i anç as
or i ent adas par a a des t r ez a pr ev i r am 90%.
- Par ec e- me - c onc l uí - que o pr obl ema bás i c o por t r ás da depr es s ão
de mui t as c r i anç as e do s eu f r ac o des empenho es c ol ar dev a s er o pes s i mi s mo.
Quando uma c r i anç a ac r edi t a que não há nada que pos s a f az er , el a pár a de

196
Pági na 113
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

t ent ar , e s uas not as c aem v er t i gi nos ament e. Gos t ar i a que v oc ê s e j unt as s e a


mi m par a i nv es t i gar mos es s e as pec t o.
J oan não r es pondeu ao meu c onv i t e i medi at ament e. Fez mai s per gunt as , e
pens ou por um moment o. Fi nal ment e, di s s e:
- Conv enc i - me de que o ot i mi s mo e a c apac i dade de s e r ef az er dos
c ont r at empos c ons t i t uem a c hav e do s uc es s o es c ol ar . Mas t enho a i mpr es s ão
de que o moment o c er t o na v i da de c ada um par a s e obs er v ar i s s o não s ão os
anos de f ac ul dade, nem mes mo de gi nás i o. É no c ur s o pr i már i o que os hábi t os
que nos ac ompanham pel a v i da af or a na c ont empl aç ão do mundo s e c r i s t al i z am.
Ant es da puber dade, não depoi s .
Tenho pens ado em adapt ar " mi nha pes qui s a a al guma c oi s a que s e l i gue
mai s di r et ament e ao que obs er v ei c omo r ei t or a. Det er mi nar as c aus as da
depr es s ão, do r endi ment o es c ol ar e do es t i l o ex pl i c at i v o das c r i anç as par ec e- me
s er a c oi s a c er t a a f az er . "
Por uma des s as f el i z es c oi nc i dênc i as , Sus an Nol en- Hoek s ema t i nha ac abado
de i ngr es s ar na Uni v er s i dade da Pens i l v âni a c omo al una do pr i mei r o ano de
pós - gr aduaç ão, t r ans f or mando- s e no el ement o c at al i s ador que t or nou pos s í v el
es t e pr oj et o. Sus an er a uma j ov em t r anqüi l a, det er mi nada, de 21 anos , c uj o
or i ent ador em Yal e me env i ar a um bi l het e di z endo que el a f or a a mel hor al una
que t i v er a em anos , e que me i nv ej av a pel o f at o de s ua pupi l a t er s e dec i di do a
es t udar o des ampar o nas c r i anç as . Também adv er t i u par a não c onf undi r s eu
t emper ament o c al mo c om t i mi dez ou c omodi s mo i nt el ec t ual .
Des c r ev i mi nha c onv er s a c om J oan a Sus an e s ua r eaç ão f oi i medi at a:
- É ex at ament e i s s o o que pr et endo f az er dur ant e mi nha v i da.
O que s egui u f or am doi s anos i mpl or ando aos s uper i nt endent es de
c ol égi os nas i medi aç ões de Pr i nc et on, e Nov a J er s ey , depoi s a di r et or es ,
pr of es s or es , pai s e al unos , e f i nal ment e ao I ns t i t ut o Nac i onal de Saúde Ment al ,
par a que nos per mi t i s s em r eal i z ar um es t udo em gr ande es c al a c om o obj et i v o
de det er mi nar quem é pr opens o a depr es s ão e quem t em um r endi ment o
es c ol ar medí oc r e. Quer í amos enc ont r ar a or i gem da depr es s ão que af et a t ant as
c r i anç as e pr ej udi c a s eu apr ov ei t ament o nas s al as de aul a. No out ono de
1985, o Es t udo Longi t udi nal Pr i nc et on- Pens i l v âni a des l anc hou.
Quat r oc ent os al unos da t er c ei r a s ér i e, s eus pr of es s or es e s eus pai s i ni c i ar am
uma
i nv es t i gaç ão que dev er i a c ont i nuar at é que es s as c r i anç as t er mi nas s em a s ét i ma
s ér i e, quas e c i nc o anos depoi s .

197

Hi pot et i c ament e, ex i s t em doi s f at or es pr i nc i pai s de r i s c o de depr es s ão e


bai x o apr ov ei t ament o ent r e as c r i anç as :
- Es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a. As c r i anç as que c ons i der am os maus
ac ont ec i ment os per manent es , abr angent es e pes s oai s , c om o t empo f i c ar ão
depr i mi das e não t er ão bom des empenho no c ol égi o.

- I nf or t úni os f ami l i ar es . As c r i anç as que s ão v í t i mas das pi or es


oc or r ênc i as
- s epar aç ão dos pai s , mor t e de par ent es , des empr ego na f amí l i a -
t er ão o pi or des empenho.
Os dados dos pr i mei r os quat r o anos des s e es t udo de c i nc o anos j á f or am
c ol i gi dos . O pr i nc i pal f at or de r i s c o par a uma s ubs eqüent e depr es s ão não é,
ao c ont r ár i o do que s e poder i a s upor , uma c r i s e pr ec oc e de depr es s ão. Cr i anç as
que s of r er am de depr es s ão t endem a f i c ar depr i mi das nov ament e, e
c r i anç as i munes à depr es s ão na t er c ei r a s ér i e pr i már i a ger al ment e per manec em
i munes na quar t a e qui nt a s ér i es . Não pr ec i s amos f az er um es t udo de mei o
mi l hão de dól ar es par a des c obr i r i s s o. Mas , ac i ma de t udo, es t abel ec emos
que t ant o o es t i l o ex pl i c at i v o quant o as adv er s i dades da v i da c ons t i t uem
f at or es de r i s c o apr ec i áv ei s par a a depr es s ão.

Pr i mei r o, o Es t i l o Ex pl i c at i v o:
Pági na 114
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Cr i anç as c om um es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a es t ão em s ér i a
des v ant agem. Se
o s eu f i l ho c omeç a o t er c ei r o ano pr i már i o c om um es c or e pes s i mi s t a no CASQ,
el e c or r e o r i s c o de s er ac omet i do de depr es s ão. Di v i di mos as c r i anç as em doi s
gr upos : aquel as c uj os es c or es de depr es s ão pi or ar am c om o t empo e aquel as
c uj as depr es s ões mel hor ar am c om o dec or r er do t empo. O es t i l o ex pl i c at i vo
s epar a es s es doi s gr upos nas s egui nt es t endênc i as :
- Se v oc ê c omeç a a t er c ei r a s ér i e c om um es t i l o pes s i mi s t a mas não es t á
depr i mi do, f i c ar á depr i mi do c om o c or r er do t empo
- Se c omeç a pes s i mi s t a e t ambém es t á depr i mi do, c ont i nuar á depr i mi do
- Se c omeç a ot i mi s t a e es t á depr i mi do, mel hor ar á.
- Se c omeç a ot i mi s t a e não es t á depr i mi do, c ont i nuar á i mune à depr es s ão

198

O que t em pr ec edênc i a - s er pes s i mi s t a ou es t ar depr i mi do? É pos s í v el


que o pes s i mi s mo o t or ne depr i mi do, mas t ambém é pos s í v el que a depr es s ão
f aç a v oc ê v er o mundo de modo pes s i mi s t a. Ambas as hi pót es es s ão
v er dadei r as . Es t ar depr i mi do na t er c ei r a s ér i e t or na- o mai s pes s i mi s t a na quar t a
s ér i e,
e s er pes s i mi s t a na t er c ei r a s ér i e t or na- o mai s depr i mi do na quar t a s ér i e. As
duas j unt as f or mam um c í r c ul o v i c i os o.
Uma meni na que enc ont r amos , Ci ndy , * es t av a enr edada nes s e c í r c ul o
v i c i os o. No i nv er no da t er c ei r a s ér i e, os pai s de Ci ndy l he di s s er am que
es t av am s e s epar ando, e o pai s ai u de c as a. Ant es des s e epi s ódi o, o ní v el do
s eu es t i l o er a um pouc o mai s pes s i mi s t a do que a médi a, mas agor a
mos t r av a- s e i ndi f er ent e e c hor os a. O ní v el de s ua depr es s ão di s par ou. O
s eu r endi ment o c omeç ou a s e r es s ent i r e el a s e af as t ou dos c ol egas , c omo
as c r i anç as depr i mi das ger al ment e f az em. Começ ou ent ão a s e j ul gar
des amada e es t úpi da, e i s s o f ez c om que s eu es t i l o ex pl i c at i v o s e t or nas s e
ai nda mai s pes s i mi s t a. Es s e es t i l o pes s i mi s t a, por s ua v ez , t or nav a mai s
di f í c i l par a el a t ol er ar as dec epç ões . I nt er pr et av a as menor es c ont r ar i edades
c omo um i ndí c i o de que " Ni nguém gos t a de mi m" ou " Não s ou boa" , e
f i c av a c ada v ez mai s depr i mi da.
Rec onhec er quando es s e c í r c ul o v i c i os o s e i ns t al a na ment e do s eu f i l ho
e
apr ender c omo quebr á- l o é uma das c oi s as dec i s i v as que os pai s t êm que s aber
f az er . Voc ê v er á c omo no Capí t ul o 13.

Segundo, os I nf or t úni os da Vi da:


Quant o mai s i nf or t úni os s e abat em s obr e uma c r i anç a, pi or é s ua
depr es s ão. As c r i anç as ot i mi s t as r es i s t em ao i mpac t o das adv er s i dades mel hor do
que
as c r i anç as pes s i mi s t as , e as c r i anç as popul ar es , f es t ej adas , r es i s t em mel hor do
que as que não o s ão. Mas i s s o não i mpede que ac ont ec i ment os r ui ns t enham
al guns ef ei t os depr es s i v os s obr e t odas as c r i anç as .
A s egui r , al guns ac ont ec i ment os par a os quai s s e dev e f i c ar at ent o.
Quando
el es oc or r em, s eu f i l ho v ai pr ec i s ar de t odo o t empo, aj uda e apoi o de que v oc ê
___

* Lembr amos ao l ei t or que par a pr ot eger a pr i v ac i dade dos par t i c i pant es de nos s a
pes qui s a us amos
nomes f i c t í c i os par a os nos s os ex empl os , t ant o de c r i anç as quant o de pac i ent es
em t r at ament o.

199

pos s a di s por . Também é hor a de pôr em pr át i c a os ex er c í c i os que v ai apr ender


no Capí t ul o 13.
Pági na 115
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
- Um i r mão ou uma i r mã s ai de c as a par a i r par a a uni v er s i dade ou
t r abal har .
- Mor r e um ani mal de es t i maç ão, o que pode par ec er uma c oi s a banal ,
mas é dev as t ador a.
- Mor r e um av ô a quem a c r i anç a er a mui t o l i gada.
- A c r i anç a muda de c ol égi o - a per da de ami gos pode s i gni f i c ar uma
gr ande r upt ur a.
- Voc ê e s ua mul her es t ão s empr e br i gando.
- Voc ê e s ua mul her s e s epar am ou s e di v or c i am. J unt ament e c om as
br i gas do c as al , es t e é o pr obl ema númer o um.

Di v ór c i o e Tumul t o Fami l i ar

UMA VEZ QUE A I NCI DÊNCI A DO DI VÓRCI O É CADA VEZ MAI OR E SÃO
c omuns as des av enç as gr av es ent r e os pai s , oc or r ênc i as que mai s pr ov oc am
depr es s ão nas c r i anç as , c onc ent r amos o Es t udo Longi t udi nal Pr i nc et on-
Pens i l v âni a em c r i anç as que pas s ar am por es s as ex per i ênc i as .
Quando i ni c i amos o es t udo, 60 c r i anç as - c er c a de 15% - di s s er am que
s eus pai s er am di v or c i ados ou s epar ados . Obs er v amos c ui dados ament e es s as
c r i anç as dur ant e os úl t i mos t r ês anos e c ompar amos s eu c ompor t ament o c om
o das demai s c r i anç as . O que el e r ev el a t em i mpor t ant es i mpl i c aç ões par a a
nos s a s oc i edade de um modo ger al e par a a manei r a c omo v oc ê dev e l i dar c om
s eus f i l hos c as o o di v ór c i o ac ont eç a na s ua v i da.
A pr i mei r a e mai s i mpor t ant e c ons t at aç ão é que os f i l hos de c as ai s
di v or c i ados quas e s empr e apr es ent am s i nai s de des aj us t e. Submet i das a t es t es
duas
v ez es por ano, es s as c r i anç as demons t r am s er mui t o mai s depr i mi das que os
f i l hos de f amí l i as bem c ons t i t uí das . Es per áv amos que a di f er enç a di mi nuí s s e
c om o t empo, mas i s s o não ac ont ec e. Tr ês anos depoi s , os f i l hos de di v or c i ados
ai nda s e mos t r am mui t o mai s depr i mi dos do que as out r as c r i anç as . El es s ão
mai s t r i s t es e mai s r ebel des na s al a de aul a; t êm menos di s pos i ç ão, menos
aut o- es t i ma, quei x am- s e mai s do c or po e s e pr eoc upam mai s .

200

É i mpor t ant e t er pr es ent e que s e t r at a de c ons t at aç ões médi as . Al gumas


c r i anç as não f i c ar am depr i mi das , e al gumas das depr i mi das f i nal ment e s e
r ec uper ar am. O di v ór c i o não c ondi c i ona a c r i anç a a anos de depr es s ão: el e
apenas t or na- a mai s pos s í v el .
Em s egundo l ugar , mui t os out r os ac ont ec i ment os adv er s os c ont i nuam a
ac ont ec er na v i da de c r i anç as de c as ai s di v or c i ados . Es s a r upt ur a c ont í nua
pode s er a c aus a de a depr es s ão mant er - s e em ní v el t ão al t o ent r e es s as
c r i anç as .
Es s es ac ont ec i ment os s ão de t r ês nat ur ez as . Pr i mei r o, s ão os ac ont ec i ment os
que o pr ópr i o di v ór c i o ac ar r et a, ou que s ão c aus ados pel a depr es s ão del e
dec or r ent e. As c oi s as que s e s eguem ac ont ec em c om mai s f r eqüênc i a c om f i l hos
de di v or c i ados :

- A mãe del es c omeç a a t r abal har num nov o empr ego.


- Seus c ol egas de t ur ma s ão menos ami s t os os .
- O pai ou a mãe c as am- s e nov ament e.
- Um dos pai s i ngr es s a numa nov a s ei t a r el i gi os a.
- Um dos pai s é hos pi t al i z ado.
- A c r i anç a não pas s a num dos c ur s os do c ol égi o.

Os f i l hos de di v or c i ados t ambém par t i c i pam de ac ont ec i ment os que


podem t er or i gi nado o di v ór c i o:
- Seus pai s di s c ut em mai s .
- Seus pai s s e aus ent am mai s em v i agens de negóc i os .
- Um dos pai s per de o empr ego.

Pági na 116
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
At é aqui , nada de mai s s ur pr eendent e. Mas f i c amos es pant ados c om a
úl t i ma c at egor i a de maus ac ont ec i ment os que mai s oc or r em c om f i l hos de
di v or c i ados . Ai nda não s abemos c omo i nt er pr et ar c or r et ament e es s es f at os
r ev el ador es , mas ac r edi t amos que v oc ê dev a c onhec ê- l os :
- Os f i l hos de di v or c i ados v i s i t am i r mãos de out r os c as ament os de s eus
pai s , quando hos pi t al i z ados , t r ês v ez es e mei a mai s do que os f i l hos de
f amí l i as i nt ac t as .

201

- As pr obabi l i dades de uma des s as c r i anç as s er hos pi t al i z ada s ão t r ês


v ez es
e mei a mai or es .
- A c hanc e de um ami go da c r i anç a mor r er é duas v ez es mai or .
- A c hanc e de um av ô mor r er t ambém é duas v ez es mai or .

Al gumas des s as oc or r ênc i as podem s er a c aus a ou as c ons eqüênc i as do


di v ór c i o. Mas , al ém di s s o, f amí l i as di v i di das pel o di v ór c i o par ec em
pr edes t i nadas a out r os i nf or t úni os que podem não t er nada a v er c om o di v ór c i o
em s i ,
t ant o c omo c aus a c omo c ons eqüênc i a. Não c ons egui mos i magi nar c omo a
mor t e de um bom ami go da c r i anç a ou um av ô mor i bundo pos s am s er
c ons eqüênc i a de um di v ór c i o ou uma c aus a det er mi nant e. Ent r et ant o, as
es t at í s t i c as es t ão aí .
I s s o t udo c ont r i bui par a f or mar um quadr o mui t o des f av or áv el par a os
f i l hos de pai s di v or c i ados . Cos t umav a- s e di z er que é pr ef er í v el par a as c r i anç as
ac ei t ar o di v ór c i o do que t er que c onv i v er c om pai s que s e odei am. Mas nos s as
i nv es t i gaç ões r ev el am um quadr o s ombr i o par a es s as c r i anç as : depr es s ão
pr ol ongada s em r egi s t r ar mel hor as ; um per c ent ual mui t o mai s el ev ado de
ac ont ec i ment os des agr egador es e, mui t o es t r anhament e, uma dos e mui t o mai or
de i nf or t úni os não r el ac i onados ent r e s i . Ser i a i r r es pons abi l i dade de mi nha
par t e s e não o adv er t i s s e s obr e es s es dados des al ent ador es s e es t i v er pens ando
em s e di v or c i ar .
Mas o pr obl ema pode não s er o di v ór c i o em s i . A r ai z do pr obl ema pode
s er as br i gas c ons t ant es dos pai s . Também ac ompanhamos de per t o, dur ant e
t r ês anos , 75 c r i anç as par t i c i pant es de um Es t udo Longi t udi nal em Pr i nc et on-
Pens i l v âni a c uj os pai s não er am di v or c i ados , mas que di s s er am que br i gam
mui t o. As c r i anç as de f amí l i as br í gonas s i t uam- s e t ão mal quant o os f i l hos de
di v or c i ados : s ão al t ament e depr i mi das , c ont i nuam depr i mi das mui t o depoi s
de os pai s t er em c es s ado de br i gar e s of r em mai s adv er s i dades do que c r i anç as de
f amí l i as uni das c uj os pai s não br i gam.
Há duas pos s í v ei s r az ões par a ex pl i c ar por que as br i gas ent r e os pai s
s ão
c apaz es de f er i r as c r i anç as por t ant o t empo. A pr i mei r a é por que os pai s
que s e s ent em i nf el i z es um c om o out r o, br i gam e depoi s s e s epar am. As
br i gas e a s epar aç ão per t ur bam di r et ament e a c r i anç a, pr ov oc ando depr es s ões
a l ongo pr az o. A s egunda pos s i bi l i dade é mai s de ac or do c om a s abedor i a
t r adi c i onal : os pai s que br i gam e s e s epar am s ão mui t o i nf el i z es . As br i gas e

202

a s epar aç ão em s i t êm pouc o ef ei t o di r et o s obr e a c r i anç a, mas el a t em


c ons c i ênc i a de que s eus pai s s ão i nf el i z es , o que a per t ur ba de t al
f or ma que
é c apaz de pr ov oc ar depr es s ão por mui t o t empo. Não há nenhum i ndí c i o
nos dados que pos s ui mos que nos apont e qual das duas t eor i as é a c er t a.
O que i s s o s i gni f i c a par a v oc ê?
Mui t a gent e s e di gl adí a em c as ament os t umul t uos os , onde a
i nc ompat i bi l i dade e a di v er gênc i a s ão a t ôni c a. Menos dr amát i c a, por ém mai s
c omum, é a
s egui nt e s i t uaç ão: depoi s de al guns anos de c as ament o, os c ônj uges j á não s e
amam t ant o, o que t or na o t er r eno f ér t i l par a br i gas e di s c us s ões . Mas , ao
mes mo t empo, o c as al s e pr eoc upa ex c es s i v ament e c om o bem- es t ar das c r i anç as .
Pági na 117
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Par ec e- me i negáv el - pel o menos es t at i s t i c ament e - que t ant o a s epar aç ão
quant o as br i gas em r az ão de um c as ament o i nf el i z af et ar ão s eus f i l hos de
mui t as manei r as pr ol ongadas . Se f i c ar c ompr ov ado que a i nf el i c i dade dos pai s
mai s do que as br i gas r ot i nei r as é a c ul pada, s ugi r o pr oc ur ar es pec i al i s t as em
ac ons el hament o f ami l i ar , a f i m de pôr t er mo às f al has do c as ament o.
Mas s e a opç ão pel as br i gas ou a dec i s ão de s e s epar ar em f or a
r es pons áv el
pel a depr es s ão das c r i anç as , o c ons el ho é t ot al ment e di f er ent e s e o i nt er es s e de
s eus f i l hos - e não s ua s at i s f aç ão pes s oal - f or pr i or i t ár i o par a v oc ê. Es t á
di s pos t o a r enunc i ar à s epar aç ão? Um des af i o ai nda mai or : v oc ê es t á di s pos t o
a par ar c om as br i gas ?
Não s ou i ngênuo a pont o de ac ons el há- l o a não br i gar nunc a. Uma br i ga
de v ez em quando at é que f unc i ona: r es ol v e o pr obl ema e a s i t uaç ão mel hor a.
Mas as br i gas c onj ugai s s ão i mpr odut i v as . Não pos s o ac ons el há- l o a br i gar
pr odut i v ament e, uma v ez que não s ou per i t o no as s unt o. O que pos s o di z er
s obr e c omo br i gar di z r es pei t o a r es ol uç ão. Cr i anç as que as s i s t em a f i l mes de
adul t os br i gando f i c am mui t o menos per t ur badas quando a br i ga t er mi na
c om uma r es ol uç ão c l ar a. I s s o l ev a a ac r edi t ar que, ao br i gar , dev e- s e
f az er
t udo par a r es ol v er a c ont enda s em ambi güi dade e na f r ent e dos f i l hos .
Ac ho que, mai s do que i s s o, v oc ê dev e es t ar c ons c i ent e, no moment o em
que dec i de br i gar , que a br i ga poder á pr ej udi c ar s eus f i l hos . Voc ê pode at é
c ons i der ar br i gar por s eus di r ei t os s agr ados . Af i nal de c ont as , v i v emos numa
époc a em que mui t a gent e c ons i der a des abaf ar uma at i t ude s audáv el e l egí t i ma.
Eu c ons i der o per f ei t ament e nor mal , s e v oc ê es t i v er br av o, br i gar , br i gar e
br i gar .
Es s a at i t ude der i v a de c onc ei t os f r eudi anos s obr e as c ons eqüênc i as negat i v as
de engol i r a r ai v a. Mas o que ac ont ec e s e v oc ê der a out r a f ac e? De um l ado, a

203

r ai v a r epr i mi da f az , de f at o, a pr es s ão s angüí nea s ubi r pel o menos


moment aneament e, o que pode c ont r i bui r par a f ut ur os pr obl emas ps i c os s omát i c os .
De
out r o, dar v az ão à i r a mui t as v ez es c aus a del i c ados pr obl emas de r el ac i onament o.
El a c r es c e e, não r es ol v i da, c omeç a a adqui r i r v i da pr ópr i a. O c as al ac aba
v i v endo numa gangor r a de r ec r i mi naç ões .
Cont udo, as c ons eqüênc i as de ev i t ar a br i ga af et am v oc ê e s eu par c ei r o.
No que t oc a às c r i anç as , há mui t o pouc o a s er di t o em f av or das br i gas dos
pai s . Por t ant o, pr ef i r o r ec omendar , c ont r ar i ando a ét i c a domi nant e, que s e
s eus f i l hos v al em mai s do que t udo par a v oc ê, dê um pas s o at r ás e pens e duas
v ez es ant es de c omeç ar uma br i ga. Fi c ar c om r ai v a e br i gar não c ons t i t ui um
di r ei t o humano. Admi t a engol i r a r ai v a, s ac r i f i c ar s eu or gul ho, ac ei t ar menos
do que v oc ê mer ec e de s ua c ar a- met ade. Rec ue ant es de pr ov oc á- l a e ant es de
r es ponder a uma pr ov oc aç ão. Br i gar é uma opç ão humana, e é a f el i c i dade do
s eu f i l ho, mai s do que a s ua, que pode es t ar em j ogo.
Nos s a pes qui s a mos t r a s er c omum a s egui nt e c adei a de ac ont ec i ment os : as
br i gas ent r e os pai s ou a s epar aç ão l ev am a um ac ent uado aument o da depr es s ão
da c r i anç a. A depr es s ão em s i ent ão f az c om que aument em os pr obl emas na
es c ol a e o es t i l o ex pl i c at i v o t or ne- s e mui t o mai s pes s i mi s t a. Os pr obl emas
es c ol ar es al i am- s e ao pes s i mi s mo r ec ém- c r i ado par a mant er a depr es s ão, e t em
i ní c i o um c í r c ul o v i c i os o. A depr es s ão t or na- s e ent ão par t e i nt egr ant e da v i da
do s eu f i l ho.
O aument o das br i gas do c as al , ou s ua dec i s ão de s e s epar ar ,
as s i nal a o
pont o ex at o em que s eu f i l ho pr ec i s a de aj uda ex t r a par a pr ev eni r a depr es s ão
e r ev er t er o pes s i mi s mo, i mpedi ndo os pr obl emas es c ol ar es . É ex at ament e
quando el e pr ec i s ar á de apoi o es pec i al dos pr of es s or es e de v oc ê. É t ambém o
pont o em que nec es s i t ar á de at enç ão r edobr ada. Apr ox i me- s e o mai s pos s í v el
de s eu f i l ho. Um r el ac i onament o c ar i nhos o, equi l i br ado, pode c ont r abal anç ar
o ef ei t o das br i gas do c as al . Também é o moment o de pr oc ur ar aj uda
pr of i s s i onal . Uma t er api a adequada poder á ens i nar o c as al a br i gar menos e
s er mai s pr odut i v o. Tr at ament o par a s eu f i l ho nes s a f as e do s eu c as ament o
poder á l i v r á- l o de uma v i da i nt ei r a de depr es s ão.

Pági na 118
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
204

Meni nas c ont r a Meni nos


OS EFEI TOS DESASTROSOS DO DI VÓRCI O E DAS BRI GAS A LONGO PRAZO
não f or am os úni c os dados que nos s ur pr eender am. Es t áv amos mui t o
i nt er es s ados nas di f er enç as ent r e os s ex os . Tí nhamos ex pec t at i v as bas t ant e
def i ni das
s obr e qual dos s ex os s er i a mai s depr i mi do e pes s i mi s t a, por ém, quando
ol hamos os dados c ol i gi dos , enc ont r amos , c ada v ez mai s , o opos t o do que
i magi náv amos .
Como v oc ê f i c ou s abendo nos Capí t ul os 4 e 5, as mul her es adul t as , em
médi a, s ão mui t o mai s depr i mi das do que os homens . O dobr o de mul her es
s of r e de depr es s ão - quer o f enômeno t enha s i do medi do at r av és de es t at í s t i c as
de t r at ament o, pes qui s as de por t a a por t a, ou pel o númer o de s i nt omas .
Supúnhamos que o pr oc es s o c omeç as s e na i nf ânc i a e que i r í amos des c obr i r
que as meni nas s ão mai s depr i mi das do que os meni nos e t êm um es t i l o
ex pl i c at i v o mai s pes s i mi s t a.
Ledo engano. Em t odos os es t ági os do nos s o es t udo, os meni nos
demons t r ar am s er mai s depr i mi dos do que as meni nas . De um modo ger al , o meni no
apr es ent a mui t o mai s s i nt omas e s of r e mai s de depr es s ão aguda do que a meni na.
Cons t at ou- s e, ent r e meni nos das t er c ei r a e da quar t a s ér i es , que 35% s of r em
de depr es s ão gr av e pel o menos uma v ez nes s a f as e do c ur s o pr i már i o. Ent r e as
meni nas , s oment e 21% ac us ar am depr es s ão gr av e. A di f er enç a s e c i r c uns c r ev e
a doi s t i pos de s i nt omas : os meni nos mos t r am mai s di s t úr bi os de
c ompor t ament o ( p. ex . : " Es t ou s empr e me met endo em enc r enc a" ) e mai s anedoni a
( f al t a de s ens i bi l i dade ao di v er t i ment o, pouc os ami gos , r et r aç ão s oc i al ) . Em
t er mos de t r i s t ez a, menor aut o- es t i ma e s i nt omas c or por ai s , os meni nos não
ex c edem as meni nas .
As di f er enç as do es t i l o ex pl i c at i v o s ão equi v al ent es . Par a nos s a
s ur pr es a, as
meni nas mos t r ar am- s e mai s ot i mi s t as do que os meni nos , em c ada
c ompar aç ão.
El as s ão mai s ot i mi s t as do que os meni nos em r el aç ão aos bons ac ont ec i ment os
e menos pes s i mi s t as em r el aç ão aos maus .
As s i m, o Es t udo Longi t udi nal Pr i nc et on- Pens i l v âni a r ev el ou mai s uma
s ur pr es a. Os meni nos s ão mai s pes s i mi s t as e mai s depr i mi dos do que as meni nas ,
e t ambém s ão mai s f r ágei s na s ua r eaç ão aos maus ac ont ec i ment os , i nc l us i v e o
di v ór c i o. I s s o s i gni f i c a que quai s quer que s ej am as c aus as da gr ande di f er enç a

205

da depr es s ão ent r e os adul t os , as mul her es s endo duas v ez es mai s v ul ner áv ei s


do que os homens , el as não s e or i gi nam na i nf ânc i a. Al guma c oi s a dev e
ac ont ec er na puber dade, ou pouc o depoi s del a, que pr ov oc a uma r ev i r av ol t a
- e at i nge as meni nas dur ament e. Podemos apenas f az er s upos i ç ões a es s e
r es pei t o, mas as c r i anç as que es t amos ac ompanhando at ual ment e es t ão s e
apr ox i mando da puber dade. Por t ant o, no s eu úl t i mo ano, o Es t udo
Longi t udi nal Pr i nc et on- Pens i l v âni a t al v ez pos s a nos di z er o que ac ont ec e por
v ol t a da
puber dade que t r ans f er e o pes o da depr es s ão dos homens par a as mul her es .

Uni v er s i dade
NUM DI A DE PRI MAVERA, EM 1983, WI LLI S STETSON, DECANO DE ADMI SSÕES
da Uni v er s i dade da Pens i l v âni a, me f al av a dos pr obl emas que a s ec r et ar i a de
admi s s ões enf r ent av a - na v er dade, os er r os que c omet i a. Ti nha i do pr oc ur á- l o
por que, c omo pr of es s or de uma das f ac ul dades da uni v er s i dade, t i nha v i s t o
de per t o c omo os r es ul t ados do pr oc es s o de s el eç ão dei x av am a des ej ar .
Pr ont i f i quei - me a per mi t i r que a s ec r et ar i a ex per i ment as s e meu t es t e, par a v er
s e el e er a c apaz de pr ev er o s uc es s o nos banc os ac adêmi c os mel hor do que os
mét odos que er am ut i l i z ados .
- Af i nal - quei x av a- s e o dec ano St et s on - , é apenas uma c onj et ur a
es t at í s t i c a. Temos que ac ei t ar um c er t o númer o de enganos .
Pági na 119
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Per gunt ei - l he c omo a uni v er s i dade admi t i a os c al our os .
- Lev amos em c ont a t r ês f at or es ac adêmi c os i mpor t ant es - di s s e el e.
- As not as obt i das no c ur s o s ec undár i o, os pont os mar c ados per ant e o
Cons el ho da Uni v er s i dade e os r es ul t ados de t es t es de r eal i z aç ão. Temos
uma equaç ão r egr es s i v a - gr aç as a Deus não pr ec i s o ex pl i c ar i s s o a v oc ê.
I ns er i mos os t r ês r es ul t ados na equaç ão e obt emos um númer o, c omo 3, 1.
El e r epr es ent a na v er dade a médi a pr ev i s t a do c andi dat o dur ant e o pr i mei r o
ano. Nós o c hamamos de I P, ou í ndi c e de pr ev i s ão. Se f or s uf i c i ent ement e
al t o, o al uno é admi t i do.
Eu bem que s abi a o que er am equaç ões r egr es s i v as , e c omo er am f al í v ei s .
Uma equaç ão r egr es s i v a l ev a em c ons i der aç ão t r ês f at or es , c omo os r es ul t ados
do SAT ( Tes t e de Habi l i dade e Apt i dões ) , as not as do c ur s o s ec undár i o e os

206

r el ac i onam c om c er t os c r i t ér i os f ut ur os , c omo a médi a das not as obt i das na


uni v er s i dade. I s t o s e mant ém em v ol t a de númer os par a as s egur ar o pes o c om
que c ada f at or s e enc ai x a no c r i t ér i o. Por ex empl o, s e v oc ê es t i v es s e t ent ando
pr ev er o pes o de nas c i ment o de um bebê a par t i r dos pes os de s eus pai s , v oc ê
poder i a c hec ar os úl t i mos mi l bebês nas c i dos num det er mi nado hos pi t al e anot ar
o pes o de c ada um, e em s egui da anot ar o pes o dos pai s , e poder i a des c obr i r que
s e di v i di s s e o pes o da mãe por 21, 7 e o pes o do pai por 43, 4, e t i r as s e a médi a
des s es doi s númer os , o r es ul t ado c or r es ponder i a ao pes o do bebê. Os númer os
21, 7 e 43, 4 não t er i am mai or s i gni f i c aç ão; os pes os não t er i am nada a v er c om
qual quer l ei da nat ur ez a; s er i am apenas ac i dent es es t at í s t i c os . Voc ê apel a par a
as
equaç ões r egr es s i v as quando não s abe mai s o que f az er .
Er a i s s o o que o c omi t ê de admi s s ões da uni v er s i dade v i nha f az endo.
Pegav a
os r es ul t ados dos SATs e as not as do c ur s o s ec undár i o de di v er s as t ur mas do
pr i mei r o ano e c or r el ac i onav a- os c om a médi a dos pont os que os c al our os
obt i nham. Obs er v av a ent ão que, de um modo ger al , quant o mai s al t os os
r es ul t ados dos SATs , mel hor er am as not as do c ur s o s ec undár i o, e quant o mai s
al t as as not as do s ec undár i o, mel hor es er am as not as da uni v er s i dade.
Mas podi a ac ont ec er , por ex empl o, que os es c or es dos SATs f os s em duas
v ez es mel hor es c omo pr ev i s or es das not as da uni v er s i dade do que as not as
obt i das no c ur s o s ec undár i o, e uma e mei a v ez es mel hor es do que os t es t es de
r eal i z aç ão. Por t ant o, podi a s uc eder que 5, 66 v ez es as not as do c ur s o s ec undár i o,
mai s 3, 21 os r es ul t ados dos t es t es de r eal i z aç ão, mai s 2, 4 v ez es o s omat ór i o do
SAT t ot al i z as s em um r es ul t ado que per mi t i s s e pr ev er boas not as na
uni v er s i dade, quando f os s e c al c ul ada a médi a de t odos os r es ul t ados das úl t i mas
10
t ur mas de pr i mei r ani s t as . Os pes os s ão ar bi t r ár i os , es c ol hi dos por que s e
aj us t am.
Por es s e mot i v o, a pr ev i s ão de not as no c ur s o uni v er s i t ár i o em gr ande par t e é
um pal pi t e es t at í s t i c o. Na mai or i a das v ez es dá c er t o, mas oc or r em mui t os
er r os . E mui t os er r os s i gni f i c am des apont ament o, r ec l amaç ões dos pai s , ex c es s o
de t r abal ho par a os pr of es s or es e uni v er s i t ár i os des aj us t ados .
- Comet emos doi s t i pos de er r os - pr os s egui u o dec ano St et s on. -
Pr i mei r o, al guns es t udant es - um númer o pequeno, t enho a s at i s f aç ão de
di z er - s aem- s e mui t o pi or c omo pr i mei r ani s t as do que er a de s e s upor .
Segundo, um númer o bem mai or s ai - s e mui t o mel hor do que o s eu I P.
Mes mo as s i m, gos t ar i a de di mi nui r nos s a mar gem de er r o. Fal e- me mai s
des s e s eu t es t e.

207

Ex pl i quei o ASQ e a t eor i a em que s e apói a. Di s s e ao dec ano que as


pes s oas
c l as s i f i c adas pel o t es t e c omo ot i mi s t as s aem- s e mel hor do que o es per ado,
pr ov av el ment e por que s e empenham c om mai s af i nc o di ant e do des af i o, ao
pas s o que os pes s i mi s t as des i s t em quando não s ão bem- s uc edi dos . Dur ant e
mai s de uma hor a di s s er t ei s obr e o ASQ e a manei r a c omo f unc i ona.
Cont ei - l he o que es t áv amos f az endo par a a Met r opol i t an Li f e I ns ur anc e Company e
Pági na 120
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
f i z v er quai s poder i am s er as c ons eqüênc i as do ASQ par a as admi s s ões na
Uni v er s i dade da Pens i l v âni a: uma r eduç ão mai or da mar gem de er r o e a
c apac i dade de pr ev er as not as dos pr i mei r ani s t as ac i ma e al ém do s eu I P.
- Voc ê es t á per dendo uma gar ot ada boa - ac r es c ent ei - e admi t i ndo
gent e que v ai s e dar mal . De qual quer modo, é uma t r agédi a par a os j ov ens e
pés s i mo par a a uni v er s i dade.
Fi nal ment e, St et s on di s s e:
- Vamos v er do que é c apaz . Vamos ex per i ment á- l o na t ur ma de 87.
Na s emana em que a t ur ma de 87 s e apr es ent ou, 300 c al our os f or am
s ubmet i dos ao ASQ. E depoi s s ó nos r es t ou es per ar . As s i s t i mos ao s eu
s of r i ment o dur ant e os doi s pr i mei r os per í odos e as duas ex aus t i v as s emanas
das pr ov as f i nai s . Es per áv amos que es s es es t udant es - mui t os dos quai s t i nham
f ei t o um ex c el ent e c ur s o s ec undár i o - v i s s em c omo er a a c onc or r ênc i a numa
gr ande uni v er s i dade. Es per áv amos que al guns nauf r agas s em, mas que out r os
s e mos t r as s em à al t ur a do des af i o.
No f i m do pr i mei r o s emes t r e, v i mos os er r os que pr eoc upav am o dec ano.
Um t er ç o dos al unos t i nha s e s aí do ou mui t o mel hor ou mui t o pi or do que os
s eus SATs , s uas not as no c ol égi o e os s eus t es t es de r eal i z aç ão t i nham
ant ec i pado.
Des s es 100 c al our os , c er c a de 20 t i v er am um des empenho mui t o pi or e 80,
mui t o mel hor .
Vi mos o que j á es per áv amos - a mes ma c oi s a que v í nhamos obs er v ando
c om c or r et or es de s egur os de v i da e c om al unos do quar t o ano pr i már i o, Os
c al our os que s e mos t r ar am à al t ur a do des af i o e s e s aí r am mel hor do que o
s eu gabar i t o de t al ent o er am, em médi a, ot i mi s t as quando f or am admi t i dos .
Os que s e s aí r am pi or do que s e pr es umi a f or am c ons i der ados pes s i mi s t as ao
s er em admi t i dos .

208

" Ac ampament o de Fer as "

NÃO PASSAR NUMA PROVA DE MEI O DE ANO NA FACULDADE OU SER REJ EI TADO
c omo l í der do des f i l e de Pás c oa no t er c ei r o ano do pr i már i o não é nada
c ompar ado c om t odo o dr ama da f al ha humana. Mas pel o menos um c enár i o
ac adêmi c o é c apaz de pr ov oc ar es t r es s e em dos e bem mai s ampl a: o
" Ac ampament o de Fer as " na Ac ademi a de Wes t Poi nt .
Quando o ner v os o c al our o de 18 anos c hega pel a pr i mei r a v ez a Wes t
Poi nt no c omeç o de j ul ho, el e ( e agor a t ambém pode s er el a) é r ec ebi do por
uma t ur ma de v et er anos c uj a mi s s ão é ens i nar - l he uma di s c i pl i na de f er r o pel o
r es t o do v er ão - pos i ç ão de s ent i do dur ant e hor as , mar c has de 15 qui l ômet r os
ao r ai ar do s ol , um i nf i ndáv el pol i ment o de met ai s , memor i z aç ão de t ex t os
qui l omét r i c os de di s par at es e obedi ênc i a, obedi ênc i a, obedi ênc i a. O obj et i v o
é mol dar o c ar át er i ndi s pens áv el aos of i c i ai s do Ex ér c i t o nor t e- amer i c ano. Os
c adet es de Wes t Poi nt ac ham que o s i s t ema v em f unc i onando bem há mai s de
150 anos .
Embor a i mpi edos ament e t r i pudi ado, o c al our o r epr es ent a uma v al i os a
mer c ador i a. Os c al our os s ão s el ec i onados de um gr ande pl ant el de c andi dat os
par a as s umi r em pos i ç ões de l i der anç a e pot enc i al ac adêmi c o. Wes t Poi nt é
uma das mai s el i t i s t as ent r e t odas as uni v er s i dades amer i c anas . O es c or e dos
SATs dos c al our os é el ev ado; s uas pr oez as at l ét i c as s ão ex c epc i onai s ; s uas not as
no c ur s o s ec undár i o, pr i nc i pal ment e nas mat ér i as r el ac i onadas c om engenhar i a,
f or am ex c el ent es ; e o mai s i mpor t ant e de t udo: el es f or am membr os ex empl ar es
de s uas c omuni dades - f or am br i os os es c ot ei r os . O pr epar o de um c adet e de
Wes t Poi nt c us t a c er c a de 250 mi l dól ar es e c ada l ugar v az i o na t ur ma
de di pl omados pode s er c omput ado c omo uma per da des s e mont ant e par a o
c ont r i bui nt e. Não obs t ant e, mui t os c adet es s ão l i t er al ment e el i mi nados no
per c ur s o pel os r i gor es do pr ogr ama - um c ont i ngent e apr ec i áv el ant es mes mo
de i ni c i á- l o.
Fi quei s abendo de t udo i s s o em f ev er ei r o de 1987, quando r ec ebi um
c hamado de Ri c har d But l er , c hef e de pes qui s a de pes s oal de Wes t Poi nt .
- Dr . Sel i gman - c omeç ou el e num t om de v oz i nc i s i v o de quem es t á
ac os t umado a c omandar - , ac ho que o Ti o Sam pr ec i s a do s enhor . Temos um
pr obl ema de bai x a de ef et i v o em Wes t Poi nt no qual o s enhor t al v ez pudes s e

Pági na 121
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
209

dar um j ei t o. Admi t i mos 1. 200 c al our os t odos os anos . El es c hegam ao


Ac ampament o das Fer as no di a 1º de j ul ho. Sei s des i s t em no pr i mei r o di a, e l á
par a o f i m de agos t o, ant es de c omeç ar em as aul as , j á per demos 100. O s enhor
poder i a nos aj udar a pr ev er quai s os c al our os que des i s t i r ão?
Conc or dei s em t i t ubear . Par ec eu- me o c enár i o i deal par a t es t ar a
c apac i dade
de o ot i mi s mo mant er a r es i s t ênc i a de pes s oas s ubmet i das ao mai s r i gor os o
t r ei nament o ac adêmi c o de que j á ouv i r a f al ar . Em pr i nc í pi o, os pes s i mi s t as
dev er i am s er os des i s t ent es - t al c omo ac ont ec er a c om os c or r et or es da
Met r opol i t an Li f e e os c al our os da Uni v er s i dade da Pens i l v âni a.
As s i m, no di a 2 de j ul ho, t omei o r umo nor t e, de c ar r o, em c ompanhi a de
um as s i s t ent e de pes qui s a es pec i al , meu f i l ho Dav i d, de 14 anos , par a me
aj udar a di s t r i bui r os ques t i onár i os , O of i c i al f ez t oda a t ur ma de c al our os
mar c har par a o nov o Audi t ór i o Ei s enhower , e 1. 200 j ov ens s uper s el ec i onados
mant i v er am- s e em pos i ç ão de s ent i do aguar dando nos s a per mi s s ão par a s e
s ent ar em e i ni c i ar em o t es t e. Di s s er am- nos que o Ac ampament o das Fer as
t i nha " amol ec i do" pel a pr i mei r a v ez em mui t as déc adas . Ri gor os a e pr ol ongada
pos i ç ão de s ent i do e pr i v aç ão de c omi da e de água f or am pr oi bi das . Ai nda
as s i m, f i quei i mpr es s i onado c om o es pet ác ul o, e Dav i d, at er r or i z ado.
Di c k But l er não s e enganar a em s uas pr ev i s ões . Sei s c al our os des i s t i r am
no
pr i mei r o di a, um del es no mei o do t es t e. El e s e l ev ant ou, v omi t ou e s ai u
c or r endo do audi t ór i o. No f i m de agos t o, 100 j á t i nham des i s t i do.
No moment o em que es t e l i v r o es t á s endo es c r i t o, v i mos ac ompanhando a
t ur ma de 91 há doi s anos . Quem é que abandonar a o c ur s o? Mai s uma v ez , os
pes s i mi s t as . Os c al our os que ex pl i c ar am os ac ont ec i ment os adv er s os di z endo:
" O c ul pado s ou eu, v ai dur ar par a s empr e e v ai ar r ui nar t udo o que es t ou
f az endo" s ão os que c or r em o mai or r i s c o de não s obr ev i v er em aos r i gor es do
Ac ampament o das Fer as . Quai s s ão os que obt êm not as mel hor es do que os
SATs pr ev i r am? Os ot i mi s t as . E os pes s i mi s t as c ons eguem not as pi or es do que
os s eus SATs pr ev i r am.
Ai nda não pos s o r ec omendar que um l ugar t r adi c i onal c omo Wes t Poi nt
modi f i que s uas pol í t i c as de admi s s ão e de t r ei nament o bas eado nes s es
pr i mei r os i ndí c i os . Mas me par ec e que a s el eç ão t endo o ot i mi s mo c omo
um dos c r i t ér i os par a a f or maç ão de nos s os f ut ur os of i c i ai s poder i a pr oduz i r
mel hor es l i der anç as ent r e os mi l i t ar es . Ai nda mai s i nt r i gant e é a pos s i bi l i dade
de que, us ando t éc ni c as do t i po que v oc ê apr ender á mai s adi ant e nes t e l i v r o,

210

par a aj udar pes s i mi s t as a s e t or nar em ot i mi s t as , poder á r es gat ar mui t os


des i s t ent es e dar - l hes a opor t uni dade de s e r ev el ar em mel hor es of i c i ai s do
que os s eus dot es pr ev i r am.

A Sabedor i a Tr adi c i onal Sobr e o


Suc es s o no Col égi o
HÁ QUASE 100 ANOS, APTI DÃO E TALENTO TÊM SI DO AS PALAVRAS- CÓDI GO

par a o êx i t o ac adêmi c o. Es s es í dol os oc upam um l ugar de honr a nos al t ar es de


t odos os r es pons áv ei s pel os s et or es de admi s s ão e de pes s oal . Nos Es t ados
Uni dos , v oc ê não c ons egue dar um pas s o a menos que os es c or es do s eu QI ou
dos s eus t es t es de habi l i t aç ão e apt i dão s ej am s uf i c i ent ement e al t os , e a
s i t uaç ão ai nda é pi or na Eur opa.
Ac ho que o " t al ent o" é mui t o s uper es t i mado. Não s ó é medi do
i nc or r et ament e, não s ó é um pr ev i s or de s uc es s o i mper f ei t o, c omo a s abedor i a
t r adi c i onal es t á er r ada. El a não l ev a em c ont a um f at or que pode c ompens ar
os es c or es bai x os ou di mi nui r c ons i der av el ment e os f ei t os de gent e mui t o
t al ent os a: o es t i l o ex pl i c at i v o.
O que v em pr i mei r o - o ot i mi s mo ou a r eal i z aç ão na s al a de aul a? O
Pági na 122
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
bom s ens o di z que as pes s oas s e t or nam ot i mi s t as em c ons eqüênc i a de s er em
t al ent os as ou por que s e s aem bem. Mas o des enho de nos s os es t udos s obr e a
at uaç ão na s al a de aul a es t abel ec em c l ar ament e que a s et a c aus al t ambém apont a
na di r eç ão opos t a. Em nos s os es t udos , c ons i der amos o t al ent o - es c or es de
SATs , QI s , r es ul t ados de t es t es de qual i f i c aç ão par a c or r et or es de s egur os
de v i da - c ons t ant e c omo pont o de par t i da e v er i f i c amos ent ão o que ac ont ec e
c om os ot i mi s t as e os pes s i mi s t as que s e c l as s i f i c am ent r e os al t ament e
t al ent os os .
Par a al ém dos r es ul t ados dos s eus t es t es de t al ent o, obs er v amos r epet i dament e
que os pes s i mi s t as s i t uam- s e abai x o do s eu " pot enc i al " e os ot i mi s t as o ex c edem.
Conc l uí que a noç ão de pot enc i al , s em a noç ão de ot i mi s mo, t em mui t o
pouc o s i gni f i c ado.

211

212

Capí t ul o 9

Es por t es

NÃO SUPORTO O NOTI CI ÁRI O DAS 11 HORAS DA TELEVI SÃO. NÃO Só pel o
f at o de as not í c i as s er em l i das por model os . É o mat er i al que l êem e os v i deos
que el es mos t r am.
Um i nc êndi o no nor t e de Fi l adél f i a f oi o gr ande as s unt o da noi t e
pas s ada.
Ti v e que at ur ar 30 s egundos de l abar edas s ai ndo pel as j anel as , um mi nut o de
ent r ev i s t as c om os s obr ev i v ent es , quas e t odos s e l amur i ando pel a per da de s eus
bens , e um mi nut o c om a c hor os a mul her de um bombei r o v i t i mado pel a i nal aç ão
de f umaç a. Não me i nt er pr et em mal : f oi um ac ont ec i ment o t r ági c o que mer ec i a
c ober t ur a j or nal í s t i c a. Mas os pr odut or es do not i c i ár i o das 11 par ec em ac r edi t ar
que o públ i c o amer i c ano c ons i s t e apenas de ment ec apt os i nt er es s ados uni c ament e
em t ópi c os l ac r i mogêneos , i nc apaz es de as s i mi l ar dados es t at í s t i c os e
anal i s á- l os .
Por i s s o, o que é r eal ment e i mpor t ant e s obr e um i nc êndi o não f oi r epor t ado: a
i nc i dênc i a i mpr es s i onant e de i nc êndi os nos bai r r os pobr es quando c omeç am os
mes es de c al or ; a queda na f r eqüênc i a de i nal aç ão de f umaç a pel os bombei r os ; a
bai x a por c ent agem de r ec l amaç ões de danos pr ov oc ados por i nc êndi o pagas
pel as c ompanhi as de s egur os - em s uma, as es t at í s t i c as que apont am as c aus as
s ubj ac ent es de oc or r ênc i as par t i c ul ar ment e s ens ac i onai s .
Ber t r and Rus s el di s s e que a mar c a do s er humano c i v i l i z ado é s ua
c apac i dade de l er uma c ol una de númer os e depoi s c hor ar . Ser á que o públ i c o
amer i c ano é t ão " i nc i v i l i z ado" quant o os pr odut or es de not i c i ár i os t el ev i s i v os
pens am? Ser emos i nc apaz es de ent ender ar gument os es t at í s t i c os ou s ó
c ompr eendemos anedot as ?

213

Bas t a pas s ar uma t ar de num es t ádi o de bei s ebol nos Es t ados Uni dos par a
per c eber mos c omo a c apac i dade do gr ande públ i c o c ompr eender e apr ec i ar
as es t at í s t i c as t em s i do s ubes t i mada pel os di t ador es do gos t o. Qual quer c r i anç a
c om mai s de s ei s anos s abe o que é um bat edor e t ambém s abe que é mai s
pr ov áv el que Tony Gwy nn r ebat a do que J uan Samuel . Qual quer adul t o
bebedor de c er v ej a no es t ádi o s abe o que quer di z er uma t í pi c a c ont agem de
pont os , embor a i s s o s ej a uma es t at í s t i c a mai s c ompl i c ada do que as
es t at í s t i c as
Pági na 123
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
bás i c as s obr e r ec l amaç ões de s egur os c ont r a i nc êndi o e a c ombus t ão de
aquec edor es a ól eo.
Os amer i c anos s e del ei t am c om es t at í s t i c as s obr e es por t es .
Pos i t i v ament e,
nos c ompr az emos em anal i s ar pr obabi l i dades - quando di z em r es pei t o a J os é
Cans ec o ou Dwi ght Gooden ou Lar r y Bi r d. El es s ão a al ma das apos t as nos
j ogos es por t i v os , um negóc i o que j á r i v al i z a c om a i ndús t r i a amer i c ana
t r adi c i onal em t er mos de ar r ec adaç ão. Bi l l J ames e o El l i as Spor t s Bur eau
i mpr i mem c ompi l aç ões mac i ç as e engenhos as de es t at í s t i c as de j ogos de bei s ebol
que v endem mi l har es de ex empl ar es por ano. E não é s ó o gr ande públ i c o que
gos t a des s es l ev ant ament os . El es t ambém c ons t i t uem mat ér i a de i nt er es s e
c i ent í f i c o, uma v ez que o es por t e pr of i s s i onal é uma das at i v i dades
quant i t at i v ament e mai s bem doc ument adas do mundo. Teor i as bas eadas em pr ev i s ões
r i gor os as da c apac i dade humana podem us ar es s es v er dadei r os al manaques do
es por t e par a s e t es t ar .
I s s o é v er dade em r el aç ão à t eor i a do es t i l o ex pl i c at i v o, e meus al unos
e eu
pas s amos mi l har es de hor as l endo as pági nas es por t i v as e t es t ando mi nha t eor i a
em c onf r ont o c om as es t at í s t i c as es por t i v as . O que mi nha opi ni ão s obr e o
ot i mi s mo r ev el a s obr e o c ampo de es por t es ?
Mui t o s i mpl es ment e, há t r ês pr ev i s ões bás i c as par a os es por t es .
Pr i mei r o,
em i gual dade de c ondi ç ões , o i ndi v í duo c om um es t i l o ex pl i c at i v o mai s ot i mi s t a
v enc er á. Venc er á por que t ent ar á c om mai s empenho, pr i nc i pal ment e depoi s
de uma der r ot a ou s ob dur o des af i o.
Segundo, a mes ma c oi s a s e apl i c a aos t i mes . Se um t i me pode s er
c ar ac t er i z ado pel o s eu gr au de ot i mi s mo, o mai s ot i mi s t a dev er á v enc er - s e o
t al ent o
f or i dênt i c o - , e es s e f enômeno s er á mai s ev i dent e s ob pr es s ão.
Ter c ei r o, e mai s ex c i t ant e, quando o es t i l o ex pl i c at i v o dos at l et as s e
t r ans f or ma de pes s i mi s t a em ot i mi s t a, el es v enc em mai s , s obr et udo Sob pr es s ão.

214

A Nat i onal League


CONSI DEREMOS O GRANDE PASSATEMPO NORTE- AMERI CANO - O BEI SEBOL.

Conf es s o, de s aí da, que amo es s e t i po de c i ênc i a. Apes ar das hor as s em c ont a


per s c r ut ando mi c r of i l mes ; a des pei t o das mui t as s es s ões à mei a- noi t e
es t udando c ol unas i nt er mi náv ei s de t í pi c as r ebat i das ; apes ar das t ent at i v as de
i nv ent ar
nov as es t at í s t i c as apenas par a l ogo c onc l ui r que el as não t i nham nenhum v al or
ou que er am r edundant es ; es t a pes qui s a t em me di v er t i do mai s do que
qual quer out r a de que t enha par t i c i pado. Não apenas por que gos t o de bei s ebol
( pos s o s er enc ont r ado na t er c ei r a f i l a at r ás da bas e do bat edor da mai or i a dos
j ogos domés t i c os dos Phi l l i es ) , mas por que es s as des c ober t as l ev am- nos ao
âmago do s uc es s o e da der r ot a humana. El as nos di z em c omo a " agoni a da
der r ot a" e a " emoç ão da v i t ór i a" r eal ment e f unc i onam.
Mas c i t ar as pr ev i s ões da t eor i a é mui t o mai s f ác i l do que v er i f i c ar s e
el a
es t á c er t a. Há t r ês pr obl emas .
Pr i mei r o, um t i me - um gr upo de i ndi v í duos - poder á t er um es t i l o
ex pl i c at i v o? Todo o nos s o t r abal ho pr ec edent e demons t r ar a que os i ndi v í duos
pes s i mi s t as s aem- s e pi or , mas hav er á o que s e pos s a c hamar de um t i me
pes s i mi s t a? E por s er pes s i mi s t a, um t i me t em um des empenho pi or ? Par a
r es ponder a es s as per gunt as , r ec or r emos à t éc ni c a CAVE - Cont ent Anal y s i s
of Ver bat i m Ex pl anat i ons ( Anál i s e do Cont eúdo de Ex pl i c aç ões Tex t uai s ) - e
es t udamos dur ant e t oda uma t empor ada as c i t aç ões das pági nas es por t i v as ,
i nc l us i v e dec l ar aç ões c aus ai s de c ada i nt egr ant e de um t i me. Pel o f at o de os
c oment ar i s t as es por t i v os f oc al i z ar em de pr ef er ênc i a os maus ac ont ec i ment os ,
es s as c i t aç ões s ão f r eqüent es nas s eç ões es por t i v as di ár i as dos j or nai s . Us amos
anal i s t as que i gnor av am quem t i nha f ei t o a dec l ar aç ão e a que t i me per t enc i a,
e c omput amos o per f i l de c ada j ogador . Também es t udamos o t éc ni c o.
Fi nal ment e, t i r amos a médi a de t odos os i ndi v í duos e obt i v emos o es t i l o
ex pl i c at i v o de um t i me. Compar amos ent ão t odos os t i mes da l i ga.
Pági na 124
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
O s egundo pr obl ema di z r es pei t o às c i t aç ões das pági nas es por t i v as em
si .
Não di s púnhamos de t empo nem de r ec ur s os par a ent r ev i s t ar t odos os j ogador es
de bei s ebol em ev i dênc i a. Por i s s o, bas eamo- nos no que é di v ul gado nas pági nas
es por t i v as dos j or nai s das c i dades do i nt er i or e na mar av i l hos a mi na de our o
que é o Spor t i ng News . Mas o que um j ogador di z a um r epór t er é mui t o

215

duv i dos o c omo mat er i al c i ent í f i c o. A pr ópr i a c i t aç ão pode não s er f i dedi gna,
pode t er s i do ex ager ada pel o r epór t er par a c onf er i r mai s s ens aç ão à mat ér i a. O
j ogador pode não t er s abi do t r ans mi t i r c or r et ament e s eu pens ament o. El e pode
t ent ar t i r ar o c or po f or a ou as s umi r a c ul pa. Pode pr oc ur ar s er s uper modes t o
ou s uper mac ho por c ont a das apar ênc i as . Por t ant o, não s abemos s e as c i t aç ões
r ef l et em c om pr ec i s ão o es t i l o ex pl i c at i v o. Se o es t udo pr ev ê c or r et ament e a
at uaç ão de um t i me, ent ão as c i t aç ões podem t er t i do v al i dade. Se não, ou a
t eor i a es t á er r ada ou as c i t aç ões não s ão i ndi c ador es v ál i dos do ot i mi s mo
s ubj ac ent e.
Es s a não é a úni c a di f i c ul dade c om c i t aç ões de pági nas es por t i v as . Há
que
s e c ons i der ar , em pr i mei r o l ugar , o pr ópr i o v ol ume do mat er i al a s er c ons ul t ado
par a s e des c obr i r o es t i l o ex pl i c at i v o de um t i me. No nos s o es t udo, da Nat i onal
League, l emos t odas as pági nas es por t i v as dos j or nai s das c i dades do i nt er i or
de c ada um dos 12 t i mes da l i ga dur ant e a t empor ada de bei s ebol de 1985, de
abr i l a out ubr o. Os r es ul t ados f or am t ão r ev el ador es que r epet i mos o es t udo
em 1986. Ao t odo, us amos a t éc ni c a CAVE em c er c a de 15 mi l pági nas de
r epor t agens es por t i v as .
O t er c ei r o pr obl ema é mos t r ar c omo a s et a c aus al mov e- s e no
s ent i do do
ot i mi s mo par a a v i t ór i a e não no s ent i do c ont r ár i o. O Met s de Nov a Yor k ,
c omo v oc ê v er á daqui a pouc o, er a um t i me mui t o ot i mi s t a em 1985. Também
er a um t i me mui t o bom nes s e ano, t endo per di do par a o Car di nal s de St .
Loui s numa par t i da emoc i onant e na úl t i ma s emana. O t i me at uou t ão bem
por que er a ot i mi s t a ou o s eu ot i mi s mo af l or ou por que el e t ev e um des empenho
br i l hant e? Par a des v endar i s s o, pr ec i s amos bas ear nos s as pr ev i s ões a par t i r do
ot i mi s mo numa t empor ada e c onf i r mar a v i t ór i a na t empor ada s egui nt e,
c or r i gi ndo nat ur al ment e as mudanç as de j ogador es . Aquel es que s aem do t i me
s ão omi t i dos do per f i l do es t i l o ex pl i c at i v o.
Mas mes mo i s s o não é s uf i c i ent e. Também pr ec i s amos c or r i gi r t endo em
v i s t a a at uaç ão do t i me na pr i mei r a t empor ada. Vej amos o Met s , por ex empl o.
Er a o t i me mai s ot i mi s t a da Nat i onal League em 1985. Também er a det ent or
do s egundo mel hor s al do de j ogos ( 98 v i t ór i as e 64 der r ot as ) . O t i me c ont i nuou,
c omo pr ev í amos , a t er des empenhos ai nda mel hor es em 1986. I s s o t er i a s i do
por que el es er am ot i mi s t as ( t al c omo as s uas dec l ar aç ões em 1985 der am a
ent ender ) ou s i mpl es ment e por que t i nham mui t o t al ent o ( c omo r ef l et i a o s eu
s al do de r es ul t ados em 1985) ? Par a des c obr i r mos , t emos de r et r oc eder a um

216

per í odo ant er i or ao s al do de v i t ór i as e der r ot as - par a que s ej a mant i da uma


c ons t ant e es t at í s t i c a - e v er i f i c ar s e o ot i mi s mo pr opi c i a s uc es s o
i ndependent ement e de s uc es s os ant er i or es . Foi i s s o o que f i z emos em nos s o es t udo
do
s uc es s o ac adêmi c o, quando per gunt amos s e o ot i mi s mo per mi t i a s upor
mel hor es not as na f ac ul dade do que as not as obt i das no c ur s o s ec undár i o e os
r es ul t ados dos SATs t i nham pr ev i s t o.
Também quer í amos s aber s e o ot i mi s mo ex er c e s ua magi a det er mi nando a
at uaç ão de um t i me s ob pr es s ão, t al c omo pr et ende a t eor i a. Meu f i l ho, Dav i d,
c hegou c om os es c or es de t odos os j ogos ( na Nat i onal League, s ão r eal i z ados
972 j ogos por t empor ada) , e i nv ent amos uma s ér i e de es t at í s t i c as em s i t uaç ões
de de pr es s ão. Depoi s de uma t r abal hei r a i ns ana, des c obr i mos que o El l i as , um
dos al manaques es t at í s t i c os do bei s ebol , t i nha c omput ado es t at í s t i c as ai nda
mel hor es de j ogos di s put ados s ob pr es s ão. Di ant e di s s o, j ogamos f or a as nos s as
e us amos as do al manaque. O El l i as nos di z c omo s e s ai r ão os bat edor es de um
Pági na 125
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
t i me nos t r ês úl t i mos t ur nos de um j ogo aper t ado. Por t ant o, pr ev i mos que os
t i mes que t i nham s e mos t r ado ot i mi s t as em 1985 t er i am em 1986 médi as de
bat i das mai s al t as s ob a pr es s ão dos úl t i mos t ur nos do que os t i mes que hav i am
s i do pes s i mi s t as em 1985. Nov ament e, pr ec i s amos mos t r ar que i s s o ex c edi a
ampl ament e s uas médi as ger ai s de bat i das , c or r i gi ndo es t at i s t i c ament e as bat i das
quando el as não f or am des f er i das s ob pr es s ão.

O Met s em 1985 e o Car di nal s em 1986


Doi s GRANDES TI MES DI SPUTARAM ARDUAMENTE O TROFÉU DE 1985 DA
Di v i s ão Les t e. Dur ant e t oda a t empor ada, c at amos t udo quant o f oi
dec l ar aç ão c aus al f ei t a aos j or nai s por j ogador es do Met s e do Car di nal s e as
c at al ogamos . Quando a t empor ada t er mi nou, s omamos os t ot ai s .
Ei s o que o Met s t i nha a di z er à medi da que a t empor ada pr os s egui a.
Ac r es c ent ei os pr ópr i os númer os da CAVE a c ada c i t aç ão. El es v ão de 3 ( mui t o
t empor ár i o, es pec í f i c o e ex t er no) a 21 ( c ompl et ament e per manent e, abr angent e
e per s onal i z ado) . Númer os na f ai x a de 3 a 8 s ão mui t o ot i mi s t as . Ac i ma de 13,
mui t o pes s i mi s t as .
Comec emos c om o t éc ni c o Dav ey J ohns on, ao s er per gunt ado por que o
t i me per der a:

217

" Per demos por que el es [ os adv er s ár i os ] domi nar am as j ogadas es t a noi t e"
( ex t er no - " el es " ; t empor ár i o - " es t a noi t e" ; es pec i f i c o - o adv er s ár i o des t a
noi t e: 7) .
Os bat edor es . Pr i mei r o, o i nt er c ept ador es quer do Geor ge Fos t er : " FUI
i ns ul t ado por um t or c edor " por que " dev i a es t ar num daquel es di as " ( 7) .
O i nt er c ept ador di r ei t o Dar r y l St r awber r y , ao s er per gunt ado por que
per der a uma bol a al t a: " A bol a f oi r eal ment e l anç ada c om f or ç a. Quas e
que c ons egui enc ai x á- l a na mi nha l uv a" ( 6) .
St r awber r y c oment ando por que o Met s f oi el i mi nado: " Às v ez es , v oc ê
at r av es s a di as c omo es s e" ( 8) .
O pr i mei r a- bas e Kei t h Her nandez , ex pl i c ando por que o Met s ganhou
apenas doi s j ogos dur ant e uma ex c ur s ão: " É mui t o c ans at i v o f i c ar quas e t odo
o t empo na es t r ada" ( 8) .
Nov ament e Her nandez f al ando a pr opós i t o do enc ol hi ment o da l i der anç a
do Met s par a mei o j ogo: " El es [ os adv er s ár i os ] f i z er am uma má j ogada mas s e
der am bem" ( 3) .
O as t r o l anç ador Dwi ght Gooden, ex pl i c ando por que um bat edor mar c ou
um home r un r ebat endo um l anç ament o s eu: " El e r ebat eu mui t o bem es t a
noi t e" ( 7) .
Gooden, s obr e a der r ot a do Met s : " Foi um des s es di as " ( 7) ; " Não es t av a
no meu di a" ( 8) ; " Es t av a f az endo mui t o c al or " ( 8) .
Gooden f ez um l anç ament o mal uc o por que " A bol a f i c ou úmi da" ( 3) .
J á deu par a per c eber o que t udo i s s o quer di z er . Quando o Met s j oga mal ,
f oi s ó naquel e di a, os adv er s ár i os é que es t av am num di a de s or t e, a c ul pa
não f oi nos s a. Não podi a hav er um ex empl o mai s per f ei t o do es t i l o ex pl i c at i v o
ot i mi s t a no es por t e. Como gr upo, t i v er am o es t i l o ex pl i c at i v o mai s ot i mi s t a
de t odos os t i mes da Nat i onal League em 1985. Seu es c or e médi o par a os
maus ac ont ec i ment os f oi 9, 39, s uf i c i ent ement e ot i mi s t a par a que pudes s em
s er c or r et or es de s egur o de v i da bem- s uc edi dos .
Ouç amos agor a o Car di nal s de St . Loui s , o t i me que os der r ot ou na
pr or r ogaç ão e v enc eu a mel hor de t r ês , par a ac abar per dendo a dec i s ão do
Campeonat o Mundi al em Kans as Ci t y num j ogo dr amát i c o, pr ej udi c ado pel a
má ar bi t r agem. O Car di nal s c ont av a c om mai s v al or es i ndi v i duai s do que o
Met s . Os bat edor es do Met s r ebat er am 257 l anç ament os dur ant e o ano, c ont r a

218

264 do Car di nal s ; os l anç ador es do Car di nal s t i nham uma médi a de r uns
Pági na 126
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
l i gei r ament e mel hor que os do Met s .
O s uper v i s or Whi t ey Her z og ( f i gur a c ont r ov er t i da, c ons i der ado por
al guns
o mai s br i l hant e do bei s ebol at ual ) : o t i me per deu por que " Não ac er t amos a
bol a. Que di abo, t emos que admi t i r a v er dade" ( per manent e, abr angent e e
per s onal i z ado: 20) .
Her z og, r es pondendo por que a i mpr ens a pr oc ur av a mui t o mai s Pet e Ros e
( ent ão s uper v i s or do Ci nc i nnat i Reds ) do que el e: " O que é que v oc ê quer i a?
O t i me del e ac er t ou a bol a 3. 800 v ez es mai s do que o meu" ( per manent e,
abr angent e, per s onal i z ado: 14) .
Ai nda Her z og ex pl i c ando por que o t i me t ev e pr obl emas o ano t odo em
j ogos s ubs eqüent es a di as de f ol ga: " E uma ques t ão ment al . Es t áv amos
des c ans ados demai s " ( 14) .
O c ampeão dos bat edor es da Nat i onal League em 1985, Wi l l i e Mc Gee,
di s s e que não t i nha r oubado t ant as bas es quant o dev er i a por que " Não domi no
a t éc ni c a" ( 16) .
Mc Gee j ogou mal em 1984 por que " Es t av a ment al ment e pr egui ç os o. Não
c ons egui a enf r ent ar uma di s put a" ( 15) .
O bat edor J ac k Cl ar k a pr opós i t o de uma bol a al t a: " Er a uma bol a
per f ei t ament e apanháv el . Só que não a apanhei " ( 12) .
O s egunda- bas e, Tom Her r , di s s e que s ua médi a de r ebat i das t i nha
c aí do
21 pont os por que: " Tenho t i do mui t a di f i c ul dade par a me c onc ent r ar e mant er
a c abeç a no t r abal ho" ( 17) .
O que t emos aqui é o r et r at o de um t i me ex t r emament e t al ent os o
c om
um es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a. Em par t e, i s s o é o que os t r ei nador es t êm
em ment e quando di z em que um at l et a t em uma " at i t ude r ui m" ; t al v ez s ej a
o úni c o i ngr edi ent e at i v o. Es t at i s t i c ament e, o Car di nal s t em um es t i l o
ex pl i c at i v o par a os maus ac ont ec i ment os abai x o da médi a, 11, 09, o nono
ent r e 12 t i mes . De ac or do c om nos s a t eor i a, um t i me que t em um bom
des empenho dur ant e uma det er mi nada t empor ada, apes ar de um mau es t i l o
ex pl i c at i v o, dev e s er ex c epc i onal ment e c ompet ent e par a c ompens ar es s a
des v ant agem.
E a t eor i a pr ev ê o que dev er á ac ont ec er na t empor ada s egui nt e. No que
di z
r es pei t o a es s es doi s t i mes , o Met s dev er i a br i l har e o Car di nal s s e of us c ar i a,
em r el aç ão a 1986.

219

E f oi ex at ament e o que ac ont ec eu. Em 1986, o Met s f oi o t i me mar av i l ha.


Seu per c ent ual de v i t ór i as s ubi u de 605 par a 667, c onqui s t ou o t r of éu da
di v i s ão,
ganhou as par t i das dec i s i v as e v ei o l á de t r ás par a r oubar o Campeonat o Mundi al
do Red Sox de Bos t on. Em 1986, obt ev e uma r es pei t áv el médi a de bat i das de
263, que, s ob c ondi ç ões de pr es s ão, at i ngi u a s ober ba médi a de 277.
O Car di nal s des mor onou em 1986. Venc eu apenas 49% dos j ogos que
di s put ou. A des pei t o de um t al ent o mac i ç o, bat eu ao t odo apenas 236 v ez es , e
s eu des empenho s e det er i or ou, c ai ndo par a modes t as 231 bat i das s ob pr es s ão.
A par t i r de s uas dec l ar aç ões , c omput amos o es t i l o ex pl i c at i v o de 1985
dos
12 t i mes da Nat i onal League. Es t at i s t i c ament e, em 1986, os t i mes ot i mi s t as
mel hor ar am s eus r egi s t r os de v i t ór i as - der r ot as do ano ant er i or , e os t í mes
pes s i mi s t as pi or ar am os r es ul t ados al c anç ados em 1985. Os t i mes que s e
mos t r ar am ot i mi s t as em 1985, at uar am bem s ob pr es s ão em 1986, enquant o
os t i mes pes s i mi s t as de 1985, dec aí r am s ob pr es s ão3 t omando- s e c omo r ef er ênc i a
a at uaç ão nor mal de ambos os t i mes .
Em ger al , não me dou por c onv enc i do da v al i dade do meu t r abal ho ant es
de r epet i - l o. No ano s egui nt e, r epet i mos t odo o es t udo par a v er s e o es t i l o
ex pl i c at i v o er a c apaz de pr ev er nov ament e o des empenho dos t i mes da Nat i onal
League, l ev ando- s e em c ons i der aç ão t odas as dec l ar aç ões f ei t as em 1986, a f i m
de pr ev er as at uaç ões de 1987. Os r es ul t ados f or am bas i c ament e os mes mos .
Os t i mes ot i mi s t as at uam mel hor no ano s egui nt e do que os r egi s t r os ant er i or es
de v i t ór i as - der r ot as per mi t i r i am ant ec i par , e os t i mes pes s i mi s t as at uam pi or .
Sob pr es s ão, os t i mes ot i mi s t as pr oduz em bem e os t i mes pes s i mi s t as t êm um
Pági na 127
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
des empenho medí oc r e.

A Nat i onal Bas k et bal l As s oc i at i on


O BASQUETEBOL NOS PROPORCI ONA DUAS COI SAS QUE O BEI SEBOL NÃO
pr opí c i a. Em pr i mei r o l ugar , o númer o de j ogador es é menor . Por t ant o, a
apl i c aç ão do Mét odo CAVE t or na- s e menos ex t enuant e. Em s egundo, e o que
é mai s i mpor t ant e3 o bas quet e é pr i mor os ament e l i mi t ado. Par a c ada j ogo, os
apos t ador es pr ev êem não s ó o t i me que dev er á ganhar c omo de quant o. O
" quant o" é c hamado de s pr ead ou mar gem de pont os . As s i m, s e o Net s de

220

Nov a J er s ey es t i v es s e j ogando c om o Cel t i c s de Bos t on l á pel a met ade dos anos


80, o Cel t i c s dev er i a s er o f r anc o f av or i t o. Mas v oc ê não poder i a apenas
apos t ar na v i t ór i a do Cel t i c s , poi s as pr obabi l i dades de el e ganhar er am t ão
ev i dent es que ni nguém s e ar r i s c ar i a a apos t ar c ont r a. Por i s s o, a pr ev i s ão s er i a
de que
o Cel t i c s ganhar i a, di gamos , por uma di f er enç a de nov e pont os , e v oc ê
poder i a apos t ar que o Cel t i c s " c obr i r i a" o s pr eat l - i s t o é, ganhar i a por nov e
pont os ou mai s . Se o Cel t i c s c or r es pondes s e à ex pec t at i v a, v oc ê dobr ar i a s eu
di nhei r o, mas s e el e ganhas s e por uma mar gem i nf er i or a nov e pont os ( ou, por
c úmul o do az ar , per des s e) , v oc ê per der i a s eu di nhei r o. O s i s t ema de apos t as é
t ão bem bol ado que met ade dos j ogador es apos t ar á que o Cel t i c s c obr i r á a
di f er enç a e a out r a apos t ar á no Net s .
Não apos t o em j ogos es por t i v os - na v er dade, s ó f i z uma apos t a
i mpor t ant e
em t oda a mi nha v i da ( v oc ê v ai l er s obr e el a no Capí t ul o 11) - , por t ant o,
não
é a apos t a o que me i nt er es s a, O s pr ead é, de f at o, uma v ant agem c i ent í f i c a
ex t r aor di nár i a, uma v ez que equac i ona os doi s t i mes em f unç ão de t odos os
f at or es c onhec i dos , c omo t éc ni c a, v ant agem de c ampo, c ont us ões dos at l et as ,
der r ot as r ec ent es e as s i m por di ant e. A t eor i a do es t i l o ex pl i c at i v o s us t ent a
que
ex i s t e um f at or que ni nguém c os t uma l ev ar em c ont a - o ot i mi s mo do t i me,
e é i s s o o que det er mi na c omo o t i me at uar á quando pr es s i onado mai s do que
qual quer out r o f at or c onhec i do. O t i me mai s ot i mi s t a dev er á at uar mel hor do
que os pr ognós t i c os i ndi c am, e o t i me menos ot i mi s t a t er á pi or at uaç ão.
Cont udo, i s s o s ó dev er á ac ont ec er em c i r c uns t ânc i as adv er s as ; por ex empl o,
depoi s de uma der r ot a no j ogo ant er i or . Val e di z er que os t i mes ot i mi s t as
t endem a c obr i r o s pr ead de pont os no j ogo s ubs eqüent e a uma der r ot a,
enquant o os t i mes pes s i mi s t as t endem a não c obr i r a mar gem de pont os após
uma der r ot a.

O Cel t i c s de Bos t on e o Net s de Nov a J er s ey


No SEGUNDO ESTUDO MAI S TRABALHOSO QUE j Á REALI ZEI , LEMOS TODO
o not i c i ár i o es por t i v o r ef er ent e aos t i mes da Di v i s ão At l ânt i c a da
Nat i onal
Bas k et bal l As s oc i at i on ( NBA) dur ant e a t empor ada c ompl et a de 1982- 1983.
Comput amos o es t i l o ex pl i c at i v o de c ada t i me e us amos o ní v el de ot i mi s mo

221
par a pr ev er c omo os t i mes at uar i am s ob pr es s ão na t empor ada 1983- 84.
Repet i mos ent ão o es t udo, us ando o es t i l o ex pl i c at i v o das pági nas es por t i v as de
1983- 84 par a pr ev er a t empor ada de 1984- 8 5. Ao t odo, l emos mai s de 10 mi l
pági nas es por t i v as , e r euni mos c er c a de 100 ex pl i c aç ões de ev ent os , t r ans c r i t as
de dec l ar aç ões f ei t as à i mpr ens a pel os di v er s os t i mes .
Pági na 128
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Ex ami nemos os doi s ex t r emos . Pr i mei r o, al gumas c i t aç ões r epr es ent at i v as
do Cel t i c s ex pl i c ando maus ac ont ec i ment os :
Uma der r ot a: " Os f ãs [ na quadr a dos adv er s ár i os ] c ons t i t uem a t or c i da
mai s bar ul hent a e agr es s i v a de t oda a NBA" ( 9) .
Out r a der r ot a: " As c oi s as mai s es t r anhas nos ac ont ec em l á [ quadr a dos
adv er s ár i os ] " ( 8) .
Um quar t o de j ogo c om a pont uaç ão bai x a: " A t ur ma es t á mei o mor t a" ( 6) .
Der r ot a num j ogo dec i s i v o: " El es mos t r ar am agi l i dade, der am bons
ar r emes s os par a a c es t a" ( 6) .
Der r ot a no pr i mei r o j ogo das f i nai s : " Foi o mel hor ent r os ament o que j áv i
num t i me" ( 8) e " El es [ os oponent es ] não der am bol a par a a c aut el a" ( 4) .
Um j ogador do t i me adv er s ár i o que mar c ou 40 pont os : " Da manei r a c omo
el e j ogou es t a noi t e, el e f ar i a os 40 pont os de qual quer j ei t o, não i mpor t a
quem o es t i v es s e mar c ando. Fi c amos c ol ados nel e. Segur amos el e. Gol peamos
el e. Der r ubamos el e, o c ar a não er a r eal " ( 5) .
Os j ogador es do Cel t i c s f al av am c omo v er dadei r os maní ac os . Os r ev es es
er am s empr e c ons i der ados t empor ár i os - es pec í f i c os , e a c ul pa nunc a er a del es .
Em 1983- 84, c obr i r am o s pr eadde pont os em 68, 4% dos j ogos s ubs eqüent es
a uma der r ot a, e em i nac r edi t áv ei s 81, 3% des s es j ogos em 1984- 85. ( Lembr e- s e
que, em médi a, um t i me é c apaz de c obr i r o s pr ead 50% das v ez es . O Cel t i c s
c obr i u o s pr eadem 5 1, 8% e 47, 3% dos j ogos que s e s egui r am a uma v i t ór i a
em 1983- 84 e 1984- 85, r es pec t i v ament e. ) O t i me deu uma v ol t a f ant ás t i c a.
Agor a, ouç am os at l et as do Net s ex pl i c ando os r ev es es :
Der r ot a num j ogo dec i s i v o: " Es t áv amos per dendo t odos os pas s es ( 18) e
" Nos enr ol amos e per demos t odas as opor t uni dades " ( 16) .
Out r as der r ot as : " Es t e é um dos t i mes f i s i c ament e mai s f r ac os que j Á
t r ei nei
( 18) ; " Nos s a i nt el i gênc i a es t av a a z er o" ( 15) e " Per demos ar r emes s os . Não
t í nhamos a menor c onf i anç a" ( 17) .
Fi s i c ament e, o Net s não er a um mau t i me em 1983- 84. Venc eu 51, 8%
dos j ogos que di s put ou. Ment al ment e, ent r et ant o, t i nha nauf r agado. Como

222

v oc ês ouv i r am, par a os j ogador es , as der r ot as t i nham s i do per manent es ,


abr angent es , e de s ua ex c l us i v a r es pons abi l i dade. Como s e s aí r am depoi s de
uma der r ot a em 1983- 84? Cobr i r am o s pr ead em dec epc i onant es 37, 8% das
v ez es em c ompet i ç ões depoi s de der r ot as . Ent r et ant o, depoi s de v i t ór i as ,
c obr i r am o s pr eac l 48, 7% das v ez es . O Net s mel hor ou s eu es t i l o ex pl i c at i v o
dur ant e a t empor ada de 1983- 84, em gr ande par t e dev i do a mudanç as de
j ogador es , e em 1984- 85 c obr i u o s pr ead após uma der r ot a 62, 2% das v ez es .
Ao t odo, ei s o que des c obr i mos : o es t i l o ex pl i c at i v o de um t i me par a os
r ev es es pr ev ê f or t ement e c omo el e s e c ompor t a em r el aç ão ao s pr eadde pont os
depoi s de uma der r ot a na t empor ada s egui nt e. Os t i mes ot i mi s t as c obr em o
s pr ead mai s f r eqüent ement e do que os t i mes pes s i mi s t as . Es s e ef ei t o ot i mi s t a
s uper a a " qual i dade" do t i me. Sabemos di s s o por que o pr ópr i o s pr ead de pont os
mant ém a qual i dade c omo uma c ons t ant e ( em médi a, os t i mes dev em c obr i - l o
50% das v ez es , i ndependent ement e de s er em bons ou r ui ns ) e por que
par c el amos o s al do de v i t ór i as e der r ot as t ant o da t empor ada em c ur s o quant o
da t empor ada ant er i or , da mes ma f or ma que a f r eqüênc i a c om que o t i me
c obr i u o s pr ead depoi s de uma v i t ór i a.
Também des c obr i mos a mes ma t endênc i a que t í nhamos obs er v ado na
Nat i onal League de Bei s ebol : o s al do t ot al de v i t ór i as - der r ot as de um t i me na
t empor ada s egui nt e é pr ev i s t o pel o s eu es t i l o ex pl i c at i v o na t empor ada em
c ur s o, que equac i ona s eu s al do de j ogos ganhos e per di dos nes s a t empor ada.
Cons i der ando em c onj unt o os es t udos r eal i z ados s obr e o bas quet ebol e o
bei s ebol v er i f i c amos :

- Os t i mes , não os i ndi v í duos , pos s uem um es t i l o ex pl i c at i v o s i gni f i c at i v o


mens ur áv el .
- O es t i l o ex pl i c at i v o pr ev ê o des empenho dos t i mes i ndependent ement e
de s er em " bons " ou não.
- O s uc es s o no c ampo de uma c ompet i ç ão é pr edet er mi nado pel o ot i mi s mo.
- A der r ot a no c ampo de uma c ompet i ç ão é pr edet er mi nada pel o
pes s i mi s mo.
- O es t i l o ex pl i c at i v o f unc i ona por mei o da manei r a c omo um t i me at ua
Pági na 129
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
s ob pr es s ão - depoi s de uma der r ot a ou nos l anc es f i nai s de uma par t i da.

223

Os Nadador es de Ber k el ey
HOUVE MUI TA BADALAÇÃO NA I MPRENSA SOBRE AS CHANCES DO ASTRO DA
nat aç ão de Ber k el ey , Mat t Bi ondi , nas Ol i mpí adas de Seul , em 1988. El e
es t av a es c al ado par a c ompet i r em s et e pr ov as , e a i mpr ens a amer i c ana dav a a
ent ender que el e ganhar i a s et e medal has de our o, dupl i c ando o f ei t o s em
pr ec edent es de Mar k Spi t z nas Ol i mpí adas de 1972. Par a os af i c i onados ,
quai s quer s et e medal has - de our o, pr at a ou br onz e - que Bi ondi ganhas s e na
c ompet i ç ão de Seul r epr es ent ar i am um magní f i c o des empenho de nat aç ão.
A pr i mei r a pr ov a de que Bi ondi par t i c i pou f or am os 200 met r os em nado
l i v r e, em que f i c ou num dec epc i onant e t er c ei r o l ugar . A s egunda pr ov a, f or am
os 100 met r os nado bor bol et a, modal i dade em que não er a es pec i al i s t a.
Domi nando a r ai a, l i der ou a pr ov a de pont a a pont a. Mas nos doi s úl t i mos
met r os , em v ez de dar mai s uma br aç ada e t oc ar na bor da de c hegada, el e
par ec eu r el ax ar e di mi nui u o r i t mo no met r o f i nal . Er a f ác i l i magi nar o ec o
nos Es t ados Uni dos do s us pi r o c ol et i v o que s e ouv i u em Seul quando Ant hony
Nes t y , do Sur i name, que deu a br aç ada dec i s i v a, ar r ebat ou- l he a v i t ór i a por
uma ques t ão de c ent í met r os , e c onqui s t ou a úni c a medal ha que o s eu paí s j á
v i r a. Os r epór t er es da " agoni ada der r ot a" bombar dear am Bi ondi c om per gunt as
i mpi edos as s obr e a dec epç ão de r ec eber uma medal ha de br onz e e out r a de
pr at a, i ns i nuando que el e pr ov av el ment e não c ons egui r i a s e r ef az er do gol pe.
Ser á que Bi ondi l ev ar i a our o par a c as a nas c i nc o pr ov as r es t ant es depoi s daquel e
i ní c i o f r us t r ant e?
Na mi nha s al a de es t ar , c onf i av a que s i m. Ti nha mot i v os par a ac r edi t ar
que i s s o s er i a pos s í v el por que t í nhamos t es t ado Bi ondi em Ber k el ey quat r o
mes es ant es , a f i m de det er mi nar s ua c apac i dade de f az er j us t ament e o que
t i nha de f az er ent ão - r ec uper ar - s e da der r ot a.
J unt ament e c om s eus c ompanhei r os de equi pe, el e pr eenc her a o
Ques t i onár i o de At r i bui ç ão de Es t i l o ( ASQ) , e s e s i t uar a nas c amadas s uper i or es
de
ot i mi s mo. Si mul amos ent ão uma der r ot a s ob c ondi ç ões c ont r ol adas . Nor t
Thor nt on, t r ei nador de Bi ondi , mandou- o nadar os 100 met r os bor bol et a.
Bi ondi c ompl et ou a pr ov a em 50, 2 s egundos , um t empo r es pei t áv el . Mas
Thor nt on di s s e- l he que t i nha apenas 51, 7, um t empo mui t o l ent o par a Bi ondi .
O nadador mos t r ou- s e dec epc i onado e s ur pr es o. Thor nt on or denou- l he que

224

des c ans as s e al guns mi nut os e, em s egui da, r epet i s s e a pr ov a. Bi ondi obedec eu.
Seu t empo mel hor ou, mar c ando 50 s egundos . Por t er um es t i l o ex pl i c at i v o
al t ament e ot i mi s t a e t er demons t r ado que er a c apaz de s er mai s v el oz - não
mai s l ent o - , depoi s de uma der r ot a, ac hei que el e t r ar i a our o de Seul .
Nos c i nc o úl t i mos ev ent os de Seul , Bi ondi c onqui s t ou c i nc o medal has
de our o.
Nos s os es t udos de bei s ebol e de bas quet e mos t r am que os t i mes t êm um
es t i l o ex pl i c at i v o que pr ev ê o s uc es s o at l ét i c o. Mas s er á que o es t i l o
ex pl i c at i v o
de at l et as i ndi v i duai s é c apaz de pr ev er s eu des empenho, es pec i al ment e s ob
pr es s ão? Es t a f oi a per gunt a que Bi ondi e s eus c ompanhei r os de equi pe aj udar am
a r es ponder .
Nunc a es t i v e pes s oal ment e c om Nor t Thor nt on. Só o v i na t el ev i s ão. Mas
Nor t e s ua mul her , Kar en Moe Thor nt on, r es pec t i v ament e, t r ei nador es das
equi pes de nat aç ão mas c ul i na e f emi ni na da Uni v er s i dade da Cal i f ór ni a, em
Ber k el ey , s ão doi s dos meus mai s v al i os os c ol abor ador es . E c ol abor ador es c omo
os Thor nt on éo que de mai s pr ec i os o um c i ent i s t a pode t er . Tenho f al ado c om
Nor t s oment e por t el ef one, e r ec ebi s eu pr i mei r o c hamado em mar ç o de 1987.
- Li s obr e os s eus es t udos c om v endedor es de s egur os - di s s e el e - e
gos t ar i a de s aber s e as mes mas c onc l us ões apl i c am- s e à nat aç ão. Dei x e- me
di z er por que ac ho que s i m.
Ti v e de f az er f or ç a par a me c ont er e não gr i t ar " Si m! Si m! Si m! " ant es
Pági na 130
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
de
Nor t t er mi nar de me ex por s eu r ac i oc í ni o.
- Par ec e- me que o s enhor mede al guma c oi s a - c onv i c ç ões pos i t i v as
pr of undament e enr ai z adas - que nós , c omo t r ei nador es , não c ons egui mos
at i ngi r - pr os s egui u Nor t . - Sabemos que a at i t ude do i ndi v í duo é
i mpor t ant e, mas os j ov ens podem s i mul ar uma at i t ude e s e dar em mal quando
el a f or nec es s ár i a. Também não s abemos mui t o bem c omo modi f i c ar uma
at i t ude negat i v a.
Em out ubr o de 1988, ant es de c omeç ar a t empor ada, t odos os nadador es
da uni v er s i dade f or am s ubmet i dos ao ASQ. Al ém di s s o, Nor t e Kar en
c l as s i f i c ar am c ada um dos at l et as de ac or do c om a manei r a c omo i magi nav am
que c ada um del es dev er i a at uar dur ant e a t empor ada, pr i nc i pal ment e s ob
pr es s ão. Fi z emos i s s o por que quer í amos v er s e o ASQ r ev el av a aos Thor nt on
al guma c oi s a que el es ai nda não s oubes s em c omo t r ei nador es i nt i mament e
f ami l i ar i z ados c om s eus at l et as .

225

Logo des c obr i que s abi a al guma c oi s a que os t r ei nador es não s abi am. Os
es c or es ot i mi s t as do ASQ não t i nham nada a v er c om o des empenho que os
t r ei nador es s upunham que os nadador es pudes s em t er em c ondi ç ões de pr es s ão.
Mas per mi t i r i am es s es es c or es pr ev er v i t ór i as ef et i v as na nat aç ão?
Par a obt er a r es pos t a, Nor t e Kar en r ot ul ar am c ada pr ov a de c ada nadador
dur ant e a t empor ada c omo " pi or do que o es per ado" ou " mel hor do que o
es per ado" . Os nadador es , por s ua v ez , es t abel ec er am s ua pr ópr i a av al i aç ão, e
f i c ou c l ar o que uns e out r os es t av am na mes ma f r eqüênc i a de onda, uma v ez
que os r es ul t ados c oi nc i di r am per f ei t ament e. Eu me l i mi t ei a s omar o númer o
de pr ov as " pi or es do que o es per ado" par a a t empor ada. Os que o ASQ apont ou
c omo pes s i mi s t as t i v er am duas v ez es mai s des empenhos s upr eendent ement e
medí oc r es do que os ot i mi s t as . Os ot i mi s t as c or r es ponder am ao s eu pot enc i al
de nadador es e os pes s i mi s t as f i c ar am abai x o do s eu pot enc i al .
O es t i l o ex pl i c at i v o agi r i a nov ament e de modo a pr ev er c omo as
pes s oas r eagem à der r ot a, t al c omo f i z er a em r el aç ão ao bei s ebol , ao bas quet e
e às v endas ?
Par a t es t ar i s s o, s i mul amos der r ot as s ob c ondi ç ões c ont r ol adas . No f i m
da
t empor ada, f i z emos c ada at l et a nadar uma pr ov a c ompl et a da s ua es pec i al i dade.
Nor t ou Kar en ent ão di z i am ao nadador que o s eu t empo er a de 1, 5 a 5
s egundos ( dependendo da di s t ânc i a) pi or do que er a na r eal i dade. As s i m, f oi
di t o a Bi ondi que el e nadar a os 100 met r os bor bol et a em 51, 7 s egundos ,
quando na v er dade o s eu t empo t i nha s i do 50, 2. Ti v emos c ui dado ao dos ar o
" f r ac as s o" , poi s s abí amos que el e poder i a pr ov oc ar gr ande dec epç ão ( um dos
nadador es c ai u em pr ant os ) , mas s em c ompr omet er s ua c r edi bi l i dade. Depoi s
de des c ans ar , c ada nadador f ez a pr ov a nov ament e, des env ol v endo t oda a
v el oc i dade de que er a c apaz . Como es per áv amos , os pes s i mi s t as s aí r am- s e pi or .
O des empenho de doi s as t r os que t ambém s ão pes s i mi s t as c ai u i mens os doi s
s egundos , a di f er enç a ent r e ganhar a pr ov a e c hegar em úl t i mo l ugar . Os
ot i mi s t as mant i v er am- s e r egul ar es ou, c omo Bi ondi , mel hor ar am s eu t empo.
Ent r e os ot i mi s t as , al guns c ons egui r am mel hor ar s uas mar c as de doi s a c i nc o
s egundos , nov ament e o s uf i c i ent e par a es t abel ec er a di f er enç a ent r e um
des empenho dec epc i onant e e uma v i t ór i a.
Os nadador es de Ber k el ey dei x am c l ar o, por t ant o, que o es t i l o
ex pl i c at i v o
pode i nf l uenc i ar c om s uc es s o ou f r ac as s o no ní v el i ndi v i dual , as s i m c omo os
dados dos t i mes pr of i s s i onai s mos t r ar am. Al ém di s s o, o es t i l o ex pl i c at i v o

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t r abal ha c om o mes mo s i gni f i c ado par a ambos . Faz c om que os at l et as r endam


mai s s ob pr es s ão. Se f or em ot i mi s t as , s e empenhar ão c om mai s af i nc o e s e
r eer guer ão da der r ot a.

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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
O Que Todo Tr ei nador Dev er i a Saber

SE VOCÊ É TREI NADOR DE UM ATLETA RESPONSÁVEL, DEVE LEVAR A SÉRI O


as c onc l us ões a que c hegamos e que r el ac i onamos a s egui r . El as t êm
i mpl i c aç ôes i medi at as e pr át i c as par a v oc ê.
- Ot i mi s mo não é al go que v oc ê s ai ba i nt ui t i v ament e. O ASQ mede uma
c oi s a que v oc ê não c ons egue di mens i onar . El e pr ev ê o s uc es s o par a al ém
do j ul gament o de t r ei nador es ex per i ent es e da i magi naç ão dos apos t ador es .
- O ot i mi s mo l he di z quando us ar c er t os j ogador es de pr ef er ênc i a a
out r os . I magi ne uma c or r i da de r ev ez ament o dec i s i v a. Voc ê c ont a c om um
at l et a v el oz , mas el e é um pes s i mi s t a que per deu s ua úl t i ma c or r i da
i ndi v i dual . Subs t i t ua- o. Us e pes s i mi s t as s oment e depoi s de t er em at uado bem.
- O ot i mi s mo l he di z quem v oc ê dev e s el ec i onar e r ec r ut ar . Se doi s
c andi dat os à pos i ç ão pos s uem bas i c ament e o mes mo t al ent o, r ec r ut e o ot i mi s t a.
El e r ender á mai s a l ongo pr az o.
- Voc ê pode ens i nar s eus pes s i mi s t as a s e t or nar em ot i mi s t as .
Não r ev el ar ei o que mai s os Thor nt on des ej av am. El es me per gunt ar am
s e eu podi a me oc upar de s eus nadador es pes s i mi s t as e t r ans f or má- l os em
ot i mi s t as . Di s s e- l hes que ai nda não t i nha c er t ez a, mas que os nos s os
pr ogr amas de mudanç a es t ão s endo des env ol v i dos e par ec em mui t o pr omi s s or es .
Como uma f or ma de agr adec er - l hes , c onc or dei em i nc l ui r os es por t es no
nos s o pr ogr ama de t r ei nament o. Ao es c r ev er es t e c apí t ul o, nos s os moni t or es es t ão
a c ami nho de Ber k el ey , a f i m de t r ans mi t i r a t oda a equi pe es por t i v a da
uni v er s i dade as t éc ni c as do ot i mi s mo. Voc ê enc ont r ar á es s as t éc ni c as na úl t i ma
par t e des t e l i v r o.

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228

Capí t ul o 10

Saúde

DANI EL TI NHA APENAS NOVE ANOS DE I DADE QUANDO OS MÉDI COS

di agnos t i c ar am um l i nf oma de Bur k i t t , uma f or ma de c ânc er abdomi nal .


Es t av a agor a c om 10 e apes ar de um ano angus t i ant e de r adi aç ões e qui mi ot er api a,
o c ânc er c ont i nuav a s e al as t r ando. Seus médi c os e quas e t odos os que o
c er c av am não t i nham mai s es per anç as . Menos Dani el .
Dani el t i nha pl anos . Di z i a a t odo mundo que i a s er pes qui s ador quando
c r es c es s e e que i r i a des c obr i r c omo c ur ar doenç as c omo aquel a, par a l i v r ar
out r as c r i anç as do mal . Mes mo c om o c or po c ada v ez mai s debi l i t ado, o
ot i mi s mo de Dani el per manec i a i nal t er áv el .
Dani el mor av a em Sal t Lak e Ci t y . A r az ão pr i nc i pal de s ua es per anç a er a
um médi c o a que el e s e r ef er i a c omo " o f amos o es pec i al i s t a da Cos t a Les t e" .
Es s e médi c o, uma aut or i dade no t i po de c ânc er que v i t i mar a o meni no, f i c ar a
i nt er es s ado na doenç a de Dani el e v i nha mant endo c ont at o t el ef ôni c o c om os
c ol egas que as s i s t i am o pequeno pac i ent e. Pl anej av a des c er em Sal t Lak e Ci t y ,
a c ami nho de uma c onf er ênc i a de pedi at r i a na Cos t a Oes t e, par a v er Dani el e
c onv er s ar c om os s eus médi c os .
Dani el es t av a ex c i t ado há s emanas . Quer i a di z er mui t as c oi s as ao
es pec i al i s t a. El e v i nha mant endo um di ár i o, e es per av a que o di ár i o pudes s e
f or nec er
al guns dados que aj udas s em na s ua c ur a. Sent i a c om i s s o que par t i c i pav a de
c er t a f or ma do s eu t r at ament o.
No di a em que o es pec i al i s t a dev er i a c hegar , bai x ou uma nebl i na em Sal t
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Lak e Ci t y que obr i gou a f ec har em o aer opor t o. A t or r e de c ont r ol e mandou o

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av i ão em que v i aj av a o es pec i al i s t a s egui r par a Denv er , e el e dec i di u v oar


di r et ament e par a São Fr anc i s c o. Quando Dani el s oube da not í c i a, c hor ou
bai x i nho. Seus pai s e as enf er mei r as di s s er am- l he que s e ac al mas s e, pr omet er am
que l i gar i am par a São Fr anc i s c o, par a que Dani el pudes s e f al ar c om o médi c o.
Mas , no di a s egui nt e, el e amanhec eu apát i c o; nunc a f i c ar a as s i m ant es . Tev e
f ebr e al t a e a pneumoni a domi nou s eu f r ági l or gani s mo. À noi t e, ent r ou em
c oma. Mor r eu na t ar de do di a s egui nt e.
O que é que v oc ê ac ha de uma hi s t ór i a c omo es s a? Es t ou c er t o de que não
é o pr i mei r o r el at o pungent e que v oc ê ouv e da mor t e s uf oc ando a es per anç a,
ou da r ec uper aç ão s egui ndo- s e à es per anç a adqui r i da. Hi s t ór i as c omo es s a
r epet em- s e pel o mundo af or a, c om t al f r eqüênc i a a pont o de i ns pi r ar a c r enç a
de que a es per anç a por s i s ó é c apaz de s us t ent ar a v i da e que a apat i a pode
des t r uí - l a.
Mas ex i s t em out r as i nt er pr et aç ões pl aus í v ei s . Voc ê pode ac r edi t ar num
t er c ei r o t ut or - por ex empl o, um s i s t ema i munol ógi c o bem aj us t ado - ,
c apaz não s ó de poupar a v i da, c omo de ger ar es per anç a. Ou v oc ê pode j ul gar que
nós , c omo uma es péc i e, al i ment amos um des ej o t ão pr of undo de ac r edi t ar
que a es per anç a oper a mi l agr es que nar r amos r epet i dament e os pouc os c as os que
par ec em pr ov a- l o - mas que na v er dade não pas s am de c oi nc i dênc i as - ,
omi t i ndo as hi s t ór i as t ão c omuns que mos t r am o l ado av es s o: a doenç a
s uc edendo- s e à es per anç a e a r ec uper aç ão ao des es per o.
Na pr i mav er a de 1976, um pedi do dos mai s i nus i t ados de mat r í c ul a no
nos s o pr ogr ama de pós - gr aduaç ão c hegou à mi nha mes a. Nel e, uma mul her
c hamada Madel on Vi s i nt ai ner , enf er mei r a em Sal t Lak e Ci t y nar r av a a hi s t ór i a
de Dani el . Di s s e que at uar a em di v er s os c as os par ec i dos , t ant o de c r i anç as
c om c ânc er c omo, numa r ápi da r ef er ênc i a, no " t empo em que s er v i r a no
Vi et nã" . Hi s t ór i as c omo es s a, di z i a el a, não mai s a s at i s f az i am c omo pr ov a.
El a quer i a des c obr i r s e er a r eal ment e v er dade que o des ampar o, por s i s ó,
podi a mat ar e, s e pudes s e, de que manei r a i s s o ac ont ec i a. Quer i a i ngr es s ar na
Uni v er s i dade da Pens i l v âni a e t r abal har c omi go, t es t ando es s as ques t ões
pr i mei r ament e em ani mai s e depoi s apl i c ando em s er es humanos os
c onhec i ment os adqui r i dos nes s as pes qui s as .
A manei r a f r anc a e des pr et ens i os a de Madel on ex por s eu pr opós i t o, i nédi t a
nos anai s da uni v er s i dade, l ev ou um dos i nt egr ant es do c omi t ê de admi s s ão
às l ágr i mas . Ademai s , s uas not as e os r es ul t ados do s eu ex ame de gr aduaç ão

230

er am ex empl ar es . Hav i a, ent r et ant o, di v er s os f úr os no s eu r equer i ment o. Pel as


dat as menc i onadas , er a di f í c i l l oc al i z ar onde el a es t i v er a em det er mi nada époc a,
ou o que f i z er a dur ant e di v er s os per í odos de s ua v i da adul t a. Vol t a e mei a, el a
des apar ec i a do mapa.
Após al gumas t ent at i v as i nf r ut í f er as par a es c l ar ec er es s es mi s t ér i os ,
r es ol v emos admi t i r Madel on Vi s i nt ai ner . Es per ei ans i os ament e s ua c hegada em
s et embr o de 1976. El a não apar ec eu. Tel ef onou, di z endo que pr ec i s av a f i c ar
mai s um ano em Sal t Lak e Ci t y dev i do a al guma c oi s a r el ac i onada c om uma
doaç ão par a o es t udo do c ânc er . Admi ni s t r ar a apl i c aç ão de uma doaç ão par a
pes qui s as s obr e o c ânc er par ec i a um t ant o es t r anho par a uma pes s oa que di z i a
s er " apenas " enf er mei r a. Per gunt ou s e podí amos guar dar s ua v aga at é s et embr o
do ano s egui nt e.
De mi nha par t e, per gunt ei - l he s e r eal ment e quer i a v i r par a a
Uni v er s i dade
da Pens i l v âni a pes qui s ar um as s unt o t ão at í pi c o. Adv er t i - a que mui t o pouc os
ps i c ól ogos e quas e nenhum médi c o ac r edi t av am que es t ados ps i c ol ógi c os c omo
des ampar o c aus as s em doenç as f í s i c as . El a t er i a que at r av es s ar um c ampo
ac adêmi c o mi nado, e mui t os obs t ác ul os a aguar dav am. Res pondeu que não
t i nha nas c i do ont em e s abi a onde es t av a s e met endo.
Fi nal ment e c hegou, em s et embr o de 1977 - t ão des poj ada e aut ênt i c a
quant o o es t i l o do s eu r equer i ment o de admi s s ão, e out r o t ant o mi s t er i os a.
Ev i t av a c onv er s as s obr e o s eu pas s ado ou s obr e o que pr et endi a r eal i z ar no
Pági na 133
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
f ut ur o. Mas não podi a s er mai s at i v a e ef i c i ent e no pr es ent e. Demons t r ou s er
um v er dadei r o f ur ac ão c i ent í f i c o. Como pr oj et o par a o pr i mei r o ano, c hamou
par a s i a t ar ef a de pr ov ar que o des ampar o podi a c aus ar a mor t e.
Fi c ou empol gada c om as nov as des c ober t as de El l en Langer eJ udy Rodan,
ent ão j ov ens pes qui s ador as de ques t ões l i gadas à s aúde em Yal e. Ti nham
t r abal hado c om pes s oas de i dade numa c l í ni c a ger i át r i c a, dos ando a
quant i dade de c ont r ol e que os i dos os t i nham s obr e os ac ont ec i ment os di ár i os de
s uas v i das .
Di v i di r am a c l í ni c a por andar es . No pr i mei r o andar , os r es i dent es
r ec eber am
uma dos e ex t r a de c ont r ol e e de opç ões em s uas v i das . Um di a, o di r et or f ez
um di s c ur s o par a os r es i dent es :
- Quer o que s ai bam t udo s obr e as c oi s as que podem f az er por i ni c i at i v a
pr ópr i a aqui em Shady Gr ov e. No c af é- da- manhã, s er v i mos omel et es e ov os
mex i dos , mas v oc ês t êm de es c ol her o que pr ef er em na v és per a. As quar t as ou

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qui nt as à noi t e, t emos c i nema, mas v oc ês t êm que s e i ns c r ev er c om ant ec edênc i a.


Aqui es t ão al gumas pl ant as ; es c ol ham uma e l ev em par a os s eus quar t os , mas
v oc ês mes mos t er ão que r egá- l as .
No s egundo andar , o di r et or f al ou:
- Quer o que t odos s ai bam das c oi s as boas que f az emos por v oc ês aqui
em Shady Gr ov e. No c af é- da- manhã, por ex empl o, v oc ês podem pedi r omel et es
ou ov os mex i dos . Faz emos omel et es às s egundas , quar t as e s ex t as , e ov os mex i dos
nos out r os di as . O c i nema é às quar t as e qui nt as à noi t e. Os r es i dent es do
c or r edor à es quer da v ão às quar t as e os da di r ei t a às qui nt as . Aqui es t ão
al gumas
pl ant as par a os s eus quar t os . A enf er mei r a es c ol her á uma par a c ada um de
v oc ês e t omar á c ont a del a.
Des s a f or ma, as boas c oi s as ex t r as que os r es i dent es do pr i mei r o andar
r ec ebi am f i c av am s ob s eu pr ópr i o c ont r ol e. Os v el hi nhos do s egundo andar
t i nham di r ei t o aos mes mos ex t r as , mas nada que f i z es s em af et av a es s es ex t r as .
Dez oi t o mes es depoi s , Langer e Rodi n v ol t ar am à c l í ni c a. Ver i f i c ar am
que,
s egundo di v er s os c r i t ér i os de af er i ç ão, o gr upo c om di r ei t o a es c ol ha e c ont r ol e
er a mai s at i v o e mai s f el i z . Também c ons t at ar am que menos i nt egr ant es des s e
gr upo do que do out r o t i nham mor r i do. Es s e f at o s ur pr eendent e i ndi c av a
s i gni f i c at i v ament e que a es c ol ha e o c ont r ol e podi am poupar v i das e que o
des ampar o t al v ez pudes s e mat ar .
Madel on Vi s i nt ai ner quer i a i nv es t i gar es s e f enômeno no l abor at ór i o, onde
as c ondi ç ões poder i am s er r i gor os ament e c ont r ol adas , e c ompr eender c omo a
aut odef es a e o des ampar o podi am af et ar a s aúde. El a s epar ou t r ês gr upos de
r at os , e s ubmet eu um gr upo a um c hoque s uav e es c apáv el ; o s egundo gr upo, a
um c hoque s uav e i nev i t áv el ; e não apl i c ou qual quer t i po de c hoque no t er c ei r o
gr upo. Mas na v és per a de f az er i s s o, el a i mpl ant ou al gumas c él ul as de um
s ar c oma no f l anc o de c ada r at o. O t umor er a de um t i po i nv ar i av el ment e l et al
s e c r es c e e não é r ej ei t ado pel as def es as i munol ógi c as do ani mal . Vi s i nt ai ner
i mpl ant ou o númer o c er t o de c él ul as do s ar c oma de modo que, em c ondi ç ões
nor mai s , 50% dos r at os r ej ei t ar i am o t umor e s obr ev i v er i am.
Foi uma ex per i ênc i a magni f i c ament e pl anej ada. Tudo o que er a f í s i c o er a
c ont r ol ado: a i nt ens i dade e a dur aç ão do c hoque; a di et a; o al oj ament o; a
c ar ga do t umor . O úni c o as pec t o que s e di f er enc i av a ent r e os t r ês gr upos er a o
es t ado ps i c ol ógi c o em que s e enc ont r av am. Um dos gr upos apr es ent av a
s i nt omas de des ampar o i nduz i do o s egundo; mos t r av a t er s uper ado a c ondi ç ão; e

232

o t er c ei r o per manec i a ps i c ol ogi c ament e i nal t er ado. Se a c apac i dade de r ej ei t ar o


t umor s e mani f es t av a de manei r as di f er ent es nes s es gr upos , s oment e o es t ado
ps i c ol ógi c o poder i a t er c aus ado a di f er enç a.
Em um mês , 50% dos r at os que não t i nham r ec ebi do c hoque mor r er am,
e os out r os 50% dos r at os t i nham r ej ei t ado o t umor . Quant o aos r at os que
t i nham s uper ado o c hoque pr es s i onando uma bar r a par a des l i gá- l o, 70%
Pági na 134
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
t i nham r ej ei t ado o t umor . Mas s oment e 27% dos r at os des ampar ados , aquel es
que t i nham s of r i do um c hoque i nc ont r ol áv el , c ons egui r am r ej ei t ar o t umor .
Des s a f or ma, Madel on Vi s i nt ai ner t or nou- s e a pr i mei r a pes s oa a
demons t r ar
que um es t ado ps i c ol ógi c o - des ampar o adqui r i do - podi a c aus ar c ânc er .
Par a s er ex at o, quas e a pr i mei r a. Enquant o Madel on es c r ev i a s uas
obs er v aç ões par a env i á- l as à Sc i enc e, a publ i c aç ão mai s i mpor t ant e das
pr i nc i pai s
des c ober t as c i ent í f i c as , abr i o s eu úl t i mo númer o. Nel e, doi s pes qui s ador es
c anadens es , Lar r y SUar e Hy mi e Ani s man, de Ot t awa, r epor t av am uma
ex per i ênc i a s emel hant e - el es t i nham us ado c amundongos em v ez de r at os e
t i nham medi do o gr au de c r es c i ment o do t umor e não a c apac i dade de r ej ei ç ão
dos t umor es - , obt endo os mes mos r es ul t ados : O des ampar o pr oduz i a um
c r es c i ment o mai s r ápi do dos t umor es .
Out r a das des c ober t as de Madel on f oi s obr e a i nf ânc i a dos r at os ( da
" des mama" , par a os pur i s t as ) . El a des c obr i u que os r at os que t i nham s uper ado
as c ondi ç ões i mpos t as pel o t es t e ai nda j ov ens f i c av am i munes aos t umor es
quando adul t os . El a apl i c ou em r at os j ov ens c hoques ev i t áv ei s e i nev i t áv ei s ,
em al guns não apl i c ou c hoque, e es per ou que s e t or nas s em adul t os . I mpl ant ou
ent ão o s ar c oma, di v i di u c ada um dos gr upos or i gi nai s em t r ês , e apl i c ou em
c ada nov o gr upo c hoques es t áv ei s , i nev i t áv ei s , ou dei x ou de apl i c ar qual quer
c hoque. A mai or i a dos r at os que t i nham s i do i nduz i dos ao des ampar o quando
j ov ens não c ons egui u r ej ei t ar o t umor quando s e t or nou adul t a. Des s a f or ma,
a ex per i ênc i a demons t r ou s er dec i s i v a nas r ej ei ç ões de t umor es por adul t os .
Os r at os i nduz i dos ao des ampar o na i nf ânc i a c or r i am r i s c o de c ont r ai r c ânc er
quando adul t os .
Quando c onc l ui u s eu dout or ado, Madel on c andi dat ou- s e ao c ar go de
pr of es s or a- as s i s t ent e em di v er s as uni v er s i dades , e al gumas ex i gi r am que el a
apr es ent as s e um c ur r í c ul o c ompl et o. Ao l er uma c ópi a que me c hegou às mãos ,
f i quei s abendo, par a mi nha gr ande s ur pr es a, que el a j á hav i a s i do pr of es s or a-
as s i s t ent e de enf er magem em Yal e, ant es de s e i ns c r ev er no c ur s o de gr aduaç ão

233

em ps i c ol ogi a. Fi quei s abendo, ai nda, que hav i a r ec ebi do uma Es t r el a de Pr at a


e out r as c ondec or aç ões por at os de br av ur a em aç ão no Vi et nã. Hav i a di r i gi do
um hos pi t al em Par r ot ' s Beak , no Camboj a, dur ant e a i nv as ão de 1970.
Não c ons egui per s uadi - l a a r ev el ar mai s nada. Mas c ompr eendi ent ão
onde el a f or a bus c ar a c or agem e a f or ç a de v ont ade de que t ant o pr ec i s ar a
em 1976, par a penet r ar no c ampo de bat al ha i nt el ec t ual que el eger a. Quando
Madel on as s umi u a es pec i al i dade que es c ol her a - ef ei t os ps i c ol ógi c os s obr e
a s aúde f í s i c a - , es s e er a o c ampo pr ef er i do dos c ur andei r os e i mpos t or es .
El a quer i a demons t r ar c i ent i f i c ament e que a ment e pode i nf l uenc i ar a doenç a,
i deal que t i nha mer ec i do, dur ant e quas e t oda a s ua c ar r ei r a de enf er mei r a, o
es c ár ni o e a des c r enç a de s eus c ol egas médi c os . De ac or do c om o dogma,
s oment e os pr oc es s os f í s i c os , não os ment ai s , podi am i nf l uenc i ar as doenç as .
Vol t ar a- s e par a os mei os ac adêmi c os em bus c a de s i mpat i a e apoi o. Ao
apr es ent ar s ua not áv el t es e de dout or ado, t i nha c ons egui do aj udar a pr ov ar
que a ment e pode de f at o c ont r ol ar a doenç a. E at é o mundo médi c o c omeç av a
a ac r edi t ar . Hoj e, Madel on f az par t e da di r eç ão do Depar t ament o de
Enf er magem Pedi át r i c a da Yal e Sc hool of Medi c i ne.

O Pr obl ema Ment e- c or po


POR QUE A POSSI BI LI DADE DE A VI DA MENTAL I NFLUENCI AR AS DOENÇAS

f í s i c as enc ont r a t ant a r es i s t ênc i a? A r es pos t a r emet e ao mai s i nt r i nc ado de


t odos os pr obl emas f i l os óf i c os que c onheç o.
Só há duas es péc i es de s ubs t ânc i a no uni v er s o, ar gument ou o gr ande
r ac i onal i s t a do s éc ul o XVI I René Des c ar t es : a f i s i c a e a ment al . Como agem
em r el aç ão uma c om a out r a? Podemos v er c omo uma bol a de bi l har ao t oc ar
nout r a f az c om que el a s e mov a. Mas c omo o at o ment al de quer er que s ua
mão s e mov a c aus a o mov i ment o f í s i c o de s ua mão? Des c ar t es t i nha s ua pr ópr i a
r es pos t a ar di l os a. Di z i a que a ment e c ont r ol a o c or po por mei o da gl ândul a
Pági na 135
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
pi neal , um ór gão c er ebr al c uj a f unç ão ai nda é pouc o c onhec i da. A r es pos t a de
Des c ar t es es t av a er r ada, e des de ent ão c i ent i s t as e f i l ós of os v êm t ent ando
des c obr i r at r av és de que c ami nho a s ubs t ânc i a ment al pode i nf l uenc i ar a
s ubs t ânc i a f í s i c a.

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Des c ar t es er a um dual i s t a. El e ac r edi t av a que o ment al podi a af et ar o


f í s i c o.
No dev i do t empo, s ur gi u uma es c ol a de pens ament o opos t o que l ogo s e i mpôs :
o mat er i al i s mo, c uj os adept os ac r edi t av am que s ó ex i s t i a uma es péc i e de
s ubs t ânc i a - a f í s i c a - , e c as o ex i s t i s s e uma s ubs t ânc i a ment al , el a não t i nha
ef ei t os pr ópr i os . Quas e t odos os c i ent i s t as e múdi c os moder nos s ão
mat er i al i s t as .
Res i s t em às úl t i mas c ons eqüênc i as à i déi a de que o pens ament o e a emoç ão
podem af et ar o c or po. Par a el es , i s s o é es pi r i t ual i s mo. Todas as t eor i as que
s us t ent am que os es t ados emoc i onai s e c ogni t i v os i nf l uenc i am as doenç as
c ol i dem c om o mat er i al i s mo.
Venho br i gando nos úl t i mos 20 anos c om t r ês ques t ões s obr e s aúde e
es per anç a. Cada uma l oc al i z a- s e na f r ont ei r a da t ent at i v a de c ompr eender a
doenç a f í s i c a, t ent at i v a que é a moder na enc ar naç ão do pr obl ema ment e-
c or po.
A pr i mei r a ques t ão di z r es pei t o à c aus a. A es per anç a é r eal ment e c apaz
de
s us t ent ar a v i da? A des es per anç a e o des ampar o s ão de f at o c apaz es de mat ar ?
A s egunda r el ac i ona- s e c om mec ani s mo. Nes t e mundo mat er i al , c omo
f unc i onam a es per anç a e o des ampar o? Por i nt er médi o de que mec ani s mo
c oi s as t ão emi nent ement e es pi r i t uai s t oc am c oi s as t ão f í s i c as ?
A t er c ei r a ques t ão é a da t er api a. A mudanç a da manei r a de pens ar ,
mudando
o es t i l o ex pl i c at i v o, pode mel hor ar a s aúde e pr ol ongar a v i da?

Ot i mi s mo e Boa Saúde
Ao LONGO DA DÉCADA DE 1990 E NOS DI AS DE HOJ E AI NDA, LABORATÓRI OS

do mundo i nt ei r o t êm pr oduz i do um f l ux o c ont í nuo de pr ov as de que


c ar ac t er í s t i c as ps i c ol ógi c as , par t i c ul ar ment e o ot i mi s mo, podem pr oduz i r boa
s aúde.
As pr ov as f az em s ent i do - e der r ubam a t or r ent e de hi s t ór i as pes s oai s nas quai s
es t ados que v ão da gar gal hada à v ont ade de v i v er par ec em aj udar a s aúde.
A t eor i a do des ampar o adqui r i do s uger e de quat r o manei r as que o ot i mi s mo
pode benef i c i ar a s aúde.
A pr i mei r a dec or r e da des c ober t a de Madel on Vi s i nt ai ner de que o
des ampar o nos r at os t or na- os mai s s us c et í v ei s ao des env ol v i ment o de t umor es .
Es s a des c ober t a f oi l ogo r es pal dada por t r abal hos mai s mi nuc i os os s obr e o

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s i s t ema i munol ógi c o de r at os des ampar ados . O s i s t ema i munol ógi c o, a def es a
c el ul ar do c or po c ont r a a doenç a, c ont ém di f er ent es t i pos de c él ul as c uj a t ar ef a
é i dent i f i c ar e em s egui da mat ar i nv as or es al i ení genas , t ai s c omo v í r us ,
bac t ér i as e
c él ul as af et adas por t umor es . Um t i po, as c él ul as T, r ec onhec e i nv as or es
es pec í f i c os c omo o s ar ampo, mul t i pl i c a- s e em gr ande es c al a e mat a os
i nv as or es . Out r o t i po, as c él ul as NK ( nat ur al k i l l er s ) , mat am qual quer c oi s a
es t r anha que at r av es s e o s eu c ami nho.
Pes qui s ador es ex ami nando os s i s t emas i munol ógi c os de r at os des ampar ados
v er i f i c ar am que a ex per i ênc i a c om c hoques i nev i t áv ei s enf r aquec e o s i s t ema
i munol ógi c o. Cél ul as T do s angue de r at os que s e t or nar am des ampar ados
não s e mul t i pl i c am mai s r api dament e quando s e c onf r ont am c om i nv as or es
es pec í f i c os que dev er i am des t r ui r . Cél ul as NK do baç o de r at os des ampar ados
Pági na 136
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
per dem s ua c apac i dade de mat ar i nv as or es es t r anhos .
Es s as des c ober t as c ompr ov am que o des ampar o apr endi do não af et a apenas
o c ompor t ament o; el e t ambém at i nge o ní v el c el ul ar e t or na o s i s t ema
i munol ógi c o mai s pas s i v o. I s s o s i gni f i c a que uma das r az ões pel as quai s os
r at os des ampar ados da ex per i ênc i a de Vi s i nt ai ner não c ombat i am os t umor es
podi a s er dev i do ao f at o de s uas pr ópr i as def es as i munol ógi c as t er em f i c ado
enf r aquec i das c om a ex per i ênc i a de des ampar o.
O que i s s o t em a v er c om o es t i l o ex pl i c at i v o? O es t i l o ex pl i c at i v o é o
gr ande modul ador do des ampar o apr endi do. Como v i mo, os ot i mi s t as r es i s t em
ao des ampar o. El es não f i c am f ac i l ment e depr i mi dos quando f r ac as s am. Não
des i s t em ao pr i mei r o obs t ác ul o. Ao l ongo de uma v i da i nt ei r a, uma pes s oa
ot i mi s t a t er á r egi s t r ado menos epi s ódi os de des ampar o do que uma pes s oa
pes s i mi s t a. Quant o menor f or a ex per i ênc i a de des ampar o apr endi do, em mel hor
f or ma dev er á es t ar o s i s t ema i munol ógi c o. Por t ant o, a pr i mei r a manei r a
c omo o ot i mi s mo pode af et ar s ua s aúde no t r ans c ur s o de s ua v i da é
pr ev eni ndo o des ampar o e, c ons eqüent ement e, mant endo s uas def es as i munol ógi c as
mai s c ombat i v as .
A s egunda manei r a c omo o ot i mi s mo pode pr opor c i onar boa s aúde i mpl i c a
na obedi ênc i a a r egi mes de s aúde epr oc ur a de or i ent aç ão médi c a. Cons i der e uma
pes s oa pes s i mi s t a que ac r edi t a que a doenç a é s empr e per manent e, abr angent e
e pes s oal . " Nada que f aç o adi ant a" , ac ha el a, " por t ant o, par a que f az er al guma
c oi s a?" Es s a pes s oa mai s di f i c i l ment e dei x ar á de f umar , t omar á i nj eç ões c ont r a
gr i pe, f ar á ex er c í c i os , i r á ao médi c o quando es t i v er doent e, ou s equer s egui r á

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s uas r ec omendaç ões . Num es t udo que v em s endo c onduz i do há 35 anos c om


100 gr aduandos de Har v ar d, f i c ou c ompr ov ado que, ef et i v ament e, os
pes s i mi s t as mai s do que os ot i mi s t as di f i c i l ment e dei x ar ão de f umar e s ão mai s
pr opens os a doenç as . Por c ons egui nt e, os ot i mi s t as , que não hes i t am em t omar
as r édeas de qual quer s i t uaç ão, mai s pr ov av el ment e agi r ão no s ent i do de pr ev eni r
as
doenç as e de t r at á- l as quando nec es s ár i o.
Uma t er c ei r a manei r a pel a qual o ot i mi s mo dev er á i nf l uenc i ar a s aúde
r ef er e- s e ao númer o de oc or r ênc i as adv er s as v i v enc i adas . Foi demons t r ado
es t at i s t i c ament e que quant o mai s adv er s i dades oc or r em na v i da de uma pes s oa,
em qual quer époc a, mai s doenç as el a dev er á t er . As pes s oas que no mes mo
per í odo de s ei s mes es mudam de r es i dênc i a, s ão des pedi das e s e di v or c i am,
c or r em mai s r i s c os de c ont r aí r em doenç as i nf ec c i os as - e at é mes mo de
s of r er em enf ar t es ou s er em ac omet i das de c ânc er - do que as pes s oas que
l ev am uma v i da t r anqüi l a, s em mai or es t ur bul ênc i as . É por i s s o que é
i mpor t ant e s ubmet er - s e a c hec k - ups c om mai s f r eqüênc i a do que o nor mal
quando oc or r em gr andes mudanç as em s ua v i da.
Mes mo que es t ej a s e s ent i ndo bem, é par t i c ul ar ment e i mpor t ant e c hec ar
s ua s aúde quando v oc ê muda de empr ego, r ompe um r el ac i onament o, apos ent a- s e
ou quando mor r e al guém que ama. As pr obabi l i dades os v i úv os f al ec er em
nos pr i mei r os s ei s mes es após a mor t e de s uas mul her es s ão mui t o mai or es do
que em qual quer out r a époc a. Se s ua mãe mor r er , i ns i s t a c om s eu pai par a que
el e f aç a um c hec k - up c ompl et o l ogo em s egui da - i s s o poder á pr ol ongar a
v i da del e.
Adi v i nhe quem pas s a por pi or es moment os na v i da? Os pes s i mi s t as , é
c l ar o. Por s er em mai s pas s i v os , é menos pr ov áv el que t omem pr ov i dênc i as
par a ev i t ar os r ev es es e f aç am al guma c oi s a par a s uper á- l os quando ac ont ec em.
Tão c er t o quant o doi s e doi s s ão quat r o, s e oc or r em mai s adv er s i dades aos
pes s i mi s t as e s e mai s adv er s i dades ac ar r et am mai s doenç as , os pes s i mi s t as dev em
s er ac omet i dos de mai s doenç as .
A úl t i ma r az ão pel a qual os ot i mi s t as , em pr i nc í pi o, dev em goz ar de
mel hor
s aúde env ol v e apoi o s oc i al . A c apac i dade de mant er ami z ades e amor pr of undos
par ec e s er i mpor t ant e par a a s aúde f í s i c a. Pes s oas de mei a- i dade que pos s uem
pel o menos um ami go a quem t el ef onar no mei o da noi t e e des abaf ar s uas
angús t i as , t êm mai s c hanc es de goz ar de mel hor s aúde do que aquel as que não
c ont am c om ni nguém. Os s ol t ei r os c or r em mai s r i s c o de depr es s ão do que os

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Pági na 137
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

c as ados . At é mes mo os c ont at os s oc i ai s mai s f r í v ol os s er v em de pár a- c hoque


par a as doenç as . As pes s oas que s e i s ol am quando f i c am doent es t endem a
f i c ar mai s doent es .
Quando mi nha mãe t i nha mai s de 70 anos , s ubmet eu- s e a uma i nt er v enç ão
c i r úr gi c a que a dei x ou dur ant e al guns mes es c om uma c ol os t omi a - uma
i nc i s ão no i nt es t i no l i gada a uma bol s a ex t er na. Mui t as pes s oas não c ons eguem
es c onder s ua r epugnânc i a pel as c ol os t omi as , e mi nha mãe s ent i a- s e
env er gonhada. Ev i t av a os ami gos , dei x ou de j ogar br i dge, di s s uadi u- nos de
v i s i t á- l a
e f i c ou s oz i nha em c as a at é que a i nc i s ão f oi f ec hada e a bol s a r et i r ada.
I nf el i z ment e, dur ant e o per í odo de i s ol ament o, el a t ev e uma r ec aí da da
t uber c ul os e
de que f or a v í t i ma em c r i anç a na Hungr i a. El a ex per i ment ou o que,
es t at i s t i c ament e, é um ônus c omum de s ol i dão: um r i s c o mai or de f i c ar doent e,
par t i c ul ar ment e de s of r er r ec aí das de doenç as que nunc a f i c am
def i ni t i v ament e c ur adas .
Os pes s i mi s t as t êm o mes mo pr obl ema. Tor nam- s e pas s i v os mai s f ac i l ment e
quando o mal at ac a, e abs t êm- s e de pr oc ur ar e mant er apoi o s oc i al . A
i nt er l i gaç ão ent r e a f al t a de apoi o s oc i al e a doenç a pr opi c i a uma quar t a r az ão
par a
ac r edi t ar mos que o es t i l o ex pl i c at i v o ot i mi s t a dev e pr oduz i r boa s aúde.

Pes s i mi s mo, Doenç as e Cânc er


O PRI MEI RO ESTUDO SI STEMÁTI CO DO PAPEL DO PESSI MI SMO COMO
CAUSAdor de doenç as f oi r eal i z ado por Chr i s Pet er s on. Em meados dos anos 80,
quando ens i nav a ps i c opat ol ogi a na Uni v er s i dade de Vi r gí ni a, Chr i s s ubmet eu
s ua t ur ma de 150 al unos ao ASQ. El es t ambém i nf or mar am s obr e s eu es t ado
de s aúde e quant as v ez es t i nham i do ao médi c o r ec ent ement e. Chr i s
ac ompanhou a s aúde de s eus al unos no ano s egui nt e. Cons t at ou que os pes s i mi s t as
t i nham t i do duas v ez es mai s doenç as i nf ec c i os as e t i nham i do ao médi c o duas
v ez es mai s do que os ot i mi s t as .
Ter i a s i do por que os pes s i mi s t as quei x am- s e mai s f r eqüent ement e de
dor es e i ndi s pos i ç ões , embor a nem s empr e es t ej am doent es de v er dade?
Negat i v o. Chr i s v er i f i c ou o númer o de doenç as e de c ons ul t as médi c as ant es
e depoi s de os es t udant es pr eenc her em o ques t i onár i o ASQ. O í ndi c e de

238

doenç as e c ons ul t as médi c as ent r e os pes s i mi s t as ul t r apas s ou mui t o o ní v el


de s aúde ant er i or .
Out r os es t udos f oc al i z ar am o c ânc er de mama. Num es t udo i ngl ês pi onei r o,
69 mul her es c om c ânc er de mama f or am obs er v adas dur ant e c i nc o anos . De
um modo ger al , as mul her es que não t i v er am uma r ec aí da f or am aquel as que
r eagi r am ao c ânc er c om " es pí r i t o de l ut a" , enquant o as que mor r er am ou t i v er am
r ec aí da f or am as que r eagi r am ao di agnós t i c o i ni c i al c om abat i ment o e
r es i gnaç ão es t ói c a.
Num es t udo pos t er i or , 34 mul her es pr oc ur ar am o Nat i onal Canc er I ns t i t ut e
quando f or am ac omet i das de c ânc er de mama pel a s egunda v ez . Cada uma
del as f oi l ongament e ent r ev i s t ada s obr e s ua v i da: c as ament o, f i l hos , empr ego e
a doenç a. Começ ar am ent ão as c i r ur gi as , as r adi aç ões e a qui mi ot er api a.
Obt i v emos es s as ent r ev i s t as e anal i s amos s eu c ont eúdo em t er mos de ot i mi s mo,
r ec or r endo à t éc ni c a CAVE que j á hav í amos ut i l i z ado ant es .
Uma s obr ev i v ênc i a l onga depoi s de doi s r egi s t r os de c ânc er da mama é
mui t o r ar a. Apr ox i madament e um ano depoi s , as mul her es que es t av am s endo
es t udadas c omeç ar am a mor r er . Al gumas mor r er am em pouc os mes es ; out r as ,
uma pequena mi nor i a, es t ão v i v as at é hoj e. Quem s obr ev i v eu por mai s t empo?
As que t i nham demons t r ado mai or al egr i a de v i v er e pos s uí am um es t i l o
ex pl i c at i v o ot i mi s t a.
Mas s er á que o es t ado des s as mul her es ot i mi s t as não er a t ão gr av e as s i m
e
el as v i v er am mai s por que o s eu c ânc er er a menos mal i gno e não por c aus a de
Pági na 138
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
al egr i a ou de ot i mi s mo? Não. O Nat i onal Canc er I ns t i t ut e mant ém pr ec i os os
e mi nuc i os os ar qui v os s obr e a ev ol uç ão dos c as os - at i v i dades das c él ul as
NK, quant i dade de nódul os l i nf át i c os c anc er í genos , gr au de c ont ami naç ão.
Os ef ei t os benéf i c os da al egr i a e do es t i l o ex pl i c at i v o ot i mi s t a s obr e a
l ongev i dade oc or r er am par a al ém da gr av i dade da doenç a.
Es s es r es ul t ados não dei x ar am de s er c ont es t ados . Em 1985, num es t udo
que t ev e ampl a di v ul gaç ão s obr e pac i ent es c om c ânc er t er mi nal , Bar r i e
Cas s i l et h c onc l ui u que nenhuma v ar i áv el ps i c ol ógi c a ex er c e qual quer
i nf l uênc i a s obr e a ex t ens ão da s obr ev i da. Num edi t or i al es pec i al do New
Engl andJ our nal of Medi c i ne, a edi t or a- as s oc i ada Mar c i a Angel l c ons i der ou
es s e es t udo c omo a pr ov a que dev er i a nos l ev ar a " r ec onhec er que nos s a
c r enç a de que a doenç a é um r ef l ex o di r et o de um es t ado ment al não pas s a
de f ol c l or e" . I gnor ando es t udos bem f undament ados e c i t ando apenas os

239

pi or es que enc ont r ou, Angel l c ondenou t odo o c ampo da ps i c ol ogi a da s aúde
c omo a per pet uaç ão de um " mi t o" de que a ment e er a c apaz de i nf l uenc i ar a
doenç a. Os mat er i al i s t as , s empr e pr ont os a apr ov ei t ar o menor pr et ex t o par a
apoi ar o dogma de que os es t udos ps i c ol ógi c os nunc a podem i nf l uenc i ar a
s aúde f í s i c a, t i v er am um pr at o c hei o.
Como é pos s í v el c onc i l i ar as des c ober t as de Cas s i l et h c om os di v er s os
es t udos que demons t r am que os es t ados ps i c ol ógi c os af et am as doenç as ?
Pr i mei r o, os t es t es de Cas s i l et h f or am i nadequados : el a us ou f r agment os de
t es t es c ons agr ados , não s ua t ot al i dade. Conc ei t os que ger al ment e r equer em a
av al i aç ão de dez enas de per gunt as f or am medi dos c om uma ou duas br ev es
per gunt as . Segundo, t odos os pac i ent es de Cas s i l et h er am t er mi nai s . Se v oc ê
f or at r opel ado por um c ami nhão, s eu ní v el de ot i mi s mo não f ar á mui t a
di f er enç a. Ent r et ant o, s e v oc ê f or at r opel ado por uma bi c i c l et a, o ot i mi s mo
pode des empenhar um papel dec i s i v o. Não ac r edi t o que quando o pac i ent e é
por t ador de uma c ar ga l et al de c ânc er , a pont o de s er c ons i der ado " t er mi nal " ,
pr oc es s os ps i c ol ógi c os pos s am t er i nf l uênc i a. Mar gi nal ment e, no ent ant o,
quando a c ar ga do t umor é pequena, quando a doenç a es t á c omeç ando a
ev ol ui r , o ot i mi s mo pode det er mi nar a di f er enç a ent r e a v i da e a mor t e.
Cons t at amos i s s o em es t udos do i mpac t o da per da e do ot i mi s mo no s i s t ema
i munol ógi c o.

O Si s t ema I munol ógi c o


Os mat er i al i s t as c ons i der am o s i s t ema i munol ógi c o i s ol adament e da pes s oa
na qual el e r es i de. Ac r edi t am que v ar i áv ei s c omo o ot i mi s mo e a es per anç a s ão
t ão v apor os os quant o o es pí r i t o. Por i s s o s ão c ét i c os quant o às al egaç ões de
que o ot i mi s mo, a depr es s ão e as per das af et i v as af et am o s i s t ema i munol ógi c o.
Es quec em- s e de que o s i s t ema i munol ógi c o é l i gado ao c ér ebr o, e que es t ados
de es pí r i t o, c omo a es per anç a, t êm es t ados c er ebr ai s c or r es pondent es que
r ef l et em a ps i c ol ogi a da pes s oa. Por s ua v ez , es s es es t ados c er ebr ai s af et am o
r es t ant e do c or po. Por t ant o, não há mi s t ér i o nem es pi r i t i s mo no pr oc es s o pel o
qual a emoç ão e o pens ament o podem af et ar a doenç a.
O c ér ebr o e o s i s t ema i munol ógi c o não s ão l i gados at r av és dos ner v os ,
mas
s i m dos hor môni os , mens agei r os quí mi c os que c i r c ul am pel o s angue e podem

240

t r ans mi t i r um es t ado emoc i onal de uma par t e do c or po par a out r a. Foi mui t o
bem doc ument ado o f at o de que o c ér ebr o s e al t er a quando uma pes s oa es t á
depr i mi da. Os neur ot r ans mj s s or es , hor môni os que t r ans mi t em mens agens
de um ner v o par a out r o, podem s e es got ar . Dur ant e a depr es s ão, um gr upo de
t r ans mi s s or es c hamados c at ec ol ami nas es got a- s e.
At r av és de que c adei a de ac ont ec i ment os f i s i c os pode o s i s t ema
i munol ógi c o
per c eber que o s eu anf i t r i ão es t á pes s i mi s t a, depr i mi do ou mel anc ól i c o? Oc or r e
Pági na 139
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
que quando as c at ec ol ami nas s e es got am, out r as s ubs t ânc i as quí mi c as
denomi nadas endor f i nas - a mor f i na do c or po - aument am s ua at i v i dade. Cél ul as
do s i s t ema i munol ógi c o pos s uem r ec ept or es que r egi s t r am o ní v el das
endor f i nas . Quando as c at ec ol ami nas es t ão bai x as , o que ac ont ec e nos es t ados
de depr es s ão, as endor f i nas aument am; o s i s t ema i munol ógi c o det ec t a a
mudanç a e s e des l i ga.
Ser á que t udo i s s o não pas s a de f ant as i a bi ol ógi c a, ou a depr es s ão, a
per da
e o pes s i mi s mo des l i gam de f at o o s i s t ema i munol ógi c o?
Há c er c a de 10 anos , um gr upo pi onei r o de pes qui s ador es aus t r al i anos
r euni u 26 homens c uj as mul her es t i nham mor r i do r ec ent ement e de f er i ment os
f at ai s ou de enf er mi dades . Per s uadi r am c ada um dos homens a s e s ubmet er a
ex ames de s angue duas v ez es ; pr i mei r ament e, uma s emana, e depoi s ; s ei s
s emanas após a mor t e de s uas mul her es . Des s a f or ma, os pes qui s ador es puder am
obs er v ar o s i s t ema i munol ógi c o dur ant e o per í odo de s of r i ment o mai s i nt ens o.
El es enc ont r ar am o s i s t ema i munol ógi c o des l i gado nes s e per í odo. As c él ul as
não s e mul t i pl i c ar am c om a mes ma r api dez habi t ual . Com o t empo, o s i s t ema
i munol ógi c o c omeç ou a s e r ec uper ar . Des de ent ão, pes qui s ador es amer i c anos
c onf i r mar am e ex pandi r am es s as des c ober t as r ev ol uc i onár i as .
A depr es s ão t ambém par ec e af et ar o modo c omo o s i s t ema i munol ógi c o
r es ponde. Os i nf or t úni os e a depr es s ão f or am ex ami nados na v i da de 37
mul her es , j unt ament e c om as c él ul as T e as c él ul as NK de s eu s angue. Aquel as
que pas s av am por per í odos de gr andes mudanç as apr es ent av am a at i v i dade
das c él ul as NK mai s bai x a do que a daquel as c uj as v i das at r av es s av am per í odos
de t r anqüi l i dade. Quant o mai s depr i mi das es s as mul her es s e enc ont r av am,
pi or er a s ua r es pos t a i munol ógi c a.
Se a depr es s ão e o s of r i ment o di mi nuem t empor ar i ament e a at i v i dade
i munol ógi c a, ent ão o pes s i mi s mo, um es t ado mai s c r ôni c o, dev e di mi nui r a
at i v i dade i munol ógi c a a l ongo pr az o. I ndi v í duos pes s i mi s t as , c omo v i mos no

241

Capí t ul o 5, f i c am depr i mi dos mai s f ac i l ment e e c om mai or f r eqüênc i a. I s s o


pode s i gni f i c ar que as pes s oas pes s i mi s t as ger al ment e pos s uem uma at i v i dade
i munol ógi c a mai s f r ac a.
Par a c onf i r mar i s s o, Les l i e Kamen, gr aduanda da Uni v er s i dade da
Pens i l v âni a, e eu t r abal hamos c om J udy Rodi n, da Uni v er s i dade de Yal e. J udy
v i nha ac ompanhando a s aúde de um gr ande númer o de i dos os r es i dent es em
New Hav en, Connec t i c ut , e s uas i medi aç ões . Di v er s as v ez es por ano, es s as
pes s oas , c uj a i dade er a em médi a 71 anos , pr es t av am l ongos depoi ment os
s obr e s ua al i ment aç ão, s ua s aúde e s eus net os . Uma v ez por ano, f az i am ex ames
de s angue, par a que os s eus s i s t emas i munol ógi c os pudes s em s er c hec ados .
Cl as s i f i c amos os depoi ment os de ac or do c om o s eu c ont eúdo pes s i mi s t a e
depoi s ex ami namos o s angue r ec ol hi do, par a v er s e c ons eguí amos pr ev er a
at i v i dade i munol ógi c a. Como es per áv amos , os ot i mi s t as t i nham mel hor
at i v i dade i munol ógi c a do que os pes s i mi s t as . Des c obr i mos , ai nda, que nem o
s eu es t ado de s aúde nem o ní v el de s ua depr es s ão por oc as i ão do depoi ment o
pr ev i am r eaç ão i munol ógi c a. O pes s i mi s mo em s i par ec i a di mi nui r a at i v i dade
i munol ógi c a, i ndependent ement e de c ondi ç ões de s aúde ou depr es s ão.
Tomadas no s eu c onj unt o, t odas es s as pr ov as t or nam ev i dent e que s eu
es t ado ps i c ol ógi c o pode modi f i c ar s ua r es pos t a i munol ógi c a. As per das , a
depr es s ão e o pes s i mi s mo podem bai x ar a at i v i dade do s eu s i s t ema i munol ógi c o.
Ai nda pr ec i s a s er det er mi nado c omo i s s o ac ont ec e ex at ament e, mas há um
c ami nho pr ov áv el : c omo f oi menc i onado, c er t os neur ot r ans mi s s or es s e es got am
dur ant e es s es es t ados ; i s s o aument a o ní v el c er ebr al da mor f i na i nt er na, O
s i s t ema i munol ógi c o pos s ui r ec ept or es par a es s es hor môni os e s e des l i ga quando
a at i v i dade das endor f i nas aument a.
Se o s eu ní v el de pes s i mi s mo é c apaz de es got ar s eu s i s t ema i munol ógi c o,
t udo l ev a a c r er que o pes s i mi s mo pos s a pr ej udi c ar s ua s aúde f í s i c a dur ant e
t oda a s ua v i da.

Ot i mi s mo e uma Vi da Mai s Saudáv el

É POSSÍ VEL QUE OS OTI MI STAS VI VAM MAI S DO QUE OS PESSI MI STAS? SE
Pági na 140
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
v oc ê t i v er um es t i l o ex pl i c at i v o ot i mi s t a quando j ov em, s er á que t er á mai s
pr obabi l i dades de s er mai s s audáv el pel o r es t o da v i da?

242

Es t a não é uma per gunt a f ác i l de s er r es pondi da c i ent i f i c ament e. Não


v al e
apont ar par a as l egi ões de gent e mui t o i dos a e mos t r ar que a mai or i a é ot i mi s t a.
Podem s er ot i mi s t as por que c ons egui r am v i v er mai s e s e mant i v er am mai s
s audáv ei s , não o c ont r ár i o.
Ant es de poder mos r es ponder a es t a per gunt a, t i v emos que r es ponder a
mui t as out r as . Pr i mei r ament e, t i v emos de v er i f i c ar s e o es t i l o ex pl i c at i v o
mant ém- s e es t áv el a v i da t oda. Se o ot i mi s mo quando v oc ê é j ov em af et ar s ua
s aúde quando v oc ê f or i dos o, pode s er que s eu ní v el de ot i mi s mo dur e a v i da
t oda. Par a i nv es t i gar es s e as pec t o, Mel ani e Bur ns , al una de pós - gr aduaç ão da
Uni v er s i dade da Pens i l v âni a, e eu c ol oc amos anúnc i os em publ i c aç ões l i das
por i dos os à pr oc ur a de pes s oas que ai nda t i v es s em di ár i os que mant i nham
quando er am adol es c ent es . Tr i nt a pes s oas r es ponder am aos nos s os anúnc i os e
nos f r anquear am s eus di ár i os . Apl i c amos a t éc ni c a CAVE e c r i amos um per f i l
adol es c ent e do es t i l o ex pl i c at i v o de c ada pes s oa. Al ém di s s o, c ada v ol unt ár i o
f ez uma l onga di s s er t aç ão por es c r i t o das s uas c ondi ç ões de v i da pr es ent es : s ua
s aúde, s ua f amí l i a, s uas oc upaç ões . Também " CAVEamos " t udo i s s o, e
f or mamos um per f i l i dos o s epar ado do es t i l o ex pl i c at i v o. De que manei r a os
doi s es t i l os s e r el ac i onar am?
Des c obr i mos que o es t i l o ex pl i c at i v o par a os bons ac ont ec i ment os er a
t ot al ment e mut áv el em 50 anos . A mes ma pes s oa podi a, por ex empl o,
c ons i der ar os bons ac ont ec i ment os c omo obr a do ac as o e, mai s t ar de, ac har
que dependi am de habi l i dade. Mas nós ac hamos que o es t i l o ex pl i c at i v o par a
ev ent os r ui ns es t av a al t ament e es t abi l i z ado por mai s de 50 anos . As mul her es
que quando adol es c ent es es c r ev er am que os r apaz es não s e i nt er es s av am por
el as por que er am des t i t uí das de at r at i v os que as t or nav am " i mpos s i bi l i t adas
de s er em amadas " es c r ev er am 50 anos depoi s que s e c ons i der av am " mal - amadas "
quando os net os não i am v i s i t á- l as . A manei r a c omo enc ar amos os
ac ont ec i ment os adv er s os - nos s a t eor i a da t r agédi a - per manec e i nal t er áv el
ao l ongo de nos s as v i das .
Es s a des c ober t a- c hav e l ev ou- nos par a mai s per t o do pont o em que
podí amos per gunt ar s e o es t i l o ex pl i c at i v o de uma pes s oa j ov em af et a a s aúde
mai s t ar de na v i da, O que mai s pr ec i s áv amos par a poder f or mul ar es s a
per gunt a?
Pr ec i s áv amos de um gr upo gr ande de i ndi v í duos c om det er mi nadas
c ar ac t er í s t i c as :

243

1. Pr ec i s av am t er f ei t o, quando j ov ens , al gumas dec l ar aç ões c aus ai s que


t i v es s em s obr ev i v i do e pudes s em s er " CAVEadas " .
2. Pr ec i s áv amos t er c er t ez a de que er am s audáv ei s e bem- s uc edi dos
quando f i z er am as dec l ar aç ões j uv eni s . I s s o er a nec es s ár i o por que, s e não
f os s em s audáv ei s , ou j á t i v es s em s of r i do r ev es es , poder i am t er s e
t or nado pes s i mi s t as e menos s audáv ei s mai s t ar de. E, s e as s i m f os s e, o
ot i mi s mo c edo na v i da t er i a uma c or r el aç ão c om v i das mai s l ongas , mai s
s adi as , mas t al v ez s oment e por que s aúde pr ec ár i a ou r ev es es pr ec oc es
pr oduz em v i das menos s audáv ei s .
3. Também pr ec i s áv amos de v ol unt ár i os que t i v es s em s e s ubmet i do
r egul ar ment e a c hec k - ups f í s i c os , a f i m de que pudés s emos t r aç ar o per f i l de
s ua s aúde ao l ongo de s uas v i das .
4. Fi nal ment e, pr ec i s áv amos de v ol unt ár i os que f os s em bas t ant e i dos os ,
par a que houv es s e t odo um pas s ado de s aúde a s er pr oj et ado.
Er a pedi r mui t o. Onde é que i r í amos enc ont r ar es s a gent e?

O Es t udo Gr ant s obr e Homens


Pági na 141
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
GEORGE VAI LLANT I I UM PSI CANALI STA QUE ADMI RO MUI TO. EM 1978- 79,
el e e eu f omos c ol egas no Cent er f or Adv anc ed St udy i n t he Behav i or al
Sc i enc e, em St anf or d, Cal i f ór ni a. Geor ge ex t r ai u da ps i c anál i s e o c onc ei t o
de def es a, e a el e s e apegou. O que nos ac ont ec e ao l ongo de nos s as v i das ,
s us t ent av a, não r es ul t a pur a e s i mpl es ment e do númer o de r ev es es que
s of r emos , mas s i m da manei r a c omo nos def endemos c ont r a el es ment al ment e.
Também ac hav a que nos s os hábi t os de ex pl i c ar as adv er s i dades c ons t i t uí am
uma de nos s as def es as , e t es t ou s uas t eor i as numa úni c a amos t r a. Geor ge
t em dedi c ado mai s de uma déc ada ac ompanhando um gr upo ex c epc i onal de
homens , ent r ev i s t ando- os à medi da que dei x am a mei a- i dade par a t r ans por
os umbr ai s da v el hi c e.
Em meados dos anos 30, a Wi l l i am Gr ant Foundat i on r es ol v eu es t udar
pes s oas s audáv ei s at r av és de t oda a f ai x a adul t a de s uas v i das . Os i deal i z ador es
do es t udo pr et endi am ac ompanhar de per t o um gr upo de i ndi v í duos ex c ep-

244

c i onal ment e dot ados , a f i m de c onhec er os det er mi nant es do s uc es s o e da


boa s aúde. Par a t ant o, s el ec i onar am c i nc o t ur mas de c al our os de Har v ar d,
pr oc ur ando homens em per f ei t a f or ma f í s i c a e que f os s em i nt el ec t ual e
s oc í al ment e bem- dot ados . À c us t a de ex aus t i v os t es t es , es c ol her am 200
r apaz es - c er c a de 5% das t ur mas de 1939 a 1944 - e os t êm
ac ompanhado des de ent ão. Es s es homens , que es t ão hoj e bei r ando os 70,
c ooper am i nt egr al ment e c om es s e ex i gent e es t udo há 50 anos . De c i nc o
em c i nc o anos , s ão s ubmet i dos a r i gor os os c hec k - ups f í s i c os , s ão ent r ev i s t ados
per i odi c ament e e pr eenc hem ques t i onár i os s em f i m. For nec er am uma
v er dadei r a mi na de our o de i nf or maç ões s obr e o que f az uma pes s oa s audáv el
e bem- s uc edi da.
Quando os i deal i z ador es do Es t udo Gr ant at i ngi r am uma i dade que os
i mpedi u de c ont i nuar , pr oc ur ar am um s uc es s or s uf i c i ent ement e j ov em par a
c ont i nuar o es t udo at é o f i m das v i das dos s uj ei t os do es t udo. Foi por oc as i ão
da 25a r euni ão dos bac har éi s de Har v ar d. Os or gani z ador es es c ol her am Geor ge,
ent ão c om pouc o mai s de 30 anos e um dos mai s pr omi s s or es pes qui s ador es
de ps i qui at r i a dos Es t ados Uni dos .
A pr i mei r a des c ober t a i mpor t ant e de Geor ge bas eada no Es t udo Gr ant f oi
que a boa f or ma aos 20 anos não é gar ant i a de s aúde ou de s uc es s o. Há uma
t ax a el ev ada de i ns uc es s o e s aúde pr ec ár i a ent r e es s es homens : c as ament os
des f ei t os , f al ênc i as , enf ar t es pr emat ur os , al c ool i s mo, s ui c í di o e out r as
t r agédi as
- um dos i nt egr ant es do gr upo c hegou a s er as s as s i nado. Es s es homens
ex per i ment ar am a mes ma c ar ga de dec epç ões e c hoques mor t ai s que os s eus
c onc i dadãos nas c i dos na mes ma époc a. O des af i o t eór i c o de Geor ge f oi t ent ar
pr ev er e c ompr eender aquel es que no gr upo es t udado t er i am v i das s audáv ei s
em c ont r apos i ç ão àquel es c uj as v i das f r ac as s ar i am.
Como j á di s s e, s ua pr i nc i pal pr eoc upaç ão t em s i do c om o que el e c hama
de def es a: a manei r a c ar ac t er í s t i c a c omo as pes s oas l i dam c om os maus
ac ont ec i ment os . Al guns dos homens , quando ai nda f r eqüent av am a
uni v er s i dade, enf r ent ar am o f r ac as s o c om " def es as madur as " - humor , al t r uí s mo,
s ubl i maç ão. Out r os j amai s c ons egui r am. Quando as namor adas r ompi am c om
el es , por ex empl o, apel av am par a r ej ei ç ão, pr oj eç ão e out r as " def es as i mat ur as " .
Not av el ment e, os que t i v er am at i t udes madur as de def es a aos 20 anos v i er am
a t er v i das mui t o mai s bem- s uc edi das e s audáv ei s . Aos 60 anos , nenhum dos
homens que demons t r ar am mat ur i dade nas s uas def es as aos 20 s of r i a de doenç as

245

c r ôni c as ; ao pas s o que mai s de um t er ç o dos homens s em def es as madur as aos


20 anos t i nham má s aúde aos 60.
Ei s o gr upo que pr oc ur áv amos . Ti nham f ei t o dec l ar aç ões c aus ai s
doc ument adas quando j ov ens ; er am bem- s uc edi dos e s audáv ei s quando f i z er am as
dec l ar aç ões ; s ua s aúde t i nha s i do ac ompanhada r el i gi os ament e at r av és de s uas
v i das e agor a t i nham c hegado ao f i m da mei a- i dade. Al ém di s s o, um gr ande
Pági na 142
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
v ol ume de out r as i nf or maç ões s obr e s uas v i das e s uas per s onal i dades er a
c onhec i do. Os ot i mi s t as ent r e el es l ev ar i am uma v i da mel hor do que os
pes s i mi s t as ? Vi v er i am mai s t empo?
Gener os ament e, Geor ge c onc or dou em t r abal har c om Chr i s Pet er s on e
c omi go. Geor ge ac r edi t a s er o c ur ador de uma amos t r agem pr ec i os a e úni c a
que el e s e di s põe a " empr es t ar " ( s empr e c ui dados o em pr es er v ar o anoni mat o
dos s eus i nt egr ant es ) a c i ent i s t as s ér i os à pr oc ur a de pr ev i s or es de s aúde e
s uc es s o at r av és do es pec t r o de v i da.
Dec i di mos us ar a t éc ni c a do " env el ope f ec hado" . Geor ge di s pôs as c oi s as
de manei r a que t r abal hás s emos na c ompl et a i gnor ânc i a de quem er am os
homens e quai s del es er am s audáv ei s . Pr i mei r ament e, el e es c ol heu ao ac as o a
met ade ( 99) dos homens e nos f or nec eu ens ai os que el es t i nham es c r i t o ao
r egr es s ar em da Segunda Guer r a Mundi al em 1945- 46. Er am doc ument os mui t o
r i c os - c hei os de ex pl i c aç ões pes s i mi s t as e ot i mi s t as .

" O nav i o af undou por que o al mi r ant e er a mui t o es t úpi do. "
" Nunc a me dei bem c om os c ompanhei r os de f ar da por que el es s e
r es s ent i am do meu di pl oma de Har v ar d. "

Submet emos t odos os ens ai os à t éc ni c a CAVE e c ompi l amos um r et r at o do


es t i l o ex pl i c at i v o de c ada um dos homens no f i m de s ua moc i dade.
Fi nal ment e, num di a de nev e i nt ens a, Chr i s e eu v oamos at é Dar t mout h,
onde Geor ge é pr of es s or de ps i qui at r i a, par a abr i r o c hamado env el ope f ec hado
- i s t o é, par a s aber c omo as v i das dos homens que t í nhamos es t udado s e
r ev el ar am na pr át i c a. O que v er i f i c amos f oi que a s aúde aos 60 anos de i dade
er a f or t ement e r el ac i onada c om o ot i mi s mo aos 25. Os pes s i mi s t as t i nham
s i do ac omet i dos das doenç as da mei a- i dade mai s c edo e mai s s er i ament e do-
que os ot i mi s t as , e as di f er enç as de s aúde por v ol t a dos 45 anos j á er am
bas t ant e
ac ent uadas . Ant es dos 45 anos , o ot i mi s mo não t em nenhum ef ei t o s obr e a

246

s aúde. At é es s a i dade, os homens c ons er v am as mes mas c ondi ç ões de s aúde


dos 25 anos . Mas aos 45 o c or po mas c ul i no c omeç a a dec l i nar . A v el oc i dade e
a r api dez c om que i s s o ac ont ec e s ão c l ar ament e pr ev i s t as pel o pes s i mi s mo 25
anos ant es . E o mai s i mpor t ant e: quando i nt r oduz i mos out r os f at or es - as
def es as e a s aúde f í s i c a e ment al dos homens es t udados aos 25 anos - na
equaç ão, o ot i mi s mo c ont i nuou a s er um dos pr i nc i pai s det er mi nant es da
s aúde, c omeç ando aos 45 anos e pr os s egui ndo pel os 20 anos s egui nt es . Es s es
homens es t ão ent r ando no t empo da mor t al i dade. Por t ant o, na pr óx i ma déc ada
poder emos s aber s e o ot i mi s mo de f at o ant ec i pa uma v i da mai s l onga e mai s
s audáv el .

O Pr obl ema Ment e- c or po Rev i s i t ado

EXI STEM PROVAS CONVI NCENTES DE QUE OS ESTADOS PSI COLÓGI COS

r eal ment e af et am s ua s aúde. Depr es s ão, s of r i ment o, pes s i mi s mo: t odas es s as


mani f es t aç ões par ec em c ont r i bui r par a pi or ar a s aúde a c ur t o e a l ongo pr az os .
E, not e- s e, não é mai s um c ompl et o mi s t ér i o a manei r a c omo i s s o dev e s e
oper ar . Há uma c adei a pl aus í v el de ev ent os que c omeç a c om os r ev es es da v i da
e ac aba c om a s aúde det er i or ada.
A c adei a c omeç a c om um c onj unt o es pec í f i c o de maus ac ont ec i ment os -
per da, f r ac as s o, der r ot a- , ac ont ec i ment os que f az em v oc ê s e s ent i r
des ampar ado. Como j á v i mos , t odo mundo r eage a es s as oc or r ênc i as c om des ampar o
pel o menos t empor ár i o, e as pes s oas c om um es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a
t or nam- s e depr i mi das . A depr es s ão pr ov oc a o es got ament o das c at ec ol ami nas
e aument a a s ec r eç ão de endor f i nas . O aument o de endor f i nas pode di mi nui r
a at i v i dade do s i s t ema i munol ógi c o. O c or po es t á per manent ement e ex pos t o
aos pat ógenos - agent es das doenç as - , nor mal ment e c ont i dos pel o s i s t ema
i munol ógi c o. Quando o s i s t ema i munol ógi c o é par c i al ment e obs t r uí do pel o
el o c at ec ol omí ni c o- endor f í ni c o, es s es pat ógenos t or nam- s e uma ameaç a.
Doenç as , às v ez es c om r i s c o de v i da, pas s am a s er uma pos s i bi l i dade c omum.
Pági na 143
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Cada el o da c adei a per da- pes s i mi s mo- depr es s ão- es got ament o de
c at ec ol ami nas -
es got ament o da s ec r eç ão de endor f i nas - s upr es s ão i munol ógi c a- doenç a é t es t áv el , e
par a c ada um del es j á di s pomos de pr ov as do s eu f unc i onament o. Es s a c adei a
de ev ent os não env ol v e es pí r i t os nem t ampouc o pr oc es s os mi s t er i os os

247

i nc omens ur áv ei s . E mai s , s e es s a é r eal ment e a c adei a, a t er api a e a pr ev enç ão


podem at uar em c ada el o.

Pr ev enç ão Ps i c ol ógi c a e Ter api a


- ESTA É UMA OPORTUNI DADE QUE Só ACONTECE UMA VEZ NA VI DA -
di s s e J udy Rodi n. - Não dev emos nos pr opor a f az er al go s egur o. Dev emos
f az er aqui l o que s empr e des ej amos .
J udy , c om quem t i nha t r abal hado no es t udo de New Hav en s obr e os ef ei t os
do pes s i mi s mo no s i s t ema i munol ógi c o, es t av a i ndi gnada. Al i es t av a um
pequeno gr upo de emi nent es c i ent i s t as , l í der es mundi ai s da ps i c ol ogi a da s aúde,
di ant e da pos s i bi l i dade de f i nal ment e c ont ar c om di nhei r o s uf i c i ent e par a
t r ans f or mar s eus s onhos em r eal i dade - mas que f i m t i nham l ev ado os gr andes
s onhos ?
J udy é um pr odí gi o: pr of es s or a c at edr át i c a de Yal e, pr es i dent e da
Eas t er n
Ps y c hol ogi c al As s oc i at i on, membr o do pr es t i gi os o Nat i onal l ns t i t ut e of
Medi c i ne, t udo i s s o ant es de c ompl et ar 40 anos . Seu papel naquel a t ar de er a
de l í der da r ede da Mac Ar t hur Foundat i on s obr e s aúde e c ompor t ament o. El a
hav i a nos c onv oc ado par a di z er , naquel a gél i da manhã de i nv er no em New
Hav en, que ac hav a t er c hegado o moment o de pedi r à Mac Ar t hur Foundat i on
par a apoi ar f i nanc ei r ament e o c ampo i nc i pi ent e da ps i c oneur oi munol ogi a, o
es t udo de c omo os ev ent os ps i c ol ógi c os modi f i c am a s aúde e o s i s t ema
i munol ógi c o.
- A Mac Ar t hur Foundat i on não é i mper t i nent e - di s s e el a. - El a es t á
pr oc ur ando um t i po de pr oj et o par a f i nanc i ar c apaz de mudar a f ac e da
medi c i na, mas que s ej a mui t o ar r i s c ado par a os f i nanc i ador es nor mai s , c omo
os I ns t i t ut os Nac i onai s de Saúde, c ons i der ar em s er i ament e. E es t amos pondo
de l ado os pr oj et os c i ent í f i c os r ot i nei r os que s ubmet emos de t r ês em t r ês anos
aos I NS par a obt er f i nanc i ament o. O que é que v oc ês , no f undo de s eus
c or aç ões , r eal ment e quer em f az er mas r ec ei am pr opor ao es t abel ec i ment o?
A nor mal ment e t í mi da e de f al a mac i a Sandr a Lev y , j ov em pr of es s or a de
onc ol ogi a ps i c ol ógi c a de Pi t t s bur gh, di s s e:
- O que r eal ment e gos t ar i a de f az er - ex pôs c om emoç ão - é ex pl or ar
a t er api a e a pr ev enç ão. J udy e Mar t y nos c onv enc er am de que o es t i l o
ex pl i c at i v o

248

pes s i mi s t a pr oduz um f unc i onament o i munol ógi c o def i c i ent e e s aúde pr ec ár i a.


uma c adei a pl aus í v el pel a qual i s s o pode ac ont ec er . E ex i s t em pr ov as
c onv i nc ent es de que a t er api a c ogni t i v a modi f i c a o es t i l o ex pl i c at i v o.
I nt er v enhamos
no el o ps i c ol ógi c o. Mudemos o es t i l o ex pl i c at i v o e, s i m, l ei a meus l ábi os ,
c ur emos o c anc er .
Fez - s e um l ongo e embar aç os o s i l ênc i o. Quas e ni nguém f or a daquel e
r ec i nt o
ac r edi t ar i a que um t r at ament o ps i c ol ógi c o pudes s e r eani mar um s i s t ema
i munol ógi c o f unc i onando em c ondi ç ões c ompr omet edor as . Pouc as pes s oas
j amai s ac r edi t ar i am que uma t er api a ps i c ol ógi c a f os s e c apaz de c ur ar o c ânc er .
Par a o r es t o da pr of i s s ão médi c a i s s o s er i a v i s t o c omo c har l at ani s mo des af i ando
ac i nt os ament e o t r at ament o c ons agr ado. E nada é c apaz de des t r ui r c om t ant a
r api dez uma r eput aç ão dur ament e c onqui s t ada de c i ent i s t a pr obo quant o
s us pei t as de c har l at ani s mo. Ps i c ot er api a par a t r at ar de doenç as f í s i c as ,
Pági na 144
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
f r anc ament e!
Reuni t oda mi nha c or agem e quebr ei o s i l ênc i o.
- Conc or do c om Sandy - di s s e, s em mui t a c er t ez a de onde í amos
nos met er . - Se J udy quer al guma c oi s a v i s i onár i a, s e é s onho o que el a
quer , t udo bem, t ent emos mudar o s i s t ema i munol ógi c o por mei os
ps i c ol ógi c os . Se es t i v er mos er r ados , t er emos per di do uns doi s anos do nos s o
t empo. Se es t i v er mos c er t os , e s e c ons egui r mos c onv enc er o es t abel ec i ment o
r eal i z ando um es t udo i mpec áv el , um s e mui t o gr ande, i s s o r ev ol uc i onar á o
s i s t ema de s aúde.
Naquel a manhã, J udy Rodi n, Sandr a Lev y e eu r es ol v emos t ent ar . Pr i mei r o,
f i z emos um r equer i ment o à f undaç ão pedi ndo par a apoi ar um es t udo- pi l ot o
s obr e t er api a c ogni t i v a, a f i m de at i v ar o s i s t ema i munol ógi c o. O pedi do f oi
pr ont ament e apr ov ado e, dur ant e os doi s anos s egui nt es , t r at amos de 40
pac i ent es s of r endo a agoni a do mel anoma e do c ânc er do c ól on, duas f or mas
de c ânc er mui t o gr av es . Os pac i ent es c ont i nuar am a r ec eber s ua qui mi ot er api a
e r adi aç ões nor mai s . Al ém di s s o, uma v ez por s emana, dur ant e 12 s emanas ,
el es f or am s ubmet i dos a uma f or ma modi f i c ada de t er api a c ogni t i v a.
El abor amos uma t er api a não par a c ur ar a depr es s ão, mas par a dot ar es s es
pac i ent es de nov as manei r as de pens ar s obr e a per da: o r ec onhec i ment o de
pens ament os aut omát i c os ; di s t r aç ão; c ont es t aç ão de ex pl i c aç ões pes s i mi s t as .
( Vej a Capí t ul o 12. ) Compl ement amos a t er api a c ogni t i v a c om ex er c í c i os de
r el ax ament o par a c ombat er o es t r es s e. Também c r i amos um gr upo de c ont r ol e

249

de pac i ent es de c ânc er que r ec ebi am as mes mas t er api as f í s i c as menos a t er api a
c ogni t i v a e os ex er c í c i os de r el ax ament o.
- Pux a v i da! Voc ê pr ec i s a v er es t es númer os ! - Nunc a t i nha ouv i do
Sandy t ão ex c i t ada c omo naquel a manhã de nov embr o ao t el ef one, doi s
anos depoi s . - A at i v i dade das c él ul as NK é s ens i v el ment e mai or nos
pac i ent es de c ânc er que r ec eber am t er api a c ogni t i v a. Compl et ament e f or a
do c ont r ol e. Pux a v i da!
Em s uma, a t er api a c ogni t i v a es t i mul av a f or t ement e a at i v i dade
i munol ógi c a
- t al c omo es per áv amos que ac ont ec es s e.
Ai nda é mui t o c edo par a s aber s e a t er api a mudou o c ur s o da doenç a ou s e
s al v ou a v i da des s es pac i ent es de c ânc er . A doenç a ev ol ui mui t o mai s
v agar os ament e do que a at i v i dade i munol ógi c a, que pode s e modi f i c ar di a a
di a. O t empo di r á. Mas es s e es t udo- pi l ot o f oi s uf i c i ent e par a a Mac Ar t hur
Foundat i on. Es pí r i t os av ent ur ei r os , el es c onc or dar am em apoi ar a l ongo pr az o
o pr oj et o. A par t i r de 1990 t emos apl i c ado t er api a c ogni t i v a em pac i ent es de
c ânc er em gr ande es c al a, pr oc ur ando es t i mul ar s eus s i s t emas i munol ógi c os e
es v az i ar a doenç a - e quem s abe aument ar s uas v i das .
Com o mes mo ent us i as mo, t ambém ex per i ment ar emos a pr ev enç ão.
Apl i c ar emos os ex er c í c i os que v oc ê enc ont r ar á no Capí t ul o 12 em pes s oas que
c or r em al t o r i s c o de c ont r ai r a doenç a: i ndi v í duos r ec ent ement e di v or c i ados
ou s epar ados e r ec r ut as mi l i t ar es s er v i ndo nas r egi ões gel adas do Ár t i c o.
Comument e, es s as pes s oas apr es ent am í ndi c es de doenç a ex t r aor di nar i ament e
el ev ados . A mudanç a do s eu es t i l o ex pl i c at i v o s er á c apaz de at i v ar s uas def es as
i munol ógi c as e pr ev eni r a doenç a f í s i c a?
Temos gr andes es per anç as .

250

Capí t ul o 11

Pol í t i c a, Rel i gi ão e Cul t ur a:


Uma Nov a Ps i c o- hi s t ór i a

MI NHAS LEI TURAS DE SI GMUND FREUD NA J UVENTUDE I NFLUENCI ARAM


Pági na 145
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
poder os ament e as ques t ões que me c at i v ar am des de ent ão. Dei x ar am- me
f as c i nado pel a ps i c ol ogi a " quent e" - mot i v aç ão, emoç ão, doenç as ment ai s - e
es t r anhament e i ndi f er ent e à ps i c ol ogi a " f r i a" - per c epç ão, pr oc es s ament o de
i nf or maç ão, audi ç ão e v i s ão. Mas out r o es c r i t or da mi nha j uv ent ude,
ger al ment e menos es t i mado do que Fr eud, dei x ou uma ai nda mai s pr of unda
mar c a: I s aac As i mov , pr ol í f i c o es c r i t or de f i c ç ão c i ent í f i c a, r omanc i s t a e
v i s i onár i o.
Na i mpos s í v el - de- s e- l ar gar Tr i l ogi a da f undaç ão - num ar r oubo
adol es c ent e, l i a t r i l ogi a em 34 hor as s egui das - As i mov i nv ent a um s uper -
her ói par a gar ot os es pi nhent os i nt el ec t ual i z ados . Har i Sel den é um c i ent i s t a
que c r i a a " ps i c o- hi s t ór i a" , a f i m de pr ev er o f ut ur o. Sel den ac r edi t a que os
i ndi v í duos s ão i mpr ev i s í v ei s , mas uma mas s a de i ndi v í duos , as s i m c omo uma
mas s a de át omos , t or na- s e al t ament e pr ev i s í v el . Tudo o que v oc ê nec es s i t a s ão
as equaç ões es t at í s t i c as e os pr i nc í pi os c ompor t ament ai s de Har i Sel den ( As i mov
nunc a os r ev el a) par a pr ev er o c ur s o da hi s t ór i a e at é mes mo o des f ec ho das
c r i s es . " Que bar at o! " , pens ou o i mpr es s i onáv el adol es c ent e. " Pr ev er o f ut ur o
bas eado em pr i nc í pi os ps i c ol ógi c os ! "
Es s e " Que bar at o! " per manec eu c omi go par a o r es t o da v i da. J ov em
pr of es s or no i ní c i o dos anos 70, f i quei empol gado ao s aber que ex i s t i a de f at o
um
c ampo de at i v i dade c i ent í f i c a denomi nado ps i c o- hi s t ór i a. No s eu dev i do t empo,

251

c om o meu gr ande ami go Al an Kor s , ent ão pr of es s or - as s i s t ent e de hi s t ór i a na


Uni v er s i dade da Pens i l v âni a, di r i gi um s emi nár i o s obr e o as s unt o par a os
gr aduandos . O s emi nár i o nos deu a opor t uni dade de v er de per t o a v er s ão
ac adêmi c a da v i s ão de As i mov . Que dec epç ão.
Lemos a t ent at i v a de Er i k Er i k s on de apl i c ar os pr i nc í pi os da
ps i c anál i s e
f t eudi ana a Mar t i nho Lut er o. Lut er o, di s s e Er i k s on, as s umi u s ua at i t ude de
r ebel di a c ont r a o c at ol i c i s mo a par t i r de s uas pr át i c as s ol i t ár i as no banhei r o.
O
pr of es s or Er i k s on c hegou a es s a es pant os a c onc l us ão bas eado em f r agment os
de i nf or maç ões s obr e a i nf ânc i a de Lut er o. Es s e t i po de ex t r apol aç ão f or ç ada
não er a pos i t i v ament e o que Har i Sel den t i nha em ment e. Em pr i mei r o l ugar ,
os s eus pr i nc í pi os não l ev av am a gr ande c oi s a. Não dav am nem par a aj udar
um t er apeut a a ex pl i c ar c om c l ar ez a a r ebel di a de pac i ent es dei t ados no s eu
di v ã, c uj a i nf ânc i a el e es t av a c ans ado de c onhec er nos menor es det al hes , quant o
mai s a r ebel di a de al guém mor t o há c ent enas de anos . Em s egundo l ugar , o
que pas s av a por " ps i c o- hi s t ór i a" naquel es di as c ons i s t i a de c as os i s ol ados ,
enquant o, c omo As i mov s al i ent ar a, par a s e f az er pr ev i s ões v ál i das é nec es s ár i o
uma mas s a de ex empl os , a f i m de neut r al i z ar v ar i aç ões i ndi v i duai s i mpr ev i s í v ei s .
Em t er c ei r o l ugar , e o que er a pi or , es s e t i po de ps i c o- hi s t ór i a não pr ev i a
c oi s a
al guma. Ao c ont r ár i o, v al i a- s e de ac ont ec i ment os há mui t o c onc l uí dos e
i nv ent av a uma hi s t ór i a que - c om uma i nt er pr et aç ão ps i c anal í t i c a -
empr es t av a- l hes um c er t o s ent i do.
Quando ac ei t ei o des af i o de Gl en El der , em 1981, de des env ol v er uma
máqui na do t empo, ai nda guar dav a c omi go mui t o da c onc epç ão de As i mov ,
e pl anej ei us ar a t éc ni c a da anál i s e de c ont eúdo - a anál i s e de
pr onunc i ament os es c r i t os ou f al ados que pos s am r ev el ar o es t i l o ex pl i c at i v o -
par a
des c obr i r o gr au de ot i mi s mo de pes s oas que não r es ponder i am ao
ques t i onár i o: par es c ons t i t uí dos por mãe e f i l ha, í dol os es por t i v os , ex ec ut i v os -
c hef e abs or v i dos pel a l ut a pel o poder , l í der es mundi ai s . Mas há t ambém um
out r o gr upo numer os o de pes s oas que não podem r es ponder ao ques t i onár i o
- os mor t os , i ndi v í duos c uj os at os f i z er am hi s t ór i a. Di s s e a Gl en que a
t éc ni c a CAVE er a a máqui na do t empo c om que el e s onhav a. Fi z v er - l he que
el a podi a s er us ada não s ó c om pes s oas c ont empor âneas que não s e
s ubmet er i am ao t es t e c omo c om pes s oas que não poder i am f az ê- l o por es t ar em
mor t as . Pr ec i s áv amos apenas de dec l ar aç ões t ex t uai s del as . A par t i r des s as
dec l ar aç ões , podí amos apl i c ar a t éc ni c a CAVE par a c hegar ao es t i l o

Pági na 146
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
252

ex pl i c at i v o. Chamei a at enç ão par a o f at o de poder mos ut i l i z ar uma gr ande


v ar i edade de mat er i al : aut obi ogr af i as , t es t ament os , t r ans c r i ç ões de ent r ev i s t as
c ol et i v as , di ár i os , t r ans c r i ç ões de t er api as , c ar t as es c r i t as dos c ampos de
bat al ha, di s c ur s os de pos s e.
- Gl en - f al ei , ent us i as mado - , podemos f az er ps i c o- hi s t ór i a.
Tí nhamos , af i nal , os t r ês el ement os es s enc i ai s que Har i Sel den ex i gi a.
Pr i mei r o, pos s uí amos um pr i nc í pi o ps i c ol ógi c o s ól i do: o es t i l o ex pl i c at i v o
pr ev ê a c apac i dade de c ombat er a depr es s ão, pr ev ê as gr andes r eal i z aç ões , e
pr ev ê a per s i s t ênc i a. Segundo, t í nhamos um mét odo v ál i do de medi r o es t i l o
ex pl i c at i v o em pes s oas v i v as ou mor t as . Ter c ei r o, c ont áv amos c om um gr ande
númer o de pes s oas par a es t udar , um númer o s uf i c i ent e par a nos per mi t i r f az er
pr ev i s ões es t at í s t i c as .
Numa manhã de pr i mav er a de 1983, es t av a ex pl i c ando t udo i s s o a um
dos mai s ef er v es c ent es j ov ens gr aduandos que j á c onhec i , Har ol d Zul l ow.
Suas i déi as , s ua ener gi a, s ua or i gi nal i dade e o s eu ent us i as mo er am f or a
de s ér i e. Ex pl i quei - l he a t éc ni c a CAVE e des c r ev i os c ami nhos que el a
podi a abr i r , pr oc ur ando i mpr es s i oná- l o e r ec r ut á- l o par a a Uni v er s i dade
da Pens í l v âni a.
- O s enhor j á pens ou em apl i c ar i s s o à pol í t i c a? - per gunt ou. - Tal v ez
pudés s emos pr ev er o r es ul t ado das el ei ç ões . Apos t o que o pov o amer i c ano há
de quer er ot i mi s t as par a gov er ná- l o, l í der es que gar ant am que os s eus pr obl emas
s er ão r es ol v i dos . Se a ques t ão é c ons egui r númer os ex pr es s i v os , que t al o
t amanho do el ei t or ado amer i c ano? Não s e pode pr ev er c omo os el ei t or es
i ndi v i duai s v ot ar ão numa el ei ç ão, mas é pos s í v el pr ev er c omo v ot ar ão em mas s a.
Podemos t r aç ar um per f i l de ot i mi s mo dos doi s c andi dat os bas eado no que
el es di z em e pr ev er quem v enc er á.
Gos t ei do us o que el e f ez do nós , poi s i s s o quer i a di z er que el e v i r i a
par a
a Uni v er s i dade da Pens i l v âni a. Como de f at o v ei o, e o que f ez nos c i nc o anos
s egui nt es f oi ex t r aor di nár i o. Com uma pequena aj uda mi nha, t or nou- s e o
pr i mei r o ps i c ól ogo a pr ev er um gr ande ac ont ec i ment o hi s t ór i c o ant es que
el e oc or r es s e.

253

As El ei ç ões Pr es i denc i ai s Amer i c anas


de 1948 a 1984
QUE TI PO DE PRESI DENTE OS ELEI TORES AMERI CANOS QUEREM? O OTI MI SMO
f az di f er enç a par a o el ei t or amer i c ano?
A c i ênc i a pol í t i c a er a o pas s at empo f av or i t o de Har ol d Zul l ow, o que
c onf er i a um i nt er es s e es pec i al à pes qui s a que i ni c i ou. Rel eu t odos os di s c ur s os
de ac ei t aç ão de s uas c andi dat ur as pr of er i dos pel os gr andes per dedor es e os
gr andes v enc edor es dos úl t i mos anos . As di s c r epânc i as do pont o de v i s t a
ot i mi s t a er am gr i t ant es . Ouç am o que di s s e Adl ai St ev ens on, duas v ez es
f r agor os ament e der r ot ado, ao ac ei t ar s ua c andi dat ur a na c onv enç ão do Par t i do
Democ r at a em 1952:

Quando o t umul t o e a gr i t ar i a es mor ec em, quando as bandas s e v ão e as


l uz es s e apagam, o que f i c a é a r eal i dade nua e c r ua da r es pons abi l i dade
numa hor a da hi s t ór i a ameaç ada pel os s ombr i os e r í gi dos es pec t r os da
c ont es t aç ão, da di s c ór di a e do mat er i al i s mo dent r o de c as a, e das f or ç as
hos t i s e i nes c r ut áv ei s l á f or a.

Or at ór i a v az i a, pode s er , mas ei v ada de r umi naç ões . Fi el à s ua r eput aç ão


i nt el ec t ual , St ev ens on es t av a abor dando e anal i s ando uma per s pec t i v a adv er s a,
mas não pr opunha nenhuma medi da par a modi f i c á- l a. Ouç am s eu es t i l o
ex pl i c at i v o:
A pr ov aç ão do s éc ul o XV - a er a mai s s angr ent a e t ur bul ent a da I dade
Cr i s t ã - es t á l onge de t er mi nar . Sac r i f í c i o, pac i ênc i a e uma
det er mi naç ão i mpl ac áv el t al v ez s ej a o des t i no a que es t amos f adados por mui t os
Pági na 147
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
anos . . .
Eu não me c andi dat ar i a à Pr es i dênc i a, por que o ônus da i nv es t i dur a
des af i a a i magi naç ão. [ gr i f os meus ]
Es t as s ão duas ex pl i c aç ões ant ol ógi c as de St ev ens on. O t ex t o gr i f ado é a
ex pl i c aç ão, o t ex t o em r edondo é o ev ent o que el e ex pl i c a. Mui t o per manent e: a
pr ov aç ão que s e abat er á por mui t os anos c aus ar á s ac r i f í c i o. Mui t o abr angent e:

254

o pes o do enc ar go l ev a- o a não des ej ar a c andi dat ur a. Adl ai St ev ens on, um


homem de i nt el i gênc i a pr i v i l egi ada, er a um bur ac o negr o emoc i onal ment e.
Seu es t i l o ex pl i c at i v o er a depr es s i v o da mes ma f or ma que o s eu í ndi c e de
r umi naç ão.
Os di s c ur s os de Dwi ght D. Ei s enhower , adv er s ár i o de St ev ens on por duas
v ez es , er am o mai s di f er ent e pos s í v el dos de St ev ens on - bai x o t eor de
r umi naç ão, ot i mi s t as no es t i l o ex pl i c at i v o e r epl et os de r ef er ênc i as à aç ão.
Ouç am Ei s enhower ( " I r ei à Cor éi a" ) , ao ac ei t ar a i ndi c aç ão do Par t i do
Republ i c ano em 1952:
Hoj e é o pr i mei r o di a de nos s a bat al ha.
A es t r ada que l ev a a 4 de nov embr o é uma es t r ada de l ut a. Nes s a
l ut a, não poupar ei nada.
J á me v i ant es à v és per a de uma bat al ha. Ant es de c ada of ens i v a,
t i nha por hábi t o pr oc ur ar meus c omandados nos s eus ac ampament os e
ao l ongo das es t r adas par a f al ar - l hes c ar a a c ar a s obr e s uas pr eoc upaç ões
e di s c ut i r c om el es a gr ande mi s s ão em que es t áv amos engaj ados .

Os di s c ur s os de Ei s enhower não t i nham a gr aç a e a s ut i l ez a da pr os a de


St ev ens on. Não obs t ant e, Ei s enhower v enc eu por ampl a mar gem t ant o em
1952 quant o em 1956. E, c l ar o que el e er a um gr ande her ói da guer r a e,
em c ompar aç ão c om os del e, os ant ec edent es do s eu adv er s ár i o er am mui t o
mai s modes t os . Os hi s t or i ador es duv i dam que al guém f os s e c apaz de der r ot ar
Ei s enhower e, na v er dade, t ant o os democ r at as quant o os r epubl i c anos qui s er am
es c ol hê- l o c omo c andi dat o. Mas s er á que o ot i mi s mo de Ei s enhower e o
pes s i mi s mo de St ev ens on t i v er am al guma i nf l uênc i a no r es ul t ado das el ei ç ões ?
Ac r edi t amos que s i m.
O que poder á ac ont ec er a um c andi dat o à Pr es i dênc i a que t enha um es t i l o
mai s pes s i mi s t a e mai s r umi nat i v o do que s eu oponent e? Pode hav er t r ês
c ons eqüênc i as , t odas negat i v as .
Pr i mei r o, o c andi dat o c om o es t i l o mai s s ombr i o dev er á s er mai s pas s i v o,
dev er á per c or r er menos c i dades dur ant e a c ampanha e r eagi r mai s l ent ament e
ao des af i o.
Segundo, dev er á s er menos quer i do pel os el ei t or es ; ex per i ênc i as
c ont r ol adas
demons t r ar am que as pes s oas depr i mi das s ão menos apr ec i adas do que as não-

255

depr i mi das e s ão mai s pas s í v ei s de s er em ev i t adas . I s s o não quer di z er ,


ent r et ant o,
que os c andi dat os à Pr es i dênc i a s ej am depr i mi dos - ger al ment e, não s ão - ,
mas s i m que o el ei t or é pec ul i ar ment e s ens í v el às mui t as f ac et as do ot i mi s mo
e det ec t a as menor es di f er enç as ent r e doi s c andi dat os .
Ter c ei r o, o c andi dat o mai s pes s i mi s t a ger al ment e i ns pi r a menos c onf i anç a
no el ei t or . As dec l ar aç ões per manent es e abr angent es que os pes s i mi s t as f az em
ac er c a de ac ont ec i ment os adv er s os dei x am ent r ev er des ampar o. Quant o mai s
o c andi dat o r umi na, mai s dei x a ent r ev er es s e des ampar o. Se os el ei t or es quer em
um pr es i dent e que os f aç a ac r edi t ar que r es ol v er á os pr obl emas do paí s ,
es c ol her ão f at al ment e um ot i mi s t a.
Es s as t r ês c ons eqüênc i as t omadas em c onj unt o per mi t em pr ev er que o
mai s pes s i mi s t ament e r umi nat i v o dos doi s c andi dat os é que s er á der r ot ado.
Par a t es t ar s e o ot i mi s mo dos c andi dat os af et a de f at o o r es ul t ado das
el ei ç ões , pr ec i s áv amos di s por de um c enár i o- padr ão no qual os di s c ur s os
Pági na 148
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
dos doi s c andi dat os pudes s em s er c ompar ados uns c om os out r os e c om os dos
s eus ant ec es s or es . Há um c enár i o per f ei t o - o di s c ur s o de ac ei t aç ão de
i ndi c aç ão do s eu nome, no qual o c andi dat o es boç a s uas i déi as par a o f ut ur o
da naç ão. At é 40 anos at r ás , os di s c ur s os er am pr of er i dos par a os f i éi s
c or r el i gi onár i os do par t i do num gr ande r ec i nt o, e não c hegav am ao r ec es s o da
gr ande mai or i a dos l ar es amer i c anos . Mas , a par t i r de 1948, pas s ar am a at i ngi r
gr andes audi ênc i as at r av és da t el ev i s ão. As s i m, a par t i r daquel e ano, ex t r aI mos
t odas as dec l ar aç ões c aus ai s de t udo quant o f oi di s c ur s o de ac ei t aç ão de
c andi dat ur a nas 10 úl t i mas el ei ç ões , embar al hamos o mat er i al c ompi l ado e o
ent r egamos a av al i ador es - que i gnor av am a quem el e per t enc es s e - par a
que o c l as s i f i c as s em de ac or do c om a CAVE. Al ém di s s o, qual i f i c amos o gr au
de r umi naç ão, l ev ando em c ont a as f r as es que av al i am ou anal i s am um mau
ac ont ec i ment o s em pr opor qual quer t i po de pr ov i dênc i a. Também qual i f i c amos
a " aç ão- or i ent aç ão" , i s t o é, a per c ent agem de f r as es que menc i onam o que o
c andi dat o f ez ou pr et ende f az er . Somamos o es c or e do es t i l o ex pl i c at i v o ao
es c or e da r umi naç ão par a obt er um r es ul t ado t ot al , que c hamamos de r umpes s
( r umi naç ãopes s i mi s t a) . Quant o mai s el ev ado o es c or e de r umpes s , pi or o es t i l o
do c andi dat o.
A pr i mei r a c oi s a que des c obr i mos quando c ompar amos os es c or es de
r umi naç ão pes s i mi s t a dos doi s c andi dat os em c ada uma das el ei ç ões de 1948
a 1984 f oi que o c andi dat o c om o es c or e mai s bai x o - o c andi dat o mai s

256

ot i mi s t a - v enc eu nov e em 10 el ei ç ões . Li mi t ando- s e a ex ami nar o c ont eúdo


dos di s c ur s os , ac er t amos mai s do que as pes qui s as de opi ni ão.
Per demos uma - a el ei ç ão Ni x on- Humphr ey , em 1968. Huber t
Humphr ey er a l i gei r ament e mai s ot i mi s t a do que Ni x on. Pel o menos
demons t r ou s er no di s c ur s o de ac ei t aç ão da s ua c andi dat ur a, e por i s s o o
es c ol hemos . Mas ac ont ec eu al go no per c ur s o que det er mi nou a der r ot a nas
ur nas . O di s c ur s o de Humphr ey na c onv enç ão de Chi c ago f oi ac ompanhado
por di s t úr bi os nas r uas da c i dade, em que pol i c i ai s es panc ar am hi ppi es . A
popul ar i dade de Humphr ey c ai u v er t i c al ment e e el e c omeç ou a c ampanha -
a menor da hi s t ór i a moder na - 15% abai x o das pr ev i s ões . Mas as c oi s as não
f i c ar am por aí . Humphr ey f oi aos pouc os ganhando t er r eno, e no di a das
el ei ç ões per deu o v ot o popul ar por menos de 1%. Se a c ampanha t i v es s e dur ado
mai s t r ês di as , di z em os pes qui s ador es , o ot i mi s t a Humphr ey t er i a ganho.
Como o t amanho da v i t ór i a s e r el ac i ona c om a di f er enç a do í ndi c e de
r umpes s dos c andi dat os ? Mui t o f or t ement e. Os c andi dat os que er am mai s
ot i mi s t as der r ot ar am s eus adv er s ár i os por es magador a mar gem de v ot os :
Ei s enhower ( duas v ez es ) c ont r a St ev ens on, Ly ndon J ohns on c ont r a Gol dwat er ,
Ni x on c ont r a Mc Gov er n e Reagan c ont r a Car t er . Os c andi dat os que er am
apenas um pouc o mai s ot i mi s t as do que os s eus adv er s ár i os ac abar am ganhando
por uma di f er enç a mí ni ma: por ex empl o, Car t er c ont r a For d.
Mas , es per e um moment o. O que é que v em pr i mei r o, o ot i mi s mo ou o
f at o de es t ar na f r ent e? O mai or ot i mi s mo do f ut ur o v enc edor f az c om que os
el ei t or es v ot em nel e ou apenas r ef l et e o f at o de el e s er ot i mi s t a por que es t á
l i der ando as pr ev i s ões ? O ot i mi s mo é c aus al ou é um mer o epi f enômeno
dec or r ent e da c ondi ç ão de s er f av or i t o?
Uma boa manei r a de s e ol har a ques t ão é ac ompanhar os az ar ões que
v i er am l á de t r ás e ac abar am ganhando. Por def i ni ç ão, t odos el es c omeç ar am
abai x o das pr ev i s ões , al guns mui t o abai x o. A l i der anç a não os podi a f az er mai s
ot i mi s t as s i mpl es ment e por que não es t av am l i der ando. Em 1948, Tr uman
c omeç ou 13% at r ás de Dewey , mas o s eu r umpes s er a mui t o mai s ot i mi s t a do
que o de Dewey . Tr uman v enc eu por 4, 6% c onf undi ndo t odos os pes qui s ador es .
Em 1960, J ohn Kennedy c omeç ou 6, 4% at r ás de Ri c har d Ni x on. O ní v el
r umpes s de Kennedy er a c ons i der av el ment e mai s ot i mi s t a do que o de Ni x on;
el e ac abou v enc endo pel a mar gem í nf i ma de 0, 2%, a mai s aper t ada de t odas
as el ei ç ões moder nas . Em 1980, Ronal d Reagan c omeç ou 1, 2% at r ás deJ i mmy

257

Car t er . O r umpes s de Reagan er a mai s ot i mi s t a e el e ac abou v enc endo por mai s


de 10%.
Pági na 149
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Há t r ês pos s í v ei s r az ões pel as quai s o ot i mi s mo age s obr e os el ei t or es : a
c ampanha mai s enér gi c a do ot i mi s t a; mai or des c ont ent ament o em r el aç ão ao
pes s i mi s t a e mai or es per anç a i ns pi r ada pel o ot i mi s t a. Não t emos uma medi da
di r et a do s egundo ou do t er c ei r o f at or es , mas em s et e das 10 el ei ç ões pudemos
c ont ar o númer o de c omí c i os f ei t os por di a por c andi dat o - uma medi da do
v i gor da c ampanha. Conf or me pr ev i s t o, o c andi dat o mai s ot i mi s t a f ez mai s
c omí c i os : mos t r ou- s e o c andi dat o mai s v i gor os o em c ampanha.
O di s c ur s o de ac ei t aç ão da c andi dat ur a ger al ment e é f ei t o por
enc omenda e é r ees c r i t o mui t as v ez es . Ser á que el e r ef l et e o ní v el r eal de
ot i mi s mo do c andi dat o, ou r ef l et e o ot i mi s mo de quem es c r ev eu o di s c ur s o,
ou o que o c andi dat o pens a que o públ i c o quer ouv i r ? Sob c er t o as pec t o,
i s s o não t em i mpor t ânc i a. Es s a anál i s e do ot i mi s mo pr ev ê o que os l ei t or es
f ar ão bas eados na i mpr es s ão que t êm do c andi dat o, s ej a es s a i mpr es s ão v ál i da
ou mani pul ada. Mas s ob out r o as pec t o, é i mpor t ant e s aber c omo o
c andi dat o é r eal ment e. Uma manei r a de s e c ons egui r i aao é c ompar ar ent r ev i s t as
c ol et i v as e debat es , que s ão mai s es pont âneos , c om di s c ur s os pr epar ados .
Fi z emos i s s o nas quat r o el ei ç ões em que houv e debat es . Em c ada uma
del as , o c andi dat o c uj o r umpes s er a mel hor por oc as i ão da i ndi c aç ão
par t i dár i a t ambém s e s ai u mel hor nos debat es .
Av al i ei ent ão di s c ur s os e ent r ev i s t as c ol et i v as de mei a dúz i a de
l í der es
mundi ai s ( c uj as i dent i dades des c onhec i a) , a f i m de es boç ar s eu es t i l o
ex pl i c at i v o. Si ngul ar ment e, enc ont r ei uma " i mpr es s ão di gi t al " que per manec e
c ons t ant e em di s c ur s os , dec l ar aç ões de i mpr ov i s o e ent r ev i s t as c ol et i v as . Os
es c or es de per manênc i a e de abr angênc i a s ão i dênt i c os em di s c ur s os do
pr ópr i o punho ou enc omendados a t er c ei r os , e c ada l í der que es t udei t i nha
um per f i l di f er ent e. ( Tenho a i mpr es s ão de que es s a t éc ni c a poder i a s er
empr egada par a det er mi nar s e uma mens agem es c r i t a pr ov ém r eal ment e da
pes s oa em ques t ão - di gamos , um r ef ém nas mãos de s eqües t r ador es . ) O
es c or e de per s onal i z aç ão apont ou uma c ons t ant e na mudanç a dos di s c ur s os
par a as ent r ev i s t as . Em out r as pal av r as , as ex pl i c aç ões pes s oai s , c omo admi s s ão
de c ul pa, f or am ex pur gadas dos di s c ur s os f or mai s , mas s ão um pouc o mai s
f r eqüent es em dec l ar aç ões i nf or mai s .

258

Conc l uí que, es c r i t as pel o pr ópr i o ou não, as v er s ões de di s c ur s os


pr ev i ament e
pr epar ados r ef l et em a per s onal i dade s ubj ac ent e do or ador . Ou el e r ees c r ev e o
di s c ur s o, adapt ando- o ao s eu gr au de ot i mi s mo, ou es c ol he ghos t wr i t er s c om
quem t enha af i ni dades nes s e par t i c ul ar . Mas houv e pel o menos uma ex c eç ão -
Mi c hael Duk ak i s .

1900- 1944

RESOLVEMOS VERI FI CAR SE NOSSA PREVI SÃO DE NOVE DAS 10 ELEI ÇÕES de
pós - guer r a t i nha s i do um gol pe de s or t e, ou s e, por v ent ur a, o v ot o
f av or ec endo os ot i mi s t as er a apenas um f enômeno da er a da t el ev i s ão. Lemos t odos
os
di s c ur s os de ac ei t aç ão de c andi dat ur as des de a c ampanha Mc Ki nl ey - Br y an em
1900. Anal i s amo- as s em s aber de quem s e t r at av a, pr oc ur ando es t abel ec er o
es t i l o ex pl i c at i v o e o gr au de r umi naç ão dos c andi dat os . Com i s s o,
ac r es c ent amos mai s 12 el ei ç ões ao nos s o c ur r í c ul o.
Ac ont ec eu a mes ma c oi s a. Em nov e das 12 el ei ç ões , v enc eu o c andi dat o
c om mel hor r umpes s . A mar gem de v i t ór i a nov ament e demons t r ou s er mui t o
l i gada à s uper i or i dade do es c or e de r umpes s do v enc edor . As t r ês ex c eç ões -
c omo a " ex c eç ão" Ni x on- Humphr ey - f or am i nt er es s ant es . Er r amos nas t r ês
r eel ei ç ões de Fr ank l i n D. Roos ev el t . Em c ada uma, FDR v enc eu por uma boa
mar gem, embor a s eu gr au de r umi naç ão pes s i mi s t a f os s e pi or do que os de
Al f r ed M. Landon, Wendel l L. Wi l l k i e ouThomas E. Dewey . Mas s us pei t amos
que nes s as el ei ç ões os v ot os t enham s i do i nf l uenc i ados mai s pel a c ompr ov ada
c ompet ênc i a de Roos ev el t di ant e das c r i s es do que pel a mens agem de es per anç a
c ont i da nos di s c ur s os de s eus adv er s ár i os .
Nas 22 el ei ç ões pr es i denc i ai s de 1900 at é 1984, os amer i c anos es c ol her am
Pági na 150
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
o c andi dat o s upos t ament e mai s ot i mi s t a 18 v ez es . Em t odas as el ei ç ões em
que um " l ant er ni nha" l ogr ou gal gar pos i ç ões f oi por que s e t r at av a de um
ot i mi s t a. A mar gem de v i t ór i a f oi mui t o f or t ement e r el ac i onada c om a mar gem
de r umpes s , oc or r endo " gol eadas " em que os c andi dat os mai s ot i mi s t as l ev ar am
a mel hor .
Tendo pr ev i s t o o pas s ado c om s uc es s o, Har ol d Zul l ow e eu ac hamos que
er a hor a de pr ev er o f ut ur o.

259

A El ei ç ão de 1988
A PSI CO- HI STÓRI A TAL COMO É PRATI CADA NOS MEI OS ACADÊMI COS TENTA

" pós - v er " os ac ont ec i ment os - pr ev er o pas s ado es t udando o pas s ado
r emot o. As s i m, no not ór i o YoungMan Lut her , Er i k Er i k s on j unt a o que c ons egui u
c at ar s obr e os hábi t os de banhei r o de Lut er o e " pr ev ê" que el e s e t or nar á um
r el i gi os o r ev ol uc i onár i o, det er mi nado a des t r ui r a aut or i dade. Sem mai or es
s ur pr es as , f oi ex at ament e i s s o o que Lut er o s e t or nou. Par ec e hav er uma ampl a
mar gem par a a bi s bi l hot i c e quando s e c onhec e o des f ec ho de ant emão.
O mes mo s e pode di z er de nos s a pr ev i s ão às av es s as das úl t i mas el ei ç ões
pr es i denc i ai s . Sabí amos quem t i nha ganho, e embor a t i v és s emos t ent ado mant er
a anál i s e pur a e os av al i ador es c egos - el es não s abi am quem t i nha di t o o
quê - , um l ei t or c ét i c o t er i a o di r ei t o de di z er : " Pr ev ej am al guma c oi s a! " A
ps i c o- hi s t ór i a t or na- s e i nt er es s ant e do pont o de v i s t a pr át i c o e
met odol ogi c ament e ac i ma de qual quer s us pei t a c as o s e pr oponha pr ev er o
f ut ur o, c omo Har i Sel den pr ec oni z ou.
Em f i ns de 1987, depoi s de doi s anos de t r abal ho, Har ol d Zul l ow c onc l ui u
s uas anál i s es s obr e as el ei ç ões de 1900 a 1984.
Fi nal ment e, es t áv amos pr ont os par a t ent ar pr edi z er o que ac ont ec er i a em
1988. Nenhum c i ent i s t a s oc i al j amai s pr ev i r a ac ont ec i ment os hi s t ór i c os
r el ev ant es ant es do f at o c ons umado. Os ec onomi s t as es t ão s empr e pr ev endo
per í odos de ex pans ão e de r ec es s ão, mas quando as c oi s as não ac ont ec em
ex at ament e c omo ant ec i par am, par ec em s umi r de c i r c ul aç ão. As des c ober t as
que t í nhamos f ei t o no pas s ado mos t r av am- s e t ão s ól i das que nos s ent i mos
c om c or agem par a ar r i s c ar nos s os pes c oç os .
Dec i di mos f az er pr ev i s ões em t r ês ár eas di s t i nt as . Pr i mei r o, as
pr i már i as
pr es i denc i ai s : quem s er i a o c andi dat o de c ada par t i do? Segundo, quem v enc er i a
as el ei ç ões pr opr i ament e di t as ? E t er c ei r o, hav er i a 33 c or r i das ao Senado par a
s e pr ev er os r es ul t ados . Começ ar í amos i medi at ament e a c ol her di s c ur s os do
mai or númer o pos s í v el de c andi dat os .

260

As Pr i már i as Pr es i denc i ai s de 1988


EM J ANEI RO DE 1988, 13 CONCORRENTES ESTAVAM NOS SEUS PALANQUES
f al ando t odo s ant o di a em New Hamps hi r e, I owa, e onde quer que f os s e. Sei s
r epubl i c anos pi nt av am c omo f r anc os f av or i t os , es t ando Rober t Dol e e Geor ge
Bus h pr at i c ament e empar el hados nas pr ev i s ões . Nos c í r c ul os das al t as
f i nanç as , ac hav a- s e que Bus h l ev ar i a a pi or , Dol e er a c ons i der ado mai s dur o do
que
Bus h. Mas o ev angél i c o Pat Rober t s on, o c ons er v ador J ac k Kemp e o gener al
Al ex ander Hai g não podi am s er pos t os de l ado.
A c or r i da do Par t i do Democ r at a c omeç av a a t omar al ent o. Gar y Har t
par ec i a es t ar dando a v ol t a por c i ma, depoi s de um es c ândal o de c ani t er s ex ual
em que s e env ol v er a, e l i der av a as pr ev i s ões . O s enador Paul Si mon, o
gov er nador Mi c hael Duk ak i s , o s enador Al ber t Gor e e o deput ado Ri c har d
Gephar dt , t odos el es , di z i a- s e, t i nham c hanc e. Pens av a- s e que o r ev er endo
J es s e J ac k s on obt er i a apenas os v ot os do el ei t or ado negr o.
The New Yor k Ti mes publ i c av a os di s c ur s os bás i c os que os c andi dat os
f az i am
Pági na 151
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
di v er s as v ez es por di a c om pequenas modi f i c aç ões . Apl i c amos a CAVE em
t odos os 13 e os anal i s amos par a apur ar o ní v el de r umpes s de c ada um de s eus
aut or es . Fi z emos nos s as pr ev i s ões . No f i m de s emana que ant ec edeu as
c onv enç ões de f ev er ei r o, Har ol d - pr eoc upado c om a hi pót es e de não
ac r edi t ar em que t í nhamos pr ev i s t o o f ut ur o, c as o ac er t ás s emos - i ns i s t i u par a
que c ol oc ás s emos nos s as pr ev i s ões em env el opes l ac r ados e os env i as s emos
par a o The New Yor k Ti mes e par a o admi ni s t r ador do Depar t ament o de
Ps i c ol ogi a da Uni v er s i dade da Pens i l v âni a.
- Se es t i v er mos c er t os - ponder ou Har ol d - , não quer o que al guém
duv i de da nos s a l i s ur a.
As pr ev i s ões f or am i nequí v oc as . Ent r e os democ r at as des t ac av a- s e um
v enc edor i ns of i s máv el : o ai nda obs c ur o gov er nador de Mas s ac hus et t s , Mi c hael
Duk ak i s . Em t er mos de r umpes s el e er a i nc ompar av el ment e mel hor do que os
out r os . Hav i a um per dedor ev i dent e: Gar y Har t , o mac ul ado s enador pel o
Col or ado, es t av a no f undo da r umi naç ão pes s i mi s t a, apr es ent ando na v er dade
os s i nt omas de uma v í t i ma da depr es s ão.
J á o ní v el de r umpes s de J es s eJ ac k s on er a bas t ant e bom, s uger i ndo
oc ul t ar
uma f or ç a c apaz de s ur pr eender os pr ognós t i c os dos ent endi dos . Duk ak i s ,

261

nat ur al ment e, v enc eu, e Har t f i c ou em úl t i mo l ugar , abandonando a c or r i da.


J ac k s on s ur pr eendeu o mundo e f ez de s ua v i t ór i a uma c aus a.
Ent r e os r epubl i c anos , t ambém hav i a um v enc edor i ndi s c ut í v el : Geor ge
Bus h, de l onge o mai s ot i mi s t a, c om um r umpes s mel hor at é que o de Duk ak i s .
Rober t Dol e apar ec i a mui t o at r ás na l i s t a, c om uma di f er enç a de r umpes s mai or
do que a ex i s t ent e ent r e Duk ak i s e Har t . De ac or do c om nos s as pr ev i s ões ,
Dol e s e ec l i ps ar i a r api dament e. Ai nda mai s at r ás na l i s t a es t av a J ac k s on, e por
úl t i mo Hai g, c om o r umpes s mai s s ombr i o. Rober t s on, s egundo pr ev i mos ,
não i r i a mui t o l onge, e Hai g of us c ou- s e por c ompl et o.
Como s e v i u, Bus h s uper ou Dol e mai s f ac i l ment e do que er a dado s upor .
A c andi dat ur a de Rober t z on não c hegou a dec ol ar , par a gr ande des ol aç ão da
Mai or i a Mor al . Hai g f oi o mai or per dedor , s em c hegar a s er um s upl ent e.
Cus t ei a ac r edi t ar quando Hs r ol d e eu nos s ent amos , em pr i nc í pi os
de mai o, par a c hec ar c omo t i nham s e c ompor t ado as pr ev i s ões que
hav i amos c ol oc ado nos env el opes f ec hados em f ev er ei r o. De manei r a
pr at i c ament e per f ei t a.

A Campanha Pr es i denc i al de 1988


SOMENTE A METADE DAS PRI MARI AS TI NHA TERMI NADO QUANDO RECEBEMOS

um t el ef onema do The New Yor k Ti mes . O r epór t er par a quem env i amos
nos s as pr ev i s ões ( na v er dade, f oi el e quem s uger i u que apl i c ás s emos a CAVE
nos di s c ur s os bás i c os ) , v endo c omo os nos s os pr ognós t i c os t i nham f unc i onado
bem, es c r ev er a um ar t i go s obr e el es , e publ i c ado na pr i mei r a
pági na" , di s s e el e, e per gunt ou quem i r i a ganhar a el ei ç ão. Tent amos s er
ev as i v os . Nos di s c ur s os bás i c os , c onduí mos , Bus h mos t r ar a- s e f r anc ament e
mai s ot i mi s t a do que Duk ak i s . Bus h ganhar i a a el ei ç ão por uma mar gem de
6%. Mas não quer í amos f az er uma pr ev i s ão bas eados apenas nos di s c ur s os
bás i c os . Não s ó hav i a pouc as ex pl i c aç ões de ac ont ec i ment os no di s c ur s o de
Bus h, c omo t odos os nos s os dados ant er i or es s obr e el ei ç ões pr es i denc i ai s
t i nham s i do bas eados em di s c ur s os de ac ei t aç ão de c andi dat ur as , não em
di s c ur s os de pr i már i as .
Har ol d es t av a pr eoc upado, mas por out r o mot i v o. Di ant e de ambas as
c ampanhas , a r epubl i c ana e a democ r at a, t i nham nos pr oc ur ado s em per da de

262

t empo, quer endo di v ul gar nos s o mét odo de pr ev i s ão. Har ol d di s s e que não
s e i mpor t ar i a c om a c ur i os i dade dos r epór t er es - eu ac hav a at é que el e a
Pági na 152
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
apr ec i ar i a - , mas es t av a pr eoc upado c om os pr ópr i os c andi dat os . E s e de
r epent e el es us as s em nos s os pr i nc í pi os par a r ees c r ev er s eus di s c ur s os mai s ao
gos t o do que os el ei t or es quer i am? I s s o i nv al i dar i a nos s as pr ev i s ões par a as
pr óx i mas el ei ç ões .
Di s s e a el e, um t ant o c ont r af ei t o, que não s e pr eoc upas s e. Os pol í t i c os
amer i c anos , ac r es c ent ei , er am mui t o t ei mos os par a l ev ar nos s a pes qui s a a
s ér i o s em mai s nem menos . Eu mes mo quas e não ac r edi t av a nas s uas
r ev el aç ões . Por i s s o, ac hav a pouc o pr ov áv el que um as s es s or qual quer f os s e s e
v al er
del as par a r ees c r ev er di s c ur s os . Suger i que env i ás s emos o mat er i al t ant o par a
os r epubl i c anos quant o par a os democ r at as ; nos s a pes qui s a per t enc i a ao
públ i c o. Os c andi dat os em c ampanha t i nham t ant o di r ei t o a el a quant o
qual quer out r a pes s oa.
Numa noi t e quent e de j ul ho, Har ol d e eu s ent amo- nos na mi nha s al a de
es t ar par a ouv i r ao v i v o o di s c ur s o de ac ei t aç ão do gov er nador Duk ak i s . Di z i a- s e
que Duk ak i s c ol oc ar a mui t a ênf as e nes s e di s c ur s o e que Theodor e Sor ens on
- o gr ande r edat or de di s c ur s os de J ohn E Kennedy - t i nha s i do ex umado
par a r as c unhá- l o. De l ápi s em punho, anot áv amos as r umi naç ões e as
ex pl i c aç ões à medi da que Duk ak i s as pr onunc i av a. Fi quei enc ar r egado das
ex pl i c aç ões e Har ol d, das r umi naç ões .
No mei o do di s c ur s o, mur mur ei par a Har ol d:
- Vai s er uma bar bada! Se c ont i nuar as s i m, ni nguém c ons egui r á v enc ê- l o.

É hor a de r eac ender o es pí r i t o amer i c ano de i nv enç ão e de audác i a; de


t r oc ar uma ec onomi a de f ei t i c ei r os por uma ec onomi a de r eal i z ador es ;
de c ons t r ui r a mel hor Amér i c a ex t r ai ndo o mel hor de c ada amer i c ano.

Er a de f at o uma bar bada. O t eor de r umpes s er a i mpr es s i onant ement e


ot i mi s t a. Tr at av a- s e de um dos mai s ot i mi s t as de t odos os di s c ur s os moder nos
de ac ei t aç ão de c andi dat ur a - c om ex c eç ão do di s c ur s o de Ei s enhower em
1952 e de Humphr ey em 1968. Er a mui t o mel hor em t er mos de r umpes s do
que t i nha s i do o di s c ur s o bás i c o de Duk ak i s . Seu ot i mi s mo par ec i a t er
c r es c i do des de as pr i már i as .

263

O públ i c o t ambém gos t ou. Duk ak i s emer gi u da c onv enç ão c om uma


ex pr es s i v a v ant agem nos pr ognós t i c os .
Geor ge Bus h s er i a c apaz de s uper ar t al des empenho?
Mal podí amos es per ar at é o f i m de agos t o par a ouv i r o di s c ur s o de Bus h
per ant e a c onv enç ão do Par t i do Republ i c ano em Nov a Or l eans . Também f oi
um s uc es s o es t r ondos o. As ex pl i c aç ões de Bus h par a os nos s os pr obl emas
f or am c al ç adas em t er mos al t ament e es pec í f i c os e t empor ár i os :
Há s ubor no na Pr ef ei t ur a; ganânc i a em Wal l St r eet ; t r áf i c o de
i nf l uênc i as em Was hi ngt on, e as c or r upç ões menor es da ambi ç ão do di a- a- di a.
Tendo em v i s t a o c ont eúdo de r umpes s , o di s c ur s o de Bus h, na mai or i a das
el ei ç ões dos t empos moder nos , t er i a s upl ant ado o do out r o c andi dat o. Tal ,
ent r et ant o, não ac ont ec eu em r el aç ão ao di s c ur s o de j ul ho de Duk ak i s . O
di s c ur s o de Bus h f oi um pouc o mai s r umi nat i v o e menos ot i mi s t a do que o de
Duk ak i s . I nt r oduz i mos os númer os de r umi naç ão pes s i mi s t a em nos s as
equaç ões e gi r amos a mani v el a. Bas eados no di s c ur s o de ac ei t aç ão da i ndi c aç ão de
s eu nome, pr ev i mos uma v i t ór i a aper t ada par a Duk ak i s : 3%.
Nunc a apos t ei em qual quer ev ent o - es por t i v o ou de qual quer out r a
nat ur ez a. Mas aquel e par ec i a i mper dí v el . Ent r ei em c ont at o c om os s al ões de
j ogos de Las Vegas . Rec us ar am- s e a ac ei t ar apos t as . Di s s er am- me que er a i l egal
banc ar j ogo em c i ma de pal pi t es s obr e as el ei ç ões pr es i denc i ai s . Er a par a
i mpedi r
que t ent as s em mani pul ar o r es ul t ado de uma el ei ç ão. " Tent e a I ngl at er r a" , me
ac ons el har am.
Ac ont ec e que, em pr i nc i pi o de s et embr o, eu me enc ont r av a na Es c óc i a,
f az endo uma s ér i e de pal es t r as . Ti nha ec onomi z ado al gumas l i br as e es t av a
di s pos t o a apos t á- l as em Duk ak i s . Um ami go me l ev ou a di v er s as c as as de
Pági na 153
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
apos t as . Como Bus h hav i a pas s ado a f r ent e de Duk ak i s na bol s a de pal pi t es
des de o s eu di s c ur s o na c onv enç ão, pude negoc i ar c hanc es de 6 c ont r a 5. A
apos t a f oi f ei t a.
Quando r egr es s ei a Fi l adél f i a, menc i onei a Har ol d a apos t a e of er ec i - l he
s oc i edade. Har ol d di s s e que não t i nha c er t ez a s e a ac ei t ar i a. Di s s e que não
es t av a c onv enc i do de que o que t í nhamos ouv i do em j ul ho er a o v er dadei r o
Duk ak i s . Sent i um f r i o na es pi nha. Har ol d v i nha l endo os di s c ur s os de Duk ak i s
des de o Di a do Tr abal ho, e el es não s e par ec i am c om o di s c ur s o da c onv enç ão.

264

O mes mo ac ont ec i a c om r el aç ão ao di s c ur s o bás i c o. Har ol d c omeç ou a i magi nar


s e o di s c ur s o de ac ei t aç ão não s er i a mai s de Sor ens on do que de Duk ak i s ou,
pi or ai nda, s e el e não t er i a s i do mani pul ado par a apr es ent ar um ní v el bai x o de
r umpes s . Di s s e que pr ef er i a es per ar at é o pr i mei r o debat e ant es de apos t ar o
s eu s al ár i o de gr aduando.
Nas out r as quat r o el ei ç ões em que os c andi dat os debat er am na t el ev i s ão,
o que
r ev el ou mel hor r umpes s nos di s c ur s os de i ndi c aç ão t ambém t ev e um r umpes s mel hor
em c ada debat e. Mas des s a v ez f oi di f er ent e. Ao que t udo i ndi c av a, a c aut el a de
Har ol d par ec i a t er f undament o. Duk ak i s c aí r a s ens i v el ment e do s eu ní v el de
r umpes s
na c onv enç ão par a o ní v el do di s c ur s o bás i c o dos c omí c i os . Bus h mant i v er a- s e
es t áv el e mai s uma v ez r ev el av a um es t i l o mai s ot i mi s t a do que Duk ak i s .
Na manhã s egui nt e ao debat e Bus h- Duk ak i s na t el ev i s ão, Har ol d ai nda
não s e dec i di r a a ac ei t ar uma par t e da mi nha apos t a. O s eu pal pi t e s e
f or t al ec i a:
o des empenho de Bus h dur ant e a c ampanha e o s eu di s c ur s o de ac ei t aç ão
er am o Bus h v er dadei r o - al t ament e ot i mi s t a. Mas Duk ak i s não par ec i a mai s
t ão ot i mi s t a, e Har ol d não c ons egui a af as t ar a i déi a de que o di s c ur s o de j ul ho
não er a del e. Os pr ognós t i c os par ec i am r ef l et i r es s a s us pei t a. Bus h der a um
pul o e a br ec ha es t av a aument ando.
O s egundo debat e f oi um des as t r e par a Duk ak i s em t er mos de r umpes s .
Quando l he per gunt ar am por que não podi a pr omet er um or ç ament o
equi l i br ado, Duk ak i s r es pondeu:
- Ac ho que ni nguém pode; na v er dade, não há c omo ant ec i par o que
poder á ac ont ec er .
Es s a admi s s ão de que o pr obl ema er a per manent e e i nc ont r ol áv el
r ev es t i a- s e
de um t om mui t o mai s pes s i mi s t a do que s uas dec l ar aç ões em j ul ho ou
mes mo em s et embr o. O t om es t av a s e t or nando t í pi c o. Em c ont r apar t i da,
Bus h mos t r av a- s e per manent ement e ot i mi s t a.
O r es t o da c ampanha demons t r ou a mes ma di s c r epânc i a quant o ao í ndi c e
de r umpes s . O di s c ur s o bás i c o de Bus h f oi c ons i der ado mai s c ons i s t ent ement e
ot i mi s t a do que o de Duk ak i s . Par a Har ol d e par a mi m, à medi da que
ac ompanháv amos a c ampanha, par ec i a que, por v ol t a de pr i nc í pi os de out ubr o, no
í nt i mo, Duk ak i s des i s t i u. Em f i ns de out ubr o, i ns er i mos os r es ul t ados dos
debat es e dos di s c ur s os dos c omí c i os do out ono em nos s a equaç ão e pr oduz i mos
nos s a pr ev i s ão f i nal : a v i t ór i a de Bus h por 9, 2%.
Em nov embr o, Geor ge Bus h der r ot ou Mi c hael Duk ak i s , por 8, 2%!

265

As El ei ç ões par a o Senado em 1988


TRI NTA E TRÊS CADEI RAS DO SENADO TAMBÉM ESTAVAM SENDO DI SPUTADAS,

e par a 29 del as c ons egui mos os di s c ur s os que os c andi dat os de ambos os


par t i dos t i nham f ei t o pr i nc i pal ment e no v er ão e na pr i mav er a. A mai or i a del es
er am di s c ur s os que os pos t ul ant es ao Senado t i nham pr of er i do ao anunc i ar em
s uas c andi dat ur as - i s t o é, mui t o ant es do enc er r ament o da c ampanha.
Por t ant o, as di f er enç as as s i nal adas no r umpes s - ao c ont r ár i o das c omput adas no
debat e f i nal Bus h- Duk ak i s - di f i c i l ment e poder i am r es ul t ar do f at o de os
c andi dat os s e s i t uar em na f r ent e ou at r ás nas pr ev i s ões . Na v és per a da el ei ç ão,
Pági na 154
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Har ol d f ez s ua úl t i ma anál i s e dos 29 c andi dat os de ac or do c om os ní v ei s de
r umpes s demons t r ados nos debat es e di s c ur s os e f ez s ua es c ol ha, env i ando- a
em env el opes f ec hados par a di v er s as t es t emunhas de r eput aç ão i l i bada.
Os r es ul t ados pr es i denc i ai s f or am c onhec i dos c edo, mas par a nós o
s us pens e c ont i nuou noi t e adent r o. Tí nhamos pr ev i s t o c or r et ament e não apenas
25 das 29 c andi dat ur as ao Senado; quando t odos os v ot os f or am apur ados ,
t ambém c ons t at amos que, c om ex c eç ão de um, t í nhamos ant ec i pado
c or r et ament e t odos os r ev es es e t odas as mar gens aper t adas .
Pr ev í r amos que, em Connec t i c ut , J oe Li eber man der r ot ar i a por pouc o o
c andi dat o f av or i t o Lowel l Wei c k er . Li eber man v enc eu por 5%.
Também t í nhamos pr ev i s t o que Conni e Mac k der r ot ar i a Buddy Mac Kay
na Fl ór i da. Um Conni e Mac k ot i mi s t a ex pl i c ar a c om a s ua manei r a ex t er na,
t empor ár i a e es pec í f i c a por que os i mpos t os t i nham aument ado: " Lawt on Chi l es
[ o s enador ant er i or ] ader i u aos per dul ár i os e c onc edeu a s i mes mo um aument o
dos s eus pr ov ent os . " ( Har ol d c onf er i u 4 pont os a es s a ex pl i c aç ão) . O adv er s ár i o
de Mac k , Buddy Mac Kay , at r i bui u pes s i mi s t ament e os pr obl emas do
des env ol v i ment o da Fl ór i da à s ua " aut oper c epç ão. " ( Har ol d c ons i gnou 14
pont os a es s a ex pl i c aç ão per manent e, abr angent e e per s onal i z ada. ) Embor a
t i v es s e c omeç ado na r et aguar da, Conni e Mac k v enc eu, por menos de 1%.
Mas não pr ev i mos , em Mont ana, a s ur pr eendent e der r ot a de J ohn Mel c her
por Conr ad Bur ns .
É i s s o aí . Rec or r endo apenas ao es t i l o ex pl i c at i v o de di s c ur s os e ao
gr au de
r umi naç ão por el es r ev el ados , t í nhamos t ent ado pr ev er os r es ul t ados das
pr i már i as pr es i denc i ai s , a el ei ç ão pr es i denc i al e as el ei ç ões de 29 c andi dat ur as

266

ao Senado. Ac er t amos em c hei o c om r el aç ão às pr i már i as , pr ev endo os nomes


dos v enc edor es e dos der r ot ados de c ada par t i do mui t o ant es de s e c onhec er o
r es ul t ado das ur nas . A pr ev i s ão par a a el ei ç ão pr es i denc i al f oi mi s t a. Per di
mi nha apos t a, mas Har ol d ac r edi t av a que o di s c ur s o de ac ei t aç ão da i ndi c aç ão
par t i dár i a de Duk ak i s não r ev el ar a o aut ênt i c o Duk ak i s . Os di s c ur s os
pr onunc i ados por Bus h no out ono t i nham pr ev i s t o s ua v i t ór i a. As s i m c omo
os di s c ur s os dos demai s c andi dat os per mi t i r am pr ev er s eu des t i no nas ur nas .
Ac er t amos 86% dos r es ul t ados par a o Senado, i nc l us i v e, c om uma úni c a
ex c eç ão: t odas as der r ot as e t odas as v ot aç ões aper t adas . Ni nguém pr ev i u c om
t ant a ex at i dão.
Por t ant o, t ant o quant o s ai ba, es s a f oi a pr i mei r a v ez que c i ent i s t as s oc i ai s
pr ev i r am um f at o hi s t ór i c o r el ev ant e.

Es t i l o Ex pl i c at i v o At r av es s a Fr ont ei r as

EM 1983 FUI A MUNI QUE PARTI CI PAR DO CONGRESSO DA SOCI EDADE

I Nt er nac i onal par a o Es t udo do Des env ol v i ment o Compor t ament al . No


s egundo di a do enc ont r o, ent abul ei uma ani mada c onv er s a c om uma j ov em e v i v a
es t udant e al emã que s e apr es ent ou apenas c omo El e.
- Dei x e- me di z er - l he a i déi a que me oc or r eu quando o ouv i f al ar es t a
manhã s obr e a t éc ni c a CAVE - di s s e el a. - Mas pr i mei r o gos t ar i a de f az er
uma per gunt a. O s enhor ac ha que os benef í c i os do ot i mi s mo e os per i gos do
pes s i mi s mo, do des ampar o e da pas s i v i dade r ef l et em l ei s uni v er s ai s da nat ur ez a
humana, ou el es s e apl i c am s oment e ao nos s o t i po de s oc i edade -
oc i dent al i z ada, c omo a amer i c ana ou a al emã oc i dent al ?
A per gunt a er a mui t o per t i nent e. Di s s e- l he que, às v ez es , eu mes mo me
per gunt av a s e nos s a pr eoc upaç ão c om o c ont r ol e e c om o ot i mi s mo não er a
c ondi c i onada pel a publ i c i dade, de um l ado, e pel a ét i c a pur i t ana, de out r o. A
depr es s ão, ac r es c ent ei , par ec e não oc or r er em c ul t ur as não- oc i dent ai s nas
mes mas pr opor ç ões em que s e v er i f i c a nas c ul t ur as oc i dent ai s . É pos s í v el que as
c ul t ur as não obc ec adas pel a r eal i z aç ão não s of r am os ef ei t os do des ampar o e
do pes s i mi s mo c omo nós .
Tal v ez , s uger i , as l i ç ões do mundo ani mal t enham s i do i mpor t ant es . Não
s ão apenas os homens e as mul her es do mundo oc i dent al que mos t r am s i nt omas

Pági na 155
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
267

de depr es s ão quando ex per i ment am per da e des ampar o. Tant o na nat ur ez a


quant o nos l abor at ór i os , os ani mai s r eagem à depr es s ão c om i ndí c i os
s ur pr eendent ement e s emel hant es aos de s er es humanos oc i dent al i z ados .
Chi mpanz és r eagi ndo à mor t e de out r os c hi mpanz és ; r at os r eagi ndo a c hoques
i nev i t áv ei s ; pei x es de aquár i o, c ac hor r os e at é bar at as r eagem de manei r a
mui t o par ec i da c om a nos s a r eaç ão quando f al hamos . Cr ei o que, di s s e,
quando as c ul t ur as humanas não r es pondem à per da e ao des ampar o c om
depr es s ão é por que a puni ç ão da mi s ér i a c r ôni c a, de mi l har es de anos em
que duas em t r ês c r i anç as mor r em nos pr i mei r os anos de v i da, el i mi nar am
da c ul t ur a a r eaç ão depr es s i v a.
- Não ac r edi t o que s er es humanos oc i dent al i z ados t enham s i do i nduz i dos
à depr es s ão pel a pr opaganda, ou que t enham s of r i do uma l av agem c er ebr al
par a ac ei t ar a ét i c a do c ont r ol e - ac r es c ent ei . - Mas di z er que o des ej o de
c ont r ol e e a dev as t ador a r eaç ão ao des ampar o s ej am nat ur ai s não quer di z er
que o ot i mi s mo aj a uni v er s al ment e.
Vej a- s e, por ex empl o, o êx i t o no t r abal ho e na pol í t i c a, pr os s egui . O
ot i mi s mo f unc i ona mui t o bem par a v endedor es de s egur o de v i da amer i c anos e
par a c andi dat os à Pr es i dênc i a dos Es t ados Uni dos . Mas é di f í c i l i magi nar o
i ngl ês c omedi do r eagi ndo bem à per s i s t ênc i a do v endedor . Ou o s uec o
c i r c uns pec t o v ot ando em Ei s enhower par a pr es i dent e. Ou ai nda o j aponês
ac ei t ando al guém que s empr e c ul pa os out r os por s eus i ns uc es s os .
Di s s e que ac hav a que o c ami nho do ot i mi s mo apr endi do pr ov av el ment e
t r ar i a al i v i o af et i v o par a o t or ment o da depr es s ão nes s as c ul t ur as , mas que el e
t er i a de s er adapt ado a out r os es t i l os no ambi ent e de t r abal ho ou na pol í t i c a.
O pr obl ema, ent r et ant o, er a que ai nda não s e t i nha ex ami nado em
pr of undi dade c omo o ot i mi s mo oper a de uma c ul t ur a par a out r a.
- Mas , di ga- me - per gunt ei - , qual f oi a i déi a que v oc ê t ev e enquant o
eu di s s er t av a s obr e a t éc ni c a da anál i s e do c ont eúdo de ex pl i c aç ões t ex t uai s ?
- Ac ho que enc ont r ei um modo - di s s e El e - de des c obr i r o gr au de
es per anç a e de des es per o ex i s t ent e em di f er ent es c ul t ur as at r av és da hi s t ór i a.
Por ex empl o, ex i s t i r á um es t i l o ex pl i c at i v o nac i onal c apaz de pr ev er c omo
uma naç ão ou um pov o s e c ompor t ar ão numa c r i s e? Ser á que uma det er mi nada
f or ma de gov er no i ns pi r a mai s es per anç a do que out r a?
As per gunt as de El e er am mui t o bem c ol oc adas , r epl i quei , mas quas e
i r r es pondí v ei s . Di gamos que f i c amos s abendo, depoi s de apl i c ar mos a CAVE

268

em c oi s as que el es es c r ev er am, di s s er am ou c ant ar am, que os búl gar os t êm um


es t i l o ex pl i c at i v o mel hor do que o dos í ndi os nav aj o. Es s e r es ul t ado s er i a
i ni nt er pr et áv el . Tal v ez f os s e c ons i der ada uma at i t ude mai s más c ul a numa
c ul t ur a do que nout r a di z er c oi s as ot i mi s t as . Os pov os es t ão s uj ei t os a
di f er ent es
c ondi ç ões c l i mát i c as , pos s uem hi s t ór i as e ant ec edent es genét i c os
di f er ent es , v i v em em c ont i nent es di f er ent es . Qual quer di f er enç a no es t i l o
ex pl i c at i v o
ent r e búl gar os e nav aj os poder i a s er i nt er pr et ada de mi l manei r as , nada t endo
a v er c om o s eu pot enc i al de es per anç a ou de des es per o.
- Se f i z er mos a c ompar aç ão er r ada - di s s e El e - , é v er dade. Mas eu
não me r ef er i a a nav aj os e búl gar os . Es t av a pens ando em duas c ul t ur as mui t o
mai s s emel hant es : Ber l i m Oc i dent al e Ber l i m Or i ent al . Es t ão no mes mo l ugar ,
di s põem das mes mas c ondi ç ões c l i mát i c as , f al am o mes mo i di oma, pal av r as e
ges t os emoc i onai s s i gni f i c am a mes ma c oi s a, t êm a mes ma hi s t ór i a at é 1945.
Di f er em apenas pol i t i c ament e des de ent ão. São c omo gêmeos i dênt i c os c r i ados
s epar ados dur ant e 40 anos . Par ec em c ons t i t ui r o ex empl o per f ei t o par a s e
per gunt ar s e o des es per o é di f er ent e em r egi mes pol í t i c os di f er ent es . . . quando
t udo mai s per manec e c ons t ant e.
No di a s egui nt e, no c ongr es s o, menc i onei a um pr of es s or de Zur i que o
enc ont r o que t i v er a c om a i nt el i gent e e c r i at i v a gr aduanda. Ao des c r ev er s eu
t i po f í s i c o e di z er que el a s e der a o nome de El e, o pr of es s or me di s s e que s e
t r at av a da pr i nc es a Gabr i el e z u Oet t i ngen- Oet t i ngen und Oet t i ngen- Spi el ber g,
uma das j ov ens c i ent i s t as mai s pr omi s s or as da Bav i er a.
Pági na 156
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Mi nha c onv er s a c om Gabr i el e c ont i nuou no di a s egui nt e, dur ant e o c há.
Di s s e- l he que c onc or dav a que as di f er enç as de es t i l o ex pl i c at i v o ent r e as duas
Ber l i m - uma v ez det ec t adas - podi am s er i nt er pr et adas s i gni f i c at i v ament e
c omo dec or r ent es de um c onf r ont o ent r e o c api t al i s mo e o c omuni s mo.
Mas c omo, per gunt ei , el a poder i a c ol her o mat er i al par a c ompar ar ? El a não
poder i a s i mpl es ment e at r av es s ar o Mur o e di s t r i bui r ques t i onár i os s obr e
ot i mi s mo a um punhado de ber l i nens es do l ado or i ent al .
- Não no at ual c l i ma pol í t i c o - el a admi t i u. ( Andr opov er a ent ão o
pr i mei r o- mi ni s t r o da Uni ão Sov i ét i c a. ) - Mas s ó pr ec i s o de t ex t os or i gi nados
nas duas c i dades , es c r i t os que, pel a s ua nat ur ez a, s ej am ex at ament e c ompar áv ei s .
Dev em abor dar os mes mos ev ent os , oc or r endo s i mul t aneament e. E dev em s er
ev ent os neut r os , nem pol í t i c os , nem ec onômi c os , nem r el at i v os a s aúde
ment al . J á pens ei na opor t uni dade i deal - pr os s egui u el a. - Daqui a uns quat r o

269

mes es , as Ol i mpí adas de I nv er no ac ont ec er ão na I ugos l áv i a. El as s er ão


di v ul gadas c om r i quez a de det al hes pel os j or nai s de Ber l i m Or i ent al e de Ber l i m
Oc i dent al . Como quas e t odas as r epor t agens es por t i v as , es t ar ão r epl et as de
dec l ar aç ões c aus ai s f ei t as por at l et as e r epór t er es s obr e v i t ór i as e der r ot as .
Pr et endo apl i c ar a CAVE em t odas el as e v er i f i c ar qual a c ul t ur a mai s
pes s i mi s t a.
I s s o s er á uma c ompr ov aç ão de que o pot enc i al de es per anç a pode s er c ompar ado
em c ul t ur as di f er ent es .
Per gunt ei quai s er am os s eus pr ognós t i c os . El a es per av a que o es t i l o
ex pl i c at i v o da Al emanha Or i ent al , pel o menos nas pági nas es por t i v as , f os s e
mai s ot i mi s t a. Af i nal , a Al emanha Or i ent al er a uma naç ão ol í mpi c a f amos a, e
os ór gãos de c omuni c aç ão er am enf at i c ament e es t at ai s . Er a par t e do s eu t r abal ho
mant er o mor al el ev ado.
Es s a não er a mi nha pr ev i s ão, mas me mant i v e c al ado.
Dur ant e os t r ês mes es s egui nt es , f al ei di v er s as v ez es c om Gabr i el e pel o
t el ef one
i nt er nac i onal e r ec ebi v ár i as c ar t as que el a me es c r ev eu. Es t av a pr eoc upada c om
a mec âni c a que t er i a de i nv ent ar par a obt er os j or nai s de Ber l i m Or i ent al , poi s
às
v ez es er a di f í c i l r emet er mat er i al i mpr es s o de um l ado do Mur o par a o out r o.
Combi nou c om um ami go de Ber l i m Or i ent al par a env i ar - l he pel o c or r ei o
ut ens í l i os de c oz i nha s em v al or , x í c ar as quebr adas e gar f os ent or t ados
embr ul hados em papel de j or nal - as pági nas es por t i v as , nat ur al ment e. Mas o
es t r at agema ac abou s endo des nec es s ár i o. Dur ant e a r eal i z aç ão das Ol i mpí adas ,
el a c ons egui u pas s ar pel os pos t os de c ont r ol e de ent r ada e de s aí da c ar r egando
t ant os j or nai s de Ber l i m Or i ent al quant o des ej as s e s em s er mol es t ada.
Depoi s v ei o a mão- de- obr a: pas s ar o pent e f i no nos t r ês j or nai s de
Ber l i m
Oc i dent al e nos out r os t r ês de Ber l i m Or i ent al dur ant e t odo o per í odo das
Ol i mpí adas , ex t r ai ndo e c l as s i f i c ando as ex pl i c aç ões s obr e os ev ent os . Gabr i el e
enc ont r ou 381 c i t aç ões . A s egui r , al gumas ex pl i c aç ões ot i mi s t as de at l et as e
de j or nal i s t as .
Um c ampeão de c or r i das no gel o não c ons egui u ac ompanhar a v el oc i dade
por que " nes s e di a, não f ez s ol de manhã, i mpedi ndo que a s uper f í c i e da pi s t a
f i c as s e r ev es t i da por uma pel í c ul a de gel o s emel hant e a um es pel ho" - ev ent o
Negat i v o ( 4) ; uma es qui ador a l ev ou um t ombo por que " uma av al anc he de
nev e c ai u de ár v or es c i r c unv i z i nhas , c obr i ndo o v i s or do meu c apac et e" -
ev ent o Negat i v o ( 4) ; at l et as af i r mar am que não t i nham medo por que " s abemos
que s omos mel hor es do que os nos s os adv er s ár i os " - ev ent o Pos i t i v o ( 16) .

270

E agor a al gumas ex pl i c aç ões pes s i mi s t as : f oi um des as t r e por que " el a


es t av a
em pés s i ma f or ma" - ev ent o Negat i v o ( 17) ; " El e t ev e que c ont er as l ágr i mas .
Per deu a es per anç a de ganhar uma medal ha" - ev ent o negat i v o ( 17) ; um
at l et a v enc eu por que " nos s os adv er s ár i os pas s ar am a noi t e t oda bebendo" -
ev ent o Pos i t i v o ( 3) .
Pági na 157
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Mas quem f ez as dec l ar aç ões ot i mi s t as e quem f ez as pes s i mi s t as ? As
r es pos t as
f or am uma c ompl et a s ur pr es a par a Gabr i el e. As dec l ar aç ões da Al emanha
Or i ent al f or am mui t o mai s pes s i mi s t as do que as da Al emanha Oc i dent al . O
que t or nou es s a c ons t at aç ão ai nda mai s s ur pr eendent e f oi o f at o de os al emães
or i ent ai s t er em s e s aí do ex c epc i onal ment e bem nas c ompet i ç ões . Os at l et as da
Al emanha Or i ent al ganhar am 24 medal has e os da Al emanha Oc i dent al apenas
quat r o. Por t ant o, os j or nai s de Ber l i m Or i ent al t i v er am mui t o mai s ev ent os
pos i t i v os par a r epor t ar . Na v er dade, 61% das ex pl i c aç ões do l ado or i ent al
f or am s obr e bons ev ent os par a a Al emanha Or i ent al e s oment e 47% das
dec l ar aç ões do l ado oc i dent al f or am s obr e bons ev ent os par a a Al emanha
Oc i dent al . Ent r et ant o, o t om das r epor t agens de Ber l i m Or i ent al er a mui t o
mai s s ombr i o do que o da i mpr ens a de Ber l i m Oc i dent al .
- Es t ou per pl ex a c om os meus r es ul t ados - di s s e- me Gabr i el e. - Por
mai s ponder áv ei s que el es s ej am, r ec us o- me a ac ei t á- l os enquant o não des c obr i r
out r o mei o de v er i f i c ar s e os ber l i nens es or i ent ai s s ão de f at o mai s pes s i mi s t as
e depr i mi dos do que os ber l i nens es oc i dent ai s . Tenho pr oc ur ado obt er
es t at í s t i c as c onf i áv ei s s obr e s ui c í di os e i nt er nament os hos pi t al ar es em Ber l i m
Or i ent al par a c ompar á- l as c om os dados de Ber l i m Oc i dent al , mas , c omo er a
de s e s upor , não t enho c ons egui do.
Gabr i el e não s e dout or ou em ps i c ol ogi a, mas s i m em et ol ogi a humana -
r amo da bi ol ogi a que s e oc upa em obs er v ar as pes s oas no s eu mei o nat ur al e
anot ar mi nuc i os ament e o que el as f az em. Começ ou c om as obs er v aç ões de
Konr ad Lor enz s obr e o c ompor t ament o de f i l hot es de pat o que " gr udar am"
nel e e o s egui am por t oda par t e - es t av am c onv enc i dos de que el e er a a mãe
del es . As s uas c ui dados as obs er v aç ões s obr e a nat ur ez a l ogo s e r ami f i c ar am,
c edendo l ugar à obs er v aç ão s i s t emát i c a do c ompor t ament o das pes s oas . Gabr i el e
c onqui s t ar a s eu di pl oma s ob a or i ent aç ão de doi s c ons agr ados s uc es s or es de
Lor enz . Sabi a que Gabr i el e hav i a f ei t o obs er v aç ões mi nuc i os as em s al as
de aul a c hei as de c r i anç as , mas f i quei apr eens i v o quando el a me di s s e o que i a
f az er em bar es das duas Ber l i m.

271

- A úni c a manei r a que me oc or r e de c or r obor ar as des c ober t as que f i z


por mei o da CAVE - es c r ev eu el a - é i r a Ber l i m Or i ent al e c ont ar
r i gor os ament e os s i nai s de des es per o e depoi s c ompar á- l os c om os mes mos i ndí c i os
obs er v ados em Ber l i m Oc i dent al . Não quer o l ev ant ar s us pei t as da pol í c i a. Por
i s s o, r es ol v i f az er mi nha pes qui s a em bar es .
E f oi ex at ament e o que el a f ez . No i nv er no de 1985, el a f oi a 31 bar es
em
z onas i ndus t r i ai s . Sel ec i onou 14 em Ber l i m Oc i dent al e 17 em Ber l i m Or i ent al .
Es s es bar es , c hamados Knei pen, s ão f r eqüent ados por t r abal hador es depoi s do
ex pedi ent e. Fi c am s i t uados per t o um do out r o, s epar ados apenas pel o mur o.
El a f ez t odas as obs er v aç ões nos c i nc o di as út ei s da s emana.
Ent r av a num bar e s ent av a- s e num c ant o, da manei r a mai s di s c r et a pos s í v el .
Fi x av a a at enç ão em gr upos de f r eqüent ador es e c ont av a o que el es es t av am
f az endo em bl oc os de c i nc o mi nut os . Cont ou t udo o que er a pos s í v el obs er v ar
e que a l i t er at ur a es pec i al i z ada c ons i der a r el ac i onado c om depr c s s ao: s or r i s os ,
r i s adas , pos t ur a, mov i ment os de mão v i gor os os , pequenos ges t os r ev el ador es
c omo r oer unhas .
Medi dos des s a manei r a, os ber l i nens es or i ent ai s mos t r ar am nov ament e
s er mui t o mai s depr i mi dos do que os ber l i nens es oc i dent ai s . Um t ot al de
69% dos ber l i nens es oc i dent ai s s or r i r am, mas apenas 23% dos ber l i nens es
or i ent ai s o f i z er am; 50% dos ber l i nens es oc i dent ai s s ent ar am- s e ou
mant i v er am- s e de pé numa pos t ur a er et a, enquant o i s s o s ó oc or r eu c om 4%
( ! ) dos ber l i nens es or i ent ai s . Oi t ent a por c ent o dos t r abal hador es de ber l i m
Oc i dent al mant i v er am s eus c or pos numa pos i ç ão aber t a - v ol t ados uns
par a os out r os - , c ont r a apenas 7% ( ! ) dos ber l i nens es or i ent ai s . Os
ber l i nens es oc i dent ai s r i r am duas v ez es e mei a mai s do que os ber l i nens es do
l ado or i ent al .
Es s es i ndí c i os i ndi s f ar ç áv ei s mos t r am que os ber l i nens es
or i ent ai s ex i bem
mui t o mai s des es per o - t ant o quant o é pos s í v el medi r at r av és de pal av r as e
da l i nguagem c or por al - do que os ber l i nens es oc i dent ai s , Es s es dados ,
ent r et ant o, não r ev el am ex at ament e o que c aus a es s a di f er enç a. De uma manei r a
Pági na 158
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
c l ar a, uma v ez que as duas c ul t ur as er am uma s ó at é 1945, as des c ober t as
al guma c oi s a s obr e a es per anç a ger ada por doi s r egi mes pol í t i c os
di f er ent es . Mas el as não apont am qual as pec t o dos doi s r egi mes é r es pons áv el
pel a mai or ou menor es per anç a. Tal v ez s ej a a di f er enç a de padr ão de v i da, ou

272

a l i ber dade de ex pr es s ão ou de l oc omoç ão. Pode s er at é a di f er enç a em l i v r os ,


mus i c a ou al i ment aç ão.
Es s as r ev el aç ões t ambém não di z em s e os ber l i nens es or i ent ai s
t or nar am- s e
menos es per anç os os c om o adv ent o do c omuni s mo e a c ons t r uç ão do Mur o,
ous e os ber l i nens es oc i dent ai s t or nar am- s e mai s es per anç os os a par t i r de 1945.
Tudo o que s abemos é que ex i s t e at ual ment e uma di f er enç a, c om o Les t e
mos t r ando mai s des es per o do que o Oes t e. Mas es t amos " CAVEando" as
r epor t agens j or nal í s t i c as de t odas as Ol i mpí adas de I nv er no des de o t ér mi no
da Segunda Guer r a Mundi al . I s s o nos di r á c omo a es per anç a na Ber l i m Or i ent al
e na Oc i dent al modi f i c ou- s e c om o t empo. "
Es s as des c ober t as t ambém nos mos t r am mai s al guma c oi s a: que ex i s t e um
nov o mét odo de medi r o gr au de es per anç a e de des es per o em c ul t ur as di s t i nt as .
Es s e mét odo per mi t i u que Gabr i el e Oet t i ngen c ompar as s e o que out r os
c i ent i s t as j ul gav am i nc ompar áv el .

Rel i gi ão e Ot i mi s mo

ACREDI TA- SE FREQÜENTEMENTE QUE A RELI GI ÃO GERA ESPERANÇA E PERMI TE

que as pes s oas af l i t as enf r ent em mel hor as pr ov aç ões des t e mundo. A r el i gi ão
or gani z ada f oment a a c r enç a de que há mai s r ec ompens a na v i da do que
ger al ment e per c ebemos . Os r ev es es de que s omos v í t i mas s ão ameni z ados pel a
c onv i c ç ão de que f az emos par t e de um c ont ex t o mui t o mai s ampl o. O ef ei t o
ameni z ador oc or r e quer a es per anç a s ej a t ão c onc r et a quant o a c er t ez a de uma
v i da l umi nos a al ém- t úmul o, quer s ej a t ão abs t r at a quant o f az er par t e do
pl ano de Deus ou apenas par t e da c ont i nui dade da ev ol uç ão. Es t udos s obr e
depr es s ão c onf i r mam i s s o. Real i z ando pes qui s as nas i l has Hébr i das , Geor ge

" Ao edi t ar es t e manus c r i t o ( abr i l de 1990) , per gunt o- me at é que pont o o es t i l o


ex pl i c at i v o dos
al emães or i ent ai s modi f i c ou- s e nos úl t i mos i mpor t ant es mes es . A t eor i a s us t ent a
que a
r ec ons t r uç ão e a pr os per i dade depender ão em par t e do es t i l o ex pl i c at i v o. Se el e,
agor a, t i v er s e t or nado
ot i mi s t a, o f ut ur o da Al emanha Or i ent al s er á r adi os o. Se t i v er per manec i do
s ombr i o c omo em
1984, a r ec uper aç ão ec onômi c a e es pi r i t ual s er á mui t o mai s l ent a do que
ger al ment e s e
es per a. Um
pr ognós t i c o: as mudanç as no es t i l o ex pl i c at i v o da Al emanha Or i ent al , da
Tc hec os l ov áqui a, da
Romeni a, da Pol ôni a, da Hungr i a e da Bul gár i a dev er ão i ndi c ar a medi da do ex i t o
c om que es s as
naç ões ex pl or ar ão s ua l i ber dade r ec ém- c onqui s t ada.

273

Br own, o s oc i ól ogo l ondr i no que dedi c ou s ua v i da a ent r ev i s t ar donas - de- c as a


depr i mi das , demons t r ou que f r eqüent ador es as s í duos da i gr ej a s of r em menos
depr es s ão do que os que não a f r eqüent am.
Mas s er á que c er t as r el i gi ões pr opor c i onam mai s es per anç a do que out r as ?
Es t a ques t ão f oi l ev ant ada em 1986, quando Gabr i el e v ei o par a a Uni v er s i dade
da Pens i l v âni a c omo bol s i s t a de pós - gr aduaç ão da Mac Ar t hur Foundat i on e
Ger man Nat i onal Sc i enc e Foundat i on. Compar ar duas r el i gi ões dev er i a s er ,
Pági na 159
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
em pr i nc í pi o, o mes mo que c ompar ar es per anç a e des es per o em duas c ul t ur as
di s t i nt as , Gabr i el e ar gument ou. A habi l i dade c ons i s t i r i a em enc ont r ar duas
r el i gi ões t ão i nt i mament e r el ac i onadas no t empo e no es paç o quant o Ber l i m
Or i ent al e Ber l i m Oc i dent al .
As c oi s as per manec er am nes s e pé at é que c onhec emos a i mpet uos a Ev a
Mor aws k a, uma j ov em s oc i ól oga- hi s t or i ador a. Conv i dei - a par a f al ar no meu
s emi nár i o de pós - gr aduaç ão s obr e o des ampar o ent r e os j udeus r us s os e os
r us s os es l av os no s éc ul o XI X. Ev a apr es ent ou pr ov as de que os j udeus
mos t r av am- s e mui t o menos des ampar ados di ant e da opr es s ão do que os es l av os .
El a per gunt ou por que, quando as c oi s as t or nar am- s e i nt ol er áv ei s , os j udeus
r es ol v er am par t i r e os es l av os não.
- Ambos os gr upos - af i r mou Ev a - er am t er r i v el ment e opr i mi dos .
Os c ampones es es l av os v i v i am na mai s i mpl ac áv el mi s ér i a, um es t ági o de mi s ér i a
des c onhec i do nes s e paí s . Os j udeus t ambém v i v i am mi s er av el ment e e debai x o
de per s egui ç ões r el i gi os as e a ameaç a de mas s ac r es . Mas os j udeus emi gr ar am
e os es l av os f i c ar am.
" Tal v ez os es l av os or t odox os r us s os s e s ent i s s em mai s des ampar ados e
des es per anç ados do que os j udeus " , c ont i nuou Ev a. " Tal v ez as duas r el i gi ões
i nc ut i s s em gr aus di f er ent es de ot i mi s mo. Ser á que a or t odox i a r us s a é uma
r el i gi ão mai s pes s i mi s t a do que o j udaí s mo?"
As duas c ul t ur as c oex i s t i am em mui t as al dei as r us s as , por i s s o é
pos s í v el
c ompar ar di r et ament e o es t i l o ex pl i c at i v o de s uas or aç ões , de s eus c ont os de
f ada e das hi s t ór i as que c ont av am. Por ac as o, o r eper t ór i o que os es l av os e os
j udeus ouv i am di ar i ament e di f er i a no t om?
Em pouc o t empo, Gabr i ek e Ev a es t av am t r abal hando em í nt i ma
c ol abor aç ão. Com a aj uda de s ac er dot es or t odox os r us s os , Ev a obt ev e amos t r as
r epr es ent at i v as de mat er i al r el i gi os o e s ec ul ar das duas c ul t ur as : a l i t er at ur a
di ár i a, a l i t er at ur a dos di as s ant i f i c ados , hi s t ór i as r el i gi os as , hi s t ór i as e
c anç ões

274

f ol c l ór i c as e pr ov ér bi os . Todas es s as mani f es t aç ões er am nar r adas , c ont adas e


es pont aneament e ar t i c ul adas na v i da di ár i a de c ada c ul t ur a. Dev em t er s i do
poder os os c ondi c i onador es do es t i l o ex pl i c at i v o. Gabr i el e " CAVEou" t odo
es s e mat er i al . O mat er i al s ec ul ar não s e di s t i ngui a nas duas c ul t ur as , mas o
mat er i al r el i gi os o di f er i a bas t ant e. O mat er i al r el i gi os o dos j udeus r us s os er a
c ons i der av el ment e mai s ot i mi s t a do que o mat er i al or t odox o r us s o,
pr i nc i pal ment e no que di z i a r es pei t o à di mens ão de per manênc i a. No mat er i al
j udai c o,
os ev ent os pos i t i v os er am pr oj et ados no t empo - as c oi s as boas dur ar i am
mai s - e os ev ent os negat i v os er am r eduz i dos .
Ev a e Gabr i el e demons t r ar am que o j udaí s mo r us s o er a mai s ot i mi s t a do
que a or t odox i a r us s a em s uas hi s t ór i as e or aç ões . Cont udo, não pas s ar i a de
es pec ul aç ão af i r mar que o mot i v o que l ev ou os j udeus a emi gr ar em e os
c ampones es es l av os a f i c ar em f oi di t ado pel a mai or dos e de es per anç a abs or v i da
got a a got a das mens agens r el i gi os as que ouv i am di ar i ament e. As c aus as da
emi gr aç ão de um pov o s ão al t ament e c ompl ex as . Mas o r el at i v o ot i mi s mo dos
j udeus é uma c aus a pl aus í v el , que nunc a t i nha s i do pr opos t a. Par a t es t ar a
t eor i a s er ão nec es s ár i as engenhos i dade hi s t ór i c a e i nv es t i gaç ão ps i c ol ógi c a.
Mas ,
pel o menos no pr oc es s o de s ua i nv es t i gaç ão, Gabr i el e e Ev a c r i ar am um nov o
mét odo par a c ompar ar o gr au de es per anç a que duas r el i gi ões s ão c apaz es de
i nc ut i r .

A Ps i c o- hi s t ór i a Rev i s i t ada

O QUE COSTUMAVA PASSAR POR PSI CO- HI STÓRI A ESTAVA MUI TO LONGE DE
s er qual quer c oi s a que Har i Sel den t er i a l ev ado a s ér i o. El a não pr ev i a, el a
" pós - v i a" e, as s i m f az endo, bur l av a. Rec ons t r uí a v i das i s ol adas e não aç ões
de gr upos de pes s oas . Us av a pr i nc í pi os ps i c ol ógi c os ques t i onáv ei s e pr es c i ndi a
de
i ns t r ument os es t at í s t i c os .
Pági na 160
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Em nos s as mãos , i s s o mudou. Tent amos pr ev er ev ent os - r el ev ant es -
ant es de oc or r er em. Quando pós - v emos , não bur l amos . Agi mos de ol hos
f ec hados . Pr oc ur amos pr ev er as aç ões de gr upos numer os os - os v ot os de um
el ei t or ado, a emi gr aç ão de um pov o. Cons t r uí mos bas eados em s ól i dos
pr i nc í pi os ps i c ol ógi c os , e ut i l i z amos i ns t r ument os es t at í s t i c os abal i z ados .

275

Mas é apenas um c omeç o, que s uger e que os ps i c ól ogos do f ut ur o não


pr ec i s ar ão s e at er a es t udos l abor at or i ai s di s c ut í v ei s ou di s pendi os as pes qui s as
de gr upos ao l ongo do t empo par a t es t ar s uas t eor i as . Doc ument os hi s t ór i c os
podem f or nec er um r i c o mat er i al de ex per i ment aç ão, e a pr ev i s ão do f ut ur o pode
of er ec er uma c ompr ov aç ão ai nda mai s ef i c i ent e das t eor i as .
Har i Sel den, c omo gos t amos de pens ar , f i c ar i a or gul hos o.

276

Ter c ei r a Par t e
MUDANDO:
DO PESSI MI SMO
PARA O OTI MI SMO

Um homem v el ho não pas s a de uma c oi s a des pr ez í v el ,


Um c as ac o es f ar r apado num v ar apau, a menos que
A al ma bat a pal mas e c ant e, e mai s al t o c ant e
Par a c ada f ar r apo de s ua mor t al ha. . .

W. B. Yeat s
The Tower ( 1928)
" Sai l i ng t o By z ant i um"

277

278

Capí t ul o 12
A Vi da Ot i mi s t a

A VI DA I NFLI GE OS MESMOS REVESES E AS MESMAS TRAGÉDI AS AO OTI MI STA

e ao pes s i mi s t a, mas o ot i mi s t a r eage mel hor . Como v i mos , o ot i mi s t a s e r ef az


da der r ot a e, embor a c om a v i da mai s pobr e, dá a v ol t a por c i ma e r ec omeç a.
O pes s i mi s t a des i s t e e dei x a- s e domi nar pel a depr es s ão. Dev i do à s ua
f l ex i bi l i dade, o ot i mi s t a pr oduz mai s no t r abal ho, na es c ol a e no c ampo
es por t i v o, O
ot i mi s t a goz a de mel hor s aúde e é c apaz de t er uma v i da mai s l onga. O pov o
amer i c ano pr ef er e os ot i mi s t as par a gov er ná- l o. Mes mo quando as c oi s as
c or r em bem par a o pes s i mi s t a, el e é per s egui do por maus pr es s ági os .
Pági na 161
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Par a os pes s i mi s t as , i s s o é uma má not í c i a. A boa not í c i a é que el es
podem
apr ender a t éc ni c a do ot i mi s mo e mel hor ar per manent ement e a qual i dade de
s uas v i das . Mes mo os ot i mi s t as s ó t êm a l uc r ar em apr ender a s e modi f i c ar em.
Quas e t odos os ot i mi s t as ex per i ment am f as es de pes s i mi s mo pel o menos
br ando, e as t éc ni c as que benef i c i am os pes s i mi s t as t ambém podem s er us adas
pel os ot i mi s t as quando es t ão depr i mi dos .
Par a al guns , abr i r mão do pes s i mi s mo em f av or do ot i mi s mo pode par ec er
uma opç ão i ndes ej áv el . A s ua c onc epç ão de um ot i mi s t a pode não s er mui t o
f av or áv el ; v oc ê pode c ons i der á- l o um f anf ar r ão pr et ens i os o, que s empr e põe a
c ul pa nos out r os , j amai s ac ei t ando a r es pons abi l i dade pel os s eus er r os . Mas
nem o ot i mi s mo nem o pes s i mi s mo l ev am a pal ma dos maus modos . Como
v oc ê v er á nes t e c api t ul o, t or nar - s e ot i mi s t a c ons i s t e não em apr ender a s er
mai s egoí s t a e ar r ogant e, e c onf er i r - s e ar es de s uper i or i dade, mas s i mpl es ment e
em apr ender umas t ant as manei r as de f al ar c ons i go mes mo quando s of r er uma

279

der r ot a pes s oal . Voc ê apr ender a a v er os s eus r ev es es de um pont o de v i s t a mai s


ani mador .
Há uma out r a r az ão pel a qual apr ender as t éc ni c as do ot i mi s mo t al v ez l he
par eç a i ndes ej áv el . No Capi t ul o 6, ex ami namos um bal anç o medi ndo os pr ós
e os c ont r as do ot i mi s mo e do pes s i mi s mo. Enquant o o ot i mi s mo t ev e s uas
v i r t udes i r oni z adas no i ni c i o daquel e c api t ul o, f oi at r i bui da uma v i r t ude ao
pes s i mi s mo: r ev es t i r - s e de um s ens o mai s agudo da r eal i dade. Ser á que apr ender
as t éc ni c as do ot i mi s mo s i gni f i c a s ac r i f i c ar a medi da do r eal i s mo?
Es t a é uma per gunt a pr of unda que c ol oc a o obj et i v o des t es c apí t ul os de
t r ans f or maç ão s ob um f oc o mai s c r í t i c o. El es não s upr em um ot i mi s mo
abs ol ut o, i nc ondi c i onal , par a que v oc ê o apl i que i ndi s t i nt ament e em t odas as
s i t uaç ões ; el es r ec omendam um ot i mi s mo f l ex i v eL Sua i nt enç ão é aument ar s eu
c ont r ol e s obr e a manei r a c omo v oc ê pens a s obr e a adv er s i dade. Se v oc ê t em
um es t i l o ex pl i c at i v o negat i v o, não pr ec i s a mai s v i v er s ob a t i r ani a do
pes s i mi s mo. Quando oc or r er em adv er s i dades , v oc ê não pr ec i s a v ê- l as s ob o
as pec t o mai s per manent e, abr angent e e pes s oal , c om os r es ul t ados des as t r os os
que um es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a ac ar r et a. Es t es c apí t ul os l he dar ão uma
opç ão s obr e a manei r a de v er as s eus i nf or t úni os - e uma al t er nat i v a que não
ex i ge que v oc ê s e t or ne um es c r av o do ot i mi s mo c ego.

Di c as par a Us ar o Ot i mi s mo

O ESCORE QUE VOCÊ MARCOU NO TESTE DO CAPI TULO 3 É A MELHOR


manei r a de s aber s e pr ec i s a adqui r i r es s as t éc ni c as . Se o s eu es c or e B - M ( o
s eu
es c or e t ot al ) f or abai x o de 8, v oc ê s e benef i c i ar á c om es t es c apí t ul os . Quant o
menor el e t enha s i do, mai s v ant agens t er á. Mes mo que o s eu es c or e t enha s i do
8 ou mai s de 8, v oc ê dev e s e f az er as s egui nt es per gunt as ; s e a r es pos t a a
qual quer uma del as f or s i m, é s i nal de que v oc ê t ambém poder á f az er bom us o
des t es c apí t ul os .

- " Cos t umo des ani mar f ac i l ment e?"


- " Fi c o depr i mi do mai s do que des ej ar i a?"
- " Fal ho mai s do que ac ho que dev er i a?"

280

Em que s i t uaç ões v oc ê dev er á apl i c ar as t éc ni c as de mudanç a do es t i l o


ex pl i c at i v o que es t e c api t ul o pr ov ê? Em pr i mei r o l ugar , i ndague a s i mes mo o
que es t á pr et endendo r eal i z ar .

Pági na 162
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
- Se es t á empenhado numa s i t uaç ão de r eal i z aç ão ( c ons egui r uma
pr omoç ão, r edi gi r um r el at ór i o di f í c i l , ganhar um j ogo) , us e ot i mi s mo.
- Se es t á pr eoc upado c om a manei r a c omo s e s ent i r á ( c ombat endo a
depr es s ão, mant endo o mor al ) , us e ot i mi s mo.
- Se a s i t uaç ão puder s e pr ol ongar e s ua s aúde f í s i c a es t i v er em j ogo, us e
ot i mi s mo.
- Se quer l i der ar , s er v i r de ex empl o par a os out r os , que v ot em em v oc ê, us e
ot i mi s mo.
Em c ont r apar t i da, há oc as i ões em que es s as t éc ni c as não dev em s er us adas .
- Se o s eu obj et i v o é pl anej ar um f ut ur o ar r i s c ado e i nc er t o, não us e
ot i mi s mo.
- Se o s eu obj et i v o é ac ons el har pes s oas c uj o f ut ur o é obs c ur o, não us e
ot i mi s mo i ni c i al ment e.
- Se quer mos t r ar - s e s ol i dár i o c om os pr obl emas al hei os , não c omec e c om
ot i mi s mo, embor a pos s a ut i l i z á- l o mai s t ar de, uma v ez que a c onf i anç a e
a empat i a t enham s i do es t abel ec i das .

O dado f undament al par a não r ec or r er ao ot i mi s mo é per gunt ar qual s er á


o pr eç o do f r ac as s o na s i t uaç ão em paut a. Se o pr eç o f or al t o, o ot i mi s mo é a
es t r at égi a er r ada. O pi l ot o na c abi ne do av i ão dec i di ndo s e dev e f az er nov o
v ôo f or ç ado, o c onv i dado de uma f es t a dec i di ndo s e dev e di r i gi r o c ar r o de
v ol t a par a c as a após t er bebi do al ém da c ont a, a es pos a f r us t r ada dec i di ndo s e
dev e t ent ar i ni c i ar um c as o que, s e v i er à t ona, des t r ui r á s eu c as ament o não
dev em us ar ot i mi s mo. O pr eç o do f r ac as s o nes s as c i r c uns t ânc i as s er á,
r es pec t i v ament e, a mor t e, um ac i dent e de c ar r o e um di v ór c i o. Não é apr opr i ado
us ar
t éc ni c as que mi ni mi z em es s es pr eç os . Por out r o l ado, s e o pr eç o do f r ac as s o
f or bai x o, us e ot i mi s mo. O v endedor , dec i di ndo s e dev er á f az er mai s uma
v i s i t a, per der á apenas t empo s e não f or bem- s uc edi do. Uma pes s oa t i mi da,
dec i di ndo s e dev e t ent ar i ni c i ar uma c onv er s a, c or r e apenas o r i s c o de s er

281

r ej ei t ada. O adol es c ent e, c ons i der ando a hi pót es e de apr ender mai s um
es por t e, ar r i s c a s oment e f r us t r aç ão. Um ex ec ut i v o des apont ado, pr et er i do numa
pr omoç ão, ar r i s c a apenas al gumas r ec us as s e s ondar di s c r et ament e a pos s i bi l i dade
de c ons egui r out r o c ar go. Todos dev em us ar ot i mi s mo.
Es t e c apí t ul o l he ens i na os pr i nc í pi os bás i c os da mudanç a do pes s i mi s mo
par a o ot i mi s mo na s ua v i da di ár i a. Ao c ont r ár i o das t éc ni c as de quas e t odas as
out r as f ór mul as de aut o- aj uda - que c ons i s t em de mui t a er udi ç ão c l í ni c a e
quas e nenhuma pes qui s a - es t as f or am ex aus t i v ament e pes qui s adas , e mi l har es
de adul t os as t êm us ado par a mudar s eu es t i l o ex pl i c at i v o per manent ement e.
Or gani z ei os t r ês c apí t ul os de " mudanç a" de modo que c ada um t enha
v i da pr ópr i a. Es t e é par a us o em t odos os domí ni os da v i da adul t a, ex c et o o de
t r abal ho. O s egundo é par a s eus f i l hos . O t er c ei r o é par a o s eu t r abal ho. Cada
um us a es s enc i al ment e as mes mas t éc ni c as de ot i mi s mo apr endi do em c enár i os
di f er ent es , o que poder á dar a i mpr es s ão de que os c apí t ul os s e r epet em de
c er t a f or ma. Se es t i v er i nt er es s ado s oment e num des s es t ópi c os , não é
abs ol ut ament e nec es s ár i o l er os out r os doi s c apí t ul os .

Os ACCs
KATI E VEM FAZENDO UMA DI ETA RI GOROSA HÁ DUAS SEMANAS. À NOI TE,
depoi s do t r abal ho, s ai c om uns ami gos par a beber al guma c oi s a e ac aba
c omendo os t i r a- gos t os que os out r os pedi r am. Sua r eaç ão i medi at a é de que
c ompr omet eu def i ni t i v ament e o r egi me.
El a pens a: " Que boni t o, Kat i e! Voc ê mandou s ua di et a par a o es paç o es t a
noi t e. Sou t ão i nac r edi t av el ment e f r ac a. Nem pos s o i r a um bar c om uns ami gos
s em dar uma de c omi l ona. El es dev em ac har que s ou uma per f ei t a i di ot a. J á
que bot ei a per der o s ac r i f í c i o de duas s emanas , por que não c ompl et ar a
des gr aç a e c omer o bol o que es t á na gel adei r a?"
Kat i e não pens a duas v ez es e c ome t oda a del í c i a de c hoc ol at e. Er a uma
v ez uma di et a s egui da es c r upul os ament e at é aquel a noi t e.
Pági na 163
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Não há nec es s ar i ament e uma r el aç ão ent r e o f at o de Kat i e t er i nf r i ngi do
um pouc o o r egi me e r es ol v er pas s ar da c ont a. O que as s oc i a as duas c oi s as é a
manei r a c omo ex pl i c a a s i mes ma por que s ai u do s ér i o. Sua ex pl i c aç ão é

282

mui t o pes s i mi s t a: " Sou t ão f r ac a. " Da mes ma f or ma que s ua c onc l us ão: " Toda
a mi nha di et a f oi por água abai x o. " Na v er dade, el a não pus er a a per der o
r egi me at é enc ont r ar uma ex pl i c aç ão per manent e, abr angent e e pes s oal . A
par t i r daí , des i s t i u.
As c ons eqüênc i as do epi s ódi o t er i am s i do bem di f er ent es s e Kat i e t i v es s e
s i mpl es ment e c ont es t ado s ua pr i mei r a ex pl i c aç ão aut omát i c a.
" Dev agar , Kat i e" , el a dev er i a t er di t o a s i mes ma.
- Em pr i mei r o l ugar , não dei uma de gl ut ona no bar . Tomei duas c er v ej as
pequenas e c omi uns doi s ou t r ês t i r a- gos t os . Não t i nha j ant ado, por t ant o, no
c onf r ont o, pr ov av el ment e c ons umi apenas al gumas c al or i as a mai s do que o
meu r egi me per mi t e. E es quec er a di et a numa úni c a noi t e não quer di z er que
eu s ej a f r ac a. At é que s ou bas t ant e f or t e, s egui ndo- a r i gor os ament e dur ant e
duas s emanas . Al ém do mai s , ni nguém me c ons i der a uma i di ot a. Duv i do que
al guém es t i v es s e c ont r ol ando o que eu es t av a c omendo, e, de f at o, houv e quem
di s s es s e que me ac hav a mai s magr a. O mai s i mpor t ant e é que, mes mo que
t enha c omi do o que não dev i a, i s s o não s i gni f i c a que dev er i a c ont i nuar a abus ar .
Não f az s ent i do. A mel hor c oi s a a f az er é c or t ar mi nhas per das , admi t i r
t r anqüi l ament e que c omet i um pequeno er r o e c ont i nuar a di et a c om o mes mo
r i gor das duas úl t i mas s emanas .
É UMA QUESTÃO DE ACC. 12 QUANDO SOMOS ATI NGI DOS PELA ADVERSI DADE,
nos s a pr i mei r a r eaç ão é r ef l et i r s obr e el a. Nos s os pens ament os r api dament e s e
c ongel am em c onv i c ç ões . Es s as c onv i c ç ões podem s e t or nar t ão habi t uai s que
nem nos damos c ont a de que as t emos , a menos que par emos par a pens ar
nel as . Por ém, el as não f i c am oc i os as : t êm c ons eqüênc i as . As c onv i c ç ões , ou
c r enç as , s ão as c aus as di r et as do que s ent i mos e do que f az emos em s egui da.
El as podem es t abel ec er a di f er enç a ent r e o des âni mo e a des i s t ênc i a, de um
l ado, e o bem- es t ar e a aç ão c ons t r ut i v a, do out r o.
Vi mos ao l ongo des t e l i v r o que c er t os t i pos de c onv i c ç ões pr ov oc am uma
r eaç ão de des i s t ênc i a. Agor a, v ou ens i nar c omo i nt er r omper es s e c í r c ul o v i c i os o.
O
pr i mei r o pas s o é v er i f i c ar a r el aç ão ent r e adv er s i dade, c r enç a e c ons eqüênc i a.
O s egundo é v er c omo os ACCs oper am di ar i ament e em s uas v i das . Es s as

___

12 Nos c apí t ul os de " mudanç a" , us o o es quema do model o ACC des env ol v i do pel o
ps i c ól ogo
pi onei r o Al ber t El l i s .

283

t éc ni c as f az em par t e de um c ur s o el abor ado por doi s dos mai or es t er apeut as


c ogni t i v os do mundo - Dr . St ev en Hol l on, pr of es s or de ps i c ol ogi a da
Uni v er s i dade de Vander bi l t e edi t or da mai s i mpor t ant e publ i c aç ão da
es pec i al i dade, e Dr . Ar t hur Fr eeman, pr of es s or de ps i qui at r i a da Uni v er s i dade
de Medi c i na e de Odont ol ogi a de Nov a J er s ey - e por mi m, par a mudar o
es t i l o ex pl i c at i v o de pes s oas nor mai s .
Quer o que agor a v oc ês i dent i f i quem al guns ACCs par a v er c omo el es
f unc i onam. For neç o a adv er s i dade, j unt ament e c om a c r enç a ou a c ons eqüênc i a.
Voc ês pr eenc her ão o c omponent e que f al t a.

I dent i f i c ando ACCs


1. A. Al guém pas s a a s ua f r ent e e es t ac i ona o c ar r o na v aga em que v oc ê
es t av a de ol ho.
Pági na 164
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
B. Voc ê pens a _________________________________________________
C. Voc ê f i c a f ur i os o, abai x a o v i dr o e gr i t a par a o out r o mot or i s t a.

2. A. Voc ê gr i t a c om s eus f i l hos por el es não t er em f ei t o os dev er es de


c as a.
B. Voc ê pens a " Sou uma mãe r el aps a. "
C. Voc ê s ent e ( ou f az ) ________________________________________

3. A. Sua mel hor ami ga não r es ponde aos s eus t el ef onemas .


B. Voc ê pens a _________________________________________________
C. Voc ê f i c a depr i mi do o di a t odo.

4. A. Sua mel hor ami ga não r es ponde aos s eus t el ef onemas .


B. Voc ê pens a _________________________________________________
C. Voc ê não s e abor r ec e c om i s s o e c ont i nua o s eu di a nor mal ment e.

5. A. Voc ê e s eu c ônj uge br i gam.


B. Voc ê pens a " Nunc a f aç o nada c er t o" .
C. Voc ê s ent e ( ou f az ) ________________________________________

284

6. A. Voc ê e s eu c ônj uge br i gam.


B. Voc ê pens a " El e [ el a] es t av a c om um pés s i mo humor " .
C. Voc ê s ent e ( ou f az ) _______________________________________________

7. A. Voc ê e s eu c ônj uge br i gam.


B. Voc ê pens a " Sempr e c ons i go des f az er os mal - ent endi dos " .
C. Voc ê s ent e ( ou f az ) _______________________________________________

Agor a, ex ami nemos es s as s et e s i t uaç ões e v ej amos c omo os el ement os


i nt er agem.
1. No pr i mei r o ex empl o, pens ament os de t er s i do pas s ado par a t r ás
pr ov oc ar am s ua i ndi gnaç ão. " Aquel e mot or i s t a r oubou mi nha v aga. " " Foi uma
at i t ude gr os s ei r a e egoí s t a da par t e del e. "
2. Quando v oc ê ex pl i c ou s eu c ompor t ament o c om s eus f i l hos c om um
" Sou uma mãe r el aps a" , s egui r am- s e t r i s t ez a e uma c er t a r el ut ânc i a em t ent ar
f az er c om que el es apr ont as s em os dev er es de c as a. Quando ex pl i c amos
ac ont ec i ment os adv er s os c omo s endo o r es ul t ado de c ar ac t er í s t i c as per manent es ,
abr angent es e pes s oai s c omo s er uma mãe r el aps a, s obr ev êm abat i ment o e
des i s t ênc i a. Quant o mai s per manent e a c ar ac t er í s t i c a, mai s t empo dur ar á o
abat i ment o.
3 e 4. Voc ê per c ebe i s s o quando s ua mel hor ami ga não r es ponde aos s eus
t el ef onemas . Se, c omo no t er c ei r o ex empl o, v oc ê pens ou al guma c oi s a
per manent e e abr angent e - c omo " Sou s empr e egoí s t a e des at enc i os a" , não é
de admi r ar que a depr es s ão s obr ev enha. Mas s e, c omo no quar t o ex empl o, s ua
ex pl i c aç ão f oi t empor ár i a, es pec í f i c a e ex t er na, v oc ê não f i c ar á per t ur bada.
" El a es t á t r abal hando al ém do ex pedi ent e es t a s emana" , v oc ê poder á s e di z er à
gui s a de ex pl i c aç ão, ou " El a es t á na f os s a" .
5. 6 e 7. E o que é que ac ont ec e quando v oc ê br i ga c om s ua c ar a
met ade?
Se, c omo no ex empl o 5, v oc ê pens a " Nunc a f aç o nada c er t o" ( per manent e,
abr angent e e pes s oal ) , f i c ar á depr i mi do e não dar á um pas s o par a mel hor ar a
s i t uaç ão. Se, c omo no ex empl o 6, v oc ê pens ar " El a es t av a c om um pés s i mo
humor " ( t empor ár i o e ex t er no) , s ent i r á um pouc o de r ai v a, um c er t o des enc ant o
e apenas i mobi l i dade t empor ár i a. Quando os âni mos ar r ef ec er em,
pr ov av el ment e v oc ê t omar á a i ni c i at i v a par a f az er as paz es . Se, c omo no ex empl o
Pági na 165
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
7, v oc ê pens ar " Sempr e c ons i go des f az er os mal - ent endi dos " , c om c er t ez a

285

t omar á a i ni c i at i v a par a f az er as paz es e em pouc o t empo es t ar á nov ament e s e


s ent i ndo bem e c hei o de ener gi a.

O Seu Di ár i o ACC
Par a s aber c omo es s es ACCs f unc i onam no di a- a- di a, mant enha um di ár i o
ACC por um ou doi s di as , o t empo s uf i c i ent e par a r egi s t r ar c i nc o ACCs da
s ua pr ópr i a v i da.
Par a f az er i s s o, l i gue o di ál ogo per pét uo que s e des enr ol a na s ua ment e
e
que v oc ê ger al ment e não per c ebe. i i uma ques t ão apenas de s i nt oni z ar a
c or r el aç ão ent r e uma det er mi nada adv er s i dade - mes mo que s ej a mui t o
pequena - e um s ent i ment o c ons eqüent e. Por ex empl o, v oc ê es t á f al ando
c om uma ami ga no t el ef one. El a par ec e ans i os a par a des l i gar ( uma c ont r ar i edade
menor par a v oc ê) e v oc ê s e s ent e t r i s t e ( o s ent i ment o c ons eqüent e) . O pequeno
epi s ódi o c ons t i t ui r á uma anot aç ão ACC par a o s eu di ár i o.
El e c ompr eende t r ês par t es .
A pr i mei r a s eç ão, " Adv er s i dade" , pode s er qual quer c oi s a - uma t or nei r a
pi ngando, uma c ar a f ei a de um ami go, uma c r i anç a que não pár a de c hor ar ,
uma c ont a s al gada, f al t a de at enç ão do s eu mar i do, ou da s ua mul her . Sej a
obj et i v o s obr e a s i t uaç ão. Anot e s ua v er s ão do que ac ont ec eu e não s ua
av al i aç ão.
Por t ant o, s e v oc ê t ev e uma di s c us s ão c om s eu es pos o, ou es pos a, v oc ê dev er á
r egi s t r ar que el e, ou el a, es t av a i nf el i z dev i do a al guma c oi s a que v oc ê di s s e
ou
f ez . Regi s t r e i s s o. Mas não es c r ev a s ob o t í t ul o " Adv er s i dade" que el a " Não
es t av a s endo j us t a" . I s s o é uma i nf er ênc i a, que v oc ê t al v ez quei r a r egi s t r ar na
s egunda s eç ão: " Cr enç a. "
Suas c r enç as c ons t i t uem a manei r a c omo v oc ê i nt er pr et a a adv er s i dade.
Tenha o c ui dado de s epar ar os pens ament os dos s ent i ment os . ( Os s ent i ment os
dev er ão s er anot ados s ob o t í t ul o " Cons eqüênc i as " . ) " Ac abei c om o meu
r egi me" e " Si nt o- me i nc ompet ent e s ão c onv i c ç ões . A s ua ex at i dão pode s er
av al i ada. " Si nt o- me t r i s t e" , no ent ant o, ex pr es s a um s ent i ment o. Não t em
s ent i do c hec ar a ex at i dão de " Si nt o- me t r i s t e" ; s e v oc ê s e s ent e t r i s t e, v oc ê
es t á t r i s t e.

286

" Cons equênc i as " . Nes s a s eç ão, r egi s t r e os s eus s ent i ment os e o que v oc ê
f ez . Sent i u- s e t r i s t e, ans i os o, al egr e, c ul pado, ou c omo? Não r ar o, v oc ê s ent i r á
mai s de uma c oi s a. Anot e t odos os s ent i ment os e aç ões de que t i v er c ons c i ênc i a.
O que f oi que v oc ê f ez ent ão? " Não t i nha ener gi a" , " Bol ei um pl ano par a que
el a s e des c ul pas s e" , " Vol t ei par a a c ama" s ão t odas aç ões c ons eqüent es .
Ant es de c omeç ar , aqui v ão al guns ex empl os út ei s do que v oc ê pode
ex per i ment ar .

Adv er s i dade: Meu mar i do t i nha f i c ado de dar banho nas c r i anç as e
bot á- l as na c ama, mas quando c heguei da mi nha r euni ão es t av am t odos
gr udados na t el ev i s ão.
Cr enç a: Por que el e não f az o que eu peç o? Ser á que é t ão di f í c i l
dar
banho nas c r i anç as e bot á- l as na c ama? Agor a, quem v ai f i c ar mal s ou
eu quando ac abar c om a f es t i nha del es .
Cons eqüênc i as . Fi quei r eal ment e f ur i os a c om J ac k e c omec ei l ogo a
gr i t ar s em l he dar c hanc e par a s e ex pl i c ar . Ent r ei na s al a e des l i guei o
apar el ho s em mes mo di z er um " oi " . Par ec i a o demôni o em pes s oa.

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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Adv er s i dade: Cheguei mai s c edo do t r abal ho e enc ont r ei meu f i l ho
e
s eus ami gos f umando mac onha na gar agem.
Cr enç a: O que é que el e pens a que es t á f az endo? Vou t or c er o
pes c oç o
del e. I s s o bem mos t r a c omo el e é i r r es pons áv el . Não pos s o c onf i ar nel e de
manei r a nenhuma. É uma ment i r a at r ás da out r a. Mas par a mi m c hega.
Não es t ou mai s di s pos t o a ouv i r as s em- v er gonhi c es del e.
Cons eqüênc i as : Es t av a f or a de mi m. Rec us ei - me a di s c ut i r a s i t uaç ão.
Di s s e- l he que el e er a " um del i nquent ez i nho que não mer ec i a a menor
c onf i anç a" , e pas s ei o r es t o do di a emput ec i do.

Adv er s i dade: Tel ef onei par a um c ar a em que es t av a i nt er es s ada e o


c onv i dei par a as s i s t i r a um s how. El e di s s e que o c onv i t e f i c av a v al endo
par a out r a oc as i ão por que daquel a v ez não poder i a i r . Pr ec i s av a s e
pr epar ar par a uma r euni ão i mpor t ant e.
Cr enç a: Que des c ul pa mai s es f ar r apada. El e es t av a apenas t ent ando
s er amáv el . A v er dade é que el e não quer nada c omi go. O que é que eu

287

es per av a? Sou mui t o agr es s i v a par a o gos t o del e. Foi a úl t i ma v ez que


c onv i dei al guém par a s ai r .
Cons eqüênc i as : Sent i - me es t úpi da, c ons t r angi da e f ei a. Em v ez de
c onv i dar
out r a pes s oa par a i r ao s how c omi go, r es ol v i dar as ent r adas a ami gos .

Adv er s i dade: Dec i di ent r ar par a uma ac ademi a de gi nás t i c a. Quando


c ompar ec i à pr i mei r a aul a s ó v i c or pos f i r mes e br onz eados à mi nha v ol t a.
Cr enç a: O que é que es t ou f az endo aqui ? Par ec i a uma bal ei a enc al hada
na pr ai a c ompar ada c om aquel a gent e. Se t i v er um pouc o de di gni dade,
dev o t r at ar de c ai r f or a o quant o ant es .
Cons eqüênc i as : Sent i - me t ot al ment e c ons c i ent e do papel r i dí c ul o que
es t av a f az endo e f ui embor a 15 mi nut os depoi s .

Agor a, é a s ua v ez . Nos pr óx i mos doi s di as , anot e c i nc o s eqüênc i as ACC


de s ua v i da.

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

288

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Depoi s de t er anot ado s eus c i nc o epi s ódi os ACC, l ei a- os c ui dados ament e.


Pr oc ur e a l i gaç ão ent r e s ua c r enç a e as c ons eqüênc i as . O que v oc ê v er i f i c ar á é
que ex pl i c aç ões pes s i mi s t as pr ov oc am pas s i v i dade e des âni mo, ao pas s o que
ex pl i c aç ões ot i mi s t as ener gi z am.
O pr óx i mo pas s o s egue- s e i medi at ament e: s e v oc ê mudar as c r enç as
habi t uai s que, no s eu c as o, s uc edem- s e à adv er s i dade, s ua r eaç ão a el a s e
modi f i c ar á aut omat i c ament e. Há manei r as ex t r emament e c onf í áv ei s de mudar .

289

Cont es t aç ão e Abs t r aç ão

HÁ DUAS MANEI RAS GERAI S DE VOCÊ LI DAR COM SUAS CONVI CÇÕES
pes s i mi s t as uma v ez que t enha c ons c i ênc i a del as . A pr i mei r a é s i mpl es ment e
pr oc ur ar s e abs t r ai r quando el as oc or r em - t ent e pens ar em out r a c oi s a. A
s egunda é c ont es t á- l as . Cont es t ar é mai s ef i c i ent e a l ongo pr az o, por que c r enç as
c ont es t adas c om êx i t o di f i c i l ment e r ei nc i di r ão c as o a mes ma s i t uaç ão s e r epi t a.
Pági na 168
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Os s er es humanos s ão c ondi c i onados a pens ar em det er mi nadas Coi Sas , más
e boas , que at r aem nos s a at enç ão e nos ques t i onam. Do pont o de v i s t a ev ol ut i v o,
i s s o f az mui t o s ent i do. Não v i v er í amos mui t o s e não r ec onhec ês s emos de pr ont o
os per i gos e as nec es s i dades que nos c er c am e s e não f ôs s emos al er t ados de que
pr ec i s amos nos pr eoc upar c om a manei r a de l i dar c om el es . Os pens ament os
pes s i mi s t as habi t uai s s i mpl es ment e l ev am es s e pr oc es s o út i l um pouc o mai s
adi ant e, de f or ma per ni c i os a. El es não c hamam nos s a at enç ão; c i r c ul am
i nc es s ant ement e em nos s as c abeç as . Por s ua pr ópr i a nat ur ez a, el es não s e
per mi t i r ão s er es quec i dos . São pr i mi t i v os l embr et es bi ol ógi c os dos per i gos e das
nec es s i dades . Enquant o a ev ol uç ão par ec e t er f ei t o as c r i anç as pr é- adol es c ent es
ot i mi s t as i r r epr eens í v ei s , el a t ambém agi u no s ent i do de que os adul t os que s e
pr eoc upar am e pl anej ar am t i v es s em mai s pr obabi l i dades de s obr ev i v er e t er
f i l hos ,
e que es s es f i l hos , por s ua v ez , s obr ev i v es s em. Mas na v i da moder na, es s es
l embr et es
pr i mi t i v os podem i nt er f er i r c om nos s o c ami nho, s ubv er t endo nos s o des empenho
e pr ej udi c ando a qual i dade de nos s a v i da emoc i onal .
Ex ami nemos a di f er enç a ent r e abs t r aç ão e c ont es t aç ão.

Abs t r aç ão
QUERO QUE VOCÊ NÃO PENSE NUMA TORTA DE MAÇÃ COM SORVETE DE
c r eme. A t or t a é quent e, f or mando c om o s or v et e um del i c i os o c omt r as t e ent r e
gos t o e t emper at ur a.
Pr ov av el ment e, v oc ê c onc l ui r á que é quas e i mpos s í v el não pens ar na
t or t a. Mas , em c ompens aç ão, v oc ê t em a c apac i dade de di r ec i onar s ua at enç ão.
Pens e nov ament e na t or t a. Pr ont o? Es t á c om água na boc a? Ent ão,
l ev ant e- s e
e bat a c om a pal ma da mão na par ede e gr i t e " PARE! " .

290

A i magem da t or t a des apar ec eu, não é v er dade?


Es s a é uma das mui t as t éc ni c as s i mpl es por ém al t ament e ef i c i ent es par a
s us t ar o pens ament o us adas por pes s oas que t ent am i nt er r omper padr ões
de pens ament o habi t uai s . Al gumas pes s oas t oc am uma c ampai nha bem
al t o, out r as c ar r egam um c ar t az c om a pal av r a PARE em l et r as v er mel has
enor mes . Mui t os ac ham que f unc i ona c ol oc ar um el ás t i c o no pul s o, es t i c á- l o
e s ol t á- l o par a que bat a c om f or ç a na pel e, i nt er r ompendo as s i m s ua
r umi naç ão.
Se v oc ê c ombi nar uma des s as t éc ni c as f í s i c as c om uma t éc ni c a c hamada
des v i o de at enç ão, obt er á r es ul t ados dur adour os . Par a i mpedi r que os s eus
pens ament os r et or nem a uma c r enç a negat i v a depoi s de t er em s i do
i nt er r ompi dos ( es t i c ando e s ol t ando um el ás t i c o no pul s o, ou qual quer out r o
pr oc es s o) ,
di r ec i one s ua at enç ão par a out r a c oi s a. Os at or es f az em i s s o quando pr ec i s am
pas s ar de r epent e de uma emoç ão par a out r a. Ex per i ment e o s egui nt e: pegue
um pequeno obj et o e o ex ami ne i nt ens ament e dur ant e al guns s egundos .
Mani pul e- o, c ol oque- o na boc a e s i nt a o gos t o, dê uma panc ada nel e par a v er
c omo s oa. Voc ê v er i f i c ar á que, c onc ent r ando- s e no obj et o des s a manei r a,
f or t al ec er á o des v i o da s ua at enç ão.
Fi nal ment e, v oc ê pode c or t ar as r umi naç ões t i r ando par t i do da s ua
pr ópr i a
nat ur ez a. A s ua c ar ac t er í s t i c a é c i r c ul ar na s ua c abeç a, de modo que v oc ê não
a es queç a, e aj a em f unç ão del as . Quando a adv er s i dade s obr ev i er , mar que
uma hor a - mai s t ar de - par a r ef l et i r s obr e a s i t uaç ão. . . di gamos , às s ei s da
t ar de. Agor a, quando al guma c oi s a per t ur bador a ac ont ec er e v oc ê ac har di f í c i l
af as t ar os pens ament os , v oc ê poder á s e di z er : " Um moment o. Pens ar ei s obr e
i s s o mai s t ar de. . . a t al e t al hor a. "
Também es c r ev a os pens ament os per t ur bador es no i ns t ant e em que el es
oc or r er em. A c ombi naç ão de pas s á- l os par a o papel - o que c ont r i bui par a
v ent i l á- l os e di s per s á- l os - , e f i x ar uma hor a par a pens ar nel es mai s t ar de
E f unc i ona bem; t i r a v ant agem da r az ão por que as r umi naç ões ex i s t em -
Pági na 169
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
par a
e s e f az er em l embr adas - e c or t e- as des s a f or ma. Se v oc ê as anot a e mar c a uma
hor a par a pens ar nel as , el as dei x am de t er s ent i do, e a f al t a de pr opós i t o
enf r aquec e- as .

291

Cont es t aç ão
DRI BLAR NOSSOS PENSAMENTOS PERTURBADORES PODE SER UM PRI MEI RO
s oc or r o ef i c az , mas opor - s e a el es é um r emédi o mai s pr of undo e de ef ei t os
mai s dur adour os : ar gument e c om el es . As s uma a of ens i v a. Cont es t ando
ef i c i ent ement e os pens ament os que s e s uc edem à adv er s i dade, v oc ê pode mudar s ua
r eaç ão c os t umei r a de abat i ment o e abandono par a uma at i t ude pos i t i v a, de
at i v i dade e di s pos i ç ão.

Adv er s i dade: Rec ent ement e, i ni c i ei um c ur s o de pós - gr aduaç ão


depoi s do ex pedi ent e de t r abal ho. Ti v e que r epet i r as pr i mei r as pr ov as e
não me s aí t ão bem quant o des ej av a.
Cr enç a: Que not as pés s i mas , J udy . Sem dúv i da, f i z a pi or pr ov a
da t ur ma. Sou mui t o bur r a. É i s s o aí . É mel hor ac ei t ar a r eal i dade
dos f at os . Também es t ou mui t o v el ha par a c ompet i r c om es s a
gar ot ada. Mes mo que i ns i s t a, quem é que v ai c ont r at ar uma mul her de
40 anos quando pode admi t i r uma j ov em de 23? Onde é que es t av a
c om a c abeç a quando me mat r i c ul ei ? É s i mpl es ment e mui t o t ar de
par a mi m.
Cons eqüênc i as : Sent i a- me c ompl et ament e des ani mada e i nút i l .
Es t av a c ons t r angi da at é por t er t ent ado, e dec i di des i s t i r do c ur s o e me dar
por s at i s f ei t a c om o empr ego que t i nha.
Cont es t aç ão: Es t ou ex ager ando as c oi s as . Gos t ar i a de s ó t er t i r ado
As , mas t i r ei um B, um e um B- . Não s ão not as t ão r ui ns as s i m.
Pos s o não t er t i r ado as mel hor es not as da t ur ma, mas t ambém não t i r ei
as pi or es . Me dei ao t r abal ho de c hec ar . O c ar a ao meu l ado t ev e doi s Cs
e um D+. A i dade não é a r az ão por que não me s ai t ão bem c omo
gos t ar i a. O f at o de t er 40 anos não me t or na menos i nt el i gent e do que
qual quer c ol ega de t ur ma. Um dos mot i v os por que não me s aí mui t o
bem é que t enho de c ui dar de mui t as out r as c oi s as na mi nha v i da que
t omam o t empo que dev er i a dedi c ar aos es t udos . O meu empr ego é de
t empo i nt egr al . Tenho uma f amí l i a. Cons i der ando a mi nha s i t uaç ão,
ac ho at é que não me s aí mui t o mal nos ex ames . Depoi s de t er f ei t o es s as
pr ov as , s ei o quant o t er ei que me es f or ç ar par a c ons egui r mel hor es
not as no f ut ur o. Agor a não é hor a de es quent ar a c abeç a pens ando em

292

quem v ai me c ont r at ar . Quas e t odos que s e f or mam nes s e c ur s o


c ons eguem um bom empr ego. Por enquant o, pr ec i s o apenas me pr eoc upar
em apr ender as mat ér i as e obt er meu di pl oma. Depoi s de me f or mar ,
ent ão, s i m, é hor a de me c onc ent r ar na pr oc ur a de um empr ego.
Res ul t ado: Si nt o- me mui t o mel hor c omi go mes ma e c om o
r es ul t ado de meus ex ames . Não v ou des i s t i r do c ur s o e não v ou per mi t i r que
mi nha i dade i nt er f i r a nas c oi s as que pr et endo f az er . Ai nda ac ho que
a mi nha i dade pode s er uma des v ant agem, mas at r av es s ar ei es s a pont e
quando c hegar a el a.

J udy ef et i v ament e mudou s uas c r enç as s obr e s uas not as . Ao f az er i s s o,


el a
mudou s eus s ent i ment os de des es per o par a es per anç a e s ua dec i s ão de l ar gar o
c ur s o par a i r em f r ent e. J udy s abe al gumas t éc ni c as que v oc ê es t á pr es t es a
apr ender .

Pági na 170
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Di s t anc i ament o

É ESSENCI AL QUE VOCÊ SE CAPACI TE DE QUE SUAS CRENÇAS OU CONVI CÇÕeS


s ão apenas i s s o - c r enç as , s upos i ç ões . Poder ão s er f at os ou não. Se uma
r i v al c i ument a gr i t as s e par a v oc ê num ac es s o de r ai v a: " Voc ê é uma pés s i ma
mãe. Voc ê é egoí s t a, di s pl i c ent e e es t úpi da" , c omo v oc ê r eagi r i a? Pr ov av el ment e,
não l ev ar i a as ac us aç ões mui t o a s ér i o. Se r eal ment e a of endes s em, v oc ê as
c ont es t ar i a ( ou di r et ament e a el a ou a s i mes ma) . " Meus f i l hos me amam"
v oc ê t al v ez di s s es s e. " Dedi c o a mai or par t e do meu t empo a el es .
Ens i no- l hes
ál gebr a, f ut ebol e c omo s e c onduz i r num mundo hos t i l . De qual quer f or ma,
el a es t á t ão c i ument a por que os f i l hos del a s ão medí oc r es . "
De c er t o modo, podemos nos di s t anc i ar f ac i l ment e das ac us aç ões
i nf undadas que nos f aç am. Mas t emos mui t o mai s di f i c ul dade em nos di s t anc i ar mos
das ac us aç ões que f az emos di ar i ament e a nós mes mos . Af i nal de c ont as , s e nós
mes mos as el uc ubr amos é por que dev em s er v er dadei r as .
Er r ado!
O que nós di z emos quando enf r ent amos uma c ont r ar i edade pode s er t ão
s em f undament o quant o as i nj úr i as di t as por uma r i v al c i ument a. Nos s as
ex pl i c aç ões r ef l ex i v as ger al ment e s ão di s t or ç ões . Não pas s am de maus hábi t os de
r ac i oc í ni o pr ov oc ados por ex per i ênc i as des agr adáv ei s no pas s ado - por

293

c onf l i t os na i nf ânc i a, por pai s ex c es s i v ament e r i gor os os . por um t r ei nador de


f ut ebol demas i ado c r í t i c o, uma i r mã mai s v el ha c i ument a. Mas pel o f at o de s e
or i gi nar em em nós mes mos , as s umem a f or ç a da v er dade i ndi s c ut í v el .
Ent r et ant o, s ão apenas s upos i ç ões . E não bas t a ac r edi t ar numa
det er mi nada
c oi s a par a que el a s e t or ne r eal i dade. Soment e por que uma pes s oa r ec ei a não
r euni r c ondi ç ões par a c ons egui r um empr ego, s er amada, ou por que s e j ul ga
i nadequada, es s as s upos i ç ões não c or r es pondem nec es s ar i ament e à v er dade. É
es s enc i al r ec uar e s us pender a c r enç a por um i ns t ant e, é pr ec i s o que v oc ê s e
di s t anc i e de s uas ex pl i c aç ões pes s i mi s t as pel o menos t empo s uf i c i ent e par a
apur ar s ua ex at i dão. A c ont es t aç ão c ons i s t e em c hec ar a pr oc edênc i a de s uas
c r enç as r ef l ex i v as .
O pr i mei r o pas s o é s aber que s uas c onv i c ç ões podem s er
c ont es t adas . O
s egundo, é pôr a c ont es t aç ão em pr át i c a.

Apr endendo a Di s c ut i r c om Voc ê Mes mo


FELI ZMENTE, VOCÊ j Á CONTA COM A EXPERI ÊNCI A DE UMA VI DA I NTEI RA
de di s c us s ões . Voc ê r ec or r e a es s a t éc ni c a s empr e que ar gument a c om
out r as pes s oas . Ao c omeç ar a c ont es t ar s uas pr ópr i as ac us aç ões i nf undadas
a s eu r es pei t o, a t éc ni c a que v oc ê j á domi na s er á de mui t a ut i l i dade nes s e
nov o pr oj et o.

Há quat r o manei r as i mpor t ant es de t or nar s uas c ont es t aç ões c onv i nc ent es :

- Pr ov as ?
- Al t er nat i v as ?
- I mpl i c aç ões ?
- Ut i l i dade?

Pr ov as
A MANEI RA MAI S CONVI NCENTE DE CONTESTAR UMA CONVI CÇÃO NEGATI VA
é demons t r ar que el a é f ac t ual ment e i nc or r et a. Na mai or i a das v ez es , os f at os
es t ar ão do s eu l ado, uma v ez que as r eaç ões pes s i mi s t as a adv er s i dade

Pági na 171
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
294

f r eqüent ement e s ão r eaç ões s uper di mens i onadas . Voc ê as s ume o papel de um
det et i v e e per gunt a: " Quai s s ão as pr ov as que s us t ent am es s a s upos i ç ão?"
No c as o de J udy , el a ac r edi t ou que s uas " pés s i mas " not as t i nham s i do as
" pi or es da t ur ma" . El a i nv es t i gou e des c obr i u que o c ol ega que s ent av a ao s eu
l ado t i v er a not as mui t o pi or es .
Kat i e, que al egar a t er " ac abado" c om o r egi me, poder i a t er c ont ado as
c al or i as dos t i r a- gos t os e das c er v ej as que c ons umi r a e t er i a v er i f i c ado que
el es
r epr es ent av am pouc o mai s do que o j ant ar que dei x ar a de l ado par a s ai r c om
os ami gos .
É i mpor t ant e obs er v ar a di f er enç a ent r e es s a abor dagem e o c hamado
" poder
do pens ament o pos i t i v o" , O pens ament o pos i t i v o i mpl i c a t ent ar ac r edi t ar em
af i r maç ões des gas t adas c omo " Vou c ada v ez mel hor , s ob t odos os pont os de
v i s t a" par a s upr i r a f al t a de pr ov as , ou mes mo di ant e de pr ov as em c ont r ár i o.
Se v oc ê c ons egue r eal ment e ac r edi t ar nes s as f r as es f ei t as , mai s f or ç a par a v oc ê.
Mui t as pes s oas i ns t r uí das , adept as de uma l i nha de pens ament o c ét i c o, não
ac ei t am es s e t i po de es t í mul o. O ot i mi s mo apr endi do, em c ont r apos i ç ão, bas ei a- s e
na ex at i dão.
Des c obr i mos que a s i mpl es r epet i ç ão de c hav ões pos i t i v os não aj uda mui t o
a l ev ant ar o âni mo nem mel hor a a c apac i dade de r eal i z aç ão. O que de f at o f az
ef ei t o é a manei r a c omo v oc ê s e c ompor t a di ant e de af i r maç ões negat i v as .
Quas e s empr e, as c r enç as que dec or r em de uma adv er s i dade s ão i nc or r et as . A
mai or i a das pes s oas t ende a dr amat i z ar . De t odas as c aus as pot enc i ai s , es c ol hem
uma c om as i mpl i c aç ões mai s t er r í v ei s . Uma de s uas t éc ni c as mai s ef i c az es no
que s e r ef er e à c ont es t aç ão s er á a pr oc ur a de pr ov as que denunc i em as di s t or ç ões
nas s uas ex pl i c aç ões c at as t r óf i c as . Na mai or par t e do t empo, v oc ê t er á a
r eal i dade
do s eu l ado.
O ot i mi s mo apr endi do age não at r av és de uma pos i t i v i dade i nj us t i f i c áv el
s obr e
o mundo, mas s i m at r av és do pens ament o " não- negat i v o" .

Al t er nat i v as
QUASE NADA DO QUE ACONTECE COM VOCÊ TEM UMA CAUSA ÚNI CA; A
mai or i a dos ev ent os t em mui t as c aus as . Todas as r az ões enumer adas a s egui r
podem t er c ont r i buí do par a o s eu i ns uc es s o num t es t e: a di f i c ul dade do t es t e,

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o gr au do s eu pr epar o, a s ua i nt el i gênc i a, o des c as o do pr of es s or , o


des empenho dos out r os c onc or r ent es , as s uas c ondi ç ões f í s i c as ( c ans aç o,
des c ont r aç ão,
et c . ) . Os pes s i mi s t as s empr e as s oc i am o s eu i ns uc es s o às pi or es des s as pos s í v ei s
c aus as - às mai s per manent es , abr angent es e pes s oai s . J udy , por ex empl o,
não hes i t ou em af i r mar : " Es t ou mui t o v el ha par a c ompet i r c om es s a gar ot ada. "
Aqui , nov ament e, a c ont es t aç ão c ont a de um modo ger al c om a r eal i dade
do s eu l ado. Há múl t i pl as c aus as , por t ant o, por que s e i dent i f i c ar c om a mai s
i ns i di os a de t odas ? Per gunt e- s e: " Ex i s t e uma manei r a menos des t r ut i v a de
ex ami nar a s i t uaç ão?" J udy , uma aut oc ont es t ador a ex per i ent e, ac hou que hav i a:
" O meu empr ego é de ex pedi ent e i nt egr al e t enho uma f amí l i a. " Kat i e, que
t ambém s e t or nou uma aut oc ont es t ador a ex í mi a, poder i a t r oc ar a pal av r a
" f r aquez a" por : " Vej am c omo s ou f or t e mant endo es s a di et a t ão r i gor os ament e
dur ant e duas s emanas i nt ei r as . "
Pr oc ur e t odas as c aus as que pos s am ev ent ual ment e c ont r i bui r , a f i m de
c ont es t ar s uas pr ópr i as c onv i c ç ões . Conc ent r e- s e nas c aus as modi f i c áv ei s ( t empo
i ns uf i c i ent e par a es t udar ) , es pec í f i c as ( es s e ex ame em par t i c ul ar f oi
ex c epc i onal ment e dur o) e i mpes s oai s ( o pr of es s or não f oi j us t o c om as not as ) .
Pági na 172
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Voc ê
t al v ez t enha que ger ar s upos i ç ões al t er nat i v as , admi t i ndo pos s i bi l i dades de
c uj a aut ent i c i dade não es t ej a i nt ei r ament e c onv enc i do. Lembr e- s e que gr ande
par t e do pens ament o pes s i mi s t a c ons i s t e pr ec i s ament e no c ont r ár i o, em apegar - s e
à c onv i c ç ão mai s l úgubr e pos s í v el , não por que es t ej a apoi ada em pr ov as ,
mas s i mpl es ment e por s er l úgubr e. Sua t ar ef a é des f az er o hábi t o des t r ut i v o,
aper f ei ç oando s ua c apac i dade de c r i ar al t er nat i v as .

I mpl i c aç ões

MAS DA MANEI RA COMO AS COI SAS CAMI NHAM NO MUNDO DE HOJ E, OS


f at os nem s empr e es t ar ão do s eu l ado. A c r enç a negat i v a que v oc ê mant ém
a s eu r es pei t o pode s er c or r et a. Nes s a s i t uaç ão, a t éc ni c a a s er us ada é a
des c at as t r of i z aç ão.
Mes mo que mi nha c onv i c ç ão s ej a c or r et a, v oc ê di z a s i mes mo, quai s s ão
s uas i mpl i c aç ões ? J udy er a mai s v el ha do que os demai s es t udant es . Mas o que
i s s o i mpl i c a? I s s o não quer di z er que J udy s ej a menos i nt el i gent e do que el es ,
e t ampouc o s i gni f i c a que ni nguém a c ont r at ar i a. A quebr a do r egi me de Kat ie

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não s i gni f i c a que el a s ej a uma gl ut ona, nem que s ej a i di ot a, e mui t o menos


que dev i a t er des c ar t ado o r egi me de v ez .
At é onde, v oc ê s e per gunt ar á, es s as i mpl i c aç ões s ão t ão t er r í v ei s ? At é
que
pont o t r ês not as B s i gni f i c am que ni nguém j amai s c ont r at ar i a J udy ? Ser á
que doi s ou t r ês t i r a- gos t os f az em de Kat i e uma c omi l ona i r r ec uper áv el ? Ao s e
per gunt ar s e as i mpl i c aç ões s ão de f at o t ão dev as t ador as , r epi t a a bus c a de
pr ov as . Kat i e l embr ou- s e da pr ov a de que t i nha s egui do r i gor os ament e a di et a
dur ant e duas s emanas - por t ant o, não podi a s er c ons i der ada uma c ompl et a
gl ut ona. J udy l embr ou- s e que quas e t odos os que s e di pl omav am no c ur s o que
es t av a f az endo ac abav am c ons egui ndo um bom empr ego.

Ut i l i dade

Às VEZES, AS CONSEQÜÊNCI AS DE MANTER UMA CRENÇA CONTAM MAI S DO

que a aut ent i c i dade da c r enç a. A c r enç a é des t r ut i v a? A c r enç a de Kat i e na s ua


gul odi c e, mes mo que s ej a v er dadei r a, é des t r ut i v a. É um pr et ex t o par a
per mi t i r - l he quebr ar o r egi me c ompl et ament e.
Al gumas pes s oas f i c am mui t o per t ur badas quando o mundo mos t r a- s e
i nj us t o. Podemos s i mpat i z ar c om es s e s ent i ment o, mas a c onv i c ç ão de que o
mundo dev er i a s er j us t o é c apaz de c aus ar mai s s of r i ment o do que s er i a l í c i t o
admi t i r . O que pos s o ganhar c om es s a at i t ude? Às v ez es , é mui t o mai s út i l
t oc ar o bar c o, s em per der t empo ex ami nando a ex at i dão de s uas c onv i c ç ões
par a depoi s c ont es t á- l as . Por ex empl o, um t éc ni c o em demol i ç ões poder á s e
s ur pr eender pens ando: " Es s a bomba pode ex pl odi r e me mat ar " - pens ament o
que f ar á s uas mãos t r emer em. Num c as o c omo es s e, é c l ar o que a abs t r aç ão é
pr ef er í v el à c ont es t aç ão. Sempr e que v oc ê t i v er s i mpl es ment e que agi r na hor a,
a abs t r aç ão s er á o i ns t r ument o c er t o. Nes s e moment o, a per gunt a a f az er a s i
mes mo não é " A c onv i c ç ão é v er dadei r a?" e s i m " É pr át i c o pens ar ni s s o agor a?" .
Se a r es pos t a f or não, us e uma das t éc ni c as de abs t r aç ão. ( Par e! Mar que uma
hor a par a s e pr eoc upar mai s t ar de. Anot e o pens ament o por es c r i t o. )
Out r a t át i c a é det al har t odas as manei r as pel as quai s v oc ê poder á mudar
a
s i t uaç ão no f ut ur o. Mes mo que a c onv i c ç ão s ej a v er dadei r a agor a, a s i t uaç ão é
modi f i c áv el ? O que v oc ê dev er á f az er par a mudá- l a?

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Pági na 173
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
O Seu Regi s t r o de Cont es t aç ão
Gos t ar i a agor a que v oc ê pus es s e em pr át i c a o model o ACCCE. Voc ê j á s abe
que quer di z er ACC. O t er c ei r o C s i gni f i c a c ont es t aç ão; E, ener gi z aç ão.
Dur ant e os pr óx i mos c i nc o ev ent os adv er s os que v i er a enf r ent ar , ouç a
c om at enç ão s uas c onv i c ç ões í nt i mas , obs er v e as c ons eqüênc i as e c ont es t e as
c onv i c ç ões v i gor os ament e. Obs er v e ent ão a ener gi z aç ão que oc or r e à medi da
que v oc ê c ons egue c ont r ol ar as c r enç as negat i v as , e r egi s t r e t udo i s s o. Es s es
c i nc o ev ent os adv er s os podem s er de pouc a mont a: o c or r ei o at r as ou; s ua l i gaç ão
não t ev e r et or no; a of i c i na não dev ol v eu s eu c ar r o; o r apaz do pos t o de gas ol i na
que enc heu o t anque não l av ou o pár a- br i s a. Em c ada c as o, us e as quat r o
t éc ni c as de aut oc ont es t aç ão ef et i v a.
Ant es de c omeç ar , es t ude os ex empl os a s egui r :

Adv er s i dade: Pedi empr es t ado a uma ami ga um par de br i nc os v al i os os


e per di um del es enquant o es t av a danç ando.
Cr enç a: Sou mui t o i r r es pons áv el . Er am os br i nc os f av or i t os de Kay ,
e nat ur al ment e i s s o s ó podi a ac ont ec er c omi go. El a não v ai me per doar .
E c om t oda r az ão. Se eu f os s e el a, t ambém f i c ar i a c om ódi o de mi m. É
i nac r edi t áv el c omo s ou des c ui dada. Não f i c ar i a admi r ada s e el a me
di s s es s e que não quer mai s nada c omi go.
Cons eqüênc i as : Es t av a me s ent i ndo doent e. Não c ons egui a s uper ar a
v er gonha e o c ons t r angi ment o, e por i s s o não quer i a t el ef onar par a el a e
c ont ar o que t i nha ac ont ec i do. Li mi t av a- me a f i c ar s ent ada c omo uma
i di ot a, pr oc ur ando c r i ar c or agem par a l i gar par a el a.
Cont es t aç ão: Foi r eal ment e mui t o c hat o t er per di do o br i nc o. Er am
os pr ef er i dos de Kay [ pr ov a] e c om c er t ez a el a v ai f i c ar mui t o
des apont ada [ i mpl i c aç ão] . Cont udo, c ompr eender á que f oi um ac i dent e
[ al t er nat i v a] , e duv i do mui t o que me odei e por c aus a di s s o [ i mpl i c aç ão] .
Não ac ho que s ej a j us t o c ons i der ar - me uma t ot al i r r es pons áv el s oment e
por que per di um br i nc o [ i mpl i c aç ão] .
Ener gi z aç ão: Ai nda me s ent i a mal por t er per di do o br i nc o, mas j á
não me s ent i a mai s t ão env er gonhada, e não me pr eoc upav a c om a

298

pos s i bi l i dade de el a v i r a r omper nos s a ami z ade. Cons egui r el ax ar e


t el ef onei - l he par a ex pl i c ar .

E agor a out r a oc or r ênc i a de que v oc ê j á c onhec e a pr i mei r a par t e.

Adv er s i dade: Cheguei mai s c edo do t r abal ho e enc ont r ei meu f i l ho


c om os ami gos f umando mac onha na gar agem.
Cr enç a: O que é que el e pens a que es t á f az endo? Vou t or c er o
pes c oç o del e. I s s o bem mos t r a c omo el e é i r r es pons áv el . Não pos s o c onf i ar
nel e. É uma ment i r a at r ás da out r a. Mas par a mi m c hega. Não es t ou
mai s di s pos t o a ouv i r as s em- v er gonhi c es del e.
Cons eqüênc i as : Es t av a f or a de mi m. Rec us ei - me a di s c ut i r a
s i t uaç ão. Di s s e- l he que el e er a um " del i nquent ez i nho que não mer ec i a a
menor c onf i anç a" , e pas s ei o r es t o da t ar de env enenado.

Mas ei s c omo um c ont es t ador c ons umado c onduz i r i a es s e di ál ogo i nt er no:

Cont es t aç ão: Es t á c er t o, não há c omo negar que J os hua é


i r r es pons áv el a pont o de f umar mac onha, mas i s s o não quer di z er que el e s ej a
c ompl et ament e i r r es pons áv el e não mer eç a c onf i anç a [ i mpl i c aç ões ] . El e
nunc a mat ou aul a ou f i c ou at é mai s t ar de f or a de c as a s em av i s ar , e
c umpr e bem a par t e que l he t oc a nas t ar ef as domés t i c as [ ev i dênc i as ] . A
s i t uaç ão é mui t o s ér i a, mas não adi ant a nada f i c ar pens ando que t udo o
que el e di z é ment i r a [ ut i l i dade] . No pas s ado, nos s a c omuni c aç ão er a
boa, e ac r edi t o que s e eu me mant i v er c al mo agor a, as c oi s as podem
Pági na 174
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
mel hor ar [ ut i l i dade] . Se não me di s pus er a di s c ut i r a s i t uaç ão c om J os hua,
os pr obl emas não poder ão s er r es ol v i dos [ ut i l i dade] .
Ener gi z aç ão: Cons egui me ac al mar e pas s ei a c ont r ol ar a s i t uaç ão.
Comec ei pedi ndo des c ul pas por t ê- l o c hamado de " não- c onf i áv el " , e
di s s e- l he que pr ec i s áv amos c onv er s ar s obr e s eu hábi t o de f umar
mac onha. Houv e moment os em que a c onv er s a pegou f ogo, mas pel o menos
c ons egui mos f al ar s obr e o as s unt o.

299

Adv er s i dade: Of er ec i um j ant ar a um gr upo de ami gos , e a pes s oa a


quem es t av a t ent ando i mpr es s i onar mal t oc ou na c omi da.
Cr enç a: A c omi da dev i a es t ar hor r or os a. Sou uma pés s i ma c oz i nhei r a.
O mel hor que t enho a f az er é des i s t i r da i déi a de c onhec ê- l o
i nt i mament e. Ti v e at é s or t e de el e não t er s e l ev ant ado e i do embor a no mei o
do j ant ar .
Cons eqüênc i as : Fi quei r eal ment e des apont ada e abor r ec i da c omi go
mes ma. Fi quei t ão s em gr aç a que pr oc ur ei ev i t á- l o o r es t o da noi t e.
Obv i ament e, as c oi s as não oc or r er am c omo eu es per av a.
Cont es t aç ão: I s s o é r i dí c ul o. É c l ar o que a c omi da não es t av a i nt r agáv el
[ pr ov a] . El e pode não t er c omi do mui t o, mas os out r os c onv i dados
c omer am [ pr ov a] . El e pode t er c omi do pouc o por uma c ent ena de r az ões
[ al t er nat i v as ] . Podi a es t ar f az endo r egi me, podi a es t ar i ndi s pos t o, é
pos s í v el que nor mal ment e t enha pouc o apet i t e [ al t er nat i v as ] . Embor a quas e
não t enha c omi do, deu mos t r as de t er apr ec i ado o j ant ar [ pr ov a] . Cont ou
al gumas hi s t ór i as engr aç adas e par ec eu es t ar à v ont ade [ pr ov a] . Chegou a
s e of er ec er par a me aj udar a l av ar a l ouç a [ pr ov a] . El e não f ar i a i s s o s e
t i v es s e f i c ado t ão mal i mpr es s i onado [ al t er nat i v a] .
Ener gi z aç ão: Não me s ent i nem um pouc o c ons t r angi da ou
c ont r ar i ada, e me dei c ont a de que s e o ev i t as s e por i a por t er r a mi nhas c hanc es
de c onhec ê- l o mel hor . Bas i c ament e, c ons egui r el ax ar e i mpedi r que
mi nha i magi naç ão es t r agas s e a noi t e.

Agor a, c abe a v oc ê f az er a mes ma c oi s a no s eu di a- a- di a dur ant e a


pr óx i ma
s emana. Não c or r a at r ás da adv er s i dade, mas , quando el a ac ont ec er , s i nt oni z e
c ui dados ament e s eu di ál ogo i nt i mo. Quando ouv i r c onj et ur as negat i v as ,
c ont es t e- as . Der r ube- as e depoi s r egi s t r e- as no s eu ACCCE.
Adv er s i dade:

Cr enç a:

300

Cons eqüênc i as :

Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

Pági na 175
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

301

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

302

Pági na 176
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

Ex t er i or i z aç ão de Voz es

A FI M DE PRATI CAR A CONTESTAÇÃO, v oCÉ NÃO PRECI SA ESPERAR QUE A


adv er s i dade bat a à s ua por t a. Voc ê pode pedi r a um ami go que ex t er ne c r enç as
negat i v as em v oz al t a e c ont es t ar as ac us aç ões que el e f i z er t ambém em v oz al t a.
Es s e ex er c í c i o é c hamado " ex t er i or i z aç ão de v oz es " . Par a pr at i c á- l o, es c ol ha um
ami go ( s ua mul her , ou s eu mar i do, t ambém s er v e) e r es er v e 20 mi nut os . O papel
do s eu ami go é c r i t i c á- l o. Por es s e mot i v o, v oc ê dev e es c ol hê- l o c om c ui dado.
Es c ol ha al guém em quem v oc ê c onf i e e não s e s i nt a na def ens i v a.

303

Ex pl i que ao s eu ami go que, nes s a s i t uaç ão, não f az mal que el e o


c r i t i que:
v oc ê não c ons i der ar á as c r í t i c as c omo uma of ens a pes s oal , uma v ez que s e t r at a
de um ex er c í c i o par a f or t al ec er a manei r a c omo v oc ê c ont es t a es s as ac us aç ões
quando as f az a s i mes mo. Aj ude s eu ami go a es c ol her as c r í t i c as adequadas
r epas s ando o s eu r egi s t r o ACC ( Adv er s i dade, Cr enç a, Cons eqüênc i as ) j unt o
c om el e, apont ando as c onv i c ç ões negat i v as que l he oc or r em f r eqüent ement e.
Fei t o es s e es c l ar ec i ment o, v oc ê v er á que, de f at o, não l ev a as c r í t i c as em
c ar át er
pes s oal quando s eu ami go as v er bal i z a, e que o ex er c í c i o na v er dade f or t al ec e
os l aç os de s i mpat i a ent r e v oc ê e el e, ou el a.
Cabe a v oc ê c ont es t ar as c r í t i c as em v oz al t a, c om t odas as ar mas de que
di s pus er . Ret i na t odas as pr ov as c ont r ár i as que puder , ex t er ne t odas as
ex pl i c aç ões al t er nat i v as , des c at as t r of i z e ar gument ando que as i mpl i c aç ões não
s ão t ão dev as t ador as quant o o s eu ami go pr et ende. Se ac har que as ac us aç ões
pr oc edem, r el ac i one t odas as c oi s as que puder f az er par a modi f i c ar a s i t uaç ão.
O s eu ami go poder á i nt er r ompê- l o par a c ont es t ar s uas c ont es t aç ões . Repl i que.
Ant es de c omeç ar , v oc ê e s eu ami go dev em l er os ex empl os que s e s eguem.
Cada um c ont ém uma s i t uaç ão que o ami go ex pl or a par a f az er al gumas
Pági na 177
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
ac us aç ões mal dos as . ( Seu ami go pr ec i s a s er dur o c om v oc ê, da mes ma f or ma
que s eu pr ópr i o es t i l o ex pl i c at i v o não l he poupa. )
Si t uaç ão: Ao ar r umar umas r oupas no quar t o de s ua f i l ha de 15
anos , Car ol des c obr e uma c ai x a de pí l ul as ant i c onc epc i onai s es c ondi da
no mei o das r oupas .
Ac us aç ão ( da ami ga) : Como é que i s s o podi a es t ar ac ont ec endo s em
que v oc ê s oubes s e? El a s ó t em 15 anos ! Quando v oc ê es t av a c om es s a
i dade, não t i nha nem namor ado. Como é que pôde s er t ão c ega? O s eu
r el ac i onament o c om s ua f i l ha dev e s er pés s i mo par a v oc ê i gnor ar que
Sus an j á t em uma v i da s ex ual at i v a. Que es péc i e de mãe é v oc ê?
Cont es t aç ão: Não adi ant a quer er c ompar ar o que eu f az i a na mi nha
adol es c ênc i a c om as ex per i ênc i as de Sus an [ ut i l i dade] . Os t empos
mudar am. O mundo de hoj e é di f er ent e [ al t er nat i v a] . É v er dade que não
me pas s av a pel a c abeç a que Sus an es t i v es s e i ndo par a a c ama c om
al guém [ pr ov a] , mas i s s o não s i gni f i c a que nos s o r el ac i onament o s ej a um
f r ac as s o t ot al [ i mpl i c aç ões ] . As mi nhas c onv er s as c om el a s obr e
c ont r ol e de nat al i dade dev em t er c al ado no s eu es pí r i t o, poi s el a es t á t omando
a pí l ul a [ ev i dênc i a] . Pel o menos i s s o é um bom s i nal .

304

A ami ga apar t ei a: Voc ê es t á t ão abs or v i da pel a s ua v i da e t ão oc upada


c om o s eu t r abal ho que não t em a menor i déi a do que es t á ac ont ec endo
c om s ua f i l ha. Voc ê não é uma boa mãe.
A c ont es t aç ão c ont i nua: Es t i v e pr eoc upada c om o meu t r abal ho
ul t i mament e e t al v ez não es t ej a t ão s i nt oni z ada c om el a quant o gos t ar i a
[ al t er nat i v as ] , mas pos s o mudar es s a s i t uaç ão [ ut i l i dade] . Em v ez de per der a
c abeç a c om i s s o ou me dei x ar abat er , pos s o us ar es s e pr et ex t o par a r eabr i r as
l i nhas de c omuni c aç ão ent r e nós e di s c ut i r s ex o ou quai s quer out r os
pr obl emas que el a pos s a t er [ ut i l i dade] . No pr i nc í pi o não s er á f ác i l . É nat ur al
que el a f i que um pouc o na def ens i v a, mas podemos f az er c om que dê c er t o.

Si t uaç ão: O pes s i mi s t a nes t e c as o é um homem c hamado Doug. El e


e s ua namor ada, Bár bar a, v ão j ant ar na c as a de ami gos . Bár bar a pas s a
par t e da noi t e c onv er s ando c om Ni c k , um homem que Doug nunc a
v i u. No c ar r o, de v ol t a par a c as a, Doug não s e f ur t a a c oment ar
i r oni c ament e: " Voc ê e aquel e s uj ei t o dev em t er mui t a c oi s a em c omum. Há
mui t o t empo que não a v i a t ão ani mada. Es per o que el e l he t enha dado
o númer o do s eu t el ef one - s er i a uma pena s e es s a ami z ade mor r es s e. "
Bár bar a f i c a s ur pr es a c om a r eaç ão de Doug, e, r i ndo, di z que el e não
pr ec i s a f i c ar pr eoc upado; Ni c k é apenas um c ol ega de t r abal ho.
Ac us aç ão ( do ami go) : Real ment e, não f oi del i c ado de par t e de
Bár bar a pas s ar a noi t e t oda c onv er s ando c om out r o c onv i dado. Voc ês
es t av am ent r e ami gos del a e el a s abi a que v oc ê i a f i c ar s obr ando.
Cont es t aç ão: Ac ho que es t ou ex ager ando um pouc o. El a não pas s ou
a noi t e t oda c onv er s ando c om Ni c k [ pr ov a] . Pi c amos na f es t a quat r o
hor as e el a c onv er s ou c om el e uns 40 mi nut os mai s ou menos [ pr ov a] .
Pel o f at o de não c onhec er mui t as das pes s oas pr es ent es não quer di z er
que el a pr ec i s av a f i c ar me paj eando [ al t er nat i v a] . El a pas s ou a pr i mei r a
hor a me apr es ent ando aos s eus ami gos , e f oi s ó depoi s do j ant ar que el a
f i c ou al gum t empo s oz i nha c om Ni c k [ pr ov a] . Cr ei o que el a s e s ent e
bas t ant e s egur a s obr e o nos s o r el ac i onament o par a não pr ec i s ar f i c ar
gr udada no meu br aç o o t empo t odo [ al t er nat i v a] . El a s abe que eu s ou
c apaz de me ent ur mar c om f ac i l i dade [ pr ov a] .
O ami go i nt er r ompe: Se el a r eal ment e s e i nt er es s a por v oc ê, não i r i a
pas s ar a noi t e f l er t ando c om o c ar a. Es t á na c ar a que v oc ê l i ga mai s par a
el a do que el a par a v oc ê. Se é as s i m, é mel hor dar o c as o por enc er r ado.

305

A c ont es t aç ão c ont i nua: Sei que Bár bar a me ama [ pr ov a] . Es t amos


j unt os há mui t o t empo e el a nunc a f al ou em nos s epar ar mos ou que s e
i nt er es s av a por out r a pes s oa [ pr ov a] . El a es t á c er t a. Pr ov av el ment e, eu
Pági na 178
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
es t av a me s ent i ndo um pouc o ner v os o por t r av ar c onhec i ment o c om
t ant a gent e ao mes mo t empo [ al t er nat i v a] . Vou me des c ul par por t er
s i do t ão s ar c ás t i c o e ex pl i c ar por que r eagi daquel a manei r a [ ut i l i dade] .
Si t uaç ão: A mul her de Andr ew, Lor i , é al c oól at r a. Não t oc ou numa
got a de ál c ool dur ant e t r ês anos , mas r ec ent ement e v ol t ou a beber .
Andr ew t em t ent ado de t odas as manei r as f az er c om que el a par e.
Pr oc ur ou ar gument ar c om el a, ameaç ou, i mpl or ou, mas não adi ant a. Toda
noi t e quando c hega em c as a do t r abal ho, Lor i es t á bêbada.
Ac us aç ão ( do ami go) : É uma c oi s a hor r í v el . Voc ê dev i a poder f az er c om
que Lor i par as s e de beber . Voc ê dev i a t er per c ebi do que hav i a al go er r ado
ant es que as c oi s as c hegas s em ao pont o que c hegar am. Como pôde s er t ão
c ego? Por que não f az c om que el a v ej a o que es t á c aus ando a s i mes ma?
Cont es t aç ão: Ser i a ót i mo s e eu pudes s e f az er c om que Lor i par as s e
de beber , mas es s a não é uma at i t ude r eal i s t a [ pr ov a] . Da úl t i ma v ez que
di s c ut i mos o as s unt o, c onc l uí que não há abs ol ut ament e nada que
pos s a f az er par a c onv enc ê- l a a par ar [ pr ov a] . At é que r es ol v a dei x ar a
gar r af a de l ado por c ont a pr ópr i a, não pos s o f az er nada par a que el a v ej a o
que não quer v er [ al t er nat i v a] . I s s o não quer di z er que es t ej a i mpot ent e
em r el aç ão aos meus pr ópr i os s ent i ment os s obr e o as s unt o [ i mpl i c aç ão] .
Pos s o c omeç ar a f r eqüent ar um gr upo de apoi o par a não c ai r nov ament e
na ar madi l ha de me s ent i r c ul pado [ ut i l i dade] .
O ami go i nt er r ompe: Voc ê pens ou que as c oi s as i am bem ent r e
v oc ês . I magi no que es t i v es s e s e i l udi ndo nos úl t i mos t r ês anos . O
c as ament o de v oc ês não dev i a s i gni f i c ar gr ande c oi s a par a el a.
A c ont es t aç ão pr os s egue: Pel o f at o de Lor i t er v ol t ado a beber , i s s o
não apaga os úl t i mos t r ês anos do nos s o c as ament o [ al t er nat i v a] . As
c oi s as c or r i am bem ent r e nós [ pr ov a] e v ão mel hor ar nov ament e. É el a
quem t em que r es ol v er o pr obl ema [ al t er nat i v a] , e pr ec i s o me r epet i r
s empr e a mes ma c oi s a [ ut i l i dade] . El a não v ol t ou a beber por c aus a de
qual quer c oi s a que eu t enha f ei t o ou dei x ado de f az er [ al t er nat i v a] . A
úni c a c oi s a que pos s o f az er agor a par a o bem de nós doi s é c onv er s ar

306

c om al guém s obr e a manei r a c omo i s s o es t á me af et ando e s obr e os


meus r ec ei os e pr eoc upaç ões [ ut i l i dade] . Vai s er um i nf er no par a s ai r
des s a s i t uaç ão, mas es t ou di s pos t o a t ent ar .
Si t ua ç ão: Br enda e s ua i r mã Andr ea s empr e f or am mui t o uni das .
Fr eqüent ar am os mes mos c ol égi os , c i r c ul ar am pel as mes mas r odas e
f i x ar am- s e na mes ma v i z i nhanç a. O f i l ho de Andr ea é c al our o em
Dar t mout h, e t ant o Andr ea quant o Br enda es t ão mui t o ani madas
aj udando J oey , o f i l ho de Br enda, a es c ol her a uni v er s i dade em que pr et ende
i ngr es s ar . No i ní c i o do s eu úl t i mo ano no c ol égi o, J oey c omuni c a aos
pai s que não quer i r mai s par a a uni v er s i dade; pr ef er e r ef or mar c as as e
t r abal har na c ons t r uç ão c i v i l . Quando Andr ea per gunt a a Br enda por
que J oey não quer mai s i r par a a uni v er s i dade, Br enda per de o c ont r ol e
e r et r uc a: " Não que s ej a da s ua c ont a, mas ni nguém t em que s egui r as
pegadas do s eu f i l ho. "
Ac us aç ão ( da ami ga) : Voc ê dev i a es t ar c hei a de t udo na s ua v i da par a
s er um l i v r o aber t o par a Andr ea. El a t em a f amí l i a del a. Não há r az ão
par a es t ar s empr e met endo o nar i z na s ua v i da.
Cont es t aç ão: Ac ho que v oc ê es t á r eagi ndo c om c er t o ex ager o. Tudo o
que Andr ea f ez f oi per gunt ar por que J oey t i nha des i s t i do de i r par a a
uni v er s i dade [ pr ov a] . É uma per gunt a r az oáv el [ al t er nat i v a] . Ac ho que poder i a
f az er es s a per gunt a a el a s e a s i t uaç ão f os s e ao c ont r ár i o e f os s e o f i l ho del a,
não o meu, quem dec i di s s e não i r mai s par a a uni v er s i dade [ pr ov a] .
A ami ga i nt er r ompe: El a s e j ul ga s uper i or a v oc ê por que o f i l ho del a
es t á em Dar t mout h e J oey não v ai par a nenhuma uni v er s i dade.
Conv enhamos , v oc ê não pode ac ei t ar es s a at i t ude de s ua pr ópr i a i r mã, por t ant o
el a que s e dane.
A c ont es t aç ão c ont i nua: El a não es t av a banc ando a s uper i or nem
pr oc ur ando me humi l har ; es t av a apenas pr eoc upada por que gos t a mui t o de
J oey [ al t er nat i v a] . No f undo, ac ho que es t ou na def ens i v a c om r el aç ão à
dec i s ão de J oey e c om i nv ej a de onde o f i l ho de Br enda es t á [ al t er nat i v a] .
Pági na 179
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Na v er dade, s i nt o- me or gul hos a pel o f at o de Andr ea e eu s er mos t ão
uni das . É c l ar o que de v ez em quando as c oi s as s e t or nam um pouc o
c ompet i t i v as , mas não t r oc ar i a nos s a ami z ade por nada nes t e mundo [ ut i l i dade] .

307

Si t uaç ão: Donal d es t á t er mi nando a f ac ul dade. Seu pai f al ec eu há


quat r o anos , depoi s de uma doenç a pr ol ongada. Nas f ér i as de Nat al ,
s ua mãe l he c omuni c a que v ai s e c as ar c om Geof f , um homem c om
quem v i nha s ai ndo nos úl t i mos mes es . Donal d s abi a do env ol v i ment o
del a c om Geof f , mas f i c ou t ot al ment e s ur pr es o c om os s eu; pl anos de
c as ament o. Quando Donal d não s e mos t r ou c ont ent e c om s ua
par t i c i paç ão, s ua mãe per gunt ou- l he o que ac hav a. Donal d não s e c ont ev e e
ex pl odi u: " É pos i t i v ament e l ament áv el que v oc ê quei r a s e c as ar c om
es s a múmi a. " E s ai u i nt empes t i v ament e de c as a.
Ac us aç ão ( do ami go) : Não pos s o ac r edi t ar que s ua mãe v ai s e c as ar
c om es s e s uj ei t o. El a mal o c onhec e, al ém de s er mui t o v el ho, el e é
c ompl et ament e er r ado par a el a. Como el a pôde f az er i s s o c om v oc ê? A
c ont es t aç ão: Es per e aí . As c oi s as s ão r eal ment e t ão r ui ns as s i m? Em
pr i mei r o l ugar , não s ei at é que pont o el a c onhec e Geof f [ pr ov a] . Es t i v e
f or a o ano t odo [ pr ov a] . El es s e c onhec em há POUCOS mes es , e pel o
que s ei , di s põem de t odo o t empo par a es t ar em j unt os [ al t er nat i v a] . E
es s a hi s t ór i a de que el e é mui t o v el ho é bobagem [ pr ov a] . El e é apenas
19 anos mai s v el ho do que el a; meu pai er a 13 anos mai s v el ho do que
a mi nha mãe [ pr ov a] .
O ami go i nt er r ompe: Como s ua mãe pode f az er uma c oi s a des s as
c om s eu pai ? El e mal ac abou de mor r er e el a j á o es t a s ubs t i t ui ndo por
out r o. I s s o me dei x a doent e. Af i nal , que t i po de mul her el a é par a f az er
t al c oi s a?
A c ont es t aç ão pr os s egue: Há mui t o t empo não v ej o mamãe t ão
f el i z ( pr ov a] . Suponho que o que me abor r ec e é o Fat o de ai nda s ent i r
mui t a f al t a de papai , e não pos s o c ompr eender c omo mi nha mãe pôde
es quec ê- l o t ão depr es s a e c ai r nos br aç os de out r o homem [ al t er nat i v a] .
Tal v ez f al e c om el a s obr e i s s o. A v er dade é que papai mor r eu há
quat r o anos e, quer quei r a quer não, a v i da de mi nha mãe c ont i nua
[ al t er nat i v a] . Não quer o v ê- l a s oz i nha. De c er t a f or ma, é uma es péc i e
de al í v i o [ i mpl i c aç ões ] . E não pr ec i s ar ei mai s me pr eoc upar c om
s ua s ol i dão. A meu v er , não s e t r at a de s ubs t i t ui r meu pai , el a apenas
enc ont r ou al guém que a f az f el i z [ al t er nat i v a] . Apos t o que papai f i c a-

308

r i a c ont ent e [ pr ov a] . El e não gos t ar i a que el a nunc a mai s amas s e


[ pr ov a] . É que f oi uma s ur pr es a par a mi m [ al t er nat i v a] . Ac ho que me
s ent i r ei mel hor quando c onhec er Geof f pes s oal ment e [ ut i l i dade] .
Es per o que el e s ej a um bom s uj ei t o.

Ok . Agor a é s ua v ez .

Rec api t ul aç ão
A ESSA ALTURA VOCÊ j Á DEVE ESTAR BASTANTE FAMI LI ARI ZADO COM A

manei r a de us ar a c ont es t aç ão, a mat ér i a- pr i ma do ot i mi s mo apr endi do, em


s ua v i da di ár i a. Pr i mei r ament e, v oc ê v i u a c or r el aç ão ACC - que c r enç as
es pec í f i c as c onduz em ao abat i ment o e à pas s i v i dade. As emoç ões e as aç ões
não s ão s uc es s i v as à adv er s i dade di r et ament e. El as dec or r em di r et ament e de
s uas c onv i c ç ões s obr e a adv er s i dade. Val e di z er que s e v oc ê mudar s ua r es pos t a
ment al à adv er s i dade s er á c apaz de enf r ent ar mui t o mel hor as c ont r ar i edades .
O pr i nc i pal i ns t r ument o par a modi f i c ar s uas i nt er pr et aç ões da
adv er s i dade é a c ont es t aç ão. A par t i r de agor a, pr at i que o t empo t odo a
Pági na 180
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
c ont es t aç ão de
s uas i nt er pr et aç ões aut omát i c as . Toda v ez que s e s ent i r ans i os o ou i ns at i s f ei t o,
per gunt e o que es t á di z endo a s i mes mo. Por v ez es , as c onv i c ç ões poder ão s er
pr oc edent es . Quando as s i m f or , c onc ent r e- s e nas manei r as c omo poder á al t er ar
a s i t uaç ão e i mpedi r que a adv er s i dade s e t r ans f or me em des as t r e. Mas ,
ger al ment e, s uas c onv i c ç ões negat i v as s ão di s t or ç ões . Cont es t e- as . Não per mi t a
que el as c onduz am s ua v i da emoc i onal . Ao c ont r ár i o dos r egi mes , o ot i mi s mo
apr endi do é f ác i l de mant er uma v ez c omeç ado. A par t i r do moment o em que
v oc ê adot a o hábi t o de c ont es t ar s uas c onv i c ç ões negat i v as , s ua v i da di ár i a
f l ui r á mui t o mel hor e v oc ê s e s ent i r á mui t o mai s f el i z .

309

310

Capí t ul o 13
Aj udando s eu Fi l ho a
Es c apar do Pes s i mi s mo

GOSTAMOS DE PENSAR NA I NFÂNCI A COMO UMA ÉPOCA I DÍ LI CA LI VRE DO

pes o da r es pons abi l i dade que r ec ai s obr e nos s os ombr os c om a i dade, um


i nt er v al o pr ot egi do ant es da v i da c omeç ar par a v al er . Mas , c omo v i mos nos
c apí t ul os ant er i or es , não há pr ot eç ão c ont r a o pes s i mi s mo e s ua i nev i t áv el
c ons eqüênc i a - a depr es s ão. Mui t as c r i anç as s of r em de um pes s i mi s mo
t er r í v el , um es t ado de es pí r i t o que as at or ment a por anos af or a, pr ej udi c ando
s ua
educ aç ão e s uas v i das , per t ur bando s ua f el i c i dade. Cr i anç as em i dade es c ol ar
apr es ent am í ndi c es de i nc i dênc i a e i nt ens i dade de depr es s ão i dênt i c os aos de
adul t os . O pi or de t udo é que o pes s i mi s mo s e i nf i l t r a c omo uma manei r a
de v er o mundo, e o pes s i mi s mo i nf ant i l éo pai e a mãe do pes s i mi s mo adul t o.
Como as s i nal amos , al guns es t udos i ndi c am que as c r i anç as abs or v em gr ande
par t e do s eu pes s i mi s mo di r et ament e de s uas mães . Também apr endem a s er
pes s i mi s t as em f unç ão das c r í t i c as que r ec ebem dos adul t os . Mas s e as c r i anç as
s ão c apaz es de apr endê- l o, t ambém podem des apr endê- l o, ex at ament e c omo
os adul t os o f az em: des env ol v endo manei r as mai s pos i t i v as de ex pl i c ar os r ev es es
da v i da a s i mes mas . Embor a as t éc ni c as ACC t enham s i do ex aus t i v ament e
pes qui s adas e apr endi das por mi l har es de adul t os , o mes mo não s e pode di z er
c om r el aç ão às c r i anç as , mas j á s e s abe o s uf i c i ent e par a r ec omendá- l as par a os
s eus f i l hos . Pode- s e di z er que ens i nar ot i mi s mo aos s eus f i l hos é t ão i mpor t ant e
quant o ens i nar - l hes a s er apl i c ados e v er dadei r os , uma v ez que o i mpac t o s obr e

311

s uas v i das t em a mes ma pr of undi dade. O s eu f i l ho pr ec i s a apr ender as t éc ni c as


do ot i mi s mo?
Al guns pai s mos t r am- s e r el ut ant es em i nt er f er i r no c ur s o nat ur al da
ev ol uç ão emoc i onal da c r i anç a, pr ov av el ment e, s eu f i l ho s e benef i c i ar á
apr endendo es s as t éc ni c as , mas há t r ês i ndí c i os que det er mi nam s e el as s ão
es pec i al ment e i mpor t ant es par a o s eu f i l ho.
Pr i mei r o, qual f oi o es c or e do s eu f i l ho no CASQ ( Ques t i onár i o do Es t i l o
de At r i bui ç ão das Cr i anç as ) , no Capí t ul o 7? Se s ua f i l ha f ez menos de 7 pont os
ou o s eu f i l ho menos de 5, el a, ou el e, é duas v ez es mai s pr opens o a s of r er de
depr es s ão do que as c r i anç as mai s ot i mi s t as , e pr ov av el ment e mui t o s e
benef i c i ar ão c om os ens i nament os des t e c api t ul o. Quant o mai s bai x o o es c or e
de s eu f i l ho, ou f i l ha, mai or dev er á s er o benef i c i o.
Pági na 181
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Segundo, qual f oi o es c or e do s eu f i l ho no t es t e de depr es s ão no
Capí t ul o
8? Se el e, ou el a, mar c ou 10 ou mai s pont os , v oc ê pode us ar es s as t éc ni c as . Se
mar c ou 16 ou mai s , ac r edi t o que s ej a es s enc i al apr ender as t éc ni c as .
Fi nal ment e, v oc ê e s eu es pos o t êm br i gado ul t i mament e, ou, de manei r a
mai s dr ás t i c a, há al guma pos s i bi l i dade de s epar aç ão ou de di v ór c i o? Se houv er ,
s eus f i l hos v ão pr ec i s ar des s as t éc ni c as c om ur gênc i a. Des c obr i mos que, c om
f r eqüênc i a, as c r i anç as f i c am pr of undament e depr i mi das nes s as oc as i ões , e
per manec em depr i mi das dur ant e anos , apr es ent ando mau r endi ment o es c ol ar
e uma t endênc i a par a adqui r i r um es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a per manent e. A
i nt er v enç ão agor a pode s er c r uc i al .
Com es t e c apí t ul o, v oc ê pode s ubmet er s eu f i l ho ao s i s t ema ACC que
apr endeu no c apí t ul o ant er i or . Se ai nda não l eu es s e c apí t ul o, ou s e não o l eu
r ec ent ement e, dev e f az ê- l o; s ua f ami l i ar i dade c om o as s unt o f ar á de v oc ê um
mel hor i ns t r ut or .

ACCs par a o Seu Fi l ho


PERCEBER A LI GAÇÃO ENTRE ADVERSI DADE, CONVI CÇÃO E CONSEQÜÊNCI AS
é o pr i mei r o pas s o que o s eu f i l ho dev er á dar no apr endi z ado do ot i mi s mo.
Os ex er c í c i os a s egui r pr oc i r am demons t r ar es s a l i gaç ão. São des t i nados a
c r i anç as ent r e oi t o e 14 anos . Cr i anç as c om menos i dade poder ão ac há- l os

312

di f í c ei s , mas s e v oc ê f or pac i ent e c om el as e s e o s eu f i l ho f or


s uf i c i ent ement e
es per t o, poder á f az ê- l os c om c r i anç as de at é s et e anos . Cr i anç as mai s v el has ,
em pl ena adol es c ênc i a, dev em f az er os ex er c í c i os des t i nados aos adul t os ; el as
s e s ent i r i am pr ot egi das s e f i z es s em os ex er c í c i os i deal i z ados par a as c r i anç as
menor es .
Ens i nar ot i mi s mo a s eu f i l ho é v ant aj os o par a v oc ês doi s . A v ant agem
par a
o s eu f i l ho é óbv i a. Mas ens i nar t ambém é a mel hor manei r a de v oc ê apr ender
bem uma det er mi nada c oi s a. Ao ens i nar es s as t éc ni c as ao s eu f i l ho, o
c onhec i ment o que v oc ê t em del as mel hor ar á c ons i der av el ment e.
Vej amos c omo c omeç ar . Depoi s de t er l i do o c apí t ul o ant er i or e de t er
f ei t o os ex er c í c i os des t i nados aos adul t os , r es er v e mei a hor a c om o s eu
f i l ho.
Pr i mei r o, ex pl i que- l he o model o ACC. O que v oc ê quer que f i que bem c l ar o
é que a manei r a c omo el e s e s ent e não oc or r e por ac as o. Faç a- o ent ender que o
que el e pens a quando as c oi s as não c or r em bem, na v er dade modi f i c a a manei r a
c omo el e s e s ent e. Quando, de r epent e, el e s e s ent e t r i s t e, z angado, amedr ont ado
ou embar aç ado, um pens ament o i nv ar i av el ment e det onou o s ent i ment o. Se
el e apr ender a det ec t ar es s e pens ament o, poder á modi f i c á- l o.
As s i m que a c r i anç a t enha as s i mi l ado o obj et i v o ger al , t r abal he c om el a
os
t r ês ex empl os que s e s eguem. Depoi s de c ada ex empl o, f aç a c om que el a o
ex pl i que a v oc ê c om s uas pr ópr i as pal av r as , enf at i z ando a c or r el aç ão ent r e as
c onv i c ç oes e as c ons equenc i as . Depoi s de ouv i r s ua ex pl i c aç ão, r epas s e as
per gunt as no f i m de c ada ex empl o.

Adv er s i dade: O meu pr of es s or , Sr . Mi nner , gr i t ou c omi go na f r ent e


de t oda a t ur ma, e t odo mundo r i u.
Conv i c ç ão: El e me odei a e agor a a t ur ma t oda ac ha que s ou um
i di ot a.
Cons eqüênc i as : Fi quei ar r as ado e mi nha v ont ade f oi me es c onder
debai x o da c ar t ei r a.
Per gunt e ao s eu f i l ho por que o gar ot o s e s ent i u ar r as ado. Por que
quer i a
s umi r . Se el e f i z es s e um j uí z o di f er ent e s obr e o pr of es s or - s e el e pens as s e,
por
Pági na 182
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
ex empl o: " A t ur ma t oda s abe que el e não é j us t o" - , as c ons eqüênc i as t er i am
s i do di f er ent es ? Os c ol egas do gar ot o ac har i am que el e é um i di ot a?

313

As c onv i c ç ões s ão o pas s o dec i s i v o par a as c ons eqüênc i as : quando el as s e


modi f i c am, o mes mo ac ont ec e c om as c ons eqüênc i as .

Adv er s i dade: Mi nha mel hor ami ga, Sus an, me di s s e que J oanni e é
s ua nov a mel hor ami ga e que de agor a em di ant e el a v ai s e s ent ar c om
J oanni e no r ef ei t ór i o e não c omi go.
Cr enç a: Sus an não gos t a mai s de mi m por que não s ou l egal o
bas t ant e. J oanni e c ont a pi adas r eal ment e engr aç adas , e quando eu c ont o
uma, ni nguém r i . E J oanni e t em r oupas mui t o bac anas , e eu me v i s t o
c omo uma mendi ga. Apos t o que s e eu t i v es s e mai s c ar t az Sus an ai nda
des ej ar i a s er mi nha mel hor ami ga. Agor a, ni nguém mai s v ai s e s ent ar
c omi go na hor a do al moç o e t odo mundo v ai f i c ar s abendo que J oanni e
é a nov a mel hor ami ga de Sus an.
Cons eqüênc i as : Eu es t av a r eal ment e c om medo de i r al moç ar por que
não quer i a que r i s s em de mi m e t i v es s e que c omer s oz i nha. Por i s s o,
i nv ent ei uma dor de es t ômago e pedi à Sr t a Fr ank el que me mandas s e
par a a enf er mar i a. Também me ac hei r eal ment e mui t o f ei a, e qui s
mudar de c ol égi o.

Por que es s a gar ot a quer i a mudar de c ol égi o? Ser i a por que Sus an i a
pas s ar
a s e s ent ar c om J oanni e? Ou s er i a por que el a ac hav a que nunc a mai s t er i a c om
quem s e s ent ar ? Por que el a s e s ent i a f ei a? Qual o papel de s ua c onv i c ç ão de
que s e v es t i a c omo uma mendi ga? De que modo as c ons eqüênc i as t er i am
mudado s e es s a gar ot a ac r edi t as s e que Sus an er a v ol úv el ?

Adv er s i dade: Enquant o es per av a o ôni bus no pont o c om meus


ami gos , uns gar ot os do 1º c ol egi al pas s ar am por nós e c omeç ar am a me
c hamar de " gor do" e " bal ei a" na f r ent e de t odo mundo.
Conv i c ç ão: Não pude r eagi r por que el es t i nham r az ão, s ou gor do
mes mo. Agor a meus ami gos v ão r i r de mi m e nenhum del es v ai quer er
s e s ent ar ao meu l ado no ôni bus . Vão c omeç ar a mex er c omi go e me
pôr apel i dos , e t er ei que engol i r t udo.
Cons eqüênc i as : Fi quei t ão env er gonhado que pens ei que i a mor r er .
Ti v e v ont ade de f ugi r dos meus ami gos , mas não f i z i s s o por que er a o
úl t i mo ôni bus . Res ol v i , ent ão, abai x ar a c abeç a e s ent ar no pr i mei r o
banc o, ao l ado do mot or i s t a.

314

Por que o gar ot o quer i a f ugi r dos ami gos ? Ser i a por que o t i nham c hamado
de " gor do" ou por c aus a da c r enç a de que t odos os s eus ami gos pas s ar i am a
r ej ei t á- l o? O que t er i a ac ont ec i do s e el e t i v es s e c r enç as mai s c ons t r ut i v as
c omo,
por ex empl o: " Meus ami gos s ão l eai s " ou " Meus ami gos ac ham que es s es c ar as
do 1º c ol egi al s ão uns pal haç os ?"
ASSI M QUE VOCÊ PERCEBA QUE O SEU FI LHO ENTENDEU O CONCEI TO

ACC, dê por enc er r ada a s es s ão. Ao f az ê- l o, s epar e mai s mei a hor a par a o di a
s egui nt e, dur ant e o qual o s eu f i l ho apr ender á a pôr em pr át i c a o ACC.
Na s es s ão s egui nt e, c omec e r ec api t ul ando o el o adv er s i dade- c onv i c ç ão-
c ons eqüênc i as , e r epas s e um dos ex empl os , s e nec es s ár i o. Em s egui da,
peç a- l he um ex empl o da s ua pr ópr i a v i da, e anot e- o. Se el e pr ec i s ar de um
empur r ão,
us e um ou doi s ACCs do s eu pr ópr i o ac er v o.
Agor a, di ga a el e que é a s ua v ez de des c obr i r ACCs na s ua v i da di ár i a.
Pági na 183
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Sua
t ar ef a nos pr óx i mos di as é t r az er par a c as a um ex empl o e di s c ut i - l o c om v oc ê.
Di ar i ament e, depoi s do c ol égi o, anot e e di s c ut a o ex empl o. Enf at i z e que a
t r i s t ez a, a r ai v a, o medo e a des i s t ênc i a s ão pr ov oc ados pel as s uas c r enç as , e
f aç a- o v er que es s as c r enç as não s ão i nev i t áv ei s ou i nal t er áv ei s . É mui t o
pos s í v el
que el e c hegue em c as a c om t odos os c i nc o ex empl os nos doi s pr i mei r os di as .
Quando el e t i v er enc ont r ado s eus c i nc o ex empl os , v oc ê es t á pr ont o par a a f as e
s egui nt e - c ont es t aç ão.

O Regi s t r o ACC de Seu Fi l ho


Adv er s i dade:

Cr enç a:

315

Cons eqüênc i as : ’

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

316

Pági na 184
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

ACCCE ( Adv er s i dade, Cr enç a, Cons eqüênc i as ,


Cont es t aç ão, Ener gi z aç ão) par a o Seu Fi l ho
A CONTESTAÇÃO DAS CRI ANÇAS É O MESMO PROCESSO DA CONTESTAÇÃO
dos adul t os . Uma v ez que o s eu f i l ho apr enda a l i gaç ão ex i s t ent e ent r e
adv er s i dade, c r enç a e c ons eqüênc i as , v oc ê pode ex pl i c ar - l he a l i gaç ão ent r e
c ont es t aç ão e ener gi z aç ão. Res er v e 40 mi nut os ; c omec e r ev endo o el o ACC. Us e
doi s ex empl os do ac er v o da pr ópr i a c r i anç a. Ex pl i que- l he que pel o s i mpl es
f at o de al i ment ar es s es pens ament os i s s o não quer di z er que el es s ej am
v er dadei r os . El es podem s er c ont es t ados , c omo s e es s as c oi s as f os s em di t as por
out r o gar ot o, que não gos t as s e del e.
Tomando um de s eus pr ópr i os ex empl os , peç a ao s eu f i l ho par a i magi nar
que
f oi um dos s eus pi or es i ni mi gos quem di s s e es s as c oi s as a s eu r es pei t o. Como o
s eu
f i l ho r eagi r i a? Quando el e der uma boa r es pos t a, peç a- l he par a que dê out r a, e
mai s out r a at é que não l he oc or r a mai s nenhuma. Ex pl i que, ent ão, que el e pode
c ont es t ar s eus pr ópr i os pens ament os negat i v os da mes ma manei r a que é c apaz de
c ont es t ar as ac us aç ões de out r as pes s oas - mas c om mel hor r es ul t ado. Quando os
ar gument os negat i v os que el e s us t ent a c ont r a s i mes mo f or em c ont es t ados , el e
dei x ar á de ac r edi t ar nel es e s e s ent i r á mai s ani mado e c apaz de r eal i z ar mai s .
Agor a, v oc ê pr ec i s ar á us ar al guns ex empl os e t r abal há- l os ex aus t i v ament e
c om s eu f i l ho. Aqui es t ão quat r o ex empl os - doi s ant i gos e doi s nov os :

317

Adv er s i dade: Meu pr of es s or , o Sr . Mi nner , gr i t ou c omi go na f r ent e


de t oda a t ur ma, e t odo mundo r i u.
Cr enç a: El e me odei a e agor a t odos ac ham que s ou um i di ot a.
Cons eqüênc i as : Fi quei ar r as ado e mi nha v ont ade f oi me es c onder
debai x o da c ar t ei r a.
Cont es t aç ão: O s i mpl es f at o de t er gr i t ado c omi go não quer di z er que o
pr of es s or Mi nner me det es t e. El e gr i t a c om t odo mundo e di s s e que nos s a
t ur ma é a s ua f av or i t a. Adi o que es t av a apr ont ando al guma bagunç a, e por
i s s o não o c ul po por t er f i c ado t ão z angado. Com ex c eç ão de Li nda, que é
mei o pux a- s ac o, el e j á gr i t ou c om t odos os al unos pel o menos uma v ez .
Por t ant o, duv i do mui t o que me c ons i der em mes mo um i di ot a.
Ener gi z aç ão: Ai nda me s ent i a um pouc o c hat eado por t er em gr i t ado
c omi go, mas nem de l onge c omo me s ent i i ni c i al ment e, e não t enho
mai s v ont ade de me es c onder debai x o da c ar t ei r a.

Rel ei a a c r enç a em v oz al t a. Di ga ao s eu f i l ho par a c ont es t a- l a c om s uas


pr ópr i as pal av r as . Peç a- l he par a ex pl i c ar c omo f unc i ona c ada pont o da s ua
c ont es t aç ão. Como a c ons t at aç ão de que o pr of es s or Mi nner gr i t a c om t odo mundo
c ont r abal anç ou a c onv i c ç ão de que " O Sr . Mi nner me odei a" ?

Adv er s i dade: Mi nha mel hor ami ga, Sus an, me di s s e que J oanni e é
Pági na 185
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
s ua nov a mel hor ami ga e que, de agor a por di ant e, el a v ai s e s ent ar c om
J oanni e no r ef ei t ór i o e não c omi go.
Cr enç a: Sus an não gos t a de mi m por que não s ou l egal o bas t ant e.
J oanni e c ont a pi adas r eal ment e engr aç adas , e quando eu c ont o uma,
ni nguém r i . J oanni e t em r oupas mui t o bac anas , e eu me v i s t o c omo
uma mendi ga. Apos t o que s e eu t i v es s e um pouc o mai s de c ar t az , Sus an
ai nda quer er i a s er mi nha mel hor ami ga. Agor a ni nguém mai s v ai s e
s ent ar c omi go na hor a do al moç o e t odo mundo v ai f i c ar s abendo que
J oanni e é a nov a mel hor ami ga de Sus an.
Cons eqüênc i as : Eu es t av a r eal ment e c om medo de i r al moç ar por que
não quer i a que r i s s em de mi m e t i v es s e de c omer s oz i nha. Por i s s o, i nv ent ei
uma dor de es t ômago e pedi à Sr t a. Fr ank el que me mandas s e par a a
enf er mar i a. Também me ac hei r eal ment e mui t o f ei a, e qui s mudar de c ol égi o.
Cont es t aç ão: Sus an é l egal , mas não é a pr i mei r a v ez que el a me di z
que t em uma nov a mel hor ami ga. Eu me l embr o de el a t er di t o há

318

pouc o t empo que Conni e i a s er s ua mel hor ami ga e ant es t i nha s i do


J ac l dy n. Não ac ho que t enha al guma i mpor t ânc i a o f at o de mi nhas
pi adas s er em engr aç adas ou não, e não pode s er por c aus a de mi nhas
r oupas , por que Sus an e eu c ompr amos nas mes mas l oj as . Vai v er que el a
gos t a mes mo é de t r oc ar de ami gas de v ez em quando. Tudo bem, af i nal
el a não é mi nha úni c a ami ga; pos s o me s ent ar c om J es s i c a e c om Let any a
na hor a do al moç o.
Ener gi z aç ão: Não es t av a pr eoc upada c om quem i a c omer , e não me
s ent i a mai s f ei a.

Rel ei a a c r enç a e as c ons eqüênc i as em v oz al t a. Peç a ao s eu f i l ho par a


c ont es t ar a c onv i c ç ão c om s uas pr ópr i as pal av r as . Aj ude- o, s e nec es s ár i o.
Peç a- l he par a ex pl i c ar c omo c ada um dos s eus ar gument os s e c ont r apõe à c r enç a.
Como a c ons t at aç ão de que Sus an es c ol he uma nov a ami ga a c ada s emana
der r uba a c onv i c ç ão de que " Sus an não gos t a mai s de mi m" ? Qual é a pr ov a
c ont r a " Eu me v i s t o c omo uma mendi ga" ?

Adv er s i dade: Na aul a de gi nás t i c a de hoj e, o pr of es s or Ri l ey


es c ol heu doi s gar ot os par a c api t anear os t i mes de f ut ebol de s al ão, e o r es t o
da t ur ma f i c ou em f i l a par a os c api t ães es c ol her em os j ogador es . Fui o
úl t i mo a s er es c ol hi do.
Cr enç a: Chr i s s y e Set h me odei am. Não me quer em nos s eus t i mes .
Agor a, a t ur ma t oda v ai pens ar que s ou um per na- de- pau e ni nguém v ai
quer er me es c al ar nov ament e par a o s eu t i me. De f at o, não s ou l á es s as
c oi s as c omo j ogador ; não é de admi r ar que ni nguém quei r a j ogar c omi go.
Cons eqüênc i as : Eu me s ent i t ão i di ot a que quas e c hor ei , mas s abi a
que, s e c hor as s e, a t ur ma r i r i a ai nda mai s de mi m. Por i s s o, me s egur ei
e r ez ei par a que não me pas s as s em a bol a.
Cont es t aç ão: A v er dade é que não dou par a es por t es . Mas me
c hamar em de per na- de- pau s ó s er v e par a que eu me s i nt a ai nda pi or . E
daí ? Pos s o não s er mui t o bom num gi nás i o, mas há out r as c oi s as em
que s ou ót i mo. Por ex empl o, quando o pr of es s or manda que nos
or gani z emos em gr upos de es t udo, t odos os gar ot os quer em f i c ar no
meu gr upo. E o ens ai o que es c r ev i s obr e a Rev ol uç ão Amer i c ana
ganhou o pr i mei r o pr êmi o. Não ac ho que Chr i s s y e Set h r eal ment e me

319

det es t em. El es apenas quer i am es c ol her os mel hor es j ogador es par a os


s eus t i mes . El es nunc a s ão mal dos os c omi go ou c oi s a par ec i da. O f at o
é que al guns gar ot os s ão bons em es por t es e out r os s ão bons em out r as
c oi s as . Ac ont ec e que s ou bom em c oi s as c omo mat emát i c a, l ei t ur a e
es t udos s oc i ai s .
Ener gi z aç ão: Depoi s que di s s e es s as c oi s as a mi m mes mo, me s ent i
mui t o mel hor . Ai nda gos t ar i a de s er bom em t udo, e c ont i nuo não
Pági na 186
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
gos t ando de s er es c ol hi do em úl t i mo l ugar par a f az er par t e dos t i mes ,
mas , pel o menos , s ei que em out r as c oi s as s ou o pr i mei r o a s er
es c ol hi do e que Chr i s s y e Set h não me det es t am.
Peç a ao s eu f i l ho par a f az er a c ont es t aç ão c om s uas pr ópr i as pal av r as e
ex pl i c ar , t ambém c om s uas pr ópr i as pal av r as , as pr ov as que negam que " Chr i s s y
e Set h me det es t am" . Que out r as pr ov as el e poder á t er pr oc ur ado par a des f az er
es s a c r enç a?

Adv er s i dade: Ont em, f oi ani v er s ár i o do meu i r mão e mi nha mãe e


meu padr as t o enc her am el e de br i nquedos e ai nda mandar am f az er um
bol o enor me, mas nem ol har am par a mi m.
Cr enç a: Templ e s empr e f oi o f av or i t o del es . Tudo o que el e quer el e
c ons egue. El es nem s abem que eu ex i s t o. Eu s ei por que el es gos t am
mai s del e do que de mi m. É por que el e t i r a not as mel hor es do que eu,
e no s eu bol et i m a pr of es s or a es c r ev eu que el e é " ex c el ent e" e no meu a
Sr a. Cr i s ant i di s s e que mi nha r edaç ão " pr ec i s a mel hor ar " .
Cons eqüênc i as : Eu me s ent i r eal ment e mui t o t r i s t e e s ol i t ár i o e
c heguei a t emer que mi nha mãe di s s es s e que não me quer i a mai s .
Cont es t aç ão: É nat ur al que mamãe e Tr oy des s em br i nquedos e
t ant as out r as c oi s as a Templ e - af i naL er a ani v er s ár i o del e. No meu
ani v er s ár i o, el es t ambém me der am mui t os pr es ent es . El es podem t er dado
mai s at enç ão a el e, mas i s s o não quer di z er que el es gos t em mai s del e.
Pr oc ur ar am apenas f az er c om que s e s ent i s s e es pec i al por que er a
ani v er s ár i o del e. Ac ho que gos t ar i a que ni nha pr of es s or a t ambém di s s es s e
que s ou " ex c el ent " , c omo f ez a pr of es s or a de Templ e, mas el a me
el ogi ou nos i t ens I nt egr aç ão na Tur ma e Ci ênc i as . De qual quer f or ma,
mamãe e Tr oy s empr e di z em que não c ompar am mi nhas not as c om as

320

de Templ e e que f i c ar ão s empr e c ont ent es por s aber que nos es f or ç amos
o máx i mo.
Ener gi z aç ão: Não r ec eav a mai s que mi nha mãe me mandas s e
embor a, e j á não me i mpor t av a t ant o c om a at enç ão que Templ e v i nha
r ec ebendo por que s abi a que, quando meu ani v er s ár i o c hegas s e, el e é que s e
s ent i r i a as s i m.
Quando s eu f i l ho t i v er per c ebi do o es pí r i t o dos ex empl os , v oc ê pode
enc er r ar a s es s ão. Na noi t e s egui nt e, or gani z e out r a s es s ão de 40 mi nut os .
Comec e r ev endo o el o ent r e c ont es t aç ão e ener gi z aç ão, us ando o ex empl o em que
el e s e s ai u mel hor na úl t i ma s es s ão.
Agor a, é a v ez del e. Vol t e ao s eu c adas t r o ACC. Pegue c ada um dos c i nc o
ex empl os e f aç a- o c ont es t ar as c onv i c ç ões . Aj ude- o a us ar as t éc ni c as de
c ompr ov aç ão, al t er nat i v as , i mpl i c aç ões e ut i l i dades , mas não é nec es s ár i o
ens i nar - l he es s as quat r o c at egor i as . Apenas , us e- as c om el e.
Em s egui da, dê- l he a s egui nt e t ar ef a: uma v ez por di a, dur ant e os
pr óx i mos
c i nc o di as , el e dev er á c ont es t ar uma c onv i c ç ão negat i v a que oc or r a em s ua
v i da. Todas as noi t es , v oc ê e el e a anot ar ão e a c oment ar ão. No f i m de c ada
s es s ão, aj ude- o l embr ando- l he as v ár i as adv er s i dades que poder á enf r ent ar no
di a s egui nt e e c omo c ont es t á- l as .

ACCCE do Seu Fi l ho

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Pági na 187
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

321

Cons eqüênc i as :

Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

Adv er s i dade:

Cr enç a

Cons eqüênc i as :

Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

322

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Cont es t aç ão:
Pági na 188
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

Ener gi z aç ão:

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

323

Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

Ex t er i or i z aç ão de Voz es do Seu Fi l ho

O ÚLTI MO EXERCÍ CI O A FAZER COM SEU FI LHO É A EXTERI ORI ZAÇÃO DE


Pági na 189
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
v oz es . Es s a t er c ei r a t éc ni c a ps i c ol ógi c a t i r a par t i do do f at o de que podemos
ex ami nar e c ont es t ar c r i t i c as a nos s o r es pei t o mai s f ac i l ment e quando el as
emanam de f ont es neut r as do que s e emanar em de f ont es par c i ai s . Na apl i c aç ão
des s e ex er c í c i o, v amos c ol oc ar as c oi s as c r uéi s , ameaç ador as , que pov oam a ment e
de s eu f i l ho na boc a de uma t er c ei r a pes s oa: um pai aj udando- o a s e ex er c i t ar

324

Com o aux i l i o de s eu f i l ho, v oc ê f or nec er á a c r i t i c a, e el e r es ponder á.


Peç a- l he par a que el e f ac i l i t e s eu t r abal ho, di z endo que t i po de c r í t i c as v oc ê
dev er á l he
f az er . Aj ude- o a f az er i s s o, ol hando c om el e o s eu ( del e) r egi s t r o ACC, a f i m de
ex t r ai r as c r í t i c as que el e f r eqüent ement e f az a s i mes mo.
Ex pl i que- l he que es s e ex er c í c i o l he dar á a pr át i c a nec es s ár i a par a s e
t or nar um
c ont es t ador ex í mi o. Voc ê c ont r i bui r á par a i s s o s er v i ndo de f ont e de c r enç as
negat i v as .
Lembr e- s e c ons t ant ement e que v oc ê não ac r edi t a que es s as c r í t i c as s ej am
pr oc edent es , e que es t á s e v al endo del as s oment e por que s ão pens ament os que
el e mes mo mui t as v ez es ar t i c ul a. Tenha mui t o c ui dado: af i nal , v oc ê é o pai e
es t á di z endo c oi s as que, uma v ez bas eadas num pr of undo c onhec i ment o del e,
es t ar ão mui t o pr óx i mas da r eal i dade, t al v ez pr óx i mas demai s . A úl t i ma c oi s a
que v oc ê há de quer er é ex pr es s ar c r í t i c as s ér i as que s eu f i l ho pos s a t omar ao

da l et r a e f i c ar magoado.
Se o s eu f i l ho ai nda es t i v er na i dade de apr ec i ar bonec os , uma boa
manei r a
de es t abel ec er uma c er t a di s t ânc i a ent r e v oc ê, c omo mãe z el os a, e as c r í t i c as
mai s
di f í c ei s é c r i ar um per s onagem de mar i onet es . Fal e at r av és del e - o " Sr .
Fant oc he" .

Todo mundo s abe que às v ez es os meni nos di z em c oi s as f ei as de


out r os meni nos . Quando out r os meni nos di z em c oi s as f ei as , i nj us t as , s obr e
v oc ê, ger al ment e v oc ê r et r uc a e põe as c oi s as em pr at os l i mpos . É i s s o
mes mo o que dev e s er f ei t o. Mas nós doi s s abemos , at r av és do t r abal ho
que es t amos f az endo j unt os c om os r el at ór i os ACC, que as pes s oas às
v ez es di z em c oi s as f ei as e i nj us t as s obr e s i mes mas . Na v er dade, s abemos
at é que, às v ez es , v oc ê di z c oi s as s obr e s i mes mo que s ão er r adas . Voc ê
pr ec i s a apr ender a r et r uc ar a es s as c oi s as i nj us t as que de v ez em quando
di z a s eu r es pei t o, c er t o? Poi s bem. Agor a, v amos c onv oc ar o Sr . Fant oc he
par a l he ens i nar a c ont es t ar o que v oc ê di z a s i mes mo. O Sr . Fant oc he l eu
o s eu r egi s t r o ACC. El e s abe o que v oc ê c os t uma s e di z er . Mas el e
t ambém pode s e r ev el ar um ac us ador i mpi edos o, e c abe a v oc ê dar - l he o
t r oc o, mos t r ando- l he que s uas c r í t i c as s ão er r adas e i nj us t as .

Ant es de c omeç ar , l ei a em v oz al t a os ex empl os a s egui r par a que s eu


f i l ho
c onheç a os t i pos de c onv i c ç ões a s er em c ombat i das e obs er v e al guns as es da
c ont es t aç ão em aç ão. Rec or r a ao Sr . Fant oc he par a f az er al gumas das c r í t i c as .

325

Si t uaç ão: Ken es t a na s ét i ma s ér i e. El e v ai t odos os di as de ôni bus


par a um c ol égi o mui t o bom, num bai r r o de c l as s e médi a. Ken é um
bom al uno, gos t a do c ol égi o e t em i númer os ami gos . Di ar i ament e,
depoi s do c ol égi o, el e e os ami gos dec i dem par a a c as a de quem i r ão. Ken
gos t ar i a mui t o de c onv i da- l os par a i r à c as a del e, mas mor r e de
v er gonha dos pai s e do l ugar onde mor a. Um di a, al guém s uger e que a t ur ma
v á par a a c as a del e. Ken f i c a mui t o embar aç ado e di z que el es não
podem i r par a a s ua c as a por que, di z el e, " Meu pai é médi c o e t em
c ons ul t ór i o em c as a" . Ken, s ent i ndo- s e env er gonhado por t er ment i do aos
Pági na 190
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
ami gos , di z que es t á i ndi s pos t o e v ai par a c as a s oz i nho.
Ac us aç ão ( da mãe, mas us ando o Sr . Fant oc he, pr i nc i pal ment e nas
ac us aç ões mai s c ont undent es ) : Voc ê é um gr ande ment i r os o [ Sr . Fant oc he] . Ent ão,
o s eu pai
é médi c o? I s s o é uma pi ada. Voc ê nunc a t er á
c or agem de l ev ar a t ur ma à s ua c as a. Mas é apenas uma ques t ão de
t empo. A qual quer hor a, um del es v ai s e dar c ont a de que nunc a
es t i v er am em s ua c as a e não c onhec em s eus pai s .
Cont es t aç ão: Eu r eal ment e gos t ar i a mui t o que a mi nha c as a e os
meus pai s f os s em c omo os de Ri c k . Tenho hor r or de me s ent i r
env er gonhado de meus pai s e de onde mor o. Mas não há mui t o o que eu
pos s a f az er s obr e i s s o. De qual quer manei r a, não s ou o úni c o em c uj a
c as a ai nda não es t i v emos . Na v er dade, a mai or i a das v ez es v amos par a
a c as a de Henr y , por f i c ar mai s per t o.
A mãe ( às v ez es , f al ando por i nt er médi o do Sr . Fant oc he)
i nt er r ompe: El es v ão ac abar des c obr i ndo que v oc ê mor a num bar r ac o, que s eu
pai é um babado e que s ua mãe é empr egada domés t i c a. E quando
des c obr i r em, não v ão quer er s aber mai s de andar c om v oc ê. Voc ê v ai s er
mot i v o de c hac ot a de t odo o c ol égi o [ Sr . Fant oc he] .
A c ont es t aç ão pr os s egue: Eu me s ent i r i a r eal ment e um c r et i no s e os
meus ami gos des c obr i s s em que o meu pai é um v agabundo, mas não
ac r edi t o que dei x as s em de s er meus ami gos por c aus a di s s o. El es não
andam c omi go por ac har em que s ou um gar ot o r i c o. O que quer o di z er
é que s e des c obr i s s e que o pai de St ewi e é um des oc upado,
pr ov av el ment e f i c ar i a c om mui t a pena de St ewi e, mas não me af as t ar i a del e.
Par ec e ment i r a, mas não s ei qual é o mei o de v i da dos pai s dos out r os
c ar as da t ur ma nem onde mor am. Vai v er que os pai s de al guns del es

326

es t ão pi or es que o meu. De qual quer f or ma, t ão c edo não v ou c onv i dar


a t ur ma par a i r à mi nha c as a, mas v ou pr oc ur ar dei x ar de ment i r .

Lei a as ac us aç ões em v oz al t a nov ament e. Peç a ao s eu f i l ho par a


c ont es t á- l as c om s uas pr ópr i as pal av r as . I nt er r ompa c om mai s ac us aç ões e f aç a
c om que
el e t ambém as c ont es t e.

Si t uaç ão: Ly nn f oi c onv i dada par a uma f es t a por uma gar ot a que
el a
ac ha l egal . Quando s ua mãe a dei x a na c as a da ami ga, Ly nn not a que os
pai s de Bet s y es t ão f or a e que as gar ot as pl anej am t omar bebi das
al c oól i c as . Ly nn não s e s ent e à v ont ade, i nv ent a uma i ndi s pos i ç ão e t el ef ona
par a que a mãe v á apanhá- l a.
Ac us aç ão: Se v oc ê não quer i a beber , dev i a pel o menos di z er a
v er dade, em v ez de i nv ent ar que es t av a i ndi s pos t a. Mas pr ef er i u a s aí da mai s
f ác i l . Voc ê não t em c or agem [ Sr . Fant oc he] .
Cont es t aç ão: Não me f al t a c or agem. A s aí da mai s f ác i l t er i a s i do
f i c ar c om a t ur ma e beber s ó por que as meni nas t i nham r es ol v i do t omar
um pi l eque. Fi ngi r que não es t av a me s ent i ndo bem f oi a mel hor
s ol uç ão, por que c ons egui t i r ar o c or po f or a s em s er pr es s i onada nem ouv i r
uma por ç ão de des af or os .
Pai ( f az endo as v ez es do Sr . Fant oc he) i nt er r ompe: Voc ê é mes mo uma
c r i anc i nha. Foi a pr i mei r a v ez que Bet s y a c onv i dou e o que f oi que v oc ê
f ez ? J ogou f or a a opor t uni dade por que r es ol v eu dar uma de boaz i nha.
A c ont es t aç ão c ont i nua: Não qui s s er des manc ha- pr az er es . Não
t er i a me di v er t i do s e t i v es s e per manec i do, por que f i c ar i a pr eoc upada o
t empo t odo, r ec eando que os pai s de Bet s y pudes s em c hegar de uma
hor a par a out r a. Af i nal , Bet s y podi a at é não v i r a s er uma boa ami ga.
Agor a, l ei a a ac us aç ão em v oz al t a e f aç a s ua f i l ha c ont es t á- l a c om s uas
pr ópr i as pal av r as . Ser á que el a poder á ac r es c ent ar al guma c oi s a par a t or nar a
c ont es t aç ão mai s c onv i nc ent e?

Si t uaç ão: Depoi s de mui t a i ns i s t ênc i a, os pai s de Ani t a l he der am


Pági na 191
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
o
c ac hor r i nho que el a t ant o quer i a. Mas , dec or r i das pouc as s emanas , Ani t a
per deu o i nt er es s e por Hogan e s empr e s e es quec e de al i ment á- l o e pas s ear
c om el e. Fi nal ment e, os pai s de Ani t a l he adv er t em que dar ão Hogan s e

327

el a não s e mos t r ar mai s r es pons áv el . Ani t a f az um es c ar c éu: " Voc ês s ão


s i mpl es ment e mes qui nhos . Des de o pr i nc í pi o não quer i am me dar o
c ac hor r i nho, e agor a es t ão pr oc ur ando uma des c ul pa par a t i r á- l o de mi m! "
Ac us aç ão ( do pai ou da mãe) : Voc ê t em os pi or es pai s do mundo!
Cont es t aç ão: Tudo bem, ac ho que os meus pai s não s ão os pi or es
pai s do mundo. At é que el es s ão bac anas . Par a i ní c i o de c onv er s a, me
der am o Hogan e no meu ani v er s ár i o papai l ev ou a mi m e a Deb par a
um pas s ei o em Nov a Yor k . El e f oi mui t o l egal .
Um dos pai s ( c omo Sr . Fant oc he) apar t ei a: O c ac hor r o é s eu. El es o
c ompr ar am par a v oc ê e agor a quer em s e v er l i v r e del e. O que el es
quer em é c or t ar s eu bar at o.
A c ont es t aç ão c ont i nua: Tal v ez el es es t ej am t ão z angados por que
não t enho s aí do c om o Hogan nem dado c omi da a el e c omo pr omet i
que f ar i a. Di s s e a el es que s e me des s em o c ac hor r i nho as s umi r i a t oda a
r es pons abi l i dade. Mas não f az i a i déi a de t oda es s a mão- de- obr a. Ser á
que s e eu me empenhas s e mai s em l ev á- l o par a uma c ami nhada e des s e
c omi da a el e t odos os di as el es não me dar i am uma mãoz i nha de v ez em
quando? Ac ho que dev o f al ar c om mamãe e papai s obr e i s s o.
Rel ei a a ac us aç ão em v oz al t a e peç a s ua f i l ha par a c ont es t á- l a c om s uas
pr ópr i as pal av r as .
Agor a, f aç a al gumas das c r í t i c as que s ua f i l ha f az a s i mes ma,
v al endo- s e do
Sr . Fant oc he. Depoi s , el ogi e- a, e s e el a ai nda es t i v er at ent a, pas s e par a o
úl t i mo
ex empl o. Nes s e ex empl o, t r ês pes s oas s e ac us am mut uament e e c ont es t am s uas
pr ópr i as ac us aç ões . É, por t ant o, um ex empl o c ompl ex o e mai s i ndi c ado par a
c r i anç as c om mai s de 10 anos . Se v oc ê j ul gar que s ua f i l ha ai nda é mui t o
i mat ur a, omi t a es s e ex empl o e pas s e adi ant e.

Si t uaç ão: Hope t em 14 anos e s ua i r mã Meagan, 15. Há al guns


mes es , s eus pai s s e s epar ar am. Hope e Meagan mor am c om a mãe,
mas v êem o pai t odos os domi ngos e j ant am c om el e às qui nt as - f ei r as .
Todo domi ngo é a mes ma r ot i na. O pai apanha- as em c as a. Hope
s ent a- s e no banc o da f r ent e, Meagan s ent a- s e at r ás . Hope l i ga o r ádi o,
o pai o des l i ga, O pai per gunt a: " Como v ão as c oi s as ?" Hope r es munga
um " Tudo bem" e l i ga nov ament e o r ádi o. Meagan, não apr ov ando

328

a manei r a c omo Hope s e c ompor t a, as s ume a r es pons abi l i dade de


mant er a c onv er s a. Por f i m, abor r ec i do e f r us t r ado, o pai des l i ga o r ádi o
mai s uma v ez . Hope abaf a um pens ament o s ar c ás t i c o e Meagan
per manec e c al ada.
Ac us aç ão de Hope: Lá v amos nós out r a v ez . Mai s um domi ngo
di v er t i do e c hei o de aç ão. Papai ac ha que bas t a dar o ar de s ua gr aç a aos
domi ngos e j ant ar c onos c o uma v ez por s emana par a que t udo es t ej a
nos c onf or mes . Como é que el e pode per gunt ar " Como v ão as c oi s as ?"
e es per ar que eu r es ponda? i i c l ar o que as c oi s as não v ão bem. El e e
mamãe r es ol v er am s e s epar ar , e t enho que abr i r mão dos meus
domi ngos par a pas s ar al gumas hor as c om al guém que dev er i a v er t odos os
di as . Se el e r eal ment e s e i mpor t as s e c om as c oi s as , t el ef onar i a c om mai s
f r eqüênc i a e não s e l i mi t ar i a a um pas s ei oz i nho c om a gent e s ó por que
é um di a es pec i al da s emana.
Cont es t aç ão de Hope: Os domi ngos s ão um s ac o. Tal v ez , em par t e,
el es s ej am t ão c hat os por que es t amos mui t o t ens os . Ac ho que não
pr ec i s av a me s ent i r as s i m. Tal v ez pudes s e pr oc ur ar r el ax ar um pouc o e não
Pági na 192
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
i mpl i c ar c om papai l i gando o r ádi o a t odo v ol ume e r es pondendo por
monos s í l abos . Tal v ez el e não per c eba c omo é di f í c i l r es ponder a uma
per gunt a c omo es s a. Tal v ez el e per gunt e " Como v ão as c oi s as ?" da
mes ma f or ma que os meus ami gos di z em " Tudo Legal ?" . O que quer o di z er
é que, embor a não s ej a uma s i t uaç ão i deal , é uma s or t e el e mor ar per t o e
poder mos nos v er . Al guns de meus ami gos c uj os pai s s e s epar ar am não
t êm a menor c hanc e de v ê- l os . Não gos t o de pas s ar t odos os domi ngos
c om el e. Às v ez es , gos t o de pas s ar os domi ngos c om meus ami gos .
Pr ef er i a poder es c ol her os di as da s emana mai s c onv eni ent es par a mi m.
As s i m, não par ec er i a uma c oi s a f or ç ada, que s omos obr i gadas a f az er .
Pr ec i s o di z er i s s o a el e. De f at o, não c ompr eendo por que el e não nos
t el ef ona mai s v ez es , mas não dev o i nf er i r aut omat i c ament e que é
por que não s e i mpor t a c onos c o. Pos s o mui t o bem t omar a i ni c i at i v a de
l i gar par a el e quando es t i v er c om v ont ade de c onv er s ar , em v ez de f i c ar
es per ando que el e l i gue. Conf es s o que me magoa o f at o del e não
t el ef onar c om mai s f r eqüênc i a, mas ac ho mai s s ens at o per gunt ar por que el e
não o f az ant es de t i r ar c onc l us ões pr ec i pi t adas . Tal v ez t oque no as s unt o
ai nda hoj e.

329

Ac us aç ão de Meagan: Vai c omeç ar t udo out r a v ez . Não f az nem


c i nc o mi nut os que ent r amos no c ar r o e papai e Hope j á es t ão s e
engal f i nhando. Eu podi a t er ev i t ado es s a s i t uaç ão des agr adáv el . O que é que
há c omi go? Bas t av a t er mant i do a c onv er s a. Se não s ou c apaz de f az er
uma c oi s a t ão s i mpl es as s i m c omo é que as c oi s as hão de mel hor ar ? Pi s ei
na bol a des s a v ez .
Cont es t aç ão de Meagan: Tal v ez es t ej a s endo ex c es s i v ament e
r i gor os a c omi go. Af i nal de c ont as , é pr ec i s o duas pes s oas par a s e mant er
um papo. Pos s o f al ar at é f i c ar r ox a, mas o que é que adi ant a s e
nenhum dos doi s r es ponde? Ando t ão ans i os a par a que as c oi s as s e
nor mal i z em que es t ou t ent ando c ont r ol ar pr obl emas al ém da mi nha
c apac i dade. Pos s o me mos t r ar des c ont r aí da, agr adáv el e c onv er s ador a,
mas não pos s o f az er c om que as c oi s as s e modi f i quem. I s s o
t udo é mui t o c hat o, mas pel o menos s ei que não t enho c ul pa s e os
doi s v i v em s e pegando.
Ac us aç ão do pai : Que di abo es t á ac ont ec endo? Todo domi ngo é a
mes ma c oi s a. As s i m que ent r amos no c ar r o, Hope l i ga o r ádi o e não s e
ouv e mai s nada do que es t ou f al ando. Não c ons i go ent endê- l a. Ser á que
el a não quer me v er ? Sei que el as gos t ar i am que a mãe del as e eu
c ont i nuás s emos j unt os , mas t êm que ac ei t ar as c oi s as c omo el as s ão e pr oc ur ar
t or nar a s i t uaç ão o mel hor pos s í v el . Sei que Meagan es t á s e es f or ç ando.
Mas por que Hope t em que es t r agar t udo? Pr ov av el ment e, as duas
pens am que s ou o úni c o r es pons áv el pel a s epar aç ão. El as podem v er a
mãe odi a i nt ei r o, t odos os di as , e em v ez de pas s ar mos al guns moment os
agr adáv ei s quando es t amos j unt os , s ou t r at ado c omo s e f os s e um
es t r anho. Mer eç o s er t r at ado mel hor .
Cont es t aç ão do pai : A bar r a es t á pes ada. Pr ec i s o i r dev agar , pens ar
c om c al ma. Em pr i mei r o l ugar , Hope nunc a di s s e que não quer i a me
v er . É pos s í v el que el a s e mos t r e t ão hos t i l por que ai nda es t á c onf us a
c om a s epar aç ão. Ac ho que es t ou es quec endo que as duas ai nda s ão
mui t o c r i anç as e que a s epar aç ão abal ou o pequeno mundo em que
v i v em. Mas de nada adi ant ar á f i c ar c ompar ando a manei r a de agi r de
Hope c om a s er eni dade que Meagan demons t r a. El a é mai s v el ha e
s empr e f oi mai s t r anqüi l a. Também não dev o c onc l ui r que, pel o f at o de
não s er agr es s i v a, Meagan ac ei t e as c oi s as pas s i v ament e. Com Hope,

330

pel o menos , s ei que el a es t á obv i ament e per t ur bada. Mas não f aç o i déi a
do que s e pas s a na c abeç a de Meagan. É pos s í v el que me ex al t e c om
t ant a f ac i l i dade por que, em par t e, me s i nt o f r us t r ado c om a s i t uaç ão.
Quer o que as c oi s as mel hor em, mas não é f ác i l f al ar c om el as s obr e a
s epar aç ão. Eu ac ho mel hor t r abal har ni s t o por que el as s ão s ó c r i anç as e
Pági na 193
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
é mi nha r es pons abi l i dade c omo pai t r az er o as s unt o à t ona, por mai s
penos o que s ej a.
Agor a, pr os s i ga c om mai s al guns ACCs do s eu f i l ho. Se es t i v er us ando o
Sr . Fant oc he, f aç a- o l er c ada ac us aç ão em v oz al t a. Di ga a s eu f i l ho par a
as s umi r o papel de ac us ado e r ef ut ar as ac us aç ões c om s uas pr ópr i as pal av r as .

CONTESTAR SEUS PRÓPRI OS PENSAMENTOS NEGATI VOS É UMA TÉCNI CA


que qual quer c r i anç a pode apr ender . Como t oda habi l i dade adqui r i da,
par ec er á um pouc o i nef i c az quando empr egada i ni c i al ment e. Lembr e- s e c omo as
r ebat i das de bol a no t êni s l he par ec i am es qui s i t as quando v oc ê c omeç ou
apr ender a j ogar . Cont es t ar s eus pr ópr i os pens ament os é a mes ma c oi s a. Com a
pr át i c a, as r ebat i das de bol a t or nar am- s e nat ur ai s , e o mes mo s uc eder á c om a
c ont es t aç ão dos s eus pens ament os . Quant o mai s c edo na v i da es s a habi l i dade
f or adqui r i da, mai s di s s abor es s er ão ev i t ados .
Quando as t éc ni c as do ot i mi s mo s ão apr endi das c edo, t or nam- s e
f undament ai s . As s i m c omo os hábi t os de l i mpez a e de gent i l ez a, el as s ão t ão
gr at i f i c ant es por s i mes mas que s ua pr át i c a t or na- s e aut omát i c a e não um
pes o. Mas o ot i mi s mo é um hábi t o mui t o mai s i mpor t ant e do que o as s ei o,
pr i nc i pal ment e s e o s eu f i l ho t i v er s e s aí do mal no t es t e de depr es s ão ou no
CASQ, e s e v oc ê e s ua mul her , ou s eu mar i do, não es t i v er em s e dando bem.
Nes s es c as os , uma c r i anç a c or r e gr ande r i s c o de depr es s ão e mau
r endi ment o
es c ol ar s e não adqui r i r es s as t éc ni c as . Se as adqui r i r , el a poder á s e t or nar
i mune
aos s ent i ment os pr ol ongados de des ampar o e des es per anç a que de out r a f or ma
a ac omet er i am.

331

332

Capí t ul o 14

A Or gani z aç ão Ot i mi s t a

PENSE NA COI SA MAI S DI Fí CI L COM QUE VOCÊ DEPARA NO SEU TRABALHO,

aquel e dado moment o em que o c umpr i ment o de s uas obr i gaç ões t or na- s e
r eal ment e des ani mador e v oc ê t em a ní t i da i mpr es s ão de que s e c hoc ou c ont r a
uma par ede de t i j ol os . O que é que v oc ê f az quando bat e c ont r a es s a par ede?
St ev e Pr os per é um v endedor de s egur os de v i da. Quas e t odas as noi t es ,
das c i nc o e mei a às nov e e mei a, el e t em que f az er um det er mi nado númer o
de c hamadas f r i as - l i gaç ões t el ef ôni c as par a pes s oas que não c onhec e. El e
det es t a es s as pec t o do t r abal ho. Obt ém os nomes das pes s oas par a quem
dev e t el ef onar numa l i s t a em que s ão r el ac i onados t odos os c as ai s de
Chi c ago que s e t or nar am pai s r ec ent ement e. Uma noi t e t í pi c a t r ans c or r e mai s
ou menos as s i m:
A pr i mei r a pes s oa des l i ga o t el ef one em 15 s egundos . A s egunda di z que

f ez o s egur o de que pr ec i s a. A t er c ei r a, pr ov av el ment e s ol i t ár i a, es t á a f i m de
c onv er s ar : ouv e o que St ev e t em a di z er e pas s a a c oment ar c om r i quez a de
det al hes o j ogo de bas quet ebol da noi t e ant er i or . Depoi s de 30 mi nut os de
papo, St ev e des c obr e que o s uj ei t o v i v e de uma pens ão do gov er no e não t em
o menor i nt er es s e em f az er s egur o. A quar t a des l i ga c om um des af or ado " Par e
de me enc her , s eu c r i c r i " . A es s a al t ur a, St ev e bat e na par ede. Ol ha des ol ado
par a o t el ef one, par a a l i s t a e nov ament e par a o t el ef one. Fol hei a o j or nal .
Pági na 194
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Ol ha out r a v ez o t el ef one. Abr e uma c er v ej a e l i ga a t el ev i s ão.
Par a s eu az ar , St ev e es t av a c ompet i ndo di r et ament e c om Naomi Sar gent .
El a f az o mes mo t r abal ho dur o, par a out r a c ompanhi a, ut i l i z ando a mes ma

333

l i s t a de nomes . Mas quando el a depar a c om a par ede, não des ani ma. Faz a
qui nt a, a s ex t a e a 10ª c hamada numa boa. Na 1 0ª c hamada, c ons egue mar c ar
um enc ont r o. Quando St ev e f i nal ment e c hega a es s e c l i ent e, t r ês noi t es depoi s ,
a pes s oa i nf or ma pol i dament e que s uas nec es s i dades de s egur o j á f or am
at endi das .
Naomi é um s uc es s o e St ev e es t á à bei r a do f r ac as s o. Não é de admi r ar ,
por t ant o, que Naomi s ej a ot i mi s t a e demons t r e ent us i as mo pel o s eu t r abal ho
e que St ev e s ej a pes s i mi s t a e s i nt a- s e depr i mi do c om o s eu i ns uc es s o. O bom
s ens o i ndi c a que o s uc es s o t or na as pes s oas ot i mi s t as . Mas nes t e l i v r o v i mos
r epet i dament e que a s et a t ambém apont a na di r eç ão c ont r ár i a. Gent e ot i mi s t a
é bem- s uc edi da. No c ol égi o, no c ampo de es por t es e no t r abal ho, os i ndi v í duos
ot i mi s t as l ev am a mel hor .
E s abemos por quê. O i ndi v í duo ot i mi s t a é per s ev er ant e. Fac e a r ev es es
r ot i nei r os , e mes mo di ant e de der r ot as mai s c ont undent es , el e per s ev er a.
Quando s e def r ont a c om a par ede no t r abal ho, el e v ai em f r ent e, pr i nc i pal ment e
na c onj unt ur a c r uc i al em que s eu c onc or r ent e t ambém es bar r a na par ede e
c omeç a a af r oux ar .
Naomi age bas eada nes s e pr i nc í pi o. El a s abe que no s eu negóc i o - em
médi a - apenas uma c hamada em 10 r es ul t a numa ent r ev i s t a pes s oal , e que
s ó uma em t r ês des s as ent r ev i s t as r es ul t a numa v enda. Toda a ps i c ol ogi a é
engr enada no s ent i do de t r ans por a par ede das c hamadas f r i as , e par a i s s o el a
l anç a mão de umas t ant as t éc ni c as ger ador as de ot i mi s mo, a f i m de mant er
es s a ps i c ol ogi a. São t éc ni c as que St ev e não pos s ui .
O ot i mi s mo aj uda no t r abal ho, e não apenas em at i v i dades c ompet i t i v as .
El e pode aj udar t oda v ez que s eu t r abal ho s e t or nar mui t o dur o. El e es t abel ec e
a di f er enç a ent r e f az er o t r abal ho bem- f ei t o, f az ê- l o mal f ei t o ou s i mpl es ment e
não f az ê- l o. Es c ol ha um t r abal ho que não s ej a nada c ompet i t i v o - es c r ev er .
Es c r ev er es t e c apí t ul o, por ex empl o.
Ao c ont r ár i o de Naomi Sar gent , não nas c i ot i mi s t a. Ti v e que apr ender ( e
às v ez es i nv ent ar ) t éc ni c as par a t r ans por a par ede. Par a mi m, a par t e mai s
di f í c i l na hor a de es c r ev er é s upr i r ex empl os , ex empl os c ons i s t ent es que dêem
v i da aos pr i nc í pi os abs t r at os s obr e os quai s es c r ev o. Es c r ev er s obr e os
pr i nc í pi os
s empr e f oi f ác i l , uma v ez que pas s ei 25 anos pes qui s ando- os . Mas dur ant e
mui t os anos , quando c hegav a aos t r ec hos que pr ec i s av am de ex empl os , f i c av a
c om dor de c abeç a, s i nal de que t i nha c hegado à par ede. Fi c av a i nqui et o, f az i a

334

qual quer out r a c oi s a menos es c r ev er : t el ef onav a, anal i s av a dados es t at i s t i c os .


Se a par ede f os s e r eal ment e mui t o al t a, abandonav a t udo e i a j ogar br i dge. I s s o
podi a l ev ar hor as e at é mes mo di as . Não s ó dei x av a de f az er o t r abal ho que me
c ompet i a, mas , à medi da que as hor as s e t r ans f or mav am em di as , f i c av a c om
s ent i ment o de c ul pa e depr i mi do.
Tudo i s s o mudou. Ai nda es bar r o na par ede mai s v ez es do que gos t ar i a,
mas des c obr i al gumas t éc ni c as que s empr e me aj udam. Nes t e c apí t ul o, v oc ê
v ai apr ender duas des s as t éc ni c as , que poder á us ar no t r abal ho: ouv i r s eu
pr ópr i o
di ál ogo i nt er no e c ont es t ar s eu di ál ogo negat i v o.
Todos nós t emos nos s o pont o de des âni mo, nos s a pr ópr i a par ede. A manei r a
c omo v oc ê r eage quando s e c onf r ont a c om es s a par ede pode det er mi nar a
f r ont ei r a ent r e o des ampar o e o domí ni o, ent r e o f r ac as s o e o s uc es s o. O
f r ac as s o,
quando v oc ê s e apr ox i ma da par ede, não s i gni f i c a que dec or r a da pr egui ç a,
mui t o embor a não c ons egui r v enc ê- l a s ej a c omument e c onf undi do c om
pr egui ç a. Tampouc o é pr ov eni ent e da f al t a de t al ent o ou de i magi naç ão. É
s i mpl es ment e o des c onhec i ment o de al gumas t éc ni c as mui t o i mpor t ant es que
não s e apr endem na es c ol a.
Pági na 195
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
No s eu t r abal ho, quando é que v oc ê t opa c om a par ede? Lembr e- s e da
s i t uaç ão r ec or r ent e no s eu t r abal ho que mai s o bl oquei a e des ani ma. Pode s er
l i gar par a s eus c l i ent es . Pode s er es c r ev er um di ál ogo. Pode s er ai nda t er que
di s c ut i r c om um c l i ent e por c aus a de uma c ont a, ou f ec har um negóc i o. Pode
s er t er que f az er os c ál c ul os r i gor os os de l uc r os e per das ant es de r eal i z ar uma
c ompr a. Pode s er obs er v ar o ol har de apat i a dos s eus al unos ; t er que demons t r ar
a mai or pac i ênc i a quando um c ol ega mor os o l ev a mai s t empo do que v oc ê
ac ha que dev er i a. Pode s er t ent ar mot i v ar um f unc i onár i o i ndi f er ent e s ob s ua
s uper v i s ão. Pegue s eu ex empl o, poi s gr ande par t e des t e c apí t ul o s er á dedi c ada
a f az er c om que v oc ê t r ans ponha s ua par ede pes s oal no t r abal ho.

As Tr ës Vant agens do Ot i mi s mo

O OTI MI SMO APRENDI DO CRI A AS CONDI ÇÕES PARA QUE VOCÊ POSSA
t r ans por a par ede - e não apenas c omo i ndi v í duo. O es t i l o ex pl i c at i v o de um
t i me i nt ei r o, c omo v i mos no Capí t ul o 9, pode s er r es pons áv el pel a v i t ór i a ou
pel a der r ot a. E as or gani z aç ões , gr andes e pequenas , pr ec i s am de ot i mi s mo;

335

pr ec i s am de gent e c om t al ent o e ener gi a, e que t ambém s ej a ot i mi s t a. Uma


or gani z aç ão que c ont a c om i ndi v í duos ot i mi s t as - ou que di s põe de i ndi v í duos
ot i mi s t as nos pont os es t r at égi c os - , goz a de uma i ndi s c ut í v el v ant agem.
Há t r ês manei r as de uma or gani z aç ão us ar a v ant agem do ot i mi s mo.
A pr i mei r a, s el eç ão, f oi o t ema do c apí t ul o s ei s , " Suc es s o no
Tr abal ho" .
Sua empr es a pode s el ec i onar i ndi v í duos ot i mi s t as par a pr eenc her s uas v agas
c omo f ez a Met r opol i t an Li f e. Os i ndi v i duos ot i mi s t as , par t i c ul ar ment e s ob
pr es s ão, pr oduz em mai s do que os pes s i mi s t as . Tal ent o e ener gi a apenas não
s ão s uf i c i ent es . Como v i mos , t al ent o pr i v i l egi ado e ener gi a i nes got áv el pode
dar em nada. Mai s de 50 f i r mas us am at ual ment e ques t i onár i os de ot i mi s mo
nos s eus pr oc edi ment os de s el eç ão par a i dent i f i c ar as pes s oas que, al ém de
t al ent o e ener gi a, t êm o ot i mi s mo nec es s ár i o par a at i ngi r o s uc es s o. O
mét odo de s el ec i onar em f unç ão do ot i mi s mo t em demons t r ado s er
es pec i al ment e i mpor t ant e em c ar gos que env ol v em al t os c us t os de r ec r ut ament o
e de t r ei nament o e el ev ados í ndi c es de r ot at i v i dade. Sel ec i onar ot i mi s t as
r eduz o di s pendi os o des per dí c i o de mão- de- obr a e mel hor a a pr odut i v i dade
e a s at i s f aç ão no empr ego de t oda a equi pe. Mas o us o do ot i mi s mo não
t er mi na aqui .
A s egunda manei r a pel a qual uma empr es a pode us ar o ot i mi s mo é a
c ol oc aç ão. Uma f or t e dos e de ot i mi s mo é uma v i r t ude óbv i a par a c ar gos c om al t as
t ax as de i ns uc es s o e de des gas t e que ex i gem i ni c i at i v a, per s i s t ênc i a e audác i a.
É
i gual ment e óbv i o que o pes s i mi s mo ex t r emado não c ons t i t ui v ant agem par a
ni nguém. Mas al gumas at i v i dades não pr es c i ndem de um pouc o de pes s i mi s mo.
Como v i mos no Capí t ul o 6, há i ndí c i os c ons i der áv ei s de que os pes s i mi s t as
v êem a r eal i dade c om mai s pr ec i s ão do que os ot i mi s t as . Toda c ompanhi a
bem- s uc edi da, t oda v i da bem- s uc edi da no que s e r ef er e ao as s unt o, r equer não
s ó uma apr ec i aç ão ex at a da r eal i dade, c omo a c apac i dade de s onhar par a al ém
da r eal i dade pr es ent e. Es s as duas qual i dades da ment e nem s empr e s e r eúnem
num mes mo c or po, e pouc as s ão as pes s oas que pos s uem as habi l i dades que
v oc ê apr ender á nes t e c apí t ul o, que l he per mi t i r ão us ar o ot i mi s mo ou o
pes s i mi s mo quando del es pr ec i s ar . Em qual quer gr ande f i r ma, i ndi v í duos
di f er ent es des empenhar ão t ar ef as di f er ent es . Como é pos s í v el c ol oc ar as pes s oas
c er t as , nas f unç ões c er t as ?
A f i m de dec i di r qual o per f i l ps i c ol ógi c o que mel hor s e adapt a a uma
det er mi nada f unç ão, é pr ec i s o f az er duas per gunt as s obr e a f unç ão. Pr i mei r o

336

at é que pont o a f unç ão r equer per s i s t ênc i a e i ni c i at i v a e f r eqüent ement e ger a


Pági na 196
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
f r us t r aç ão, r ej ei ç ão e at é mes mo f r ac as s o? A s egui r , as ár eas em que o es t i l o
ex pl i c at i v o ot i mi s t a é i ndi s pens áv el :
Vendas
Cor r et agem
Rel aç ões públ i c as
Apr es ent aç ão e r epr es ent aç ão
Col et a de f undos
At i v i dades c r i at i v as
At i v i dades al t ament e c ompet i t i v as
At i v i dades al t ament e des gas t ant es

No out r o ex t r emo es t ão as at i v i dades que ex i gem uma noç ão pr onunc i ada


da r eal i dade. Ger al ment e, s ão f unç ões c om bai x o í ndi c e de i ns uc es s o, bai x a
r ot at i v i dade, que r equer em habi l i dades t éc ni c as es pec í f i c as em ambi ent es de
bai x a pr es s ão. Es s es empr egos pedem r eal i s t as r ef l ex i v os em v ez de i ndi v í duos
agr es s i v os que f r eqüent am os c l ubes dos " v endedor es de mi l hões de dól ar es " .
Também ex i s t em out r os c ar gos nos pr i mei r os es c al ões admi ni s t r at i v os e
pr of i s s i onai s que r equer em um s ens o mui t o agudo da r eal i dade, c ar gos em que o
ot i mi s mo pr ec i s a s er r ef r eado e onde um pes s i mi s mo di s c r et o pode s er uma
v i r t ude. Es s as f unç ões nec es s i t am de pes s oas que s ai bam quando não av anç ar
i mpet uos ament e e quando er r ar em nome da pr udênc i a. Os pes s i mi s t as
moder ados s e dão bem nas s egui nt es ár eas :

Des i gn e engenhar i a de s egur anç a


Es t i mat i v a t éc ni c a e de c us t os
Negoc i aç ão de c ont r at os
Cont r ol e f i nanc ei r o e c ont abi l i dade
Di r ei t o ( ex c et o l i t í gi os )
Admi ni s t r aç ão de negóc i os
Es t at í s t i c a
Li t er at ur a t ëc ni c a
Cont r ol e de qual i dade
Ger ênc i a de pes s oal e de r el aç ões i ndus t r i ai s

337

Por t ant o, c om a ex c eç ão do ex t r emo pes s i mi s mo, t oda a gama do


ot i mi s mo enc ont r a l ugar numa or gani z aç ão ot i mi s t a. É da mai or i mpor t ânc i a
di s c er ni r o ní v el de ot i mi s mo de um c andi dat o a empr ego, a f i m de c ol oc á- Lo
no l ugar onde el e pos s a s er mai s ef i c i ent e.
Mas t oda or gani z aç ão t em nos s eus quadr os i ndi v í duos demas i adament e
pes s i mi s t as par a os c ar gos que oc upam. Ger al ment e, es s es i ndi v í duos t êm a
dos e c er t a de t al ent o e de ener gi a par a as f unç ões que ex er c em, e s er i a mui t o
di s pendi os o e at é mes mo des umano s ubs t i t ui - l os . Fel i z ment e, es s as pes s oas
podem apr ender a s er ot i mi s t as .

Apr endendo Ot i mi s mo
A TERCEI RA VANTAGEM QUE O OTI MI SMO OFERECE A UMA ORGANI ZAÇÃO
c ons t i t ui o t ópi c o pr i nc i pal des t e c apí t ul o: apr ender o ot i mi s mo no t r abal ho.
Soment e doi s gr upos de pes s oas não pr ec i s am apr ender a s er ot i mi s t as nos
s eus ambi ent es de t r abal ho: as que t i v er am a s or t e de nas c er ot i mi s t as e as que
oc upam os c ar gos de bai x o í ndi c e de i ns uc es s o que r el ac i onei há pouc o. O
r es t ant e de nós podemos nos benef i c i ar , al guns c ons i der av el ment e, apr endendo
a s er ot i mi s t as .
Vej amos o c as o de St ev e Pr os per . El e gos t av a de s er c or r et or de s egur os .
Gos t av a s obr et udo de i ndependênc i a: ni nguém ol hando por c i ma do ombr o
del e, podendo mar c ar s eus hor ár i os de t r abal ho e de f ol ga quando qui s es s e.
Ti nha ex c el ent e apt i dão par a v ender s egur os e es t av a f or t ement e mot i v ado. Só
uma c oi s a o i mpedi a de al c anç ar o s uc es s o t ot al : t r ans por a par ede.
St ev e f az um c ur s o de quat r o di as s obr e ot i mi s mo. Os doi s emi nent es
t er apeut as c ogni t i v os que menc i onei no Capí t ul o 12, Dr . St ev en Hol l on, da
Pági na 197
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Uni v er s i dade Vander bi l t , e Dr . Ar t hur Fr eeman, da Uni v er s i dade de Medi c i na
e de Odont ol ogi a de Nov a j er s ey , e eu des env ol v emos es s e c ur s o par a a
For es i ght , mc . A For es i ght é uma c ompanhi a s edi ada em Fal I s Chur c h, Vi r gí ni a,
di r i gi da pel o Dr . Dan Or an; el a admi ni s t r a nos s os ques t i onár i os de ot i mi s mo
c ol oc ados à di s pos i ç ão da i ndús t r i a e or gani z a l abor at ór i os par a o t r ei nament o
de ot i mi s mo no t r abal ho. Ao c ont r ár i o de mui t os c ur s os par a v endedor es , que
l hes ens i nam o que di z er aos c l i ent es , es s e c ur s o e os ex er c í c i os que os

338

c ompl ement am f oc al i z am o que v oc ê di z a s i mes mo quando s eu c l i ent e di z


não. Es t a é uma di f er enç a r adi c al . St ev e Pr os per , por ex empl o, apr endeu uma
s ér i e de t éc ni c as que modi f i c ar am por c ompl et o s eu des empenho. Es t e c apí t ul o
des t i na- s e a ens i nar - l he as t éc ni c as mai s el ement ar es no c ont ex t o da at i v i dade
que v oc ê ex er c e.

Modi f i c ando Seu Di ál ogo


I nt er no no Tr abal ho:
O Model o ACCCE

O QUE VOCÊ PENSA QUANDO AS COI SAS NÃO DÃO CERTO, O QUE VOCÊ SE

di z quando empac a di ant e da par ede, det er mi nar ão o que ac ont ec er á em


s egui da: s e v oc ê v ai des i s t i r ou s e c omeç ar á a f az er c om que as c oi s as dêem
c er t o.
Nos s o es quema par a pens ar s obr e i s s o é bas eado no model o ACCCE do Dr .
Al ber t El l i s , que v oc ê j á c onhec e do Capí t ul o 12.

A SI GNI FI CA ADVERSI DADE. PARA ALGUMAS PESSOAS, A ADVERSI DADE É


um pont o f i nal . El as s e di z em: " O que é que adi ant a? Não pos s o c ont i nuar .
Par a que i ns i s t i r ? Só es t ou pi or ando as c oi s as . " E des i s t em. Par a out r as , a
adv er s i dade é apenas o c omeç o de uma s eqüênc i a de des af i os que mui t as
v ez es l ev a ao s uc es s o. Adv er s i dade pode s er uma por ç ão de c oi s as : pr es s ão
par a ganhar mai s di nhei r o, s ent i ment os de r ej ei ç ão, c r í t i c as do s eu c hef e, o
boc ej o de t édi o de um al uno, a mul her , ou o mar i do, que s e r ec us a a per der
de v i s t a s eu par c ei r o.
A oc or r ênc i a da adv er s i dade s empr e pr ov oc a a ec l os ão de s uas c onv i c ç ões ,
s ua ex pl i c aç ão e i nt er pr et aç ão da manei r a por que as c oi s as der am er r ado. A
pr i mei r a c oi s a que f az emos quando a adv er s i dade s e abat e s obr e nós é t ent ar
ex pl i c á- l a. Como v i mos ao l ongo des t e l i v r o, as ex pl i c aç ões c om as quai s
i nt er pr et amos a adv er s i dade par a nós mes mos af et am c r i t i c ament e o que
f az emos a s egui r .

339

Quai s s ão as c ons eqüênc i as das di f er ent es c r enç as que af l or am? Quando


nos s as c r enç as ex pl i c at i v as t omam a f or ma de f at or es pes s oai s , per manent es e
abr angent es ( " A c ul pa é mi nha. . , v ai s er s empr e as s i m. . . v ai af et ar t udo o que
f aç o" ) , des i s t i mos e f i c amos par al i s ados . Quando nos s as ex pl i c aç ões t omam a
f or ma opos t a, f i c amos ener gi z ados . As c ons eqüênc i as de nos s as c r enç as não
s ão apenas aç ões , s ão s ent i ment os t ambém.
Quer o que v oc ê agor a i dent i f i que al gumas ACCs . Al guns des s es ex empl os
s e apl i c ar ão à s ua v i da, out r os , não. Par a c ada um des s es ex empl os , f or nec er ei
a adv er s i dade, j unt ament e c om a c onv i c ç ão ou a c ons eqüênc i a. Voc ê
f or nec er á o c omponent e que f al t a de um modo que s e enc ai x e per f ei t ament e ao
model o ACC.

Pági na 198
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

I dent i f i c ando ACCs


1. A. Al guém l he dá uma f ec hada quando v oc ê es t á di r i gi ndo.
C. Voc ê pens a
C. Voc ê f i c a i r r i t ado e buz i na.

2. A. Voc ê per de uma v enda f ác i l .


C. Voc ê pens a: " Sou um v endedor mi x ur uc a.
C. Voc ê s ent e ( ou f az )

3. A. O s eu c hef e o c r í t i c a.
C. Voc ê pens a
C. Voc ê f i c a depr i mi do o di a t odo.

4. A. O s eu c hef e o c r i t i c a.
C. Voc ê pens a
C. Voc ê s e s ent e mui t o bem s obr e o que ac ont ec eu.

5. A. Sua mul her pede par a que v oc ê c hegue c edo t odas as noi t es .
C. Voc ê pens a
C. Voc ê s e s ent e abor r ec i do e f r us t r ado.

340

6. A. Sua mul her pede par a que v oc ê c hegue c edo à noi t e.


C. Voc ê pens a
C. Voc ê f i c a t r i s t e.

Par a os pr óx i mos t r ês ex empl os , i magi ne que v oc ê é um v endedor .

7. A. Voc ê não c ons egui u mar c ar uma úni c a ent r ev i s t a dur ant e t oda a
s emana.
C. Voc ê pens a: " Nunc a f aç o nada c er t o. "
C. Voc ê s ent e ( ou f az )

8. A. Voc ê não c ons egui u mar c ar uma úni c a ent r ev i s t a dur ant e t oda a
s emana.
C. Voc ê pens a: " A s emana pas s ada f oi boa. "
C. Voc ê s ent e ( ou f az )

9. A. Voc ê não c ons egui u mar c ar uma úni c a ent r ev i s t a dur ant e t oda a
s emana.
C. Voc ê pens a: " O meu c hef e me deu umas di c as es t a s emana que não v al i am
nada. "
C. Voc ê s ent e ( ou f az )

O obj et i v o des t e ex er c í c i o é demons t r ar c omo as manei r as c omo v oc ê


pens a a r es pei t o da adv er s i dade modi f i c am o que s ent e ent ão e o que f az em
s egui da:
No pr i mei r o ex empl o, pr ov av el ment e v oc ê es c r ev eu al guma c oi s a par ec i da
c om " Que c r et i no, por que es s a pr es s a t oda?" ou " Que mi s er áv el s em
c ons i der aç ão" . No qui nt o ex empl o, v oc ê poder á t er di t o: " El a nunc a pens a nas
mi nhas nec es s i dades . " Quando nos s a ex pl i c aç ão da adv er s i dade é ex t er na e
quando ac r edi t amos que el a r epr es ent a uma i nv as ão do nos s o domí ni o,
s ent i mos r ai v a.
Pági na 199
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
No s egundo ex empl o, v oc ê dev e t er s e s ent i do t r i s t e, abat i do,
apát i c o. A
ex pl i c aç ão " Sou um v endedor mi x ur uc a" é pes s oal , per manent e e abr angent e -
a r ec ei t a per f ei t a par a a depr es s ão. De manei r a s emel hant e, no s ex t o ex empl o,
quando o pedi do de s ua mul her par a f i c ar em c as a t odas as noi t es o dei x ou

341

t r i s t e, pr ov av el ment e v oc ê di s s e al go c omo " Não t enho c ons i der aç ão" ou " Sou
um pés s i mo mar i do" .
Qual f oi a ex pl i c aç ão que o dei x ou depr i mi do o di a t odo quando s eu c hef e
o c r i t i c ou no ex empl o 3? Al go per manent e, abr angent e e pes s oal : " Não s ei
es c r ev er di r ei t o" ou " Es t ou s empr e f az endo bes t ei r a" . Mas c omo modi f i c ou a
ex pl i c aç ão par a s e s ent i r mui t o bem depoi s de o s eu c hef e t ê- l o c r i t i c ado? O
que v oc ê t ev e de f az er f oi , pr i mei r o, t or nar o mot i v o da c r í t i c a uma c oi s a que
v oc ê pudes s e mudar , al go i ns t áv el : " Sei onde pos s o enc ont r ar quem me aj ude
a es c r ev er di r ei t o" ou " Eu dev i a t er f ei t o uma r ev i s ão" . Segundo, v oc ê t ev e que
t or nar s eu r ac i oc í ni o menos abr angent e: " Foi s ó es s e r el at ór i o que es t av a
f r ac o. "
Ter c ei r o, v oc ê t ev e que des v i ar a c ul pa de v oc ê: " Meu c hef e es t av a c om um
humor do c ão. " " Me der am mui t o pouc o t empo. " Se v oc ê pode f az er
habi t ual ment e es s es t r ês mov i ment os no pont o da c r enç a, a adv er s i dade pode
s e t or nar um t r ampol i m par a o s uc es s o.
Nos t r ês úl t i mos ex empl os , v oc ê pode v er que s e pens ou c omo no númer o 7,
" Nunc a f aç o nada c er t o" - per manent e, abr angent e, pes s oal - , s ent i u- s e
t r i s t e e não f ez nada. Se pens ou " Ti v e uma boa s emana a s emana pas s ada" ,
c omo no númer o 8, v oc ê af as t ou a t r i s t ez a e não dei x ou a pet ec a c ai r . Se
pens ou, c omo no ex empl o 9, " Meu c hef e me deu umas di c as es t a s emana
que não v al i am nada" - t empor ár i a, l oc al e ex t er na - , v oc ê pode t er
f i c ado c hat eado c om o s eu c hef e mas t ambém es per ou que a s emana s egui nt e
f os s e mel hor .

ACCCE
O ELO ACC, ENTRE O QUE VOCÉ ACREDI TA SOBRE A ADVERSI DADE E O QUE

v oc ê s ent e dev e t er f i c ado c l ar o. Se ai nda pr ec i s ar s e c onv enc er , f aç a os


ex er c í c i os do r egi s t r o ACC no Capí t ul o 12 ( pági nas 286- 89) , us ando ACCs do s eu
di a de t r abal ho. Cada v ez que s e s ent i r r epent i nament e des ani mado, t r i s t e,
z angado, ans i os o, ou f r us t r ado no t r abal ho, es c r ev a o pens ament o que l he v ei o
à ment e pouc o ant es . Ver i f i c ar á que es s es pens ament os s e par ec em mui t o c om
s uas r es pos t as aos ex er c í c i os ACC.
I s s o s i gni f i c a que s e v oc ê c ons egue modi f i c ar o C de c r enç a, s uas
c r enç as e
ex pl i c aç ões s obr e adv er s i dade, o C de c ons eqüênc i as t ambém s e modi f i c ar á.

342

Voc ê poder á t r ans f or mar uma r es pos t a pas s i v a, t r i s t e ou i r r i t ada à


adv er s i dade numa r eaç ão r ev i gor ada, al egr e. I s s o depende f undament al ment e
do C de c ont es t aç ão.

Cont es t ando s uas Cr enç as

PERMI TA- ME REUTI LI ZAR UM EXEMPLO ANTERI OR. SE UM BÊBADO CAÍ DO


na s ar j et a gr i t as s e par a v oc ê " Voc ê é um f r ac as s o! Não t em nenhum t al ent o!
Dei x e o s eu empr ego! " , c omo é que v oc ê r eagi r i a? Voc ê não l ev ar i a as
ac us aç ões a s ér i o. Voc ê não dar i a a menor bol a e i r i a em f r ent e ou, c as o el as
l he
Pági na 200
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
t oc as s em em al gum ner v o, as r ef ut ar i a c ons i go mes mo: " Ac abei de es c r ev er
um r el at ór i o que r ev ol uc i onou a bur oc r ac i a do es c r i t ór i o" ; " Ac abo de s er
pr omov i do a v i c e- pr es i dent e" ; " Af i nal , el e não s abe nada a meu r es pei t o. Não
pas s a de um bêbado" .
Mas o que é que ac ont ec e quando v oc ê pr of er e i mpr opér i os i gual ment e
v enenos os c ont r a s i mes mo? Voc ê ac r edi t a nel es . Não os c ont es t a. Mas , af i nal ,
r ac i oc i na, s e é v oc ê mes mo quem os di z a s eu pr ópr i o r es pei t o, é por que dev em
s er i nc ont es t av el ment e v er dadei r os .
Es s e é um er r o gr av e.
Como v i mos em c apí t ul os ant er i or es , as c oi s as que v oc ê di z a s i mes mo
quando s ur gem os pr obl emas podem s er t ão des t i t uí das de f undament o quant o
os di s par at es de um bêbado. Nos s as ex pl i c aç ões r ef l ex i v as ger al ment e não s ão
bas eadas na r eal i dade. São maus hábi t os que emer gem das br umas do pas s ado,
de ant i gos c onf l i t os , de des av enç as c om os pai s , de c r í t i c as não r ef ut adas de um
pr of es s or i nf l uent e, do c i úme de um amant e. Mas por que par ec em de
dent r o de nós mes mos - poder i a hav er uma f ont e de mai or c r edi bi l i dade? -
di s pens amos - l hes um t r at ament o r eal . Dei x amos que t omem c ont a de nos s as
v i das s em o menor pr ot es t o.
Gr ande par t e da t éc ni c a de l i dar c om r ev es es , de s uper ar a par ede,
c ons i s t e
em apr ender a c ont es t ar s eus pr i mei r os pens ament os em r eaç ão a uma
adv er s i dade. De t al f or ma es s es hábi t os de ex pl i c aç ão es t ão ent r anhados que
apr ender a c ont es t á- l os ef i c az ment e ex i ge c er t a pr át i c a. Par a apr ender a
c ont es t ar
s eus pens ament os aut omát i c os , v oc ê pr ec i s a pr i mei r o apr ender a ouv i r s eu
pr ópr i o di ál ogo i nt er no. A s egui r , um j ogo que l he ens i nar á c omo.

343

O J ogo do Sal t o da Par ede


O f oc o des s e j ogo é s ua pr ópr i a par ede pes s oal , a par t e do s eu t r abal ho
que
mai s c ont r i bui u par a que v oc ê t enha v ont ade de des i s t i r de t udo. Em nos s os
l abor at ór i os c om c or r et or es de s egur os , es s a par t e é f ác i l de i s ol ar . São as
c hamadas f r i as , os t el ef onemas par a pes s oas des c onhec i das par a mar c ar
ent r ev i s t as . Os c or r et or es que des ani mam f ac i l ment e, que não s e r ef az em
pr ont ament e
da r ej ei ç ão, f i c am par a t r ás . Os que c ons eguem f az er 20 l i gaç ões por noi t e, s ão
bem- s uc edi dos .
Us amos es s as c hamadas f r i as c omo um i ns t r ument o par a f az er c om que
os c or r et or es i dent i f i quem s uas ACCs em s eu t r abal ho. El es t r az em s uas
l i s t as de c hamadas f r i as par a os l abor at ór i os . Como dev er de c as a, na pr i mei r a
noi t e, el es f az em 10 c hamadas f r i as . Depoi s de c ada uma, anot am a
adv er s i dade, a c r enç a e as c ons eqüênc i as . Ei s o que el es ouv em di z er a s i
mes mos :

Adv er s i dade: Vou c omeç ar a f az er as c hamadas f r i as .


Cr enç a: Det es t o f az er i s s o. Não dev i a t er que f az er es s as
c hamadas .
Cons eqüênc i as : Fi quei i r r i t ado, t ens o e r el ut ei em pegar o f one.

Adv er s i dade: A pr i mei r a pes s oa par a quem t el ef onei des l i gou na


mi nha c ar a.
Conv i c ç ão: Foi mui t o gr os s ei r o. El e não me deu nenhuma c hanc e.
Não dev i a me t r at ar des s a manei r a.
Cons eqüênc i as : Eu me s ent i of endi do e t i v e que f az er uma paus a
ant es de c ompl et ar a s egunda c hamada.

Adv er s i dade: A pr i mei r a pes s oa par a quem t el ef onei des l i gou na


mi nha c ar a.
Cr enç a: É uma a menos . I s s o aument a mi nhas c hanc es de uma
r es pos t a pos i t i v a.
Cons eqüênc i as : Eu me s ent i r el ax ado e c hei o de ener gi a.
Pági na 201
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

344

Adv er s i dade: Fi quei f al ando c om a mul her quas e 10 mi nut os par a


el a ac abar me di z endo que não quer i a mar c ar uma ent r ev i s t a.
Cr enç a: Real ment e, dei uma f ur ada. O que é que há c omi go? Se não
c ons i go mar c ar uma ent r ev i s t a depoi s de um papo c omo es s e, é por que
dev o s er mes mo mui t o r ui m.
Cons eqüênc i as : Eu me s ent i des ani mado e f r us t r ado, apr eens i v o c om
r el aç ão à pr óx i ma c hamada.

Voc ê pode v er que quando a adv er s i dade é s egui da de ex pl i c aç ões


per manent es , abr angent es e pes s oai s ( " Dev o s er mes mo mui t o r ui m" ) , o des âni mo e
a
des i s t ênc i a s ão i nev i t áv ei s . Quando a adv er s i dade é s egui da de ex pl i c aç ões
t ot al ment e opos t as ( " É menos uma" ) , as c ons eqüênc i as s ão ener gi a e bom as t r al .
Agor a, é s ua v ez de j ogar o j ogo do s al t o da par ede. Si nt oni z e s eu di ál ogo
i nt er no quando t opar c om uma par ede no s eu t r abal ho, e v ej a c omo es s as
c onv i c ç ões podem det er mi nar o que s ent i r á no moment o e o que f ar á em
s egui da. O j ogo t em t r ês modal i dades . Es c ol ha a que mel hor s e adapt e ao s eu
t r abal ho.
1. Se o s eu t r abal ho i mpl i c a f az er l i gaç ões t el ef ôni c as par a es t r anhos ,
c ons ul t e s ua l i s t a. Faç a c i nc o l i gaç ões . Após c ada uma, anot e a adv er s i dade, os
pens ament os que l he oc or r er am, c omo s e s ent i u e o que f ez em s egui da. Regi s t r e
t udo i s s o mai s adi ant e, na pági na 347.

2. Se o s eu t r abal ho não env ol v e c hamadas f r i as , quer o que i dent i f i que


uma par ede c om a qual v oc ê s e c onf r ont a di ar i ament e no s eu t r abal ho, a f i m
de que pos s a det ec t ar as ACCs quando es t i v er t r abal hando. Se t i v er empac ado,
aqui v ão al guns ex empl os que poder ão aj udá- l o:

Uma das par edes ao s e ens i nar o que quer que s ej a é a apat i a dos
al unos . Nas mi nhas aul as , às v ez es , t enho a i mpr es s ão de que por mai s
que me es f or c e, por mai s c r i at i v o que s ej a, há s empr e um gr upo
de j ov ens que s i mpl es ment e não quer apr ender . Repugna- me a i déi a de
enf i ar - l hes c onhec i ment os goel a abai x o. Saber que não c ons i go at i ngi r
es s es al unos t or na c ada v ez mai s di f í c i l par a mi m s er c r i at i v o, por que no
f undo da mi nha c abeç a f i c o pens ando: " O que é que adi ant a?"
No s er v i ç o de enf er magem, um dos pr i nc i pai s f at or es que l ev am ao
des gas t e é o t r at ament o que mui t as enf er mei r as r ec ebem t ant o de c i ma

345

quant o de bai x o. Os doent es ger al ment e s ão ex i gent es , mal c r i ados


e r anz i nz as , e os médi c os s ão ger al ment e ex i gent es , des at enc i os os e
r anz i nz as . I s s o pode f az er c om que a enf er mei r a s i nt a- s e s obr ec ar r egada
e s ubes t i mada. Uma quei x a t í pi c a é: " Di go par a mi m mes ma no i ní c i o
de c ada t ur no que não v ou per mi t i r que a pr es s ão me der r ube. É c l ar o
que os doent es s ão ex i gent es e r anz i nz as - par a i s s o s ão doent es e es t ão
num hos pi t al . Quem não s er i a? Mas não é t ão f ác i l ex pl i c ar o t r at ament o
que os médi c os nos di s pens am. Em v ez de me t r at ar em c omo
i nt egr ant e de uma equi pe, el es agem c omo s e o t r abal ho que f aç o não f os s e
t ão i mpor t ant e e eu f os s e menos i nt el i gent e do que el es . Depoi s de
al gum t empo, por mai s que pr oc ur e me ani mar t odas as manhãs , a
c oi s a c omeç a a mex er c om os meus ner v os e aguar do t emer os a o pr óx i mo
t ur no. Si nt o- me l et ár gi c a e mel anc ól i c a, e f i c o o t empo t odo c ont ando
as hor as que f al t am par a ac abar meu t ur no.
Agor a, i dent i f i que s ua par ede di ár i a no t r abal ho. Na pr óx i ma s emana,
c hegue at é el a di ar i ament e. Ex c et o des t a v ez , ouç a o que v oc ê di z a s i
mes mo. As s i m que t i v er uns mi nut os di s poní v ei s , ponha no papel a
adv er s i dade, s uas c r enç as e as c ons eqüênc i as . Regi s t r e- as nos es paç os r es er v ados
Pági na 202
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
nas
pági nas 347- 49.
3. A t er c ei r a modal i dade é par a os que s e c onf r ont am c om a par ede menos
de uma v ez por di a. Sent i r - s e i nc apaz de dar i ní c i o a r el at ór i os e pr oj et os de
mai or r es pons abi l i dade é uma par ede que em ger al s ó apar ec e umas pouc as
v ez es por ano. Out r a t ar ef a na qual a par ede ger al ment e i r r ompe menos de
uma v ez por di a é a s uper v i s ão de out r as pes s oas .
Uma das par edes que os ger ent es enf r ent am é mant er al t o o ní v el de
i nc ent i v o ent r e os f unc i onár i os que s uper v i s i onam. Como di s s e um ger ent e:
" Di r i gi r pes s oas às v ez es pode s er mui t o f r us t r ant e. . . pel o menos
per i odi c ament e. A par t e mai s dur a, a que r eal ment e enc ar o c om t emor , é mant er os
meus s ubor di nados mot i v ados e pr odut i v os . Pr oc ur o s er pos i t i v o, pr oc ur o dar
o ex empl o, mas às v ez es s i mpl es ment e não c ompr eendo o que s e pas s a na
c abeç a del es . E, nat ur al ment e, depoi s de av al i ar um des empenho es pec í f i c o,
ac abo me s ent i ndo um c hat o. Não quer o f ac i l i t ar demai s as c oi s as , mas t ambém
não quer o endur ec er ex ager adament e, e no f i m a mi nha s ens aç ão é de t ot al
i nef i c i ênc i a. Como di s s e, pode s er mui t o f r us t r ant e. "

346

Se v oc ê s e s i t ua nes t a t er c ei r a c at egor i a, r es er v e 20 mi nut os hoj e à


noi t e em
c as a e r ec ol ha- s e a um apos ent o t r anqüi l o. I magi ne da manei r a mai s ní t i da
que puder a s i t uaç ão que dá or i gem à s ua par ede. Sej a c r i at i v o. Se a s ua par ede
f or es c r ev er r el at ór i os , s ent e- s e em f r ent e a uma f ol ha de papel em br anc o e
embar que numa f ant as i a de que o pr az o de ent r ega do r el at ór i o s e enc er r a
amanhã. Si mul e uma s i t uaç ão de des es per o, s ue a c ami s a. Se v oc ê f or um
ger ent e, i magi ne- s e na pr es enç a do s eu f unc i onár i o mai s pr obl emát i c o.
Es t abel eç a o di ál ogo c om v oc ê mes mo. Anot e a adv er s i dade, s uas c r enç as e as
c ons eqüênc i as . Faç a i s s o c i nc o v ez es , dando uma c onot aç ão di f er ent e à
adv er s i dade a
c ada v ez . Regi s t r e t udo nos es paç os abai x o.

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Adv er s i dade:

Cr enç a:

347

Cons eqüênc i as :

Pági na 203
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

348

Adv er s i dade.

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Depoi s de t er r egi s t r ado s eus c i nc o epi s ódi os ACC, ex ami ne s uas c r enç as
c ui dados ament e. Voc ê v er á que, no s eu di ál ogo i nt er no, ex pl i c aç ões
pes s i mi s t as pr ov oc am pas s i v i dade e des âni mo, ao pas s o que ex pl i c aç ões ot i mi s t as
det onam at i v i dade. Por t ant o, o pr óx i mo pas s o é mudar es s as ex pl i c aç ões
pes s i mi s t as habi t uai s que ger am adv er s i dade. Par a c ons egui r i s s o, v oc ê agor a
t em de j ogar a s egunda par t e do j ogo: a c ont es t aç ão.

Cont es t aç ão
Pági na 204
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
O s egundo t empo do j ogo do s al t o da par ede c ons i s t e em r epet i r o que v oc ê
ac abou de f az er , mas agor a c ont es t ando s uas ex pl i c aç ões pes s i mi s t as t oda v ez
que as f i z er . Fel i z ment e, o domí ni o da t éc ni c a de c ont es t aç ão não ex i ge mui t o
t r ei no. Voc ê f az i s s o di ar i ament e, t ant o na r eal i dade quant o na s ua ment e,
t oda v ez que di s c or da do que os out r os di z em ou f az em. Voc ê adqui r i u ao
l ongo da v i da a pr át i c a de c ont es t ar as c r enç as negat i v as de out r as pes s oas .
Mas o que v oc ê não apr endeu f oi t r at ar s uas pr ópr i as c r enç as negat i v as c omo
s e el as emanas s em não de v oc ê, mas de um c ol ega de t r abal ho i nv ej os o, de um
al uno mal - i nt enc i onado ou do s eu pi or i ni mi go. Hoj e à noi t e, em c as a,
es c ol ha o mes mo c enár i o us ado na pr i mei r a f as e -
des enc av e s ua l i s t a de c hamadas t el ef ôni c as f r i as ou, num quar t o s os s egado,
i magi ne- s e em apur os no t r abal ho. Agor a, par a c ada um dos enc ont r os c om a
adv er s i dade, f oc al i z e s eus pr ópr i os pens ament os negat i v os e os c ont es t e.

349

Ter mi nado c ada enc ont r o, es c r ev a o ACC j unt ament e c om s ua c ont es t aç ão


( C) e a ener gi z aç ão e os s ent i ment os que s e s uc edem ( E) . Ant es de c omeç ar ,
l ei a os ex empl os a s egui r par a aj udar s ua c ont es t aç ão:

Tel ef onemas Fr i os

Adv er s i dade: A pes s oa des l i gou depoi s de me ouv i r por mui t o


t empo.
Cr enç a: El e dev i a t er me dei x ado t er mi nar , j á que me dei x ou
c hegar t ão
l onge. Dev o t er f ei t o al guma bes t ei r a par a per der o l anc e no f i m do j ogo.
Cons eqüênc i as : Fi quei i r r i t ado c om o c ar a e me s ent i r eal ment e
des apont ado c omi go mes mo. Ti v e v ont ade de j ogar a t oal ha par a o r es t o da noi t e.
Cont es t aç ão: Tal v ez el e t i v es s e i nt er r ompi do o que es t av a f az endo
quando t el ef onei e es t i v es s e ans i os o par a v ol t ar a f az ê- l o. Eu dev i a es t ar
me s ai ndo mui t o bem par a mant er uma pes s oa oc upada no t el ef one por
t ant o t empo. Não pos s o c ont r ol ar os at os del e. Só me c abe apr es ent ar
da mel hor manei r a os meus ar gument os e es per ar que a pes s oa do out r o
l ado da l i nha s ej a es c l ar ec i da e di s ponha de t empo par a ouv i r .
Obv i ament e, el a não di s punha. Az ar del a.
Ener gi z aç ão: Es t av a pr ont o par a f az er a c hamada s egui nt e. Es t av a
c ont ent e c om mi nha ar gument aç ão e c onf i ant e que, a l ongo pr az o, o
meu t r abal ho s er i a c ompens ador .

Adv er s i dade: O homem mos t r ou- s e i nt er es s ado, mas não qui s


mar c ar um enc ont r o ant es de f al ar c om a mul her .
Cr enç a: Que per da de t empo! Agor a v ou t er que r oubar t empo de
out r as pos s i bi l i dades par a t ent ar v ender nov ament e a es s e c as al . Ser á
que el e não é c apaz de t omar uma dec i s ão s oz i nho?
Cons eqüênc i as : Sent i - me mui t o i mpac i ent e e t ambém um pouc o
i r r i t ado.
Cont es t aç ão: Cal ma l á. Af i nal , não f oi uma r es pos t a negat i v a.
Também não f oi per da de t empo, por que pode r es ul t ar numa ent r ev i s t a. Se
c ons egui v ender a i déi a a el e, t ambém c ons egui r ei v endê- l a à s ua
mul her . Por t ant o, mei o c ami nho andado.
Ener gi z aç ão: Sent i - me c onf i ant e e ot i mi s t a, ac r edi t ando que c om
um pouc o mai s de es f or ç o poder i a r eal i z ar uma v enda.

350

Adv er s i dade: Compl et ei mi nha 20a c hamada e s ó c ons egui


es t abel ec er s ei s c ont at os .
Cr enç a: I s s o é uma per da de t empo. Não t enho ener gi a s uf i c i ent e
par a s er bem- s uc edi do. Sou mui t o des or gani z ado.
Cons eqüênc i as : Sent i - me f r us t r ado, c ans ado, depr i mi do e v enc i do.
Cont es t aç ão: Sei s c ont at os em uma hor a não é nada mau. São apenas
Pági na 205
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
s et e e mei a e ai nda t enho mai s uma hor a e mei a par a dar t el ef onemas .
Pos s o dar uma par ada de 10 mi nut os par a me or gani z ar mel hor e dar
mai s t el ef onemas na pr óx i ma hor a do que c ons egui dar na hor a que pas s ou.
Ener gi z aç ão: Sent i - me menos pr os t r ado, depr i mi do e c om mai s
ener gi a, poi s t i nha es t abel ec i do um pl ano de aç ão.
Adv er s i dade: Meu mar i do me t el ef onou quando eu es t av a no mei o
de mi nhas c hamadas .
Cr enç a: Por que el e es t á me t el ef onando numa hor a des s as ? El e
es t á
quebr ando meu r i t mo e t omando meu t empo.
Cons eqüênc i as : Fi quei i r r i t ada e f ui i ndel i c ada c om el e ao t el ef one.
Cont es t aç ão: Não s ej a t ão dur a c om el e. El e não i magi nou que o s eu
t el ef onema f os s e me per t ur bar . Pr ov av el ment e, pens ou que s er i a bom
par a mi m f az er uma paus a. É mui t o gent i l da par t e del e pens ar em mi m
quando não es t amos j unt os . Si nt o- me f el i z por t er um mar i do t ão
c ar i nhos o e i nc ent i v ador .
Ener gi z aç ão: Rel ax ei e me s ent i bem em r el aç ão a meu mar i do e a
nos s o c as ament o. Eu l i guei de v ol t a par a el e e ex pl i quei o por quê de t er
s i do t ão gr os s a.
Adv er s i dade: Fi z 40 c hamadas e não c ons egui mar c ar nenhuma
ent r ev i s t a.
Cr enç a: I s s o é uma es t upi dez , não es t á me l ev ando a nada.
É uma
t ot al per da de t empo e de ener gi a.
Cons eqüênc i as : Sent i - me f r us t r ado e c ont r ar i ado por per der t empo
f az endo i s s o.
Cont es t aç ão: Foi apenas uma noi t e e s oment e 40 c hamadas . Todo
mundo t em di f i c ul dades c om es s as c hamadas , e noi t es c omo es s a v ão s e r epet i r
de v ez em quando. De qual quer manei r a, f oi uma ex per i ênc i a v ál i da: pude
ex er c i t ar mi nha apr es ent aç ão. Por t ant o, amanhã à noi t e s er á mui t o mel hor .

351

Ener gi z aç ão: Ai nda es t av a um pouc o f r us t r ado, mas mui t o menos


do que ant es , e não me s ent i a mai s c hat eado. Amanhã à noi t e c ol her ei
al guns r es ul t ados .

Ens i no
Adv er s i dade: Ai nda não c ons egui penet r ar na apat i a que al guns
al unos demons t r am par a apr ender .
Cr enç a: Por que não c ons i go at i ngi r es s es j ov ens ? Se f os s e mai s
di nâmi c o, mai s c r i at i v o ou mai s i nt el i gent e, t al v ez c ons egui s s e i nc ut i r - l hes
mai s
i nt er es s e pel o es t udo. Se não s ou c apaz de c hegar aos al unos mai s c ar ent es ,
ent ão não es t ou dando c ont a do r ec ado. Não dev o s er t al hado par a o ens i no.
Cons eqüênc i as : Não es t ou s endo c r i at i v o. Tenho pouc a ener gi a e me
s i nt o depr i mi do e des ani mado.
Cont es t aç ão: Não f az s ent i do bas ear a mi nha ef i c i ênc i a c omo pr of es s or
numa pequena por c ent agem dos meus al unos . A v er dade é que
es t i mul o a mai or i a dos al unos , e dedi c o gr ande par t e do t empo ao pl anej ament o
de aul as que, al ém de c r i at i v as , pr oc ur am s er t ant o quant o pos s í v el
i ndi v i duai s . No f i m do s emes t r e, quando di s ponho de um pouc o mai s de
t empo, poder ei pr omov er um enc ont r o c om out r os pr of es s or es que t êm
o mes mo pr obl ema. Como um gr upo, t al v ez s ur j am i déi as que nos aj udar ão
a v enc er a apat i a de c er t os al unos .
Ener gi z aç ão: Si nt o- me mel hor a r es pei t o do meu t r abal ho c omo
pr of es s or e t enho es per anç a de que nov as i déi as pos s am s ur gi r at r av és
da di s c us s ão c om out r os pr of es s or es .

Pági na 206
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Enf er magem

Adv er s i dade: Ai nda f al t am s ei s hor as par a t er mi nar o meu t ur no,


es t amos c om gent e a menos e um médi c o me di s s e que s ou mui t o l er da.
Cr enç a: El e t em r az ão. Sou mui t o l er da mes mo. Dev i a f az er c om
que t udo f unc i onas s e a t empo e a hor a, mas não c ons i go. Out r as enf er mei r as
t al v ez c ons i gam, mas ac ho que não dou par a es s e t i po de t r abal ho.

352

Cons eqüênc i as : Si nt o- me r eal ment e depr i mi da, c om a s ens aç ão de


que não es t ou c umpr i ndo mi nhas f unç ões c omo dev er i a. Às v ez es ,
t enho v ont ade de f ugi r do hos pi t al no mei o do meu t ur no.
Cont es t aç ão: O i deal s er i a que t udo c or r es s e s empr e bem, mas i s s o não
é r eal i s t a, es pec i al ment e num hos pi t al . De qual quer f or ma, não c abe a
mi m s oz i nha f az er c om que t udo f unc i one às mi l mar av i l has . Não s ou
mel hor nem pi or do que as out r as enf er mei r as do meu t ur no. É pos s í v el
que t enha s i do um pouc o mai s mor os a do que habi t ual ment e, mas i s s o é
por que hoj e es t amos c om f al t a de pes s oal , o que me s obr ec ar r ega e obr i ga
as c oi s as a andar em mai s dev agar . Dev i a me s ent i r bem c om a
r es pons abi l i dade r edobr ada, em v ez de me pr eoc upar c om a r ec l amaç ão do médi c o.
Ener gi z aç ão: Si nt o- me mui t o mai s s at i s f ei t a c omi go mes ma e c om
mui t o menos s ent i ment o de c ul pa por qual quer t r ans t or no que pos s a
t er c aus ado ao médi c o. A per s pec t i v a de mai s s ei s hor as de t r abal ho j á
não par ec e t ão des es per ador a.

Ger enc i ament o


Adv er s i dade: A mi nha s eç ão es t á f i c ando abai x o das pr ev i s ões de
pr oduç ão e meu c hef e es t á s e quei x ando.
Cr enç a: Por que é que a mi nha equi pe não dá c ont a da s ua
obr i gaç ão? J á mos t r ei o que é pr ec i s o f az er , mas a t ur ma c ont i nua met endo os
pés pel as mãos . Por que não c ons i go um des empenho mel hor do
pes s oal ? Foi par a i s s o que f ui c ont r at ado. Agor a o meu c hef e es t á
r ec l amando. El e ac ha que a c ul pa é mi nha e que s ou um ger ent e medí oc r e.
Cons eqüênc i as : Si nt o- me r eal ment e i ndi gnado c om os meus
f unc i onár i os , t enho v ont ade de c hamá- l os à mi nha s al a e dar a mai or br onc a.
Também me s i nt o mal c omi go mes mo e ner v os o quant o ao meu
empr ego. Vou t r at ar de ev i t ar o meu c hef e at é que v ol t emos a c umpr i r a pr ev i s ão.
Cont es t aç ão: Em pr i mei r o l ugar , é v er dade que a pr oduç ão do meu
depar t ament o es t á abai x o do pr ev i s t o. Mas es t ou c om mui t os
f unc i onár i os nov os , e l ev ar á al gum t empo at é que el es apr endam o t r abal ho e
des l anc hem. I s s o j á ac ont ec eu ant es , mas nunc a c om t ant a gent e nov a.
Dei - l hes t odas as i ns t r uç ões adequadas , mas ai nda as s i m é pr ec i s o t empo.
Uns s ão mai s r ápi dos do que out r os , e um del es em par t i c ul ar é ex -

353

c epc i onal . Não f i z nada que pos s a s er c ons i der ado bas i c ament e er r ado.
Por out r o l ado, os v et er anos es t ão at uando bem. Por t ant o, é s ó uma
ques t ão de pac i ênc i a e at enç ão es pec i al c om os nov at os . Ex pl i quei t udo
i s s o ao meu c hef e e el e s abe que é v er dade - el e não me di s s e par a f az er
nada di f er ent e. Apos t o que es t á s endo pr es s i onado pel os ger ent es de
pr oduç ão. El es não f ac i l i t am, e el e s egue a mes ma l i nha dur a. Vou f al ar
c om el e nov ament e e per gunt ar s e dei x ei es c apar al guma c oi s a. Ao
mes mo t empo, v ou f az er a equi pe t r abal har dobr ado, mot i v ando- a,
es t i mul ando- a, empur r ando- a, e v ou v er s e há al gum j ei t o de os mai s ant i gos
aj udar em.
Ener gi z aç ão: Não t enho mai s v ont ade de pas s ar uma des c ompos t ur a
na r apaz i ada. Pos s o di s c ut i r a s i t uaç ão c om el es c om c al ma e a ment e
aber t a. Si nt o- me mui t o menos ner v os o em r el aç ão ao meu empr ego
por que s ei que t enho boa r eput aç ão na c ompanhi a. Também não pr oc ur ei
Pági na 207
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
ev i t ar o meu c hef e. Ao c ont r ár i o, v ou pr oc ur á- l o, apr es ent ar - l he um
r el at ór i o da s i t uaç ão e r es ponder qual quer per gunt a que el e quei r a f az er .
Agor a, é s ua v ez de r egi s t r ar s uas c ont es t aç ões . Faç a- o c i nc o v ez es .

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Cont es t aç ão:

354

Ener gi z aç ão:

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

Adv er s i dade:

Pági na 208
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
355

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

356

Adv er s i dade:

Cr enç a:

Cons eqüênc i as :

Pági na 209
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

Cont es t aç ão:

Ener gi z aç ão:

Voc ê dev e t er not ado que a par t i r do moment o em que c omeç ou a c ont es t ar
s uas c r enç as negat i v as , as c ons eqüênc i as mudar am de des ani mo e l et ar gi a par a
v i gor e uma s ens aç ão de bem- es t ar .
A es t a al t ur a, pr ov av el ment e, v oc ê pr ec i s a de al guma pr át i c a par a
c ont es t ar
s eus pens ament os pes s i mi s t as aut omát i c os . Vamos pas s ar agor a par a um
ex er c í c i o que o aj udar á a mel hor s upr i mi - l os .

Ex t er i or i z aç ão de Voz es

O SEU CHEFE FRANZEATESTA QUANDO VOCÉ CHEGA NO ESCRI TÓRI O. VOCÉ

pens a: " Dev o t er bagunç ado aquel e r el at ór i o. El e é c apaz de me des pedi r . "
Sent i ndo- s e abat i do, v oc ê ent r a s or r at ei r ament e no es c r i t ór i o e f i c a ol hando
des ol ado par a o s eu r el at ór i o. Não c ons egue nem r euni r f or ç as par a r el ê- l o.
Voc ê pas s a os 10 mi nut os s egui nt es pens ando, e o s eu es t ado de es pí r i t o f i c a
c ada v ez mai s s ombr i o.

357

Quando uma c oi s a des s as l he ac ont ec er , v oc ê dev e quebr ar o es t ado de


es pí r i t o s ot ur no c ont es t ando s uas ex pl i c aç ões pes s i mi s t as s obr e a c ar a f ei a do
c hef e ou qual quer out r a c oi s a que t enha pr ov oc ado s eu abat i ment o. Como
v i mos nos doi s úl t i mos c apí t ul os , ger al ment e há t r ês r umos a s er em s egui dos
na c ont es t aç ão ef i c az c ons i go mes mo:

- Pr ov as ?
- Al t er nat i v as ?
- I mpl i c aç ões ?
- Ut i l i dade?

Pr ov as :
As s uma o papel de det et i v e e per gunt e- s e: " Quai s s ão as pr ov as a f av or e
c ont r a a c r enç a?"
Por ex empl o: bas eado em que, v oc ê pens ou que f oi s eu r el at ór i que f ez
s eu c hef e ol har at r av es s ado par a v oc ê? Voc ê s e l embr a de al guma c oi s a er r ada
no s eu r el at ór i o que pos s a t er pr ov oc ado a at i t ude del e? O r el at ór i o l ev ou em
c ont a t odos os f at or es óbv i os ? Suas c onc l us ões s ão c oer ent es c om as pr emi s s as ?
Tem c er t ez a de que s eu c hef e j á l eu o r el at ór i o, ou s er á que el e ai nda es t á em
c i ma da mes a da s ec r et ár i a del e?
Fr eqüent ement e, v oc ê v er i f i c ar á que c at as t r of i z ou, c hegou às pi or es
c onc l us ões pos s í v ei s s em qual quer pr ov a c ons i s t ent e - al gumas v ez es a par t i r de
um s i mpl es pal pi t e.

Al t er nat i v as :

Hav er á out r as manei r as de enc ar ar a adv er s i dade?


Pági na 210
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Por ex empl o, quai s s ão al gumas ex pl i c aç ões al t er nat i v as par a o c enho
f r anz i do
Por ex empl o, quai s s ão al gumas ex pl i c aç ões al t er nat i v as par a o c enho
f r anz i do
do s eu c hef e? El as podem não l he oc or r er i medi at ament e dev i do às s uas
ex pl i c aç ões
pes s i mi s t as aut omát i c as , que, por não s er em c ont es t adas dur ant e anos , f i c am
mui t o ent r anhadas . Voc ê dev e pr oc ur ar c ons c i ent ement e quai s quer ex pl i c aç ões
al t er nat i v as pl aus í v ei s . " Ser á que el e es t á numa das s uas habi t uai s f as es de
f os s a?"
" Ter á pas s ado par t e da noi t e ac or dado, pr epar ando a dec l ar aç ão de i mpos t o de

358

r enda?" " Se a c oi s a é c omi go mes mo, s er á por c aus a do meu r el at ór i o ou por


c aus a da gr av at a- bor bol et a ber r ant e que eu es t av a us ando?"
Uma v ez que v oc ê t enha i magi nado di v er s as al t er nat i v as , v ol t e ao
pr i mei r o
pas s o e es c ol ha uma pr ov a par a c ada uma.

I mpl i c aç ões :
E s e s ua ex pl i c aç ão s ombr i a es t i v er c er t a? Ser á que é o f i m do mundo?
Suponha que f oi s eu r el at ór i o que abor r ec eu s eu c hef e. I s s o quer er á
di z er
que el e v ai mandá- l o embor a? Af i nal de c ont as , é s eu pr i mei r o es c or r egão. Se
el e es t i v er c omeç ando a f or mar uma i mpr es s ão negat i v a da s ua c apac i dade, o que
é que v oc ê pode f az er par a r ev er t er a s i t uaç ão? Nov ament e, v ol t e ao pr i mei r o
pas s o: qual é a pr ov a que v oc ê t em de que el e o des pedi r i a mes mo admi t i ndo
que el e não t enha gos t ado do s eu r el at ór i o?
Só por que uma s i t uaç ão é des f av or áv el não quer di z er que el a s ej a
nec es s ar i ament e uma c at ás t r of e. Domi ne a i mpor t ant e habi l i dade de
des c at as t r of i z ar , ex ami nando as i mpl i c aç ões mai s r eal i s t as da s i t uaç ão.

Ut i l i dade:

Às v ez es , a ex at i dão da s ua ex pl i c aç ão não é o que r eal ment e i mpor t a. O que


c ont a é s aber s e pens ar s obr e o pr obl ema agor a adi ant ar á al guma c oi s a.
Se v oc ê f os s e um equi l i br i s t a, s er i a uma pés s i ma i déi a, enquant o
es t i v es s e
at r av es s ando o f i o de aç o l á em c i ma, pens ar no que poder i a ac ont ec er c as o
c aí s s e. Tal v ez s ej a mui t o út i l pens ar ni s s o nout r a oc as i ão, mas não quando
v oc ê pr ec i s a de t oda a s ua ener gi a par a ev i t ar uma queda.
Ser á que f i c ar r umi nando s obr e as pi or es i mpl i c aç ões do c enho f r anz i do
do s eu c hef e não s er v i r á apenas par a c ompl i c ar mai s as c oi s as ? Não c ont r i bui r á
par a pr ej udi c ar a i mpor t ant e apr es ent aç ão que v oc ê pr ogr amou par a es t a t ar de?
Se as s i m f or , v oc ê dev e af as t ar de t odas as manei r as s uas c r enç as negat i v as .
Há t r ês modal i dades c onf i áv ei s par a c ons egui r i s s o. Cada uma é
s i mpl i s t a,
por ém ef i c i ent e.

359

- Faç a al guma c oi s a que di s t r ai a s ua at enç ão, c omo es t i c ar e s ol t ar um


el ás t i c o c ont r a o pul s o, ou pas s ar água f r i a no r os t o di z endo a s i
mes mo: " Par e! "
- Mar que uma hor a es pec í f i c a par a anal i s ar os ac ont ec i ment os . Pode s er
uma mei a hor a hoj e à noi t e ou qual quer out r a hor a que s e enc ai x e no s eu
di a. Quando s e s ur pr eender r umi nando, di ga a s i mes mo: " Par e! Vou
pens ar ni s s o às s et e e mei a da noi t e. " O pr oc es s o angus t i ant e de f i c ar mos
r emoendo pens ament os que nos pr eoc upam t em um pr opós i t o: f az er
c om que não es queç amos ou negl i genc i emos al guma obr i gaç ão de que
Pági na 211
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
t enhamos que nos des i nc umbi r . Mas s e r es er v ar mos det er mi nada hor a
par a pens ar no as s unt o, el i mi namos a r az ão de nos pr eoc upar mos des de
j á, de modo que a ans i edade não mai s s e j us t i f i c a.
- Anot e os pens ament os ac abr unhant es no moment o em que el es
oc or r em. As s i m, v oc ê pode r et omá- l os não i ndef es o, mas s i m de modo
del i ber ado, na hor a que l he f or c onv eni ent e. Tal c omo a s egunda t éc ni c a
par a des v i ar s ua at enç ão, es t a t ambém el i mi na a pr ópr i a r az ão de s er da
ans i edade.
MUNI DO DESSAS QUATRO MANEI RAS DE CONTESTAR SUAS EXPLI CAÇÕES
pes s i mi s t as - pr ov as ? al t er nat i v as ? i mpl i c aç ões ? ut i l i dades ? - v oc ê pode
agor a adqui r i r al guma pr át i c a na ex t er i or i z aç ão de s uas c ont es t aç ões : bot ando
os s eus pens ament os par a f or a onde podem s er di s s ec ados . Ei s aqui uma
t éc ni c a que t em dado bons r es ul t ados em s emi nár i os s obr e ot i mi s mo: es c ol ha
um c ol ega de c onf i anç a par a pr at i c ar c om el e. Se não c ont ar c om nenhum
c ompanhei r o de t r abal ho adequado, pode r ec or r er a s eu es pos o ou a um
ami go pac i ent e. A t ar ef a del es é l anç ar c ont r a v oc ê o t i po de c r í t i c a pes s i mi s t a
que c os t uma f az er a s i mes mo. Repas s e s eu r egi s t r o ACCCE c om el es , par a que
pos s am v er que c r í t i c as v oc ê s e f az r ot i nei r ament e. Cumpr e a v oc ê s ent ar no
banc o dos r éus e r ef ut ar as c r í t i c as em v oz al t a, a f i m de des t r uí - l as . Us e
t odos os ar gument os de que s e l embr e. A s egui r , al guns ex empl os par a es t udar
ant es de c omeç ar .

Col ega de t r abal ho ( c r i t i c ando- o c omo v oc ê c os t uma f az er c ons i c go


mes mo) : A ger ent e não l he ol hou nos ol hos quando v oc ê f al ou c om el a.
El a dev e ac har que o que v oc ê t em a di z er não é i mpor t ant e.

360

Voc ê ( no banc o dos r éus ) : É v er dade que dur ant e a mai or par t e do
t empo em que eu es t av a f al ando mi nha ger ent e não ol hav a par a mi m.
Par ec i a não ouv i r c om mui t a at enç ão mi nhas i déi as [ pr ov a] .
I s s o, ent r et ant o, não quer di z er que mi nhas i déi as não s ej am
i mpor t ant es ou que el a pens e que el as não s ão i mpor t ant es [ i mpl i c aç ões ] .
Tal v ez el a t enha mui t a c oi s a na c abeç a no moment o [ al t er nat i v as ] .
Lembr o- me que no pas s ado el a ouv i u mui t as v ez es mi nhas i déi as e em mai s
de uma oc as i ão c hegou a pedi r mi nha opi ni ão [ pr ov a] .
Col ega de t r abal ho ( i nt er r ompendo) : Voc ê dev e s er mei o r et ar dado.
Voc ê ( c ont i nuando a c ont es t ar ) : Mes mo que el a não t enha gos t ado
das mi nhas i déi as , i s s o não s i gni f i c a que eu s ej a r et ar dado
[ i mpl i c aç ões ] . Tenho a c abeç a no l ugar e ger al ment e c ont r i buo c om opi ni ões
i nt el i gent es na mai or i a das c onv er s as de que t omo par t e [ pr ov a] .
Fut ur ament e, pr oc ur ar ei me c er t i f i c ar s e é o moment o c er t o de t r oc ar i déi as
c om el a ant es de c omeç ar a f al ar [ i mpl i c aç ões ] . Des s a f or ma, não
c omet er ei o engano de c onf undi r s ua di s t r aç ão c om f al t a de i nt er es s e pel as
mi nhas i déi as [ al t er nat i v as ] .

Col ega de magi s t ér i o ( f az endo as c r í t i c as que v oc ê habi t ual ment e s e


f az ) : Voc ê não es t á at i ngi ndo s eus al unos . El es pr ef er em f i c ar br i nc ando
a ouv i - l o.
Voc ê ( no banc o dos r éus ) : É v er dade que não c ons i go c hegar at é um
c er t o gr upo de meus al unos [ pr ov a] . Mas i s s o não s i gni f i c a que não s ej a
um bom pr of es s or [ i mpl i c aç ões ] . Cons i go i nt er es s ar a mai or i a de meus
al unos , e me or gul ho dos pl anos de aul a c r i at i v os que t enho el abor ado
[ pr ov a] . Ser i a ót i mo s e t odos os meus al unos s e i nt er es s as s em pel a
mat ér i a, mas i s s o não é r eal i s t a [ al t er nat i v a] . Cons t ant ement e, pr oc ur o at r ai r
a at enç ão dos al unos par a as aul as e es t i mul á- l os par a que par t i c i pem de
at i v i dades ex t r ac ur r i c ul ar es [ pr ov a] .
Col ega de magi s t ér i o ( apar t eando) : Voc ê não pode s er um pr of es s or
mui t o bom s e não é c apaz de pr ender a at enç ão del es por 50 mi nut os .
Voc ê ( c ont i nuando a c ont es t aç ão) : Pel o f at o de ai nda não t er s i do
bem- s uc edi do c om es s a pequena por c ent agem dos meus al unos não quer
di z er que não s ej a mui t o bem- s uc edi do c om a mai or i a dos j ov ens a quem
ens i no [ i mpl i c aç ões ] .

Pági na 212
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
361

Col ega de t r abal ho: Voc ê dei x ou que el a pi s as s e em v oc ê. Voc ê não


t em es pi nha dor s al , dev e s er mui t o c ov ar de.
Voc ê ( no banc o dos r éus ) : Di s c ut i r pr obl emas c om os s uper i or es é
di f í c i l par a a mai or i a das pes s oas [ al t er nat i v as ] . Cr ei o que não f ui t ão
pos i t i v o c om el a c omo s ou c om meus c ol egas , mas ex pus mi nhas
pr eoc upaç ões de uma manei r a c l ar a, não- emoc i onal [ pr ov a] . Ser c aut el os o
não f az de mi m um c ov ar de. El a é mi nha ger ent e e t em poder es s obr e
mi m [ al t er nat i v as ] . Foi uma s i t uaç ão del i c ada, e s e er r ei por ex c es s o de
c aut el a, pel o menos não a ameac ei ou of endi - o que t er i a f ec hado a
por t a ao di ál ogo [ i mpl i c aç ões ] . Des s a f or ma, ant es de c ont i nuar a
di s c us s ão c om el a, pos s o me ex er c i t ar di z endo o que quer o di z er de modo
af i r mat i v o mas não agr es s i v o [ ut i l i dade] .
Col ega de t r abal ho: O que mot i v ou a pes s oa par a quem v oc ê l i gou
t er des l i gado f oi a s ua ar gument aç ão, que es t á t oda er r ada.
Voc ê ( no banc o dos r éus ) : Pos s o não t er ar gument ado
br i l hant ement e, mas f i z uma boa apr es ent aç ão do pr odut o e f al ei c om c l ar ez a e
aut or i dade [ pr ov a] . A apr es ent aç ão que f i z f oi bas t ant e c ons i s t ent e c om
out r as que f i z hoj e, e es s a f oi a pr i mei r a v ez que des l i gar am o t el ef one na
mi nha c ar a em mai s de 20 c hamadas f r i as [ pr ov a] .
Não ac ho que mi nha apr es ent aç ão t enha t i do al guma c oi s a a v er c om
o f at o de el a t er des l i gado o t el ef one. El a t al v ez es t i v es s e no mei o de
al guma c oi s a i mpor t ant e, ou, quem s abe, por uma ques t ão de pr i nc í pi o não
at ende v endedor es pel o t el ef one [ al t er nat i v as ] . De qual quer manei r a, f oi
des agr adáv el que el a t i v es s e des l i gado o t el ef one da manei r a c omo f ez ,
mas não c hega a c ompr omet er mi nha c apac i dade [ i mpl i c aç ões ] .
Se v oc ê t em i déi as s obr e v endas pel o t el ef one, gos t ar i a de ouv i - l as
mai s t ar de, quando f i z er uma paus a nas mi nhas c hamadas [ ut i l i dade] .

Col ega de enf er magem: Por mai s que v oc ê f aç a, nunc a é bas t ant e. Os
pac i ent es ex i gem s empr e s ua at enç ão, e os médi c os não par am de c r i t i c á- l a.
Se v oc ê f os s e uma enf er mei r a mai s c ompet ent e t al v ez pudes s e c ont ent ar
os doent es e os médi c os .
Voc ê ( no banc o dos r éus ) É v er dade. Por mai s dur o que eu dê, s empr e
f i c a f al t ando al guma c oi s a a que não pude dar at enç ão [ pr ov a] . Faz

362

par t e do t r abal ho. Não s i gni f i c a que eu não s ej a uma boa enf er mei r a
[ i mpl i c aç ões ] .
Col ega de enf er magem ( i nt er r ompendo) : Tr at a- s e de um t r abal ho de
pr es s ão per manent e, e v oc ê s i mpl es ment e não t em ener gi a s uf i c i ent e
par a agüent á- l o.
Voc ê ( r es pondendo) : Não é uma at i t ude r eal i s t a j ul gar que t enho a
r es pons abi l i dade ou o poder par a f az er os doent es ou os médi c os f el i z es .
Pos s o mant er os doent es o mai s c onf or t áv ei s pos s í v el , e pos s o aj udar os
médi c os a dar c ont a da s ua c ar ga de t r abal ho, mas não s ou r es pons áv el
pel a f el i c i dade del es [ al t er nat i v as ] .
Sem dúv i da, t r at a- s e de um t r abal ho que nos s ubmet e a uma pr es s ão
per manent e e gos t ar i a de apr ender al gumas manei r as de c ont r ol ar
es s a pr es s ão. Vou v er s e ar r anj o um t empo par a c onv er s ar c om as enf er mei r as
mai s ex per i ent es s obr e c omo c ons eguem l i dar c om es s a pr es s ão
[ ut i l i dade] .

Agor a é s ua v ez . Res er v e 20 mi nut os e s ent e- s e no banc o dos r éus


enquanKt o o s eu ami go l he f az as c r í t i c as que v oc ê t em por hábi t o f az er a s i
mes mo.
Cont es t e- s e c om t odos os r ec ur s os de que puder l anç ar mão. As s i m que t i v er
s e c onv enc i do e ao s eu ami go de que t em uma s aí da pl aus í v el , pas s e par a a
c r í t i c a s egui nt e. Depoi s de 20 mi nut os , i nv er t a os papéi s .

Pági na 213
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Rec api t ul aç ão
ESTE CAPÍ TULO FOI CONCEBI DO PARA LHE PROPORCI ONAR DUAS TÉCNI CAS
bás i c as a s er em us adas no t r abal ho.
Pr i mei r o, v oc ê apr endeu a s i nt oni z ar s eu di ál ogo í nt i mo negat i v o
anot ando
as c r enç as que v oc ê t em quando a adv er s i dade s obr ev ém. Voc ê v i u que s empr e
que es s as c r enç as er am pes s i mi s t as , o des âni mo e a pas s i v i dade ger al ment e s e
s uc edi am. Quando v oc ê pôde mudar es s as ex pl i c aç ões aut omát i c as da
adv er s i dade, pôde t r ans f or mar os s ent i ment os c ons eqüent es em v i gor e ent us i as mo.
Par a c ons egui r i s s o, v oc ê pr at i c ou a c ont es t aç ão de s uas c r enç as
pes s i mi s t as .
Voc ê f ez i s s o pondo no papel s uas c ont es t aç ões quando el as oc or r i am no t r a-

363

bal ho e na i magi naç ão. Depoi s , v oc ê us ou a ex t er i or i z aç ão de v oz es par a adqui r i r


mai s pr át i c a.
I s s o é o c omeç o. Cabe a v oc ê dar o pr óx i mo pas s o. Agor a, t oda v ez que
enf r ent ar a adv er s i dade, ouç a c ui dados ament e a ex pl i c aç ão que t em par a el a.
Quando el a f or pes s i mi s t a, c ont es t e- a v i gor os ament e. Us e pr ov as , al t er nat i v as ,
i mpl i c aç ões e o c r i t ér i o de ut i l i dades c omo bal i z as quando s e aut oc ont es t ar . Se
nec es s ár i o, r ec or r a a ar t i f í c i os par a des v i ar s ua at enç ão. Faç a c om que i s s o s e
t or ne um nov o hábi t o par a s uper ar as ex pl i c aç ões pes s i mi s t as aut omát i c as que
v oc ê c os t umav a el abor ar o t empo t odo.

364

Capí t ul o 15

Ot i mi s mo Fl ex í v el

" Es per anç a" é a c oi s a c om penas . . .


Que s e ani nha na al ma. ..
E c ant a a mel odi a s em l et r a. . .
E nunc a pár a - nunc a. . .

Emi l y Di c k i ns on
No. 254 ( c . 1861)

OS TEMORES QUE ME PERSEGUEM ÀS QUATRO HORAS DA MADRUGADA


mudar am nos úl t i mos doi s mes es . Na v er dade, t oda a mi nha v i da mudou.
Tenho uma nov a f i l ha, Lar a Cat r i na Sel i gman. El a é uma bel ez a. Agor a,
enquant o bat o à máqui na, el a mama no pei t o da mãe, e a c ada mi nut o pár a,
ol ha penet r ant ement e par a mi m ( c om os ol hi nhos az ul - es c ur os engas t ados
nas pupi l as i nc r i v el ment e t i ngi das de um s uav e az ul - c el es t e) e abr e- s e num
s or r i s o. Sor r i r é s ua mai s r ec ent e f aç anha. Seus s or r i s os t omam c ont a de t odo
o s eu r os t o. Logo me v em à ment e a bal ei az i nha que v i no i nv er no pas s ado no
Hav aí , ao l ar go da c os t a de Bi g I s l and, t ão f el i z s oment e por es t ar v i v a,
s al t ando f or a d' água al egr ement e, enquant o s eus pai s , mai s c omedi dos , mont av am
guar da. O s or r i s o de Lar a é ar r ebat ador , e é par a mi m que el a s or r i às quat r o
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
hor as da madr ugada.
O que é que o f ut ur o l he r es er v a? O que ac ont ec er á c om t oda es s a
af i r maç ão?
Uma enor me ger aç ão nov a es t á nas c endo. The New Yor k Ti mes i nf or ma que as

365

mul her es c as adas amer i c anas , de r epent e, es t ão duas v ez es mai s pr opens as a


t er em f i l hos do que há 10 anos . Es s a nov a ger aç ão é nos s a af i r maç ão do f ut ur o.
Mas s er á uma ger aç ão c er c ada de per i go - al ém, nat ur al ment e, do per i go
at ômi c o, pol í t i c o e ambi ent al , do per i go es pi r i t ual e ps i c ol ógi c o.
O per i go, ent r et ant o, pode t er c ur a, e o ot i mi s mo apr endi do pode
t er um
papel nes s a c ur a.

A Depr es s ão Rev i s i t ada


COMO VI MOS NO CAPÍ TULO 4, A DEPRESSÃO ESTÁ EM ASCENSÃO DESDE
a Segunda Guer r a Mundi al . Os j ov ens de hoj e t êm 10 v ez es mai s
pr obabi l i dades de s of r er depr es s ão do que os av ós del es t i v er am na i dade del es ,
e a
depr es s ão ac us a í ndi c es par t i c ul ar ment e el ev ados ent r e as mul her es e os
moç os . Não há i ndí c i os de que a epi demi a de depr es s ão s e at enue, e meus
t emor es das quat r o da madr ugada me di z em que es s e é o v er dadei r o per i go
par a Lar a e s ua ger aç ão.
Par a ex pl i c ar por que a depr es s ão é t ão mai s c omum at ual ment e, e por que
a v i da moder na nos paí s es des env ol v i dos t or na s eus f i l hos t ão v ul ner áv ei s a
es s e mal i ns i di os o, quer o ex ami nar pr i mei r o out r as duas t endênc i as al ar mant es :
o c r es c i ment o do i ndi v í duo e o dec l í ni o da c ol et i v i dade.

O Cr es c i ment o do I ndi v í duo


A SOCI EDADE EM QUE VI VEMOS EXALTA O I NDI VÍ DUO. ELA ENCARA AS

al egr i as e os di s s abor es , os s uc es s os e os f r ac as s os do i ndi v í duo c om uma


s er i edade s em pr ec edent es . Nos s a ec onomi a f l or es c e ao s abor dos c apr i c hos do
i ndi v í duo. Nos s a s oc i edade c onc ede poder ao i ndi v í duo que el e nunc a
des f r ut ou ant es : a c apac i dade de modi f i c ar s eu pr ópr i o pens ament o. Poi s es t a é a
er a
do c ont r ol e pes s oal . O i ndi v í duo s e ex pandi u a t al pont o que o des ampar o
i ndi v i dual é al go que s e c ons i der a nec es s ár i o r emedi ar , em v ez de ac ei t ar mos a
s or t e que nos f oi r es er v ada na v i da.

366

Quando a l i nha de mont agem f oi c r i ada, no i ní c i o do s éc ul o, a pr i nc í pi o


não apr es ent ou pr obl emas de c ont r ol e pes s oal . Só podí amos c ompr ar gel adei r as
br anc as por que a l i nha de mont agem t or nav a mai s l uc r at i v o pi nt ar t odas as
gel adei r as da mes ma c or . Nos anos 1950, ent r et ant o, c om o adv ent o do
t r ans i s t or e do c omput ador r udi ment ar , pas s amos a t er o pr i v i l égi o da es c ol ha,
poi s s e t or nou i gual ment e l uc r at i v o i nc r us t ar pedr as pr ec i os as em c ada
c ent és i ma gel adei r a, c as o houv es s e mer c ado par a el a. As máqui nas i nt el i gent es
abr i r am um enor me mer c ado par a a pr oduç ão s ob medi da, um mer c ado que
c r es c eu c om a es c ol ha i ndi v i dual . Agor a, os bl ue j eans não s ão mai s t odos
az ui s ; s ão c onf ec c i onados em dúz i as de c or es e c ent enas de model os . Com as
per mut as das opç ões di s poní v ei s , v oc ê pode es c ol her ent r e mi l hões de model os
de nov os c ar r os . Há c ent enas de t i pos de as pi r i nas e de mar c as de c er v ej a.
Par a c r i ar um mer c ado c ons umi dor par a t udo i s s o, a publ i c i dade
i nc ent i v ou
um gr ande ent us i as mo pel o c ont r ol e pes s oal . O i ndi v í duo c om poder de
Pági na 215
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
dec i s ão, de es c ol ha, e hedoni s t i c ament e pr eoc upado, t or nou- s e um gr ande
negóc i o. Quando o i ndi v í duo di s põe de mui t o di nhei r o par a gas t ar , o
i ndi v i dual i s mo t or na- s e uma v i s ão do mundo poder os a e l uc r at i v a.
Dur ant e es s e mes mo per í odo, os Es t ados Uni dos t or nar am- s e um paí s
i mens ament e r i c o. Embor a al guns mi l hões t enham f i c ado à mar gem da
pr os per i dade, em médi a, os amer i c anos t êm mai s poder aqui s i t i v o do que
qual quer out r o pov o at r av és dos t empos . A r i quez a hoj e s i gni f i c a al go di f er ent e
do que s i gni f i c av a al guns s éc ul os at r ás . Vej a o ex empl o do pr í nc i pe medi ev al :
el e er a abas t ado, mas a mai or par t e do que pos s uí a er a i nal i enáv el . El e não
podi a v ender s uas t er r as e dec i di r c ompr ar c av al os , da mes ma f or ma que
não podi a v ender s eu t í t ul o. Sua f or t una, ao c ont r ár i o da nos s a, não podi a s er
t r aduz i da di r et ament e em t er mos de poder aqui s i t i v o. Nos s a r i quez a, em
c ont r apar t i da, es t á v i nc ul ada a uma es pant os a v ar i edade de es c ol has que nos
f or am aber t as pel o pr oc es s o que pr oduz i u a gel adei r a i nc r us t ada de pedr as
pr ec i os as . Temos mai s c omi da, mai s r oupas , mai s i ns t r uç ão, mai s c onc er t os e
l i v r os , mai s c onhec i ment o, e al guns c hegam a di z er mai s opç ões de amor , do
que qual quer out r o pov o j amai s t ev e.
J unt ament e c om es s a es c al ada de ex pec t at i v as mat er i ai s t ambém oc or r eu
uma es c al ada do que é c ons i der ado ac ei t áv el no t r abal ho e no amor . Nos s o
t r abal ho er a t i do c omo s at i s f at ór i o s e gar ant i a o pr es unt o de c as a. Hoj e não é
mai s as s i m. El e t ambém pr ec i s a t er um s ent i do. Dev e of er ec er opor t uni dades

367

par a v oc ê c r es c er . Dev e l he as s egur ar uma apos ent ador i a c onf or t áv el . Os c ol egas


de t r abal ho dev em t er af i ni dades c om v oc ê e os obj et i v os da c ompanhi a dev em
s er ec ol ogi c ament e s adi os .
O c as ament o hoj e em di a t ambém ex i ge mai s do que ant i gament e. Não é
mai s apenas uma ques t ão de c r i ar f i l hos . Nos s o par c ei r o dev e s er et er nament e
s ex y e magr o, bom de papo e bom de t êni s . Es s as ex pec t at i v as i nf l ac i onadas
t êm or i gem na ex pans ão da es c ol ha.
Quem es c ol he? O i ndi v í duo, O i ndi v í duo moder no não é o c amponês de
ant anho, c om um f ut ur o es t át i c o, s em per s pec t i v as . El e ( e agor a el a, dobr ando
ef et i v ament e o mer c ado) i nc or por a um el enc o f r enét i c o de opç ões , dec i s ões e
pr ef er ênc i as de c ompr a e v enda. E o r es ul t ado é um nov o t i po de i ndi v í duo, o
i ndi v í duo " max i mi z ado" .
O i ndi v i dual i s mo t em uma hi s t ór i a. De uma f or ma ou de out r a, el e s e
mani f es t a há mui t o t empo, s uas c ar ac t er í s t i c as v ar i ando c om o t empo e c om a
c ul t ur a. Da I dade Médi a ao f i m da Renas c enç a, o i ndi v i dual i s mo er a mí ni mo;
numa t el a de Gi ot t o, c om ex c eç ão de J es us , t odos s ão i guai s uns aos out r os .
No f i m da Renas c enç a, o i ndi v í duo s e ex pandi u, e em quadr os de Rembr andt
e de El Gr ec o os es pec t ador es não s ão mai s i dênt i c os , c omo s e f i z es s em par t e
de um c or o.
A ex pans ão do i ndi v í duo c ont i nuou em nos s os di as . Nos s a pr os per i dade e
nos s a t ec nol ogi a c ul mi nar am num i ndi v í duo que es c ol he, que s ent e pr az er
e dor , que i mpõe aç ão, que ot i mi z a e s at i s f az , e que t em at é at r i but os r ar os -
c omo es t i ma e ef i c i ênc i a, c onf i anç a e c ont r ol e. Eu c hamo es s e nov o i ndi v í duo,
c om uma pr eoc upaç ão abs or v ent e por s uas gr at i f i c aç ões e per das , de
i ndi v í duo max i mi z ado, par a di s t i ngui - l o do que el e s ubs t i t ui u, o i ndi v í duo
mi ni mi z ado, ou i anque, o i ndi v í duo c om o pens ament o de nos s os av ós . O
i ndi v í duo i anque, as s i m c omo o i ndi v í duo medi ev al , f az i a pouc o mai s do que
s e c ompor t ar ; es t av a c er t ament e menos pr eoc upado c om o que s ent i a. Sua
pr eoc upaç ão er a menos v ol t ada par a os s ent i ment os e mai s par a o dev er .
Par a mel hor ou par a pi or , s omos hoj e uma c ul t ur a de i ndi v í duos
max i mi z ados . Es c ol hemos l i v r ement e ent r e uma i nf i ni dade de pr odut os e s er v i ç os
ex c l us i v os e nos pr oj et amos al ém del es par a al c anç ar mos l i ber dades ai nda mai s
r equi nt adas . Com as l i ber dades , o pens ament o c ompl ex o t r az al guns per i gos .
O pr i nc i pal ent r e el es é a depr es s ão mac i ç a. Ac r edi t o que nos s a epi demi a
de
depr es s ão é um pr odut o do i ndi v í duo max i mi z ado.

368

Se t i v es s e ac ont ec i do i s ol adament e, ex al t ar o i ndi v í duo t al v ez t i v es s e


Pági na 216
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
t i do um ef ei t o pos i t i v o, l ev ando a uma f r ui ç ão mai s i nt ens a da v i da. Mas
não f oi as s i m que s uc edeu. O c r es c i ment o do i ndi v í duo em nos s os di as
c oi nc i di u c om a di mi nui ç ão do s ens o c omuni t ár i o e a per da de um
pr opós i t o mai s el ev ado. Es s es doi s f at or es j unt os demons t r ar am s er um s ol o
f ér t i l
par a a depr es s ão.

O Dec l í ni o da Col et i v i dade


A VI DA COMPROMETI DA TÃO- SOMENTE CONSI GO MESMO É UMA VI DA ESTÉRI L
Os s er es humanos r equer em um c ont ex t o de s i gni f i c ado e de es per anç a.
Tí nhamos um ampl o c ont ex t o, e quando f r ac as s áv amos , podí amos f az er uma
paus a e des c ans ar nes s e c enár i o - nos s o ambi ent e es pi r i t ual - e r eav i v ar a
noç ão de quem ér amos . Chamo o c enár i o mai s ampl o de c ol et i v i dade. El a
c ons i s t e de uma c r enç a na naç ão, em Deus , na f amí l i a de c ada um de nós ou
num pr opós i t o que t r ans c ende nos s as v i das .
No úl t i mo quar t o de s éc ul o v er i f i c ar am- s e ev ent os que enf r aquec er am de
t al f or ma nos s o c ompr omi s s o c om ent i dades mai or es a pont o de nos dei x ar em
quas e nus di ant e das amar gur as c omuns da v i da. Como f oi obs er v ado t ant as
v ez es , os as s as s i nat os , a Guer r a do Vi et nã e Wat er gat e j unt ar am- s e par a des t r ui r
par a mui t os a i déi a de que a nos s a naç ão er a um mei o pel o qual podí amos
r eal i z ar obj et i v os mai s el ev ados . Aquel es de v oc ês que c r es c er am no i ní c i o dos
anos 1960 pr ov av el ment e t i v er am a s ens aç ão que eu t i v e em 22 de nov embr o
de 1963, ao v er nos s a i magem do f ut ur o s er apagada. Per demos a es per anç a de
que nos s a c ul t ur a pos s a c ur ar os mal es humanos . Tal v ez s ej a um l ugar - c omum,
mas não dei x a de s er bem obs er v ado que mui t os da mi nha ger aç ão, por medo
ou des es per o, t r oc ar am s eu c ompr omi s s o c om c ar r ei r as no s er v i ç o públ i c o por
c ar r ei r as nas quai s pudes s em s er pel o menos f el i z es .
A mudanç a do bem públ i c o par a os bens pr i v ados f oi r ef or ç ada pel os
as s as s i nat os de Mar t i n Lut her Ki ng, J r . , Mal c ol m X e Rober t Kennedy . A
Guer r a do Vi et nã ens i nou aos um pouc o mai s j ov ens a mes ma l i ç ão. A f ut i l i dade
e a c r uel dade de uma déc ada de guer r a c or r oer am o c ompr omi s s o da j uv ent ude
c om o pat r i ot i s mo e c om a Amér i c a. E par a aquel es que per der am a l i ç ão do
Vi et nã, f oi di f í c i l i gnor ar Wat er gat e.

369

Por c ons egui nt e, o c ompr omi s s o par a c om a naç ão per deu s ua c apac i dade
de nos dar es per anç a. Es s a c or r os ão do c ompr omi s s o, por s ua v ez , f ez c om que
as pes s oas pr oc ur as s em s at i s f aç ão dent r o de s i mes mas , s e c onc ent r as s em em
s uas pr ópr i as v i das . Enquant o ac ont ec i ment os pol í t i c os anul av am o v el ho
c onc ei t o de naç ão, t endênc i as s oc i ai s anul av am as i déi as de Deus e de f amí l i a,
c omo obs er v ar am os s oc i ól ogos . A r el i gi ão ou a f amí l i a poder i am t er r es t i t uí do
à naç ão s eu papel de f ont e s upr i dor a de es per anç a e de i deal , i mpedi ndo- nos
de nos v ol t ar mos par a dent r o. Mas , por uma c oi nc i dênc i a i nf el i z , a c or r os ão da
c r enç a na naç ão oc or r eu s i mul t aneament e c om uma queda dos v al or es da f amí l i a
e um dec l í ni o da f é em Deus .
Uma t ax a de di v ór c i o el ev ada, aument o da mobi l i dade e 20 anos de
bai x os í ndi c es de nat al i dade f or am os r es pons áv ei s pel a er os ão da f amí l i a.
Dev i do aos f r eqüent es di v ór c i os , a f amí l i a dei x ou de s er a i ns t i t ui ç ão
dur adour a que f oi um di a, um s ant uár i o i nal t er áv el a que podí amos s empr e
r ec or r er quando pr ec i s áv amos de bál s amo par a nos s as f er i das . A mobi l i dade
f ác i l - a c apac i dade de c obr i r de um moment o par a out r o gr andes di s t ânc i as
- c ont r i bui par a abal ar a c oes ão da f amí l i a. Fi nal ment e, não t er mui t os
f i l hos ou apenas um - c omo é o c as o de mui t as f amí l i as amer i c anas - i s ol a
uma pes s oa. A at enç ão ex t r a que dec or r e quando os pai s s e v ol t am par a um
ou doi s f i l hos s oment e, embor a gr at i f i c ant e par a as c r i anç as a c ur t o pr az o
( na v er dade, aument a o s eu QI de mei o pont o) , a l ongo pr az o dá- l hes a
i l us ão de que s uas al egr i as e s eus des enganos s ão mai s i mpor t ant es do que
r eal ment e s ão.
J unt e, por t ant o, a des c r enç a de que o s eu r el ac i onament o c om Deus c ont a,
o enf r aquec i ment o da s ua c r enç a no poder benev ol ent e do s eu paí s e a di s s ol uç ão
da f amí l i a. Par a onde podemos nos v ol t ar em bus c a de i dent i dade, de obj et i v o
Pági na 217
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
e de es per anç a? Quando pr ec i s amos de f er r ament as es pi r i t uai s , ol hamos em
v ol t a e v emos que t odos os s of ás c onf or t áv ei s de c our o e as pol t r onas es t of adas
f or am r emov i dos e o que r es t ou par a nos s ent ar mos é uma pequena, f r ági l ,
c adei r a de ar mar : o i ndi v i duo. E o i ndi v í duo max i mi z ado, des pr ov i do da
pr ot eç ão de qual quer c ompr omi s s o c om as c oi s as mai s i mpor t ant es da v i da, é um
es t ági o par a a depr es s ão.
I s ol adament e, t ant o um c r es c ent e i ndi v i dual i s mo quant o um dec l í ni o do
c ol et i v i s mo pode aument ar a v ul ner abi l i dade à depr es s ão. Na mi nha opi ni ão,
o f at o de os doi s t er em c oi nc i di do na r ec ent e hi s t ór i a dos Es t ados Uni dos
é a

370

r az ão de t er mos agor a uma epi demi a de depr es s ão. O mec ani s mo at r av és do


qual el a oper a é o des ampar o apr endi do.
Nos Capí t ul os 4 e 5, v i mos que ao enf r ent ar em r ev es es que não podem
c ont r ol ar , os i ndi v í duos t or nam- s e des ampar ados . E c omo es t e l i v r o
demons t r ou, o des ampar o t or na- s e i r r emedi áv el e s e t r ans f or ma em depr es s ão
gr av e quando uma pes s oa ex pl i c a s eus f r ac as s os c om mot i v os per manent es ,
abr angent es e pes s oai s .
A v i da é i nev i t av el ment e c hei a de f r ac as s os pes s oai s . Rar ament e
c ons egui mos t udo aqui l o a que as pi r amos . Fr us t r aç ão, der r ot a e r ej ei ç ão s ão
ex per i ênc i as di ár i as . Numa c ul t ur a i ndi v i dual i s t a c omo a nos s a, que dá pouc a
i mpor t ânc i a ao que quer que s ej a al ém do i ndi v í duo, uma pes s oa enc ont r a
pouc o apoi o da s oc i edade quando oc or r e uma per da pes s oal . Soc i edades mai s
" pr i mi t i v as " f az em t udo ao s eu al c anc e par a es t i mul ar o i ndi v í duo quando
ac ont ec e uma per da, a i mpedi r des s a f or ma que o des ampar o s e t or ne
i r r emedi áv el . O ant r opól ogo e ps i c ól ogo Buc k Sc hi ef f el i n t ent ou, s em s uc es s o,
des c obr i r um equi v al ent e da depr es s ão ent r e os i ndí genas k ahi l i , da Nov a Gui né,
que ai nda v i v em na I dade da Pedr a. Quando o por c o de um k al ul i f oge e el e
demons t r a abat i ment o c om a per da, a t r i bo l he dá out r o por c o. A per da é
c ompens ada pel o gr upo, e o des ampar o não s e t or na i r r ev er s í v el , a per da não
as s ume pr opor ç ões de des es per o.
Mas nos s a epi demi a de depr es s ão não dec or r e mer ament e da f al t a de apoi o
da s oc i edade. De mui t as f or mas , o i ndi v i dual i s mo ex t r emo t ende a max i mi z ar
o es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a, l ev ando as pes s oas a ex pl i c ar f al has c omuns
c om mot i v os per manent es , abr angent es e pes s oai s . O c r es c i ment o do
i ndi v i dual i s mo, por ex empl o, s i gni f i c a que pr ov av el ment e s ou c ul pado pel a
f al ha - por que não ex i s t e mai s ni nguém al ém de mi m. O dec l í ni o do
c ol et i v i s mo s i gni f i c a que a f al ha é per manent e e abr angent e. Na medi da em
que i ns t i t ui ç ões benev ol ent es mai or es ( Deus , naç ão, f amí l i a) não c ont am mai s ,
os f r ac as s os pes s oai s par ec em c at as t r óf i c os . Uma v ez que, numa s oc i edade
i ndi v i dual i s t a, o t empo par ec e ac abar c om nos s a pr ópr i a mor t e, o f r ac as s o
i ndi v i dual par ec e per manent e. Não há c ons ol o par a o f r ac as s o pes s oal . El e
c ont ami na t oda a nos s a v i da. Na medi da em que i ns t i t ui ç ões mai or es ex i gem
c r enç a, qual quer i ns uc es s o pes s oal par ec e menos et er no e menos
abr angent ement e per ni c i os o.

371

Mudando a Rel aç ão
PORTANTO, ESTE É O MEU DI AGNÓSTI CO: A EPI DEMI A DA DEPRESSÃO DERI VA
do aument o s i gni f i c at i v o do i ndi v i dual i s mo e do dec l í ni o do c ompr omi s s o
c om o bem c omum. I s s o s i gni f i c a que há duas s aí das : pr i mei r a, mudar a
r el aç ão ent r e o i ndi v i dual i s mo e o c ol et i v i s mo; s egunda, ex pl or ar a f or ç a do
i ndi v í duo max i mi z ado.

Os Li mi t es do I ndi v i dual i s mo
O I NDI VI DUO MAXI MI ZADO E SUAS ARMADI LHAS NOS DI ZEM ALGUMA COI SA
s obr e o f ut ur o a l ongo pr az o do i ndi v i dual i s mo? Ac r edi t o que o i ndi v i dual i s mo
Pági na 218
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
des enf r eado t em c ons eqüênc i as t ão negat i v as que, ao nos des t r ui r , el e t ambém
é c apaz de s e aut odes t r ui r .
Uma c oi s a é c er t a: uma s oc i edade que ex al t a o i ndi v í duo c omo a nos s a
f az ,
s er á mi nada pel a depr es s ão. E à medi da que s e t or nar ev i dent e que o
i ndi v i dual i s mo aument a 10 v ez es a depr es s ão, o i ndi v i dual i s mo dei x ar á de s er
um c r edo t ão at r aent e.
Um s egundo e t al v ez mai s i mpor t ant e f at or é a f al t a de s ent i do. Não
s er ei t ol o a pont o de t ent ar def i ni r s ent i do par a v oc ê, mas uma c ondi ç ão
par a que haj a s ent i do é a c onot aç ão c om al guma c oi s a mai or do que a
gent e. Quant o mai or a ent i dade a que v oc ê s e l i gar , mai or a s i gni f i c aç ão
que us uf r ui r á. Na medi da em que é di f í c i l at ual ment e par a os j ov ens l ev ar
a s ér i o s eu r el ac i onament o c om Deus , c umpr i r s eus dev er es c om o paí s ou
f az er par t e de uma gr ande e s ól i da f amí l i a, s er á mui t o di f í c i l enc ont r ar um
s ent i do na v i da.
O i ndi v i dual , em out r as pal av r as , é um l ugar pouc o adequado par a o
s ent i do.
Se um i ndi v i dual i s mo s em c ompr omi s s o c om o c ol et i v i s mo pr oduz i r
depr es s ão e f al t a de s ent i do em es c al a mac i ç a, ent ão al guma c oi s a t er á que
c eder .
O quê? Uma hi pót es e é que o i ndi v i dual i s mo ex ager ado des apar ec er á
gr adual ment e, que o i ndi v í duo max i mi z ado r ev er t er á ao i ndi v í duo i anque. Out r a
hi pót es e as s us t ador a é que, a f i m de es v az i ar a depr es s ão e al c anç ar
s i gni f i c aç ão,

372

abr i r emos mão pr ec i pi t adament e das l i ber dades r ec ém- c onqui s t adas que o
i ndi v i dual i s mo pr opor c i ona des i s t i ndo do c ont r ol e pes s oal e da pr eoc upaç ão
c om o i ndi v í duo. O s éc ul o XX es t á r epl et o de ex empl os des as t r os os de s oc i edades
que f i z er am ex at ament e i s s o par a s anar s eus mal es . O at ual ans ei o pel a r el i gi ão
f undament al i s t a at r av és do mundo par ec e s er r es pos t a.

As For ç as do I ndi v í duo Max i mi z ado

HÁ OUTRAS DUAS POSSI BI LI DADES, AMBAS MAI S ESPERANÇOSAS. AMBAS


ex pl or am as f or ç as do i ndi v í duo max i mi z ado. A pr i mei r a muda a r el aç ão ent r e
o i ndi v i dual e o c ol et i v o, ex pandi ndo s eu c ompr omi s s o c om o c ol et i v o. A
s egunda l anç a mão do ot i mi s mo apr endi do.

A Cami nhada Ét i c a

EMBORA SUAS DEFESAS FOSSEM DESCONHECI DAS E PERMANECESSEM

i nt oc adas at é bem pouc o t empo, o i ndi v í duo max i mi z ado não é i ndef es o: el e
s e aut o- aper f ei ç oa. Tal v ez , at r av és do pr ópr i o pr oc es s o de aper f ei ç oament o,
el e c hegue a per c eber que s ua pr eoc upaç ão des or denada c ons i go mes mo,
embor a gr at i f i c ant e a c ur t o pr az o, é pr ej udi c i al ao s eu bem- es t ar a l ongo pr az o.
Ent r e as es c ol has que o i ndi v í duo max i mi z ado pos s a f az er há uma que é
par adox al . Egoi s t i c ament e, c omo t éc ni c a de aut o- aper f ei ç oament o, el e pode
r es ol v er di mi nui r s ua pr ópr i a i mpor t ânc i a, s abendo que a depr es s ão e a f al t a
de s ent i do s eguem- s e à aut opr eoc upaç ão. Tal v ez pudés s emos c ons er v ar nos s a
c r enç a na i mpor t ânc i a do i ndi v í duo, di mi nui ndo por ém nos s a pr eoc upaç ão
c om nos s o pr ópr i o c onf or t o e des c onf or t o. I s s o abr i r i a es paç o par a uma
v i nc ul aç ão c om c oi s as mai s gr andi os as .
Mes mo que quei r amos , um c ompr omi s s o c om o c ol et i v o não v ai s ur gi r da
noi t e par a o di a numa c ul t ur a t ão i ndi v i dual i s t a quant o a nos s a. Ai nda ex i s t e
mui t o i ndi v i dual i s mo. É nec es s ár i o adot ar uma nov a t át i c a.
Cons i der e a c ami nhada. Mui t os de nós pas s amos a pr at i c á- l a. Andamos
pel os c al ç adões c om qual quer t empo, e ac or damos de madr ugada par a f az ê- l o.

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Pági na 219
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

A at i v i dade em s i pr opor c i ona à mai or i a pouc o ou nenhum pr az er . Às v ez es ,


c hega a s er abor r ec i da e não r ar o penos a. Faz emos o s ac r i f í c i o por que el e apel a
ao nos s o per manent e aut o- i nt er es s e. Ac r edi t amos que, a l ongo pr az o, nos
s ent i r emos mel hor , v i v er emos mai s , des f r ut ar emos de mel hor s aúde e s er emos
mai s at r aent es s e nos i mpus er mos es s a f l agel aç ão di ár i a. Um pouc o de aut onegaç ão
di ár i a é s ubs t i t uI da por uma per manent e aut ov al or i z aç ão. A par t i r do moment o
em que nos c onv enc emos que a f al t a de ex er c í c i o pode c us t ar c ar o à nos s a s aúde
e ao nos s o bem- es t ar , a al t er nat i v a de pr at i c ar a c ami nhada t or nou- s e at r aent e.
O i ndi v i dual i s mo e o egoí s mo apr es ent am uma s i t uaç ão t ot al ment e
par al el a. A depr es s ão, ar gument ei , dec or r e em par t e de um c ompr omi s s o
ex ager ado c om o i ndi v i dual e uma f al t a de c ompr omi s s o c om o bem c omum.
Es s e es t ado de c oi s as é per i gos o par a nos s a s aúde e nos s o bem- es t ar da mes ma
f or ma que a aus ênc i a de ex er c í c i o e c er t os c ol es t er ói s . A c ons eqüênc i a da
ex c es s i v a pr eoc upaç ão c om nos s os s uc es s os e f r ac as s os e a f al t a de um
c ompr omi s s o s ér i o c om o c ol et i v o é o aument o da depr es s ão, s aúde pr ec ár i a e
v i das s em s i gni f i c ado.
Como podemos - em nos s o pr ópr i o i nt er es s e - at enuar nos s o
i nv es t i ment o em nós mes mos e f or t al ec er nos s o i nv es t i ment o no c ol et i v o? A
r es pos t a
t al v ez s ej a a " c ami nhada ét i c a" .
O s ac r i f í c i o que i mpl i c a dar aos out r os e dedi c ar t empo, di nhei r o e
es f or ç o
pr omov endo o bem c omum não oc or r e c om nat ur al i dade à at ual ger aç ão. A
pr eoc upaç ão c om o númer o 1 é o que par ec e ac ont ec er c om nat ur al i dade nos
di as de hoj e. Uma ger aç ão at r ás , o des c ans o e a f es t a é que oc or r i am
nat ur al ment e - o domi ngo i deal ; por ém nos c onv enc emos de que é mel hor
abr i r mão des s es pr az er es e agor a pas s amos os domi ngos f az endo ex at ament e o
c ont r ár i o: ex er c i t ando- nos e f az endo r egi me. Gr andes mudanç as , por t ant o,
s ão pel o menos pos s í v ei s .
Como podemos quebr ar os hábi t os ar r ai gados de egoí s mo que ex i s t em em
nós e em nos s os f i l hos ? O ex er c í c i o - não f í s i c o, mas mor al - t al v ez s ej a a
t át i c a ant i depr es s i v a de que nec es s i t amos .
Pens e em adot ar uma das s egui nt es pr át i c as :
- Res er v e 5% da s ua r enda t r i but áv el do ano pas s ado par a donat i v os , não
par a i ns t i t ui ç ões de c ar i dade c omo a Uni t ed Way , que f az em o t r abal ho par a
v oc ê; v oc ê mes mo t em que dar o di nhei r o, pes s oal ment e. Pr ec i s a f az er

374

s aber aos pos s í v ei s c ont empl ados ent r e as obr as de benemer ênc i a em que
es t i v er i nt er es s ado que es t á di s pos t o a doar 3 mi l dól ar es ( ou o que f or ) ,
es pec i f i c ando os obj et i v os ger ai s . Ter á que ent r ev i s t ar benef i c i ár i os em
pot enc i al e dec i di r quem s er á f av or ec i do. Voc ê doar á o di nhei r o e
ac ompanhar á s ua apl i c aç ão par a uma c onc l us ão bem- s uc edi da.
- Abr a mão de al guma at i v i dade que des env ol v e r egul ar ment e par a s eu
pr ópr i o pr az er - c omer f or a uma v ez por s emana, as s i s t i r a um f i l me
al ugado na t er ç a- f ei r a à noi t e, c aç ar nos f i ns de s emana do out ono,
ent r et er - s e c om v i t l eo games quando c hega em c as a do t r abal ho, c ompr ar
s apat os nov os . Dedi que es s e t empo ( equi v al ent e a uma noi t e por s emana)
a uma at i v i dade v ol t ada par a o bem- es t ar dos out r os ou da c omuni dade:
c ol abor e na di s t r i bui ç ão de uma s opa par a os pobr es ou numa
c ampanha par a el eger um c ons el ho es c ol ar , v i s i t e por t ador es da Ai ds ,
aj ude a c ons er v ar um par que públ i c o, angar i e f undos par a a uni v er s i dade
onde es t udou. Ut i l i z e o di nhei r o que v oc ê ec onomi z ou pr i v ando- s e
de uns t ant os pr az er es par a f oment ar es s a c aus a.
- Quando um des abr i gado l he pedi r di nhei r o, c onv er s e c om el e. Pr oc ur e
s e c er t i f i c ar de que el e us ar á o di nhei r o par a f i ns c ons t r ut i v os . Se não
t i v er dúv i da, dê nunc a menos de c i nc o dól ar es . Fr eqüent e l ugar es onde
enc ont r ar á mendi gos , f al e c om os des abr i gados e dê di nhei r o aos
r eal ment e nec es s i t ados . Pas s e t r ês hor as por s emana f az endo i s s o.
- Quando l er not í c i as s obr e at os par t i c ul ar ment e her ói c os ou des pr ez í v ei s ,
es c r ev a c ar t as : c ar t as de apl aus o par a pes s oas que pos s am t i r ar par t i do do
s eu apoi o e c ar t as de r epúdi o par a pes s oas e or gani z aç ões que mer eç am
Pági na 220
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
s ua ex ec r aç ão. Compl ement e c om c ar t as di r i gi das a pol í t i c os e
per s onal i dades que pos s am agi r di r et ament e. Res er v e t r ês hor as por s emana a
es s a t ar ef a. Aj a c om c al ma. Redi j a as c ar t as c om o mes mo c ui dado que
di s pens ar i a a um r el at ór i o dec i s i v o par a s ua empr es a.
- Ens i ne s eus f i l hos a s e des pr ender em das c oi s as mat er i ai s . Faç a c om que
el es ponham de l ado um quar t o de s uas mes adas par a donat i v os . El as
dev em des c obr i r uma pes s oa nec es s i t ada ou um pr oj et o par a dar em o
di nhei r o pes s oal ment e.
Não é nec es s ár i o f az er i s s o c om um es pí r i t o de r enúnc i a. É per f ei t ament e
r az oáv el que o f aç a por que é bom par a v oc ê, i ndependent ement e do s eu ef ei t o
s obr e o bem c omum.

375

Pode s er c ont r a- ar gument ado que es s e c ont at o di r et o c om os


des f av or ec i dos
da s or t e pos s a s er depr es s i v o, e, s e é da depr es s ão que s e pr et ende f ugi r ,
t al v ez
s ej a mel hor pr oc ur ar o c onv í v i o c om os r i c os e os bel os em Ac apul c o, em
v ez de quebr ar l anç as par a c ons egui r um t et o par a um des abr i gado. Pode- s e
admi t i r que v i s i t ar doent es t er mi nai s c om Ai ds uma v ez por s emana é uma
r ec ei t a i nf al í v el par a uma depr es s ão s emanal . E não há c omo negar que par a
al gumas pes s oas i s s o s er i a i nev i t áv el . Mas eu di r i a que a ex pos i ç ão ao
s of r i ment o
humano, embor a t r i s t e, não é " depr es s i v a" , no s ent i do em que us amos o t er mo
nes t e l i v r o. O que é v er dadei r ament e depr i ment e é nos i magi nar mos enr edados
num mundo habi t ado por mons t r os - as f i gur as gr ot es c as dos mi s er áv ei s , as
v í t i mas mac i l ent as da Ai ds , e as s i m por di ant e. Ent r et ant o, v ol unt ár i os
ex per i ent es r ev el am que a mai or s ur pr es a par a el es t em s i do a s ens aç ão de
" pr az er " que o s eu t r abal ho l hes pr opor c i ona. Des c obr em, at r av és do c ont at o,
que os pobr es e os enf er mos não s ão mons t r os mas s i m s er es mui t o humanos ;
que o her oí s mo modes t o ent r e os des er dados da v i da é a r egr a e não a ex c eç ão;
que, embor a o que l hes é dado v er c omo v ol unt ár i os os ent r i s t eç a, não s e
s ent em depr i mi dos ; e que quas e s empr e f i c am pr of undament e c omov i dos . É
r ec onf or t ant e v er em pr i mei r a mão que ent r e os t eor i c ament e des ampar ados
ex i s t e não r ar o um i nc r í v el ní v el de domí ni o, es pi r i t ual e ps i c ol ógi c o.
Se v oc ê s e engaj ar numa at i v i dade a s er v i ç o da c ol et i v i dade por al gum
t empo, el a adqui r i r á um s ent i do par a v oc ê. Voc ê poder á c ons t at ar que f i c a
depr i mi do c om menos f ac i l i dade, que adoec e menos f r eqüent ement e e que
s e s ent e mel hor agi ndo em pr ol do bem c omum do que f r ui ndo c er t os
pr az er es i ndi v i duai s . E o que é mai s i mpor t ant e, o v az i o que v oc ê s ent e, a
f al t a de s ent i do que o i ndi v i dual i s mo des medi do al i ment a, c omeç ar á a s er
pr eenc hi do.
Nes t a er a de es c ol ha, es s a es c ol ha é c er t ament e s ua.

Ot i mi s mo Apr endi do
A SEGUNDA MANEI RA DE EXPLORAR AS FORÇAS DO I NDI VÍ DUO MAXI MI ZADO
t em s i do o as s unt o des t e l i v r o. Vi mos ao l ongo de s ua l ei t ur a c omo a
depr es s ão dec or r e de uma manei r a pes s i mi s t a de pens ar s obr e o f r ac as s o e a
per da.
Apr ender a pens ar de modo mai s ot i mi s t a quando f al hamos nos c onf er e uma

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habi l i dade per manent e par a af as t ar a depr es s ão. Também pode nos aj udar a
r eal i z ar mai s e t er mel hor s aúde.
Ent r et ant o, s us t ent ar que podemos apr ender o ot i mi s mo não t er i a mui t o
s ent i do f ac e ao c r es c i ment o do i ndi v i duo max i mi z ado. Uma s oc i edade que
v i a a depr es s ão c omo uma dec or r ênc i a de maus genes ou de má bi ol ogi a não
t er i a mai or empenho em modi f i c ar o que pens amos quando f al hamos . Uma
Pági na 221
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
s oc i edade que v ê o i ndi v í duo c omo uma ent i dade mí ni ma não s e i nt er es s ar i a
mui t o por ps i c ol ogi a, em pr i mei r o l ugar . Mas quando uma s oc i edade ex al t a o
i ndi v í duo, c omo ac ont ec e c om a nos s a, os pens ament os do i ndi v i duo e s uas
c ons eqüênc i as t or nam- s e obj et o de es t udos c i ent í f i c os c ui dados os , e de t er api a
e aut o- aper f ei ç oament o. Es s e i ndi v í duo aper f ei ç oado não é uma qui mer a.
Como v i mos , s eu pr ópr i o ní v el de ot i mi s mo pode modi f i c ar pr of undament e
o que l he ac ont ec er á, e o s eu ot i mi s mo, por s ua v ez , pode s er modi f i c ado.
A ger aç ão de mi nha f i l ha Lat a, s e a s or t e aj udar , poder á c ons i der ar a
depr es s ão c omo uma dec or r ênc i a da manei r a c omo pens amos e, mai s
i mpor t ant e ai nda, poder á c ons i der ar a manei r a c omo pens amos modi f i c áv el . Um
dos gr andes es t ei os do i ndi v í duo max i mi z ado é que el e ac r edi t a que o i ndi v í duo
s ej a c apaz de mudar a manei r a c omo pens a. E es s a c r enç a per mi t e que a
mudanç a oc or r a.
Não ac r edi t o que o ot i mi s mo apr endi do i s ol adament e es t anc ar á a onda de
depr es s ão em t er mos abr angent es de uma s oc i edade. O ot i mi s mo é apenas um
adj unt o út i l da s abedor i a. Por s i s ó, el e não pode dar s ent i do às c oi s as . O
ot i mi s mo é um i ns t r ument o par a aj udar o i ndi v í duo a at i ngi r as met as que s e
pr opôs . É na es c ol ha das met as que o s ent i do - ou o v az i o - r es i de. Quando
o ot i mi s mo apr endi do f or ac opl ado c om um c ompr omi s s o r enov ado em r el aç ão
à c ol et i v i dade, nos s a epi demi a de depr es s ão e de f al t a de s ent i do poder á
t er mi nar .

Ot i mi s mo Fl ex í v el

NÃO PODE HAVER DÚVI DA QUANTO A I SSO: O OTI MI SMO É BOM PARA NÓS.
Também é mai s di v er t i do: o que s e pas s a em nos s a c abeç a a c ada mi nut o é
mai s agr adáv el . Mas o ot i mi s mo em s i não pode r emedi ar a depr es s ão, o
f r ac as s o e a s aúde pr ec ár i a que c ons t i t uí r am o t ópi c o des t e l i v r o, O ot i mi s mo
não

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é uma panac éi a. Como v i mos nes t as pági nas e c apí t ul os ant er i or es , el e t em


s eus l i mi t es . Por ex empl o, pode f unc i onar mel hor em al gumas c ul t ur as do que
em out r as . Por out r o l ado, pode nos i mpedi r , às v ez es , de v er a r eal i dade c om
a dev i da c l ar ez a. Fi nal ment e, pode aj udar al gumas pes s oas a s e ex i mi r em da
r es pons abi l i dade por s uas f al t as . Mas es s es l i mi t es não pas s am de l i mi t es . El es
não anul am os benef í c i os do ot i mi s mo; ao c ont r ár i o, el es o c ol oc am na
per s pec t i v a c or r et a.
No Capí t ul o 1, f al amos de duas manei r as de enc ar ar o mundo: a ot i mi s t a
e a pes s i mi s t a. At é agor a, s e v oc ê er a pes s i mi s t a, não t ev e out r a c hanc e a não
s er c onv i v er c om o pes s i mi s mo. Voc ê dev e t er t i do depr es s ões f r eqüent es . O
s eu t r abal ho e a s ua s aúde dev em t er s e r es s ent i do. O t empo dev i a es t ar s empr e
nubl ado na s ua al ma. Em t r oc a, v oc ê dev e t er adqui r i do um s ent i do mai s
agudo da r eal i dade e um s ent i do mai s f or t e de r es pons abi l i dade.
Voc ê agor a t em uma es c ol ha. Se apr ender ot i mi s mo, v oc ê pode r es ol v er
us ar s uas t éc ni c as s empr e que pr ec i s ar del as - s em s e es c r av i z ar a el as .
Por ex empl o, di gamos que v oc ê apr endeu bem as t éc ni c as . Quando
enf r ent ar r ev es es e c ont r ar i edades , agor a pode r eduz i r a depr es s ão c ont es t ando
os pens ament os c at as t r óf i c os que c os t umav am at or ment á- l o. Sur ge um nov o
r ev és . Sua f i l ha, c hamemo- l a de May , es t á no j ar di m- de- i nf ânc i a. May é a
mai s j ov em e menor al una da c l as s e. El a c or r e o r i s c o de s er mai s i mat ur a do
que s uas c ol egas ano após ano. Sua pr of es s or a quer que el a r epi t a o ano. E v oc ê
agor a es t á pr eoc upada c om es s a pos s i bi l i dade. Repet i r um ano é s empr e uma
per s pec t i v a depr i ment e.
Cas o quei r a, v oc ê pode i nv oc ar uma s ér i e de ar gument os que a l ev ar ão a
c onc l ui r que el a dev e pas s ar par a o pr i mei r o ano. El a t em um QI mui t o el ev ado,
s eu t al ent o mus i c al es t á mui t o ac i ma do ní v el do j ar di m- de- i nf ânc i a e el a é
mui t o boni t i nha. Mas v oc ê pode pr ef er i r c ont es t ar t udo i s s o. Voc ê poder á
di z er que es s e é um dos moment os em que é pr ec i s o v er as c oi s as c om uma
c l ar ez a i mpi edos a, e não uma oc as i ão par a af as t ar s ua pr ópr i a depr es s ão. O
f ut ur o de s ua f i l ha es t á em j ogo. O ônus de es t ar er r ado, no c as o, s obr epuj a a
i mpor t ânc i a de c ombat er s eu pr ópr i o abat i ment o. É a hor a de f az er um bal anç o.
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Voc ê pode dec i di r não c ont es t ar s eus pens ament os pes s i mi s t as .
O que v oc ê t em agor a mai s l i ber dade - uma es c ol ha adi c i onal . Voc ê
pode us ar o ot i mi s mo quando j ul gar que menos depr es s ão, ou mai s r eal i z aç ão,
ou mel hor s aúde é a ques t ão. Mas v oc ê pode pr ef er i r não us á- l o quando j ul gar

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que uma v i s ão c l ar a é i ndi s pens áv el . O ot i mi s mo apr endi do não c or r ói s eu


s ens o dos v al or es nem s ua c apac i dade de j ul gament o. Ao c ont r ár i o, el e o l i ber a,
par a que v oc ê pos s a ut i l i z ar um i ns t r ument o que l he per mi t i r á mel hor al c anç ar
s eus obj et i v os . El e l he f ac ul t ar á t i r ar mel hor par t i do da s abedor i a que v oc ê
ac umul ou ao l ongo de uma v i da de embat es .
E o que di z er do ot i mi s t a nat o? At é agor a, el e er a quas e t ão es c r av o das
t i r ani as do ot i mi s mo quant o o pes s i mi s t a o er a das t i r ani as do pes s i mi s mo.
El e goz av a de gr andes benef í c i os : menos depr es s ão, mel hor s aúde, mai or ní v el
de r eal i z aç ão. Ti nha at é mai s pos s i bi l i dades de s er es c ol hi do par a um c ar go
el et i v o na admi ni s t r aç ão públ i c a. Mas el e pagou um pr eç o: i l us ões beni gnas ,
s ens o de r es pons abi l i dade mai s f r ac o. At é agor a.
O ot i mi s t a t ambém s e s ent e l i v r e pel a c ons c i ênc i a do que o ot i mi s mo é
c apaz de f az er e c omo el e f unc i ona. El e t ambém pode i nv oc ar s eus v al or es e
s eu j ul gament o, e di z er a s i mes mo que o moment o não c ompor t a s eus ef i c i ent es
mét odos de c ont es t ar pens ament os l úgubr es . O moment o é de mant ê- l os s ob
v i gi l ânc i a. Agor a, el e pode dec i di r s e c onv ém ou não us ar s uas t át i c as de
c ont es t aç ão, uma v ez que c onhec e s eus benef í c i os e s eu pr eç o.
Por t ant o, os benef í c i os do ot i mi s mo não s ão i l i mi t ados . O pes s i mi s mo
t em um papel a des empenhar , t ant o na s oc i edade em ger al quant o em nos s as
pr ópr i as v i das ; dev emos t er a c or agem de s upor t ar o pes s i mi s mo quando s ua
per s pec t i v a é v ál i da, O que pr ec oni z amos não é um ot i mi s mo c ego, mas s i m
um ot i mi s mo f l ex í v el - ot i mi s mo c om os ol hos aber t os . Dev emos poder us ar
o s ens o agudo da r eal i dade de que di s põe o pes s i mi s mo quando del e
pr ec i s ar mos , mas s em t er mos que mer gul har nos s eus s ombr i os meandr os .
Os benef í c i os des t e t i po de ot i mi s mo s ão, eu ac r edi t o, s em l i mi t es .

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Agr adec i ment os

Há quat r o pes s oas s em as quai s es t e l i v r o não t er i a s e mat er i al i z ado.


Em pr i mei r í s s i mo l ugar : Tom Congdon. Quando f i nal ment e me dec i di a
es c r ev er um l i v r o que t ent ar i a ex pl i c ar ao l ei go o c ampo do c ont r ol e pes s oal ,
s abi a que pr ec i s ar i a de aj uda. Sou s uf i c i ent ement e v ai dos o par a ac r edi t ar que
o meu es t i l o t éc ni c o é bas t ant e bom, mas es c r ev er di ál ogos , f az er s us pens e,
c ar ac t er i z ar c i ent i s t as que c onhec i er am t ar ef as par a al ém de t udo o que f i z er a
at é ent ão. Enc ont r ei - me c om Tom e c ons egui c onv enc ê- l o a t r abal har c omi go.
Tom não s ó r ees c r ev eu a mai or par t e das f r as es des t e l i v r o, c omo me aj udou a
r eor gani z á- l o. El e c ont es t ou i déi as que pas s ar am des per c ebi das aos pr of i s s i onai s
da ár ea e me l ev ou a r epens á- l as . Mel hor do que t udo, quando o es pí r i t o
es mor ec i a, os edi t or es t or c i am o nar i z , as i déi as s ec av am, Tom es t av a s empr e
pr es ent e par a ani mar , apoi ar e c ont r i bui r . E s e t or nou um ami go.
Dan Or an, pr es i dent e da For es i ght , mc . , i ns i s t i u par a que eu es c r ev es s e
es t e l i v r o. Eu pr ot el ei . Mui t a c oi s a par a f az er : ex per i ênc i as s obr e c ont r ol e
pes s oal ai nda não t ent adas , mui t os manuai s par a pr ev enç ão da depr es s ão a
s er em el abor ados , doenç as i nf ec c i os as a s er em t es t adas , out r os ex t r at os s oc i ai s
par a pes qui s ar no que s e r ef er e ao ot i mi s mo. El e t or nou a pr opos t a mai s
pal at áv el of er ec endo- s e a es c r ev ê- l o c omi go. Mas na medi da em que me f ez
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Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
l ev ar o pr oj et o c ada v ez mai s a s ér i o, dei - me c ont a de que er a a hi s t ór i a do
t r abal ho de t oda a mi nha v i da, e, j á que er a r es pons áv el por i s s o, r es ol v i s er
o úni c o aut or .

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Dan t ambém me apr es ent ou a Ri c har d Pi ne, que s e t or nou meu agent e. Li
no The New Yor k Ti mes que os agent es s ão aquel as pes s oas " que nunc a
r es pondem às l i gaç ões t el ef ôni c as " . Não é o c as o de Ri c har d. El e é o s onho de um
aut or . Leu c ada pal av r a des t e l i v r o pel o menos quat r o v ez es . Não f or am pouc as
as pal av r as que s uger i u que f os s em mudadas . No f i m do nos s o pr i mei r o
enc ont r o, s ent i ndo mi nha hes i t aç ão, Ri c har d di s s e: " Rez o por es t e l i v r o. El e é
da
mes ma es s ênc i a c om que s ão f ei t as as r el i gi ões . "
Fi quei pas mo e r epet i es s a ex t r aor di nár i a dec l ar aç ão ao meu nov o s ogr o,
um i ndus t r i al i ngl ês r es er v ado, Denni s Mc Car t hy , na s emana s egui nt e. " Quant o
a i s s o, nada pos s o l he di z er " , r et r uc ou el e, " mas pens e nas gr andes c ompanhi as .
Uma c ompanhi a bem- s uc edi da s empr e t em um depar t ament o de pes qui s as e
out r o de des env ol v i ment o. Voc ê pas s ou os úl t i mos 25 anos f az endo pes qui s as
bás i c as s obr e c ont r ol e pes s oal e mai s r ec ent ement e i ni c i ou s ua f as e de
des env ol v i ment o. Es t e l i v r o, ao f or nec er i déi as bás i c as ao l ei go que quer s aber
c omo l ev ar uma v i da mai s r ac i onal , é des env ol v i ment o de pr i mei r a or dem. "
Nes s e moment o, dec i di es c r ev er o l i v r o. Dur ant e o ano e mei o que s e s egui u,
f oi pr at i c ament e t udo o que f i z . Denni s t ambém me deu s uges t ões i nes t i máv ei s
par a os c apí t ul os que abor dam o mundo dos negóc i os .
I númer as out r as pes s oas f i z er am c ont r i bui ç ões mui t o út ei s s obr e o
or i gi nal c omo um t odo ou boa par t e del e.
Pr i mei r ament e, meu edi t or na Al f r ed A. Knopf mc . , J onat han
Segal .
J onat han não s e pr eoc upav a apenas c om o es t i l o. Fez , i gual ment e, c ui dados as
obs er v aç ões quant o ao c ont eúdo. Rec omendou- me, por ex empl o, que
enf at i z as s e o ot i mi s mo f l ex í v el . " Voc ê não há de quer er que as pes s oas s e t or nem
pr i s i onei r as do ot i mi s mo, da mes ma f or ma que o f or am do pes s i mi s mo. Par a
que s er v e o pes s i mi s mo? Em que c i r c uns t ânc i as as pes s oas dev em r ec or r er a el e
e não ao ot i mi s mo?" E mui t as out r as i ndagaç ões des s e t eor . Gr aç as às
i nt er v enç ões de J onat han, o l i v r o t or nou- s e mai s s ubs t anc i os o.
Logo a s egui r , Kar en Rei v i c h. Kar en es c r ev e di ál ogos mar av i l hos ament e.
Pedi - l he que, a par t i r da s ua ex per i ênc i a no pl anej ament o e admi ni s t r aç ão
de s emi nár i os na For es i ght , es c r ev es s e al guns s obr e a mudanç a do es t i l o
ex pl i c at i v o. Mui t os dos di ál ogos ent r e t er apeut a e pac i ent e, mãe e f i l ho, s ão
f r ut o da ex per i ênc i a ou da f ér t i l i magi naç ão de Kar en. El a t ambém di s c ut i u
l ongament e c omi go o t í t ul o ( e s ubt í t ul o) e aj udou a s el ec i onar os poemas .

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Faç o v ot os par a que Kar en s e t or ne ps i c ól oga. Tom Congdon quer t r ans f or má- l a
em es c r i t or a. Nós doi s t emos a mai or admi r aç ão pel o s eu t al ent o.
Pet er Sc hul man v em t r abal hando c omi go há oi t o anos c omo
admi ni s t r ador de mi nhas pes qui s as c i ent í f i c as e é v i c e- pr es i dent e de oper aç ões
da For es i ght , mc . Di v er s as v ez es , dur ant e a el abor aç ão des t e l i v r o, pr oc ur ei
Pet er e pedi - l he que anal i s as s e mai s dados . " Por quant os pont os na av al i aç ão
f i nal os ot i mi s t as de Wes t Poi nt der r ot ar am os s eus c ol egas pes s i mi s t as ?" " A
equi pe es pec i al de v endas da Pr udent i al é t ão ef i c i ent e quant o a da
Met r opol i t an Li f e?" E mui t o mai s . As r es pos t as de Pet er f or am s empr e r ápi das ,
c ui dados as e mui t as v ez es br i l hant es .
Mi nha f i l ha, Amanda Sel i gman, al una da Uni v er s i dade de Pr i nc et on, l eu
o es boç o do pr i mei r o t er ç o do or i gi nal e me aj udou a dar - l he f or ma.
Ter r y Si l v er , mi nha s ec r et ár i a, me aj udou de t ant os modos que s er i a
i mpos s í v el menc i onar t odos .
Fi nal ment e, os 20 al unos uni v er s i t ár i os e oi t o gr aduados que
f r eqüent ar am
meu s emi nár i o na Uni v er s i dade da Pens i l v âni a, em 1989- 90, e l er am a pr i mei r a
v er s ão i nt egr al . Mui t os del es f i z er am c oment ár i os út ei s .

Pági na 224
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Um gr ande númer o de pes s oas c ont r i bui u em det er mi nados c apí t ul os . Sou
gr at o às s egui nt es , a mai or i a das quai s me per mi t i r am c ol abor ar c om el as ou
s eu t r abal ho i ns pi r ou di r et ament e o meu:
Capí t ul o 1. Par a dar o pont apé i ni c i al , pedi a aj uda de di v er s os
es c r i t or es
t ar i mbados . Ral ph Key es , Car ol St i l l man e Bob Tr ot t er l er am o pr i mei r o es boç o
e t odos me apont ar am o c ami nho c er t o.
O Capí t ul o 2 nar r a a hi s t ór i a do des ampar o apr endi do. Embor a s uas
c ont r i bui ç ões t enham s i do dev i dament e r egi s t r adas no pr ópr i o c apí t ul o, St ev e
Mai er , Br uc e Ov er mi er , Di c k Sol omon e Don Hi r ot o mer ec em um des t aque
es pec i al c omo as pr i nc i pai s f or ç as que aj udar am a c r i ar e or i ent ar es s e c ampo.
O Nat i onal I ns t i t ut e of Ment al Heal t h, a Nat i onal Sc i enc e Foundat i on, a
Guggenhei m Foundat i on e a Woodr ow Wi l s on Foundat i on, t odos , apoi ar am
meu t r abal ho dur ant e es s e per í odo.
O Capí t ul o 3 di s c ut e o es t i l o ex pl i c at i v o, O c onc ei t o or i gi nou- s e c om
Ly n Abr ams on, Chr i s Pet er s on, J ohn Teas dal e e J udy Gar ber . A s ua hi s t ór i a
é c ont ada nes s e c apí t ul o. Kar en Rei v i c h aj udou a c r i á- l o e a f or mat á- l o nes s e

383

c apí t ul o. Ao Nat i onal I ns t i t ut e of Ment al Heal t h ( par t i c ul ar ment e a J ac k


Mas er e Bob Hi r s c hf el dX que apói a meu t r abal ho há mai s de 20 anos , e à
Nat i onal Sc i enc e Foundat i on c abe um agr adec i ment o es pec i al . O Cent er
f or Adv anc ed St udy i n t he Behav i or al Sc i enc es t ambém me empr es t ou s eu
apoi o nes s e per í odo.
Os Capí t ul os 4 e 5 abor dam a depr es s ão. Aar on Bec k e Al ber t El l i s dev em
s er r ev er enc i ados por t er em des mi s t i f i c ado a depr es s ão, r et i r ando- a da es c ur i dão
par a c ol oc á- l a na penumbr a. J unt ament e c om Dean Sc huy i er e Mi c k ey
St unk ar d, Bec k f oi o ment or que me mos t r ou c omo a depr es s ão podi a s er
c ur ada. Ger r y Kl er man, My r na Weí s s man, J ani c e Egel and e Buc k Sc hi ef f el i n,
t odos f i z er am i mpor t ant es c ont r i bui ç ões par a a c ompr eens ão da depr es s ão t al
c omo é enc ont r ada no mundo i nt ei r o. Lenor e Radl of f des env ol v eu o CES- D
( Cent er f or Epi demi ol ogi c al St udi es - Depr es s i on) . St ev e Hol l on, Rob DeRubi es
e Mar k Ev ans l ev ar am a ef ei t o o es t udo def i ni t i v o da t er api a c ogni t i v a par a a
depr es s ão e s ou gr at o a el es por s ua c ol abor aç ão. Sus an Nol en- Hoek s ema c r i ou
e t es t ou a t eor i a da r umi naç ão e as di f er enç as da depr es s ão de ac or do c om o
s ex o. O Nat i onal I ns t i t ut e of Ment al Heal t h pat r oc i na meu t r abal ho nes s a
ár ea. É pr ec i s o di v ul gar que s em o apoi o des s a i ns t i t ui ç ão a c ent enas de
c i ent i s t as
no c ampo dos di s t úr bi os af et i v os a depr es s ão s er i a um mi s t ér i o i ns ondáv el . A
humani dade dev e s er gr at a a es s a not áv el i ns t i t ui ç ão nor t e- amer i c ana.
O Capí t ul o 6 é s obr e o êx i t o no t r abal ho, e a Met r opol i t an Li f e
I ns ur anc e
t ambém é a or gani z aç ão onde mui t as das i déi as f or am t es t adas e v i abi l í z adas . Sou
par t i c ul ar ment e agr adec i do a Di c k Cal oger o, que f oi meu pac i ent e- c ol abor ador
dur ant e s et e anos , a J ohn Cr eedon, que t or nou t udo pos s í v el , a Howar d Mas e e
Bob Cr i mmi ns , que l i der ar am a c ar ga, a Ai Qber l ander , J oy c e J i gget t s , Yv one
Mi es s e e aos c er c a de 200 mi l c andi dat os e c or r et or es que s e s ubmet er am ao ASQ
( Ques t i onár i o de Es t i l o de At r i bui ç ão) . Amy Semmel , ai nda es t udant e, aj udou a
el abor ar o Ques t i onár i o de Es t i l o de At r i bui ç ão or i gi nal . Gos t ar i a de as s i nal ar
a
s i gni f i c at i v a c ont r i bui ç ão de Mar y Anne Lay den na c r i aç ão des s e ques t i onár i o.
I nc ont áv ei s r euni ões ent r e Amy Semmel , Ly n Abr ams on, Laur en Al l oy , Nadi ne
Kas l ow e eu o aper f ei ç oar am. Depoi s , l ev amos anos par a v i abi l i z á- l o.
J ohn Ri l ey me apr es ent ou aos l í der es da i ndús t r i a de s egur os , e Dan Or an
e Pet er Sc hul man, da For es i ght , mc . , admi ni s t r ar am os es t udos e anal i s ar am as
des c ober t as . Rober t Del i é um gr ande ex empl o do que s i gni f i c a s er um " c or r et or
es pec i al " , e l he s ou r ec onhec i do por t er me per mi t i do r epr oduz i r s ua hi s t ór i a.

384

Também agr adeç o aos mui t os c andi dat os e c or r et or es da Mut ual de Omaha,
da Pr udent i al e da Rel i anc e que pr eenc her am o ASQ.
Denni s Mc Car t hy f ez obs er v aç ões per t i nent es s obr e ot i mi s mo e i ndús t r i a.
Pági na 225
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Laur en Al l oy e Ly nn Abr ams on s ão os ps i c ól ogos que mai s c ont r i buí r am par a
model ar o c ampo do r eal i s mo depr es s i v o.
Os Capí t ul os 7 e 8 f oc al i z am pai s e f i l hos . Nadi ne Kas l ow e Ri c har d
Tanebaum l i der am o c ami nho par a a c r i aç ão do CASQ ( Ques t i onár i o do Es t i l o
de At r i bui ç ão das Cr i anç as ) . As pes qui s as de Car ol Dwec k s obr e c r i anç as em
i dade es c ol ar e o des ampar o abr i r am o c ami nho da r eal i z aç ão e do es t i l o
ex pl i c at i v o. Chr i s Pet er s on i nv ent ou a t éc ni c a da Anál i s e do Cont eúdo de
Ex pl i c aç ões Tex t uai s ( CAVE) e Gl en El der i ns pi r ou s ua pr i mei r a apl i c aç ão a
par t i r de dados hi s t ór i c os . O Soc i al Dev el opment Res ear c h Counc i l
Commi t t ee on Li f e Span Dev el opment ( Comi t ê do Cons el ho de Pes qui s a de Ci ênc i a
Soc i al s obr e o Des env ol v i ment o do Es pec t r o de Vi da) , di r i gi do por Mat i l da
Ri l ey , Ber t Br i m, Paul Bal t es , Dav e Feat her man e J udy Dunn, f oment ou e
i ns pi r ou nos s os es t udos l ongi t udi nai s s obr e c r i anç as . O Nat i onal I ns t i t ut e of
Ment al Heal t h f i nanc i ou os es t udos .
J oan Gi r gus e Sus an Nol er - Hoek es ema t êm s i do as pr i nc i pai s c ol abor ador as
no c ampo do es t i l o ex pl i c at i v o e da depr es s ão nas c r i anç as . Ambas l er am e
f i z er am
modi f i c aç ões s ubs t anc i ai s no Capí t ul o 8. As Sec r et ar i as de Ens i no das
muni c i pal i dades de Pr i nc et on, Tr ent on e Eas t Wi nds or , em Nov a J er s ey , per mi t i r am
i ndul gent ement e que t es t ás s emos os al unos de s uas es c ol as dur ant e os úl t i mos
c i nc o anos . Somos mui t o gr at os aos pr of es s or es , pai s , admi ni s t r ador es , e,
pr i nc i pal ment e, à gar ot ada da r ede es c ol ar des s as l oc al i dades . Ci ndy Fr uc ht man
e Gi l da Paul c onduz i r am os es t udos . Wi l l i s St et s on e os f unc i onár i os da ár ea de
admi s s ão da Uni v er s i dade da Pens i l v âni a; e Di c k But l er , Bob Pr i es t e Wi l l i am
Bur k e, da Ac ademi a de Wes t Poi nt , f or am gener os os c ol abor ador es . Meu f i l ho,
Dav i d Sel i gman, aj udou- me a mi ni s t r ar o t es t e em Wes t Poi nt .
Mui t os de meus al unos me der am bons c ons el hos s obr e o meu enf oque
um t ant o i ngênuo ao ac ons el har c as ai s bel i c os os a não br i gar . Li s a J ay c ox ,
Debor ah St ear ns , J ane Ei s ner , Gr eg Buc hanan, Ni c hol as Max wel l , Kar en Rev i c h
e J ane Gi l ham l er am es s e c apí t ul o c ui dados ament e e me l ev ar am a mudar
mi nha abor dagem s obr e o as s unt o.
O Capí t ul o 9 é s obr e es por t es . Chr i s Pet er s on des env ol v eu o pr i mei r o
t r abal ho s obr e o es t i l o ex pl i c at i v o no es por t e. Dav i d Ret t ew, Kar en Rei v i c h e

385

Dav i d Sel i gman t r abal har am l onga e ar duament e es s es es t udos . Dav i d Ret t ew
deu or i gem ao es t udo s obr e a Nat i onal League. As c ompi l aç ões das es t at í s t i c as
s obr e o bei s ebol do El l i as Spor t s Bur eau s ão uma mar av i l ha. Sus an
Nol en Hoek s ema c onduz i u os es t udos s obr e os nadador es de Ber k el ey .
Agr adec i ment os es pec i ai s par a Nor t e Kar en Moe Thor nt on, t r ei nador es de
nat aç ão de Ber k el ey , e pr i nc i pal ment e par a os at l et as de ambos os s ex os das
equi pes de nat aç ão de Ber k el ey .
A s aúde é o t ema do Capí t ul o 10. Madel on Vi s i nt ai ner , J oe Vol pi c el l i ,
St ev e Mai er , Les l i e Kamen e J udy Rodi n f i z er am o t r abal ho i ni c i al s obr e
des ampar o apr endi do, es t i l o ex pl i c at i v o e s aúde. Chr i s Pet er s on e Geor ge
Vai l l ant di r i gi r am o es t udo s obr e o es t i l o ex pl i c at i v o e s aúde c om r el aç ão ao
es pec t r o de v i da. J udy Rodi n e Sandy Lev y s ão as ment or as e i ns pi r ador as dos
es t udos Mac Ar t hur s obr e s aúde, s i s t ema i munol ógi c o e per s onal i dade. T.
Geor ge Har r i s não s e c ans ou de l embr ar a i mpor t ânc i a des s e t r abal ho e f oi um
dos r es pons áv ei s par a que o mundo t omas s e c onhec i ment o del e. As al mas
gener os as e i nt r épi das da Mac Ar t hur Foundat i on e do Nat i onal I ns t i t ut e on
Agi ng f i nanc i ar am es s e t r abal ho.
O Capi t ul o 11 v er s a s obr e pol í t i c a, c ul t ur a e r el i gi ão. Har ol d Zul l ow
f oi
a pont a da l anç a s obr e a pol í t i c a amer i c ana. Eu o es t i mul ei . Gabr i el l e
Oet t i ngen, por s ua v ez , f oi o c ér ebr o por t r ás do t r abal ho s obr e o es t i l o
ex pl i c at i v o na c ul t ur a. Também a es t i mul ei a pr os s egui r . Ev a Mor aws k a e
Gabr i el l e c onduz i r am os es t udos s obr e j udaí s mo e or t odox i a na Rús s i a. Dan
Gol eman s uger i u a pr ev i s ão das el ei ç ões pr i már i as de 1988 e Al an Kor s , há
quas e 20 anos , af i r mou i ns i s t ent ement e que er a pos s í v el uma ps i c o- hi s t ór i a
r i gor os a e ant ec i pat ór i a. ( Também f oi Al an quem dec l ar ou, quando o meu
l i v r o Hel pl es s nes s f oi publ i c ado em 1975, que es per av a que o pr óx i mo f os s e
s obr e o opos t o. E é. ) J ac k Rac hman f oi quem me l ev ou às l oj as de apos t as
em Edi mbur go.
Os Capí t ul os 12, 13 e 14 s ão s obr e a manei r a de modi f i c ar o es t i l o
Pági na 226
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
ex pl i c at i v o. Ar t Fr eeman e St ev e Hol l on l i der ar am o t r abal ho que t r ans f or mou
os pr i nc í pi os de Bec k s obr e t er api a c ogni t i v a c om pes s oas depr i mi das em
ex er c í c i os e of i c i nas c om pes s oas não- depr i mi das num c ont ex t o pr ev ent i v o.
Dan Or an e Kar en Rei v i c h admi ni s t r ar am es s es pr oj et os e f i z er am i mpor t ant es
c ont r i bui ç ões i nt el ec t uai s par a o s eu c ont eúdo. Ti m Bec k e Al ber t El l i s
f undar am es s e nov o c ampo e mui t as de s uas i déi as f or am a el e i nc or por adas .

386

Ed Cr ai ghead e Rober t DeMonbr eun r edi gi r am o pr i mei r o pr ogr ama de


pr ev enç ão par a c r i anç as há quas e 15 anos , quando ai nda não hav i a c hegado
s ua hor a. Sus an Nol en- Hoek s ema e J udy Gar ber t ambém des empenhar am
um papel i mpor t ant e par a que a depr es s ão nas c r i anç as f os s e dev i dament e
c ompr eendi da, e f i z er am s uges t ões út ei s par a o Capí t ul o 13.
A Met r opol i t an Li f e, de um modo ger al , e Di c k Cal oger o, Howar d Mas e,
Bob Cr i mmi ns , Yv one Mi es s e, J oy c e J i gget t s e J ohn Cr eedon, em par t i c ul ar ,
t i v er am papéi s pr eponder ant es em nos s os es t udos s obr e a manei r a de mudar o
es t i l o ex pl i c at i v o na i ndús t r i a. Sou es pec i al ment e gr at o aos c or r et or es de
s egur os
que par t i c i par am dos s emi nár i os da For es i ght .
O c apí t ul o qui nz e t r at a do f ut ur o e agr adeç o a Lar a Cat r i na Sel i gman
pel o
s i mpl es f at o de per t enc er a el e. T. Geor ge Har r i s me i nt i mou a es c r ev er s obr e
depr es s ão e i ndi v i dual i s mo, e o c onv i t e da Amer i c an Ps y c hol ogi c al
As s oc i at i on par a pr of er i r a pal es t r a no G. St anl ey Hal l , em 1988, pr opor c i onou a
pr i mei r a opor t uni dade à f or mul aç ão des s es pens ament os . Bar r y Sc hwar t z , meu
par c ei r o de br i dge e f ont e de emul aç ão i nt el ec t ual há mai s de 20 anos , f oi a
al av anc a que me l ev ou a r epens ar os t emas do egoí s mo e do i ndi v i dual i s mo.

Fi nal ment e, r es t a c ons i gnar duas i nf l uénc i as gl obai s em mi nha v i da e nas


or i gens des t e l i v r o. O Depar t ament o de Ps i c ol ogi a da Uni v er s i dade da Pens i l v âni a
t em s i do o l ar e o es t ei o de t odo es s e t r abal ho há 25 anos . Tenho uma dí v i da de
gr at i dão que j amai s poder ei pagar par a c om meus pr of es s or es , meus al unos e
meus c ol egas da v el ha e gl or i os a Penn.

A c i ma de t udo, quer o agr adec er a Mandy Mc Car t hy , mãe de Lar a, mi nha


mul her . O s eu amor , a s ua ampl i t ude i nt el ec t ual e o s eu i nquebr ant áv el apoi o
per mi t i r am que es t e l i v r o ac ont ec es s e.
24 de j anei r o de 1990

387

388

Not as ex pl i c at i v as

Capí t ul o 1

p. 32 Em 1959, Noam Ghoms k y : N. Choms k y , Anál i s e do c ompor t ament o v er bal


por B. F. Sk i nner , Language, 35( 1959) , 26- 58.
p. 33 Es s as l i ber dades : Ger al d Kl er man, dur ant e s eu mandat o c omo
admi ni s t r ador
da Al c ohol , Dr ug Abus e, and Ment al Heal t h Admi ni s t r at i on ( ADAMHA)
pat r oc i nou di v er s os es t udos em l ar ga es c al a par a det er mi nar o v ol ume de doenç as
Pági na 227
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
ment ai s ex i s t ent es nos Es t ados Uni dos . Em " The Age of Mel anc hol y ?" ,
Ps y c hol ogy Today , abr i l de 1979, pp. 37- 42, Kl er man apr es ent a al guns dados
es t at í s t i c os al ar mant es s obr e o pr edomí ni o da depr es s ão nos di as de hoj e.
At é r ec ent ement e: Si gmund Fr eud apr es ent a a t eor i a ps i c anal í t i c a no es pec ul at i v o
por ém f as c i nant e t r abal ho " Lut o e mel anc ol i a" , na St andar dEdi t i on of t he
Compl et e Ps y c hol ogi c al Wor k s of Sz gmundFr eud, ed. , e t r ad. J . St r ac hey , Vol . 14
( Londr es : Hogar t h Pr es s , 1957; publ i c ada or i gi nal ment e em 1917) , 237- 58. Fr eud
es t abel ec e uma di s t i nç ão ent r e l ut o, uma mani f es t aç ão nor mal , e mel anc ol i a,
um di s t úr bi o ment al . Em c ont r apar t i da, uma pes qui s a ps i c ol ógi c a moder na
des t ac a a c ont i nui dade das duas c ondi ç ões .

p. 35 A out r a c onc epç do, mai s ac ei t dv el : Doi s t r abal hos út ei s de adept os


da pos i ç ão
bi omédi c a s ão Moods wi ng ( Nov a Yor k : Wi l l i am Mor r ow, 1975) , de R. R. Fi ev e,
e, mai s t éc ni c o, Di agnos i s and EJ r ug Tr eat ment of r s y c hi at r i c Di s or der s
( Bal t i mor e:
Wi l l i ams and Wi l k i ns , 1969) , de D. F. Kl ei n eJ . M. Dav i s .

389

p. 40 Cada um de nós t em: Sou gr at o a Rober t s on Dav i es por s eu


mar av i l hos o ens ai o
" What Ev er y Gi r l Shoul d Know" , em One Hal f of Rober t s on Dav i es ( Nov a
Yor k : Vi k i ng, 1977) , par t i c ul ar ment e pel a f el i z ex pr es s ão " a pal av r a no
c or aç ão" .
Al i ás , s ou gr at o a el e por mui t as out r as c oi s as .

Capí t ul o 2
p. 46 São os c ac hor r os : As ex per i ênc i as de t r ans f er ênc i a demons t r ar am em
úl t i ma
anál i s e que o c ondi c i onament o pav l ov i ano podi a ener gi z ar ou i ni bi r o
apr endi z ado i ns t r ument al ( v ej a R. A. Res c or l a e R. L. Sol omon, " Two- Pr oc es s
Lear ni ng Theor y : Rel at i ons hi p Bet ween Pav l ov i an Condi t i oni ng and
I ns t r ument al Lear ni ng" , Ps y c hol ogi c al Rev i ew, 74 [ 1967] , 151- 82) .

p. 49- 57 Vol t ei ao l abor at ór i o: Uma des c r i ç ão mai s ampl a e uma


bi bl i ogr af i a c ompl et a
s obr e ex per i ênc i as de des ampar o c om ani mai s s ão enc ont r adas em
Hel pl es s nes s : On Depr es s i on, Dev el opment andDeat h ( São Fr anc i s c o: Fr eeman, 1975) ,
de M. Sel i gman. Vej a t ambém " Lear ned Hel pl es s nes s : Theor y and Ev i denc e" ,
J our nal of Ex per i ment al Ps y c hol ogy : Gener al , 105 ( 1976) , 3- 46, de 5. E Mai er
e M. Sel i gman.

p. 56 Quando c onc ei t os uni v er s ai s s e c hoc am: O r el at o de um debat e de


di v er s os di as
ent r e opi ni ões behav i or i s t as e c ogni t i v as s obr e des ampar o apr endi do f oi
publ i c ado em Behav i or and Ther apy 18 ( 1980) , 459- 5 12, Dec i da por v oc ê
quem v enc eu.
As t ent at i v as ac r obát i c as dos behav i or i s t as , Uma des c r i ç ão do papel dos
epi c i c l os
pode s er enc ont r ada em The Coper ni c an Rev ol ut i on: PLanet ar y As t r onomy i n
t he Dev el opment of Wes t er n Thought ( Cambr i dge, Mas s . : Har v ar d Uni v er s i t y
Pr es s , 1957) , 59- 64, de T. Kuhn.
p. 59 Segundo as des c ober t as de Hi r ot o: Vej a " Loc us of Cont r ol and
Lear ned
Hel pl es s nes s " , J our nal of Ex per i ment al Ps y c hol ogy , 102 ( 1974) , 187- 93, de D.
5. Hi r ot o.

Capí t ul o 3
p. 72 Es s e enf oque c hoc av a- s e Par a um r el at o do papel que a t eor i a da
at r i bui ç ão
Pági na 228
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
des empenha em s i t uaç ões de r eal i z aç ão v ej a " Per c ei v i ng t he Caus es of Suc es s
and f ai l ur e" ( Mor r i s t own, N. J . : Gener al Lear ned Lear ni ng Pr es s , 1971) , de
B. Wei ner , L. Fr i ez e, A. Kuk l a, L. Reed, 5. Res t e R. M. Ros enbaum; e a

390

monogr af i a c l ás s i c a " Gener al i z ed Ex pec t anc i es of I nt er nal Ver s us Ex t er nal


Cont r ol
of Rei nf or c ement " , em Ps y c hol ogi c al Monogr aphs , 80 ( 1966) ( 1, t odo o No 609) ,
de J ul i an Rot t er .
p. 75 Nes s e moment o: A edi ç ão es pec i al do J our nal of Abnor mal Ps y c hol ogy ,
87 ( 1978)
r epr oduz i u a r ef or mul aç ão de Abr ams on, Sel i gman eTeas dal e de 12 out r os ar t i gos ,
quas e t odos c r i t i c ando a t eor i a or i gi nal do des ampar o, e al gumas r épl i c as e
t r épl i c as
ac al or adas .
Des de es s a époc a, f or am publ i c adas c ent enas de ar t i gos e t es es dout or ai s
s obr e es t i l o ex pl i c at i v o, des ampar o apr endi do e depr es s ão. Es s a l i t er at ur a
mac i ç a
t em s i do c ont r ov er s a, mas o c ons ens o é de que o es t i l o ex pl i c at i v o pes s i mi s t a e
a
depr es s ão s ão f or t ement e r el ac i onados , c omo es t abel ec e a t eor i a, O ar t i go
" At t r i but i onal St y l e i n Depr es s i on: A Met a- anal y t i c Rev i ew" , publ i c ado no
J our nal of
Per s onal i t y and Soc i al Ps y c hol ogy , 50 ( 1986) , 974- 91, de aut or i a de P. Sweeney ,
K.
Ander s on e S. Bai l ey , anal i s a 104 es t udos ex c l ui ndo t odos os do meu l abor at ór i o.
" At t r i but i ons and Depr es s i on: Why i s t he Li t er at ur e So I nc ons i s t ent ?" , J our nal of
Per s onal i t y and Soc i al Ps y c hol ogy , 54 ( 1988) , 880- 9, de C. Robi ns , c onc l ui que
es t udos que não enc ont r ar am a c or r el aç ão pes s i mi s mo- depr es s ão pr ev i s t a de f or ma
c ons i s t ent e us ar am i nadequadament e amos t r as i nex pr es s i v as .
O t r abal ho " At t r i but i onal St y l e Ques t i onnai r es " , de H. Temen eS.
Her z ber ger ,
publ i c ado em Tes t Cr i t i ques , Vol . 4 ( 1986) , 20- 30, dos edi t or es J . Key s er e R.
C.
Sweet l and, anal i s a a hi s t ór i a e o us o do ques t i onár i o.

p. 82 Ter mos ou não t er mos es per anç a: A v er s ão mai s at ual i z ada da t eor i a
da es per anç a é
r epr oduz i da no t r abal ho de L. Y. Abr ams on, G. I . Met al s k y e L. B. Al l oy ,
" Hopel es s nes s Depr es s i on: ATheor y - Bas ed Pr oc es s - Or i ent ed Sub- t y pe of Depr es s i on" ,
Ps y c hol ogi c al Rev i ew, 96 ( 1989) , 358- 72.
p. 87 Há um as s unt o: O c onf l i t o ent r e a aut oc ens ur a e a r es pons abi l i dade,
de um l ado, e
o des ampar o, do out r o, f oi di s c ut i do pel a pr i mei r a v ez num t r abal ho mui t o
l úc i do s obr e depr es s ão de L. Y. Abr ams on e H. Sac k hei m — " A Par adox i n
Depr es s i on: Unc ont r ol l abi l i t y and Sel f - bl ame" , Ps y c hol ogi c al Bul l et i n, 84 ( 1977) ,
838- 51.
Como, per gunt am el es , é pos s í v el a uma pes s oa depr i mi da ac r edi t ar ao mes mo
t empo que el a é c ul pada pel as t r agédi as da s ua v i da e que é des ampar ada?

391

Capí t ul o 4

A mai s es c l ar ec edor a r ef er ênc i a ger al que c onheç o s obr e depr es s ão ai nda é o


c l ás s i c o de Aar on T. Bec k , de 1967, Depr es s i on ( Nov a Yor k : Hoeber ) . Doi s
ex c el ent es gui as par a t r at ament o s ão Reas on and Emot i on i n Ps y c hot her apy
( Nov a Yor k : St uar t , 1962) , de Al ber t El l i s , e Cogni t í v e Ther apy onf Depr es s i on
A Tr eat ment Manual , de A. T. Bec k , A. J . Rus h, B. F. Shaw e G. Emer y ( Nov a
Yor k : Gui l f or d, 1979) .

Pági na 229
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
p. 89 Quando nos enc ont r amos num es t ado pes s i mi s t a: Par a des v endar as
f unç ões de
obj et os c ompl i c ados do di a- a- di a, v ej a The Way Thi ngs Wor k ( Dor l i ng
Ki nder s l ey , 1988) , de Dav i d Mac aul ay .
p. 90 A depr es s ão bi pol ar s empr e: " Twi n St udi es of Af f ec t i v e I l l nes s " — Ar c hi v es
of
Gener al Ps y c hi at r y , 33 ( 1976) , 1476- 8, de M. G. Al l en.
p. 93 Aar on Bec k : O di ál ogo s obr e o papel de par ede é r epr oduz i do de Cogni t i v e
Ther apy of Depr es s i on, 130- 1, de Aar on Bec k .

p. 95 Qual o gr au de s ua depr es s ão: O Tes t e CES- D ( Cent er f or Epi demi ol ogi c al


St udi es -
Depr es s i on) é l ar gament e us ado no i nv ent ár i o dos s i nt omas da depr es s ão. Es c al a
CES- D: uma es c al a de depr es s ão aut o- r epor t ada us ada em pes qui s as r eal i z adas
j unt o à popul aç ão. Appl i ed Ps y c hol ogi c al Meas ur ement , ( 1977) , 385- 401.
p. 100- 3 Quando v oc ê f i z er o t es t e: Em " The Age of Mel anc hol y ?"
( Ps y c hol ogy Today , abr i l
de 1979, 37- 42) Ger al d Kl er man apr es ent a al guns dados es t at í s t i c os al ar mant es
s obr e o pr edomí ni o da depr es s ão e c unha a ex pr es s ão " Er a da Mel anc ol i a" . Os
doi s pr i nc i pai s es t udos que det ec t ar am a epi demi a de depr es s ão s ão " Li f et i ng
Pr ev al enc e of Spec i f i c Ps y c hi at r i c Di s or der s i n Thr ee Si t es " , Ar c hi v i es of
Gener al
Ps y c hi at r y , 41( 1984) , 949- 58, de L. Robi ns , J . Hel z er , M. Wei s s man, H
Or v as c hel , E. Gr uenber g, J . Bur k e e D. Regi er ; e " Bi r t h Cohor t Tr ends i
Rat es of Maj or Depr es s i v e Di s or der among Rel at i v es of Pat i ent s wi t h Af f ec t i v e
Di s or der " , Ar c hi v es of Gener al Ps y c hi auy , 42 ( 1985) , 689- 93, de G. Kl er man,
Lav or i , J . Ri c e, T. Rei c h, J . Endi c ot t , N. Andr eas en, M. KeLl er e R. Hi r s c hf el .
Ambos s ão aut ent i c a mi na de our o par a os es t udi os os da anor mal i dade.
Mi nha úni c a di s c or dânc i a des s es i mpor t ant es es t udos é que s eus
aut or es , bi omedi c ament e i nc l i nados , i ndi c am uma " i nt er aç ão gene- ambi ent e
ao l ongo do t empo" ger ando mui t a depr es s ão nos di as de hoj e. Não
enc ont r o pr ov as nos s eus dados que j us t i f i quem uma i nt er aç ão; ao c ont r ár i o, o
ef ei t o
par ec e s er pur ament e ambi ent al . Tant o os que s ão genet i c ament e
v ul ner áv ei s ( os par ent es ) quant o o públ i c o em ger al par ec em s er at i ngi dos pel a
depr es s ão em pr opor ç ões mui t o mai or es r ec ent ement e.

392

p. 102 Não s oment e uma gr av e depr es s ão: A des c ober t a de que a depr es s ão
agor a
c omeç a mai s c edo r es ul t ou da c ompi l aç ão mat emát i c a dos dados do t r abal ho
de T. Rei c h, P. Van Her dewegh, J . Ri c e, J . Met l l aney , G. Kl er man e J . E.
Endi c ot t - " The Fami l y Tr ans mi s s i on of Pr i mar y Depr es s i v e Di s or der " ,
J our nal of Ps y c hi at r i c Res ear c h, 21( 1987) , 6 13- 24.
p. 104 Wi l bur e Or v i l l e: Sou gr at o a Sey mour Paper t , que f ez es s a
i nt el i gent e
obs er v aç ão s obr e model agem por v ol t a de 1970 aos i nt egr ant es de um gr upo
que não c r ei o que ex i s t a ( Ps y c hol ogi c al Round Tabl e) .
p. 105- 8 As s i m f oi o des ampar o apr endi do: Os c r i t ér i os de adequaç ão num
model o de
ps i c opat ol ogi a f or am enumer ados por L. Y. Abr ams on e M. Sel i gman no
t r abal ho " Model i ng Ps y c hopat hol ogy i n t he Labor at or y Hi s t or y and
Rat i onal e" , edi ç ões J . Mas er eM. Sel i gman ( São Fr anc i s c o: Fr eeman, 1977) , 1- 27.
O pr i nc i pal c r i t ér i o é o mapeament o dos s i nt omas do model o par a a pat ol ogi a.
Como o l ei t or pode v er , es s e c r i t ér i o f oi abs ol ut ament e c or r et o no c as o em
ques t ão.
O ar gument o mai s det al hado da í nt i ma c or r es pondênc i a s i nt omát i c a
ent r e o des ampar o apr endi do e a depr es s ão di agnos t i c ada DSM- I I I - R é def endi do
por J . M. Wei s s . P. G. Si ms on, M. J . Ambr os e, A. Webs t er e L. J . Hof f man
Pági na 230
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
em " Neur oc hemi c al Bas i s of Behav i or al Depr es s i on" , Adv anc es i n Behav i or al
Medi c i ne, ( 1985) , 253- 75. Es s a c omuni c aç ão e o i mpor t ant e t r abal ho de
Sher man e Pet t hy t ambém as s i nal am as poder os as s emel hanç as quí mi c o-
c er ebr ai s e f ar mac ol ógi c as ent r e o des ampar o apr endi do e a depr es s ão ( v ej a,
por ex empl o, " Neur oc hemj c al Bas i s of Ant i depr es s ani s on Lear ned
Hel pl es s nes s " , Behav i or al andNeur ol ogi c al Bi ol ogy , 30 [ 1982] , 119- 34, de A.
D. Sher man e E Pet t y ) .

Capí t ul o 5
p. 112 A pes s oa pr obl emát i c a: A c i t aç ão é do l i v r o deA. T. Bec k - Cogni t i v e
Ther apy
and t he Emot í onal Di s or der s ( Nov a Yor k : New Amer i c an Li br ar y 1976) .

Os pai s : As des c ober t as r ev ol uc i onár i as de Wol pe f or am publ i c adas em


Ps y c hot her apy by Rec i pr oc al I nhi bi t i on ( St anf or d: St anf or d Uni v er s i t y Pr es s ,
1958) , de J . Wol pe. A t eor i a de Fr eud s obr e a f obi a f oi des env ol v i da no
f amos o c as o do Pequeno Hans em 1909 ( " The Anal y s i s of a Phobi a i n a
Fi v e- y ear - ol d Boy " em Col ec t edPaper s of Fr eud, Vol . I I I [ Londr es : Hogar t h
Pr es s , 1950] , 149- 289) , de S. Fr eud.

393

A t er api a de Wol pe ger ou i númer as pes qui s as de r es ul t ado,


demons t r ando a mai or i a que el a f unc i ona mui t o ef i c i ent ement e em f obi as , s em a
s ubs t i t ui ç ão de s i nt omas que a t eor i a de Fr eud pr ev ê. Cont udo, ai nda s e
di s c ut e quai s s ão os s eus i ngr edi ent es at i v os . Par a uma anál i s e, v ej a o ar t i go
" Sy s t emat i c Des ens i t i z at i on and Nons pec i f i c Tr eat ment Ef f ec t s : A
Met hodol ogi c al Ev al uat i on" , Ps y c hol ogi c al Bul l et i n, 83 ( 1976) , 729- 58, de A. E.
Kaz di n e L. A. Wi l c ox on.

p. 114 A manei r a c omo poc ê pens a: O es t udo em c ol abor aç ão do NI MH


( Nat i onal
I ns t i t ut e of Ment al Heal t h) f oi publ i c ado r ec ent ement e ( " Conc ept ual and
Met hodol ogi c al I s s ues i n Compar at i v e St udi es of Ps y c hot her apy and
Phar mac ot her apy " , Amer i c an J our nal of Ps y c hi at r y , 145 [ 1988] , 909- 17, de J .
El k i n, P. Pi k oni s , J . P. Doc her t y e S. Sot s k y ) .
Tal v ez mai s i mpor t ant e, por que não s ó av al i ou c omo a t er api a agi u, c omo
doc ument ou que a t er api a c ogni t i v a of er ec e r es ul t ados t ão s at i s f at ór i os
quant o os medi c ament os t r i c í c l i c os , é a c ont r i bui ç ão de S. D. Hol l on, R. J .
DeRubei s e M. D. Ev ans em " Combi ned Cogni t i v e Ther apy and
Phar mac ot her apy i n t he Tr eat ment of Depr es s i on" , eds . D. Manni ng e A. Fr anc es ,
Combi nat i on Dr ug and Ps y c hot her apy i n Depr es s i on ( Was hi ngt on, D. C. :
Amer i c an Ps y c hi at r i c Pr es s , 1990) . Na mi nha opi ni ão, es s e es t udo v ai s e
t or nar um c l ás s i c o na es pec i al i dade.

p. 115- 20 A di f er enç a ent r e: Anál i s es det al hadas do es t i l o ex pl i c at i v o e


da depr es s ão,
bem c omo ex t ens as bi bl i ogr af i as , podem s er enc ont r adas em " Caus al
Ex pl anat i ons as a Ri s k Fac t or f or Depr es s i on: Theor y and Ev i denc e" ,
Ps y c hol ogi c al Rev i ew, 91( 1984) , 347- 74, de C. Pet er s on e M. Sel i gman;
" At t r i but i ona
St y l e i n Depr es s i on: A Met a- Anal y t i c Rev i ew" , J our nal of Per s onal i t y and
Soc i al Ps y c hol ogy , 50 ( 1986) , 974- 9 1, de P. Sweeney , K. Ander s on e S. Bai l ey
e " Hopel es s nes s Depr es s i on: ATheor y - Bas ed Pr oc es s - Or i ent ed Sub- t y pe e
Depr es s i on" , Ps y c hol ogi c al Rev i ew, 96 ( 1989) , 358- 72.

p. 121- 2 Em pr i mei r o l ugar : A des c ober t a bás i c a de que a t er api a


c ogni t i v a é c apaz
de mi nor ar a depr es s ão da mes ma f or ma que os ant i depr es s i v os t r i c í c l i c os ,
que a t er api a c ogni t i v a oper a at r av és da mudanç a do es t i l o ex pl i c at i v o e que
o es t i l o ex pl i c at i v o no f i m da t er api a pr ev ê a r ec aí da r es ul t a de uma s ér i e
de t r ês t r abal hos i mpor t ant es a s er em publ i c ados de aut or i a de St ev e
Hol l on, Rob DeRubei s e Mar k Ev ans . As c i t aç ões de " Tany a" s ão
t r ans c r i ç ões des s es t r abal hos . As s i m c omo nas demai s c i t aç ões de pac i ent es
Pági na 231
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

394

nes t e l i v r o, os nomes e f at os i dent i f i c áv ei s f or am s ubs t i t uí dos a f i m de


pr es er v ar o anoni mat o.
p. 122- 4 As que f i c am mat ut ando: Tr ês ps i c ól ogos f i z er am i mpor t ant es
c ont r i bui ç ões
par a o es t udo da r umi naç ão. São el es : J ul i us Kuhl , Sus an Nol en- Hoek s ema
e Har ol d Zul i ow. Cons ul t e os t r abal hos de J . Kuhl - " Mot i v at i onal and
Func t i onal Hel pl es s nes s : The Moder at i ng Ef f ec t of St at e Ver s us Ac t i on-
Or i ent at i on" , J our nal of Per s onal i t y and Sodal Ps y c hol ogy , 40( 1981) , 155-
70; de H. M. Zul l ow - " The I nt er ac t i on of Rumi nat i on and Ex pl anat or y
St y l e i n Depr es s i on" , t es e de dout or ado, Uni v er s i dade da Pens i l v âni a, 1984;
e de S. Nol en- Hoek s ema - Sex Di f f er enc es i n Depr es s i on ( St anf or d: St anf or d
Uni v er s i t y Pr es s , 1990) .

p. 124- 9 A depr es s ão é pr i mor di al : Que as mul her es s of r em mai s de


depr es s ão do que
os homens é um f at o i nc ont es t áv el . Por quê? - ei s a ques t ão. Pr ov av el ment e,
as mel hor es e mai s r ec ent es anál i s es s obr e o as s unt o s ão de S. Nol en-
Hoek s ema em " Sex Di f f er enc es i n Depr es s i on: Theor y and Ev i denc e" ,
Ps y c hol ogi c al Bul l et i n, 101 ( 1987) , 259- 82, e no s eu i mpor t ant e l i v r o Sex
Di f f er enc es i n Depr es s i on.

p. 131- 34 A t er api a c ogni t i v a ut i l i z a: Quat r o dos c i nc o mov i ment os bás i c os


da t er api a
c ogni t i v a f or am t r ans c r i t os do l i v r o de A. T. Bec k , A. J . Rus h, B. F. Shaw e
G. Emer y - Cogni t i v e Ther apy of Depr es s i on. A Tr eat ment Manual ( Nov a
Yor k : Gui l f or d, 1979) . O qui nt o mov i ment o, ac ei t aç ão do ques t i onament o,
t em c omo f ont e a obr a de A. El l i s - Reas on and Emot i on i s Ps y c hot her apy
( Nov a Yor k : St uar t , 1979) . As t er api as de Bec k e de El l i s t or nar am- s e mui t o
s emel hant es e uma das pouc as di s t i nç ões di z r es pei t o à ac ei t aç ão do des af i o.
A ac ei t aç ão do ques t i onament o, t i pi c ament e, não é mui t o us ada na t er api a
s oc r át i c a de Bec k , mas c ons t i t ui boa par t e da t er api a mai s
c ont r apr opagandí s t a de El l i s .

p. 135 " Ent r ement es , os Rei s do Gel o" . Há anos c ol ec i ono poemas ,
pr ov ér bi os e
anedot as s obr e ot i mi s mo e pes s i mi s mo. O poema de Wagoner , " Os
Tr abal hos de Thor " , nos Col l ec t ed Poems ( 1956- 76) ( Bl oomi ngt on:
I ndi ana Uni v er s i t y Pr es s , 1976) , enc abeç am mi nha l i s t a. As duas es t r of es
r epr oduz i das s ão as es t r of es f i nai s do que c ons i der o um dos mel hor es
moment os da moder na poes i a amer i c ana. Agr adeç o a Ber t Br i m por t er
c hamado mi nha at enç ão par a el e.

395

Capí t ul o 6

p. 142- 52 Ant es mes mo de eu hav er t r ans pos t o: A mai or par t e dos dados s obr e
v endas
es t i l o ex pl i c at i v o enc ont r a- s e em r el at ór i os i nt er nos da For es i ght , mc . ,
Fal i s Chur c h, Va. , e de s eus c l i ent es . Doi s doc ument os , ent r et ant o, s ão
di s poní v ei s : " Ex pl anat or y St y l e as a Pr edi c t or of Per f or manc e as a Li f e I n
s ur anc e Agent " , J our nal of Per s onal i t y and Soc i al Ps y c hol ogy , 50( 1986) , 832-
8, de M. Sel i gman e P. Sc hul man; e " Ex pl anat or y St y l e Pr edi c t s Pr oduc t i v i t y
Among Li f e I ns ur anc e Agent s : The Spec i al For c e St udy " ( manus c r i t o não
publ i c ado que pode s er obt i do c om a For es i ght , mc . , 3516 Duf f Dr i v e
Fal i s Chur c h, Vo. 22041 [ 703- 820- 8170] de M. Sel i gman e D. Or an.
p. 149 Suc es s Magaz i ne t i nha ouv i do: J i i l Nei mar k , " The Power of Pos i t i v e
Thi nk er s m" , Suc es s Magaz i ne, s et embr o 1987, 38- 41.

Pági na 232
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
p. 154 Naquel a noi t e: Li onel Ti ger , Opt i mi s m: Ti r e Bi ol ogy of Hope ( N. Y. : Si mon
and Sc hus t er , 1979) .
p. 155 Há dez anos : Cons agr ado c omo um c l ás s i c o, " J udgment of Cont i ngenc y i n
Depr es s ed and Nondepr es s ed St udent s : Sadder but Wi s er " , J our nal of
Ex per i ment al Ps y c hol ogy : Gener al , 108 ( 1979) , 441- 85, de L. B. Ai l oy e L.
Abr ams on, f oi o pr i mei r o es t udo que demons t r ou o r eal i s mo depr es s i v o.
Out r o t i po de pr ov a: P. Lewi ns ohn, W. Mi s c hel , W. Chapl i n e R. Bar t oi
" Soc i al Compet enc e and Depr es s i on: The Rol e of I l l us or y Sel f per c ept i ons " ,
J our nal of Abnor mal Ps y c hol ogy , 89 ( 1980) , 203- 12, demons t r am r eal i s mo
depr es s i v o no j ul gament o da habi l i dade s oc i al .
p. 156 Ai nda out r a v ar i edade: O r eal i s mo depr es s i v o t ambém par ec e s er v ál i do
par a a memór i a, mas as pr ov as s ão c onf l i t ant es . Vej a, por ex empl o
" Di s t or t i on of Per c ept i on and Rec al l of Pos i t i v e and Neut r al Feedbac k i n
Depr es s i on" , Cogni t i v e Ther apy and Res ear c h, 1 ( 1977) , 311- 29, de
De Monbr eun e E. Cr ai ghead.

Em t odos os nos s os es t udos : A pr opens ão em pes s oas não- depr i mi das


anal i s ada por C. Pet er s on e M. Sel i gman em " Caus al Ex pl anat i ons as a Ri s k
Fac t or f or Depr es s i on: Theor y and Ev i denc e" , Ps y c hol ogi c al Rev i ew, 91( 1948) ,
347- 74.

p. 158 Pes s i mi s t as v er ão o mundo c or r et ament e: Ambr os e Bi er c e, The Dev i l ' s


Di c t i onar y ( N. Y. : ) Dov er , 1958 [ edi ç ão or i gi nal ] .

396

Capí t ul o 7
p. 165- 75 Voc ê pode medi r . O Ques t i onár i o do Es t i l o de At r i bui ç ões das
Cr i anç as
( CASQ) é a medi da mai s ampl ament e us ada do es t i l o ex pl i c at i v o das
c r i anç as ent r e oi t o e doz e anos . Vej a o es t udo de M. Sel i gman, N. J .
Kas l ow, L. B. Al l oy , C. Pet er s on, R. Tannenbaum e L. Y. Abr ams on -
" At t r i but i onal St y l e and Depr es s i v e Sy mpt oms Among Chi l dr en" ,
J our nal of Ab nor mal Ps y c hol ogy , 93 ( 1984) , 235- 8.
p. 176 As c r i anç as f i c am depr i mi das : Vej a, por ex empl o, " Ps y c hos oc i al
Func t i oni ng
i n Pr epuber t al Maj or Depr es s i v e Di s or der s : 1. I nt er per s onal Rel ant i ons hi ps
Dur i ng t he Depr es s i v e Epi s ode" , Ar c hi v es of Gener al Ps y c bi at r y , 42 ( 1985) ,
500- 7, de L. Pui g- Ant i c h, E. Luk ens , M. Dav i es , D. Goet z , J . Br ennan-
Quat t r oc k e O. Todak . Enquant o es t e l i v r o es t av a s endo pr oduz i do, Ki m
Pui g- Ant i c h, o mai or i nv es t i gador da depr es s ão aguda nas c r i anç as pequenas ,
mor r eu r epent i nament e aos 47 anos de i dade e a ps i c ol ogi a f i c ou mai s pobr e
c om a per da des s e i nv es t i gador t ão l úc i do e humano.
p. 180- 1 Vej amos por um i ns t ant e: A pr i nc i pal i nv es t i gador a do des ampar o
na i dade
es c ol ar é Car ol Dwec k . El a e s uas c ol egas des env ol v er am o t r abal ho det al hado
nes t e c apí t ul o. Par a uma anál i s e, c ons ul t e " Lear ned Hel pl es s nes s and
I nt el l ec t ual Ac hi ev ement " , nas edi ç ões J . Gar ber eM. Sel i gman de Human
Hel pl es s nes s : Theor y and Appl i c at í ons ( Nov a Yor k : Ac ademi c Pr es s , 1980) ,
197- 222, de C. S. Dwec k e B. Li c ht .
p. 182- 7 Em Hei del ber g, em 1981: Vej a " Lear ned Hel pl es s nes s and Li f e- Span
Dev el opment " , de M. Sel i gman e G. El der , nas edi ç ões A. Sor ens on, F. Wei ner t
e L. Sher r od de Human Dev el opment and t he L' f e Cour s e: Mul t i di s c i pl i nar y
Per s pec t i v s ( Hi l l s dal e, N. J . , : Er l baum, 1985) , 377- 427.
p. 183 A i déi a mai s c r i at i v a: Se v oc ê qui s er apr ender a s er um anal i s t a
ef i c i ent e do
di s c ur s o t ex t ual , poder á enc ont r ar um manual no apêndi c e de " As s es s i ng
Ex pl anat or y St y l e: The Cont ent Anal y s i s of Ver bat i m Ex pl anat i ons and t he
At t r i but i onal St y l e Ques t i onnai r e" , Behav i or Res ear c h and Ther apy , 27
Pági na 233
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
( 1989) , 502- 12, de aut or i a de P. Sc hul man, C. Cas t el l on eM. Sel i gman. É
pr ec i s o di s por de mei o di a par a s e t or nar um anal i s t a c onf i áv el .
p. 185- 6 Al ém das des c ober t as : Es t e i mpor t ant e t r abal ho s obr e os f at or es
de
v ul ner abi l i dade é enc ont r ado em Soc i al Or i gi ns of Depr es s i on ( Londr es :
Tav i s t oc k , 1978) .

397

CapI t ul o 8
p. 192- 5 Como v oc ê pode s aber , A es c al a de av al i aç ão da depr es s ão do s eu
f i l ho é
mi nha v er s ão l i gei r ament e modi f i c ada do t es t e do CES- DC ( Cent er f or
Epi demi ol ogi c al St udi es - Depr es s i on Chi l d) . Es s e t es t e f oi c onc ebi do por
M. Wei s s man, H. Or v as c hdl l e N. Padi an e di v ul gado no t r abal ho " Chi l dr en' s
Sy mpt om and Soc i al Func t i oni ng: Sel f - Repor t Sc al es " , J our nal of Ner v ow
and Ment al Di s eas e, 168 ( 1980) , 736- 40.
p. 196 Des env ol v i umpouc o: Par a mai s i nf or maç ões s obr e o t r abal ho de
Car ol Dwec k ,
c ons ul t e " Lear ned Hel pl es s nes s and I nt el l ec t ual Ac hi ev ement " , de O. S. Dwec k
e B. Li c ht , nas edi ç ões J . Gar ber e M. Sel i gman de Human Hel pl es s nes s :
Theor y and Appl i c at i ons ( Nov a Yor k Ac ademi c Pr es s , 1980) , 197- 222.
p. 197- 206 No out ono de 1985: Par a um ar t i go r epr es ent at i v o do Es t udo
Longi t udi nal Pr i nc et on- Penn, v ej a " Lear ned Hel pl es s nes s i n Chi l dr en: A
Longi t udi nal St udy of Depr es s i on, Ac hi ev ement and Ex pl anat or y St y l e" , J our nal
of Per s onal i t y and Soc i al Ps y c hol ogy , 51( 1986) , 435- 42.
p. 200- 3 Uma v ez que a i nc i dênc i a do di v ór c i o: Tem hav i do c er t a
c onv er gênc i a de
pes qui s as ul t i mament e s obr e os ef ei t os s upr eendent ement e del et êr i os nos
f i l hos do di v ór c i o, da s epar aç ão e, s obr et udo, dos c as ai s em per manent e
es t ado de bel i ger ânc i a. Tr ês r ef er ênc i as i mpor t ant es s ão: Sec ond Chanc es :
Men, Women and Chi l dr en a Dec ade Af t er Di v or c e ( Nov a Yor k : Ti c k nor &
Fi el ds , 1989) , de J . Wal l er s t ei n e S. Bl ak es k e; " Ef f ec t s of Di v or c e on Par ent s
and c hi l dr en" , na ed. M. E. Lamb de Non- t r adi t i onal Fami l i es ( Hi l l s dal e,
N. J . : Er l baum, 1982) , 233- 88, de E. M. Het her i ngt on, M. Cox e C. Roger ;
e " Chi l dr en' s Res pons es t o Di f f er ent For ms of Ex pr es s i on of Anger Bet ween
Adul t s " , Chi l d Dev el opment , 60 ( 1989) , 1392- 1404, de E. M. Cummi ngs ,
D. Vogel , J . 5. Cummi ngs e M. El - Shei k h.
p. 203 Não s ou i ngênuo: Par a ex per i ênc i as s obr e r es ol uç ão de
br i gas , c ons ul t e o
t r abal ho de E. M. Cummi ngs e out r os - " Chi l dr en' s Res pons es t o Di f f er ent
For ms of Ex pr es s i on of Anger Bet ween Adul t s " .
p. 203 Ac ho que, mai s do que i s s o: Os ef ei t os des t r ut i v os do ódi o, as s i m
c omo os
s eus as pec t os c ons t r ut i v oS ( s uper di mens i onadoS) s ão habi l ment e anal i s ados
no l i v r o ous ado de Car ol Tay r i s - Anger : Ti r e Mi s under s t ood Emot i Ou ( Nov a
Yor k : Si mon and Sc hus t er , 1982) .

398

p. 205- 6 Como v oc ê f i c ou s abendo: Par a um ex c el ent e t r at ament o das


di f er enç as dos
s ex os na depr es s ão, v ej a o ar t i go de S. Nol en- Hoc k s ema, " Sex Di f er enc es
i n Depr es s i on: Theor y and Ev i denc e" , no Ps y c hol ogi c al Bul l et i n, 101 ( 1987) ,
259- 82, bem c omo s eu i mpor t ant e l i v r o Sex Di f f er enc es i n Depr es s i on
( St anf or d: St anf or d Uni v er s i t y Pr es e, 1990) .

Pági na 234
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
p. 208 Na s emana em que a t ur ma de 87: Es s e t r abal ho f oi des env ol v i do em
c ol abor aç ão c om Les l i e Kament , mas f oi publ i c ado depoi s de um es t udo
que v i nha s endo c onduz i do s i mul t aneament e s obr e o mes mo t ema por
Pet er s on e Bar r et em out r a uni v er s i dade: " Ex pl anat or y St y l e and Ac ademi c
Per f or manc e Among Uni v er s i t y Fr es hmen" , J our nal of Per s onal i t y and
Soc i al Ps y c hol ogy , 53 ( 1987) , 603- 7.

p. 209- 11 Mas pel o menos um: O t r abal ho em Wes t Poi nt f oi r eal i z ado em
c ol abor aç ão
c om Di c k But l er , Bob Pr i es t e Wi l l i am Bur Ke, de Wes t Poi nt , e c om Pet er
Sc hul man. Ent r et ant o, os c ol abor ador es mai s i mpor t ant es f or am os 1. 200
c adet es da t ur ma de 1991, que v êm c ooper ando c om es t e es t udo há t r ês anos .

Capi t ul o 9
p. 217 Também quer í amos s aber : O c ompêndi o anual El i as de f as c i nant es
es t at í s t i c as
s obr e bei s ebol é nos s a f ont e par a r ebat er e ar r emes s ar s ob pr es s ão. Vej a
The 1988 El i as Bas ebal l Anal y s t ( Nov a Yor k : Col her , Mac mi l l an Publ i s hi ng
Company , 1988) . Também us amos os v ol umes r ef er ent es a 1985, 1986 e
1987.

p. 225- 7 Em out ubr o de 1988: Vej a o es t udo de M. Sel i gman, S.


Nol en- Hoel t s ema,
N. Thor nt on e K. M. Thor nt on, " Ez pl anat or y St y l e as a Mec hani s m of
Di s appoi nt i ng At hl et i c Per f or manc e" , publ i c ado em Ps y c hol ogi c al Sc i enc e, 1
( 1990) , 143- 6.

Capí t ul o 10

p. 229- 30 Dani el t i nha apenas nov e anos : A hi s t ór i a de Dani el é c ont ada


em " The Hope
Fac t or " , Amer i c an Heal t h, 2( 1983) , 58- 611, de M. Vi s i nt ai ner eM. Sehi gman.
p. 231 Fi c ou empol gada: Vej a " Ef f ec t s of Choi c e and Enhanc ed Per s onal
Res pons abi l i t y f or t he Aged: A Fi el d Ex per i ment i a an I ns t i t ut i onal Set t i ng" ,
J our nal
of Per s onal i t y and Soc i al Ps y c hol ogy , 34 ( 1976) , 437- 9, de E. L. Langer e
J. Rodi n.

399

p. 232- 3 Madel on Vi s i nt ai ner quer i a: Vej a " Tumor Rej ec t i on i n Rat s Af t er


I nes c apabl e or Es c apabl e Shoc k " , Sc i enc e, 216 ( 1982) , 437- 9, de M. Vi s i nt ai ner ,
J . Vol pi el hi e M. Sel i gman.

p. 233 Par a s er ex at o, quas e a pr i mei r a: Vej a " St r es s and Copi ng Fac t or s


I nf l uenc e
Tumor Gr owt h" , Sc i enc e, 206 ( 1979) , 513- 15, de L. S. Sk l ar e H. Ani s man.
Out r as das des c ober t as de Madel on: " Tumor Rej ec t i on and Ear Ly
Ex per i enc e of Unc ont r ol l abl e Shoc k i n t he Rat " , nas eds . E. R. Br us h e J . B.
Ov er mi er de Af f ec t , Condi t i oni ng and Cogni t i on: Es s ay s on t i r e Det er mi nant s
of Behav i or ( Hi l l s dal e, N. J . : Er l baum, 1985) , 203- 10, de M. Sel i gman e
M. Vi s i nt ai ner .

p. 236 Pes qui s ador es ex ami nando: Par a uma i nc ur s ão út i l no c ampo


al t ament e t éc ni c o
dos s i s t emas i munol ógi c os , v ej a o es t udo de S. E Mai er , M. Laudens l ager eS.
M. Ry an " St r es s or Cont r ol l abi hi t y I mmune Func t i on, and Endogenous
Opi at es " , em Af f ec t , Condi t i oni ng, and Congni t i on, 203- 10.

Pági na 235
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
p. 238 O pr i mei r o es t udo s i s t emát i c o: Vej a, de C. Pet er s on, " Ex pl anat or y St y l e
as a
Ri s k Fac t or f or I l l nes s " , Cogni t i v e Ther apy and Res ear c h, 12 ( 1988) , 117- 30.
p. 239 Out r os es t udos f oc al i z ar am: Vej a " Ps y c hol ogi c al Res pons e t o Br eas t
Canc er :
Ef f ec t on Out c ome" , de S. Gr eer , T. Mor r i s e K. W. Pet t i ngal e, em The
Lanc et , 11( 1979) , 785- 7.
Num es t udo pos t er i or Vej a o manus c r i t o não- publ i c ado de S. Lev y M.
Sel i gman, L. Mor r ow, C. Baghey e M. Li ppman - " Sur v i v al Haz ar ds
Anal y s i s i n Fi r s t Rec ur r ent Br eas t Canc er Pat i ent s : Sev en Year Fol l ow- up" .
p. 239- 40 Es s es r es ul t ados não dei x ar am: " Ps y c hos oc i al Cor r el at es of Sur v i v al i n
Mal i gnant Di s eas e" , de B. R. Cas s i l et h, E. G. Lus k , D. 5. Mi l l er , L. L. Br own e
C. Mi l l er , New Engl andJ our nal of Medi c i ne, 312 ( 1985) , 155- 5, e " Di s eas e
as a Ref l ec t i on of t he Ps y c he" , de M. Angel l , New Engl andJ our nal of Medi c i ne,
312 ( 1985) , 1570- 2.

p. 241 Há c er c a de dez anos : Vej a " Dec r eas ed Ly mphoc y t e Func t i on Af t er


Ber eav ement " , de R. Bar t r op, L. Loc k hur s t , L. Laz ar us , L. Ki l oh e R. Penney , em
TheLanc et , 1( 1979) , 834- 6.
A depr es s ão t ambém par ec e af et ar : Vej a, de M. I r wi n, M. Dani el s , E. T. Bl oom,
T. L. Smi t h e H. Wei ner , " Li f e Ev ent s , Depr es s i v e Sy mpt oms , and I mmune
Func t i on" , Amer i c an j our nal of Ps y c hi at r y , 144 ( 1987) , 437- 41.

Par a c onf i r mar i s s o: Vej a o manus c r i t o i nédi t o de L. Kamen, J . Rodi n,


C. Dwy er e M. Sel i gr nan " Pes s i mi s m and Cel l medi at ed I mmuni t y " .

400

p. 243 Ant es de poder mos r es ponder : Vej a, de M. Bur ns e M. Sel i gman,


" Ex pl anat or y St y l e Ac r os s t he Li f es pan: Ev i denc e f or St abi l i t y 52 y ear s " , J our nal
of
Per s onal i t y and Soc i al Ps y c hol ogy , 56 ( 1989) , 471- 7.

p. 243- 4 Pr ec i s á v amos de um gr upo gr ande: De C. Pet er s on, M. Sel i gman e


G. Vai l l ant ,
v ej a " Pes s i mi s t i c Ex pl anat or y St y l e as a Ri s k Fac t or f or Phy s i c al I l l nes s : A
Thi r t y - f i v e- y ear Longi t udi nal St udy " , J our nal of Per s onal i t y and Soc i al
Ps y c hol ogy , 55 ( 1988) , 23- 7.

Capí t ul o 11

p. 252 Lemos : E. Er í k s on, YoungMan Lut her ( Nov a Yor k : Nor t on, 1957) .
p. 254 Que t i po de pr es i dent e: Vej a, de H. M. Zul l ow, G. Oet t i ngen, C.
Pet er s on
e M. Sel i gman, " Pes s i mi s t i c Ex pl anat or y St y l e i n t he Hi s t or i c al Rec or d:
CAVEi ng LBJ , Pr es i dent i al Candi dat es and Eas t v er s us Wes t Ber l i n" ,
Amer i c an Ps y c hol ogi s t 43 ( 1988) , 673- 82; e, de H. M. Zul l ow e M.
Sel i gman, " Pes s i mi s t i c Rumi nat i ons Pr edi c t s Def eat of Pr es i dent i al
Candi dat es : 1900- 1984" , Ps y c hol ogi c al I nqui r y 1( 1990) .
p. 267- 75 Em 1983 f ui : Vej a " Pes s i mi s t i c Ex pl anat or y St y l e i n t he
Hi s t or i c al Rec or d" ,
de Zul how e out r os ; e " Pes s i mi s m and Behav i or al Si gns of Depr es s i on i n
Eas t v er s us Wes t Ber l i n" , de G. Oet t i ngen e M. Sel i gman.

Capí t ul o 12

Pági na 236
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Os ex er c í c i os dos Capí t ul os 12 ao 14 or i gi nar am- s e nos s emi nár i os c onduz i dos
por Aar on Bec k e Al ber t El l i s , r ef er i dos nos Capí t ul os 4 e 5. El es f or mul ar am as
pr i mei r as v er s ões de nos s as t éc ni c as , a f i m de al i v i ar a depr es s ão ent r e os j á
af et ados . Em 1987, a Met r opol i t an Li f e I ns ur anc e pedi u à For es i ght , mc . , par a
adapt ar es s as t éc ni c as à popul aç ão nor mal e de modo pr ev ent i v o, par a que
pudes s em us á- l as c om s uas equi pes de v endas - um gr upo não- depr i mi do.
Conv oquei os t al ent os ex t r aor di nár i os de St ev e Hol l on, pr of es s or da
Uni v er s i dade de Vander bi l t e edi t or de Cogni t i v e Res ear c h and Ther apy , e de Ar t
Fr eeman, pr of es s or da Es c ol a de Medi c i na e Odont ol ogi a de Nov a J er s ey e uma das
mai or es aut or i dades no ens i no da t er api a c ogni t i v a, par a aj udar em a modi f i c ar
as t éc ni c as bás i c as da t er api a c ogni t i v a das duas manei r as que as s i nal ei . Dan
Or an, da For es i ght , mc . , e Di c k Cal oger o, da Met r opol i t an Li f e, admi ni s t r ar am
o pr oj et o da of i c i na; Kar en Rei v i c h f oi a edi t or a pr i nc i pal dos manuai s c r i ados .
Nes s es t r ês c apí t ul os f aç o um r el at o do que r eal i z amos e do que
apr endemos .

401

p. 295 O ot i mi s mo apr endi do age: Cr ei o que Phi i l i p Kendal l , pr of es s or de


ps i c ol ogi a
da Uni v er s i dade Templ e, us ou pel a pr i mei r a v ez a f r as e " o poder do
pens ament o não- negat i v o" par a des c r ev er o mec ani s mo at r av és do qual a t er api a
c ogni t i v a f unc i ona.

Capi t ul o 14

As t éc ni c as del i neadas nes t e c apí t ul o f or am des env ol v i das s ob os aus pí c i os


da For es i ght , mc . St ev e Hol l on, Ar t Fr eeman, Dan Or an, Kar en Rei v i c h e
eu s i s t emat i z amos as t éc ni c as da t er api a c ogni t i v a par a us o pr ev ent i v o por
v endedor es não- depr i mi dos . A For es i ght or gani z ou of i c i nas de um, doi s e
quat r o di as de at i v i dades bas eadas nes s e mat er i al . Podem s er obt i dos
ex empl ar es c om a For es i ght , mc . , 3516 Duf f Dr i v e, Fal i s Chur c h, Va. 22041
( 703- 820- 8170) .

Capí t ul o 15

Uma ex pos i ç ão mai s det al hada do papel do i ndi v i dual i s mo na epi demi a da
depr es s ão pode s er enc ont r ada no t r abal ho de M. Sel i gman " Why i s Ther e
So Muc h Depr es s i on Today ? The Wax i ng of t he I ndi v i dual and t he Wani ng
of t he Commons " , The G. St anl ey Hal l Lec t ur e Ser i es , 9 ( Was hi ngt on, D. C. :
Amer i c an Ps y c hol ogi c al As s oc i at i on, 1989) . Vej a t ambém " Boomer Bl ues " ,
de M. Sel i gman, Ps y c hol ogy Today , out ubr o de 1988, 50- 5.

p. 368 Quem es c ol he?: O penet r ant e The Cul t ur e of Nar c i s s i s m, de


Chr i s t opher Las c h,
( Nov a Yor k : Nor t on, 1979) f az uma abor dagem s emel hant e numa mol dur a
bas t ant e di f er ent e.
O i ndi v i dual i s mo t em uma hi s t ór i a: Uma noi t e, na r oda de pôquer , Henr y
Gl ei t man f ez es s e c oment ár i o s obr e as f i gur as de s egundo pl ano que apar ec em
nos quadr os da Renas c enç a. Es per o que não t enha i mpedi do Gi ei t man de
us ar a per t i nent e obs er v aç ão no s eu ex c el ent e t ex t o de i nt r oduç ão à ps i c ol ogi a.
A ex pans ão do i ndi v i duo: Har ol d Zul l ow us ou pel a pr i mei r a v ez a ex pr es s ão
" I ndi v í duo I anque" num dos meus s emi nár i os de gr aduaç ão s obr e
i ndi v i dual i s mo.

p. 371 A v i da é i nev i t av el ment e c hei a: A i nv es t i gaç ão s obr e os i ndí genas k al ul i


é
enc ont r ada no l i v r o de E. Sc hi ef f el i n The Cul t ur al Anal y s i s of Depr es s i v e

402
Pági na 237
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t

Af f ec t : An Ex ampl e f r om New Gui nea, nas eds . A. Kl ei nman e B. Good de


Cul t ur e and Depr es s i on ( Uni v er s i t y of Cal i f or ni a Pr es s , 1985) .
p. 372- 6 O egoí s mo pode não s er um habi t o t ão ar r ai gado c omo pens amos e
por t ant o
mai s modi f i c áv el do que ger al ment e s e ac r edi t a. Vej a, de B. Sc hwar t z , The
Bat t l e f or Human Nat ur e ( Nov a Yor k : Nor t on, 1988) .

403

404

Í ndí c e Remi s s i v o

Abr ams on, Ly n, 72- 6, 155


ACC ( adv er s i dade, c onv i c ç ões ,
c ons eqüênc i as ) , model o
par a adul t os , 298- 303
par a c r i anç as , 312- 2
par a s i t uaç ões de t r abal ho, 339- 42, 344- 9
admi s s ões , pol í t i c a das uni v er s i dades , 206- 11
adol es c ênc i a e depr es s ão, 126, 205- 6
Al an ( al uno do c ur s o s ec undár i o) , 191- 2
ál c ool , us o, 127
Al l oy , Laur en, 155
al t er nat i v as par a a c ont es t aç ão de
c onv i c ç ões , 195- 6
Angel l , Mar c i a, 239- 40
ani mai s , ex per i ênc i as par a c ompr eender
as doenç as ment ai s , 45- 5 1, 53- 6, 57
âni mo, mudanç a negat i v a, 94
Ani s man, Hy mi e, 233
ant i depr es s i v as , dr ogas , 34- 6, 91, 108, 121- 2
apoi o s oc i al e s aúde, 237
As i mov , I s aac , 251- 2
as pec t os c ont r ol áv ei s da v i da, v ej a
c ont r ol e pes s oal
ASQ ( Ques t i onár i o de Es t i l o de
At r i bui ç ão) , 142- 3, 144- 9, 151- 2, 208, 225- 6
aut o- es t i ma, 84- 6
bas quet ebol e ot i mi s mo, 220- 3
Bec k , Aar on T. , 93, 109, 111- 2, 113- 4, 131
behav i or i s mo
des ampar o apr endi do e, 50- 1, 54- 7
dogmas de, 52
pr i nc i pi o PREE, 72- 3
s upor t es i deol ógi c os , 52- 3
bei s ebol e ot i mi s mo, 215- 20
bem c omum
dec l í ni o do c ompor t ament o c om, 369- 71
nec es s i dade de r ec ompr omet i ment o, 373- 6

Pági na 238
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
405

Bi er c e, Ambr os e, 158
bi omédi c a, v i s ão da depr es s ão, 35- 6, 90,
103, 108
Bi ondi , Mat t , 224- 5
bi pol ar , depr es s ão, 90, 103
Br ahe, Ty c ho, 56
Br oadbent , Donal d, 61
Br own, Geor ge, 185- 6, 173- 4
Br uner , J er ome, 61
Bur ns , Conr ad, 266
Bur ns , Mel ani e, 243
Bus h, Geor ge, 261- 6
Buder , Ri c har d, 209
c ampanha pr es i denc i al de 1988, 262- 5
c anc er
e des ampar o, 231- 3
es t ado ps i c ol ógi c o e, 239- 40
t er api a c ogni t i v a par a, 248- 50
c ar bonat o de l i do, 91
Car di nai s de St . Loui s , 216, 217- 20
Car t er , J i mmy , 257
CASQ ( Ques t i onár i o de Es t i l o de
At r i bui ç ão das Cr i anç as ) , 165- 75
Cas s i l et h, Bar r i e, 240
c at as t r of i z ador es , 79- 82
c at ec ol ami nas , 241- 247
CAVE ( anál i s e do c ont eúdo de
ex pl i c aç ões t ex t uai s ) , t éc ni c a, 184
par a dec l ar aç ões ant i gas de pes s oas
i dos as , 184- 5, 242- 3, 246
par a doent es de c ânc er , 339
par a o es t i l o ex pl i c at i v o nac i onal , 270
par a a ps i c o- hi s t ór i a, 25 2- 5, 256,
261
par a t i mes des por t i v os , 215- 6
Cel t i c s de Bos t on, 221- 2
c él ul as NK, 236, 241, 250
c él ul as T, 236, 241
c ér ebr o- s i s t ema i munol ógi c o,
c or r el aç ão, 240- 2
CES- D ( Cent r o Epi demi ol ógi c o de
Es t udos - Depr es s ão) , t es t e, 95- 9
CES- DC ( Cent r o Epi demi ol ógi c o de
Es t udos - Depr es s ão em Cr i anç as ) ,
t es t e, 192- 5
c hamadas f r i as , 14 1- 2, 333
t éc ni c as de c ont es t aç ão par a,
344- 5, 349- 52, 362- 3
Chi l es , Lawt on, 266
Choms k y , Noam, 32, 56
Ci c l o Bás i c o de Repous o e At i v i dade
( BRAC) , 94, 161
Ci ndy ( al una do c ur s o s ec undár i o) , 199
Cl ar k , J ac k , 219
c ompor t ament o
aut odi r eç ão e, 33
depr es s ão e, 93- 5
ex pec t at i v as e, 53
i nf l uênc i as ambi ent ai s , 31- 2
c ont es t aç ão de c onv i c ç ões negat i v as ,
292- 3
em s i t uaç ões de t r abal ho, 343, 349-
57
ex er c í c i os de " ex t er i or i z aç ão de
Pági na 239
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
v oz es " , 303- 9, 324- 31, 357- 60,
360- 3
r egi s t r o pes s oal de c ont es t aç ão
( model o ACCCE) , 298- 303
t éc ni c as par a, 293- 8
us o da c ont es t aç ão por c r i anç as , 317-
24
c ont r ol e pes s oal , 29- 30, 40
de es t i l os ex pl i c at i v os , 31- 4

406

ego max i mal i s t a e, 366- 9


i muni z aç ão at r av és de, 233
Cr eedon, J ohn, 139- 42, 151- 3
c r i anç a al f a, 192
c r i anç a ômega, 191
c r i anç as
des empenho es c ol ar e es t i l os
ex pl i c at i v os , 190- 1, 195- 8, 207- 11
es per anç as nas , 176
es t i l os ex pl i c at i v os , or i gem dos , 177-
87
es t i l os ex pl i c at i v os , t es t e par a
det er mi nar , 165- 75
c r i anç as , us o das t éc ni c as de ot i mi s mo,
311, 331
gui as par a, 311- 2
i dent i f i c aç ão dos ACCs , 312- 5
r egi s t r o pes s oal ACC, 215- 7
r egi s t r o pes s oal de c ont es t aç ão
( model o ACCCE) , 3 17- 24
Cr i mmi ns , Bob, 151- 2
c r i t i c a na c i ênc i a, 74
c ul t ur a e es t i l os ex pl i c at i v os , 267- 73
Dani el ( doent e de c ânc er ) , 229- 30
DART ( Pr ogr ama de Cons c i ent i z aç ão,
Rec onhec i ment o e Tr at ament o da
Depr es s ão) , 195
dec l í ni o da c ol et i v i dade, v ej a bem
c omum
def es a, noç ão de, 244- 5
dei x ando o empr ego, 139- 41, 146
Del I , Rober t , 149- 50
depr es s ão i nf ant i l , 176- 7
br i gas de f amí l i a e, 202- 4
c i r c ul o v i c i os o, 204
di f er enç as de s ex o, 205- 6
di v ór c i o dos pai s e, 200- 3
es t i l os ex pl i c at i v os , 198- 9
es t udo l ongi t udi nal s obr e, 197- 200,
205- 6
f at or es de r i s c o par a, 198
i nf or t úni os e, 199- 200
t es t e par a det er mi nar , 192- 5
depr es s ão maní ac a, 90, 103
depr es s ão, 26- 8, 36- 7, 87- , 89- 90
adol es c ênc i a na, 126, 205- 6
at i t ude, mudanç a negat i v a na, 94
c i c l o de, 94, 160- 2
c ont r i bui ç ão genét i c a par a, 125
c ul t ur as pr i mi t i v as e, 371
c ur a par a, v ej a t er api a c ogni t i v a
dec l í ni o da c ol et i v i dade, 369- 72
depr es s ão bi pol ar , 90- 1, 102- 3
Pági na 240
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
depr es s ão nor mal , 89- 90, 91- 2
depr es s ão uni pol ar , 90- 1, 102, 3
des ampar o apr endi do e, 104- 8, 115- 6
di agnós t i c o, 99- 100, 106, 195
ego max i mal i s t a, 366- 9, 372
epi demi a de, 33, 100- 3, 108, 366,
370- 1
r emédi os par a, 372- 7
es t i l os ex pl i c at i v os , 74- 5, 82- 3, 93-
4, 115- 6, 121, 157
habi l i dades s oc i ai s e, 155- 6
homens e, 102, 126- 9
memór i a e, 156
model o de, 103- 8
mudanç as hor monai s dev i das à,
240, 2
mul her es e, 101- 2, 114, 124- 9
nat ur ez a epi s ódi c a, 34
pens ament os mudanç a negat i v a na,
93- 4

407

pens ament os negat i v os c omo c aus a


de, 110- 4
per c epç ão da r eal i dade e, 154- 8
pes s i mi s mo c omo c aus a de depr es s ão
aguda, 115- 9, 122
pr edomi nânc i a ao l ongo da v i da,
100- 1
r umi naç ão e, 114, 1224, 126- 9
s i nt omas f í s i c os , 95
s i nt omas , 92- 5
s i s t ema i munol ógi c o e, 241- 2
t es t e par a det er mi nar , 95- 100
t r abal ho de El l i s e Bec k s obr e,
110- 4
v i s ão bi omédi c a, 35- 6, 90, 103- 4,
108
v i s ão f r eudi ana da, 34- 5
v ej a t ambém depr es s ão i nf ant i l
der r ot a, 115, 117- 8
des ampar o apr endi do e, 104- 5
per s pec t i v as dos ot i mi s t as s obr e, 27
des ampar o apr endi do, 40
ani mai s em, 46- 7, 49- 51, 53- 8
behav i or i s mo e, 51- 7
c ur as par a, 57, 105, 108
depr es s ão e, 103- 8, 115- 6
der r ot a, r el aç ão ao, 105
es t i l o ex pl i c at i v o e, 71, 75, 78, 80, 82
ev ent os i nev i t áv ei s e, 50- 1, 53- 5, 104
f l ex i bi l i dade e, 58- 9
mul her es e, 126
pes qui s a s obr e, 45- 51, 53- 6, 57- 9
pr ev enç ão de, 57
r ef or mul aç ão da t eor i a em r el aç ão ao,
62, 71, 73- 5
r es i s t ênc i a ao, 59, 62, 71
s of r i ment o pr ov oc ado por , 43- 4
des ampar o, 58- 9
c ar ac t er í s t i c as def i ni dor as , 28- 9
i nf ânc i a e v el hi c e no, 28- 9
mor t e c aus ada por , 231- 2
s aúde e, 230- 3
v ej a t ambém des ampar o apr endi do
Pági na 241
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Des c ar t es , René, 234- 5
des c at as t r of i z aç ão, t éc ni c a de, 296- 7
des ej o, 37
des empenho es c ol ar e es t i l os ex pl i c at i v os ,
190- 2, 195- 8, 207- 11
des es per o, v ej a depr es s ão
Dewey , Thomas E. , 257, 259
di et a, 282- 3
di r eç ão de pes s oas , adv er s i dade e, 346,
353- 4
di s t anc i ament o e as c onv i c ç ões
pes s i mi s t as , 293- 4
di v ór c i o
a f amí l i a na s oc i edade e, 370
depr es s ão nas c r i anç as dev i da a,
200- 3
Dol e, Rober t , 26 1- 2
DSM- I I 1- R ( Manual de Di agnós t i c o e
Es t at í s t i c a da As s oc i aç ão
Ps i qui át r i c a Amer i c ana, t er c ei r a edi ç ão,
r ev i s t a) , 106- 7
dual i s mo, 234- 5
Duk ak i s , Mi c hael , 259, 261- 6
Dwec k , Car ol , 180- 1, 195
ego max i mal i s t a
depr es s ão e, 366- 9, 371
f or ç as do, 373- 6
ego, enf oque at ual , v ej a ego max i mal i s t a
Ei s enhower , Dwi ght D. , 255, 257
El der , Gl en, 182- 4, 252- 3

408

el ei ç ões par a o Senado de 1988, 266- 7


el ei ç ões pr es i denc i ai s pr i már i as de 1988,
261- 2
El i as Spor t s Bur eau, 214
El l i s , Al ber t , 109- 11, 131, 283,
enc ar c er ament o e depr es s ão, 117- 8
endor f i na, 241, 247
enf er magem e adv er s i dade, 345- 7, 352- 3,
362- 3
ens i no e adv er s i dade, 345, 352, 361- 2
epi c i c l os na t eor i a ps i c ol ógi c a, 56
equaç ões r egr es s i v as , 206
Er i k s on, Er i k , 252, 260
es per anç a
es t i l os ex pl i c at i v os e, 82- 3
nas c r i anç as , 175- 7
s aúde e, 230
es por t es e ot i mi s mo
" a v ol t a por c i ma" , 224- 6
c ompet i ç ões de nat aç ão, 224- 7
c or r el aç ão ot i mi s mo- s uc es s o, 215- 6,
219- 20
es t i l os ex pl i c at i v os de t i mes
( bas quet e) , 220- 3
es t i l os ex pl i c at i v os de t i mes
( bei s ebol ) , 2 15- 20
es t i l os ex pl i c at i v os dos at l et as ,
224- 7
es t udo da di f er enç a de pont os ,
221- 3
pr ev i s ões , 214, 223, 226
s i t uaç ões de pr es s ão, 217, 220,
Pági na 242
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
224- 7
t r ei nament o, i mpl i c aç ões par a, 227
es t at í s t i c as , at i t ude dos amer i c anos em
r el aç ão a, 2 13- 4
es t i l o ex pl i c at i v o abr angent e, 79- 82, 115- 6
es t i l o ex pl i c at i v o nac i onal , 268- 73
es t i l o ex pl i c at i v o per manent e, 76- 9, 80,
82, 115- 6
es t i l o ex pl i c at i v o per s onal i z ado, 83- 6, 87,
115- 6
es t i l o ex pl i c at i v o, t éc ni c a par a mudar , v ej a
t éc ni c as de ot i mi s mo
es t i l os ex pl i c at i v os 39- 41, 75- 6
a ques t ão da her edi t ar i edade, 179
c omo hábi t o de pens ament o, 76
c ont r ol e pes s oal de, 31- 3
c r i s es na i nf ânc i a, i nf l uênc i a dos ,
182- 7
c r í t i c as na i nf ânc i a, i nf l uênc i a dos ,
180- 1
de at l et as , 224- 7
depr es s ão e, 75, 82- 3, 93- 4, 115- 6,
121, 157
depr es s ão i nf ant i l e, 198- 9
des ampar o apr endi do e, 71, 75, 78,
80, 82
des empenho es c ol ar e, 190- 1, 195-
8, 207- 11
des env ol v i ment o de ( c r i s t al i z aç ão) ,
165, 177- 87
det er mi naç ão do es t i l o s em
ques t i onár i os , v ej a CAVE
di f er enç as c ul t ur ai s e, 267- 73
di f er enç as de gêner o, 180- 1
di mens ão de abr angênc i a, 79- 82,
115- 6
di mens ão de per manênc i a, 76- 9, 80,
82, 115- 6
di mens ão de per s onal i z aç ão, 83- 6,
115- 6
es t i l o da mãe, i nf l uênc i a do, 177- 9,
185

409

es t i l o negat i v o, v ej a pes s i mi s mo
es t i l o pos i t i v o, v ej a ot i mi s mo
es t i l os nac i onai s , 268- 73
mudanç a e es t abi l i dade at r av és do
t empo, 242- 4
r el i gi ão, 273- 5
r es pons abi l i dade, 86- 7
de t i mes des por t i v os , 215- 23
es t i l os ex pl i c at i v os de at l et as , 224- 7
es t i l os ex pl i c at i v os de pol í t i c os , 253- 5
det er mi nando os es t i l os i ndi v i duai s ,
256, 258, 264- 5
es t i l o pes s i mi s t a, c ons eqüênc i as do,
255- 6
pr ev i s ões bas eadas nos , 260- 7
r es ul t ado da el ei ç ão em f unç ão do
es t i l o, 255- 9
es t i l os ex pl i c at i v os nac i onai s al emães ,
268- 73
es t i l os ex pl i c at i v os , t es t e par a adul t os ,
per gunt as , 63- 71, 142
Pági na 243
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
es c or e, 77- 9, 81, 83, 85
es t i l os ex pl i c at i v os , t es t e par a c r i anç as ,
165- 75
es t udo de c as os , 48
Es t udo Gr ant s obr e a s aúde ao l ongo da
v i da, 244- 7
Es t udo l ongi t udi nal Pr i nc et on-
Pens i l v âni a, 197- 9, 205
ex ec ut i v os c or por at i v os , 153, 159
ex ec ut i v os - c hef es ( CEOs ) , 159
ex er c í c i os de " ex t er i or i z aç ão de v oz es "
par a adul t os , 303- 9
par a c r i anç as , 324- 31
par a s i t uaç ões de t r abal ho, 357- 8,
360- 3
ex per i ênc i as na i nf ânc i a, i mpac t o s obr e
a s aúde na v i da adul t a, 232- 3
ex per i ment o c om a " equi pe es pec i al " ,
148- 50
" ex t er i or i z aç ão de v oz es " , ex er c í c i os de,
303- 9
gui as par a us o de, 280- 8
i dent i f i c aç ão dos ACCs , 284- 6
r egi s t r o de c ont es t aç ão ( model o
ACCCE) , 298- 303
r egi s t r o pes s oal ACC, 286- 9

f al ha, v ej a der r ot a
f al t a de s ent i do, 372
f amí l i a, br i gas e depr es s ão nas c r i anç as ,
202- 4
f amí l i a, er os ão da, 370
f l ex i bi l i dade, 58- 9
f obi as , c ur a de, 112- 3
For d, Ger al d, 257
For es i ght , mc . , 378
Fos t er , Geor ge, 218
Fr eeman, Ar t hur , 284, 338
Fr eud, Si gmund
i nf l uênc i a s obr e Sel i gman, 45
s obr e depr es s ão, 33- 5

Gar ber , J udy , 72- 4


Gel der , Mi c hael , 61
genét i c a
depr es s ão, 125
es t i l os ex pl i c at i v os e, 179
Gephar dt , Ri c har d, 261
Gi r gus , J oan, 190, 195- 6
Gol dwat er , Bar r y , 257
Gooden, Dwi ght , 218

410

Gor e, Al ber t , 261


Gr ay , J ef f r ey , 61
habi l i dades s oc i ai s e depr es s ão, 155- 6
Hai g, Al ex ander , 261- 2
Har r , Gar y , 261- 2
Her nandez , Kei t h, 218
Her r , Tom, 219
Her z og, Whi t ey , 219
Hi r ot o, Donal d, 58- 9
hi s t ór i a do gr aduando, 30- 1
hi s t ór i a do meni no s ur do, 25- 6
Pági na 244
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Hol l on, St ev en, 284, 338
homens
depr es s ão e, 102, 126- 9
depr es s ão na i nf ânc i a, 205- 6
es t i l os ex pl i c at i v os ,
des env ol v i ment o na i nf ânc i a, 180- 1
hor môni os , 241- 2, 243, 247
Hul l , Cl ar k , 32
Humphr ey , Huber t , 257
i gual i t ar i s mo, 53
i mpac t o dos s i s t emas pol í t i c os s obr e os
es t ados ment ai s i ndi v i duai s , 272
i muni z aç ão at r av és do c ont r ol e pes s oal ,
232- 3
" i muni z aç ão" c ont r a o des ampar o, 57
i ndi v i dual i s mo, 372- 3
i nf l uênc i a da mãe s obr e o es t i l o
ex pl i c at i v o da c r i anç a, 177- 9, 185
i nf l uênc i a dos pr of es s or es s obr e o es t i l o
ex pl i c at i v o dos al unos , 180- 1
i noc ênc i a c onv er t i da em c ul pa, 31
J ac k s on, J es s e, 261- 2
J ames , Bi l l , 214
Cami nhada ét i c a, 374
J ohns on, Dav ey , 2 17- 8
J ohns on, Ly ndon B. , 257
J our nal of Abnor mal Ps y c hol ogy , 75
J our nal of Ex per i ment al Ps y c hol ogy , 51
j udaí s mo, 273- 5
k al ul i , t r i bo, 371
Kamen, Les l i e, 242
Kemp, J ac k , 261
Kennedy , J ohn, 257
Kennedy , Rober t , 369
Ki ng, Mar t i n Lut her , J r . , 369
Kl er man, Ger al d, 100
Kor s , Al an, 252
Landon, Al f r ed M. , 259
Langer , El I en, 231- 2
Les l i e, J ohn, 137- 9
Lev y , Sandr a, 248- 50
Lewi ns ohn, Pet er , 156
Li eber man, J oe, 266
Lor enz , Konr ad, 271
Lut er o, Mar t i nho, 252, 260

Mac aul ay , Dav i d, 89


Mac k , Conni e, 266
Mac k ay , Buddy , 266
Mai er , St ev en, 49- 54, 57
Mal c ol m X, 369
mani a, 90- 1
Mas e, Howar d, 151- 2
mat er i al i s mo, 235, 239- 40
Mc Gee, Wi l l i e, 2 18- 9
Mc Gov er n, Geor ge, 257
Mel c her , J ohn, 266
memór i a, 156

411

Met r opol i t an Li f e I ns ur anc e Company ,


Pági na 245
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
140- 52
Met s de Nov a Yor k , 217- 20
Mor aws k a, Ev a, 274
mor t e e des ampar o, 230- 1
mov i ment o de aut o- aper f ei ç oament o,
130- 1
mul her es
depr es s ão e, 102, 114, 124- 9
depr es s ão na i nf ânc i a, 205- 6
des ampar o apr endi do e, 126
es t i l os ex pl i c at i v os ,
des env ol v i ment o na i nf ânc i a, 180- 1
r umi naç ão, 126- 9
nat aç ão, c ompet i ç ões de, 224- 7
Nei s s er , Ul r i c , 32
Nes t y , Ant hony , 224
Net s de Nov a J er s ey , 221- 3
New Engl andJ our nal of Medi c i ne, 239
News week , 156
Ni x on, Ri c har d, 256- 7
Nol en- Hoek s ema, Sus an, 128, 157
Oet t i ngen, Gabr i el l e, 267- 75
of i c i nas par a t r ei nament o de ot i mi s mo, 378
Opt i mi s m: The Bi ol ogy of Hope ( r i ger ) ,
154
Or an, Dan, 338
or gul ho nac i onal , dec l í ni o do, 369- 70
or t odox i a r us s a, 273- 5
ot i mi s mo apr endi do, v ej a t éc ni c as de
ot i mi s mo
ot i mi s mo
c ar ac t er í s t i c as def i ni dor as , 26- 7
c omo i ns t r ument o par a at i ngi r
obj et i v os , 377
des empenho es c ol ar e, 190- 1, 195- ’
8, 207- 11
em c andi dat os pol í t i c os , 255, 257- 8
ot i mi s mo f l ex í v el , 160, 280, 377- 9
per c epç ão da r eal i dade, 153- 9,
161- 2
Ov er mi er , Br uc e, 46 50

" pal av r a no s eu c or aç ão" , 40


pens ament o não negat i v o, 39, 295,
pens ament o pos i t i v o, 295
per da, 240- 1
Per f i l da Car r ei r a ( t es t e da i ndús t r i a de
s egur os ) , 143- 4, 146
per s i s t ênc i a e s uc es s o no t r abal ho, 145,
149, 334
pes qui s a s obr e enf er magem domés t i c a no
des ampar o, 231- 2
pes s i mi s mo
anal i s e de c us t o/ benef i c i o do, 160
benef Yc i os do, 152- 3, 161- 2
c ar ac t er í s t i c as def i ni dor as , 26
c omo f at or de r i s c o da depr es s ão,
116- 9, 121- 2
des empenho es c ol ar e, 191- 2, 195-
8, 207- 11
em c andi dat os pol í t i c os , 254- 6
es t abi l i dade at r av és do t empo, 242- 4
ev ol uç ão dos s er es humanos e,
161- 3
i mpac t o s obr e a s aúde, 238- 40,
242- 4
Pági na 246
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
i noc ênc i a c onv er t i da em c ul pa 31
mudanç as hor monai s dev i das ao,
240- 1
nat ur ez a aut o- s uf i c i ent e do, 30

412

Pet er s on, Chr i s , 183, 238, 246


Pi aget , J ean, 33, 56
pot enc i al , 211
PREE ( ef ei t o par c i al de r ef or ç o de
ex t i nç ão) , 72- 3
Pr os per , St ev e, 333- 4, 338- 9
pr ov as par a c ont es t ar c onv i c ç ões , 294- 5
ps i c anál i s e, v ej a ps i c ol ogi a f r eudi ana
ps i c o- hi s t ór i a 251- 4, 275- 6
f or ma t r adi c i onal de, 252- 3
t éc ni c a CAVE us ada par a, 252- 3,
256, 261
v ej a t ambém es t i l os ex pl i c at i v os de
pol í t i c os
Ps i c ol ogi a c ogni t i v a ( Nei s s er ) , 32
ps i c ol ogi a c ogni t i v a, 32
per s pec t i v a de aut o-
aper f ei ç oament o 129- 31, 134
ps i c ol ogi a f r eudi ana s obr e
c ompor t ament o, 32
c r í t i c as s obr e, 34- 5, 112- 3
s obr e depr es s ão, 33- 5
ps i c ol ogi a, c i ênc i a, 31- 2
ps i c oneur oi munol ogi a, 248- 50

Radl of f , Lenor e, 95
Reagan, Ronal d, 257
r eal i z aç ão, v ej a s uc es s o
r eat r i bui ç ões , 131
r edaç ão e adv er s i dade, 334- 5
r el i gi ão f undament al i s t a, 373
r el i gi ão
dec l í ni o da f é, 370
f undament al i s mo, 373
ot i mi s mo e, 273- 5
r es pons abi l i dade pes s oal , 86- 7
Rober t s on, Pat , 26 1- 2
Rodi n, J udy , 231, 242, 248- 9
Roos ev el t , Fr anl di n D. , 259
Ros c , Pet e, 219
Rumi naç ão, 132
c ar ac t er í s t i c as def i ni dor as , 114- 5
depr es s ão e, 122- 4, 127- 8
mul her es , 126- 9
t éc ni c as par a ac abar c om a
r umi naç ão, 290- 4
Rus s el l , Ber t r and, 213
s abedor i a, 162
Sar gent , Naomi , 333- 4
s aúde
apoi o s oc i al e, 237- 8
c adei a de ev ent os oc as i onando mui
s aúde, 247
des ampar o e, 230- 3
es per anç a e, 230
i muni z aç ão at r av és de c ont r ol e
pes s oal , 232- 3
Pági na 247
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
i nf or t úni os e, 237- 8, 247
pr ev enç ão de doenç as , 236
pr obl emas ment e- c or po, 234- 5,
248- 8
r el aç ão ot i mi s mo- boa s aúde, 27,
235- 8
r el aç ão pes s i mi s mo- doenç a, 238- 42
s aúde v i t al í c i a e es t ados ment ai s ,
242- 7
s i s t ema i munol ógi c o e es t ados
ment ai s , 235- 7, 240- 2, 248- 50
t er api a ps i c ol ógi c a par a doenç a
f í s i c a, 248- 50
v i s ão f í s i c a da, 38
Sc hi ef f el i n, Buc k , 371
Sel i gman, Dav i d, 175- 6, 210, 217

413

Sel i gman, Lar a Cat r i na, 365


Semmel , Amy , 117
s ex o, papéi s do, e a depr es s ão, 126- 7
Si mon, Paul , 261
s i s t ema i munol ógi c o e es t ados ment ai s ,
235- 6, 240- 2, 247, 249- 50
Sk i nner , B. F. , 32, 72
Sk l ar , Lar r y , 233
s oc i edade s uper medi c ada, 36
Sol omon, Ri c har d L. , 45, 50
Sophi e ( al una depr i mi da) , 91- 5, 106,
133- 4
Sor ens on, Theodor e, 263
Spor t i ng News , 215
St et s on, Wi l l i s , 206- 8
St ev ens on, Adl ai , 254- 5, 257
St r awber r y , Dar r y l , 218
Suc es s Magaz i ne, 149
s uc es s o, 37- 8
no t r abal ho, 141- 3, 145- 7
nos es por t es , 216, 219- 20
s ui c í di o, 33, 100, 118
des ampar o e, 176
mot i v os par a, 95
t al ent o, 211
Tany a ( doent e depr i mi da) , 119- 24
Teas dal e, J ohn, 62, 71, 74, 80
t éc ni c as de ot i mi s mo r el ac i onadas c om
o t r abal ho
" ex t er i or i z aç ão de v oz es " , ex er c í c i os de,
357- 63
i dent i f i c aç ão dos ACCs , 339- 49
j ogo do s al t o da par ede, 344- 57
" par ede de des enc or aj ament o" , 333- 5
r egi s t r o pes s oal de c ont es t aç ão
( model o ACCCE) , 349- 57
s umár i o, 363- 4
t éc ni c as de c ont es t aç ão, 343, 349- 53
t éc ni c as de des v i o de at enç ão, 359
t éc ni c as de ot i mi s mo, 27, 3940, 279-
82
ACCs , def i ni ç ão, 282- 3
t éc ni c as de c ont es t aç ão, 292- 3
t éc ni c as de des v i o de at enç ão,
290- 1, 297
t éc ni c as de di s t anc i ament o,
Pági na 248
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
293- 4
t ens ão di nâmi c a ent r e ot i mi s mo e
pes s i mi s mo, 160- 3
t eor i a do apr endi z ado, 49- 51
t er api a c ogni t i v a, 114- 5
des env ol v i ment o, 109- 15
doenç as f í s i c as t r at adas c om, 248- 50
ef i c i énc i a da, 134
es t i l os ex pl i c at i v os mudados at r av és
de, 119- 22, 134
r umi naç ão e, 123- 4
t át i c as de, 131- 4
t er api a c ompor t ament al , 112- 3
t er api a el et r oc onv ul s i v a, 35- 6, 108
t es t es
bas eados na t eor i a, 147
empí r i c os , 143- 4
par a depr es s ão, 95- 9
par a depr es s ão em c r i anç as , 192- 5
par a es t i l os ex pl i c at i v os , 63- 71,
142- 3
par a es t i l os ex pl i c at i v os em c r i anç as ,
165- 75
r el ac i onados c om o t r abal ho, 143- 7
The New Yor k Ti mes , 261- 2, 365
Thor nt on, Kar en Moe, 224- 6
Thor nt on, Nor t o, 224- 6

414

Ti ger , Li onel , 154


Ti nber gen, Ni k o, 61
t r abal ho e ot i mi s mo, 137- 41
ex per i ment o c om uma " equi pe
es pec i al " , 148- 51
per s i s t ênc i a, papel da, 145, 149, 334
pes s i mi s mo t r ans f or mado em
ot i mi s mo, 152- 3, 159
pol í t i c as de c ol oc aç ão e, 335- 8
pol í t i c as de c ont r at aç ão, 151- 2, 336
r el aç ão s uc es s o- ot i mi s mo, 141- 3,
145- 8
t es t ando o ot i mi s mo, 142- 5, 146- 7
t r abal ho, f unç ão do, par a os ot i mi s t as ,
336- 7
t r abal ho, f unç ão do, par a os pes s i mi s t as ,
160, 337
t r ei nament o e ot i mi s mo, 227
Tr i l ogi a da Fundaç ão ( As i mov ) , 251
Tr uman, Har r y S. , 257
Vai l l ant , Geor ge, 244- 7
v ej a t ambém us o de ot i mi s mo por
c r i anç as ; t éc ni c as de ot i mi s mo
r el ac i onadas c om o t r abal ho
v endas , v ej a c hamadas f r i as ; t r abal ho e
ot i mi s mo
Ver bal Behav i or ( Sk i nner ) , 32
Vi et ni , Guer r a do, 369
Vi s i nt ai ner , Madel on, 230- 4
Wat er gat e, es c ândal o de, 369
Wei c k er , Lowel l , 266
Wei ner , Ber nar d, 72- 3, 75
Wes t Poi nt , " Ac ampament o de Fer as " ,
209- 11
Pági na 249
Apr enda a s er ot i mi s t a. t x t
Whi t ehead, Al f r ed Nor t h, 112
Wi l k i e, Wendel l L. , 259
Wol pe, J os eph, 112- 3
YoungMan Lut ber ( Er i k s on) , 252, 260
Zul l ow, Har ol d, 254, 259- 67

415

416

O aut or

MARTI N E. P. SELI GMAN, Ph. D. , PROPESSOR DE PSI COLOGI A NA


UNI VERs i dade da Pens i l v âni a, é aut or i dade mundi al em ps i c ol ogi a
pos i t i v a, e em
es t udos de des ampar o apr endi do, depr es s ão, ot i mi s mo e pes s i mi s mo. Sel i gman é
bas t ant e c onhec i do no mei o ac adêmi c o e t ambém na ár ea c l í ni c a, por s eus
l i v r os bem- s uc edi dos e pel os ar t i gos s obr e c ont r ol e pes s oal e c ompor t ament o.
El e pes qui s a o c ompor t ament o dos ot i mi s t as e pes s i mi s t as há mai s de 20 anos ;
s ão es t udos c om t eor c i ent í f i c o el ev ado e apoi ados por i mpor t ant es c ent r os de
pes qui s a dos Es t ados Uni dos : c omo o Nat i onal I ns t i wt e of Ment al Heai t h
( des de 1969, s em i nt er r upç ões ) , o Nat i onal I ns t i t ut e on Agi ng, o Nat i onal
Sc i enc e Foundat i on, a Mac Ar t hur Foundat i on e a Guggenhei m Foundat i on.

Out r as obr as publ i c adas do aut or : Lear ned Hel pl es s nes r , What You Can Change
and What You Can at ( no Br as i l f oi l anç ado c om o t í t ul o O que v oc ê pode e o que
v oc ê não pode mudar ) ; The Opt i mi s t i c Chi l d; Abnor mal Ps y c hol ogy e Aut hent i c
Happi nes s .

No s i t e do Depar t ament o de Ps i c ol ogi a da Uni v er s i dade da Pens i l v âni a


( www. ps y c h. upenn. edu/ s el i gman) ha i nf or maç ões mai s det al hadas s obr e o Dr .
Sel i gman.

Pági na 250

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