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TERMODINÂMICA E CICLOS DE
POTÊNCIA
Aula 6
Professor:
José R. Simões-Moreira, Ph.D.
e-mail: jrsimoes@usp.br
ESPECIALIZAÇÃO EM
ENERGIAS RENOVÁVEIS, GERAÇÃO DISTRIBUÍDA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
CICLOS TÉRMICOS DE POTÊNCIA
CICLO BRAYTON
Indústria aeronáutica
Aplicação marítima
saída dos
entrada de ar produtos de
combustão
MS-7000 – GE
ERG 009 – Fundamentos de Termodinâmica e Ciclos de Potência
Especialização em Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética www.pecepoli.com.br
Exemplos de
turbinas a gás
(industrial)
Turbinas Industriais
Turbinas Aeroderivativas
❖São as mais empregadas para a produção de
potência (0,5 a 250 MW) ❖Tem sua origem na indústria
aeronáutica.
❖São grandes e pesadas, já que geralmente
não há restrições quanto à tamanho ou peso ❖As maiores turbinas aeroderivativas
estão na faixa de potência entre 40 e 50
❖São menos eficientes, porem de menor custo MW
por quilowatt gerado que as aeroderivativas
❖Usam componentes mais leves e mais
❖ Podem atingir temperaturas máximas de compactos
até 1260 oC
❖São mais eficientes (até 40%) e taxas de
❖Taxas de compressão podem atingir até 18:1 compressão de 30:1
em novas unidades
❖Investimentos mais elevados
❖Usam uma variedade maior de combustíveis
do que as aeroderivativas
Faixa de potência – Entre 0,5 e 250 MW. Microturbinas, no entanto, podem ter
potências tão baixas quanto 30 kW
❖ Emissões – Muitas turbinas a gás operando com gás natural podem produzir Nox
abaixo de 25 ppm e CO na faixa de 10 a 50 ppm
Tomada da ar – tomada de ar dotada de filtros. Também podem ter sistemas de resfriamento (resfriamento evaporativo ou outro
meio) para diminuição da temperatura de entrada do ar (aumento de eficiência).
Sistema de exaustão – os produtos de combustão que deixam a turbina ou são diretamente dirigidos para chaminé e,
posteriormente para a atmosfera, ou primeiramente passam pelo regenerador para pré-aquecer o ar comprimido antes da
combustão – ver esquema acima. Em casos de ciclos combinados, os produtos de combustão são direcionados para a caldeira
de recuperação a fim de produzir vapor.
Gerador elétrico – equipamento que converte energia mecânica produzida pela turbina em energia elétrica.
Sistema de partida – Existem três sistemas de partida: (1) motor diesel; (2) motor elétrico; (3) sistema estático de partida.
Os sistemas (1) e (2) usam um acoplamento por meio de embreagem. A turbina é acionado ou pelo motor diesel ou pelo elétrico
até que a rotação e condições operacionais sejam alcançados. A partir daí realiza-se o desacoplamento. No sistema estático de
partida, o gerador funciona de forma reversível e atua como um motor elétrico para acionar a turbina até que o regime seja
estabelecido. Ápós o que é revertido para sua função normal.
Sistema de combustível – muitas turbinas são projetadas para trabalhar tanto com combustíveis líquidos (óleo combustível),
como gasosos (gás natural). Os combustíveis devem ser injetados na câmara de combustão na pressão de trabalho e vazões
controladas. Para isso, é preciso um sistema complexo de bombas, compressores, válvulas e controladores.
Sistemas auxiliares
- Sistemas de óleo lubrificante para os mancais e acionamentos hidráulicos diversos.
- Sistemas de resfriamento de componentes da turbina por meio de ar.
- Controle de emissões – Sistemas de monitoramento e controle de emissões, sobretudo CO e NOx.
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O CICLO BRAYTON SIMPLES
Simplificações principais: o fluido de trabalho não muda: É sempre ar atmosférico com propriedades constantes. O processo
de combustão em que ocorre a transformação do ar em produtos de combustão é substituído por um processo de adição de
calor. Além disso, os processos de admissão e exaustão é eliminado. Trata-se, portanto, de uma massa fixa de ar que circula
pela máquina. O processo de exaustão/admissão é substituído por um processo de rejeição de calor a pressão atmosférica.
Ver figura.
de calor 2 3
Pressão, P
Área = W = QH-QL trabalho líquido
trabalho de compressão: Wc = h2 − h1 = C p (T2 − T1 ) trabalho líquido
4
trabalho da turbina : Wturb = h3 − h4 = C p (T3 − T4 ) 2
4
QL rejeição 1
trabalho líquido : WT = Wturb − Wc = QH − QL 1 de calor QL rejeição de calor
70
50
Como visto o rendimento ou eficiência térmica, T, só
40
depende da taxa ou razão de compressão, r= p2/p1. Isto
30
está ilustrado no gráfico ao lado.
20
10
0
0 5 10 15 20 25 30
taxa ou razão de compressão (p2/p1 )
A equação do trabalho
líqudo ainda pode ser T3 1 k
k −1
WT = C PT1 1 − k −1 − r − 1
manipulada para obter: T1
r k
❖ Comportamento geral – Considerável parte do trabalho gerado pela turbina é consumido para acionar o
compressor, podendo chegar de 40 % a 80 % do valor produzido pela turbina. De forma, que se as eficiências caírem
para valores muito baixos (60%), nenhum trabalho líquido será produzido pela turbina.
Temperatura, T
Temperatura, T
+ =
2 4 4
4S 2 4S
2S 2S
1 1
1 C pT1 k
( k-1)
Trabalho líquido real na turbina: WT = Wturb − real − WCreal
= turbC pT3 1 − (k-1) − r − 1
C
r k
Se as eficiências das máquinas forem unitárias, isto é, C e turb = 1, então as expressões anteriores são obtidas!
❖ Considere uma máquina com um compressor de eficiência de C = 80% e turbina de eficiência de turb = 85%.
70 350
300
eficiência ou rendimento (%)
60
30 150
20 100
real real
10 50
0 0
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30
taxa de compressão ou razão de pressões r, (p2/p1) taxa de compressão ou razão de pressões r, (p2/p1)
Uma das primeiras coisas que ressaltam do ciclo de Brayton simples é que os gases de saída
saem com uma temperatura relativamente elevada. Por outro lado, calor tem que ser fornecido
ao ciclo por combustão. Assim, o ciclo de Brayton com regeneração ou recuperação aproveita
o calor que, de outra forma seria liberado para a atmosfera, para aquecer o ar comprimido
imediatamente antes da câmara de combustão.
onde,
(calor) é dada pelo produto da vazão
comb − taxa de consumo de combustíve l em lb/h (ou kg/h )
mássica de combustível pelo seu poder m
calorífico inferior, ou seja: PCI - poder calorífico inferior em BTU/lb (ou kJ/kg)
1 1
térmico = = 100% = 37 ,5%
" heat rate" 9098 *1,055
1* 3600
(
P = 101,325 1 − 2,25577 10 −5 L )
5 ,2559
L em metros e P em kPa
3) Carga parcial – quando potências menores que a máxima são geradas, a potência
produzida pode ser diminuída pela diminuição da temperatura dos produtos de combustão
na entrada da turbina provenientes da câmara de combustão. Consequentemente, haverá
uma diminuição da eficiência global da máquina, como indicado na figura abaixo. Emissões
também geralmente aumentam com a operação em carga parcial.
Tecnologias de controle de emissão de NOx – A produção de NOx está associada com elevadas
temperaturas e presença de oxigênio e nitrogênio na câmara de combustão após a queima. É o foco das
atenções atualmente. Entre as técnicas destacam-se:
(a) Injeção de vapor de água – Nesse caso vapor de água ou água líquida é borrifada na região de alta
temperatura da chama dentro da câmara de combustão. É possível reduzir a produção dos óxidos de
enxofre para valores tão baixos quanto 25 ppm. O processo também é acompanhado por um ligeiro
aumento de potência líquida. No entanto, a água de injeção precisa sofrer um processo de
demineralização. Ainda, como contrapartida, pode haver um aumento de emissões de CO, devido a
diminuição localizada da temperatura da chama.
(b) Redução catalítica seletiva SCR – É um processo pós-combustão de controle da emissão de óxidos de
nitrogênio. Basicamente consiste numa reação de vapor de amônia com NOx na presença de calalizadores
para formar o gás nitrogênio e água. Existe a possibilidade de um impacto negativo devido ao lançamento
na atmosfera de vapor de amônia que não reagiu.
(c) Novas tecnologias de câmaras de combustão – Melhorias na mistura ar-combustível permitem que se
trabalhe com temperaturas mais baixas que previnem a formação térmica do NOx.
(a) Poluição por periodo – Neste caso, a medida é dada em termos do total de poluentes lançado
na atmosfera num dado período, por exemplo, em toneladas/ano.
(b) Poluição por unidade de energia gerada – Em algumas sistuações, a limitação é dada em
termos de quantidade de poluição gerada por unidade de energia produzida, por exemplo, em
gramas/HP-hora.
(c) Poluição por unidade de volume de gases de exaustão – Em outros métodos de estimativa de
poluição, a medida é dada em PPMV (“parts per million based on volume”) ou VPPM. Este limite é
normalmente baseado na exaustão padrão de 15% de O2.
(d) Poluição por unidade de energia consumida – Neste caso, a medição é feita em termos do
consumo energético do equipamento, isto é, gramas/GJ.
Como estudado na aula anterior, os gases de exaustão de uma turbina apresentam uma temperatura
relativamente elevada. De forma que é bastante atrativo se utilizer essa energia térmica contida nos gases
para alguma outra finalidade útil.
Os casos (1) e (2) acima são geralmente objetos dos sistemas de cogeração estudados na sequência.
O caso (3) é o que nos interessa no momento e trata-se de um ciclo combinado em que os ejeitos térmicos
de uma turbina a gás (gases de exautão) são empregados para gerar vapor em uma caldeira de
recuperação (Heat Recovery Steam Generator – HRSG) para acionamento de uma turbina a vapor, como
visto na próxima transparência.
❖ No sistema ilustrado, os gases de exaustão são dirigidos para a caldeira de recuperação (“heat recovery
steam generator” – HRSG). A caldeira pode gerar vapor em um ou mais níveis de pressão (na ilustração
há dois níveis – alta pressão, HP e baixa pressão, LP). O vapor alimenta a turbina que produz eletricidade
através do seu próprio gerador elétrico.
❖ Neste arranjo, as turbinas estão desacopladas, permitindo que a turbina a vapor seja desligada
independentemente da turbina a gás.
❖ Outra possível configuração se dá em eixo simples. Isto é, as duas turbinas trabalham em um só eixo.
Esta configuração diminui o custo de investimento, já que apenas um gerador é necessário. Contudo, a
operação das turbinas é sempre concomitante, exceto se a turbina a vapor estiver acoplada via um
sistema de embreagem.
térmico =
(
WTG + TV Q H − WTG ) W
= TG + TV − TV TG
“HRSG”
Q H Q H
O rendimento do ciclo combinado atinge valores mais elevados comparados com os caso em que as máquinas operam
sozinhas. Exemplo: considere um ciclo Brayton de rendimento 40% e um ciclo Rankine de rendimente 25%. O rendimento do
ciclo combinado nesse caso é de 55%.
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CICLO COMBINADO – CALDEIRA DE RECUPERAÇÃO
❖Os gases de exaustão de uma ou mais turbinas a gás são aproveitados para produzir
vapor na caldeira de recuperação.
❖Vapor pode ser gerado em um ou mais níveis de pressão para alimentar a turbina a
vapor, ou mesmo ser consumido em algum outro ponto de processo.
❖Em situações em que a demanda de vapor é maior do que pode ser produzido pela
recuperação da energia térmica dos gases, uma queima adicional de combustível pode
ser realizada.
❖Deve ter o cuidado de que a temperatura dos gases de exaustão não caia para abaixo
de cerca de 150 oC, quando poderá ter início o processo de condensação do vapor de
água dos gases e, consequentemente, podendo dar início ao processo de corrosão da
tubulação.
❖ A partir do ponto (y) o vapor se torna superaquecido e vai deixar a caldeira em (a).
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Estudo de caso de um ciclo
combinado para uma central
termelétrica
Superaquecedor: 62,9 MW
1254,3 (539,1) H 5860,2 (850) Pm 496,1 (925) T
282,1 (539,8) T 5860,2 (850) Pm
6756,8 (980) Pabs
Potência térmica do
86,1 MW
1
2
Vapor: 194,5 MW
Potência térmica
3
do Gerador de
Gerador 4 Perda de 1125 kW
5
de vapor 7,420 (58890) M
Perda fixa 440 kW
3065,4 (1318) H
1275,5 (185) Pabs
NRV
7 8
3,578 (28400) M 3 77,288 (613400) M
82,302 (653190) M 398,8 (171,5) H 2312,3 (994,2) H
2 398,8 (171,5) H
33,2 (91,7) T
Equipamentos a serem substituidos pela
Água de 5,08 (1 1/2 pol Hg) Pabs
1,172 (9300) M
c aldeira de rec uperaç ão ("HRSG") Reposiç ão 104,8 (44,9) H
120,7 (17,5) Pabs
25,0 (77) T
Condensador
85,880 (681590) M
1 399,0 (171,5) H
93,7 (200,6) T
6756,5 (980) Pabs Desaerador
78,460 (622700) M
Pressão atm osféric a = 93 kPa 139,6 (60,0) H
* Unidades: 1148,0 (166,5) Pabs
M: vazão m ássic a em kg/s (lbm /h)
H: entalpia espec ífic a em kJ/kg (Btu/Lbm ) 12
Pabs: pressão absoluta em kPa (psi) 11
Pm : pressão m anom étric a em kPa (psi) 138,9 (59,7) H
T: tem peratura em º C (º F) 78,460 (622700) M
138,5 (59,5) H 9
120,7 (17,5) Pabs
linha da água 10
c ondensada 77,288 (613400) M
13 139,0 (59,8) H
85,880 (681590) M 120,7 (17,5) Pabs
392,7 (168,8) H
93,7 (200,6) T
1148,0 (166,5) Pabs
Ciclo Rankine atual para ser modificado – gerador de vapor será substituído por caldeira de recuperação (HRSG)
Para isso, use o necessário para assumir uma temperatura de saída, digamos 170 oC. Use um
rendimento para a caldeira de recuperação (90% se não tiver o valor mais correto). Você também
precisa do calor especificado dos produtos de combustão. Os seguintes dados foram ajustados
CP = −5 10 −10 T 3 + 6 10 −7 T 2 + 3 10 −5 T + 1,0574 ,
CP – kJ/kg C, e
T – C.
Q termica 252333
De forma que m G m G .
CRCP (TG1 − Tcham ) TG1 − 170
Evidentemente, somente o balanço térmico não é suficiente. Também é preciso que a temperatura dos gases
de exaustão que entram na caldeira de recuperação seja maior do que a temperatura de saída do vapor
superaquecido que, ou seja:
800
TG1 Tvapor superaquec ido TG1 496,1 C 2x GT11N2 região permitida
2x W501D5A
600
2x MS7001EA
Vazão (kg/s)
a condição acima é obedecida para os pontos W501F
M501F
200 Siemens
MS6001FA
Nesta seção são analisados o “casamento” das turbinas a gás analisadas com o ciclo Rankine existente com modificações do projeto
original no que tange ao estado termodinâmico do vapor e sua vazão mássica. Alguns dados do projeto original foram mantidos ou
modificados, são eles:
1) o estado do vapor úmido e seu título (90%) foram mantidos na saída da turbina a vapor para o condensador.
4) Admitiu-se uma perda de pressão de 10% entre a pressão de vaporização e a pressão na entrada da turbina.
5) A perdas elétricas do gerador elétrico foram recalculadas. Sendo que a perda fixa original de 440 kW foi mantida, enquanto que o
restante das perdas foi considerado como 1,12% da potência de eixo da turbina.
• QUOILIN, S., DECLAYE, S., LEGROS, A., GUILLAUME, L., LEMORT, V., Working fluid selection and operation maps for Organic
Rankine Cycle expansion machines. International Compressor Engineering Conference at Purdue, 2012.
• Simões-Moreira, J. R. Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética, GEN-LTC, RJ, 2021.