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1 - O Ensino da Música em Portugal.

1.1.Falar sobre o ensino da música em Portugal (subsistemas) e respetivas


finalidades.

Decreto-Lei 344/90 – Lei-Quadro da Educação Artística: estabelece as bases gerais da


organização artística pré-escolar, escolar e extraescolar, tornando a Educação Musical obrigatória
desde o 1º até ao 6º ano. É aqui que a educação artística passar a ter os 3 subsistemas.

Educação Artística Genérica é destinado a todos os cidadãos, independentemente dos seus


talentos e aptidões específicos. Vocacional é destinado a indivíduos com aptidões e talentos
específicos comprovados; com dec-lei 310/83 de 1 julho, foi possível a integração das artes no
sistema geral de ensino, criando a escola vocacional; ensino vocacional com 3 regimes de
frequência: articulado, integrado e supletivo. Ensino Profissional aparece na década de 90 com
o objetivo de formar músicos mais rapidamente sem correspondência académica necessária.
Posteriormente, começaram a atribuir diploma de certificação de nível II para alunos de 9º ano e
certificação profissional de nível III para 12º ano de escolaridade.

1.2. Identificar a reforma de 1983 e mencionar os aspetos mais significativos.

Reforma de 1983 através do Decreto-Lei 310/83, de 1 de julho, teve como principais marcos:

• Inserção das artes no sistema geral de ensino, tendo sido criadas áreas vocacionais de
Música e de Dança;
• Plano de Estudos: componente de formação geral e de formação especializada
• Criação de regimes de frequência: articulado, integrado e supletivo
• Criação da escola vocacional de música nos ensinos básico, secundário e superior.
2 O Processo de ensino e aprendizagem em Portugal
2.1. Discriminar as competências musicais envolvidas no processo de ensino.

Competências motoras, auditivas, de leitura, performativas e expressivas.

2.2. Comentar afirmação de Schafer: “Sempre resisti à leitura musical, porque


ela incita muito facilmente a um desvio de atenção para o papel e para o
quadro-negro, que não são sons.”

Schafer critica ensino da música tradicional que coloca o seu foco na teoria e notação e que
pode desviar a atenção da essência da música. O pensamento de Schafer está alinhado com a
Escola Nova, valorizando a interação direta com o som em detrimento da leitura musical e a
descoberta pessoal – aprendizagem centrada no aluno. Schafer defendia o desenvolvimento de
habilidades musicais de forma natural antes da introdução da notação musical, privilegiando a
experiência sonora e a criatividade.

3 Teorias Estéticas. Em que consiste as 3 teorias estéticas?

Formalismo Absoluto

O significado da música é somente intelectual e racional, pondo de parte o significado


externo, social ou emocional da obra, enfatizando apenas os elementos formais da obra musical,
análise estrutural e formal. O êxtase artístico refere-se a emoções intelectuais que resultam da
análise das propriedades musicais de uma obra. O valor de uma obra musical reside na qualidade
do material musical - fenómenos sonoros. No ensino da música, o Formalismo centra-se no
desenvolvimento de competências musicais e a sua aplicação na música é verificada através do
talento e vocação.

Expressionismo Absoluto

Defende a significação da música na perceção e compreensão das relações musicais da


obra, estimulando sentimentos e emoções no ouvinte. Procura transmitir expressividade pessoal,
subjetiva e autenticidade emocional do artista. No ensino da música, para além das competências
musicais (auditivas, performativas, expressivas, de leitura…), deve ser promovido o
desenvolvimento do autoconhecimento, devendo ser objetivo principal em qualquer contexto de
ensino da música. Este deve ser orientado para a prática e a experiência musical, proporcionando
maior impacto emocional nos alunos.

Referencialismo

A posição referencialista enfatiza que os significados da música se referem ao mundo


extramusical dos conceitos, ideias, emoções, atitudes, isto é, fora da composição e das qualidades
puramente artísticas da obra. O significado e valor de uma obra de arte existem exteriormente à
própria obra, procurando interpretar significados e mensagens. O Referencialismo considera o
contexto cultural, social e histórico como elementos fundamentais na compreensão da obra. Arte
tem capacidade de comunicar mensagens, contar histórias e refletir sobre a realidade – música
programática e música absoluta. No ensino da Música, os referencialistas defendem uma
aprendizagem centrada no desenvolvimento de competências não musicais, destacando os valores
não artísticos, tendo como finalidades: criar melhor cidadãos e melhores trabalhadores;
desenvolver a autoestima e a autodisciplina. Professores estabelecem comparações entre músicas
e outras formas de arte ou adicionam histórias à obra musical.
4 A Filosofia da Música
4.1. Falar sobre Teoria Estética de B. Reimer.

Na Teoria Estética de Reimer, uma obra musical é uma forma expressiva, capaz de produzir
uma experiência subjetiva do sentimento, que constitui o significado da música. O trabalho
musical é definido pela qualidade intrínseca da sua forma expressiva. A definição de música de
Reimer destaca o desenvolvimento cognitivo e a autonomia. O professor adota uma linguagem
descritiva, simbólica e não interpretativa sobre a obra, criando um ambiente que permita aos
alunos explorar e expressar as suas emoções através da música. A Educação Musical deve ter o
seu foco na escuta percetiva a uma variedade de obras musicais e no desenvolvimento da
sensibilidade.

4.2. Falar sobre Teoria Praxialista de Elliot.

Na filosofia de Elliott, a música é cognitiva por completo, sendo intencional, contextual,


multidimensional e diversificada. Tem como base ouvir e fazer música, envolvendo pensamento
ou cognição. Musicalidade é uma forma de conhecimento prático, processual e não-verbal.
Portanto, a música é cognição (requer pensamento) e ação (forma não-verbal de pensamento e
conhecimento). Elliott defende que antes de ouvir música, deve haver alguma experiência em
fazer música. Nas obras musicais, devem estar sempre presentes a interpretação, o projeto musical
que evidencia tradições da prática e informação cultural-ideológica, ou seja, a educação musical
é multicultural. Já a expressão de emoções e as representações musicais não precisam de estar
presentes em todos os trabalhos musicais. Fazer música é essencial para o desenvolvimento do
autoconhecimento, auto crescimento e prazer.

5 Movimento da Escola Nova rompeu com a Escola Tradicional. Mencionar os


modelos de ensino e aprendizagem e identificar principais características.

O movimento da Escola Nova engloba os modelos centrado no aluno e no grupo,


contrapondo-se ao Modelo de ensino tradicional.

O Modelo Tradicional, centrado no professor, tem como objetivo principal a transmissão de


conteúdos, dando primazia à partitura. O formando deve comportar-se de forma passiva e o
formador possui todo o controlo e autoridade sobre o processo de ensino e o seu ritmo de
aprendizagem – processo unidirecional. Modelo com ausência de atividades que promovam a
criatividade e autonomia do aluno (improvisação e composição).

No Modelo Centrado no Aluno, o ensino ocorre em função dos interesses, experiências e


necessidades dos alunos. O professor adota um papel mediador e flexível; o aluno aprende ao seu
próprio ritmo, interpretando a informação de acordo com a sua experiência pessoal. Primazia do
som em detrimento da leitura musical.

O Modelo Centrado no Grupo baseia-se em ambientes de trabalho colaborativo, onde o


conhecimento é construído com base na interação entre todos os elementos do grupo. O professor
assume um papel de facilitador de troca de informação e de conhecimento entre alunos. Este
modelo tem como objetivos o desenvolvimento da criatividade, capacidades de comunicação
interpessoal, atitude crítica e espírito de grupo.

6 Falar sobre a Teoria da Aprendizagem Musical (TAM) de E. Gordon.

Teoria de Aprendizagem Musical (TAM) tem com o objetivo desenvolver capacidade de


compreender os fenómenos auditivos mentalmente, a Audiação, nomeadamente tonal e rítmica.
Para os alunos conseguirem tocar, improvisar e compor, devem conseguir “audiar” em 1º lugar.
A aprendizagem sequencial constitui o Vocabulário Musical da TAM: inicialmente, a criança ouve
padrões musicais antes de imitá-los e a leitura musical é introduzida só após essas etapas. Para
facilitar a aprendizagem (rítmica e tonal), Gordon utilizou sílabas criando o seu próprio sistema
com base nas relações auditivas dos padrões rítmicos que são audiados, em vez dos nomes da
duração das notas. Para Gordon, a improvisação musical é o culminar de todo o desenvolvimento
musical, ocorrendo após a audiação completa e assimilação de um amplo vocabulário musical.

7 Falar sobre 2ª geração dos métodos ativos.

Swanwick

Swanwick criou 2 modelos de ensino: CLASP e Teoria Espiral do Desenvolvimento. Adotou


uma metodologia baseada na composição, audição e interpretação, acrescentando mais 2
parâmetros: Estudos Literários e aquisição de competências, dando origem à sigla CLASP.
Composição: refere-se à invenção musical com junção de sons de forma expressiva; audição:
concentrar todo o foco no que se está a ouvir, ser ouvinte empenhado; interpretação: envolve
capacidades técnicas e preparação prévia; estudos literários de partituras, de caráter histórico e
crítico sobre a música; aquisição de competências: de perceção auditiva, de fluência na escrita
e leitura, controlo técnico.

John Paynter

Pedagogo que rompeu com o modelo tradicional de ensino, propondo uma educação orientada
para a ampliação da capacidade auditiva. Paynter defende a vivência musical como centro do
processo de ensino, através da exploração e experimentação de qualquer material sonoro
(incluindo ruído); a improvisação; defende a composição como base para a educação musical –
“composição empírica”; trabalhava com música simples e abrangente no que toca a estilos e
técnicas, permitindo uma variedade de experiências.

Murray Schafer

Pedagogo que a obra “O Ouvido Pensante”, que compila relatos de experiências em sala
de aula. Schafer desenvolveu os conceitos de Paisagem Sonora e Ecologia Sonora, com o
objetivo de estudar o meio ambiente sonoro, propondo uma “escuta pensante” a todos os ruídos
existentes no meio envolvente, transformando a poluição sonora em sons agradáveis.

Paisagem sonora – É um conjunto de sons do ambiente (sons naturais, humanos,


tecnológicos). Schafer propõe focarmos a nossa atenção nesses sons e ruídos do quotidiano e
observar o seu impacto no nosso bem-estar. Neste sentido, ele propõe a “escuta pensante” que
consiste nesta contemplação do ambiente sonoro, transformando a poluição sonora em sons
agradáveis. Ecologia Sonora – Refere-se à ciência que estuda os efeitos do ambiente acústico e
das paisagens sonoras, com consequências físicas e comportamentais nos seres vivos.

8 Pedagogias musicais do séc. XX. Escolher 2/3 pedagogos e referir em que


medida os seus princípios metodológicos podem beneficiar o ensino na minha
área.

Jacques Dalcroze

O método de Dalcroze na Educação Musical destaca a importância do movimento


corporal para assimilar conceitos musicais, nomeadamente o ritmo, com o objetivo de evitar a
mecanização do solfejo tradicional e trabalhar ritmo e improvisação. Desta forma, integrar
exercícios de movimento na pedagogia de instrumento pode ajudar os alunos a desenvolver uma
compreensão mais profunda do ritmo e da expressividade musical. Além disso, também o método
de Dalcroze pode auxiliar na coordenação entre a mente, o corpo e o instrumento, promovendo
uma abordagem mais holística.

Zoltán Kodály

O método Kodály coloca ênfase na audição e leitura musical desde as fases iniciais de
aprendizagem. Este método pode beneficiar a pedagogia do instrumento a desenvolver
capacidades dos alunos em ouvir e reproduzir melodias e ritmos com precisão. Além disto,
Kodály incorpora música tradicional e canções folclóricas locais no ensino musical, preocupando-
se com a identidade cultural dos alunos. Esta componente enriquece o repertório dos alunos, bem
como fortalece a conexão cultural com a música.
Carl Orff

O método Orff adota uma abordagem lúdica e criativa no ensino musical, introduzindo
jogos musicais, improvisação e composição, proporcionando uma conexão intuitiva e prazerosa
dos alunos com a música. Esta forma de ensino, incorporada nas aulas de guitarra, contribui para
um aumento de motivação dos alunos, visto que se preocupa com a criatividade e felicidade da
criança. Também Orff incorpora movimento corporal e a voz no seu processo, fornecendo uma
abordagem holística que proporciona uma maior perceção rítmica, coordenação motora e
compreensão musical global, preparando os alunos para a aprendizagem do instrumento. Ao
incorporar elementos do Método Orff na pedagogia do instrumento, os professores podem criar
uma experiência mais dinâmica e envolvente, centrada na criatividade e participação dos alunos.

Keith Swanwick

Keith Swanwick destaca a importância da experiência musical pessoal e autêntica. Na


pedagogia do instrumento, também pode ser aplicada incentivando os alunos a explorar e conectar
as suas emoções e experiências à música. A abordagem holística de Swanwick contribui para
abordar expressividade musical, compreensão teórica e conexão emocional da obra para além da
técnica instrumental. Swanwick valorizava também o desenvolvimento da criatividade através da
composição e improvisação, para que os alunos possam desenvolver uma compreensão mais
profunda da música e contribuindo para a sua autonomia.

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