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INSTRUÇÕES
Esta prova é constituída de duas questões sobre temas distintos. Cada questão vale
cinco pontos (5,0).
Você deve responder às duas questões na ordem em que figuram na prova.
Você tem três horas para concluir a prova e entregá-la. Não lhe será permitido nenhum
tempo adicional para correções, revisões ou redação da versão definitiva da prova.
Você recebeu duas folhas de papel almaço rubricadas: a primeira folha, sem nenhuma
identificação, poderá ser utilizada como rascunho; a segunda folha, personalizada apenas
com o seu número de inscrição, deverá ser utilizada para a composição do seu texto
definitivo. As duas folhas deverão ser entregues ao examinador ao final da prova.
Você não deve se identificar nas folhas de respostas, nem nas folhas de rascunho.
QUESTÃO (1)
Considere o fragmento abaixo:
“Desde a publicação do célebre estudo em que Malinowski (1923) apresenta sua noção de
contexto, vários pesquisadores de diferentes vertentes teóricas interessadas no
conhecimento da linguagem humana têm procurado esquadrinhar, segundo a sugestão do
próprio Malinowski, essa (...) nebulosa que envolve [o emprego das unidades linguísticas].
Em todas essas vertentes, alarga-se, em muito, o alcance da noção de contexto.”
KOCH, I. G. V.; MORATO, E. M.; BENTES, A. C.. Ainda o contexto: algumas considerações
sobre as relações entre contexto, cognição e práticas sociais na obra de Teun van Dijk.
Revista Latinoamericana de Estudios del Discurso, v. 11(1), p. 79-91, 2011.
No trecho dado, a autora afirma que a noção de contexto tem seu alcance alargado em
diferentes vertentes teóricas. Considerando essa afirmação, redija sua resposta levando
em consideração os diferentes sentidos que podem ser atribuídos à noção de
contexto com base na leitura dos fragmentos I, II e III (mas sem necessariamente se
restringir a eles). Ao elaborar sua resposta:
(a) desenvolva a ideia de que as unidades linguísticas não significam por elas mesmas;
(b) descreva em que medida a noção de contexto permite resolver (mesmo que
parcialmente) esse problema.
I.
“Comecemos pelas menores unidades da língua dotadas de significado, os chamados
morfemas, por exemplo o sufixo /-ist/. No código gramatical do inglês este morfema indica
um grau superlativo. Grau em relação a que qualidade? A resposta é dada pelo contexto ao
qual pertence o sufixo. A palavra é o contexto dos morfemas, assim como a sentença é o
contexto verbal das palavras e o discurso é o contexto verbal das sentenças, enquanto que
um morfema por seu lado é o contexto dos fonemas”.
JAKOBSON, R. A afasia como um problema linguístico. In: COELHO, M.; LEMLE, M. Novas
perspectivas linguísticas. Petrópolis: Vozes, 3ª ed. 1973, p. 48.
II.
“(...) na enunciação, a língua se acha empregada para a expressão de uma certa relação
com o mundo. A condição mesma dessa mobilização e dessa apropriação da língua é, para o
locutor, a necessidade de referir pelo discurso, e, para o outro, a possibilidade de co-referir
identicamente, no consenso pragmático que faz de cada locutor um co-locutor. A referência é
parte integrante da enunciação.”
BENVENISTE, E. Problemas de Linguística Geral II, Trad. Marco Antônio Escobar. Campinas:
Pontes, 1989, p. 84.
III.
“A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e
únicos, que emanam dos integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana. O
enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não
só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada pelos
recursos da língua (...), mas também, e sobretudo, por sua construção composicional. Esses
três elementos (conteúdo temático, estilo e construção composicional) fundem-se
indissoluvelmente no todo do enunciado, e todos eles são marcados pela especificidade de
uma esfera de comunicação”.
BAHKTIN, M. Estética da Criação Verbal. Trad. Maria Ermantina Galvão Gomes Pereira. São
Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 279.
QUESTÃO (2)
Considere o fragmento abaixo:
“a participação social do sujeito dá-se graças à [participação] da linguagem, pois é por meio
dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e difunde seu ponto de
vista, partilha e constrói no mundo, produz conhecimento”.
LIMA DA SILVA, M. do R. Os estrangeirismos e a construção de identidades. In: LAFACE, A.
et al. Estudos Linguísticos e Ensino de Línguas. São Paulo: Arte e Ciência, 2006, p. 107.
IV.
“(...) é mister uma perspectiva sumária dos fatôres constitutivos de todo processo
lingüístico, de todo ato de comunicação verbal. O REMETENTE envia uma MENSAGEM ao
DESTINATÁRIO. Para ser eficaz, a mensagem requer um CONTEXTO a que se refere (ou
“referente”, em outra nomenclatura algo ambígua), apreensível pelo destinatário, e que seja
verbal ou suscetível de verbalização; um CÓDIGO total ou parcialmente comum ao remetente
e ao destinatário (ou, em outras palavras, ao codificador e ao decodificador da mensagem);
e, finalmente, um CONTACTO, um canal físico e uma conexão psicológica entre o remetente e o
destinatário, que os capacite a ambos a entrarem e permanecerem em comunicação”.
JAKOBSON, R. Lingüística e Comunicação. Trad. Isidoro Blikstein e José Paulo Paes. 4a ed.
Revista. São Paulo: Cultrix, 1970, p. 122-123.
V.
“ (...) ‘comunicar’ é um fenômeno mais complexo do que propagam alguns trabalhos
especializados em comunicação, pois não consiste apenas em transmitir uma informação.
(...) ‘Comunicar’ é proceder a uma encenação. Assim como, na encenação teatral, o diretor
de teatro utiliza o espaço cênico, os cenários, a luz, a sonorização, os comediantes, o texto,
para produzir efeitos de sentido visando um público imaginado por ele, o locutor – seja ao
falar ou ao escrever – utiliza componentes do dispositivo da comunicação em função dos
efeitos que pretende produzir em seu interlocutor”.
CHARAUDEAU, P. Linguagem e discurso: modos de organização. Org. Aparecida Lino Pauliukonis,
Ida Lúcia Machado; Coord. da equipe de tradução: Angela M.S. Corrêa e Ida Lúcia Machado. São
Paulo: Contexto, 2008, p. 68.