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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA -

UCAN
UC – ECONOMIA MONETÁRIA E FINANCEIRA

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

Capítulo 2
Gestão da Carteira

Manuel Café Bamba & Edmiro Vaz Domingos


03
OBJECTIVOS Novembro

DO
Objectivos Específicos
CAPÍTULO
• Explicar conceitos básicos de gestão de carteiras

• Entender como os riscos dos activos podem ser

identificados

• Analisar como mitigar os riscos dos activos na óptica de

gestão eficiente de uma carteira de investimentos

• Decidir sobre oportunidades de investimento tendo em

conta a relação risco-retorno

2 Manuel Café Bamba & Edmiro Vaz Domingos


03
PLANO Novembro

DO
Gestão da Carteira
CAPÍTULO

1. Rendibilidade e Risco de um Título

2. Carteira de Títulos

3. Estratégia de Diversificação do Risco da Carteira

4. Fronteira Eficiente de Markowitz

5. Escolha da Carteira Óptima

6. Activo sem Risco (Modelo de Tobin)

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RISCO E RETORNO DE UM ACTIVO FINANCEIRO

O que é risco e
o que é
retorno?

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O QUE É O RISCO E O QUE É RETORNO

Definição de “Risco”

Probabilidade de ocorrer um acontecimento futuro com


impacto negativo no património do investidor.

O risco é medido pela variância ou desvio-padrão da


distribuição de probabilidades da taxa de rendibilidade
associada a um título ou carteira de títulos.

A rendibilidade potencial da aplicação do investidor é medida


pela média ou valor esperado da distribuição de
probabilidades da taxa de rendibilidade associada a um título
ou carteira de títulos.

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RENDIBILIDADE E RISCO DE UM ACTIVO

▪ Um investidor racional (não saciável e avesso ao risco) procura maximizar a rentabilidade das
suas aplicações e simultaneamente minimizar o risco das mesmas.

▪ O comportamento do investidor, assim, estará condicionado por duas forças de sinal contrário:

1. Rendimento – entendida como a média ou o valor esperado da distribuição de


probabilidades da taxa de rendibilidade associada a um título ou carteira de títulos
corresponde à rendibilidade potencial da aplicação;

2. Risco – traduzido pela variância ou desvio-padrão da distribuição de probabilidades da taxa


de rentabilidade associada a um título ou carteira de títulos corresponde ao seu risco.

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RENDIBILIDADE E RISCO DE UM ACTIVO

▪ Considere o dividendo ( 𝐷𝑡 ), que é a remuneração gerada por um título (acção) durante o


horizonte temporal do investimento.

▪ Considere, igualmente, os ganhos/perdas de capital (ou mais/menos-valias), que são


determinados pela diferença entre o preço de venda (𝑃𝑡 ) e o preço de aquisição do título (𝑃𝑡−1 ).

▪ A taxa de rendibilidade deste activo, determinada a posteriori ou ex-post, é dada pela seguinte
expressão:
𝑷𝒕 − 𝑷𝒕−𝟏 + 𝑫𝒕
𝑹𝒕 =
𝑷𝒕−𝟏

▪ O cálculo da taxa de rendibilidade requer formação de expectativas sobre a remuneração a obter


no período e sobre o valor do título no fim do período.

▪ A rendibilidade obtida de forma ex-ante, que um activo financeiro gera durante o horizonte
temporal de investimento, é uma variável aleatória, assumindo distintos valores aos quais
associamos determinadas probabilidades.

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RENDIBILIDADE E RISCO DE UM ACTIVO

▪ Assim, a estimativa da rendibilidade esperada para o título deve ser baseada na expectativa de
rendibilidades de cenários de evolução do activo financeiro:

E(𝑹𝒊 ) = σ𝒏𝒊=𝟏 𝑷𝒊 𝑹𝒊
▪ Sendo
n o número de cenários futuros admissíveis para o activo financeiro;
𝑷𝒊 a probabilidade (subjectiva) de ocorrência de cada cenário;
𝑹𝒊 a rendibilidade gerada pelo título i em cada cenário.

▪ O nível de risco associado ao investimento resulta do grau de variabilidade da sua rendibilidade


face à sua média, sendo medido pelo desvio-padrão da rendibilidade esperada:

𝝈𝟐𝒊 = σ𝒏𝒊=𝟏 𝑷𝒊 (𝑹𝒊 − 𝑬(𝑹𝒊 ))𝟐

𝝈𝒊 = ෍ 𝑷𝒊 (𝑹𝒊 − 𝑬(𝑹𝒊 ))𝟐


𝒊=𝟏

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PLANO Novembro

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Gestão da Carteira
CAPÍTULO

1. Rendibilidade e Risco de um Título

2. Carteira de Títulos

3. Estratégia de Diversificação do Risco da Carteira

4. Fronteira Eficiente de Markowitz

5. Escolha da Carteira Óptima

6. Activo sem Risco (Modelo de Tobin)

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CARTEIRAS DE TÍTULOS

▪ O investidor racional, ao procurar maximizar a rendibilidade e minimizar o risco, enfrenta um


problema de escolha de combinação de títulos (ou carteira) que melhor se adapta aos seus
objectivos.

▪ Para tal, o investidor terá de identificar os títulos em que deve investir, bem como as proporções
do investimento total a aplicar em cada título.

▪ A rendibilidade esperada da carteira de títulos é dada pela média dos valores esperados das
rendibilidades dos títulos que compõem a carteira, ponderadas pela proporção do montante
monetário investido em cada um desses títulos, ou seja,

E(𝑹𝒑 ) = σ𝒏𝒊=𝟏 𝒙𝒊 𝑬(𝑹𝒊 )


▪ Sendo
n o número de títulos que compõem a carteira;
𝒙𝒊 a proporção/peso relativo do título i na carteira, com σ𝑛𝑖= 𝑥𝑖 = 1;
𝑬(𝑹𝒑 ) a rendibilidade esperada para a carteira;
𝑬(𝑹𝒊 ) a rendibilidade esperada para o título i.

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CARTEIRAS DE TÍTULOS

▪ O risco da carteira é dada pela expressão seguinte:


𝝈𝟐𝒑 = σ𝒏𝒊=𝟏 σ𝒏𝒋=𝟏 𝒙𝒊 𝒙𝒋 𝝈𝒊𝒋

𝝈𝒑 = σ𝒏𝒊=𝟏 σ𝒏𝒋=𝟏 𝒙𝒊 𝒙𝒋 𝝈𝒊𝒋

Com 𝜎𝑖𝑗 a covariância entre as rendibilidades esperadas dos títulos i e j. a covariância mede a relação
linear existente entre as duas taxas de rendimento: nula, se for igual a zero; directa, se positiva; ou,
inversa, se negativa.
▪ A covariância é dada pela expressão seguinte:

𝝈𝒊𝒋 = E 𝑹𝒊 − 𝑹𝒊 𝑹𝒋 − 𝑹𝒋
▪ O coeficiente de correlação linear entre as rendibilidades dos títulos i e j é dado por:
𝝈𝒊𝒋
𝝆𝒊𝒋 = , sendo -1 ≤ 𝜌𝑖𝑗 ≤ +1
𝝈𝒊 𝝈𝒋

✓ Se 𝜌𝑖𝑗 = +1, existe uma correlação linear positiva perfeita entre as taxas de rendibilidade dos
títulos i e j;
✓ Se 𝜌𝑖𝑗 = -1, existe uma correlação linear negativa perfeita entre as rendibilidades;
✓ Se 𝜌𝑖𝑗 = 0, as rendibilidades dos títulos i e j são linearmente correlacionadas.

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CAPÍTULO

1. Rendibilidade e Risco de um Título

2. Carteira de Títulos

3. Estratégia de Diversificação do Risco da Carteira

4. Fronteira Eficiente de Markowitz

5. Escolha da Carteira Óptima

6. Activo sem Risco (Modelo de Tobin)

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ESTRATÉGIA DE DIVERSIFICAÇÃO DO RISCO

Um investidor racional, ao procurar maximizar a rentabilidade e minimizar o risco, prossegue uma


estratégia de diversificação, na medida em que a diversificação contribui para a redução do risco.

A minimização do risco depende, em parte, do grau de diversificação. Quanto maior o número de


títulos (tipologia) a integrar numa carteira de investimentos, menor será a sujeição ao risco
específico a cada um dos títulos.

No gráfico abaixo é apresentado o risco de uma carteira em função do número de títulos que são
incorporados nessa carteira. Como se pode observar, o risco da carteira (desvio-padrão) diminui à
medida que se introduzem mais títulos numa carteira (n aumenta), efeito diversificação.
σ
2,8
2,6
2,4
Risco Diversificável ou Risco não 2,2
Sistemático ou Risco Específico do 2,0
1,8
activo
1,6
Risco Único
1,4
toal
1,2
1,0
0,8
Risco

Risco não Diversificável ou Risco 0,6


Sistemático ou Risco de Mercado 0,4
0,2
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
n

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ESTRATÉGIA DE DIVERSIFICAÇÃO DO RISCO

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ES T R A T É G I A D E DI V E R S I F I C A Ç Ã O D O RI S C O

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ESTRATÉGIA DE DIVERSIFICAÇÃO DO RISCO

Observa-se então que, à medida que n cresce, a contribuição da variância individual das taxas de
rendibilidade de cada activo para a variância da carteira tende para zero. Por outro lado, a contribuição
das covariâncias aproxima-se da covariância média.

Concluímos, por isso, que o risco total de uma carteira pode ser reduzido via diversificação. No entanto,
uma carteira completamente diversificada possui um determinado nível de risco, o risco de mercado.

Assim, um título possui:

▪ Risco Específico (ou Não Sistemático) – resulta de factores que afectam apenas o
comportamento do título em análise (ou de um conjunto limitado de títulos) e nunca a totalidade dos
títulos transaccionados no mercado, como sejam o risco de empresa, risco de sector, etc.

▪ Risco de Mercado (ou Sistemático) – decorrente de factores que afectam o comportamento de


todos os títulos do mercado (mas não necessariamente com a mesma magnitude). É o caso, por
exemplo, dos ciclos económicos, o nível das taxas de juro, e o preço de matérias-primas essenciais
(o petróleo).

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1. Estratégia de Diversificação do Risco da Carteira

2. Fronteira Eficiente de Markowitz

3. Escolha da Carteira Óptima

4. Activo sem Risco (Modelo de Tobin)

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CARTEIRAS EFICIENTES POSSÍVEIS

É possível construir um número infinito de carteiras, seleccionando um número limitado de títulos, se


realizar a variação do peso relativo de cada título na carteira – Conjunto de Oportunidades de
Investimento (conjunto de todas as carteiras que é possível construir com base nos títulos
disponíveis).

Um investidor consegue atingir uma qualquer combinação, incluindo as que correspondem aos pontos
da linha fronteira, alterando a composição da carteira (proporções), no espaço média-variância.

O ponto mvp (minimum variance portfolio) representa a carteira de variância mínima, ou seja, a
combinação de títulos com menor variância entre todas as carteiras que é possível construir, dado o
conjunto de títulos individuais disponíveis.
Ε(Rp) Combinações Eficientes

mvp

Combinações Possíveis

σp
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CARTEIRAS EFICIENTES POSSÍVEIS

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CARTEIRAS EFICIENTES POSSÍVEIS

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CA R T E I R A S EF I C I E N T E S PO S S Í V E I S

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CARTEIRAS EFICIENTES POSSÍVEIS

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1. Estratégia de Diversificação do Risco da Carteira

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3. Escolha da Carteira Óptima

4. Activo sem Risco (Modelo de Tobin)

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ESCOLHA DA CARTEIRA ÓPTIMA

O investidor considera as carteiras eficientes, ou seja, o conjunto de carteiras que formam a Fronteira
Eficiente.

A Fronteira Eficiente corresponde ao conjunto das combinações de títulos que maximizam a


rendibilidade para um dado nível de risco e que minimizam o risco para um dado nível de rendibilidade.

Uma carteira é eficiente quando não existe nenhuma outra que proporcione maior rentabilidade para
igual nível de risco ou, alternativamente, menor risco para idêntica rentabilidade.

Carteira Óptima – carteira que maximiza o nível de satisfação do investidor, dadas as suas
preferências e as condições de mercado.

Em termos de rentabilidade e risco, as preferências do investidor podem ser formalizadas com base
numa função de utilidade, que pode ser representada graficamente através de curvas de indiferença.

As carteiras situadas sobre a mesma curva de indiferença possuem igual utilidade esperada.

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ESCOLHA DA CARTEIRA ÓPTIMA

Assim, o investidor deverá escolher a carteira que se situe sobre a fronteira eficiente e,
simultaneamente, se situe sobre a curva de indiferença mais afastada do eixo horizontal do espaço
rentabilidade-risco.

A carteira óptima é dada pelo ponto de tangência entre a fronteira eficiente e a curva de indiferença
mais afastada do eixo horizontal.

UB
Ε(Rp)

UA Título 2
Carteira Óptima do Investidor B

mvp Carteira Óptima do Investidor A

Título 1

σp
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1. Estratégia de Diversificação do Risco da Carteira

2. Fronteira Eficiente de Markowitz

3. Escolha da Carteira Óptima

4. Activo sem Risco (Modelo de Tobin)

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ACTIVO SEM RISCO

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ACTIVO SEM RISCO

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ACTIVO SEM RISCO

Para qualquer ponto entre A e B, está a investir-se positivamente em ambos os activos. Neste caso, diz-
se que o investidor está a emprestar ao comprar o activo sem risco (lending). Posições à direita do
ponto B significam que o investidor está a pedir emprestado (borrowing), pois endivida-se no activo
sem risco com vista a angariar fundos para investir no activo 1.

Como se pode saber, qualquer investidor prefere mais rendimento a menos e menos risco do que mais.
Assim, para que uma carteira seja eficiente não pode existir outra carteira com (i) a mesma taxa de
rendimento e menor risco; (ii) ou com o mesmo risco e uma taxa de rendimento superior; (iii) ou ainda
com menos risco e uma taxa de rendimento mais elevada.

Ε(Rp)

borrowing
B
Ε(R1)
lending

A Rf
σ1 σp
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ACTIVO SEM RISCO

Como se viu, a carteira deverá pertencer à fronteira eficiente. Sabe-se também, através da teoria da
escolha, que a carteira óptima deve maximizar a utilidade esperada, isto é, atingir a curva de
indiferença mais alta. Combinando estes dois resultados, podemos concluir que a forma de determinar
a carteira óptima passa pela determinação do ponto de tangência entre a fronteira eficiente e a mais
alta curva de indiferença. Para determinar este ponto é necessário igualar a inclinação da fronteira
eficiente à inclinação da curva de indiferença. O mesmo é dizer que se deve igualar a taxa marginal de
transformação à taxa marginal de substituição (que aprendemos em microeconomia), ou seja,

Carteira Óptima
Ε(Rp) I3
I2
I1

Ε(Rp*)

σp* σp
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ACTIVO SEM RISCO

Ε(Rp)

T FΕ
Ε(Rp)

mvp

Rf

σp σp
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ACTIVO SEM RISCO

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PLANO
DE
FORMAÇÃO

Questões?

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