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ERG-009 - FUNDAMENTOS DE

TERMODINÂMICA E CICLOS DE
POTÊNCIA
Aula 6

Professor:
José R. Simões-Moreira, Ph.D.
e-mail: jrsimoes@usp.br

ESPECIALIZAÇÃO EM
ENERGIAS RENOVÁVEIS, GERAÇÃO DISTRIBUÍDA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
CICLOS TÉRMICOS DE POTÊNCIA
CICLO BRAYTON

ERG 009 – Fundamentos de Termodinâmica e Ciclos de Potência


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Ciclo Brayton
Aplicações –
termelétricas.
Combustível: gás
natural, óleo
combustível, carvão
pulverizado, gás de
síntese, entre outros.

Indústria aeronáutica

Microturbina a gás (gás


natural, gás de síntese), a
partir de 30 kW

Aplicação marítima

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Ciclo Brayton com Energia
Solar

Ciclo de CO2 supercrítico (EDF e


Shouhang) – 100 MW. Utiliza o ciclo
Brayton.

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Componentes básicos de uma central termelétrica a turbina a gás
entrada de
Combustível energia elétrica
câmara de
combustão

compressor Turbina Gerador


a gas elétrico

saída dos
entrada de ar produtos de
combustão

MS-7000 – GE
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Exemplos de
turbinas a gás
(industrial)

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Exemplos de turbinas a gás (aeroderivativa)

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Tipos de turbinas a gás

Turbinas Industriais
Turbinas Aeroderivativas
❖São as mais empregadas para a produção de
potência (0,5 a 250 MW) ❖Tem sua origem na indústria
aeronáutica.
❖São grandes e pesadas, já que geralmente
não há restrições quanto à tamanho ou peso ❖As maiores turbinas aeroderivativas
estão na faixa de potência entre 40 e 50
❖São menos eficientes, porem de menor custo MW
por quilowatt gerado que as aeroderivativas
❖Usam componentes mais leves e mais
❖ Podem atingir temperaturas máximas de compactos
até 1260 oC
❖São mais eficientes (até 40%) e taxas de
❖Taxas de compressão podem atingir até 18:1 compressão de 30:1
em novas unidades
❖Investimentos mais elevados
❖Usam uma variedade maior de combustíveis
do que as aeroderivativas

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Características gerais

❖ Combustíveis – Podem operar numa grande variedade de combustíveis, incluindo


gás natural, gás de processo, gás de aterro, óleo combustível, entre outros.

Faixa de potência – Entre 0,5 e 250 MW. Microturbinas, no entanto, podem ter
potências tão baixas quanto 30 kW

❖ Vida útil – 25000 a 50000 horas com manutenção adequada

❖ Rejeitos Térmicos – turbinas a gás produzem produtos de combustão de alta


temperatura (430 – 600 oC). Esse rejeito térmico pode, por meio de uma caldeira de
recuperação, produzir vapor a alta temperatura e pressão para acionar um ciclo de
vapor de forma combinada

❖ Emissões – Muitas turbinas a gás operando com gás natural podem produzir Nox
abaixo de 25 ppm e CO na faixa de 10 a 50 ppm

❖Carga parcial – São relativamente sensíveis a operação com cargas parciais

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Outros componentes e sistemas auxiliares

Tomada da ar – tomada de ar dotada de filtros. Também podem ter sistemas de resfriamento (resfriamento evaporativo ou outro
meio) para diminuição da temperatura de entrada do ar (aumento de eficiência).

Sistema de exaustão – os produtos de combustão que deixam a turbina ou são diretamente dirigidos para chaminé e,
posteriormente para a atmosfera, ou primeiramente passam pelo regenerador para pré-aquecer o ar comprimido antes da
combustão – ver esquema acima. Em casos de ciclos combinados, os produtos de combustão são direcionados para a caldeira
de recuperação a fim de produzir vapor.

Gerador elétrico – equipamento que converte energia mecânica produzida pela turbina em energia elétrica.

Sistema de partida – Existem três sistemas de partida: (1) motor diesel; (2) motor elétrico; (3) sistema estático de partida.
Os sistemas (1) e (2) usam um acoplamento por meio de embreagem. A turbina é acionado ou pelo motor diesel ou pelo elétrico
até que a rotação e condições operacionais sejam alcançados. A partir daí realiza-se o desacoplamento. No sistema estático de
partida, o gerador funciona de forma reversível e atua como um motor elétrico para acionar a turbina até que o regime seja
estabelecido. Ápós o que é revertido para sua função normal.

Sistema de combustível – muitas turbinas são projetadas para trabalhar tanto com combustíveis líquidos (óleo combustível),
como gasosos (gás natural). Os combustíveis devem ser injetados na câmara de combustão na pressão de trabalho e vazões
controladas. Para isso, é preciso um sistema complexo de bombas, compressores, válvulas e controladores.

Sistemas auxiliares
- Sistemas de óleo lubrificante para os mancais e acionamentos hidráulicos diversos.
- Sistemas de resfriamento de componentes da turbina por meio de ar.
- Controle de emissões – Sistemas de monitoramento e controle de emissões, sobretudo CO e NOx.
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O CICLO BRAYTON SIMPLES
Simplificações principais: o fluido de trabalho não muda: É sempre ar atmosférico com propriedades constantes. O processo
de combustão em que ocorre a transformação do ar em produtos de combustão é substituído por um processo de adição de
calor. Além disso, os processos de admissão e exaustão é eliminado. Trata-se, portanto, de uma massa fixa de ar que circula
pela máquina. O processo de exaustão/admissão é substituído por um processo de rejeição de calor a pressão atmosférica.
Ver figura.

Balanço térmico dos equipamentos: Diagramas importantes:


3 QH adição de calor
calor recebido : QH = h3 − h2 = C p (T3 − T2 ) QH adição
Temperatura, T

de calor 2 3

calor cedido : QL = h4 − h1 = C p (T4 − T1 )


Área = W = QH-QL

Pressão, P
Área = W = QH-QL trabalho líquido
trabalho de compressão: Wc = h2 − h1 = C p (T2 − T1 ) trabalho líquido
4
trabalho da turbina : Wturb = h3 − h4 = C p (T3 − T4 ) 2
4
QL rejeição 1
trabalho líquido : WT = Wturb − Wc = QH − QL 1 de calor QL rejeição de calor

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O CICLO BRAYTON SIMPLES – cont…(1)

Eficiência ou rendimento térmico,


térmico

Note que T3 é a máxima temperatura do ciclo e T1, a


menor temperatura (ambiente, geralmente).

k = razão entre calores


específicos e vale 1,4 p/ o ar
atmosférico

70

eficiência ou rendimento (%)


60

50
Como visto o rendimento ou eficiência térmica, T, só
40
depende da taxa ou razão de compressão, r= p2/p1. Isto
30
está ilustrado no gráfico ao lado.
20

10

0
0 5 10 15 20 25 30
taxa ou razão de compressão (p2/p1 )

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O CICLO BRAYTON SIMPLES – cont…(2)
Contrariamente ao caso do ciclo de Rankine, a análise simples do rendimento térmico não é suficiente para
determinar as melhores condições operacionais. Isto porquê uma parte considerável do trabalho produzido pela
turbina é consumida pelo compressor. Assim, é interessante verificar as condições em que o sistema turbina-
compressor produzem máximo trabalho líquido.

Trabalho do compressor: WC = C p (T2 − T1 )


Trabalho da turbina apenas: Wturb = C p (T3 − T4 )

Trabalho líquido: WT = Wturb − WC = C p (T3 − T4 ) − C p (T2 − T1 )


P2
onde r = é a razão de pressões
P1

A equação do trabalho
 
líqudo ainda pode ser  T3   1   k
k −1

WT = C PT1    1 − k −1  −  r − 1
manipulada para obter:  T1    
  r k  

A expressão do trabalho líquido está posta no gráfico ao lado para


diversas razões de temperaturas T3/T1 e T1 = 300 K
k
A condição de maximização do trabalho é obtida pela derivação da expressão do  P  T  2 ( k −1)
trabalho como função de r e igualada a zero, para razões de temperaturas fixas T3/ rmáx trab . =  2  =  3 
T1. Procedendo assim, obtém-se a seguinte condição de trabalho máximo:  P1   T1 
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O CICLO BRAYTON SIMPLES – exemplo 1 -cont…(3)
Uma turbina a gás simples foi projetada para
operar nas seguintes condições: Determine
Temperatura máxima do ciclo: T3= 840 oC (a) o rendimento ou eficiência térmica do ciclo;
Temperatura de admissão do ar:T1= 15 oC (b) o trabalho do compressor;
Pressão máxima do ciclo: P3= 520 kPa (c) o trabalho na turbina;
Pressão mínima: P1= 100 kPa (d) o trabalho líquido do ciclo;
(e) a vazão de ar necessária para produzir 1 kW;
Dados: k = 1,4 e CP = 1 kJ/kg (f) a temperatura T4 na seção de saída.
Solução:
P2 520 (d) WT = Wturb − WC
(a) razão de pressões : r = = = 5,2
P1 100 = 418,15 - 173,35 = 244,8 kJ/kg
1
 térmico = 1 − 1,4 −1
= 0 ,3757 = 37 ,57%
1,4
5,2
1 1
(e) m = = = 0 ,00408 kg/s = 14,7 kg/h
(b) WC = CP (T2 − T1 ) WT 244 ,8
k −1 1,4 −1
mas, T2 = T1r k = ( 273,15 + 15 )  5,2 1,4 = 461,5 K
 WC = 1  ( 461,5 − 288,15 ) = 173,35 kJ/kg (f) Como Wturb = CP (T3 − T4 )  T4 = T3 −
Wturb
CP
(c) Wturb = CP (T3 − T4 ) 418,15
 T4 = 840 − = 421,85o C
1− k 1−1,4 1
mas, T4 = T3 r k = ( 273,15 + 840 )  5,2 1,4 = 695 K
 Wturb = 1  (1113,15 − 695 ) = 418,15 kJ/kg
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O CICLO BRAYTON SIMPLES – cont…(4)
Ineficiências:
Perdas – As ineficiências ocorrem porque tanto o compressor, como a turbina não são máquinas ideais
(isoentrópicas).

❖ Comportamento geral – Considerável parte do trabalho gerado pela turbina é consumido para acionar o
compressor, podendo chegar de 40 % a 80 % do valor produzido pela turbina. De forma, que se as eficiências caírem
para valores muito baixos (60%), nenhum trabalho líquido será produzido pela turbina.

Eficiência ou rendimento isoentrópico Eficiência ou rendimento


do compressor: isoentrópico da turbina apenas:

WS −comp h2 S − h1 T2 S − T1 Wturb − real h −h T −T


C = = = turb = = 3 4 = 3 4
WCreal h2 − h1 T2 − T1 WS −turb h3 − h4 S T3 − T4 S
3 3
Temperatura, T

Temperatura, T
Temperatura, T

+ =
2 4 4
4S 2 4S
2S 2S

1 1

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O CICLO BRAYTON SIMPLES – cont…(5)
Trabalho real do compressor: Trabalho real na turbina apenas:
T4
WS −comp 1 C pT1 T2 Wturb − real = turbWS −turb = turbC p ( T3 − T4 ) = turbC pT3 ( 1 − )
WCreal = = C p ( T2 − T1 ) = ( −1 )  T3
C C C T1
 1 
C pT1  (k-k1)  
= turbC pT3 1 − (k-1) 
WCreal = r − 1 Wturb − real
C    
  r k 

 1  C pT1  k
( k-1)

Trabalho líquido real na turbina: WT = Wturb − real − WCreal 
= turbC pT3 1 − (k-1)  −  r − 1
 
 C  
 r k
 

Razão ou taxa de compressão p/ máximo Novo rendimento térmico do ciclo considerando


trabalho considerando rendimentos das rendimentos das máquinas:
máquinas:
turb
T3 
(r − 1)
1  1 (k −1) k
1 − (k −1) k  −
 C
k
T1  r
P   T  2 ( k −1)
térmico =
rmáx trab . =  2  = turbC 3  T3  r (k −1) k − 1 
 P1   T1  − 1 + 
T1  C 

Se as eficiências das máquinas forem unitárias, isto é, C e turb = 1, então as expressões anteriores são obtidas!

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O CICLO BRAYTON SIMPLES – cont…(6)
Exemplo de como a eficiência das máquinas afeta o desempenho global da turbina

❖ Considere uma máquina com um compressor de eficiência de C = 80% e turbina de eficiência de turb = 85%.

❖ Assuma que a máxima temperatura do ciclo é T3 = 1200 K e a menor temperatura é T1 = 300 K .

70 350

300
eficiência ou rendimento (%)

60

trab alho líquido, (kJ/kg)


50 250 ideal
ideal
40 200

30 150

20 100
real real
10 50

0 0
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30
taxa de compressão ou razão de pressões r, (p2/p1) taxa de compressão ou razão de pressões r, (p2/p1)

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O CICLO BRAYTON SIMPLES com ineficiências – exemplo 2 -cont…(7)
Repita o exemplo 1 com as seguintes eficiências:
Temperatura máxima do ciclo: T3= 840 oC Determine
Temperatura de admissão do ar:T1= 15 oC (a) o rendimento ou eficiência térmica do ciclo;
Pressão máxima do ciclo: P3= 520 kPa (b) o trabalho real do compressor;
Pressão mínima: P1= 100 kPa (c) o trabalho real na turbina;
turb = 85% e C =80% (d) o trabalho líquido real do ciclo;
Dados: k = 1,4 e CP = 1 kJ/kgoC (e) a vazão de ar necessária para produzir 1 kW;
Solução: (f) a temperatura T4 na seção de saída.

(a) razão de pressões : r =


P2 520
= = 5,2  1 
P1 100 (c) Wturb − real = turbC pT3 1 − (k-1)  =
 
840 + 273,15   r k 
0 ,85
1  1
1 − (1,4−1) 1,4  −
288,15  5,2
( )
5,2(1,4−1) 1,4 − 1
 
térmico =  0 ,8 = 0 ,228   1 
840 + 273,15  5,2(1,4−1) 1,4 − 1  = 0 ,85 1 (840 + 273,15)1 − 1,4−1  =
− 1 +   1,4 
288,15  0 ,8   5,2 
logo, térmico = 22 ,8% logo, Wturb − real = 355,4 kJ/kg
(d) WT = Wturb −real − WCreal
( k -1)   1,4 −1 
C pT1   1  288,15  = 355,4 - 216,7 = 138,7 kJ/kg
(b) WCreal = r k − 1  WC =  5,2 1,4 − 1 = 216,7 kJ/kg
C   0,8  
    1 1
(e) m = = = 0 ,00721 kg/s = 25,6 kg/h
WT 138,3
Resumo dos dois exemplos
(f) Como Wturb = C P (T3 − T4 )  T4 = T3 −
Wturb
térmico WC Wturb WT 
m T4 CP
Exemplo 1 37,6 173,4 418,2 244,8 14,7 421,9
Exemplo 2 22,8% 216,7 355,4 138,7 25,6 484,6
355,4
logo, T4 = 840 − = 484 ,6o C
1
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O CICLO BRAYTON COM REGENERADOR OU RECUPERADOR DE CALOR

Uma das primeiras coisas que ressaltam do ciclo de Brayton simples é que os gases de saída
saem com uma temperatura relativamente elevada. Por outro lado, calor tem que ser fornecido
ao ciclo por combustão. Assim, o ciclo de Brayton com regeneração ou recuperação aproveita
o calor que, de outra forma seria liberado para a atmosfera, para aquecer o ar comprimido
imediatamente antes da câmara de combustão.

❖ O regenerador ideal é um trocador


❖de calor de contra-corrente.

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UMA INSTALAÇÃO MAIS COMPLETA DE TURBINAS A GÁS COM
REGENERADOR E COMPRESSÃO ESTAGIADA COM RESFRIAMENTO
INTERMEDIÁRIO (intercooler)

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Parâmetros de Especificação e de Desempenho
Condições ISO – “International Standards Organization”
1- Temperatura (bulbo seco) do ar: 15 oC (59 oF)
2- Umidade relativa do ar: 60%
3- Pressão ambiente normal: 101,325 kPa (14,7 psia)
Capacidade de base (“base rating”) – desempenho máximo da turbina em operação
contínua que pode ser mantido por 6000 horas.
Capacidade de pico (“peak rating”) – desempenho máximo da turbina que pode ser
mantido por um período contínuo limitado (2000 horas).
Taxa específica de calor (“heat rate”) – é o consumo de energia térmica necessária para
produzir 1 kWh (quilowatt-hora) de energia elétrica. Geralmente, a taxa específica de
calor, ou “heat rate” é fornecida pelo fabricante em unidades de Btu/kWh.
taxa de calor = m
  PCI ,
A taxa de produção de energia térmica comb

onde,
(calor) é dada pelo produto da vazão
 comb − taxa de consumo de combustíve l em lb/h (ou kg/h )
mássica de combustível pelo seu poder m
calorífico inferior, ou seja: PCI - poder calorífico inferior em BTU/lb (ou kJ/kg)

taxa de calor (Btu/h) m comb (lb/h ) PCI (Btu/lb)


Assim: Heat rate (Btu/kWh) = =
Produção de energia elétrica (kWh) Produção de energia elétrica (kWh)
Note que a taxa específica de calor (“heat rate”) é um parâmetro adimensional e o seu
recíproco representa a eficiência térmica da turbina, térmica
1
 térmico = , onde para se obter a taxa específica de calor (" heat rate") utilizam - se unidades
" heat rate"
iguais para as energias elétrica e térmica (kWh/kWh ou Btu/Btu, por exemplo)
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Parâmetros de Especificação e de Desempenho (cont…)
Temperatura de admissão – temperatura (bulbo seco) do ar de admissão no compresso.

Temperatura de exaustão – temperatura média dos produtos de combustão que


deixam a turbina. Menores temperaturas de exaustão são indicações de melhores
eficiências térmicas. Como regra geral turbinas industriais apresentam Tsaída entre
500oC e 600 oC e turbinas aeroderivadas entre 430oC e 500 oC.
Razão de pressões ou taxa de compressão – razão entre a pressão do ar na saída do
compressor e na entrada. Em princípio, quanto mais elevada a taxa de compressão,
mais elevados são os rendimentos. Na prática, custos e condições operacionais
impedem valores muito elevados. Alguns dados: turbinas industriais na faixa 10 a 18
e aeroderivativas na faixa de 18 a 30.
Temperatura de admissão na turbina – também conhecida como “turbine firing
temperature”. É a temperatura média dos produtos de combustão que entram no
estágio da turbina, após a câmara de combustão. Temperaturas mais elevadas,
implicam em maiores rendimentos, sendo o máximo valor é limitado pelas
propriedades metalúrgicas dos materiais e processos de resfriamento das pás das
turbinas. Turbinas de última geração possuem temp. de admissão de até 1260 oC.
Vazão dos gases de exaustão – é a vazão mássica dos gases que deixam a turbina.
Essencialmente é a soma das vazões de ar e de combustível e de vapor de água, caso
haja injeção de vapor.
Fluxo de energia térmica de exaustão – (“exaust heat”) em kJ/h ou Btu/h é o fluxo de
energia térmica dos produtos de combustão que deixam a turbina. É o fluxo de
entalpia total. Pode ser obtido de um balanço térmico da turbina considerando os
insumos energéticos e a eficiência térmica da máquina.
Perdas de carga – geralmente fornecida em cmH2O (ou inH2O). Medida das perdas de
carga na região de admissão do compressor (perda de carga de admissão) ou na região
de descarga (perda de carga de descarga).
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Exemplo de catálogo
(turbina ALSTOM)

1 1
 térmico = = 100% = 37 ,5%
" heat rate" 9098 *1,055
1* 3600

Determinação da vazão mássica de gás


natural necessária para acionar a turbina
nas condições indicadas:
m comb  PCI
" heat rate" = 
Potência elétrica
Potência elétrica 9098* 1,055 179 103
m comb =" heat rate" =  
PCI 3600 48400
m comb = 9,86 kg/s

Nota: 1 BTU = 1,055 kJ


PCIgás natural = 48400 kJ/kg (Bolívia)
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Parâmetros que Afetam o Desempenho

1) Condições ambientes – as curvas a seguir mostram como a turbina é afetada pela


mudança das condições ambientes. Säo mostradas influência da temperatura de admissão;
umidade absoluta; pressão barométrica.

(
P = 101,325 1 − 2,25577 10 −5  L )
5 ,2559

L em metros e P em kPa

2) Combustíveis – o tipo de combustível também afeta o desempenho de turbinas. Gás


natural e óleos combustíveis leves são os mais usados. Também pode-se empregar gás de
refinaria, propano, combustíveis sintéticos, entre outros.

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Parâmetros que Afetam o Desempenho (cont…)

3) Carga parcial – quando potências menores que a máxima são geradas, a potência
produzida pode ser diminuída pela diminuição da temperatura dos produtos de combustão
na entrada da turbina provenientes da câmara de combustão. Consequentemente, haverá
uma diminuição da eficiência global da máquina, como indicado na figura abaixo. Emissões
também geralmente aumentam com a operação em carga parcial.

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Emissões
Tipos de poluidores – Os principais agentes poluidores são os óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de
carbono (CO), compostos voláteis orgânicos (VOCs). Poluidores como os óxidos de enxofre (SOx) e material
particulado (PM) dependem do tipo de combustível empregado. Material particulado é geralmente
marginalmente importante em combustíveis líquidos. Cargas parciais também produzem maiores
poluições do que condição máxima de operação.

Tecnologias de controle de emissão de NOx – A produção de NOx está associada com elevadas
temperaturas e presença de oxigênio e nitrogênio na câmara de combustão após a queima. É o foco das
atenções atualmente. Entre as técnicas destacam-se:

(a) Injeção de vapor de água – Nesse caso vapor de água ou água líquida é borrifada na região de alta
temperatura da chama dentro da câmara de combustão. É possível reduzir a produção dos óxidos de
enxofre para valores tão baixos quanto 25 ppm. O processo também é acompanhado por um ligeiro
aumento de potência líquida. No entanto, a água de injeção precisa sofrer um processo de
demineralização. Ainda, como contrapartida, pode haver um aumento de emissões de CO, devido a
diminuição localizada da temperatura da chama.
(b) Redução catalítica seletiva SCR – É um processo pós-combustão de controle da emissão de óxidos de
nitrogênio. Basicamente consiste numa reação de vapor de amônia com NOx na presença de calalizadores
para formar o gás nitrogênio e água. Existe a possibilidade de um impacto negativo devido ao lançamento
na atmosfera de vapor de amônia que não reagiu.
(c) Novas tecnologias de câmaras de combustão – Melhorias na mistura ar-combustível permitem que se
trabalhe com temperaturas mais baixas que previnem a formação térmica do NOx.

Tecnologias de controle de emissão de CO e VOC – Controle de NOx geralmente implicam em diminuição


de temperatura de combustão e do excesso de ar, o que acarreta a formação de CO e VOC. Tanto
emissões de CO, como VOCs são diminuídas pela combustão completa e eficiente, normalmente obtidas
com um excesso adequado de ar e boa mistura ar-combustível. Uma alternativa empregada de diminuição
desses poluentes se dá através do uso de catalizadores instalados no fluxo de gases de exaustão.
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Emissões (cont…)

Quantificação dos poluidores – Há geralmente quatro métodos de se classificar a descarga de


poluentes para a atmosfera:

(a) Poluição por periodo – Neste caso, a medida é dada em termos do total de poluentes lançado
na atmosfera num dado período, por exemplo, em toneladas/ano.

(b) Poluição por unidade de energia gerada – Em algumas sistuações, a limitação é dada em
termos de quantidade de poluição gerada por unidade de energia produzida, por exemplo, em
gramas/HP-hora.

(c) Poluição por unidade de volume de gases de exaustão – Em outros métodos de estimativa de
poluição, a medida é dada em PPMV (“parts per million based on volume”) ou VPPM. Este limite é
normalmente baseado na exaustão padrão de 15% de O2.

(d) Poluição por unidade de energia consumida – Neste caso, a medição é feita em termos do
consumo energético do equipamento, isto é, gramas/GJ.

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Faixa de emissões de turbinas a gás

Fonte: relatório da GE - GER-4211

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Melhorando o Desempenho das Turbinas
Regeneradores ou recuperadores de calor – como já foi visto, o uso de regeneradores melhora a eficiência
da turbina pelo aproveitamento da energia térmica dos gases de escape para pré-aquecer o ar antes da
câmara de combustão. Geralmente são equipamentos caros e seu uso é justificado quando a turbina trabalha
a plena carga durante muitas horas por ano, ou quando o custo de combustível é relativamente elevado.
Além disso, em ciclo combinado, ou em cogeração, seu uso pode ser dispensado, uma vez que o calor
rejeitado da turbina será empregado com outra finalidade.

Resfriamento do ar de admissão – como foi visto acima, os


parâmetros de desempenho melhoram significativamente com a
Exemplo de um ciclo com regenerador (“recuperator”)
diminuição da temperatura de admissão do ar. A potência pode
e resfriamento evaporativo do ar de admissão
ser melhorada de 15% a 20% pelo resfriamento do ar em apenas
20OC a 25OC. Existem diversas abordagens para se proceder ao
resfriamento do ar:
resfriamento evaporativo – é amplamente utilizado devido ao
baixo investimento. Consiste em borrifar água no fluxo de ar de
admissão, o que faz com que sua temperatura baixe. O problema
é que em lugares muito úmidos, esse processo vai ter um baixo
efeito de resfriamento do ar. Ë, portanto, ideal para lugares com
baixa umidade. Evidentemente, deve haver água disponível para
esse fim.
(a) refrigeração – nesse caso, um ciclo comum de refrigeração ou
um ciclo de absorção é empregado para resfriar o ar de admissão.
Investimentos elevados são esperados nessa alternativa.
(b) armazenamento de frio – o uso de gelo, água fria, ou outro
fluido térmico podem ser empregados para resfriar o ar de
admissão. O frio “armazenado” nessas substâncias seria
produzido quando houvesse um preço considerável de energia de
ponta durante algumas horas do dia.
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Melhorando o Desempenho das Turbinas (cont…)

Resfriamento entre-estágios (“intercoolers”)–


Maior trabalho líquido da turbina pode ser obtido
se o ar comprimido em estágios sofrer um
resfriamento intermediário. Assim, o ar sofre uma
compressão e é resfriado com o ar atmosférico
(ou água) antes de continuar o processo de
compressão no estágio posterior do compressor.

Ciclo com injeção de vapor– Também conhecido


como ciclo de Cheng. Neste ciclo, grandes
quantidades de vapor de água são injetadas na
câmara de combustão para melhorar a potência
líquida e a eficiência. No esquema ao lado é mostrada
uma caldeira de recuperação (HRSG) que aproveita a
energia contida nos gases de escape para produzir
vapor de água necessário para alimentar a turbina e
também para outros fins. Esse processo não só
permite um aumento desejado de potência e
eficiência, como também uma diminuição das
emissões de NOx.

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CUSTOS

Nota: estes custos incluem um sistema


de cogeração de vapor. Basicamente
uma caldeira de recuperação (HRSG)

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CICLOS TÉRMICOS DE
POTÊNCIA
CICLO COMBINADO BRAYTON-
RANKINE

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CICLO COMBINADO BRAYTON-RANKINE

Como estudado na aula anterior, os gases de exaustão de uma turbina apresentam uma temperatura
relativamente elevada. De forma que é bastante atrativo se utilizer essa energia térmica contida nos gases
para alguma outra finalidade útil.

Existe uma série de possibilidades de se aproveitar a energia térmica. Entre elas:


(1) a produção de frio pela utilização de uma máquina de absorção de calor;
(2) a produção de vapor para utilização posterior;
(3) a produção de vapor para acionamento de uma turbina a vapor.

Os casos (1) e (2) acima são geralmente objetos dos sistemas de cogeração estudados na sequência.

O caso (3) é o que nos interessa no momento e trata-se de um ciclo combinado em que os ejeitos térmicos
de uma turbina a gás (gases de exautão) são empregados para gerar vapor em uma caldeira de
recuperação (Heat Recovery Steam Generator – HRSG) para acionamento de uma turbina a vapor, como
visto na próxima transparência.

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CICLO COMBINADO BRAYTON-RANKINE
configuração básica com um nível de pressão

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CICLO COMBINADO - CONFIGURAÇÕES

Há várias formas de se combinarem


turbinas a gás e a vapor para produção de
energia elétrica. Na figura ao lado está
ilustrado o caso de um sistema de dois
eixos e dois geradores elétricos
separados, cada um solidário com uma
das turbinas.

❖ No sistema ilustrado, os gases de exaustão são dirigidos para a caldeira de recuperação (“heat recovery
steam generator” – HRSG). A caldeira pode gerar vapor em um ou mais níveis de pressão (na ilustração
há dois níveis – alta pressão, HP e baixa pressão, LP). O vapor alimenta a turbina que produz eletricidade
através do seu próprio gerador elétrico.

❖ Neste arranjo, as turbinas estão desacopladas, permitindo que a turbina a vapor seja desligada
independentemente da turbina a gás.

❖ Outra possível configuração se dá em eixo simples. Isto é, as duas turbinas trabalham em um só eixo.
Esta configuração diminui o custo de investimento, já que apenas um gerador é necessário. Contudo, a
operação das turbinas é sempre concomitante, exceto se a turbina a vapor estiver acoplada via um
sistema de embreagem.

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CICLO COMBINADO - CONFIGURAÇÕES

A seleção de equipamentos para operarem em ciclo combinado demanda vários quesitos e


o principal deles e o balanço energético, isto e, precisa-se verificar se há compatibilidade
do total de fluxo de energia térmica presente nos gases de exaustão (“vazão entálpica”)
para produzir vapor de agua suficiente e na qualidade e vazão necessárias para acionar o
ciclo Rankine. Motores de combustão interna também podem operar em combinação com
um ciclo Rankine. Entretanto, o MCI tem uma característica diferenciada das turbinas a
gás, já que a vazão mássica dos produtos de combustão pode não ser suficiente para
acionar um ciclo Rankine de grande porte. Nesses casos, instalações de menor capacidade
podem ser concebidas com o emprego de ciclos orgânicos de Rankine.

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CICLO COMBINADO BRAYTON-RANKINE (cont…)
O esquema abaixo mostra um ciclo combinado Brayton-Rankine
A eficiência térmica do ciclo combinado é:

WTG + WTV − Wbomba


 térmico =
Q H
~0
Por outro lado, substituindo a expressão
da eficiência da turbina a vapor, vem:

WTG + TV Q comb


 térmico =
Q H
Qdom
Assumindo que a energia térmica que saem b
com os gases de exaustão após a caldeira de
recuperação seja muito pequena, então o fluxo
de calor combinado é Q comb = WTG + Q H .Assim, Caldeira de
Substituindo na expressão acima, vem: Recuperação

 térmico =
(
WTG + TV Q H − WTG )  W
= TG + TV − TV TG
“HRSG”

Q H Q H

Finalmente, usando a definição de rendimento


do ciclo Brayton, isto é, WTG = TG Q H:
 térmico =  TG +  TV −  TV TG

O rendimento do ciclo combinado atinge valores mais elevados comparados com os caso em que as máquinas operam
sozinhas. Exemplo: considere um ciclo Brayton de rendimento 40% e um ciclo Rankine de rendimente 25%. O rendimento do
ciclo combinado nesse caso é de 55%.
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CICLO COMBINADO – CALDEIRA DE RECUPERAÇÃO
❖Os gases de exaustão de uma ou mais turbinas a gás são aproveitados para produzir
vapor na caldeira de recuperação.

❖A caldeira de recuperação é do tipo convectiva, isto é, a troca de calor dos gases


quentes para a água é por convecção de calor. Já nas caldeiras comuns, a radiação
térmica desempenho um papel bem significativo.

❖Vapor pode ser gerado em um ou mais níveis de pressão para alimentar a turbina a
vapor, ou mesmo ser consumido em algum outro ponto de processo.

❖Em situações em que a demanda de vapor é maior do que pode ser produzido pela
recuperação da energia térmica dos gases, uma queima adicional de combustível pode
ser realizada.

❖Deve ter o cuidado de que a temperatura dos gases de exaustão não caia para abaixo
de cerca de 150 oC, quando poderá ter início o processo de condensação do vapor de
água dos gases e, consequentemente, podendo dar início ao processo de corrosão da
tubulação.

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CICLO COMBINADO – CALDEIRA DE RECUPERAÇÃO ( cont…)

❖Um conceito importante no projeto e seleção das caldeiras de recuperação é a mínima


diferença de temperatura alcançada entre os gases e a água, ou ponto de pinça
(“pinch point”).

❖Os gases de exaustão da turbina a gás


entram na caldeira de recuperação na
temperatura (5) e a deixam em (6), como
ilustrado.

❖ A agua entra no economizador na condição


(d) e o deixa em (x) na condição de líquido
saturado. Exatamente nessa condição ocorre
o ponto de pinça. Valores típicos são T = 15 oC
a 30 oC.
❖ Entre os pontos (x) e (y), a agua sofre o
processo de evaporação ,sendo que em (y)
ela se tornou em vapor saturado.

❖ A partir do ponto (y) o vapor se torna superaquecido e vai deixar a caldeira em (a).
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Estudo de caso de um ciclo
combinado para uma central
termelétrica

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DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Existe uma turbina a vapor em operação. Deseja-se selecionar uma


turbina a gás para operação de ciclo combinado com este
equipamento.
Os principais dados técnicos da turbina a vapor são:
Fabricante: General Electric
Capacidade nominal: 80 MW
Capacidade máxima: 100 MW
Rotação: 1800 rpm

Condições de alimentação de vapor de água (novos valores na Figura 1)


Pressão: 850 psig (5,86 MPa) – manométrica
Temperatura: 496,1 oC (925 oF)
Vazão de mássica: 109,87 kg / s (872000 lbm / h)
Pressão de condensação: 5,08 kPa (1,5 pol Hg)
Rendimento isentrópico: 86%

Condições locais de operação e combustível


Pressão barométrica: 93 kPa
Temperatura média: 25 oC
CUmidade relativa: 60%
Combustível: gás natural
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Perdas
Potênc ia térm ic a Superaquec edor 0,504 (4000) M
total: 257,4 MW c om atemperador
81,634 (647890) M 5 linha de vapor
Purga 2774,9 (1193,0) H Turbina Geradora
283,5 (542,3) T 85,212 (676290) M 84,708 (672290) M 6
0,668 (5300) M 6756,5 (980) Pabs
4 3413,6 (1467,1) H 3413,6 (1467,1) H de 80 MW

Superaquecedor: 62,9 MW
1254,3 (539,1) H 5860,2 (850) Pm 496,1 (925) T
282,1 (539,8) T 5860,2 (850) Pm
6756,8 (980) Pabs

Potência térmica do
86,1 MW
1
2

Vapor: 194,5 MW
Potência térmica
3

do Gerador de
Gerador 4 Perda de 1125 kW
5
de vapor 7,420 (58890) M
Perda fixa 440 kW
3065,4 (1318) H
1275,5 (185) Pabs
NRV
7 8
3,578 (28400) M 3 77,288 (613400) M
82,302 (653190) M 398,8 (171,5) H 2312,3 (994,2) H
2 398,8 (171,5) H
33,2 (91,7) T
Equipamentos a serem substituidos pela
Água de 5,08 (1 1/2 pol Hg) Pabs
1,172 (9300) M
c aldeira de rec uperaç ão ("HRSG") Reposiç ão 104,8 (44,9) H
120,7 (17,5) Pabs
25,0 (77) T
Condensador
85,880 (681590) M
1 399,0 (171,5) H
93,7 (200,6) T
6756,5 (980) Pabs Desaerador
78,460 (622700) M
Pressão atm osféric a = 93 kPa 139,6 (60,0) H
* Unidades: 1148,0 (166,5) Pabs
M: vazão m ássic a em kg/s (lbm /h)
H: entalpia espec ífic a em kJ/kg (Btu/Lbm ) 12
Pabs: pressão absoluta em kPa (psi) 11
Pm : pressão m anom étric a em kPa (psi) 138,9 (59,7) H
T: tem peratura em º C (º F) 78,460 (622700) M
138,5 (59,5) H 9
120,7 (17,5) Pabs
linha da água 10
c ondensada 77,288 (613400) M
13 139,0 (59,8) H
85,880 (681590) M 120,7 (17,5) Pabs
392,7 (168,8) H
93,7 (200,6) T
1148,0 (166,5) Pabs

Ciclo Rankine atual para ser modificado – gerador de vapor será substituído por caldeira de recuperação (HRSG)

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Balanços energético e material (realizado com um software específico – EES)

Resumo dos principais resultados da simulação

Potência do eixo: ..................................... 87,7MW


Potência elétrica: ......................................86,1 MW

Rendimento térmico geral do ciclo:......... 33,8%


(excluindo perdas no gerador elétrico)

Rendimento geral do ciclo:....................... 33,2%


(incluindo perdas no gerador elétrico)

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Resumo das condições operacionais locais (on site) para várias fabricantes – cidade de São Paulo

Vazão Emissões fornecidas pelos fornecedores -


Turbina / Potência Heat Rate Rend. mássica Temp. base 15% deO2
Fabricante elétrica elétrico saída Sa´da NOx CO UHC NMHC VOC SOx PM 10
(MW) (kJ / kWh) (%) (kg/s) (ºC) (ppmVd) (ppmVd) (ppmVd) (ppmVd) (ppmVd) (ppmVd) (kg/h)
Alstom-GT11N2 96,7 11142 32,3 351,6 542 25 5 3 - 1 2 2,88
Alstom-GT24 161,4 10628 33,9 354,5 631 25 15 1 - 0,4 2 6,12
GE-MS6001FA 64,1 10630 33,9 185,3 614,4 15 15 7 - 1,4 - 2
GE-MS7001EA 71,9 11330 31,8 263,1 545,0 15 25 7 - n/f - 2
GE-MS7001FA 146,6 10110 35,6 398,1 612,8 15 15 7 - n/f - 4
MHI-M501F 153,0 10065 35,8 406,4 627 25 15 5 - 1 - 1
Siemens-W501F 157,7 a 10089 a 35,7 a 423,5 a 588,9 a 25 b 30 b - 20 b 2b 1b 5,8 b
Siemens-
W501D5A 99,4 a 10968 a 32,8 a 335,0 a 540,0 a 25 b 30 b - 20 b 2b 1b 5,8 b

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Determinação da potência térmica total necessária para produzir o
vapor saturado no gerador de vapor e para superaquecê-lo no estágio
de superaquecimento. Esses resultados estão resumidos abaixo:

Potência térmica necessária no estágio


de geração de vapor: ....................................... 194,5 MW (663697
MBTU/h)

Potência térmica necessária no estágio


de superaquecimento: ..................................... 62,9 MW (214635
MBTU/h)
_______________________
Potência térmica total necessária: ................. 257,4 MW (878332
MBTU/h)

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Conhecida a potência térmica necessária, verifique se é possível que o fluxo entálpico da turbina a
gás seja suficiente para produzir a potência térmica calculada acima.

Para isso, use o necessário para assumir uma temperatura de saída, digamos 170 oC. Use um
rendimento para a caldeira de recuperação (90% se não tiver o valor mais correto). Você também
precisa do calor especificado dos produtos de combustão. Os seguintes dados foram ajustados

CP = −5  10 −10 T 3 + 6  10 −7 T 2 + 3  10 −5 T + 1,0574 ,

CP – kJ/kg C, e

T – C.

Foi usado um excesso de ar de 200%. Também é necessário verificar se a temperatura dos


produtos da combustão é superior à temperatura do vapor superaquecido deixado pela caldeira
de recuperação.

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Se o fluxo entálpico for suficiente, deve-se verificar se as temperaturas
de pinça e de aproximação são razoáveis. Se estiverem, o problema
está resolvido.
CR m GCP (TG1 − Tcham )  Qtermica ,
onde,

TG1 – temperatura do gás de exaustão da turbina que entra na caldeira


de recuperação (C)
Tcham – temperatura do gás de exaustão que deixa a caldeira de
recuperação e se dirige para a chaminé (170 C - assumido)
 CR – rendimento da caldeira de recuperação (90%)
m G – vazão mássica de gás de exaustão da turbina (kg/s)
CP – calor específico médio a pressão constante do gás de
combustão entre as duas temps. consideradas, isto é, TG1 e
Tcham.

Qtérmica – potência térmica necessária para a produção de vapor 257,4 MW

Q termica 252333
De forma que m G   m G  .
CRCP (TG1 − Tcham ) TG1 − 170

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Um valor inicial de temperatura de chaminé de projeto de 170 C foi empregado. O valor do calor específico médio de 1,133
kJ/kg C foi empregado assim como um rendimento de 90% para a caldeira de recuperação. O gráfico da figura abaixo
mostra a vazão mássica como função da temperatura do gás de exaustão que entra na caldeira dos diversos fabricantes. Note
que todos os pares de temperatura de exaustão, TG1, e vazão mássica,
m G , que se encontram à direita e acima da curva em azul vão satisfazer o critério de balanço térmico.

Evidentemente, somente o balanço térmico não é suficiente. Também é preciso que a temperatura dos gases
de exaustão que entram na caldeira de recuperação seja maior do que a temperatura de saída do vapor
superaquecido que, ou seja:
800
TG1  Tvapor superaquec ido  TG1  496,1 C 2x GT11N2 região permitida

2x W501D5A
600
2x MS7001EA

Vazão (kg/s)
a condição acima é obedecida para os pontos W501F
M501F

que se encontram à direita da linha vertical (em 400 Mitsubishi MS7001FA


GT11N2 GT24
GE W501D5A 2x MS6001FA
verde). Alstom MS7001EA

200 Siemens
MS6001FA

No caso, somente 1 modelo de turbina atende 0


400 500 600 700
ao critério do balanço térmico. Então, é preciso o
Temperatura dos gases de exaustão ( C)
introduzir modificações no ciclo Rankine a fim
de acoplar os ciclos.

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Modificações necessárias no ciclo Rankine a fim de compatibilizar com as turbinas a
gás. Assumindo uma temperatura de pinça de 15 oC

Nesta seção são analisados o “casamento” das turbinas a gás analisadas com o ciclo Rankine existente com modificações do projeto
original no que tange ao estado termodinâmico do vapor e sua vazão mássica. Alguns dados do projeto original foram mantidos ou
modificados, são eles:

1) o estado do vapor úmido e seu título (90%) foram mantidos na saída da turbina a vapor para o condensador.

2) A vazão mássica e a pressão da extração No 2 também foram mantidas.

3) As perdas originais de vapor na linha de vapor também foram mantidas.

4) Admitiu-se uma perda de pressão de 10% entre a pressão de vaporização e a pressão na entrada da turbina.

5) A perdas elétricas do gerador elétrico foram recalculadas. Sendo que a perda fixa original de 440 kW foi mantida, enquanto que o
restante das perdas foi considerado como 1,12% da potência de eixo da turbina.

6) O rendimento isoentrópico de 86% foi mantido.

7) Considerou-se um rendimento de 90% para a caldeira de recuperação.

8) Os pontos de pinça e de aproximação da caldeira de recuperação foram mantidos constantes e iguais a 15 C .


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Resumo dos principais parâmetros operacionais operando de forma combinada com as turbinas a gás indicadas. Eficiência da
caldeira de recuperação de 90% e pontos de aproximação e de pinça iguais a 15 C.

ERG 009 – Fundamentos de Termodinâmica e Ciclos de Potência


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referências

• QUOILIN, S., DECLAYE, S., LEGROS, A., GUILLAUME, L., LEMORT, V., Working fluid selection and operation maps for Organic
Rankine Cycle expansion machines. International Compressor Engineering Conference at Purdue, 2012.
• Simões-Moreira, J. R. Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética, GEN-LTC, RJ, 2021.

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