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A PREDESTINAÇÃO NA HISTÓRIA DA IGREJA ANTIGA

AULA 01 – PREDESTINAÇÃO
E LIVRE-ARBÍTRIO.

PROFESSOR: THIAGO TITILLO


O QUE PRECISAMOS SABER

Predestinação e livre-arbítrio – uma introdução


A disputa sobre a “predestinação” e o “livre-arbítrio” existe na história da
Igreja, pelo menos, desde o século IV da era cristã. Muitos foram os que
entraram em cena nessa arena. Agostinho, Pelágio, Erasmo, Lutero,
Calvino, Armínio, Edwards e John Wesley são apenas alguns deles. Mas
para compreender melhor o assunto em tela, é necessário conhecer
alguns conceitos que fazem parte desta discussão:

• Predestinação;
• Livre-arbítrio;
• Monergismo;
• Sinergismo;
• Soberania.
PREDESTINAÇÃO

DEFINIÇÕES
• A palavra predestinação é formada do prefixo “pré” e o
substantivo “destinação”. Literalmente, significa “destino
anteriormente traçado”.
• O verbo predestinar (gr. proorizõ) aparece seis vezes no
Novo Testamento (At 4.28; Rm 8.29-30; 1 Co 2.7; Ef 1.5, 11).
Ele é formado por dois radicais: pro (antes); horizõ
(determinar). Em nenhuma de suas ocorrências se refere à
condenação dos ímpios como predestinada por Deus. Ainda
assim, alguns teólogos defendem que a predestinação é a
decisão unilateral de Deus de salvar alguns e destinar outros
à perdição.
PREDESTINAÇÃO CONFORME A BÍBLIA

Um equívoco muito comum é enxergar na predestinação os decretos de Deus com


relação a todos os eventos da história. É verdade que na teologia cristã dedicamos
uma parte ao estudo da providência, o que inclui os decretos de Deus relacionados à
criação e à manutenção do universo, isto é, o Seu governo soberano sobre todas as
coisas.
Mas em nenhum momento a Bíblia se refere à providência de Deus através da
expressão “predestinação” ou palavras cognatas.
A Bíblia faz uma distinção entre eleição e predestinação: “a eleição é a escolha
graciosa feita por Deus daqueles que estão em Cristo para formarem o Seu povo (Ef
1.4). A predestinação é o propósito determinado por Deus desde a eternidade para
esse povo (Ef 1.5; Rm 8.29-30)”.
Desta forma, Deus nunca predestina alguém para a perdição. Cada pessoa é
responsável por “estar em Cristo” pela fé, respondendo ao chamado gracioso de Deus
para tornar-se parte do “Corpo eleito de Cristo”. Este corpo eleito, Seu povo – do qual
Cristo é o cabeça e primeiro eleito – está predestinado à glória eterna.
LIVRE-ARBÍTRIO

Libertarismo
Toda vez que fazemos ou deixamos de fazer algo, sentimos intuitivamente
que poderíamos ter agido de forma diferente. Essa possibilidade de fazer a
escolha diferente/contrária é o que chamamos de livre-arbítrio. O filósofo
cristão Alvin Plantinga explica:
“O que é relevante para a defesa do livre-arbítrio é a ideia de ser livre com
respeito a uma ação. Se uma pessoa for livre com respeito a uma dada
ação, então, tem liberdade de realiza-la ou não; nenhuma das condições
anteriores e/ou leis causais determinam que ele realizará ou não a ação.
Ele tem poder, no momento em questão, para realizar a ação, e tem poder
para não a realizar.”
Todavia, não basta “sentirmos” que poderíamos ter feito algo diferente, pois
o sentimento não é um campo muito seguro para averiguar a verdade. O
sentimento de liberdade poderia ser mera ilusão.
LIVRE-ARBÍTRIO

Compatibilismo
Os compatibilistas discordam da interpretação clássica (libertária) de livre-arbítrio.
Eles entendem que tal perspectiva não faz justiça à soberania de Deus, visto que
a liberdade humana poderia frustrar o propósito divino. Foi Jó quem confessou:
“Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado”
(Jó 42.2).
Na tentativa de conciliar as ideias de que Deus determina todas as coisas e que o
homem é verdadeiramente livre, os compatibilistas propõem uma reinterpretação
do conceito de livre-arbítrio: “O compatibilismo afirma que o homem sempre age
de acordo com seu próprio desejo, sendo que tal desejo é determinado por
circunstâncias causais que foram ordenadas pessoalmente por Deus”. Seus
proponentes não veem contradição em afirmar que um ato foi ao mesmo tempo
determinado por Deus e livremente operado por um agente responsável: “[...] se
os atos estiverem dentro da vontade do agente, isto é, tiverem sido praticados
segundo a sua vontade, então, mesmo que tais atos sejam causalmente
determinados, são livres, e o agente é responsável”.
AULA 01

SUGESTÕES DE LEITURA PARA APROFUNDAMENTO:

TITILLO, Thiago. A Gênese da Predestinação na História da Teologia


Cristã – Uma análise do pensamento agostiniano sobre o pecado e a
graça. Edição Revisada e Ampliada. São Paulo: Reflexão, 2016.
Capítulo 1, pp. 25-43.

BASINGER, David. Predestinação e Livre-Arbítrio: Quatro


perspectivas sobre a soberania de Deus e a liberdade humana. São
Paulo: Mundo Cristão, 1989.
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