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Maria Sara de Lima Dias

Resumo

Este capítulo é um relato de experiência sobre o


trabalho de
do contexto universitário, no qual se pretende abordar as
projeto de vida. Descre-
ve o desenvolvimento de uma disciplina optativa aberta
aos alunos de uma universidade pública federal e gratuita
do Sul do país, única no Brasil de cunho tecnológico, a
UTFPR. O Planejamento de Carreira para os estudantes
universitários vêm sendo desenvolvido pela autora desde
2004 como uma possibilidade de atuação do Orientador
universidade. Este trabalho foi registrado
no primeiro livro sobre Planejamento de Carreira publi-
cado pela Vetor em 2009. Existem diferentes formas
de atividade na realização do Planejamento de Carreira,
em distintos contextos, desde o trabalho de orientação
realizado na clínica, em formato individual ou coletivo,
bem como em empresas e escolas, sendo realizado com
várias orientações epistemológicas, teóricas e metodo-
lógicas. Neste capítulo, vamos tratar do Planejamento de
Carreira na universidade, relacionado com a categoria do
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projeto de vida, uma noção antropológica que vem sendo
desenvolvida por Boutinet (2002) e que enfatiza a nossa
cultura como uma cultura do projeto. A disciplina está
fundamentada no tripé: conhecimento de si, conhecimen-
to do mundo do trabalho e
em 2003, na Universidade Federal de Santa Catarina, para
atender a demanda de alunos por orientação no Centro
de Psicologia Aplicada, desde então, desenvolveu-se em
diferentes formatos e abordagens. A orientação para a
carreira na teoria histórico-cultural utilizada enfatiza a re-
lação entre indivíduo e sociedade na constituição de uma
subjetividade e na qual o papel do orientador é atuar na
facilitação da
de relações sociais, as dinâmicas de grupo e discussões
sobre as temáticas da carreira e do projeto de vida se
evidenciam na expressão dialógica do orientador com os
alunos. As temáticas são levantadas a partir do interesse
do grupo em uma construção compartilhada, na qual a
ênfase é o mundo do trabalho e os diferentes tipos de
carreira. Na relação entre trabalho, atividade e formação
universitária a atenção dos alunos se volta para a neces-
sidade de construção de um projeto de vida e trajetória

previamente escolhidas. Na Universidade Tecnológica


Federal do Paraná, essa disciplina, que iniciou em 2014,
permanece sendo ofertada todos os anos com grupos de
45 a 50 alunos. Em 2020, a disciplina se tornou obriga-
tória para o curso de Engenharia Elétrica, enquanto nos
demais cursos tecnológicos ela continua sendo oferecida
-
curso de atuação, foi importante realizar a avaliação dos
encaminhamentos que a disciplina, ao longo da trajetória
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da autora, ocupou, e, ao mesmo tempo, promover uma

subjetividade dos alunos. Neste capítulo, a narrativa de


cada participante pode se traduzir em um projeto de vida
que conduz o aluno para a transição entre a universidade
e o mundo do trabalho. A elaboração da narrativa auto-

um projeto de vida revela o investimento do tempo e da


-
trução de uma narrativa antecipadora de sua ação no
mundo. A noção de projeto de vida pode contribuir com o
-
poderamento do aluno. Como resultado de um trabalho
dialógico que é facilitado na ação e intervenção grupal, o

realização de objetivos e propósitos de vida mais corres-


pondentes aos anseios da juventude universitária.

Introdução

Um dos traços dominantes na cultura contempo-


rânea é a exaltação do
potencialidade de que a graduação possibilitará ao sujeito
o desenvolvimento pleno de suas capacidades individu-
projeto de
vida para o futuro no trabalho (Hernández & Ovídio, 2000).
A fé nas instituições educativas, entre outros fatores, é
resultado das representações sobre a mobilidade social
veiculadas em nossa cultura (Vinha et al., 2016).
No Brasil, o paradigma de uma educação para o
trabalho está presente na cultura, conforme apontam
diferentes autores, como Saviani (1994), Ciavatta (2009),

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entre outros, nos quais estão explícitas as relações e con-
tradições entre educação e trabalho. Existe “uma estreita
ligação entre educação (escola) e trabalho; isto é, consi-
dera-se que a educação potencializa trabalho” (Saviani,
1994, p. 1). O autor avalia que a educação é funcional ao
sistema capitalista, não apenas ideologicamente, mas,

mão de obra e força de trabalho.


A despeito da efetiva mobilidade social advinda
da graduação superior na carreira dos jovens no debate
contemporâneo, os autores tendem a enfatizar, pelo uso
da mediação tecnológica, a questão da autoeducação
como um princípio educativo (Silva, 2019). A apropriação
de novas aprendizagens e conhecimentos em conexão
íntima com os novos sistemas tecnológicos traz, para o
contexto da Educação Superior, uma maior complexidade

A carreira a ser escolhida tem um alcance cada


vez mais global em uma economia também globalizada,
em que as carreiras se tornam cada vez mais instáveis e
transitórias. O mercado de trabalho tende a

genéricas e complexas, distanciando-se das carreiras


tradicionais que assim se ampliam por conta da tecnolo-
gia empregada no processo produtivo. A compressão do
tempo e do espaço, que Harvey (1992, 2012) aponta como
uma das características da pós-modernidade, também é
outra dimensão que se maximiza pelo uso das ferramen-
tas tecnológicas.
As técnicas e ferramentas tecnológicas permitem
recombinar os cenários do mundo do trabalho e seus
efeitos sobre os universitários podem ser percebidos. Os
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-

distintas sobre o real horizonte das possibilidades e opor-

geradas pelas tecnologias conformem complexas opções


de carreira, os universitários se apropriam de determina-
dos discursos disponíveis na cultura e formam uma nova
ideologia sobre o mercado laboral; compreendem a car-

com o mundo do trabalho. É um momento subjetivamente


apropriado na formação educativa que causa fragilidade
e insegurança em relação as opções de carreiras ideais e

os cenários do mundo do trabalho também oportunizam


um conjunto de ferramentas que pode ser utilizado para a
universidade.
As instituições formadoras devem estar atentas

desenvolvimento das tecnociências (Latour, 2017) e a


dimensão do acesso real a essas novas formas de tra-
balho também se alteram, ocasionando uma quebra ou
distorção máxima entre a atividade para a qual o aluno
está se preparando e a possível escolha de carreira. No
entanto, entre o preparo para o mundo do trabalho e o
contexto de ofertas, o sujeito tende a se situar buscando
se adaptar ao contexto em um movimento constante e
-
lada pela dimensão do desenvolvimento tecnológico
aplicado ao processo produtivo.
Embora exista a construção de um fetiche sobre a
tecnologia na facilitação das formas de trabalho (Latour,

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ocupação dos novos cargos gerados e disponíveis pelo

um esforço máximo ao buscar garantias para um proje-


to de ação e formação para o trabalho, que requer um
treino excessivo no qual a saúde humana também pode
ser comprometida, conforme Minayo e Miranda (2002). O
distanciamento e o isolamento social são algumas das
mudanças efetivamente trazidas pelo uso excessivo do
aparato tecnológico no processo produtivo. O grande
impacto na formação para o trabalho são as sociabilida-
des (Clot, 2007). As relações grupais e de amizade que
eram mantidas no território das instituições de ensino se
alteraram drasticamente porque se tornaram virtuais e
as relações de trabalho também perdem seu efeito de
sociabilidade, transformando-se em relações mediadas
pela tecnologia.
Todos esses elementos ocasionam profundas al-
terações nas expectativas dos jovens do Ensino Superior
para a construção de seus projetos de vida para o futuro.
A carreira se apresenta objetiva e subjetivamente como
algo inatingível ou pleno de obstáculos. O sujeito se en-
contra em uma busca ativa de oportunidades, quaisquer
que sejam, que permitam somente o ingresso no mundo
do trabalho, sem

-
das pelas circunstâncias atuais do sistema produtivo,
guiados por uma crença no determinismo tecnológico
(Feenberg, 2005).

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A tecnologia na contemporaneidade

A complexidade da velocidade com que a tecno-


logia tem promovido mudanças no comportamento e nas
formas de vida no mundo contemporâneo merece uma
leitura do campo das Ciências Tecnologia e Sociedade.
Para Latour (2017), em lugar da grande dicotomia vertical
entre sociedade e técnica, é concebível um leque de dis-
-
nicos. Assim, as relações sociais se tornaram um híbrido
de relações entre humanos e os estados de relações
não humanas. Para o autor, é imprescindível: “Conceber
a humanidade e a tecnologia como polos opostos é, com
efeito, descartar a humanidade: somos animais sociotéc-
nicos e toda a interação humana é sociotécnica (Latour,
2017, p. 253). De tal modo, os efeitos da tecnologia são
relacionados ao projeto de planejamento de carreira e
projeto de vida dos universitários, posto que está pre-
sente no pensamento e na emoção dos jovens em sua

oportunidades de trabalho.
A aposta que o Ensino Superior tem feito no de-

como se dará a trajetória de inserção do mundo da edu-


cação para o mundo do trabalho, uma vez que descon-

As ferramentas tecnológicas e de comunicação digital


têm afetado grandemente não só o mundo do trabalho,
mas as
As relações de ensino e aprendizagem forjadas
na educação universitária apostam no determinismo

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tecnológico como um todo, sendo, portanto, comuns os
discursos que entendem a tecnologia como neutra por
sua função e que apoiam a ideia de que o desenvolvi-
mento tecnológico é o grande propulsor do progresso
e avanço das civilizações (Feenberg, 2001, 2003, 2005).
No entanto, para Feenberg, a tecnologia não é neutra
e é uma das maiores fontes de poder nas sociedades
modernas; o autor apela para uma crítica a essa visão
determinista da tecnologia (Feenberg, 2005). É simples
constatar que a experiência promovida pela tecnologia
na contemporaneidade nos permite perceber uma gran-
de aceleração do tempo e compressão do espaço em
nossas relações cotidianas.
Com maior acessibilidade às demandas do mundo
globalizado, o sujeito se conecta com mundo por meio
de uma hiperlocalização sociotécnica. Tais relações so-
ciotécnicas na vida moderna se tornaram cada vez mais
organizadas para um outro tempo e ritmo, conforme
indicam Santos e Azevedo (2019), para o ritmo do “tempo
real”, instituído pelas mídias digitais.
Para o contexto das carreiras, a hiperlocalização
afeta os jovens em um comportamento de novos .
, um sujeito
que vagueia em tempo e espaço como um observador
atento a tudo a seu redor e que, no entanto, não se apega

do ciberespacial tem um duplo sentido, como sinal


da tendência para a aceleração técnica e como símbolo
da força de resistência a essa mesma aceleração. Dessa
forma, as novas mídias conformam um novo território das
interações humanas, plenamente controlado e funda-
mentalmente privado.
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Com efeito, é necessário pagar um “pedágio” para se estar
nesse “lugar de trocas”, “social”, “público”, veloz e onipresente
(o acesso – ou sua impossibilidade – a um computador ou
mesmo um outro aparato tecnológico – tablets, smartphones
e outros gadgets – conforma essa primeira barreira para a ins-
crição dos indivíduos nessa que constitui hoje a nova ágora).
(Andrade Pereira & Sato, 2016, p. 244)

Com isso, o sentido do trabalho se encontra alte-


rado pelo uso da mediação tecnológicas nas relações
produtivas: a atenção à subjetividade é fundamental e
levará a uma revisão do conceito de atividade até então
desenvolvido pela ergonomia e pela Psicologia do Traba-
lho. Assim:

O trabalho não é uma atividade entre outras. Exerce na vida


-

atividade dirigida. (Clot, Soares, Coutinho, Nardi & Sato, 2006,


p. 12)

Em uma cibercultura, a autoeducação passa a ser


também um princípio educativo. Ao enfatizar o imperativo
do autoaprendizado para um novo tempo e tipo de tra-
balho, a economia global aspira a um novo trabalhador. O
trabalho na
instituições de Ensino Superior, porém, ao se questionar
o sujeito contemporâneo sobre o desenvolvimento ace-
lerado dos produtos tecnológicos, a Psicologia não pode
negar os impactos dessas dimensões na subjetividade.
Para compreender o homem, deve-se compreen-
der a cultura e o mundo como aspectos inseparáveis do
mesmo processo, conforme Ribeiro (2017) e Hall (2006).
Da forma que a tecnologia foi acelerada, ela afetou as ins-

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tituições de ensino e o preparo do jovem para o ingresso
no mundo do trabalho.
Se a generalização do acesso à universidade é o que
tem levado as instituições de formação superior a uma de-
manda cada vez maior de jovens, agora é preciso reinventar

adequar a um mundo global que é dominado pelo poder

trabalho por meio do modo remoto compreende desen-


volver novas formas de preparo do jovem para o ingresso
no mundo do trabalho, visto que a inclusão acelerada da
tecnologia da informação e da comunicação afetou quase
-
te os contextos e demandas formativas.

O panorama atual da tecnologia promove uma


educação para o trabalho?

Em uma cultura muito mais globalizada e tecno-


lógica, o pano de fundo das instituições universitárias é
o de uma educação para o trabalho. Autores do campo
CTS nos orientam sobre a necessidade de se desenvolver
uma teoria crítica da realidade, sendo um expoente no
Andrew
Feenberg (2001, 2003, 2005).
É preciso analisar as relações que se constituem
no fazer pedagógico no modo remoto, o que remete às
ponderações acerca do que é ensinar, para quem ensinar,
como ensinar e em que contexto ocorrem as práticas edu-
cativas (dos Santos Araújo, 2020). Em convergência com
perspectivas críticas da tecnologia em articulação com
a educação e suas relações com o mundo do trabalho,

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corroboramos o pensamento de Andrew Feenberg (2003)
sobre a não neutralidade da tecnologia. Dessa forma, “é
porque estamos sem saber aonde estamos indo e por que

nossos tempos como uma crítica da modernidade” (p. 6).


O problema não está na tecnologia como tal, senão
nos usos que o homem faz dela na sociedade. Assim, é

-
universidade
pública a recorrer à privatização das suas funções para
compensar os cortes orçamentais (de Souza Santos, 2013).
É preciso desenvolver espaços de intervenção
nas políticas de inovação tecnológica, posto que nosso
fracasso está em permitir a imposição de domínios tecno-
lógicos regidos por códigos técnicos e tecnológicos que

nos orienta a inventar, nas sociedades, instituições huma-


nas apropriadas para exercer um controle sobre a forma
tecnológica que interfere na universidade no que deveria
ser um processo dinâmico mais democrático.

universidade deve assinalar a não neutralidade do conhe-


cimento presente no projeto de desenvolvimento de nos-
so sistema educativo. Na relação entre o sistema social e
o sistema educacional, é percebido o papel da graduação
como um instrumento privilegiado para a mobilidade
social, que deve, para além de uma formação para o tra-
balho, ser uma formação cidadã e crítica da realidade.
Os professores que trabalham no sistema educativo
do Ensino Superior reconhecem cada vez mais a necessi-

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mundo do trabalho e, também, a importância do preparo
dos próprios professores, que, atualmente, já usam ferra-
mentas tecnológicas voltadas para a aprendizagem.
Isso remete a pensar o desenvolvimento de disci-
plinas que concorram para a autonomia do aluno e que
possam desenvolver a sua capacidade de socialização.
Dessa forma, integram-se na instituição educativa em
várias dimensões concretas na elaboração de disciplinas
que envolvem a capacidade de socialização dos sujeitos.
A formação em curso no
como tema polêmico e vem suscitando uma série de
universi-

emergem na sociedade contemporânea.


-
sional formado em uma determinada cultura, é essencial
desenvolver a apropriação de capacidades expressivas e
comunicativas, assim como é fundamental que o aluno
compreenda os processos que sustentam as relações so-
ciais. Estamos, portanto, conscientes da necessidade da
formação integral dos alunos, sem subestimar a dimensão
do saber e do fazer, mas valorizando a dimensão do ser
em uma economia globalizada (Pecqueur, 2009).
A globalização e o desenvolvimento das novas
tecnologias contribuíram para a transformação da univer-
sidade enquanto um campo privilegiado de acesso à in-
formação e à formação. A internet mudou a maneira como
encaramos o mundo e nos relacionamos, compramos,
vendemos, estudamos e trabalhamos. Essa nova forma
de estar no mundo trouxe demandas para o mercado e
como consequência direta: novas carreiras e oportunida-
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que hoje se atribui à formação integral do aluno que a
disciplina do Planejamento de Carreira almeja.

O histórico da disciplina de Planejamento de Carreira

Iniciou em 2003, na Universidade Federal de Santa


Catarina, com o propósito de “possibilitar aos universitários

planejamento de suas carreiras” (Dias & Soares, 2009, p.


18). Desde o seu início, a disciplina mudou e se reinventou

construção efetiva de um modelo de Planejamento de


Carreira. A criação da disciplina desenvolvida sobre as
dimensões do conhecimento de si, do conhecimento do
mundo do trabalho e dos aportes da
tem possibilitado articular novas propostas de formação
integral do aluno no universo acadêmico.
A atualidade da disciplina optativa com o foco no
Planejamento de Carreira em uma universidade pública
federal e gratuita se relaciona com a cidadania e a demo-
cracia plena. A construção de uma sociedade mais justa e
igualitária deve ter uma disciplina que contribui com uma
ampla formação dos alunos. A teoria e metodologia da dis-
ciplina está centrada no processo dialógico e vivencial de
grupos em dinâmicas comunicativas e relacionais. O grupo
da disciplina de Planejamento de Carreira se empenha em

buscando analisar tanto as novas áreas de conhecimento


quanto as diferentes formas de inserção no mundo do
trabalho. Os conteúdos fundamentais da disciplina se
transformam ao permitir aos alunos também a busca de

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temas para a disciplina, temas estes que se constituem ao
articular uma hierarquia mais horizontal de comunicação
sobre as demandas no debate com os alunos.
A experiência com a disciplina em turmas distintas
já percorreu mais de 19 anos, e os valores dos diferentes

sempre com o foco no Planejamento de Carreira e no


projeto de vida. A crise no
-
tunidade para o campo da
nas instituições de ensino. A disciplina iniciou voltada para
alunos formandos, focalizando na necessidade de prepa-
universidade e o
mercado de trabalho.
Esse momento é uma fase que representa para
o aluno um período “de grande ansiedade, estresse e
insegurança quanto ao futuro” (Dias & Soares, 2009, p.
256). No entanto, sucessivamente, vamos observando
o aumento da preocupação com a carreira já nos anos
-
pliar o escopo da disciplina para os alunos já no início da
graduação. Para Hall (2006), vivemos em um tempo em
que as tradições culturais começaram a se fragmentar

pessoais, abalando a ideia que temos de nós mesmos


como sujeitos integrados. O autor chama a essa perda de
sentido de si mesmo de deslocamento ou descentração
do sujeito.
A questão de quando oferecer a disciplina sobre o
planejamento de carreira, já não pode mais ser respon-
dida por um critério de tempo de graduação, mas pelo
contexto em que vivenciamos, no qual cada vez mais
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novas aprendizagens inter e transdisciplinares são neces-
sárias. O que ocorre ao ofertar a disciplina entre alunos
de diferentes períodos e graduações é que se permitem
otimizar as contribuições dos alunos de uma forma am-
pliada, tanto em termos do autoconhecimento como no
desenvolvimento pessoal e relacional.
Na atividade dialógica em sala de aula se observa
a busca ativa dos alunos iniciantes sobre informação de
disciplinas e dos múltiplos itinerários curriculares possí-
veis na formação acadêmica. Desse modo, a qualidade
da troca de informações na disciplina é ampliada como
uma resposta às novas demandas sociais. A capacidade
expressiva dos alunos é expandida e se pode estimular
-
tencial de desenvolvimento. Deste modo se habilitam os
alunos a lidar com o futuro trabalhando diferentes dimen-
sões que envolvem o contexto contribuindo para que o

A disciplina, desde o seu início em 2015, na Uni-


versidade Tecnológica Federal do Paraná, já obteve, até
2020, mais 800 alunos matriculados e tem resultado em
Planejamento de Carreira. Nes-
se sentido, o Planejamento de Carreira vem ampliando o
seu escopo para lidar com os problemas fundamentais de
adaptação e integração do aluno à universidade desde
os primeiros anos, estruturando uma sistematização de
-
mental para o sucesso na trajetória acadêmica, bem como
para a constituição de um arcabouço sólido para que o
aluno consiga enfrentar a transição entre a universidade e
o mundo do trabalho.

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A atualidade da disciplina no contexto virtualizado
permitiu um maior número de alunos em aulas desen-
volvidas a partir do Google, com a ferramenta do Google
Classroom. O conhecimento da ferramenta permitiu aos
alunos o acesso a textos e temas selecionados sobre uma
realidade do mundo do trabalho. Nos encontros virtuais,
-
postos e analisar um mundo do trabalho em constante
transformação.
Cada encontro no Google Classroom teve a duração
de duas horas, sendo que os alunos utilizaram a platafor-

textos e demais atividades. Os alunos responderam as


atividades e os exercícios de modo assíncrono, no próprio
painel de atividades do Classroom. Pelo fato de estarem
todos juntos, eles tiravam dúvidas entre si e, quando não
conseguiam tirar as dúvidas, recorriam à ajuda do profes-
sor que estava online na plataforma em outro local, por
meio de postagens no fórum ou mensagens diretas para
o professor. Os depoimentos e observações dos alunos
foram registrados em relatórios e diários de campo, para
posterior análise, como pode se ilustrar nesta narrativa:

Atualmente, vivo um dilema na minha carreira. No início de


2019, logo antes de começar a estagiar, revisei meu Planeja-
mento de Carreira para os dez anos subsequentes. Contudo,
apesar de um rumo brevemente distinto do planejado ter
me gerado uma frustração inicial, notei que as demandas
do novo local me estimulavam a desenvolver características
bastante relevantes para carreira planejada e, por isso, optei
por continuar naquele processo.

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mundo do trabalho impacta nas expectativas de carreira
dos alunos. É nesse contexto que se desenvolve o projeto
de vida na disciplina, o projeto é vivido como superação
subjetiva da objetividade e, ao mesmo tempo, “integra um
futuro entrevisto e um passado rememorado” (Boutinet,
2002, p. 57).
A noção de projeto de vida, desenvolvida por Bou-
tinet (2002), traz algumas dimensões que são essenciais
para a análise do desenvolvimento do aluno. A análise e
o diagnóstico da situação, o esboço de um ajuste entre
o possível e o desejável e a determinação de opções
estratégias: todas essas dimensões do projeto de vida se
relacionam com a formação na disciplina.
Para operacionalizar a noção de projeto de vida são
necessárias categorias abrangentes da multiplicidade e
complexidade dessas interações entre estruturas psico-
lógicas e sociais, permitindo uma abordagem holística
das direções essenciais, nas quais a identidade pessoal
e social é construída (Hernández & Ovidio, 2000). Para
Boutinet (2002), a conduta do projeto é uma necessidade
vital, assim como uma oportunidade cultural e um desa-

O projeto de vida, para Boutinet (2002, p. 57), “pre-


tende ser totalização real e ação que visa mudar o mundo:

o sujeito é portador de suas ambições no projeto ele toma


consciência de seus limites e possibilidades. Outras no-
ções, como a situação Vigotskiana de “desenvolvimento”,
podem servir como suporte articulador entre as dimen-
sões do que é social e psicológico, que integram cons-
truções categóricas como o projeto de vida (Hernández,
2006; Casullo et al., 1994).
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A disciplina de Planejamento de Carreira desen-
volve, antes de mais nada, as atitudes de preparo sub-
jetivo para um futuro e pressuposto lugar no mundo do
trabalho. O planejar é uma atitude de antecipação da
ação do sujeito no mundo se desenvolve com a utilização
de recursos de elaboração e da exploração de informa-
ções disponíveis, assim como na busca ativa por essas
informações. O instrumento de colocar em prática uma
proposta de Planejamento de Carreira envolve o aluno
em algo dinâmico que pode ser revisado periodicamente,
permitindo mudanças e reformulações, ou seja, de modo
que a carreira seja repensada e replanejada ao longo da

aposentadoria.
as
-
be a importância da articulação do conhecimento teórico
com a aplicação prática do saber. Igualmente, percebe a
relação entre o sistema de ensino, no caso, a universida-
de, e uma formação para o trabalho. Ao mesmo tempo, a
responsabilidade pela inserção e permanência no merca-
do de trabalho não deve recair somente sobre os alunos,
uma vez que não se pode acusar a vítima, pois, nesse
período de transição, as inúmeras exigências contextuais
levam o jovem a mudar suas decisões que afetam o seu
projeto de vida.
A
carregado de sentidos subjetivos que são construídos

sucesso. A história do sujeito é indissociável do contexto


social, no qual a formação superior forja uma escolha da

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do trabalho e ao -
to, uma subjetividade descolada da realidade, a escolha

cultura em que esse jovem se desenvolveu e das expe-


riências sociais que o constituem enquanto sujeito em
relação aos valores próprios da sociedade capitalista.

contemporâneo gera uma expectativa subjetiva que

decisão pelo curso superior está constantemente sendo


-
colhas de carreira que se posicionam frente à dinâmica
das experiências vividas no curso, enquanto formador de
uma identidade calcada no trabalho. A possibilidade ou
não de entrada no mundo do trabalho é um processo que
pode gerar angústia ao testar, constantemente, escolhas
passadas que são negadas em um momento presente.
Como exemplo de uma construção que a discipli-
na se propõe a desenvolver nas interações promovidas,
é importante trazer o relato dos alunos, registrados em
narrativas que demonstram as ansiedades e inseguran-
ças em relação às suas escolhas e tomadas de decisões.
Essas observações são trabalhadas no curso da disciplina
em vivências e experiências intersubjetivas que permitem
-
vimento ativo e criativo do sujeito em seu processo de
desenvolvimento pessoal e relacional permite o acesso
a novas informações sobre o mundo do trabalho e das
Planejamento de
Carreira que cultive um projeto de vida (Hernández, 2006).

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Resultados associados à disciplina de Planejamento
de Carreira

O conhecimento da realidade ocupacional se inse-


re no Planejamento e na Construção da Carreira, muitas
vezes promovendo mudanças nas possíveis estratégias
para a inserção no mercado de trabalho. As discussões

os cursos tecnólogos e técnicos e sobre o mercado de


trabalho possibilitam ao aluno perceber que o mercado
na realidade é transitório e delimitado por regras e por um
conjunto de orientações históricas e sociais. Na Orienta-

prestação de serviços de acompanhamento individual de


cunho clínico até a orientação realizada de forma coletiva,

clínicas de Psicologia que atendem a população universi-


tária de forma gratuita e com largo alcance.
Relatos de sessões que descrevem práticas do
psicólogo ou do pedagogo no campo da Orientação de
Carreira que envolvem diferentes abordagens teóricas,
práticas e metodológicas, e que se inscrevem em diferen-
tes abordagens epistemológicas. Portanto, é preciso situar
o lugar do autor na produção do conhecimento, apesar
da longa experiência no campo de Planejamento de Car-
reira. A oportunidade de criar uma disciplina formal em
uma

sejam elas ser uma universidade de cunho tecnológico e/


Orientação de Carreira

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No entanto, sempre tendo em vista a urgência de
medidas de apoio psicológico maior para os alunos na
universidade tecnológica, a solução encontrada foi bus-
car uma oferta regular de turmas optativas. A disciplina
no formato optativo permite um grau elevado de troca
de informação entre os universitários, sem o critério de
exclusividade de matrícula para alunos de último ano. As-
sim, o desenvolvimento de práticas de mútuo apoio para
o desenvolvimento da carreira acadêmica se faz possível.
As turmas mistas e interdisciplinares permitem o
atendimento logo após o ingresso no ambiente univer-
sitário. Na sala de aula, o clima de indecisão sobre as

orientação promovida pela dialogia entre os pares pos-


sibilita o debate sobre a escolha de estágios, disciplinas,
favorecendo laços de amizade e facilitando a assimilação
dos calouros no novo contexto da cultura acadêmica.
Os processos de carreira e acadêmicos são com-
-
da. Conforme Trevisan, Veloso & Dutra (2020, p. 333):

É fato que a percepção do indivíduo é múltipla quanto a estas


oportunidades. Às vezes, quando ainda vive o processo de
formação educacional, ele pode associá-la até a uma marca.
As pressões dos cenários externos às organizações, às vezes

de

Seguindo um modelo de orientação adotado nas


primeiras disciplinas e descrito em Dias & Soares (2009), é
-
xão e de conhecimento sobre si, bem como desenvolver
informações atualizadas sobre o mundo do trabalho que
possibilitem o processo da escolha da carreira.
267

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
A tomada de decisões e as múltiplas escolhas
repercutem em frequente indecisão e ansiedade, isso
quando não estão seguidas de problemas de aprendi-
zagem e de complexas e contraditórias emoções sobre

vai desde a inserção na universidade até a preparação


para o trabalho, é permeado por dúvidas, inseguranças
e angústias sobre a construção de uma carreira. Nesse
quadro, foi desenvolvida uma disciplina de “Tópicos Es-
peciais em Ciências Humanas: Planejamento de Carreira”,
utilizando como metodologia dinâmicas de grupos, jogos
e role-playing como técnicas de
aulas expositivas.
Nesse sentido, as discussões em sala de aula

engenheiro mecatrônico e engenheiro de automação


-
ginário e o real. Por exemplo: “Eu não sabia que existia o
curso de controle de automação e ainda não sei qual a
diferença entre este curso e o trabalho de um engenheiro

da disciplina nas trajetórias acadêmicas dos alunos, uma


vez que esclarecem as dúvidas quanto à formação, sobre

outras dúvidas frequentes dos alunos.


A generalização de ações voltadas para o desenvol-
vimento de um Planejamento de Carreira tem repercutido
em estudos e artigos teóricos e de experiências práticas
que apontam para o papel da universidade na formação
integral do sujeito. A noção de carreira é recente em
termos históricos, surgindo ligada à ideia de sucessão de

268

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
moderna sociedade industrial, baseado nos princípios de
igualdade, reconhecimento do êxito individual e cresci-
mento econômico e social, contrapondo-se aos modos
de vida ligados à tradição, predominantes na sociedade
feudal (Chanlat, 1996). Autores apontam a necessidade de

de carreira é vinculado às expectativas individuais, forma-

2017; Alvarenga, de Freitas, Bizarrias & da Costa, 2019;


Morgantti & Del Pino, 2019).

resultados de distintos modelos de Planejamento de


Carreira, como os que estão sendo propostos por Reatto,
Siqueira, Garcia e de Oliveira (2018), Bisinoto, dos Santos
Arenas, Siena, Magalhães e de Sousa (2018) e Souza e
Teixeira (2020). Tais autores apontam que os estudantes
consideram importante planejar sua carreira, enfocando a
necessidade de autoconhecimento para gerenciar tal pla-
no. Ainda, discutem que o planejamento deve estar ligado
-
mitia ao aluno ter uma maior qualidade de vida na atividade

Para Coelho e Casaca (2017), os jovens universi-


tários têm melhores perspectivas em relação à inserção
-
tárias. A temática do gênero nas carreiras surge em sala
de aula logo nos primeiros dias, como nessas falas: “eu,
no primeiro dia de aula, ouvi de um professor que tinha
que ter peito para fazer engenharia”, “as piadas são tão
frequentes que eu nem me importo mais” ou ainda “eu sei

269

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
que tenho que ser muito melhor do que os homens para

Assim, a temática da área tecnológica e do gênero


é trabalhada durante a disciplina, demonstrando as possi-
bilidades de enfrentar as engrenagens que podem estar
obstaculizando a participação feminina nas ciências e na
tecnologia e fortalecendo os grupos de mulheres para
evitar o abandono ou a desistência da área por precon-
ceitos relativos ao gênero.
-
vidade ocupacional e seus impactos na carreira são

sala de aula: “eu não sabia que essa atividade era só o


engenheiro civil que poderia desempenhar, eu achava
que o arquiteto também poderia desenhar e assinar os
projetos”. É cada vez maior o número de alunos que
procura na universidade cursos objetivos, como o Ba-
charel em Sistemas de Informação, que ainda não geram

pontuadas as diferenças entre atividade ocupacional e o

atividade ocupacional, explicitando que o princípio que


-
-

por lei, com direitos, deveres e garantias, tais como piso


salarial, jornada de trabalho, adicionais, exames médicos
etc. Na sala de aula, discutem-se, por exemplo, o piso

implicações éticas e morais de aceitar ou não um traba-


lho abaixo do piso. Dessa forma, surgem novamente os
270

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
debates e as falas que ilustram a discussão: “professora,
no meu caso, de Arquitetura, para conseguir um estágio
e me formar eu tenho que fazer um trabalho gratuito,
porque não existe estágio remunerado na minha área”,
“eu aceitei como engenheiro mecânico um trabalho de
800 reais por mês e desisti do meu trabalho anterior
como farmacêutico, porque senão eu não teria nenhuma
experiência na minha área quando eu me formasse. Eu
sei que é difícil sair de um salário de 1.600 para um de
800, mas foi uma escolha consciente”.
-
mento próprio, não importando a categoria predominante
dos demais empregados da empresa ou do empregador

arquitetos, telefonistas etc. No caso do Bacharelado em


Sistemas de Informação, o aluno percebe que irá trabalhar
como analista ou programador e, muitas vezes, a inserção
precoce no mundo do trabalho acaba por aumentar o
índice de evasão da graduação.
Nas disciplinas, são debatidos temas como: qual
a diferença entre arquitetura e urbanismo e engenharia
civil? Ao engenheiro cabe a responsabilidade por obras
de infraestrutura. O conhecimento das carreiras permite
que o aluno acabe mudando de curso dentro da mesma
universidade, como neste relato: “eu descobri que o meu

o cálculo, por isso resolvi mudar de curso”, “era algo que


eu não sabia quando escolhi o curso superior”. À medida
que o aluno vai se integrando ao contexto universitário,
as compreensões sobre o mundo do trabalho e das

sociedades se tornavam mais complexas.


271

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
Assim, a sala de aula permite ao aluno realizar
novas escolhas com uma força mais coletiva e social.
Para Hall (2006), o indivíduo, na cultura contemporânea,

interior de grandes estruturas e formações sustentadoras


da sociedade. Relaciona-se diretamente a conceitos de

e métodos dialógicos como adequados para debater com


os alunos as contradições presentes em uma formação
da vida.
Em sala de aula não é só o aluno e a universidade,
mas também o contato com alunos que já estão inseridos

possibilitam aos demais uma visão acerca do mundo do


trabalho, como neste relato: “se você quiser eu posso te
arranjar uma vaga na Bosch, mas é importante que você
estude alemão”.
Nesse momento do capitalismo avançado, são
importantes as informações e as condições de acesso às
oportunidades de estágio. Para Pochmann (2012),

[...] contribuição analítica entende que a emergência das novas


formas de trabalho encontra-se conectada com a perspectiva
geral de alteração na estrutura básica da formação educacio-
nal tanto para a o ciclo da vida humana como para a inserção
e trajetória laboral. (p. 429)

A presença de uma turma extremamente heterogê-


nea com alunos de diferentes áreas do saber e formação
são condições e possibilidades de uma visão maior sobre
o mercado de trabalho e sobre as novas oportunidades
de emprego, como neste relato: “eu conheci um aluno na

272

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
disciplina e ele me indicou que estavam precisando de
gente na Volvo, então eu fui lá e consegui”.
No contexto do turbulento mundo do trabalho, a
própria gestão de pessoas dentro das empresas se torna

de formação para o trabalho se tornou organizado em


grandes estruturas institucionais que passaram a atuar no
ciclo de vida. Ou seja, o ingresso no mundo do trabalho
é cada
processo educacional e formativo.
Assim, trabalhamos nas disciplinas as diferentes
modalidades de empresas e ofertas de trabalho e expli-
camos para os alunos as diferentes facetas no mundo do
trabalho, no qual podemos trabalhar em empresas na-
cionais, internacionais, transnacionais, virtuais, de capital
privado ou público ou de economia mista, todas em bus-
ca de se manterem e desenvolverem no contexto de um
mercado cada vez mais competitivo e globalizado. Muitas

em que empresa trabalha, pois nem mesmo ele tem essa


informação de uma maneira precisa, como neste relato:
“bem, eu atualmente trabalho como microempreendedor,
em uma empresa de robótica, na verdade é na Lego, mas
estou em uma escola, eles ensinam robótica para crian-
ças, mas hoje eu sou autônomo”.
Trata-se de buscar informação e de trocar informa-
ção em sala de aula e, ao mesmo tempo, trabalhar com

de cumprir com os requisitos em torno das vagas de está-


gio, como nestes relatos: “você deixa ali seu currículo, e vê
resumido todo o seu trabalho e esforço a um pedaço de
papel sobre uma mesa!”, “você só escuta: deixa ali, pode
273

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
etc.!”, “boa sorte!”.
A vivência da situação de busca de vaga de está-
gio vai aos poucos minando as forças do jovem, que vê
sua motivação esvaindo-se sobre tentativas frustradas
de obter a tão almejada vaga. Sofrem pouco caso por
parte de atendentes que são, muitas vezes, funcionários
dos edifícios nos quais se localizam os endereços das
empresas, sendo bem ou mal atendidos. Muitas vezes, é

atender os candidatos.
No entanto, na disciplina, o aluno recebe um apoio
formal e informal na medida em que compartilha com
os demais as mesmas angústias e necessidades, como
neste relato: “mas foi um passo importante para mim a
disciplina, porque me ajudou a perceber o que eu não
estava fazendo correto nos processos seletivos” ou ainda
“eu posso dizer que hoje eu sou uma pessoa diferente,
-
mo ou de falar em público”.
O “não ter um lugar” para se inserir no mercado
envolve os jovens em idade produtiva em um sentimento
de vulnerabilidade e impotência quanto à sua carreira pro-
uni-
versidade e o mercado de trabalho, como nestes relatos:
“eu tentei, acho que iria me sair muito bem, eu dei o meu
melhor mesmo no processo seletivo, mas não foi dessa
vez”, “eu tinha certeza que eu tinha passado, fui bem na
entrevista, na dinâmica de grupo, não sei o que aconteceu”.

nota-se que a emergência da sociedade pós-industrial


se torna compatível com o surgimento de novas formas
274

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
de valorização do trabalho. A crescente postergação do
ingresso dos jovens no mercado de trabalho e a maior
redução no tempo do trabalho dos adultos, em combi-
nação com a ênfase no ciclo educacional ao longo da
vida, representam novas possibilidades para o trabalho
no mundo.
Esse contexto gera a dúvida e a insegurança em
relação às poucas vagas e oportunidades de trabalho,
acelera a competitividade na universidade e promove um
acirrado combate de notas. Podemos notar essa situa-
ção neste relato: “o meu IAA (índice de aproveitamento
acadêmico) é baixo, quer dizer é sete, mas eu não sei se
isto importa para o mundo do trabalho ou não”. Para Po-
chmann (2012), o jovem encontra-se inserido no contexto
mais amplo das transformações tecnológicas oriundas
da reorganização da produção ao longo das três últimas
décadas. Desse modo, compreender as metamorfoses na

novos determinantes da formação para o trabalho.


As mais variadas mudanças no mercado de traba-
lho e as poucas oportunidades de emprego aumentam a
necessidade de o aluno desenvolver uma certa resiliência.
A promoção de sua autonomia também se relaciona com
o autoconhecimento, que descreve um momento singular
na disciplina, no qual o aluno deveria relatar os seus valo-
res e enfatizar no seu Planejamento de Carreira quais os
seus talentos, habilidades mais distintas e diferenciadas,
o que o torna diferente das outras pessoas etc. Temos
um relato da aluna que aponta: “valorizo a felicidade de
meus entes e amigos”, “facilidade de comunicação, bom
observador e raciocínio lógico”.

275

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
O hiato entre a análise do autoconhecimento e o
conhecimento da situação atual auxiliam o aluno a des-
crever suas emoções e sentimentos, como neste relato:
“encontro-me desempregado e dedicando todas as mi-
nhas energias somente aos estudos”.
O aluno na disciplina acaba analisando o acesso ao
mundo do trabalho e os hábitos de estudo, assim, efetiva-
mente acaba por priorizar os estudos e a preparação para
o mundo do trabalho, percebe que os estudos podem
contribuir mais com o seu Desenvolvimento de Carreira,
do que somente o acesso a um estágio. Muitas vezes,
o aluno deveria relatar como se encontra ou descreve
o momento vivido, como neste trecho: “sou feliz com a
escolha de meu curso e também com a universidade que
escolhi, entretanto, sinto que não tenho dado o máximo
de mim para chegar ao meu objetivo, que é me formar.
Pretendo melhorar”.
Nas aulas, discute-se a relação entre o conheci-
mento teórico que a universidade favorece e o prático
que as experiências de estágio possibilitam. No entanto,
essa relação é muito perversa, uma vez que a formação
-
ca coloca o formando em contato com uma realidade de

estágio mesmo, mas é muito pouco o que eu empreendo

mais administrativa da Copel, sei que é um estágio válido,


mas como quero fazer uma carreira como engenheiro e
ser autônomo ou dono do meu próprio negócio, não sei
se vai me ajudar muito”.

276

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
Quanto ao Planejamento de Carreira, o aluno aponta:
“meu sonho é em um futuro próximo ter uma vida estável,
possivelmente empreendendo e/ou em um bom em-
prego que atenda as minhas expectativas, ter as pessoas
que amo próximas a mim e poder contribuir de alguma
forma com o bem comum”. Realizar seu Planejamento de
Carreira fez a maioria dos alunos perceber que deve ser
multifuncional e que, se melhorar as suas competências e
conhecimentos, pode realizar os seus sonhos.
Para Castells (2005), o conhecimento assume o
papel de principal fator de produção na chamada “era da
informação”, mas deveria ser um conhecimento eminen-
temente aplicável em condições reais de vida e em con-
textos reais de trabalho. Desse modo, o aluno deve saber
trabalhar com escassez de recursos e percebe que essa

seus empregados. Por isso a demanda grande de jovens


aos programas trainee das empresas mais destacadas
no mercado, por exemplo: “porque daí se eu entrar como
trainee, eu sei que a empresa investe e então tem maior

Na disciplina, o elemento que completa a dinâmica


das relações sociais internalizadas é o grupo. É nele que
ocorre o desenvolvimento de certas competências espe-

do aluno são trabalhadas. Ainda que tais competências


sejam requeridas ou não pelo mercado, a aprendizagem
da convivência grupal favorece o desempenho da ha-
bilidade de trabalhar em equipe, como neste relato: “eu

casa dos meus pais a vida toda, agora é a primeira opor-


277

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
tunidade realmente que eu tenho de me relacionar com
os colegas”.
É importante considerar que esse é um processo
lento e gradual, assim como os interesses pelos colegas,
que podem ser um diferencial na disciplina de Planeja-

nossa rede de contatos é fundamental e que, muitas


vezes, está ligada a contatos mais imediatos e diários.
Na disciplina, amigos se convertem em colegas que
garantirão aos alunos uma rede de suporte psicológico
para as eventuais necessidades que surjam no decorrer
dos estudos, como neste relato: “eu conheci uma pessoa
que me ajudou a organizar minha vida na universidade”,

trajetória acadêmica: “pretendia trabalhar e estudar, mas


eu resolvi me dedicar exclusivamente às atividades da
universidade”, “às vezes a universidade exige demais e
acabamos não dando conta de tudo”, “eu acho que é a
falta de tempo ou a falta de coragem, ou os dois, às vezes
eu sou muito procrastinadora”.

Contribuições associadas à disciplina de Planejamento


de Carreira

Uma das contribuições que os jovens trazem em


suas narrativas é em relação às dinâmicas de grupo e aos
conteúdos. Na disciplina de Planejamento de Carreira, ob-
servamos que, para diferentes alunos da graduação, seja

favoráveis à disciplina e reconhecem a importância do de-


senvolvimento do autoconhecimento, do conhecimento

278

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
do mundo do trabalho. Em
que a disciplina apresenta um conjunto de informações
que permite a apropriação também de uma visão mais
crítica sobre os efeitos da tecnologia aplicados ao pro-
cesso produtivo.
Observa-se que o debate em sala de aula contribui
para a constituição de um sujeito e uma subjetividade

do emprego nesse novo paradigma do trabalho, que cer-


tamente é distinto das ideias de carreira e trajetórias que
prevaleceram durante todo o século passado, a despeito

ajustes que essa disciplina demanda para os diferentes


currículos da graduação. Pode-se observar, ao longo do
semestre, que os alunos são atendidos, acompanhados e
orientados em sala de aula, para superarem as angústias,
ansiedades e indecisões em relação a sua trajetória so-

A despeito dos problemas vividos durante a pan-


demia no acesso e permanência dos alunos no contexto
universitário, acreditamos que o uso adequado da tecno-
logia de informação e comunicação possibilite superar

estudos e o trabalho. O estudante em fase de desenvolver


o estágio obrigatório ou mesmo já inserido no mundo do
trabalho contribui para a formação do grupo, ampliando
a visão do aluno sobre o mundo do trabalho, nos debates
em sala de aula. Os dilemas da
temas da atualidade do trabalho e do emprego fazem
com que os alunos se atentem para as demandas do
mercado de trabalho e para as competências requeridas

279

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
Na busca de soluções para as angústias e proble-
mas vividos pelos alunos, a atuação do psicólogo, mesmo
no modo remoto, enquanto professor universitário, tem
auxiliado os jovens – por meio da disciplina de Planeja-
mento de Carreira, para pensar o seu projeto de vida para
além da pandemia. A categoria projeto de vida é desenvol-

os projetos de trabalho não como uma metodologia, mas


como uma concepção de ensino, uma maneira diferente
de suscitar a compreensão dos alunos sobre os conhe-
cimentos que circulam fora da escola e de ajudá-los a
construir sua própria identidade.
No início da disciplina, observam-se jovens com

grupal. No decorrer do semestre, os alunos consolidam

-
gurando um projeto de vida. Velho (2003, p. 101) entende
a noção de projeto como: “a conduta organizada para
-
pação da futura trajetória e
seu projeto, o sujeito se utiliza da dimensão da memória,
de modo a considerar não somente a ação do presente,
-
mentos passados. Mesmo com a pandemia, a disciplina
segue o seu curso de forma remota, e se trouxe algum
obstáculo para as práticas das dinâmicas de grupo, por
outro lado favoreceu o desenho de um projeto de vida

Conclui-se que a disciplina se converte rapi-

280

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
em busca do autoconhecimento e do conhecimento
do mundo do trabalho. Ao mesmo tempo, o papel do
professor também é o de um orientador de carreira,
que deve se colocar em constante exercício de apoio.
Percebe-se que a disciplina de Planejamento de Carreira
aponta limites, mas favorece as possibilidades de uma
maior adesão ao curso e a universidade.
A
de apoio a cada aluno, auxilia o estudante universitário a
superar obstáculos que podem gerar medo e insegurança
sobre o seu futuro. No modo remoto, a disciplina favorece
alguns aspectos comunicativos e expressivos do sujeito
por meio da realização de vídeos e de tutoriais para auxi-
liar o processo de entrevista de recrutamento e seleção.
O contexto da tecnologia possibilitou o uso da
ferramenta do Classroom na disciplina, que envolveu:
-
mento, aplicação de testes de âncoras de carreira, entre
outros instrumentos. A autoaplicação da minha história de
carreira foi um dos exercícios de autoconhecimento mais
apreciados pelos alunos.
A busca pela disciplina tem aumentado ao longo
dos anos e os resultados narrados pelos alunos demons-
tram sua satisfação. É preciso enfatizar que, na relação
entre o homem e a sociedade, tanto a tecnologia quanto

As condições atuais no cenário da economia global


conduzem a uma racionalidade instrumental da técnica e
da tecnologia. Os estudantes são afetados pelo contexto
da pandemia em sua saúde física, psicológica e emocio-
nal, portanto, há a necessidade de implantação de uma
disciplina mesmo nos limites dos territórios formativos
281

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
atuais, que conduza a uma
por
outro lado, a tecnologia foi, ao longo da história, desen-
volvendo-se para facilitar a vida humana em sociedade,
agora, mais do que nunca, deve ser voltada a resolver os
grandes problemas sociais provenientes da pandemia e
da própria tecnologia.
O mundo do trabalho, em seus vários segmentos,
seja na indústria, no trabalho do autônomo e na presta-

aumento dos níveis de produtividade e as ferramentas


tecnológicas aplicadas ao processo produtivo apelam

-
te mudança.

de hábitos e relacionamentos interpessoais afetados


pelo uso excessivo da tecnologia. É fundamental uma
orientação e preparação para os riscos imponderáveis do
projeto
de vida representa os interesses concretos dos alunos em
determinadas posições no contexto social que o revela
como um sujeito historicamente situado para a resolução
dos problemas sociais.
-

enfatizar a importância da atuação do orientador pro-

capaz de analisar as determinações objetivas dos

a possibilidade de uma orientação para um projeto


de vida. Se o Planejamento de Carreira é reconhecido
282

ORGANIZADORAS: ANDRÉA KNABEM, CLÁUDIA SAMPAIO CORRÊA DA SILVA E MARUCIA PATTA BARDAGI
como uma prática que tem sido analisada por diferentes
grupos sociais como favorecendo o desenvolvimento
-
gar a dimensão subjetiva e emocional que envolve as
realizações de projetos de vida, nos quais os valores
tradicionais, hábitos e padrões de comportamento são
afetados pelo contexto social e cultural.
As tecnologias voltadas unicamente para o desen-

perante uma sociedade com valores humanistas, e esse


é o grande apelo ao desenvolvimento de tecnologias so-
ciais e humanas no campo de estudos Ciência Tecnologia
e Sociedade (CTS). Há condições materiais de desen-

preservação do meio ambiente e da vida planetária.


Já não basta somente o acesso a uma formação
superior de qualidade, tampouco valorização da auto-
aprendizagem. A busca de uma formação tecnológica
-
nitários desempenha um papel central nos processos
de aprendizagem que sejam voltados para a mudança
social. Os jovens, em suas graduações, estão buscando
alternativas de vida, e muitos já estão procurando novas

um mundo global e marcado pelo uso intenso da tecno-


logia. Um projeto de vida com qualidade é um dos temas
persistentes na disciplina de Planejamento de Carreira.
Portanto, a relação entre indivíduo e sociedade não pode
ser negligenciada na cultura universitária. A disciplina de
Planejamento de Carreira é capaz de atingir a demanda
real dos alunos com relação ao mundo do trabalho, o que
é corroborado pela narrativa dos jovens que a cursaram. As
283

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emoções envolvidas nas tomadas de decisão que cercam
o Planejamento de Carreira representam a necessidade
dos serviços de orientação nas universidades.

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