Você está na página 1de 269

Moeda, imposto, dívida pública e outras coisas…

De onde vem a moeda?


Aula 02 - Parte I
Moeda pública e política fiscal
fiduciária

Fontes nos últimos slides


O que será apresentado

1. Introdução ao tema Aula 01

2. Moeda ≠ Dinheiro ≠ Valor Aula 01

3. História da dívida e da moeda Aula 01

4. Moeda fiduciária e política fiscal Aula 02

5. Banco central e política monetária Aula 03

6. Moeda escritural e crédito bancário Aula 04

7. Rentismo, inflação e crises financeiras Aula 05

8. Multipolarismo e des-dolarização Aula 06


Recapitulando a aula anterior
Moeda ≠ Dinheiro ≠ Valor
História da dívida e da moeda
Recapitulando a aula anterior

Moeda ≠ Dinheiro ≠ Valor

Moeda, dinheiro e valor são coisas distintas


Cada um representa um tipo diferente de relação social
Recapitulando a aula anterior

Os vários tipos de valor

Valor de uso:
Utilidade real da coisa para quem a consome.
(O que realmente importa)

Valor-trabalho:
Dispêndio de trabalho social para produzir a coisa.
(O real custo das coisas)

Valor de troca (preço): Valor definido socialmente através da troca.

Valor contratual: Valor acordado com o propósito de quitar dívidas.


Recapitulando a aula anterior

Tempo de Trabalho Social: Tecnologia

O tempo de trabalho social médio é


definido pela capacidade produtiva da
sociedade, não pelas capacidades de
cada indivíduo isolado! Quanto mais
tecnológica for a sociedade, menor
será o tempo de trabalho necessário
para produzir uma mesma coisa.
Recapitulando a aula anterior

Valor de uso ≠ Valor trabalho ≠ Valor de troca (preço)

Independente do tipo de sociedade, tudo aquilo


que é produzido possui tanto um valor de uso
quanto um valor-trabalho.

Porém, os valores de troca, que aparecem na


$ $ forma de preços, dependem de relações sociais
específicas que não existem em toda sociedade.
Recapitulando a aula anterior

Tempo de Trabalho Social → Valor de troca (preço)

Trabalho Quando os frutos do trabalho são


Preço
trocados pela sociedade, os preços
dependem da produtividade social.
Trabalho Aos olhos do mercado, produtos com
Preço
o mesmo valor de uso, mesmo que
feitos com quantidades diferentes de
Trabalho
trabalho, são a mesma coisa.
Preço
Recapitulando a aula anterior

Tempo de Trabalho Social → Valor de troca (preço)

Trabalho É impossível comparar coisas com


Preço
valores de uso diferentes. Para
igualar ligas metálicas, camisetas e
Trabalho alimentos, precisamos utilizar uma
Preço
unidade de medida que todas têm em
comum. Aqui, tudo pode ser medido
Trabalho
em função do trabalho social.
Preço
Recapitulando a aula anterior

Trabalho abstrato ≠ Trabalho concreto

Trab. Abstrato O trabalho social recebe o nome de


Valor de troca
trabalho abstrato. Essa energia
“mística” é transferida, num passe de
Trab. Abstrato “mágica”, da sociedade para as
Valor de troca
mercadorias. O trabalho abstrato
pode ser comparado e, por causa
Trab. Abstrato
disso, “cria” o valor de troca.
Valor de troca
Recapitulando a aula anterior

Trabalho abstrato ≠ Trabalho concreto

Trab. Concreto
Valor de uso O trabalho concreto é aquele que
cria o valor de uso. Assim como o
valor de uso entre coisas distintas
Trab. Concreto
Valor de uso não pode ser comparado, o trabalho
em uma lavoura, tecelagem, ou
Trab. Concreto fundição não podem ser comparados.
Valor de uso
Recapitulando a aula anterior

Recapitulando…

Trabalho abstrato: É o trabalho genérico que controla o valor de troca.

Valor concreto: É o trabalho real que cria o valor de uso.

O trabalho abstrato se torna a medida de valor


Trabalho → Preço entre produtos distintos quando a sociedade passa
a funcionar com trocas generalizadas.
Recapitulando a aula anterior

Quando medimos o valor de troca e o valor contratual

Pagar impostos e tributos definidos por instituições.

Pagar multas e compensações definidas por instituições.

Pagar valores contratuais definidos entre indivíduos e instituições.


Recapitulando a aula anterior

Quando medimos o valor de troca e o valor contratual

Se uma instituição centralizada ou um conjunto de instituições detém o poder de


cobrar tributos, julgar conflitos, e gerenciar as forças produtivas… essa
instituição tem o poder de definir o valor das coisas como sendo o valor que ela
própria aceita para quitar tributos, compensações e contratos.
Recapitulando a aula anterior

Quando medimos o valor de troca e o valor contratual

Essa mesma instituição pode definir qualquer coisa como meio de pagamento
para os valores devidos à ela. Essas “coisas” poderiam ser moedas de ouro,
cédulas de papel, anotações contábeis, ou bits em um computador…
Recapitulando a aula anterior

Dinheiro ≠ Moeda

Unidade de valor a partir do qual são medidas as coisas. Pode


Dinheiro: ser ouro, prata, grãos, escravos, etc. Está relacionado com o
Valor de Troca e cumpre papel de intermediário nas transações.

Também é uma unidade de valor das coisas, principalmente das


Moeda: dívidas. Pode ser um objeto ou abstração que a instituição
credora determina. Está relacionado com o valor contratual.
Recapitulando a aula anterior

As dívidas antigamente tinham valor porque:

Perdiam-se terras ao não pagar dívidas

Perdiam-se liberdades ao não pagar dívidas

Sofria-se violência por não pagar indenizações

Sofriam-se consequências militares ao não


pagar tributos para o império/metrópole
Recapitulando a aula anterior

A moeda nos dias de hoje tem valor porque:

Perdemos a casa se não pagarmos o banco

Perdemos terras se não pagarmos IPTU / ITR

Perdemos direitos civis ao não pagar impostos

Ficamos sem água e sem eletricidade se não


pagarmos as contas das distribuidoras

Perdemos acesso ao crédito se não pagamos


nossas dívidas (nome sujo no SERASA/SPC)
Recapitulando a aula anterior

Estados criam moeda e controlam…

Os aparatos de violência que definem


As punições por não pagar dívidas
O poder judiciário que define o
valor de multas e compensações As empresas estatais que definem o
valor dos produtos/serviços ofertados
O poder tributário que define o
valor dos impostos a serem pagos Os bancos públicos que definem o
valor das dívidas e dos juros
Recapitulando a aula anterior

O setor privado cria moeda e controla…

Os bancos privados que definem o


valor das dívidas e dos juros

O próprio funcionamento do governo


O poder tributário indireto que define o
valor dos impostos privados

Falaremos disso na aula sobre rentismo…


Recapitulando a aula anterior

Dinheiro ≠ Moeda

Dinheiro: Estados e bancos não criam dinheiro!

Moeda: Estados e bancos criam moeda!

As dívidas servem para forçar a moeda a ser utilizada como se


Dívidas: fosse dinheiro, garantindo que as instituições que criam moeda
possam se apoderar de recursos econômicos.
Recapitulando a aula anterior

O que é o feitiço/fetiche da mercadoria

Feitiço da mercadoria é a ilusão de que quando o agricultor vai para o mercado


e troca arroz por vacas, o próprio valor do arroz está “magicamente” se
transformando em uma vaca. Como se o mercado tivesse poderes de alquimia
para converter um tipo de mercadoria em outra com o mesmo valor de troca.

“Mágica”
Recapitulando a aula anterior

O que é o feitiço/fetiche do dinheiro

O feitiço do dinheiro é um caso especial do feitiço da mercadoria. A partir desse


ponto, o agricultor vai ao mercado e transforma seu arroz em dinheiro, para em
seguida transformar o dinheiro em vacas. Aqui o poder de alquimia do mercado
extrai o valor do arroz na forma de dinheiro, e depois o transforma em vacas.
Recapitulando a aula anterior

O feitiço / fetiche da mercadoria trabalho

O feitiço do trabalho é um tipo de feitiço da mercadoria. Em sociedades onde o


trabalho assalariado é generalizado, como no capitalismo, a mão de obra se
torna mercadoria, que é comprada e transformada em valor de troca. Por ter
um preço, os trabalhos são comparados, criando falsas equivalências.
Recapitulando a aula anterior

O feitiço / fetiche da mercadoria trabalho

Para que a mão de obra seja mercadoria, deve existir um mercado de trabalho
em que uma massa de trabalhadores são obrigados a vender a sua capacidade
de gerar valor. O capital compra trabalho como se fosse eletricidade ou carvão.
Recapitulando a aula anterior

O feitiço / fetiche da mercadoria trabalho

O que torna o capitalismo diferente de modos antigos de produção é uma vasta


população sem acesso aos meios de produção. Como não podem produzir seu
próprio sustento, essas pessoas transformam sua mão de obra em mercadoria.

Escravos têm sua sobrevivência Os Servos têm acesso à terra em Os trabalhadores não possuem
garantida porque são vistos como que vivem, onde podem produzir meios para sua sobrevivência,
propriedade de seus donos. seu próprio sustento. exceto vender mão de obra.
Recapitulando a aula anterior

O feitiço do dinheiro como intermediário

O dinheiro esconde essas relações sociais, pois se torna um intermediário entre


indivíduos isolados. Além disso, o culto capitalista, que nos doutrina por todos
os meios possíveis, nos leva a acreditar que transformar nossas vidas em
dinheiro é parte de um grande plano cósmico do Deus Mercado.
Recapitulando a aula anterior

O feitiço do dinheiro como intermediário divino

Estamos em um contexto social no qual o dinheiro é o intermediário entre


nossas relações. Damos coisas ao Mercado e recebemos coisas do Mercado.
Produzimos valor para o Mercado porque acreditamos, no sentido de crença,
que é o próprio dinheiro que garante nosso sustento.

Deus Deus
Mercado Mercado
Recapitulando a aula anterior

A alquimia do feitiço do dinheiro

O dinheiro cumpre o papel de substância fundamental de valor à partir da qual


todas as mercadorias são feitas. Da mesma forma que um feiticeiro utiliza suas
energias místicas para criar fogo, água, ar e terra, o mercado utiliza o dinheiro
para criar mercadorias. É como se as coisas fossem feitas de dinheiro.
Recapitulando a aula anterior

A sociedade dominada pelo feitiço do dinheiro

O grande truque de mágica, ou melhor dizendo, a grande ilusão do mercado, é a


ideia de que a economia é uma caixa preta na qual colocamos dinheiro de um
lado e tiramos mercadorias do outro. Isso é obviamente um absurdo! Porém, é
assim que a sociedade capitalista acredita que a economia funciona!

Caixa preta
do Mercado
Recapitulando a aula anterior

A “ciência” dominada pelo feitiço do dinheiro

Como prova de que a sociedade acredita no “valor fundamental do dinheiro”,


basta ver a obsessão em relação ao PIB (Produto Interno Bruto)... que nada
mais é do que o somatório, em dinheiro, dos preços de todas as mercadorias
que circulam na economia em um dado intervalo de tempo.

PIB
Recapitulando a aula anterior

O PIB e o feitiço do dinheiro

A medida do PIB é meramente a transformação de tudo o que existe na


economia em valor de troca, expresso na forma dinheiro. O PIB não mede o
valor de uso das coisas. No PIB, uma estátua gigante de ouro maciço que
custa 1 bilhão de Reais vale tanto quanto um hospital de 1 bilhão de reais.
Recapitulando a aula anterior

O que é o feitiço / fetiche do dinheiro

O que produz as coisas com valor de uso é justamente o trabalho humano e os


recursos da natureza que são transformados por esse trabalho. O dinheiro não é
uma matéria prima em processo algum.

Caixa preta
do Mercado
Recapitulando a aula anterior

O feitiço / fetiche do trabalho

Além disso, o trabalho isolado não cria riqueza, pois depende de infraestrutura
produtiva, recursos naturais e conhecimentos técnicos da sociedade. Essas
coisas determinam quanto cada tipo de trabalho produz de valor de uso.
Recapitulando a aula anterior

A moeda e o poder econômico

Quebrar os fetiches do dinheiro, mercadoria e trabalho significa reconhecer que


tudo é criado a partir de recursos naturais e trabalhos especializados. O
dinheiro nada cria, apenas controla a produção e distribuição na sociedade.

Caixa preta
do Mercado
Recapitulando a aula anterior

A moeda e o poder econômico

Quando uma instituição ou conjunto de instituições tem o poder de forçar sua


moeda a ser utilizada como dinheiro, essa instituição tem o poder de controlar
os recursos que toda a sociedade produz. Quem controla essa instituição?

Caixa preta
do Mercado

Um salto no tempo…
Como a moeda e a dívida se comportam hoje

Suméria Grécia Mercantilismo Capitalismo 1ª 2ª Bretton Choque Dias


Roma guerra guerra Woods de Nixon Atuais
Calote dos EUA

Na aula 06 veremos as guerras mundiais, Bretton Woods e o choque de Nixon.


O salto será feito para sanar as curiosidades mais urgentes de quem quer entender
a moeda moderna, e para evitar que você desenvolva um fetiche por ouro.
Aula 02
Introdução e comentários iniciais
Perguntas da aula anterior

Se o Estado cria moeda…


Por que fala-se tanto de corte de gastos e dívida pública?

Os Estados não são representantes do povo, mas sim da classe dominante.


Sendo assim, cortes de gastos públicos e a subida dos juros, conhecidos como
austeridade fiscal e monetária, são ferramentas políticas para reduzir o poder
da população e transferir riqueza da base da sociedade para o topo.

Nessa aula iremos entender política fiscal e austeridade fiscal


Introdução

Poderíamos discutir as várias leis brasileiras: Lei de Diretrizes Orçamentárias,


Lei Orçamentária Anual, Lei de Responsabilidade Fiscal, Regra de Ouro, Tripé
Macroeconômico, o Teto de Gastos, e a recente Âncora Fiscal. (vide fontes)

Poderíamos fazer projeções para o PIB, câmbio, arrecadação, taxa de juros,


balança comercial, lucros das estatais, e vários malabarismos financeiros para
transformar coisas em dinheiro, somar e mostrar números vazios ao leitor.

Porém…
Introdução

Porém, isso seria cair naqueles “feitiços/fetiches”. Leis podem ser modificadas,
e os número vazios expressos em cifras de dinheiro não mostram a realidade
material do povo brasileiro: “As pessoas não comem dinheiro nem PIB”

Discutir o orçamento público dentro de uma lógica social-democrata é o mesmo


que discutir “qual a forma mais humana de tratar os trabalhadores escravos”...
ao invés de propor que a escravidão seja abolida.
Introdução

Não faltam artigos, palestras, reportagens, livros e publicações acadêmicas


criticando as leis fiscais neoliberais que o Brasil, e várias outras supostas
democracias, adotam contra a vontade da própria população.

Discussões rasas nos deixam presos em soluções fáceis (e burras) propostas


pelos intervencionistas que desejam um “capitalismo com mais Estado” e os
liberais que desejam um “capitalismo com mais Mercado”.
Introdução

O objetivo desse material é fugir do senso comum e mostrar os assuntos em


toda a sua complexidade, vendo como tudo está interligado, e propondo
superar nossa condição atual, ao invés de reformar o que não funciona.

Na economia-política, não devemos pensar em “como humanizar a exploração”,


mas como “libertar a humanidade de crenças limitantes que colocam em risco a
civilização e o planeta Terra”. O mundo só pode ser destruído uma vez.
Introdução

Estamos acostumados a ver o Estado como conciliador da sociedade. Além


disso, o fetiche do dinheiro nos faz pensar que decidimos os rumos do país
com nossas carteiras, e que precisamos de dinheiro para votar na
“democracia do mercado”. Falar sobre política fiscal envolve repensar a forma
como entendemos o Estado, e considerar que todos devemos decidir como a
riqueza produzida por nosso trabalho é utilizada. O que gostaríamos para
nossa cidade, estado ou país? O orçamento público é onde isso é decidido.
Moeda fiduciária e Política fiscal
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

Os impostos segundo o senso comum:

O Estado arrecada moeda

O Estado gasta a moeda arrecadada

Quando o gasto for maior que a arrecadação, o


Estado é obrigado a pegar emprestado da
iniciativa privada ou imprimir moeda.
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

Os “impostos” como eles realmente são:

O Estado cria moeda quando gasta

O Estado remove moeda com impostos

Todo o gasto público cria moeda. Os títulos da


dívida pública servem como política monetária
(aula 03), não como forma de arrecadar.
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

Os impostos como eles realmente são:

O verdadeiro imposto que o Estado


cobra não são as moedas recolhidas.

O verdadeiro imposto é o valor (Riqueza) que o Estado obtém através da moeda.


São os produtos e serviços que a sociedade produz através do trabalho.
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

A moeda pública como ferramenta

Por meio da política fiscal, as instituições supostamente públicas utilizam sua


moeda para fazer a gestão e distribuição daquilo que é produzido no interior de
suas fronteiras… Seja contra ou à favor da população.

Caixa preta
do Mercado
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

Os impostos como eles realmente são:

A moeda, junto com a dívida, são as


ferramentas utilizadas para obter valor.

Enquanto houver dívidas e enquanto houver uma moeda legalmente aceita para
cancelar essas dívidas, essa moeda terá valor dentro deste contexto social.
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

Como o Estado cria moeda?

Isso é feito de duas formas

1. Imprimindo cédulas e cunhando


moedas, porém isso raramente é feito.

2. Criando moedas digitais através do


banco central e depositando essas
moedas em um banco comercial. Essa
é a forma mais comum de criar moeda.
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

Isso é válido para todos os órgãos do Estado?

NÃO!

Apenas o governo federal e o Banco


Central podem criar moeda fiduciária.
Governos estaduais e municipais não.

Se um governo estadual ou municipal tiver déficit fiscal, precisa


pegar emprestado ou solicitar fundos ao governo federal.
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

E se o governo federal não quiser dar a verba?

Se isso ocorrer, por opção política do


governo federal, estados e municípios
são pressionados a privatizar ativos
públicos para arrecadar dinheiro.

Essas privatizações retiram os meios de produção da mão do


povo e colocam na mão de acionistas privados que buscam lucro.
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

Todos os países criam moeda?

NÃO!

Apenas países com moeda soberana


podem fazer isso. Por exemplo: EUA,
Inglaterra, China, Índia, Rússia, Brasil,
Canadá, Austrália, Japão…

Países da zona do Euro não podem criar moeda, pois o Euro é


controlado pelo Banco Central Europeu, não pelos governos locais.
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

E se um país que não cria moeda fica sem dinheiro?

A situação é análoga aos casos em


que estados e municípios ficam sem
verbas, mas em escala muito maior.
A Grécia é um exemplo recente disso.

Esses países são expropriados de seus recursos públicos, que são


entregues à oligarquias locais e ao capital internacional.
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

E se o país não quiser entregar seus recursos?

Se as classes dominantes de um país


junto ao capital internacional quiserem
lotear e vender as riquezas nacionais,
isso será feito dentro ou fora da lei.

Na Grécia (2008), e na Ucrânia (2023), as necessidades da população foram ignoradas e


os países sofreram influência externa para privatizar terras e recursos naturais.
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

Então é melhor ter o real no Brasil que o dólar?

Com certeza!

Se o Brasil abrir mão de sua moeda,


iremos nos tornar dependentes de
moedas estrangeiras e dos países que
criam essas moedas.

Adotar o dólar no Brasil iria tirar nossa soberania monetária e nos


transformar em uma Argentina, Grécia, Porto Rico, etc.
Como funciona a moeda pública (fiduciária)

Se o Brasil cria reais, pra quê serve a dívida pública?

Por hora, vale notar que a dívida pública não é para


arrecadar dinheiro, mas para fazer política monetária*:

Controlar a taxa de juros

Manipular o câmbio

Sustentar rentistas

Aumentar o desemprego

Criar bolhas financeiras e recessões


*Mais informações
na aula 03
Como o Estado cria moeda fiduciária
ativos e passivos
+1 -1 = 0
Como o governo cria moeda fiduciária

A moeda é passivo do Estado e ativo da população.


Isso ocorre porque a moeda representa um valor que
as instituições públicas estão devendo para o povo.

Moeda Moeda

Ativos Passivos Ativos Passivos


Esse dinheiro
representa o que eu
devo pra vocês.

Estado População
Como o governo cria moeda fiduciária

Uma nota de R$ 100 é como um contrato social em


que o Estado se compromete a reconhecer esse
pedaço de papel como tendo um valor de R$ 100

Moeda Moeda

Ativos Passivos Ativos Passivos


Por que isso vale
100 Reais?

Depois a gente
discute isso… Estado População
Como o governo cria moeda fiduciária

Gastos públicos são um déficit fiscal para o Estado,


mas são um superávit financeiro para a população.

O déficit cria a própria moeda que utilizamos

Déficit
Moeda Moeda

Ativos Passivos Ativos Passivos


Quer dizer que
estamos mais ricos?

Não exatamente…
Estado População
Como o governo cria moeda fiduciária

Os impostos a receber são ativos do Estado.


Os impostos a pagar são passivos da população.

O Estado tem poder de criar esses passivos (dívidas)

Moeda Moeda
Impostos Impostos
Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Como o governo cria moeda fiduciária

A moeda criada pelo gasto público é utilizada para


pagar os impostos, cancelando ativos e passivos

Déficit = Moeda criada – Moeda arrecadada

Moeda Moeda

Impostos Moeda Moeda Impostos


Ativos Passivos Ativos Passivos
Como eu pago
esses impostos?

Com as moedinhas
que eu te dei antes Estado População
Como o governo cria moeda fiduciária

Moeda é um ativo financeiro legalmente


aceito para cancelar passivos financeiros.

Ativos financeiros Passivos financeiros


Ativos são valores positivos ( + ) Passivos são valores negativos ( – )
Representam valores à receber Representam valores à pagar
Fazem parte do balanço dos credores Fazem parte do balanço dos devedores

Impostos a serem recebidos Impostos a serem pagos


Exemplo Exemplo
Moeda em circulação Dívida do Estado com o povo
Como o governo cria moeda fiduciária

Todo o passivo de alguém é ativo de outra pessoa.

Se Maria deve R$ 10 para João.


João tem R$ 10 à receber de Maria.

Dívida Crédito
Maria R$10 Maria R$10

Ativos Passivos Ativos Passivos

Maria João
Como o governo cria moeda fiduciária

Quando ativos e passivos estão em balanços


diferentes eles fazem referência um ao outro.

A dívida do devedor é um crédito do credor

Crédito Dívida João


João R$20 Dívida Crédito R$20

Maria R$10 Maria R$10

Ativos Passivos Ativos Passivos

Maria João
Como o governo cria moeda fiduciária

Passivos não podem ser transferidos pelo devedor,


mas os ativos podem ser transferidos pelo credor.

Crédito
João R$10

Crédito Crédito
Maria R$10 João R$10 Dívida João

Crédito Dívida Crédito R$20

João R$10 Maria R$10 Maria R$10

Ativos Passivos Ativos Passivos

Maria João
Como o governo cria moeda fiduciária

Na contabilidade, quando um ativo e seu respectivo


passivo estão no mesmo balanço, um cancela o outro.

Crédito Dívida João


Maria R$10 R$10

Crédito Dívida Crédito Dívida João


João R$10 Maria R$10 João R$10 R$10

Ativos Passivos Ativos Passivos

Maria João
Como o governo cria moeda fiduciária

Seguindo essa lógica contábil, a troca de moeda por


impostos cancela duas dívidas ao mesmo tempo:
Estado→população e população→Estado

Moeda Moeda

Impostos Moeda Moeda Impostos

Ativos Passivos Ativos Passivos


Você é o João no
exemplo anterior?

Não exatamente…
Estado População
Como o governo cria moeda fiduciária

A 1ª diferença entre o caso João→Maria e o caso


Estado→População, é que o Estado é capaz de
transformar sua dívida em moeda nacional.

Crédito Moeda
público fiduciária
R$4 tri R$4 tri

Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Como o governo cria moeda fiduciária

A 2ª diferença é que o Estado tem poder de criar


passivos na forma de impostos e outros tributos, algo
que João e Maria não podem fazer um com o outro.

Crédito Moeda
público fiduciária
Impostos R$4 tri R$4 tri Impostos
R$2 tri R$2 tri

Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Como o governo cria moeda fiduciária

A 3ª diferença é que o Estado controla parte dos meios de produção e parte do sistema
bancário, que também criam demanda pela moeda pública.

Crédito
R$2 tri

Dívida Pop.
Crédito Moeda R$2 tri
Produtos e
público R$4 fiduciária
Dívida Pop. Crédito Impostos Impostos Serviços
tri R$4 tri
R$2 tri R$2 tri R$2 tri R$2 tri R$3 tri

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Púb. Estado População Estatais


Como o governo cria moeda fiduciária

Podemos acrescentar bancos privados nacionais e estrangeiros como criadores de moeda


e criadores de demanda por moeda, além de empresas privadas nacionais e estrangeiras
como criadoras de demanda por moeda. Porém, na aula 02 serão abordados apenas o
orçamento e as Estatais. Veremos o restante em mais detalhes nas aulas 03, 04, 05 e 06

Estatais Banco Público

Banco Privado

Estado Empresa Privada


Como o governo cria moeda fiduciária

Quando você escuta que o governo tem superávit,


significa que a população está em déficit.

O superávit público remove moeda da economia.

Moeda Moeda
Superávit
Impostos Moeda Moeda Impostos
Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Como o governo cria moeda fiduciária

Quando você escuta que o governo está em déficit,


significa que a população está em superávit.

O déficit aumenta a quantidade de moeda na economia.

Déficit
Moeda Moeda

Ativos Passivos Ativos Passivos


Peraí... Você me dá
dinheiro e depois
tira ele de mim?

Depois a gente
discute isso… Estado População
Como o Banco Central cria moeda fiduciária
Tábuas de argila feitas de 0s e 1s
Como o Banco Central cria moeda fiduciária

Como o Estado cria moeda?

Isso é feito de duas formas

1. Imprimindo cédulas e cunhando


moedas, porém isso raramente é feito.

2. Criando moedas digitais através do


Banco Central e depositando essas
moedas em um banco comercial. Essa
é a forma mais comum de criar moeda.
Como o Banco Central cria moeda fiduciária

Como o Estado cria moeda

Moeda digital

A moeda digital é conhecida pelo nome


reservas bancárias

Elas são criadas nos computadores de


Bancos Centrais
Como o Banco Central cria moeda fiduciária

Bancos Centrais

O que são?

São instituições públicas que fazem a


gestão da moeda nacional e regulam o
funcionamento do mercado financeiro.

O Banco Central brasileiro não é


Independente do governo!
Como o Banco Central cria moeda fiduciária

Autonomia ≠ Independência

O Banco Central é autônomo

Significa que seus objetivos são


determinados pelo governo.

Porém, o Banco Central tem autonomia


para decidir quais métodos vai utilizar
para cumprir esses objetivos.
Como o Banco Central cria moeda fiduciária

As reservas bancárias são uma moeda digital criada


pelo banco central (BC). Essas reservas são um
passivo do BC e um ativo dos bancos comerciais.

Reservas Reservas Depósitos Depósitos

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


Como o Banco Central cria moeda fiduciária

Em troca dessa moeda digital, os bancos comerciais


criam depósitos para as pessoas e empresas que
recebem pagamentos do Estado.

Reservas Reservas Depósitos Depósitos

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


Como o Banco Central cria moeda fiduciária

Esses bancos comerciais, que atuam como meros


intermediários, podem ser públicos e/ou privados.

Reservas Reservas Depósitos Depósitos

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


Como o Banco Central cria moeda fiduciária

Quando o Estado faz pagamentos, ele cria e deposita


reservas no banco (1), e o banco aumenta o valor na
conta corrente do recipiente (2). É 100% digital.

1 2
Reservas Reservas Depósitos Depósitos

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


Como o Banco Central cria moeda fiduciária

Pessoas e empresas têm contas nos bancos.


Os bancos têm contas no Banco Central.

Reservas Reservas Depósitos Depósitos

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


Como o Banco Central cria moeda fiduciária

Quando fazemos saques nos caixas eletrônicos, os


bancos usam suas reservas para comprar moeda (1),
e nós trocamos nossos depósitos por moeda (2).

1 2
Moeda Moeda Moeda
Reservas Reservas Depósitos Depósitos
1 2
Reservas Reservas Depósitos Depósitos
Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


Como o Banco Central cria moeda fiduciária

Quando pagamos impostos pelo sistema financeiro, os


bancos cancelam os depósitos (ativos e passivos), e o
Estado cancela as reservas (ativos e passivos).

Reservas Reservas Depósitos Depósitos

Impostos Reservas Reservas Depósitos Depósitos Impostos


Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


Recapitulando

Recapitulando
1. Moeda é um passivo do Estado
2. Reservas são um passivo do Banco Central
3. Ativos/passivos financeiros se anulam
4. Gastos públicos criam moeda
5. O gasto ocorre antes das receitas
6. O Estado aceita moeda para pagamentos
7. Moeda é uma criatura jurídica
Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

Para que servem os impostos?


A moeda como ferramenta de gestão econômica
Para que servem os impostos

Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

Gestão da economia

A criação de moeda e a cobrança de


impostos são duas ferramentas que
compõem a política fiscal de um país.

O dinheiro e a moeda não criam valor na economia, mas servem para gerenciar como
o valor é criado e como é distribuído. Sendo assim, impostos servem para:
Para que servem os impostos

Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

1. Criar demanda pela moeda

Se o Estado cobra impostos em sua


própria moeda, pessoas e empresas
são obrigadas a adquiri-la para pagar.

Para obter a moeda nacional, pessoas e empresas devem prestar serviços diretamente
para o Estado ou indiretamente para instituições privadas que controlam o Estado.
Para que servem os impostos
Impostos são a única fonte de demanda por moeda?

Todo pagamento feito ao Estado é fonte


de demanda por moeda: Serviços
públicos como água, energia, moradia,
internet, petróleo, e até crédito bancário

Seguindo a mesma lógica, a iniciativa privada também cria demanda por moeda via
bancos privados, aluguéis imobiliários, seguradoras, milícias, etc. (Aulas 04, 05 e 06)
Para que servem os impostos
Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

2. Controlar a inflação de demanda

Se a demanda em um setor crescer


mais rápido que a produção, as
empresas tendem a elevar os preços
de suas mercadorias.

A elevação de preços ao consumidor sem que haja aumento de preços para o produtor,
cria superlucros para as empresas, pois seus custos de produção continuam iguais.
Para que servem os impostos
Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

2. Controlar a inflação de demanda

Nesse caso, o imposto absorve o


superlucro e impede que um setor da
economia lucre com a escassez.
(Conhecido como Windfall Tax)

Obviamente esse tipo de medida deve ser acompanhado de uma investigação das
causas dos gargalos e também de políticas industriais que aumentem a produtividade.
Para que servem os impostos
Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

3. Controlar a desigualdade

Tributar os mais ricos impede a


concentração de fortunas na mão de
oligarquias hereditárias que coloquem
em risco a soberania nacional

Não precisamos do dinheiro dos ricos; os impostos servem para impedir que famílias
acumulem riqueza o suficiente para se tornarem milícias ou Estados paralelos
Para que servem os impostos
Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

4. Incentivar certos setores

Ao reduzir os impostos sobre setores


considerados importantes pelo povo
ou pelas metas de longo prazo do
país, criam-se incentivos fiscais

Por exemplo: Reduzindo impostos de empresas sustentáveis, de setores estratégicos


que o país deseja desenvolver, ou de coisas nas quais o povo deseja investir.
Para que servem os impostos
Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

5. DES-incentivar certos setores

Ao aumentar impostos sobre setores


considerados ruins pelo povo ou que
atrapalhem as metas de longo prazo
do país, criam-se desincentivos fiscais

Por exemplo: Taxando emissão de poluentes, produtos nocivos à saúde como o cigarro,
indústrias que desperdiçam matéria prima, empresas de intermediação financeira, etc.
Para que servem os impostos
Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

6. Proteger setores estratégicos

Ao cobrar tarifas de mercadorias


importadas com similares nacionais, o
Estado protege as empresas locais
enquanto elas se desenvolvem

Essa política protecionista foi utilizada por todos os países que hoje são considerados
“desenvolvidos” e serviu para garantir a sobrevivência de setores estratégicos
Para que servem os impostos
Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

6. Proteger setores estratégicos

A lógica por trás disso é que empresas


novas não conseguem competir no
mercado global e precisam de suporte
no início de suas operações

Por ser uma medida impopular, deve ser feita com cautela e explicando para a
população que isso faz parte de um projeto nacional de longo prazo
Para que servem os impostos
Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

7. Controlar a balança comercial

Países que estejam enfrentando


problemas em sua balança comercial
podem usar impostos para reduzir o
volume de importações

Isso impede que os países fiquem com as balanças comerciais no negativo, causando
perda de reservas internacionais* e potencial inflação do câmbio

* Reservas Internacionais são as moedas de outros países


Para que servem os impostos
Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

7. Controlar a balança comercial

O inverso também funciona. Se o país


estiver exportando muito e importando
pouco, terá reservas internacionais
em excesso

Reduzir os tributos sobre determinados tipos de produtos importados pode ajudar o país
a equilibrar sua balança comercial, impedindo que ocorra acúmulo de reservas.
Para que servem os impostos
Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

7. Controlar a balança comercial

Embora seja contra-intuitivo dizer que


acumular reservas internacionais é
algo ruim, devemos lembrar do tal:
“Fetiche do dinheiro”

O objetivo de realizar comércio com outros países é obter riqueza, não dinheiro. Se
estivermos acumulando apenas dinheiro, não estaremos acumulando riqueza.
Para que servem os impostos
Se o Estado cria moeda, por que pagamos imposto?

8. Impedir fuga de capital

Cobrar impostos sobre as atividades


que enviem dinheiro para fora do país
serve para preservar as reservas
internacionais e estabilizar o câmbio

Se múltiplos brasileiros trocassem Reais por Dólares, por exemplo, isso traria duas
consequência: A perda de reservas internacionais do país e a desvalorização do Real
Por que o Estado cria moeda?
O por que é mais importante que o como
Por que o Estado cria moeda

O Estado não joga moeda na economia de helicóptero

O déficit fiscal ocorre quando o Estado cria moeda em


troca de Valor (riqueza) produzido pela população.

Obtenção de valor
Valor
Déficit
Valor Moeda Moeda
Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Por que o Estado cria moeda

O déficit fiscal resulta em um superávit de riqueza

O Estado não precisa da moeda que ele próprio cria.


O déficit fiscal é a forma pela qual se obtém o valor.

Obtenção de valor
Valor
Déficit
Valor Moeda Moeda
Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Por que o Estado cria moeda

A instituição Estado é a gestora dos recursos públicos teoricamente :)

Através da gestão da moeda fiduciária, o Estado


controla como parte do valor é produzido e distribuído.

Redistribuição de valor
Valor

Valor Moeda Moeda


Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Por que o Estado cria moeda

Isso pode ser feito pagando o setor privado

Ou diretamente pelas instituições do Estado, que


teoricamente :)
oferecem bens e serviços públicos à população.

Redistribuição de valor
Valor

Valor Moeda Moeda


Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Por que o Estado cria moeda

Após o gasto, ocorre a arrecadação

Parte da moeda que foi criada durante o gasto público


é removida de circulação com os impostos.

Valor

Moeda Moeda
Impostos Impostos
Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Por que o Estado cria moeda

A política fiscal tem duas etapas

A primeira é o gasto público, que cria moeda.


A segunda é a arrecadação, que subtrai moeda.

Valor
Moeda Moeda
Impostos Moeda Moeda Impostos
Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Por que o Estado cria moeda

A moeda restante é um crédito que só irá desaparecer


quando for usada para comprar produtos/serviços de
empresas estatais ou pagar dívidas bancárias.

Valor

Moeda Moeda
Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Por que o Estado cria moeda

A moeda só desaparece se for transferida ao Estado


ou sistema bancário. Trocas entre pessoas e empresas
não removem moeda de circulação.

Valor Valor

Moeda Moeda Moeda


Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População População’


Por que o Estado cria moeda

Ou seja, o que importa não é a moeda, mas sim essa


riqueza (valor) que foi produzida pela sociedade?

Exatamente! O verdadeiro imposto é o valor transferido.

Valor

Moeda Moeda
Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Por que o Estado cria moeda

E se o valor socialmente produzido não for devolvido?

Quando as pessoas reclamam que o governo não está


atendendo ao povo, para onde foi o resto do valor?

?
Valor
Valor Moeda Moeda
Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Por que o Estado cria moeda

Esse valor “roubado” ficou com o Estado?

O governo não é um indivíduo nem classe. O valor não


fica com o Estado, mas com quem o controla.

?
Valor
Valor Moeda Moeda
Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Por que o Estado cria moeda

Até agora vimos a moeda e os impostos sob uma perspectiva neutra.


Veremos agora como essas coisas funcionam na prática.
Interesses de classe e parasitismo
O Estado e o mercado são duas faces da mesma moeda
Interesses de classe e parasitismo
As perguntas que devemos fazer são:

Quem realmente produziu esse valor?


Como esse valor obtido pelo Estado é distribuído?
Quem realmente se apropria desse valor?

Distribuição de valor Distribuição de valor


Valor
Valor
Valor Moeda Moeda
Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

???? Estado População


Interesses de classe e parasitismo
Quais mecanismos permitem essa apropriação?

Um deles é a política fiscal, diretamente através do


gasto público e indiretamente através do não-gasto.
Nas próximas aulas veremos outros mecanismos.

Distribuição de valor Distribuição de valor


Valor
Valor
Valor Moeda Moeda
Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

???? Estado População


Interesses de classe e parasitismo
Quer dizer que o Estado é malvado?

O Estado é uma ferramenta, não uma classe social.


Quando essa ferramenta é capturada por uma classe
social, ela é utilizada como arma contra a população.

Distribuição de valor Distribuição de valor


Valor
Valor
Valor Moeda Moeda
Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

???? Estado População


Interesses de classe e parasitismo
Lembre-se

As classes que controlam os Países desejam se


apoderar do valor que a sociedade produz. A Moeda é
apenas a ferramenta utilizada para esse fim

Valor Valor
Valor

Ativos Passivos Ativos Passivos

???? População
Interesses de classe e parasitismo
Qual é essa classe social?

A classe parasita, que sobrevive da riqueza produzida


pelos outros e utiliza o Estado como ferramenta de
violência institucional, depende do tipo de sociedade.

Valor Valor
Valor

Ativos Passivos Ativos Passivos

???? População
Interesses de classe e parasitismo
Qual é essa classe social?

Antes dos Estados modernos, eram os grupos que


invadiam territórios e utilizavam a violência direta para
se apoderar da riqueza de um grupo mais fraco

Valor Valor
Valor

Ativos Passivos Ativos Passivos

Invasores População
Interesses de classe e parasitismo
Qual é essa classe social?

Na antiga Grécia e Roma, eram os latifundiários com


terras e escravos, que combinavam seu poder militar
para formar um Estado que protegia sua propriedade.

Valor Valor
Valor

Ativos Passivos Ativos Passivos

Latifundiários População
Interesses de classe e parasitismo
Qual é essa classe social?

No feudalismo, era a nobreza com terras e servos, que


usava o Estado absolutista para dominar a população
local e se proteger da nobreza de outras regiões.

Valor Valor
Valor

Ativos Passivos Ativos Passivos

Aristocracia População
Interesses de classe e parasitismo
Qual é essa classe social?

No capitalismo, é a grande burguesia com os meios de


produção, que usa a polícia para subjugar o povo e o
exército para se proteger de burguesias externas.

Valor Valor
Valor

Ativos Passivos Ativos Passivos

Burguesia População
Interesses de classe e parasitismo
Qual é essa classe social?

Quando os interesses de uma burguesia ultrapassam


as fronteiras do país e passam a subjugar outras
nações, chamamos isso de imperialismo.

Valor Valor
Valor

Ativos Passivos Ativos Passivos

Burguesia Mundo
Interesses de classe e parasitismo
Meu salário é alto… sou burguês?

Ser burguês não está relacionado a quanto dinheiro


você recebe, mas como você recebe esse dinheiro.

Se você e sua família parassem de trabalhar hoje,


poderiam continuar sustentando toda a sua linhagem
de herdeiros apenas com renda passiva?

Não

Então você não é um burguês


Interesses de classe e parasitismo
Por acaso sou burguês?

Ser burguês não está relacionado a quanto dinheiro


você recebe, mas como você recebe dinheiro.

Você controla grupos políticos, tipo a bancada do boi,


da bala, ou da bíblia, e define quais leis esses grupos
propõem e como esses grupos votam as leis?

Não

Então você não é um burguês


Interesses de classe e parasitismo
Por acaso sou burguês?

Ser burguês não está relacionado a quanto dinheiro


você recebe, mas como você recebe dinheiro.

O presidente do Banco Central te liga diretamente no


celular para perguntar qual é a taxa de juros que ele
deveria praticar no Brasil?
Dono do BTG pactual
Não

Então você não é um burguês

https://www.poder360.com.br/brasil/andre-esteves-do-btg-diz-ser-consultado-por-campos-neto-sobre-piso-de-juros/
Interesses de classe e parasitismo
Por acaso sou burguês?

Ser burguês não está relacionado a quanto dinheiro


você recebe, mas como você recebe dinheiro.

Se o seu negócio estiver com dificuldades financeiras


por causa da concorrência chinesa, você pode pedir
pro ministro da economia tributar a Shein e a Shopee?
Dono da Havan
Não

Então você não é um burguês

https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/03/28/por-que-varejistas-criticam-shein-shopee-e-aliexpress-por-contrabando-digital-no-brasil.ghtml
Interesses de classe e parasitismo
Por acaso sou burguês?

Ser burguês não está relacionado a quanto dinheiro


você recebe, mas como você recebe dinheiro.

Você é dono de um conglomerado de educação


privada que fez lobby pelo novo ensino médio porque
deseja propagar ideologia liberal para jovens?
Dono da Fundação Lemann
Não

Então você não é um burguês

https://www.brasildefatope.com.br/2020/04/06/artigo-fundacao-lemann-e-os-ataques-a-educacao-basica-publica-em-tempos-de-covid-19
Interesses de classe e parasitismo
Por acaso sou burguês?

Ser burguês não está relacionado a quanto dinheiro


você recebe, mas como você recebe dinheiro.

Você é dono ou sócio majoritário de um banco? Dono do Nu Bank

Dono do Santander

Dono do Itaú
Não

Então você não é um burguês


Interesses de classe e parasitismo
Por acaso sou burguês?

Ser burguês não está relacionado a quanto dinheiro


você recebe, mas como você recebe dinheiro.

Você financia Think-Tanks liberais pelo Brasil?


MBL

Instituto Mises-Brasil
Não
Instituto Millenium
Então você não é um burguês

https://www.intercept.com.br/2017/08/11/esfera-de-influencia-como-os-libertarios-americanos-estao-reinventando-a-politica-latino-americana/
https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/220180/001124802.pdf?sequence=1
Interesses de classe e parasitismo
Por acaso sou burguês?

Ser burguês não está relacionado a quanto dinheiro


você recebe, mas como você recebe dinheiro.

Se você arriscar vastas somas de dinheiro em


especulação e perder, você pode pedir pro governo
cobrir suas perdas?
Bancos na crise de 2007
Não

Então você não é um burguês


Interesses de classe e parasitismo
Por acaso sou burguês?

Ser burguês não está relacionado a quanto dinheiro


você recebe, mas como você recebe dinheiro.

Você é dono de um setor estratégico da economia que


tem o poder de controlar os preços e quebrar a
concorrência praticando dumping?
Dono da Amazon
Não

Então você não é um burguês


Interesses de classe e parasitismo
Por acaso sou burguês?

Ser burguês não está relacionado a quanto dinheiro


você recebe, mas como você recebe dinheiro.

Se você se juntar com alguns amigos e mover uns


pauzinhos, consegue financiar um golpe de Estado?
Dono da Tesla

Não

Então você não é um burguês

https://revistaforum.com.br/global/2020/7/25/bilionario-elon-musk-admite-participao-no-golpe-na-bolivia-lide-com-isso-79614.html
https://exame.com/negocios/daremos-golpe-onde-quisermos-diz-musk-apos-insinuacoes-sobre-a-bolivia/
Interesses de classe e parasitismo
Por acaso sou burguês?

Ser burguês não está relacionado a quanto dinheiro


você recebe, mas como você recebe dinheiro.

Quando o governo privatiza alguma empresa pública,


você consegue comprar ações o suficiente para se
tornar um dos sócios majoritários?

Não

Então você não é um burguês


Interesses de classe e parasitismo
Por acaso sou burguês?

Ser burguês não está relacionado a quanto dinheiro


você recebe, mas como você recebe dinheiro.

Quando o governo privatiza alguma empresa pública,


você consegue pegar um empréstimo no BNDES para
comprar essa empresa?

Não

Então você não é um burguês


Interesses de classe e parasitismo

Você é um empreendedor que trabalha 10 horas por


dia cuidando de uma pequena empresa, sempre
estressado e fazendo malabarismos financeiros?

Tenho amigos que são assim!

Eles não são burgueses

Não são?

Pequenos empreendedores são meros trabalhadores


perfumados, sem direitos, sem carteira de trabalho,
sem horário fixo, sem férias e sem garantias
Interesses de classe e parasitismo

E se eu respondi sim pra algumas coisas,?

Então você é burguês, também chamado de capitalista.

Burgueses são “vilões”?

“Bom e mau” dependem de normas morais exclusivas


de cada tipo de sociedade. Meu objetivo não é julgar.
Os capitalistas, mesmo sem perceber, são guiados
por forças muito mais fortes do que eles próprios.
Interesses de classe e parasitismo

Guiados por forças maiores?

O burguês, também chamado de capitalista, é aquele


que detêm o capital e que reproduz esse capital.

Da mesma forma que um animal na natureza é guiado


por hormônios que fazem eles reproduzirem seu DNA,
o capitalista é guiado por “hormônios do mercado”
(busca pelo lucro) que fazem ele reproduzir o capital.
Interesses de classe e parasitismo

Reproduzir capital?

Na natureza, os animais que propagam seu DNA não


são aqueles que vivem melhor nem que são mais
felizes ou mais sustentáveis. Os animais que se
perpetuam são aqueles que se reproduzem melhor.

Na mesma lógica, o capital que prospera não é aquele


que gera uma sociedade mais sustentável, mais
eficiente ou mais feliz. O capital que prospera é o que
se reproduz melhor, mesmo que destrua a sociedade.
Interesses de classe e parasitismo
O Capital consome recursos?

Além da burguesia, o próprio capital absorve parte do


valor gerado pela sociedade, se alimentando de
recursos reais para conseguir crescer.

Valor
Valor
Valor
Ativos Passivos Ativos Passivos

Valor
Burguesia Capital Mundo
foto: The Next Gen Scientist foto: Nataliacury foto: University of Texas at Austin

Interesses de classe e parasitismo


O capitalismo é tipo o fungo Cordyceps

foto: Taman Negara NP foto: Erich G. Vallery foto: Ian Suzuki foto: Holger Krisp
Interesses de classe e parasitismo

Então o burguês / capitalista é mau?

O parasita segue instintos naturais para sobreviver, da


mesma forma que o capitalista segue o mercado para
reproduzir capital. Não é algo consciente.

Além disso, o parasita depende do hospedeiro. Se o


hospedeiro morrer, o parasita perde seu sustento.
Essa é a relação entre o capital e a destruição da
sociedade e do planeta Terra.
Interesses de classe e parasitismo

E se o burguês / capitalista for consciente?

É aqui que entra a consciência de classe.

Um burguês sem consciência de classe está apenas


reproduzindo o capital, sem perceber o impacto que
essa reprodução tem na sociedade que o hospeda.

Um burguês com consciência de classe, sabe que é


um parasita e conhece os impactos que causa na
sociedade. É opção dele ficar contra ou à favor.
Interesses de classe e parasitismo

E se o burguês não concordar com o capital?

Ele se torna um traidor de classe.

Um exemplo histórico é Friedrich Engels, um burguês


que não apenas financiou os trabalhos de Karl Marx
como ele próprio participou da elaboração das idéias
discutidas no famoso livro: O Capital

O traidor de classe percebe que é uma engrenagem na


máquina capitalista e decide se libertar dela.
Interesses de classe e parasitismo
O que seria o Estado sem a classe dominante?

Seria um governo popular que usa a violência Estatal


para proteger a propriedade coletiva dos meios de
produção contra parasitas nacionais e estrangeiros.

Querem trabalhar?
Eu Valor
Sim Não
Não Ativos Passivos

Vocês 2, vaza!

Burguesia População
Interesses de classe e parasitismo
Poxa… isso é meio violento.

Todo o Estado é violento. A diferença é contra quem a


violência é usada e quem se beneficia dela. Pessoas
morrem todos os dias vítimas do Estado burguês.

E nossa indenização?
Valor

Ativos Passivos

aqui: 🖕
Burguesia População
Interesses de classe e parasitismo
E aquela tal “entidade”?

Um governo popular também tem o objetivo de destruir


o capital, que não é uma pessoa, mas sim uma idéia
que se “alimenta” de valor produzido pela sociedade.

Valor

Ativos Passivos

Burguesia Capital População


Interesses de classe e parasitismo

Em um Estado controlado pela população, o valor


produzido pela sociedade retorna à sociedade. Não é
mais preciso alimentar parasitas como a burguesia
nem mesmo alimentar o próprio capital.

Redistribuição de valor
Valor

Valor Moeda Moeda


Ativos Passivos Ativos Passivos

Estado População
Impostos da demogracinha burguesa
A gestão do parasitismo econômico
Impostos da demogracinha burguesa

O Imposto no Brasil realmente é alto?

Os impostos no Brasil estão abaixo


da média da OCDE/OECD. O
problema é que esses impostos
parecem altos porque são cobrados
majoritariamente dos trabalhadores,
consumidores e produtores.
https://www.oecd.org/tax/tax-policy/global-revenu
e-statistics-database.htm
Impostos da demogracinha burguesa

O Imposto no Brasil realmente é alto?

Observado ao longo do tempo,


percebe-se que essa tendência é
algo histórico, refutando o tal mito OCDE
de que vivemos em um país com
Brasil
muitos impostos. Porém, é inegável
que o trabalhador paga muitos
impostos. Qual a explicação?
Impostos da demogracinha burguesa

O Imposto no Brasil realmente é alto?

Para se ter um exemplo de como os impostos são mal distribuídos no Brasil, veja o último
relatório de 2017 no link: https://icl.com.br/wp-content/uploads/2022/06/carga-tributaria-2017.pdf
Impostos da demogracinha burguesa
O Imposto no Brasil realmente é alto?

Ao longo do tempo, percebemos que essas proporções quase não mudam.

2
3

4
5

1 2 3

4 5
FONTE: Séries Históricas do IPEA. Relatórios Carga Tributária do Governo Geral - Tesouro Nacional. Elaboração própria
Impostos da
Média dos anos 2010 a 2020
democracia burguesa
O Imposto no Brasil
realmente é alto?

No Brasil, impostos sobre propriedade,


que incidem majoritariamente sobre os
mais ricos, estão entre os menores do
mundo quando comparados com outros
países.

Fonte: OCDE - https://stats.oecd.org/


Elaboração própria
Impostos da
Média dos anos 2010 a 2020
democracia burguesa
O Imposto no Brasil
realmente é alto?

No Brasil, impostos sobre renda, lucros


e ganhos capitais, também estão entre
os menores do mundo. Curiosamente
os tais “países desenvolvidos” têm
impostos maiores que os nossos.

Fonte: OCDE - https://stats.oecd.org/


Elaboração própria
Impostos da
Média dos anos 2010 a 2020
democracia burguesa
O Imposto no Brasil
realmente é alto?

No caso dos impostos sobre bens e


serviços, o Brasil ocupa uma das
primeiras posições. Enquanto isso, os
tais “países desenvolvidos” têm
impostos sobre o consumo menores
que os nossos.

Fonte: OCDE - https://stats.oecd.org/


Elaboração própria
Impostos da demogracinha burguesa

Imposto é roubo?

O imposto e o gasto público devem


ser analisados juntos. Precisamos
saber quem recebe dinheiro público e
quem paga os impostos para garantir
que o dinheiro público tenha valor.
Impostos da demogracinha burguesa

Imposto é roubo?

Lembre-se que a obrigação de quitar


passivos com o Estado é uma das
ferramentas que criam demanda pela
moeda nacional. Ou seja, um grupo
está pagando impostos para que a
moeda de outro grupo tenha valor.
Impostos da demogracinha burguesa

Imposto é roubo?

Se os trabalhadores que produzem


riqueza forem os mais tributados,
enquanto parasitas que vivem de
renda não são… É um roubo.
Impostos da demogracinha burguesa
Quem rouba não é o Estado, mas sim o capital e grupos privados que controlam o
Estado, usando a política fiscal (aula 02) e monetária (aula 03) para extrair valor do povo.
O que é roubado não é o dinheiro, mas sim o valor produzido pela sociedade.

Distribuição de valor Distribuição de valor

Valor Títulos
Valor
públicos
Títulos Valor
públicos Imposto Imposto Moeda Moeda Imposto
Valor
Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Capital “Elites” Estado População


Impostos da demogracinha burguesa
Nos governos de direita tivemos o maior aumento da carga tributária. Quando o capital
precisa do Estado como indutor da economia, aumentam-se os impostos sobre a classe
trabalhadora para que o valor produzido por ela seja utilizado pelo Estado burguês.
Impostos da demogracinha burguesa
Quando dizem por aí que são os ricos que “sustentam” o país pagando impostos; ou pior,
que os ricos “sustentam” os pobres, os gráficos nos mostram exatamente o contrário.

(milhões de R$)
Impostos da demogracinha burguesa
Olhando o gráfico abaixo sem ter uma noção política, parte-se do pressuposto que, se o
Estado representa o interesse do povo, 55% da riqueza produzida no Brasil é dos
trabalhadores… Mas como vivemos em um Estado burguês, esses 36% não são nossos.
Impostos da demogracinha burguesa
Ignorando os gastos com rolagem da dívida pública, percebemos que grande parte dos
recursos públicos são destinados para a política monetária, destacada abaixo (Aula 03)

Fonte: Séries Temporais do Tesouro Nacional; Elaboração própria


Impostos da demogracinha burguesa

As funções dos impostos No capitalismo

1. Criar demanda pela moeda nacional

Os impostos continuam servindo como uma das fontes de demanda


pela moeda nacional. Porém, quem se beneficia da demanda por
reais (R$) são justamente as pessoas com mais reais, que pagam
menos impostos e têm acesso ao bolso infinito do Estado.

1. Criar demanda pela moeda da classe dominante


Impostos da demogracinha burguesa

As funções dos impostos No capitalismo

2. Controlar a inflação de demanda

As políticas fiscal (aula 02) e monetária (aula 03) são utilizadas para
causar crises econômicas, visando reduzir o valor dos salários para
aumentar a exploração dos trabalhadores. Além disso, serve para
preservar o valor nominal das dívidas, garantindo que os lucros da
renda fixa sejam mais altos que a inflação, beneficiando rentistas.

2. Suprimir os salários e proteger o valor nominal das dívidas


Impostos da demogracinha burguesa

As funções dos impostos No capitalismo

3. Reduzir a desigualdade e impedir surgimento de oligarquias

No Brasil, a burguesia controla o poder político e utiliza a lei para


obter isenções fiscais e reduzir ao máximo os impostos que pagam.
O sistema tributário mantém a desigualdade atacando tanto os
trabalhadores e como os pequenos e médios empreendedores.

3. Impedir a ascensão de oligarquias rivais


Impostos da demogracinha burguesa

As funções dos impostos No capitalismo

3. Reduzir a desigualdade e impedir surgimento de oligarquias

Os donos do Estado tributam seus rivais, impedindo que haja


concorrência por recursos. A burguesia rentista e agro-exportadora
usa o sistema tributário no Brasil para frear o surgimento de
burguesias industriais focadas em produção e consumo.

3. Impedir a ascensão de oligarquias rivais


Impostos da demogracinha burguesa

As funções dos impostos No capitalismo

4 e 5. Incentivar ou desincentivar atividades econômicas

Os impostos continuam recompensando ou punindo atividades


específicas. Porém, quem define quais atividades econômicas serão
recompensadas é justamente a burguesia que controla o Estado, e
que irá definir os impostos de forma a beneficiar seus setores.

4. Incentivar os setores controlados pela classe dominante


5. Desincentivar os setores controlados pelos rivais
Impostos da demogracinha burguesa

As funções dos impostos No capitalismo

6. Proteger setor estratégicos

Os impostos continuam protegendo setores nacionais. Porém, quem


decide quais setores serão protegidos é a burguesia que controla o
Estado, e que irá proteger seus próprios setores tanto da
concorrência estrangeira como da concorrência nacional.

6. Proteger setores da classe dominante nacional


Impostos da demogracinha burguesa

As funções dos impostos No capitalismo

6. Proteger setor estratégicos

Essas políticas protegem parasitas nacionais que operam modelos


ineficientes. Um exemplo recente foram as polêmicas taxações
sobre a Shein e Shopee, feitas para proteger varejistas brasileiras
que exploram o país revendendo com altas margens de lucro.

6. Proteger setores da classe dominante nacional


Impostos da demogracinha burguesa

As funções dos impostos No capitalismo

7. Proteger a balança comercial

As burguesias não se importam com a balança comercial do país,


apenas com os lucros que podem ter em moeda estrangeira. Caso
o país fique em déficit comercial e busque empréstimos no FMI para
estabilizar o câmbio, quem se endivida é o país, não a burguesia.

7. Desequilibrar a balança comercial


Impostos da demogracinha burguesa

As funções dos impostos No capitalismo

8. Impedir fuga de capital

A burguesia não tem interesse em impedir a fuga de capital, pois


deseja ter patrimônio no exterior (em dólar) e ser capaz de mover
esse capital livremente para os paraísos fiscais, mesmo que isso
desestabilize a moeda de seus países nativos.

8. Permitir fuga de capital


Impostos da demogracinha burguesa

Imposto é roubo?

Em uma democracia popular, não é, pois serve para

1. Criar demanda pela moeda nacional


2. Controlar a inflação de demanda
3. Reduzir a desigualdade
4.5. Incentivar ou desincentivar atividade econômicas
6. Proteger setores estratégicos
7. Controlar a balança comercial
8. Impedir fuga de capital
Impostos da demogracinha burguesa

Imposto é roubo?

Em uma democracia burguesa, sim, pois serve para:

1. Criar demanda pela moeda da classe dominante


2. Suprimir os salários e proteger o valor nominal das dívidas
3. Impedir a ascensão de burguesias rivais
4. Incentivar os setores controlados pela classe dominante
5. Desincentivar os setores controlados pelos rivais
6. Proteger setores da burguesia nacional de competição
Impostos da demogracinha burguesa

Lembre-se: Impostos não são a única fonte de demanda pela moeda

Todo pagamento feito ao Estado cria


demanda por moeda: Serviços públicos
como água, energia, moradia, internet,
petróleo, e até crédito bancário

Seguindo a mesma lógica, a iniciativa privada também cria demanda por moeda via
Dívidas devidas aos bancos públicos
bancos privados, aluguéis imobiliários, seguradoras, milícias, etc. (Aulas 04, 05 e 06)
“Imprimindo dinheiro”

O Estado pode criar moeda infinitamente?

Tecnicamente sim

Não existe limite financeiro para a


quantidade de moeda que um país
soberano pode criar. Porém, existem
três limites econômicos.
Quais os limites do gasto público?
Queimando dinheiro para girar a máquina
Quais os limites do gasto público

Quais os limites para o gasto público?


Em termos práticos, existem três…

Recursos Reais Reservas Internacionais Poder Político


Quais os limites do gasto público

Antes de falar sobre os limites do gasto público…

Precisamos relembrar os conceitos de fetiche do dinheiro e os vários tipos de


valor na sociedade. Caso contrário, nossa percepção sobre o investimento
público será prejudicada e vamos cair na armadilha de achar que o Estado é
“uma empresa que precisa lucrar” ou “um reservatório infinito de dinheiro.”

Gasto
Público
Quais os limites do gasto público

Fetiche do dinheiro: percepção do gasto público

Se o Estado construir uma estrutura sem valor de uso, o povo reclama. Se uma
empresa privada fizer a mesma estrutura, a sociedade acha que o problema é
da empresa, pois o dinheiro “era dela”. Acontece que, nos dois casos, a mesma
quantidade de recursos reais e trabalho humano foi desperdiçado!

Gasto
Público
Privado
Quais os limites do gasto público

Fetiche do dinheiro: percepção do gasto público

Tanto o Estado como a empresa desperdiçaram as mesmas matérias primas,


energia, tempo, e vários outros recursos que a sociedade produziu. O fetiche do
dinheiro nos faz achar que o desperdício é aceitável se o dinheiro é privado.
Quais os limites do gasto público

Fetiche do dinheiro: percepção do gasto público

Levado ao extremo, a sociedade em que vivemos é tão alienada que, se um


bilionário comprar uma cidade inteira e demolir todos os prédios, as pessoas vão
dizer que o idiota é o bilionário, pois ele gastou o dinheiro dele para isso. Os
verdadeiros idiotas somos nós, que deixamos um idiota fazer isso.
Quais os limites do gasto público

Superando o fetiche do dinheiro

O que realmente cria riqueza é o trabalho humano e os recursos da natureza. O


dinheiro apenas direciona a produção e alocação de recursos. Nesse sentido, a
função do gasto público deve ser ampliar as capacidades produtivas e atender
demandas sociais, além de garantir a distribuição da riqueza gerada.

Gasto

Imposto
Quais os limites do gasto público

A necessidade de uma teoria do VALOR

Além de abandonarmos o fetiche do dinheiro, devemos ter uma teoria do valor


que permita nortear a sociedade e a forma como utilizamos nossos recursos. As
coisas precisam ser medidas em função de sua utilidade ao invés do preço.

Valor de uso Valor de uso Valor de uso Valor de uso


Saúde Habitação Ganho de tempo Cultura
Sustentabilidade Produtividade
Quais os limites do gasto público

Valor de uso ≠ Valor-trabalho ≠ Valor de troca (Preço)

Precisamos lembrar que existem três tipos importantes de valor. O valor de uso
é aquilo que nós realmente desejamos. Produzir essas coisas necessita de
recursos naturais e trabalho humano. O Valor de troca (preço) é apenas o
custo em dinheiro das mercadorias compradas e vendidas no mercado

Gasto

Lucro
Quais os limites do gasto público

No capitalismo, Valor = Valor = Valor = Preço

O capitalismo enxerga o mundo através dos valores de troca (preço), e só


produz mercadorias se for possível vender por um preço maior do que o que foi
consumido para produzi-la. O capitalismo não se preocupa com valor de uso e
o valor-trabalho das coisas, exceto quando esses têm influência nos preços.
Quais os limites do gasto público

Se (Preço > Custo) = produzir

A lógica capitalista não constrói casas porque as pessoas precisam de um lugar


para morar, mas porque é possível obter lucro em dinheiro vendendo casas
para a população. Se o preço de fazer casas for maior que o preço de venda
das casas, o capitalismo deixa de construir mesmo que exista demanda.
%Lucro
Quais os limites do gasto público

Valor de uso e trabalho independem da “oferta/demanda”, mas o preço sim

Casas iguais têm o mesmo valor de uso, mas se a oferta for baixa, elas têm
maior valor de troca. Esse conflito cria na lógica capitalista a impossibilidade de
atender as necessidades gerais, pois isso reduziria os valores de troca das
mercadorias à tal ponto que o sistema entraria em crise por falta de lucros.
%Lucro
Quais os limites do gasto público

O valor-trabalho é fixo, mas seu preço varia

Outra situação é quando o desemprego faz o preço da mão de obra cair até que
uma determinada mercadoria de baixo valor passe a ser lucrativa (vendida por
mais que seu custo), mesmo que os valores de uso e trabalho tenham se
mantido constantes. A “uberização” do trabalho é um exemplo disso.

Desemprego

Produção com lucro


Preço da mercadoria

Custo do trabalho
Quais os limites do gasto público

Capitalismo é guiado pelos preços, não pela utilidade

Mesmo nos casos em que os valores de uso e trabalho sejam constantes,


flutuações nos preços levam o capitalismo à sub-utilizar a mão de obra quando
não existe potencial de lucratividade, e desperdiçar mão de obra quando o
desemprego permite explorar pessoas mesmo com baixas taxas de lucro

Valor de uso da mercadoria

Valor-trabalho da mercadoria

Preço da mercadoria

Custo do trabalho
Quais os limites do gasto público

O capitalismo é influenciado pelo custo fictício do dinheiro

Os juros baixos nos EUA desde 2008 (aula 03), incentivou empresas de
tecnologia a buscarem empréstimos e contratar pessoas para projetos de baixa
lucratividade, além de incentivar especulação financeira via arbitragem. Bastou
os juros subirem que vieram demissões em massa e falências de bancos.

Custo do dinheiro

Lucro esperado
Quais os limites do gasto público

Se comida começar a cair do céu, o capitalismo entra em crise

Fora da lógica capitalista, se nossas necessidades forem atendidas e tivermos


recursos ociosos, podemos trabalhar menos, pois não existe necessidade de
produzir para o lucro. No capitalismo, precisamos trabalhar mais, pois a
ociosidade gera desemprego, falências e crises de dívidas (aula 04).
Necessidades de reprodução do capital

Trabalho realizado

Trabalho necessário
Quais os limites do gasto público

Valor de uso e valor-trabalho importam

A sociedade quer o máximo de valor de uso com o mínimo gasto de trabalho.


O capitalismo quer a máxima diferença entre o valor de troca (preço) das
mercadorias vendidas e o preço de produzir essas mercadorias.

Diferencial no Valor de troca Utilidade Trabalho

Capitalismo Sociedade
Quais os limites do gasto público

Valor de troca ≈ Valor-trabalho

Tendencialmente os preços flutuam em torno do valor-trabalho. Se uma


mercadoria demanda mais trabalho que outra para ser produzida, seu preço
tende a subir. Se avanços tecnológicos reduzem o trabalho necessário para
fabricar algo, seu valor de troca e, consequentemente o lucro, tende a cair.

Diferencial no Valor de troca Utilidade Trabalho

Capitalismo Sociedade
Quais os limites do gasto público
A tendência da queda na taxa de lucro, indicada por Karl Marx a mais de 150 anos, se
mostra real. Ou seja, o capitalismo naturalmente caminha para a extinção. Porém…

Lucratividade ( Média global )

https://thenextrecession.wordpress.com/2014/04/23/a-world-rate-of-profit-revisited-with-maito-and-piketty/
Quais os limites do gasto público

Porém…

Embora o capital esteja matematicamente condenado, por motivos que serão


melhor abordados em outra aula, isso não significa que as classes sociais que
sobrevivem do capital irão permitir que isso aconteça.

Para preservar seu poder, essas classes sociais utilizam os Estados capitalistas
para “contornar” a perda de lucratividade, extraindo valor de outros setores e
de outros países para compensar a redução na taxa de lucratividade.
Quais os limites do gasto público

A realidade material

Apesar dos dados, a mídia, políticos, burgueses, economistas vulgares e o


senso comum, tentam nos convencer de que o capitalismo é eterno… Basta
seguir as “recomendações” dos “especialistas” que tudo dará certo.

Quando ouvimos falar de capitalismo, somos levados a crer que ainda vivemos
em um mundo governado por mercados competitivos onde centenas de agentes
estão constantemente lutando para satisfazer nós, os consumidores…
Quais os limites do gasto público

Imaginação do liberal utópico ≠ Realidade material

Nos universos imaginários dos liberais, não existem monopólios e oligopólios,


nem colonialismo e imperialismo, nem direitos autorais e patentes, nem lobby,
nem agiotagem, nem rentismo, nem desemprego, nem milícias…

Na imaginação dos sacerdotes do capital, cadeias produtivas inteiras podem ser


criadas por mágica. Ou seja, se os preços sobem em um setor, o capital migra
para esse setor e “ALAKAZAN!”... sai cuspindo mercadorias.
Quais os limites do gasto público

Imaginação do liberal utópico ≠ Realidade material

No mundo real, as diferenças de lucratividade são obtidas por meio de ataques


à força de trabalho, exploração de recursos naturais de países periféricos,
patentes tecnológicas que impedem que os ganhos de produtividade sejam
compartilhados, desmonte de serviços públicos essenciais, e outras coisas.
Quais os limites do gasto público

Imaginação do liberal utópico ≠ Realidade material

Como diz Michael Hudson: Existe um preço mundial para as commodities, e


existe um preço mundial para os bens de capital. Apenas o trabalho e a renta
não possuem um preço global, sendo essas duas variáveis as únicas que as
classes dominantes dos países são capazes de alterar.

Renta Renta Renta Renta


Salários Salários Salários Salários
Bens de capital Bens de capital Bens de capital Bens de capital

Commodities Commodities Commodities Commodities


Quais os limites do gasto público

Imaginação do liberal utópico ≠ Realidade material

Os parasitas que controlam os Estados burgueses vivem de renta, que são os


custos improdutivos como aluguéis, juros, impostos, seguros, taxas, etc.
Quando capitalistas querem maior lucratividade, como não querem cortar a
própria carne, optam por atacar os salários e a classe trabalhadora.

Trabalhem mais pra


gente continuar
vivendo de renta.
Quais os limites do gasto público

O capitalismo não é “malvado”, apenas ineficiente

O capitalismo é uma forma de sociedade que prioriza a reprodução do próprio


capital, seguindo o “hormônio do mercado” chamado de lucro. O capital busca
apenas o lucro e nada além disso. Otimizar os recursos naturais e o trabalho
humano para gerar valor de uso não é um objetivo capitalista.
Quais os limites do gasto público

Investimento público: Valor de uso e valor-trabalho

Para otimizar o gasto público, devemos superar a lógica capitalista, os fetiches


das mercadorias, e focar no que importa: produzir o máximo de valor de uso
para a população utilizando o mínimo possível de trabalho e recursos naturais

Gasto

Imposto
Quais os limites do gasto público

Uma “empresa” chamada Estado

Porém, uma ideia perigosa é a de que Estados devem ser “lucrativos como as
empresas”, e que devem investir dinheiro para gerar mais dinheiro. O problema
dessa lógica é que os Estados, ao contrário de empresas, criam moeda. Além
disso, “se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?”

Gasto

Imposto
De onde vem o superávit
Sacrificando uma civilização em nome do capital
De onde vem o Superávit

“Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?”

Sendo o Estado e os bancos os únicos criadores de moeda, a única forma de


obter um superávit constante é se a sociedade estiver em déficit constante. A
moeda precisa vir de algum lugar! Veremos mais à frente nessa apresentação
que os que defendem o superávit fiscal são inimigos da classe trabalhadora!*

Gasto

* Expliquem
Imposto isso pro
Haddad
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

Se o Estado deseja arrecadar mais do que gasta e eventualmente zerar o déficit, a


única maneira disso acontecer é se a economia pagar mais ao Estado do que recebe.
Porém, o que exatamente isso significa?

Gasto

Estado A A
A Economia

Arrecadação
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

Podemos expandir a economia em quatro grupos principais: As empresas produtoras


de mercadoria, os bancos produtores de crédito, a população produtora de mão de
obra, e o exterior (que seria a economia do resto do mundo)

Economia
Superávit
Empresas
Estado A A
A Bancos

População

Exterior
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

Começando pelas empresas, a única forma do Estado ter superávits constantes seria
caso as empresas estivessem gastando mais do que suas receitas. Obviamente isso é
impossível, pois no longo prazo significaria que todas as empresas estão operando no
prejuízo e, por consequência, iriam à falência. Logo, o superávit não pode vir daqui.

Economia
Superávit
Empresas
Estado A A
A Bancos

População

Exterior
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

No caso dos bancos, o superávit do Estado apenas seria possível se os bancos


estivessem sempre gerando mais crédito do que obtém receitas. Obviamente isso é
impossível, pois no longo prazo significaria que a relação entre ativos e passivos do
banco se tornaria negativa, falindo os bancos. Logo, o superávit não pode vir daqui.

Economia
Superávit
Empresas
Estado A A
A Bancos

População

Exterior
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

Devido ao funcionamento do capitalismo, é impossível que o superávit do Estado


venha das empresas e dos bancos, pois isso contradiz a dinâmica capitalista de
reprodução do capital. Logo, o superávit do Estado somente pode vir da população ou
do exterior. O que isso significa?

Economia
Superávit
Empresas
Estado A A
A Bancos

População

Exterior
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

Se o superávit vier da população, significa que as famílias estão transferindo mais


dinheiro ao Estado do que aquilo que recebem. No longo prazo, todas as famílias
ficariam endividadas, tendo que recorrer aos bancos para obter empréstimos.

Economia
Superávit
Empresas
Estado A A
A Bancos

População

Exterior
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

No curto prazo, a população em déficits constantes seria aos poucos expropriada de


seus automóveis, casas e todo o tipo de riqueza que foram capazes de acumular até o
momento. Para manter o superávit do Estado, seria necessário tomar as riquezas da
população… Porém, essas riquezas são finitas.

Economia
Superávit
Empresas
Estado A A
A Bancos

População

Exterior
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

Se a população estiver continuamente se endividando com o banco, isso significa que


não apenas a população será incapaz de pagar suas dívidas, como será incapaz de
consumir os produtos das empresas! O resultado disso seria uma crise econômica,
pois as empresas ficariam sem clientes e os bancos receberiam calotes.

Economia
Superávit
Empresas
Estado A A
A Bancos

População

Exterior
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

Levando em consideração essa dinâmica, é impossível manter superávits através das


empresas, bancos ou da população, visto que todos esses agentes econômicos, no
longo prazo, seriam arruinados por essa dinâmica. Logo, sobra apenas uma opção…

Economia
Superávit
Empresas
Estado A A
A Bancos

População

Exterior
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

Supondo que o regime capitalista seja mantido e que o Estado não deseja expropriar a
própria população, o superávit somente poderia vir do exterior. Ou seja, o Brasil teria
que receber dólares, euros, rubros, renminbis, e várias outras moedas do exterior
através da exportação de nossas riquezas. Porém, o que isso significa?

Economia

Empresas
Estado A A
A Bancos

População
Superávit
Exterior
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

Isso significa que os conjuntos de empresas, bancos e população no Brasil deveriam


receber dinheiro do exterior em uma quantidade maior do que aquilo que o Estado
arrecada. Mas existe um problema nisso: quando as moedas cruzam as fronteiras, a
lógica econômica se inverte.

Economia
Superávit Superávit
Empresas
Estado A
Bancos A
A Exterior

População
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

Para conseguir dinheiro, a economia nacional precisa entregar riqueza para o exterior
em troca de dinheiro. Sob o ponto de vista puramente monetário, esse sistema
aparenta ser sustentável… Mas se olharmos com atenção o significado disso, o Brasil
estaria basicamente produzindo riqueza para o resto do mundo, como uma colônia.

Superávit Dinheiro

Estado Economia
A A
A Exterior
(Empresas, Bancos, População)

Riqueza
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

Um economista vulgar poderia terminar sua análise aqui e dizer que basta o Brasil ser
um país exportador que tudo vai dar certo. Porém, uma análise materialista dos fatos
precisa investigar essa dinâmica até a sua raiz para responder a pergunta: de onde
vem esse dinheiro que o exterior está usando para nos pagar?

Dinheiro

Brasil
A A
A Exterior

Riqueza
De onde vem o Superávit
Se o Estado arrecada mais do que gasta, de onde virá o dinheiro?

O recebimento de dinheiro estrangeiro nada mais é do que o recebimentos dos


déficits de outros países. Ou seja, enquanto o Brasil é explorado para gerar
superávits, o restante dos países do tal “primeiro mundo” continuam produzindo
déficits sem qualquer pudor, tomando nossas riquezas no processo.

Déficit

Brasil
A A
A Exterior

Riqueza
De onde vem o Superávit

Se o Estado arrecada mais do que gasta,


de onde virá o dinheiro?

Ao analisar as dívidas externas dos países,


claramente percebemos que o tal “primeiro mundo”
aparece no topo da lista tanto em valores absolutos,
como valores per capita e em proporção ao PIB.
Isso significa que o nosso superávit nada mais é do
que o déficit desses países.

Nota: China e méxico estão com valores inflados na tabela por


causa da população. A dívida por habitante é minúscula.
De onde vem o Superávit
A pergunta que devemos fazer ao novo governo Lula

Como o governo e seu novo teto de gastos deseja produzir um superávit fiscal?
1. Quebrando as empresas e os bancos?
2. Empobrecendo a população e tomando suas propriedades?
3. Aceitando ser uma colônia exportadora para os países “desenvolvidos”?

Economia
? ? ? ? Superávit ? ? ? ?
Empresas
Estado A A
A Bancos

População

Exterior
De onde vem o Superávit
Existe solução diferente dessas três?

Na lógica capitalista, superávits são uma forma de suicídio econômico lento, no qual o
país deixa de produzir valor de uso para si, e passa a produzir riqueza para o exterior
em troca de dinheiro. Isso desindustrializa a economia e empobrece a população,

Economia
? ? ? ? Superávit ? ? ? ?
Empresas
Estado A A
A Bancos

População

Exterior
De onde vem o Superávit
Existe solução diferente dessas três?

A segunda opção são as diferentes vertentes do socialismo, em que a população


toma o controle do Estado, das empresas e dos bancos, transformando os meios
produtivos em propriedade coletiva. Essa dinâmica não precisa se preocupar com
déficits nem superávits, pois a economia não segue a lógica capitalista do lucro.

Economia
economia
Riqueza (valor de uso) re a l d a
Empresas Limite
sid ade
População
Estado A
Bancos A
A Neces
Geração de
Trabalho Valor de uso
Para onde vão nossos recursos?
O “consumidor oculto”
Para onde vão nossos recursos?

Poder Político

Nos Países capitalistas, esse é o principal fator


limitante para o investimento público. Ao contrário do
que pensa o senso comum, o orçamento não é
limitado pelos Reais (R$) nos cofres do Estado. As
decisões sobre quanto, onde e como gastar são
políticas; definidas por lobby e pressões sociais.
Para onde vão nossos recursos?

Poder Político

O limite político monetário (dinheiro) se manifesta como uma luta pelo orçamento público.
Trabalhadores, burguesia industrial e burguesia financeira lutam por verbas públicas.
Para onde vão nossos recursos?

Poder Político

Trabalhadores Quem depende do trabalho e do salário para sobreviver.

Burguesia Quem depende da propriedade privada, compra de mão de obra,


Industrial e venda de mercadorias (consumo).

Burguesia Quem depende de renta: juros, aluguéis, patentes, especulação,


Financeira seguros, bolsa, intermediação, e outras atividades improdutivas.
Para onde vão nossos recursos?

Poder Político

O orçamento, medido em moeda, é quando o Estado entrega verbas para um grupo; seja
na forma de salários aos funcionários públicos, programas de transferência de renda,
pagamentos por produtos/serviços vendidos ao Estado, juros dos títulos públicos, etc. O
grupo que recebe dinheiro utiliza o que recebeu para adquirir recursos reais da economia.

Trabalhadores

Orçamento Burguesia Recursos


industrial reais
Estado Burguesia
financeira
Para onde vão nossos recursos?

Poder Político

Se tratando de recursos reais, que são efetivamente consumidos na economia, o assunto


é mais complexo. Aqui o Capital aparece como agente que demanda recursos para si.

Trabalhadores
Burguesia industrial
Burguesia financeira
O Capital como consumidor

Poder Político

Quando o Estado utiliza a moeda para alocar recursos reais, eles são entregues para a
natureza e humanidade, que consomem recursos para satisfazer suas necessidades,
sobreviver e se reproduzir. Porém, no capitalismo, o próprio capital consome recursos.
Os recursos do capital não são consumidos por trabalhadores nem pela burguesia!

Recursos reais
Orçamento
Estado Capital
O Capital como consumidor

Como assim?

Tanto a natureza como a humanidade produzem riqueza, que são os recursos reais da
economia. O capital não produz recursos reais, porém é um consumidor desses recursos!
O capital, que não é uma pessoa nem um ser vivo, consome recursos para se reproduzir
e transformar valor em mais valor, crescendo infinitamente.

Recursos reais (consumo)

Capital Natureza Humanidade

Recursos reais (produção)


O Capital como consumidor

Como um deus antigo que demanda oferendas?

Exatamente! Pense nas casas que foram construídas, mas que permanecem vazias.
Pense nos alimentos que foram produzidos, mas passaram da validade. Pense nos
produtos que ficam presos em prateleiras ou nos eletrônicos rapidamente descartados.
Pense nos recursos naturais e horas de trabalho humano gastos sem sentido.

Recursos reais (consumo)

Deus Capital Natureza Humanidade

Sacrifícios
Recursos reais (produção)
O Capital como consumidor

Como um deus antigo que demanda oferendas?

Em uma economia não capitalista, produzimos com o objetivo de atender necessidades


reais. A humanidade transforma os recursos da natureza ao longo de cadeias produtivas,
visando chegar ao ponto em que esses recursos se transformam em algo útil que possa
ser consumido pela sociedade. O ferro, o aço e a casa tem valor se forem usados.

Mineradora Siderúrgica Construtora Humanidade

Extração de ferro Ferro se Vigas de aço se Casas são


transforma em transformam em consumidas
vigas de aço casas
O Capital como consumidor

Como um deus antigo que demanda oferendas?

Em uma economia capitalista, as coisas são produzidas para se transformarem em


mercadorias, que apenas tem valor se forem vendidas e transformadas em dinheiro. Não
importa se a mercadoria foi consumida pela humanidade ou natureza, pois o capital se
reproduz apenas quando a mercadoria é vendida.

Mineradora Siderúrgica Construtora Humanidade

Minério de ferro é vigas de aço são imóveis são


vendido para vendidas para vendidos para
gerar lucro gerar lucro gerar lucro
O Capital como consumidor

Como um deus antigo que demanda oferendas?

O capitalismo enxerga cada mercadoria individualmente, sem se importar com o resultado


dos processos produtivos. O minério de ferro e o aço cumprem seus papéis para o capital
no momento em que são vendidos, mesmo que não sejam usados. A casa cumpre seu
papel quando é vendida, mesmo que fique desocupada servindo para especulação.

Mineradora Siderúrgica Construtora Humanidade


O Capital como consumidor

Como um deus antigo que demanda oferendas?

Um exemplo emblemático que ajuda a ilustrar essa dinâmica foi quando o governo de
Getúlio Vargas, em 1929, comprou milhões de sacas de café para queimar o produto. O
Estado brasileiro fez isso para transformar café em dinheiro, fazendo o produto ser
consumido pelo próprio capital, sem satisfazer necessidades humanas.

Café é Café consumido


Café
queimado pela população
Café consumido
pelo Capital
Estado
O Capital como consumidor

Como um deus antigo que demanda oferendas?

Quando dizemos que algo é consumido pelo capital, queremos dizer que um recurso real
teve seu valor de troca (preço) realizado na forma de dinheiro, mas seu valor de uso foi
completamente ignorado no processo. Em Países capitalistas, o orçamento público serve
para alimentar o capital e garantir sua reprodução mesmo sem cumprir um papel social.

Produto não se Produto se torna


Produto
torna valor de uso valor de uso
Produto consumido
pelo Capital
Estado
O Capital como consumidor

Então o problema é o Estado?

Não! O Estado burguês é apenas a solução burra adotada pelo capital para transformar
em dinheiro todas as mercadorias que não foram absorvidas pelo Mercado. Se nós
simplesmente tirarmos o Estado da imagem, o produto continua não cumprindo um valor
de uso. O problema é o sistema econômico que gera esse desperdício de recursos.

Produto não se Produto se torna


Produto
torna valor de uso valor de uso

Recursos reais
são gastos
Segundo dados do IBGE de 2021[1], no Brasil, a maior área cultivada serve para a soja,
principalmente usada para alimentar animais e produzir biodiesel. Em segundo lugar vem o
milho, usado como ração animal. E por fim a cana para, fazer açúcar e álcool.

Fonte: IBGE Fonte: IBGE


Elaboração própria Elaboração própria

1: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9117-producao-agricola-municipal-culturas-temporarias-e-permanentes.html?t=resultados
Os mesmos dados de 2021[1], analisados em milhões de toneladas produzidas, nos mostram
claramente quais são as prioridades do capitalismo Brasileiro.

Fonte: IBGE
Elaboração própria

1: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9117-producao-agricola-municipal-culturas-temporarias-e-permanentes.html?t=resultados
Por fim, os mesmos dados de 2021[1] também nos mostram qual a quantidade de dinheiro
que é “plantada” por cada um desses setores. Vemos que nossa agricultura é feita para
plantar dinheiro, não para alimentar pessoas.

Fonte: IBGE
Elaboração própria

1: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9117-producao-agricola-municipal-culturas-temporarias-e-permanentes.html?t=resultados
O Capital como consumidor
Observando o panorama no restante do mundo, grande parte dos alimentos produzidos se
tornam ração animal, por serem mais lucrativos. Segundo um estudo de 2020, em média
apenas 42,7% dos alimentos no mundo são destinados para alimentar pessoas.[1]
Produto Produção anual Consumo
em toneladas
Humano Ração animal Energia

Milho 1.141.000.000 12,4% 59,1% 15,9%

Trigo 747.000.000 68,4% 20,0% 1,2%

Arroz 511.000.000 81% 3,5% 0%

Outros 286.000.000 27,9% 51,3% 3,2%

TOTAL 2.685.000.000 ton 42,7% 36,8% 7,4%

1: https://helda.helsinki.fi/items/24dcf9d2-0e00-4ded-a58e-6d434f4d5931
O Capital como consumidor

O Capital como consumidor

Além disso, o Brasil desperdiça mais de 27 milhões de toneladas de alimentos por ano,
sendo 80% do desperdício na produção, manuseio, transporte e centrais de
abastecimento[1][2]. Isso em um País com 125 milhões de pessoas em insegurança
alimentar[3]. No capitalismo, o desperdício apenas será resolvido se for lucrativo…

1: https://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2022/09/14/brasil-desperdica-mais-de-27-milhoes-de-toneladas-de-alimentos-por-ano.ghtml
2: https://www.ecycle.com.br/desperdicio-de-alimentos/
3: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2022-06/pesquisa-aponta-que-fome-atinge-331-milhoes-de-pessoas-no-pais
O Capital como consumidor

O Capital como consumidor

O desperdício não significa apenas os alimentos perdidos, mas também os recursos


utilizados na produção, como água, fertilizantes, agrotóxicos, mão de obra, combustíveis,
maquinário, etc[1]; e também os recursos usados na produção dos recursos. Apesar disso,
a “economia” segue em frente com o setor agro lucrando. Como isso é possível?

1: https://economia.uol.com.br/reportagens-especiais/agronegocio-desperdicio-de-alimentos
O Capital como consumidor

O Capital como consumidor

O capital enxerga cada etapa produtiva individualmente: água, fertilizantes, agrotóxicos,


maquinário agrícola, combustível, silos de estocagem, etc. Cada processo visa produzir
dinheiro isoladamente, mesmo que o resultado dessa cadeia seja perdido no final. Para o
capital, o fertilizante e o trator cumprem suas funções quando são vendidos.

Insumos Estocagem Transporte Consumo


O Capital como consumidor

O Capital como consumidor

Na habitação, 5,8 milhões de famílias brasileiras não têm moradia e 24,8 milhões vivem
em moradias impróprias, sendo a principal causa os altos aluguéis[1]. Ao mesmo tempo, o
Brasil tem 11,4 milhões de imóveis desocupados e 6,6 milhões de uso ocasional[2]. Ou
seja, não faltam casas no País, nem recursos para construir mais casas.

1: https://www.gov.br/mdr/pt-br/noticias/dados-revisados-do-deficit-habitacional-e-inadequacao-de-moradias-nortearao-politicas-publicas
2: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/indicadores.html?localidade=BR
O Capital como consumidor

O Capital como consumidor

No capitalismo, o setor de construção visa o lucro. Se os insumos foram vendidos, as


empresas de cimento, tijolos, móveis, tintas, aço, azulejos, tubos, etc, cumpriram seu
papel para o capital. Se a casa ficar vazia para especular com o valor do imóvel ou com o
valor da terra, isso pouco importa para o capital. Uma vez vendida, a casa cumpre sua
função, independentemente de seu valor de uso como moradia ser usado.
O Capital como consumidor

Resumindo…

O orçamento público no capitalismo não é disputado só por trabalhadores e burguesia,


mas também pela humanidade e o capital. Nossos recursos não são consumidos apenas
por “parasitas burgueses em suas mansões e iates”, mas pelo próprio funcionamento
do capital em seu processo de consumir coisas reais e transformá-las em dinheiro.
O Capital como consumidor

Quem manda no orçamento público?

Como visto na aula 01, sobre fetiche do dinheiro; e


nessa aula 02, sobre limites do gasto público, o
dinheiro não é fator limitante. O orçamento público
define como os recursos são produzidos; como são
divididos entre trabalhadores e burguesia, e como
são divididos entre humanidade e capital.
O Capital como consumidor

Quem manda no orçamento público?

Quando o Estado gasta ou deixa de gastar, isso é uma decisão política. O Estado é
controlado pela classe burguesa, visando atender seus interesses. Além disso, o Estado
segue os “mandamentos” do capital, alimentando essa entidade imaginária que demanda
sacrifícios de recursos para se reproduzir, como um deus antigo.

al
a pit
C

Estado Trabalhadores Burguesia


O Capital como consumidor

Quem manda no orçamento público?

Como o capital demanda vastos recursos para se reproduzir, surge a ilusão de escassez.
Os recursos limitados provocam uma luta de classes entre setores da sociedade para
consumir os restos daquilo que o capital não “devorou”. A necessidade humana é
atendida depois do capital. Até mesmo a burguesia se alimenta depois do capital.

Trabalhadores

Burguesia
Estado Capital
O Capital como consumidor

Quem manda no orçamento público?

Ao se alimentar de recursos reais e imaginários, o capital “defeca” dinheiro. A população


infectada por capitalismo desenvolve “fetiche por dinheiro”, que se manifesta de maneira
“coprofágica”, fazendo com que a burguesia e os trabalhadores sintam vontade de se
alimentar das “fezes” do capital, mesmo que elas não tenham valor de uso.

Trabalhadores

Burguesia
Capital
O Capital como consumidor

Quem manda no orçamento público?

O Estado burguês é o encarregado de alimentar o capital para maximizar sua produção


de fezes, e garantir que a burguesia possa comer esses cocôs imaginários, que se
manifestam na forma de cédulas bancárias, saldos em conta corrente, ações na bolsa,
aplicações financeiras, títulos da dívida pública, distribuição de dividendos, etc.

Trabalhadores

Burguesia
Estado Capital
Moeda, imposto, dívida pública e outras coisas…

De onde vem a moeda?

FONTES

Moeda, imposto, dívida pública e outras coisas…


FONTES

1. História da moeda, da dívida e do dinheiro

2. Funcionamento da moeda pública (fiduciária)

3. Funcionamento da moeda bancária (escritural)

4. O Capitalismo e suas crises econômicas

5. Leis e regulamentos relevantes

6. Outras fontes
FONTES: 1. História da moeda, da dívida e do dinheiro

Georg Friedrich Knapp; 1924,


David Graeber; 2011; The State Theory of Money
Debt: The First 5000 Years
John. M. Keynes; 1930;
Michael Hudson; 2018; A Treatise on Money: the pure theory of money
… and forgive them their debts: Lending, Foreclosure and
Redemption from Bronze Age Finance to the Jubilee Year Karl Polanyi, Conrad M. Arensberg, Harry W. Pearson;
1957;
Karl Marx; 1859 Trade and Market in the Early Empires: Economies in
A Contribution to the Critique of Political Economy History and Theory

Alfred Mitchell Innes; 1914; L. Randall Wray; 2004;


“The credit theory of money,” Banking Law Journal Credit and State Theories of Money: The Contributions of A.
Mitchell Innes
FONTES: 2. Funcionamento da moeda pública (fiduciária)

Daniel Negreiros Conceição, Fabiano Dalto; 2022; Andrew Berkeley, Josh Ryan-Collins, Richard Tye, Asker Voldsgaard,
A Importante Lição da Coronacrise sobre os Limites do Gasto Público Neil Wilson; 2022;
https://fonacate.org.br/wp-content/uploads/2022/04/Cadernos-Reforma-Admin The self-financing state: An institutional analysis of government expenditure,
istrativa-N.-37.pdf revenue collection and debt issuance operations in the United Kingdom

Abba P. Lerner; 1943; Fabiano A S Dalto, Enzo M Gerioni; Júlia A Omizzolo; David Deccache;
Functional Finance and the Federal Debt. Social Research, no. 10 Daniel Conceição; 2020;
Teoria Monetária Moderna: a chave para uma economia a serviço das
Abba P. Lerner; 1947; pessoas
Money as a Creature of the State
L. G. Belluzzo, L. C. Raimundo; S. Abouschedid; 2021;
Gestão da Riqueza Velha e Criação de Riqueza Nova: a Modern Money
Alfred Mitchell Innes; 1913;
Theory (MMT) é a solução?
“What is money?” Banking Law Journal
André Lara Resende; 2017;
L. Randall Wray; 2015;
Juros, Moeda e Ortodoxia: teorias monetárias e controvérsias políticas
Modern Money Theory: a primer on macroeconomics for sovereign monetary
André Lara Resende; 2022;
Steve Keen; 2022; A camisa de força ideológica da macroeconomia
The New Economics : A manifesto https://www.cebri.org/media/documentos/arquivos/V_5.4.2022_-_Andre_Lara
_Resend.pdf
Stephanie Kelton; 2020;
The deficit myth: Modern Monetary Theory and the birth of the people’s Warren Mosler; 2013;
economy Soft Currency Economics II: The Origin of Modern Monetary Theory
FONTES: 3. Funcionamento da moeda bancária (escritural)

Josh Ryan-Collins, Tony Greenham, Richard Werner, Andrew Jackson; 2017


Where Does Money Come From? – A Guide To The Uk Monetary And Banking System

Michael McLeay, Amar Radia, Ryland Thomas; 2014


Money creation in the modern economy (Bank of England)
https://www.bankofengland.co.uk/-/media/boe/files/quarterly-bulletin/2014/money-creation-in-the-modern-economy

Deutsche Bundesbank; 2017


The role of banks, non-banks and the central bank in the money creation process.
https://www.bundesbank.de/resource/blob/654284/df66c4444d065a7f519e2ab0c476df58/mL/2017-04-money-creation-process-data.pdf

Steve Keen; 2022;


The New Economics : A manifesto
FONTES: 4. O Capitalismo e suas crises econômicas
Karl Marx; 1867 Ladislau Dowbor; 2018
Capital: A Critique of Political Economy A Era do Capital Improdutivo

Irving Fisher; 1933 Richard Werner; 2003


The debt-deflation theory of great depressions, Econometrica, 1: 337–55. Princes of the Yen: How Japan's Central Bankers Engineered their Country's
https://www.jstor.org/stable/1907327
Boom and Bust
Hyman P. Minsky; 1992
The Financial Instability Hypothesis Richard Vague; 2019
https://www.levyinstitute.org/pubs/wp74.pdf A Brief History of Doom: Two Hundred Years of Financial Crises

Dirk J Bezemer; 2009 Atif Mian; Ludwig Straub; Amir Sufi; 2019
No One Saw This Coming: Understanding Financial Crisis Through Accounting Models
https://mpra.ub.uni-muenchen.de/15892/1/MPRA_paper_%2015892.pdf The Saving Glut of the Rich and the Rise in Household Debt
https://www.rba.gov.au/publications/workshops/research/2019/pdf/rba-workshop-2019-sufi.pdf

Michael Hudson; 2021


Super Imperialism [3rd edition] - The Economic Strategy of American Empire Leda Maria Paulani; 2022
Recursos Públicos para o Enriquecimento Privado: uma reflexão sobre o
Michael Hudson; 2015 papel do Estado no atual padrão de acumulação (e o Brasil como paradigma)
Killing the Host - How financial parasites and debt destroy the global economy https://sinait.org.br/doc_reforma/caderno35.pdf

Michael Hudson; 2012 Rudinei Marques, José Celso Cardoso Jr; 2022
The Bubble and Beyond : Fictitious Capital, Debt Deflation and Global Crisis Dominância Financeira e Privatização das Finanças Públicas no Brasil
https://fonacate.org.br/noticia/entidades/fonacate-lanca-livro-dominancia-financeira-e-privatizacao-das-financas-
James Andrew Felkerson; 2011 publicas-no-brasil/

$29,000,000,000,000: A Detailed Look at the Fed’s Bailout by Funding Facility


and Recipient Ilan Lapyda; 2021
https://www.levyinstitute.org/publications/29000000000000-a-detailed-look-at-the-feds-bailout-by-funding-facility Os Principais Agentes Privados da Financeirização no Brasil do século XXI
-and-recipient https://sinait.org.br/doc_reforma/caderno23.pdf
FONTES: 5. Leis e regulamentos relevantes
Obrigatoriedade de aceitação da moeda pública
Lei Orçamentária Anual – Conhecida como L.O.A
https://www12.senado.leg.br/orcamento/legislacao-orcamentaria Artigo 43 do Decreto Lei nº 3.688 de 03 de Outubro de 1941

LEI Nº 4.595, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1964 (Art.8 par. único; Art. 10


art. 167, inciso III, da Constituição Federal de 1988 (CF/1988) inciso V, Art. 11 inciso II)
Regra de Ouro, que restringe o volume das despesas correntes, por meio da Como o Banco Central cumpre a função de “prestamista de última instância”,
vedação à realização de operações de crédito que excedam as despesas de oferecendo reservas aos bancos comerciais. (Os lucros desses empréstimos
capital. viram receita do governo):
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4595.htm
Regra de Primário, que impõe a necessidade de se contingenciar despesas,
por meio da limitação de empenhos e movimentações financeiras, com o Normas prudenciais do Banco Central do Brasil
propósito de cumprir a meta de resultado primário fixada na Lei de Diretrizes https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira

Orçamentárias (LDO), em conformidade com os dispositivos da Lei


Complementar no 101/2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Normas do comitê internacional de Basiléia
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/recomendacoesbasileia
https://www.bis.org/bcbs/basel3.htm
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), estabelecida no ano 2000.
Anualmente, a Lei Orçamentária fixa uma meta de resultado primário, ou Resolução BCB n° 129 de 19/8/2021
seja, o resultado da subtração de receitas esperadas e despesas autorizadas, Possibilidade dos bancos depositarem reservas no Banco Central em troca
excluindo pagamentos de juros e amortizações da dívida pública de juros (tipo poupança):
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/exibenormativo?tipo=Resolu%C3%A7%C3%A3o%20BCB&nume
Novo Regime Fiscal, fixado pela Emenda Constitucional no 95/2016, convertida nos ro=129

arts. 107 a 114 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da


CF/1988, que fixou um teto congelado em termos reais para as despesas primárias Operações compromissadas do Banco Central
https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/1999/pdf/res_2675_v2_L.pdf
para vigorar pelo período de duas décadas, de 2017 a 2036.2. Conhecido como teto
de gastos - O Novo Regime Fiscal previu, por até vinte anos, correção das despesas
Base monetária conforme definido pelo Banco Central do Brasil
apenas pela inflação de doze meses acumulada até junho do exercício anterior ao que https://www.bcb.gov.br/ftp/infecon/NM-MeiosPagAmplp.pdf
se refere a lei orçamentária. https://www3.bcb.gov.br/sgspub/
FONTES: 6. Outras fontes
Custo ao tesouro nacional em 2021 para pagamento de juros dos títulos Global Revenue Statistics Database; OECD
públicos: Base de dados das estatísticas tributárias; OCDE
https://www.portaltransparencia.gov.br/despesas/programa-e-acao?paginacaoSimples=true&tamanhoPagina= https://www.oecd.org/tax/tax-policy/global-revenue-statistics-database.htm
&offset=&direcaoOrdenacao=asc&de=01%2F01%2F2021&ate=31%2F12%2F2021&programa=0905&colunasS
elecionadas=linkDetalhamento%2CmesAno%2Cprograma%2Cacao%2CvalorDespesaEmpenhada%2CvalorD
Radhika Desai, Michael Hudson; 2021
espesaLiquidada%2CvalorDespesaPaga%2CvalorRestoPago
Beyond the Dollar Creditocracy: A Geopolitical Economy
https://www.michael-hudson.com/wp-content/uploads/2021/07/Hudson_Valdai116.pdf
Relatório Mensal da Dívida Pública Federal, de Setembro 2021 (Pág. 13,
tabela 2.4) Esteban Almiron; 2022
Em Setembro de 2021, os títulos públicos estavam: 31% em instituições How Argentina has been trapped in neocolonial debt for 200 years: An
financeiras, 23% em fundos de investimentos, 22% em previdências, e 10% economic history
com não-residentes. https://geopoliticaleconomy.com/2022/12/18/argentina-neocolonial-debt-history/
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:41762

Gustavo Machado (ILAESE); 2022


ANBIMA – Consolidado Histórico de Fundos de Investimento (Julho, ESTADO BRASILEIRO: quem financia e quem se beneficia
2022. Pág. 7) https://www.youtube.com/watch?v=0EvYJB7t_kc
Em 2022 os fundos de investimento brasileiros tinham 70% de seu capital
alocado em títulos públicos Radhika Desai; 2022
https://www.anbima.com.br/pt_br/informar/estatisticas/fundos-de-investimento/fi-consolidado-historico.htm
What is really causing inflation? Neoliberal financialization decimated
Você pode acompanhar os gastos do governo através do Portal da productive capacity
https://geopoliticaleconomy.com/2022/11/07/inflation-neoliberal-financialization/
Transparência:
https://www.portaltransparencia.gov.br/orcamento
Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI (Evento
BNDES)
Serviço de exportação de engenharia do BNDES Dia 01: https://www.youtube.com/watch?v=HXsbSiOH8bE
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/transparencia/bndes-aberto/exportacoes
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/transparencia/consulta-operacoes-bndes/contratos-exportacao- Dia 02: https://www.youtube.com/watch?v=ygrocuaff8I
bens-servicos-engenharia
FONTES: 6. Críticas ao Novo Arcabouço Fiscal

Notícias sobre o novo arcabouço fiscal:


https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/04/18/veja-a-integra-do-projeto-do-novo-arcabouco-fiscal.ghtml
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/entenda-os-principais-pontos-da-regra-fiscal-proposta-pelo-governo-lula.shtml
https://jornalggn.com.br/coluna-economica/xadrez-do-rascunho-de-arcabouco-fiscal-e-suas-limitacoes-por-luis-nassif/
https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/03/30/arcabouco-fiscal-equipe-economica-divulga-a-proposta-para-substituir-o-teto-de-gastos.ghtml

Críticas ao novo arcabouço fiscal


Revista Outras Palavras, primeiro link é a crítica ao projeto inicial, a segundo é uma crítica ao projeto aprovado
https://outraspalavras.net/crise-brasileira/onde-haddad-errou/
https://outraspalavras.net/crise-brasileira/arcabouco-o-que-era-ruim-pode-piorar/

Proposta de novo arcabouço fiscal beneficia mercado financeiro


https://averdade.org.br/2023/03/proposta-de-novo-arcabouco-fiscal-beneficia-mercado-financeiro/

Nova regra fiscal beneficia mercado financeiro e ignora dívida pública


https://averdade.org.br/2023/04/nova-regra-fiscal-beneficia-mercado-financeiro-e-ignora-divida-publica/

Obrigado por querer entender sobre a política e a economia de nosso país.

Você também pode gostar