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A LEITURA E A
COMUNICAÇÃO HUMANA
1
TOYNBEE, A. J. A civilização posta à prova. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1953.
2
THOMPSON, W. Fundamentals of communication. Nova York: McGraw Hill, 1957.
3
YOAKAM, G. A. Basic reading and instruction. Nova York: McGraw Hill, 1955.
289 289
A TÉCNICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA
1.
O PROCESSO DA LEITURA
A leitura é um processo de interpretar o texto impresso e tem a finalidade de
compreender esse texto. Sendo a leitura um processo, compreende cinco atividades
distintas, a saber:
4
SHEEN, F. J. Angústia e paz. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1959.
290
291
ou
ou ainda
Fulton Sheen cita o trecho de um livro escrito por famoso psicólogo alemão.
Deve existir agora, em uma terceira atividade, verdadeira associação entre as ideias
do autor e do leitor. Se este ignora quem seja o Dr. Jung, começa a ter dificuldades
para compreender a citação. Se não atentar para o fato de tratar-se de uma citação,
pensará que o autor se refere a si próprio. Pode acontecer, ainda, que a leitura seja
interrompida por uma razão qualquer. Nesse caso, a compreensão também fica em
suspenso, visto que a primeira frase não explica o período; é apenas uma intro-
dução ao assunto, o qual somente formará sentido depois da leitura completa do
período. Compreensão parcial não é compreensão, pois não chegamos a apreender
o que o autor pretende transmitir.
A retenção, quarta atividade do processo de leitura, tem sido fartamente estu-
dada pela Psicologia moderna, por tratar-se de uma das três divisões principais do
aprendizado. Como reter o que se leu? Onde fica o que foi lido? Dizem alguns que
no inconsciente. Será a retenção inconsciente?
Woodworth e Marquis defendem a teoria dos traços mnêmicos,5 supondo que
todo processo de aprendizagem deixa algum traço no cérebro, embora admitam
desconhecer a natureza exata desse traço. Os traços mnêmicos vão sendo impressos no
cérebro, à medida que vamos lendo e nos entregamos às três primeiras atividades.
As ideias absorvidas pela leitura vão sendo armazenadas na mente; vamos acu-
mulando pensamentos, ideias, sabedoria. Persistindo os traços mnêmicos durante
algum tempo, o que aprendemos ou o que retivemos com a leitura poderá ser lem-
brado. Durante quanto tempo? A questão é controvertida. Psicólogos extremados
acham que tudo quanto aprendemos, em qualquer tempo, fica para sempre grava-
do no cérebro. Woodworth e Marquis pensam que grande parte do que se aprende
fica esquecido.
Na leitura, só podemos ter a certeza de que o processo se completou se identifi-
carmos a quinta e última atividade, simples consequência da capacidade individual
de retenção. Essa quinta atividade, que coroa o processo da leitura, é a reprodução
que o leitor fará, sempre que necessário, do que leu, ou seja, do que reconheceu,
interpretou, compreendeu, reteve e é capaz de parafrasear:
A citação de Fulton Sheen refere-se ao fato de o Dr. Jung haver encontrado,
na maioria dos clientes que de todos os países e de todas as crenças o procuravam,
mais do que a doença, o desequilíbrio emocional causado pela ausência de Deus,
pela irreligiosidade. Como bispo católico, Fulton Sheen procurou demonstrar,
com as palavras de Jung, a necessidade da religião como imperativo da alma.
5
WOODWORTH, R.; MARQUIS, D. G. Psicologia. São Paulo: Companhia. Editora Nacional, 1959.
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293
2.
COMPREENSÃO
Existem alguns fatores que afetam favoravelmente a compreensão na leitura:6
1. Alta inteligência.
2. Bom vocabulário.
3. Poder de organizar as ideias.
4. Velocidade no reconhecimento do sentido da leitura.
5. Poder de reproduzir as ideias apreendidas.
6
YOAKAM, G. A., op. cit.
A TÉCNICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA
3.
VANTAGENS DA LEITURA
Em nosso país, grande porcentagem de pessoas que ocupam posição de res-
ponsabilidade nunca aprendeu a ler. Aprenderam apenas o início do processo: o
reconhecimento, a interpretação, sem chegar à compreensão e sem jamais ter ouvido
falar em mecânica da leitura. Haja vista o deputado Tiririca eleito em 2010.
O problema não é brasileiro nem recente. É universal e vem de longe. Vol-
taire, no século XVIII, queixava-se: “Lê-se muito pouco, e a maioria das pessoas
que se querem instruir lê muito mal”. “Uma das maiores condenações do sistema
educacional norte-americano está no grande número de diplomados dos cursos
superiores que saem todos os anos das universidades, sem saber ler como devem.” 9
Ler é uma das primeiras habilidades que se aprendem na escola. Mas existe
uma diferença enorme “entre a capacidade de reconhecer e pronunciar palavras e a
capacidade de ler compreensivamente”.10 Existem níveis de leitura, entendendo-se
por nível a relação necessária entre a rapidez e a compreensão da leitura.11
O volume e a qualidade da leitura demonstram a competência social do indi-
víduo; refletem a maturidade individual.
A deficiência na leitura pode afetar toda a existência, todas as carreiras, nas
artes, nas ciências, em qualquer profissão. Ler muito nem sempre significa ler bem.
Há pessoas que mergulham na leitura, esquecidas de que podem, literalmente,
7
Idem.
8
THORNDIKE, E. L. Princípios elementares de educação.São Paulo: Livraria Acadêmica, 1936.
9
SPACHE, G. D.; BERG, P. C. Faster reading for business. Nova York: Thomas Y. Crowell Co, 1955.
10
JOHNSON, W., op. cit.
11
STRANG, R. Study type of reading exercises. Nova York: Thomas Y. Crowell Co., 1951.
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295
1. O amor próprio.
2. A timidez.
3. A paixão.
4. O espírito de crítica.
O amor próprio é inimigo da leitura, pela mesma razão que é muito difícil
a alguém ouvir: ler é renunciar à cogitação de nosso Eu poderoso e onipresente.
Abrir um livro é sempre “um ato de abnegação e de humildade”.14 A timidez e a
12
WITTY, P. A. How to become a better reader. Chicago: Science Research Associates, 1953.
13
FAGUET, E. Arte de ler. Salvador, BA: Livraria Progresso Editora, 1958.
14
Idem.
A TÉCNICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA
paixão são emoções que nos predispõem contra a leitura, que exige objetividade e
certa decisão, a decisão de entrar no pensamento alheio, o que, muitas vezes, pode
ser insuportável ao tímido. O espírito de crítica é companheiro daquelas formas
de antagonismo e preconceito que tanto prejudicam a audição quanto a leitura.
A procura a dois da Verdade transforma-se num duelo entre o autor e o leitor, em
que a compreensão é morta.15
William Sheldon, da Universidade de Siracusa,16 aponta as seguintes causas
mais comuns de leitura deficiente:
15
Idem.
16
SHELDON, W. D.; BRAAM, L. S. Reading improvement for men and women in industry. Nova York:
Syracuse University Press, 1959.
17
PEPPARD, H. Sight without glasses. Nova York: Rinehart, 1957.
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297
4.
LEITURA ORAL E SILENCIOSA
A análise da leitura revela suas duas formas diversas: a oral e a silenciosa. Em-
bora componentes do mesmo processo, ambas têm certas diferenças que tornam
pouco aconselhável desenvolver uma em detrimento da outra.19
Algumas dessas diferenças, citadas pelos Profs. Olympio Carr Ribeiro e Wer-
ther Krause, no Primeiro Seminário de Documentação, realizado, em 1959, na
Secretaria das Finanças da Prefeitura do Município de São Paulo, são as seguintes:
18
FAGUET, E., op. cit.
19
YOAKAM, G. A., op. cit.
A TÉCNICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA
1. Velocidade.
2. Compreensão.
3. Organização.
4. Recordação.
Cada fator deve ser motivo de treinamento específico e, por meio do aper-
feiçoamento da leitura silenciosa, os professores estão hoje, em muitas escolas,
começando a ensinar a estudar.
A leitura, diz Faguet (1958), é feita do que sabemos, do que aprendemos, por-
que já sabíamos, e do que agora sabemos melhor, porque acabamos de aprender.
5.
O MECANISMO DA LEITURA
Vamos supor que, domingo à tarde, V. queira ir ao futebol, que, na segunda-
-feira à noite, tenha de assistir a um concerto sinfônico e que, na terça-feira pela
manhã, esteja programada em sua empresa importante reunião, com a presença de
todos os chefes de departamentos.
Trata-se de três acontecimentos diferentes em suas características: uma partida
de futebol, um concerto sinfônico e uma reunião de negócios. A questão a escla-
recer em primeiro lugar é esta: qual será sua disposição de espírito na manhã de
domingo, na segunda-feira à tarde e ao levantar-se na terça-feira?
Na manhã de domingo, V. sabe que, à tarde, haverá futebol. Na tarde de
segunda-feira, sabe que à noite irá a um concerto. Ao levantar-se na terça-feira,
sabe da reunião a realizar-se dentro de algumas horas. O que é que V. sente em cada
uma dessas oportunidades?
Se gosta de futebol e o jogo é decisivo, V. não vê a hora de estar no Pacaembu
e passará a manhã procurando notícias do jogo nos jornais, nas emissoras de Rádio
e TV e na internet.
Se gosta de música, é provável que passe a tarde prelibando o prazer de ouvir
“Peer Gynt”, reproduzindo a melodia mentalmente e conversando com amigos
sobre a orquestra sinfônica, maestros, solistas, etc. Caso não goste de música e
tenha de ir por obrigação, a preparação será bem diferente: V. estará pensando na
maçada de enfrentar três horas de música, com o risco de cochilar ou dormir pro-
fundamente.
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Pensar em cada situação é suficiente para que nossa predisposição seja diferen-
te em cada caso.
Na leitura, a preparação é indispensável. Não se pode ler uma circular da mes-
ma forma que se lê uma carta confidencial. Ninguém lê histórias em quadrinhos
como lê editoriais. Há, na leitura, necessidade de preparação individual, que depen-
de de uma classificação prévia dos tipos de leitura.
6.
OS TIPOS DE LEITURA
Para ler melhor, o ponto de partida é compreender o princípio geral de que
a natureza do que se vai ler influencia a atitude mental do leitor.20 Esse princípio
faculta a classificação de três tipos básicos de leitura, de acordo com o objetivo que
se almeja alcançar:
1. Leitura apreciativa.
2. Leitura crítica.
3. Leitura assimilativa.
20
THOMPSON, W. op. cit.
A TÉCNICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA
Lyman, citado por Yoakam (1955), admite apenas dois tipos de leitura:
1. Leitura observacional.
2. Leitura assimilativa.
3. Leitura analítica.
4. Leitura recreativa.
5. Leitura oral.
21
WHEAT, C. The teaching of reading. Nova York: Thomas Y. Crowell Co, 1953.
300
301
1. Leitura superficial.
2. Leitura rápida.
3. Leitura normal.
4. Leitura cuidadosa.
22
YOAKAM, G. A., op. cit.
A TÉCNICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA
Na leitura superficial, o leitor passa os olhos pelo texto à procura de algum dado
ou de uma noção geral do conteúdo. É a maneira de consultar o dicionário, a lista
telefônica, ou de procurar tomar conhecimento prévio de um livro, antes de nos
entregarmos a sua leitura.
A leitura rápida é aquela em que se procura apreender o maior número de pala-
vras no menor espaço de tempo. Nós a utilizamos na leitura de revistas, jornais, etc.
A leitura normal é mais lenta do que a anterior, objetivando melhor fixação e
retenção do texto. É a forma de leitura que habitualmente adotamos no escritório,
ao consultarmos nossos papéis, ou aquela de que nos valemos para ler qualquer livro.
A leitura cuidadosa é a mais lenta de todas, tendo em vista a importância do
conteúdo ou a necessidade de reter pormenores.
A velocidade da leitura tende a variar de acordo com sua finalidade. Faguet é
entusiasta da leitura vagarosa: “Para aprender a ler, é preciso, antes de mais nada,
ler lentamente, tanto para deleitar-se, como para instruir-se ou criticar”.23 Faguet
admitia a classificação dos três tipos básicos de leitura adotada, mais tarde, por
Thompson e Yoakam.
Toda a “Arte de Ler”, de Faguet, é uma apologia da leitura vagarosa, consi-
derando a precipitação “uma modalidade de preguiça”. Admite ainda um tipo de
leitura ao qual denomina ler com os dedos, isto é, folhear de tal modo que, no final
das contas, os dedos têm mais trabalho que os olhos, na procura de trechos curiosos
e essenciais do livro. Esse método dos colecionadores de ideias tira todo o prazer da
leitura, substituindo-o pela caça.24
Recomenda Faguet ler-se pouco menos lentamente os autores que escrevem
sobre os sentimentos; nesse gênero de leitura romântica, o melhor é deixar-se levar.
Os poetas e os oradores devem ser lidos, inicialmente, em voz baixa, e, depois, em
voz alta.
7.
POR QUE SE LÊ MAL?
O fato de muitos adultos serem maus leitores está ligado ao fato de ser a
leitura, na história do homem, acontecimento de aquisição recente. Há cento e
cinquenta anos, nos países mais civilizados do mundo, pelo menos metade da po-
pulação não sabia ler!
23
FAGUET, E., op. cit.
24
Idem.
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JHLS
GAMÃO CARGO
A primeira linha não tem qualquer significação. São apenas quatro letras.
A segunda consta de duas palavras sem ligação entre si. São dez letras.
A terceira linha mostra cinco palavras formando sentido, e compostas de
dezesseis letras.
Qualquer pessoa nota que essas dezesseis letras com significação podem ser
lidas com facilidade igual ou maior que as quatro letras sem sentido, ou as duas
palavras sem ligação entre si.
Essa experiência demonstra que se lê com maior rapidez e facilidade quando
a significação é evidente. Quem deseja aperfeiçoar sua capacidade de ler precisará
começar aprendendo a importância de ler pelo significado.
A maioria das pessoas não tem consciência de que, parte do tempo em que lê,
permanece cega. Se V. procurar observar num espelho como se movem seus olhos,
não os poderá ver porque os olhos ficam como cegos quando se movem. Lê-se por
intermédio de fixações sucessivas, e não com os olhos deslizando; os olhos funcio-
nam intermitentemente na leitura, como aqueles faróis que se apagam e acendem
para a transmissão de mensagens à noite, de navio a navio. Os olhos não correm da
maneira como os atletas agem nas corridas rasas; correm, saltando os obstáculos.
Entre uma fixação e a seguinte, existe um ponto em que simplesmente nada se vê.
Graficamente, a representação da leitura poderia ser feita da seguinte maneira:
Essas pausas são as fixações, e durante os saltos tudo aparece nublado. Conse-
quentemente, a boa leitura depende do número de fixações por linha.
Um mau leitor vai até doze fixações por linha. Um bom leitor faz apenas a me-
tade dessas fixações. Um mau leitor precisa fixar letra por letra para compreender a
palavra, enquanto o bom leitor pega a palavra inteira, ou mais de uma palavra, em
cada fixação. Assim, também a duração das pausas é importante na leitura: o mau
leitor para mais tempo na fixação – suas pausas são mais longas. Existem casos em
que o leitor é tão deficiente, que, além de somente fixar-se em uma letra de cada
vez, soletra em voz alta. Soletrar não é ler, pois lê-se com o cérebro, e não com os
lábios. O cérebro é muito mais rápido do que os lábios.
8.
ÁREA DE FIXAÇÃO
Na leitura, os olhos caminham aos saltos, de fixação em fixação. A arte da
leitura está, pois, presa à área de fixação, à superfície que os olhos podem abarcar de
uma vez. A área de fixação é muito grande, pois facilmente abarcamos com a vista
quilômetros de paisagem. Na leitura, porém, a área de fixação é limitada, como os
nossos olhos estariam numa paisagem, procurando concentrar-se em árvores, casas,
montanhas, animais, nos detalhes que desejamos fixar.
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4 1
Fixe os olhos no número 1. É provável que V. leia com uma só fixação o número 41.
Escreva um terceiro número na extremidade da direita:
4 1 3
Fixe os olhos no número 1. Agora, V. deve estar lendo em uma só fixação, 413.
Preencha os espaços vazios com mais dois números:
4 7 1 6 3
Três Caro
1o quadro 1o quadro
2o quadro 2o quadro
3o quadro 3o quadro
9.
VELOCIDADE DE LEITURA
Para aumentar a velocidade na leitura é preciso diminuir o número de fixações
por linha.
Tomemos esta linha:
Mecanicamente, a leitura consiste numa
Ler bem essa linha depende de nossa área de fixação inteligível. Por exemplo:
Mecanicamente | a leitura | consiste numa
3 Fixações
Mecani | camente | a | leitu | ra | consis | te | numa |
8 Fixações
Me | ca | ni | ca | men | te | a | lei | tu | ra | con | sis | te | nu | ma |
15 Fixações
Como a leitura consiste em uma série de movimentos dos olhos, que se fixam
numa palavra, em uma sílaba ou em um grupo de palavras por uma fração de segun-
dos, a velocidade de leitura depende de quatro condições principais:
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1 0 450
1 5 415
1 10 385
1 15 360
1 20 335
1 25 315
1 30 300
1 35 285
1 40 270
1 45 255
1 50 245
1 55 235
2 0 225
2 5 215
2 10 205
2 15 200
2 25 185
2 35 175
2 45 165
2 50 155
A TÉCNICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA
5o – Verifique o relógio e tire a média das páginas lidas por minuto, anotando-a.
Esse exercício deve ser repetido e, pela continuidade, V. terá elementos para ir
acompanhando seu progresso.
Embora a leitura seja um fato individual, as universidades norte-americanas
adotam metas de velocidade de leitura, as quais podem servir de base, no Brasil, a
estudos que, nesse sentido, venham a realizar-se em nossas escolas superiores:
Metas de Leitura
A meta satisfatória para qualquer pessoa normal é de 400 palavras por minuto.
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10.
TÉCNICAS DE LEITURA
Existem três técnicas de leitura que habitualmente se empregam de forma
inconsciente. Identificadas, passam a pertencer ao número dos atos conscientes e
voluntários, contribuindo para que se leia melhor. Estas técnicas são:
de palavras.
3 regra: Marque seu resultado e estabeleça com V. mesmo uma competição
a
de eficiência na leitura.
A TÉCNICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA
Para ler passando os olhos, V. pode aperfeiçoar ou criar uma técnica indivi-
dual, baseando-se na leitura de jornais e em certos princípios:
Com alguma prática, é possível, numa só fixação, ler por cima cinco a seis
linhas impressas.
No dicionário, convém correr os olhos nas colunas de cima para baixo, apenas
na primeira palavra, a qual, em geral, para maior facilidade desse tipo de leitura, é
impressa em tipos maiores ou em cores mais fortes que o restante do texto.
Calcula-se, como bom nível de leitura, três a quatro fixações por linhas de
doze palavras. Uma boa fixação reúne, em uma só pausa, de três a quatro palavras.
Outro recurso de resultados surpreendentes para aumentar a velocidade da
leitura é o de fixar-se na metade mais significativa da palavra.
Vejamos esta palavra:
ARISTOCRACIA
ARISTOCRACIA
ARISTO | CRACIA
ARISTO
CRACIA
ANTO | NIO
ANTO
NIO
310
311
MET|ADE
MET
ADE
11.
O TREINAMENTO DA LEITURA
Ler para matar o tempo é a mesma coisa que solucionar
erradamente problemas de matemática.
(DONALD LAIRD)
25
LAIRD, D. A.; LAIRD, E. C. Psicologia práctica de los negocios. Barcelona: Ediciones Omega, 1959.
26
BUARQUE de HOLLANDA, A. Pequeno dicionário brasileiro da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Editora Civilização Brasileira, 1960 .
312
313
27
YOAKAM, G. A., op. cit.
A TÉCNICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA
de dezenas de passageiros entregues a sua perícia. O Sr. José Nava, quando chefe do
gabinete de Psicotécnica do Departamento Estadual de Trânsito, em Minas Gerais,
publicou um livro sobre audição e visão, especialmente dirigido a motoristas para
quem esses dois sentidos são essenciais.28 Nos Estados Unidos, professores de au-
toescolas têm demonstrado a dezenas de milhares de motoristas como melhorar as
possibilidades de evitar acidentes, mediante a plena utilização da capacidade visual.
Um aparelho utilizado em universidades norte-americanas prende a página de
um livro sobre a qual corre uma cortinazinha opaca, que vai descendo e tapando
linha por linha, em períodos de tempo cada vez mais curtos. Esse aparelho obriga
a pessoa a ler rapidamente, pois, caso contrário, deixará de ler pedaços de linha ou
linhas inteiras.
Há um sistema que qualquer pessoa pode adotar para aperfeiçoar sua capa-
cidade de leitura. Escreva, em fichas de cartolina branca ou em material similar,
frases de 1, 2, 3, 4 e 5 palavras, ou 1, 2, 3, 4 e 5 palavras soltas. O exercício consiste
em procurar ler cada cartão de uma só vez, em uma só fixação. Uma coleção de 50
cartões de “flash” constitui material bastante para um treinamento diário, durante
largo espaço de tempo.
Cartões de “Flash”
No 1 – frase
No 2 – palavras soltas
No 3 – frase
Tinta porta
No 4 – palavras soltas
28
NAVA, J. Psicologia prática: Visão e audição. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1959.
314
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Dois maus hábitos muito comuns na leitura são ler mexendo os lábios e ler
movimentando a cabeça, no mesmo sentido em que os olhos se movimentam, da
esquerda para a direita.
Para V. saber se efetivamente mexe com os lábios, na próxima vez que ler,
coloque levemente a ponta dos dedos sobre os lábios: sente seus lábios se moverem?
Constitui velho exercício, mas nem por isso menos eficiente, sustentar um pe-
queno objeto entre os lábios enquanto estiver lendo: é maneira segura de suspender
seus movimentos.
Para não mexer a cabeça, V. precisa convencer-se de que, para ler, seus olhos
é que devem movimentar-se, e não a cabeça. Leia com a cabeça imóvel; apenas seus
olhos devem movimentar-se.
Uma empresa fornecedora de Energia Elétrica popularizou a frase: “A boa luz
é a vida de seus olhos”. A Associação Brasileira de Normas Técnicas publicou, há
tempos, um opúsculo sobre Níveis de Iluminamento de Interiores, estabelecendo
valores em lux – um lux igual a um lúmen por metro quadrado – para todos os
tipos de trabalho que exigem o sentido da visão. As variações vão desde 60 lux
recomendados para salas de espetáculos, salas de espera e foyers até 5.000 lux para
as mesas de operação de alta cirurgia. Nas escolas, são suficientes, nas salas de aula,
de 200 a 350 lux, enquanto nos escritórios os valores oscilam entre 250 lux para
leitura e 400 lux para cálculos, projetos e leitura de plantas.
A perda da acuidade visual sobrevém quando cansamos os olhos com a leitura,
e essa perda é maior na proporção da má iluminação:
12.
PARA LER MELHOR
A leitura na mocidade é a mesma coisa que olhar a lua através
de uma persiana; na idade adulta, é olhar a lua de um corredor;
na velhice, é olhar a lua da amplidão de um terraço.
(CHANG CH’AO)
29
LAIRD, D. A.; LAIRD, E. C., op. cit.
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