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GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DOS MOTORES DE COMBUSTÃO

específico de combustível de um motor Otto


INTERNA CICLO OTTO
João Carlos Ferreto; Jonata Petro

1. Introdução

O constante aumento da frota veicular, depende substancialmente da relação de


aliado ao conseqüente aumento da poluição mistura ar-combustível. O consumo mínimo é
atmosférica levaram a ações governamentais obtido através de uma relação de mistura ar-
no sentido da regulamentação das emissões de combustível de aproximadamente 15 kg de ar
poluentes provenientes dos veículos para 1 kg de combustível. O valor exato
automotores. Tendo em vista a necessidade de (teórico) para uma combustão completa,
adequação as novas legislações, os fabricantes também denominado de relação
buscaram adequar os motores as novas estequiométrica, é de 13,3:1 para gasolina
exigências. com 20% de álcool anidro e 8,2:1 para o
Para compreendermos tanto o álcool hidratado. [BRUNELLI (2000)]
funcionamento de um sistema de Como os motores de veículos trabalham
gerenciamento eletrônico quanto as na maioria do tempo na faixa de cargas
necessidades que levaram a utilização deste, parciais, a sua construção é orientada para um
devemos compreender uma série de consumo baixo de combustível nestas faixas.
fundamentos como comportamento e eficiência Para as outras faixas de operação (marcha
da combustão em diferentes regimes de lenta, plena carga) é mais favorável uma
funcionamento, relação de emissões de composição de mistura mais rica em
poluentes, fator estequiométrico, preparação da combustível. O sistema de preparação da
mistura. mistura deve poder satisfazer estas exigências
Comportamento térmico: variáveis.
O grau de eficiência de um motor de
combustão interna depende além de sua
concepção mecânica, dos critérios de: 2. Fator Lambda (λ)
- Compressão: quanto maior a taxa de
compressão, maior será a eficiência térmica do A variação da relação ar-combustível
motor, limitada pela característica anti- efetivamente existente, em relação ao ideal
detonante do combustível utilizado. Através de teoricamente necessário para a gasolina
uma mistura ar-combustível homogênea e do (13,3:1) é indicado pela relação de ar λ
aproveitamento dos efeitos do fluxo nos canais (Lambda).
de admissão, pode-se elevar o limite de
detonação de modo a possibilitar uma maior
compressão;
- Comportamento da combustão: para atingir
uma combustão ideal em um motor ciclo Otto,
é necessário que o combustível esteja
perfeitamente misturado com o ar para que a
frente de chama se propague de forma
uniforme, tanto no que diz respeito ao tempo
quanto ao espaço do cilindro até que toda a
mistura seja queimada. O ponto inicial de
queima é um fator importante para atingir essa
eficiência. Figura 1: Relação Lambda, potência e consumo
- Mistura ar-combustível: O consumo [BRUNELLI (2000)]

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A figura 1 mostra a influência da relação A ignição é outro processo fundamental
de ar (Lambda), sobre a potência “N” e o no comportamento de um motor ciclo Otto,
consumo “be”, em motores ciclo Otto. sendo vários parâmetros definidos a partir de
“Lambda” (λ = ( Quantidade de ar aspirado sua atuação. Alguns requisitos são necessários
/ Necessidade teórica de ar)). para que se consiga uma ignição e um
Se λ=1, a quantidade de ar aspirada resultado satisfatório:
corresponde à quantidade teoricamente - É preciso que a composição da mistura ar-
necessária. combustível satisfaça a certas condições,
Se λ falta de ar ou mistura rica, sendo de fácil combustão;
potência elevada. - É preciso que a mistura tenha bom acesso à
Se λ > 1, excesso de ar ou mistura pobre, centelha, sendo bem favorável a posição dos
diminui o consumo de combustível, diminui a eletrodos na câmara de combustão, a duração
potência. da centelha e o movimento da mistura
Se λ > 1.2, a mistura não consegue mais (turbulência).
ser inflamada, o limite de funcionamento foi - É preciso que a centelha de ignição tenha
ultrapassado. certa energia (há um limite mínimo) que será
O resultado da combustão em um motor, transformada em calor. Essa energia é
tem por base o comportamento dos vários denominada energia de ignição. Mesmo que a
fatores presentes na queima, cada um centelha seja emitida entre os eletrodos,
influenciando especificamente: embora não possuindo a necessária energia,
- Emissão de CO: o monóxido de carbono é não se verificará a ignição; 0,1 miliwatt-
produto da combustão incompleta da mistura, segundo é a energia máxima de que uma boa
portanto a emissão de CO é fortemente mistura necessita para a sua ignição; contudo
dependente da razão ar-combustível. misturas ricas ou pobres, necessitam muito
- Emissão de HC: deficiência de ar leva a mais. Especialmente grande é a demanda de
combustão incompleta da mistura ar- energia na partida a frio, já que a mistura não
combustível. Em mistura pobre a emissão de apresenta uma boa composição, estando a
HC também é elevada. vela fria.
- Emissão de NOx: picos de temperatura na - A energia de ignição é gerada com grande
câmara de combustão e a duração de seu efeito margem de reserva para que, mesmo sendo
tem influencia decisiva na emissão de NO. O adversas as condições de funcionamento, a
comportamento do NO é praticamente o mistura realmente venha a queimar-se.
inverso do HC. - O momento para a queima da mistura é
determinado de tal maneira que o motor não
"bata" (detonação) em toda a sua faixa de
trabalho. O ponto da ignição deve, além disso,
orientar-se de acordo com o estado do motor
considerando-se ainda se o interesse está na
potência do motor, no consumo ou na
eliminação de gases tóxicos no escapamento.
- É necessário, pois, que a centelha seja
emitida tão cedo que a máxima pressão de
combustão venha alcançar o seu valor
máximo um pouco além do ponto morto
superior (PMS). Se a centelha ocorrer muito
cedo o pistão que está em movimento para
cima será fortemente freado; se ocorrer muito
tarde, a queima só terá início quando o pistão
voltar a se deslocar para baixo. Em ambos os
Figura 2: Emissões em função fator λ casos a potência do motor será pequena em
[MILHOR (2002)]

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relação ao combustível gasto, sendo grande o
perigo de superaquecimento de peças na
câmara de combustão. O ponto de ignição deve
estar ajustado de tal modo que se alcance uma
potência grande e um funcionamento
econômico.
O controle eletrônico da ignição trabalha a
partir do mapa de avanço do motor, detectando
as condições de operação, assumindo rotinas
que corrigem o ponto as quais são função da
rotação do motor, pressão no coletor de
admissão e temperatura do motor.
Veja algumas conseqüências em virtude da
mudança do ponto de ignição quanto a emissão
de poluentes ( CO, HC e NOx) e consumo
Figura 5: Emissão de NOx em função do avanço de
específico: ignição e fator λ. [MILHOR (2002)]

Figura 3: Emissão de CO em função do avanço de


ignição e fator λ. [MILHOR (2002)]
Figura 6: Emissão de CO em função do avanço de
ignição e fator λ. [MILHOR (2002)]

3. Gerenciamento Eletrônico

Tendo em vista todas estas necessidades,


em relação aos parâmetros envolvidos num
motor de combustão, o gerenciamento
eletrônico foi a forma mais viável
desenvolvida para substituir o carburador na
função de preparação da mistura de forma
mais otimizada possível.
Sistemas eletrônicos são sistemas de
Figura 4: Emissão de HC em função do avanço de
injeção comandados eletronicamente, tendo
ignição e fator λ. [MILHOR (2002)]
surgido através do desenvolvimento e
aperfeiçoamento de outros sistemas mais

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simples de controle eletrônico de combustível.
O combustível é injetado no coletor de
admissão de modo intermitente, através de uma
válvula de injeção comandada eletronicamente.
Todo o sistema de gerenciamento eletrônico de
combustível para motores ciclo Otto, é provido
de diversos sensores que identificam
circunstâncias de funcionamento do motor,
passando esses dados de forma eletro –
eletrônica para a central de comando do
sistema, que toma as necessárias decisões de
injeção de combustível em relação ao ar
admitido, bem como das condições de Figura 8: Sistema multiponto. [BRUNELLI (2000)]
funcionamento do motor, como temperatura,
velocidade do veículo, pressão barométrica.
Sendo multiponto, os injetores podem ser
abertos todos ao mesmo tempo (simultâneo),
3.1 Classificação dos sistemas de injeção em grupos de dois ou três injetores (banco a
eletrônica banco ou semi - seqüencial), ou ainda, podem
abrir-se um de cada vez (seqüencial).
Pode-se classificar os sistemas de injeção
eletrônica e ignição digital, através de cinco 4) Pela estratégia de definição do tempo de
formas diferentes: injeção ou do avanço de ignição: a
1) Pelo fabricante do veículo: os sistemas são classificação é segundo a estratégia de
divididos em função do fabricante do veículo. definição do tempo de injeção, divide os
2) Pelo fabricante do sistema de injeção e ou sistemas existentes em quatro grandes
ignição: os sistemas são divididos em função grupos:
do fabricante da UCE , muito embora em - “Mapeamento ângulo x rotação”: neste
muitos casos, os sistemas possuam caso, o tempo básico de injeção é definido em
componentes eletrônicos de outros fabricantes testes de bancada em laboratório em função
das UCEs, de injeção eletrônica e ou ignição do ângulo da borboleta de aceleração e da
digital em seus próprios sistemas. rotação do motor, gerando uma tabela de
3) Pela quantidade de eletroinjetores e suas tempos básicos de injeção que são
estratégias de acionamento: os sistemas podem memorizados.
ser monoponto (um injetor para todos os - “Densidade x rotação”: o tempo básico de
cilindros) ou multiponto (um injetor para cada injeção é calculado, indiretamente, em função
cilindro). do fluxo de massa de ar admitido. O fluxo de
massa de ar é determinado pela rotação do
motor, pelo volume dos cilindros e pela
densidade do ar, e este é calculado segundo a
pressão no coletor de admissão e a
temperatura do ar.
- “Fluxo de ar”: o tempo básico de injeção é
calculado, diretamente, em função da vazão
de ar admitido. A vazão de ar é determinada
diretamente por um medidor de fluxo de ar,
que normalmente está instalado no coletor de
ar, nas tubulações perto do filtro de ar, e o
resultado é corrigido em função do efeito da
variação da temperatura do ar admitido na
Figura 7: Sistema monoponto. [BRUNELLI (2000)]

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variação da sua densidade. do coletor.
- “Massa de ar”: o tempo básico de injeção é Em sistemas com medidores
calculado, diretamente, em função da massa de volumétricos, suscetíveis às variações da
ar admitido. A massa de ar é determinada por pressão atmosférica, o sensor de pressão é
um medidor de massa de ar, que pelo seu utilizado como um sensor de altitude, de
princípio de funcionamento já corrige modo a corrigir as variações de pressão
automaticamente, as variações da pressão atmosférica em função da altitude em que o
atmosférica, da temperatura ambiente e até da veículo se encontra.
umidade relativa do ar. Dois tipos de sensores de pressão são
mais freqüentemente utilizados, Strain Gage
5) Pela quantidade de bobinas de ignição e suas e Capacitivo.
estratégias de acionamento: demonstra-se a Os sensores do tipo Strain Gage são
classificação dos sistemas de ignição digital em formados por quatro elementos resistivos (
função do modo de distribuição da centelha, R1, R2, R3 e R4), os quais formam uma ponte
que podem ser dinâmicos (com distribuidor) ou de Wheatstone. Montados em um diafragma
estáticos (sem distribuidor). de silício, tais resistores tem seus valores
alterados devido à deformação do diafragma,
causado pela variação de pressão no coletor
3.2 Sensores de admissão. A tensão de saída do sensor
varia linearmente com a pressão no coletor.
Os sensores empregados nos motores de Com relação aos elementos resistivos da
combustão interna são responsáveis pela ponte de Wheatstone, a tensão é dada pela,
informação das condições de funcionamento do onde Eex é uma tensão constante de
motor à UCE. A descrição que segue, tem a alimentação.
finalidade de ilustrar, de maneira generalizada,
as principais variáveis medidas para o
gerenciamento dos motores e os sensores
empregados. Variações do que será
apresentado podem ocorrer em função do
fabricante, levando-se em conta as
especificações de cada projeto com relação ao
custo e desempenho desejados.

3.2.1 Sensores de pressão no coletor de


admissão (MAP)
Figura 8: Ponte de Wheatstone. [MILHOR (2002)]
O sensor de pressão no coletor de
admissão, tem a função de informar as
Os sensores do tipo capacitivo, baseiam-
variações de pressão no coletor de admissão ou
se no princípio de funcionamento de um
a pressão barométrica. Quando a estratégia
capacitor. Constituído por duas placas
rotação-densidade (speed-density), para o
condutoras paralelas e distantes entre si por
cálculo da massa de ar admitida pelo motor é
uma distância d, e separadas por um
utilizada, o sensor de pressão informa a pressão
elemento dielétrico, com constante dielétrica
no coletor de admissão para que se possa
0 , a capacitância C do capacitor varia de
calcular a densidade do ar. Em outros casos, a
acordo com a equacão:
pressão no coletor é utilizada para se
determinar a carga na qual o motor se encontra,
de modo a definir o avanço da ignição, visto
que este é uma função da rotação e da pressão onde A, é a área da placa condutora.

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pelo motor. O elemento quente faz parte de
um circuito constituído de uma ponte de
Wheatstone. Um outro elemento, uma
resistência de compensação da temperatura, é
inserido no sistema para que seja
restabelecida a temperatura do elemento
quente. Portanto, o sinal de saída do sensor,
uma tensão, é diretamente proporcional à
massa de ar que está sendo admitida pelo
motor.

Figura 9: Sensor de pressão do tipo Strain Gage.


[MILHOR (2002)]

Os sensores de pressão do tipo


capacitivos, são construídos de maneira que, a
pressão que se deseja medir varie a distância d
entre as placas condutoras, fazendo com que a
capacitância varie. Em aplicações automotivas, Figura 10: Sensor de massa de ar. [MILHOR (2002)]
o sensor capacitivo faz parte de um circuito
ressonante, cuja freqüência de oscilação varia A vantagem da utilização deste tipo de sensor,
em função da capacitância C. Desta forma a reside no fato de oferecer baixa resistência à
variação de pressão causará uma variação na passagem do ar pela tubulação de admissão,
freqüência do sinal recebido pela UCE. não possuir elementos mecânicos em
movimento e o cálculo da massa de
combustível ser direto, não exigindo
3.2.2 Sensores mássicos processamento devido à variações de altitude
ou temperatura do ar.
A medida direta da massa de ar que está Outra classe de sensores utilizada para
sendo admitida pelo motor é realizada com a se calcular a massa de ar admitida pelo motor,
utilização de um elemento quente. Este é a dos sensores volumétricos, os quais
elemento pode ser um fio ou um filme informam o fluxo volumétrico de ar. A
aquecido, dependendo da configuração do utilização de tais sensores, torna necessária a
sensor. determinação da densidade do ar (função da
Nos sensores normalmente utilizados nos temperatura do ar e pressão barométrica), para
automóveis, o elemento quente deve então, calcular a massa de ar admitida. Esta
permanecer a uma temperatura constante, entre classe de sensores não será detalhada aqui por
100 o e 200oC, acima da temperatura do ar. A ter uma pequena aplicação, se comparada aos
medida que o ar passa pelo fio aquecido ou sensores mássicos e a utilização do método
pela superfície do filme aquecido, ocorre uma rotação-velocidade com a utilização dos
troca de calor entre elemento quente e ar. Com sensores de temperatura do ar e pressão no
a variação de temperatura do elemento quente, coletor de admissão.
a corrente através deste precisa variar para que
sua temperatura permaneça constante. A
corrente necessária para que isso ocorra é uma
medida da massa de ar que está sendo admitida

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3.2.3 Sensores de posição da borboleta de relacionados à abertura da borboleta, ou seja,
aceleração é mais precisa que a segunda pista, pois
ambas fornecem a mesma faixa de tensão,
A função destes sensores, é informar a mas a pista utilizada para o controle da
posição angular da borboleta de aceleração, marcha lenta, corresponde a um ângulo de
permitindo que a U.C.E. realize estratégias de abertura menor da borboleta.
controle de acordo com a tabela:

3.2.4 Sensores de temperatura

Os sensores de temperatura são


responsáveis por informar a temperatura do ar
aspirado pelo motor e da água do sistema de
arrefecimento, para a U.C.E.. Os dois tipos de
sensores mais utilizados são NTC (Negative
Temperatue Sensor) e PTC (Positive
Temperature Sensor). A variação da
Tabela 01: Estratégia de funcionamento
[MILHOR (2002)]
temperatura provoca uma variação da
resistência elétrica do elemento transdutor.
* Estratégia que corta a injeção de combustível No caso dos sensores do tipo NTC, a
durante as desacelerações (borboleta de resistência elétrica diminui com o aumento da
aceleração fechada e rotação do motor alta); temperatura, ocorrendo o contrário nos
** Estratégia utilizada para impedir a súbita sensores PTC, ou seja, a resistência aumenta
queda de pressão no coletor de admissão com o aumento da temperatura.
durante as desacelerações, através do controle A informação da temperatura do ar é
da quantidade de ar admitido; necessária para se determinar a densidade do
*** Ângulo da borboleta é utilizado como sinal ar, utilizada para o cálculo da massa de ar que
de carga para a determinação do avanço da está sendo admitida pelo motor.
ignição somente nos casos em que não se Com relação à temperatura da água, esta
utiliza o sensor de pressão absoluta. informação é utilizada como indicativo da
temperatura do motor servindo como
Diferentes tipos de sensores podem ser parâmetro para que estratégias específicas
utilizados, como potenciômetro, potenciômetro possam ser realizadas, tais como:
de dupla pista e interruptor. - Enriquecimento da mistura ar-combustível
Os interruptores podem ser utilizados quando o motor estiver frio;
para o reconhecimento da condição de - Cut-off com motor frio;
borboleta fechada, totalmente aberta, ou então, - Controle da válvula EGR;
indicação de regime de marcha-lenta. - Substituição do sensor de temperatura do ar,
Os sensores do tipo potenciômetro, são caso este não seja empregado;
fixados no corpo da borboleta, compartilhando
o mesmo eixo. Um potenciômetro, formando 3.2.5 Sensor de rotação do motor/PMS e
um circuito divisor de tensão, determina o sensores de fase
valor do ângulo de deflexão da borboleta, pela
posição do cursor. O resultado é uma relação Para que o sistema de injeção forneça a
linear entre ângulo de abertura da borboleta e quantidade adequada de combustível e no
tensão de saída do sensor. momento certo, a UCE deve saber a rotação
Nos casos em que o potenciômetro de do motor e a posição de cada cilindro.
dupla pista é empregado, uma das pistas é O sensor de rotação e PMS tem por
utilizada para o controle da marcha lenta. Esta finalidade gerar o sinal de rotação do motor e
pista tem um número maior de pontos a posição da árvores de manivelas. Já o sensor

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de fase tem a função de, combinado com o da placa, gerando uma diferença de potencial
sinal de rotação e PMS, permitir que a U.C.E. VH (tensão Hall) em direção perpendicular,
possa identificar o cilindro em ignição. Em tanto à corrente I como ao campo magnético.
casos específicos, no qual o sensor de fase está Na prática, o campo magnético é gerado por
gerando o sinal sobre o mesmo eixo que o um imã permanente, a corrente elétrica I por
sensor de rotação, o sensor de fase permitirá a uma tensão VV que deverá ser fornecida à
identificação do PMS. Em outros casos, o placa condutora e a condição de circuito
sensor de fase gera o sinal no eixo do comando aberto e fechado é obtida por uma armadura
de válvulas, o que permite a identificação do em forma de um copo com janelas ao longo
cilindro em ignição. de seu perímetro, ou então, faz-se uso de uma
Tanto o sensor de rotação e PMS como o roda dentada magnetizada, como no caso do
sensor de fase, podem ser baseado no princípio sensor indutivo.
da relutância magnética (indutivo) ou efeito
Hall.
Os sensores do tipo indutivo ou relutância
magnética constituem-se de um
encapsulamento contendo um imã permanente
e um enrolamento elétrico de cobre (indutor)
como pode ser visto na FIGURA 16. Seu
princípio de funcionamento está baseado na
força eletromotriz (f.e.m.) gerada devido à
variação de fluxo magnético no indutor, Figura 12: Efeito Hall. [MILHOR (2002)]
provocada pela passagem dos dentes e
cavidades da roda dentada, magnetizada, pelo Deve-se destacar que, nos sensores
sensor. A tensão gerada pelo sensor é comerciais, composto por um circuito
proporcional à rotação da roda dentada. integrado, a tensão Hall passa por um circuito
amplificador, antes de ser utilizado para o
processo em questão, como mostra a figura.
No caso ilustrado, a tensão de 12 volts será
obtida conectando-se um resistor entre a
alimentação e o ponto de saída do sensor
(saída em coletor aberto).

Figura 11: Sensor de rotação tipo indutivo.


[MILHOR (2002)]

Na figura, pode-se observar uma placa


condutora (Célula Hall) com propriedades
Figura 13: Configuração interna de um circuito
magnéticas e de espessura d, sendo percorrida integrado Hall. [MILHOR (2002)]
por uma corrente elétrica de controle I, e
estando esta placa submetida Várias configurações são utilizadas
perpendicularmente a um campo magnético B. tanto para o sensor de rotação e PMS, como
O campo magnético gera um fenômeno para o sensor de fase, incluindo diferentes
chamado de efeito Hall, que consiste num tipos de rodas dentada.
desvio da corrente elétrica I para um dos lados

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3.2.6 Sensor Detonação 3.3 Atuadores

O sensor de detonação consiste de um Define-se atuadores como sendo todos


transdutor piezoelétrico e é responsável por os componentes do sistema de controle
enviar um sinal elétrico à U.C.E. para que esta responsável por gerar uma ação sobre a
reconheça a ocorrência do fenômeno knocking. planta, a partir de um sinal de controle. Nos
Determinados materiais, quando sistemas de injeção eletrônica este sinal é de
deformados, geram uma carga elétrica. Este natureza elétrica (por exemplo, um pulso de
efeito é reversível, ou seja, se uma carga tenção com largura variável), resultado do
elétrica é aplicada, o material se deformará processamento realizado pela UCE. Nos
mecanicamente Estas ações são denominadas modernos sistemas de controle dos motores
efeito piezoelétrico. de combustão interna, os atuadores podem
variar tanto em número como em
características construtivas. Neste trabalho
serão descritos apenas os principais atuadores,
aqueles que são empregados em praticamente
todos os sistemas de controle de motores ciclo
Otto.

3.3.1 Válvulas eletromagnéticas injetoras


de combustível (VEIC)

As válvulas eletromagnéticas injetoras


Figura 14: Localização do sensor detonação. de combustível são dispositivos dosadores de
[MILHOR (2002)] combustível. Além deste tipo de atuador,
outros componentes podem ser utilizados para
O sensor de detonação é arranjado de tal esta função como carburador convencional e
forma que a ocorrência da detonação em eletrônico, válvulas injetoras mecânicas,
qualquer cilindro pode ser reconhecido sem válvulas piezoelétricas, entre outros. As
dificuldade e em qualquer condição. A posição VEICs se tornaram o dispositivo mais
de montagem, é geralmente no lado do bloco utilizado, dentre os outros tipos de válvulas,
do motor, como mostra a figura 14. devido às vantagens relacionadas à
A tensão elétrica gerada é resultado da confiabilidade e ao custo.
excitação do sensor . A figura 15, mostra o O princípio de funcionamento de uma
sinal de saída do sensor (curva c), sem a VEIC se baseia na válvula solenóide.
ocorrência de detonação (1) e com a
ocorrência de detonação (2). A curva “a”
representa a pressão no cilindro, enquanto a
curva “b” representa o sinal de pressão
filtrado.

Figura 16: Representação de uma válvula


eletromagnética injetora de combustível.
Figura 15: Sinal do sensor KS. [MILHOR (2002)] [MILHOR (2002)]

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Durante o estado de repouso, não há mistura ar-combustível tem a oportunidade de
passagem de corrente pela bobina, não havendo se inflamar. Após a ruptura da centelha a
portanto f.e.m., e desta forma, a mola de tensão se estabelece periodicamente como
retorno pressiona o conjunto válvula-armadura mostra a figura 17.
contra o assento, não permitindo a passagem do
combustível. Com a excitação pelo circuito de
potência, a bobina é energizada deslocando o
conjunto válvula-armadura no sentido de
fechar o circuito magnético (deslocamento
contrário à ação da mola) devido à f.e.m.
gerada, abrindo a passagem para o combustível
fluir.

3.3.2 Bobina de ignição

A função da bobina de ignição é gerar a


tensão alta requerida para provocar o
centelhamento na vela de ignição , cujo
objetivo é iniciar o processo de combustão da
mistura ar-combustível.
O funcionamento da bobina de ignição
baseia-se na lei da indução, consistindo de dois Figura 17: Tensão na vela de ignição.
enrolamentos de cobre acoplados [MILHOR (2002)]
magneticamente (enrolamento primário e
secundário). A energia armazenada no
São aplicadas diferentes configurações
enrolamento primário, por um sinal de baixa
quanto à forma de se transmitir o sinal do
tensão, é transformado em um sinal de alta
secundário às velas de ignição e ao número de
tensão na saída do secundário. A relação entre
bobinas disponíveis, tais como, bobina
os sinais é função da relação do número de
simples com distribuidor de tensão
espiras entre os enrolamentos. Nos sistemas
(distribuição rotativa), bobina de ignição com
controlados eletronicamente, a energização e
uma saída de tensão para cada cilindro
posterior corte do primário é realizado por um
(distribuição estática) entre outras.
transistor, que atuando como uma chave, fecha
o circuito de alimentação do primário até que
se tenha energia suficiente para suprir a
3.3.3 Corretor da marcha lenta
demanda. O período em que o primário é
energizado (denominado de ângulo de
O controle da marcha lenta visa manter
permanência) é controlado, juntamente com o
a rotação do motor o mais estável possível,
avanço, pelo sistema de controle da ignição.
quando o pedal do acelerador não está sendo
Geralmente a tensão fornecida pelo secundário
acionado e a rotação do motor é baixa,
é da ordem de 30 kV, garantindo assim, que a
fazendo a compensação necessária na mistura
tensão de ruptura da vela de ignição seja
ar-combustível e no avanço da ignição,
alcançada e se tenha uma combustão eficiente.
estando o motor frio, quente, ou sob uma
No momento da ignição, a tensão nos
demanda de carga como o ar condicionado.
eletrodos da vela de ignição sobe abruptamente
Existem duas maneiras de se realizar o
de zero até a tensão disruptiva (tensão elétrica
controle da mistura ar-combustível durante a
de ignição). Lançada a centelha, a tensão na
marcha lenta. Uma delas é regulando a
vela de ignição cai até a tensão de combustão.
passagem de ar por um by-pass, permitido
Durante o período de duração da faísca a
que o ar seja admitido mesmo quando a

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borboleta de aceleração esteja completamente conversor catalítico de três estágios pode
fechada. Outra maneira é através do controle da reduzir a emissão de HC, CO e NOX em
abertura da borboleta de aceleração. mais de 90%, se o motor estiver sendo
No primeiro caso, costuma-se utilizar um operado em uma faixa muito estreita em torno
motor de passo, cujo eixo contém um da mistura ar-combustível estequiométrica,
obturador. De acordo com a estratégia de como mostra a figura 18. Este pequeno
controle, o motor de passo recua ou avança desvio, só pode ser mantido pelos modernos
permitindo a passagem de mais ar ou menos ar sistemas de injeção de combustível,
pelo by-pass, com o objetivo de manter a controlados eletronicamente. Por essa razão,
rotação estável. Já no segundo caso, utiliza-se o controle em malha fechada com
geralmente, um motor de corrente contínua sonda lambda, ou seja, a composição da
(motor DC) é utilizado. Atuando sobre o eixo mistura ar-combustível é continuamente
da borboleta de aceleração, o motor DC abre mantida dentro da faixa ótima, pelo controle
ou fecha parcialmente a borboleta de em malha fechada. Para isso, a exaustão deve
aceleração a partir de um sinal com largura de ser medida e a quantidade de combustível
pulso modulada (PWM) e com inversão de injetada, imediatamente corrigida, em função
polaridade. O motor DC tem a possibilidade de da medida realizada. A sonda lambda é
abrir a borboleta de aceleração até 20º utilizada como o sensor de realimentação.
aproximadamente. Esta gera uma tensão de ruptura exatamente
Além de controlar a quantidade de ar para em , fornecendo portanto, um sinal que
estabilização da marcha lenta, o corretor da mostra o quanto a mistura desvia do valor
marcha lenta também executa a função Dash- estequiométrico.
pot durante as desacelerações.
Outros atuadores, além dos descritos
anteriormente, podem ser utilizados em um
sistema de gerenciamento de motores a
combustão interna como válvula EGR, válvula
de purga do canister e outros mais, que não
serão descritos por não serem relevantes para o
desenvolvimento deste trabalho.

3.3.4 Tratamento do gás de exaustão

O controle em malha fechada através da


sonda lambda, em conjunto com o conversores
catalítico, é o mais eficiente método de
purificação dos gases de exaustão dos motores Figura 18: Faixa de controle da sonda lambda e
ICE disponível atualmente, não havendo ainda, redução da concentração de poluentes na exaustão.
outra alternativa capaz de obter algo próximo [MILHOR (2002)]
ao mesmo nível de emissão.
Operando em conjunto, os sistemas de O sensor de oxigênio (ou sonda lambda)
injeção e ignição permitem obter níveis muito mede no tubo de exaustão, de maneira
baixos de emissão de gases poluentes. No uniforme, o fluxo de exaustão de todos os
entanto, uma redução adicional, cilindros. O método de operação é baseado no
particularmente dos componentes prejudiciais, princípio de uma célula galvânica para
hidrocarbonetos não queimados, monóxido de concentração de oxigênio com eletrólito de
carbono e óxidos de nitrogênio, pode ser obtida estado sólido.
se um conversor catalítico for usado. O O eletrólito de estado sólido consiste de

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um corpo cerâmico compacto fechado em uma exaustão; por exemplo, com , restará entre
das extremidades. É construído com dióxido de 0,2 a 0,3 % de oxigênio em volume. A partir
zircônio e estabilizado com óxido de ítrio. As desta relação, torna-se possível o uso da
faces têm eletrodos em ambos os lados feitos concentração de oxigênio na exaustão como
de uma fina camada de platina permeável a uma medida da razão ar-combustível. A
gás. voltagem fornecida pela sonda lambda como
O eletrodo de platina, no lado de fora, age resultado da concentração de oxigênio na
como um pequeno conversor catalítico onde a exaustão, atinge valores entre 800 a 1000 mV
exaustão é submetida ao tratamento catalítico com mistura rica ,mas fica em torno de 100
conduzindo ao equilíbrio estequiométrico. No mV com mistura pobre . A transição entre a
lado exposto ao gás de exaustão, há uma faixa pobre e a rica permanece entre 450 e
camada de cerâmica porosa ( spinell layer) o 500 mV, como mostra a figura 20.
qual atua como uma proteção contra a Além da concentração de oxigênio na
contaminação. Um tubo de metal com uma exaustão, a temperatura do corpo cerâmico,
determinado número de fendas protege o corpo também é um fator importante, uma vez que
cerâmico contra choques mecânicos e térmicos. esta influencia a condutividade dos ions de
O espaço aberto interno está em contato com o oxigênio. Assim, a curva de tensão elétrica
ar atmosférico, o qual atua como um gás de fornecida como uma função de (curva
referência. “estática” do sensor) é fortemente
A figura 19, representa uma sonda influenciada pela temperatura. Além disso, o
lambda instalada na tubo de exaustão. tempo de resposta para uma mudança de
voltagem devido à uma alteração na
composição da mistura, também depende da
temperatura. Ao passo que, o tempo de
resposta, estando a cerâmica à uma
temperatura abaixo de 350 C, é da ordem de
segundos, em condições de temperatura ideal
de operação, em torno de 600 C, o sensor
responde em menos 50 ms. Por isso, o
controle em malha fechada através da sonda
lambda, passa a ser ativado somente quando
se atinge a temperatura mínima de operação
do sensor, ou seja, por volta de 350 C. Até
este ponto, o motor opera com controle em
malha aberta.
Figura 19: Representação da sonda lambda.
[MILHOR (2002)]

O material cerâmico usado pelo sensor, se


torna condutor a uma temperatura de 350 C. Se
a concentração de oxigênio for diferente entre
os dois lados do sensor, será gerada uma tensão
elétrica entre os eletrodos, servindo como uma
medida da diferença na concentração de ar
entre os dois lados do sensor. A quantidade de
oxigênio remanescente na exaustão de um
motor a combustão interna é fortemente
dependente da relação ar-combustível na
mistura fornecida ao motor. Desta forma, com Figura 20: Curva característica de uma sonda lambda
excesso de ar na mistura, restará uma operando a uma temperatura de 600C.
determinada concentração de oxigênio na [MILHOR (2002)]

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3.3.4.1 Sonda lambda aquecida

Com este sensor, a temperatura da


cerâmica, em condições de carga baixa do
motor (baixa temperatura da exaustão), é
determinada por um aquecedor elétrico, já em
condições de carga elevada, o aquecimento da
cerâmica é determinado pela temperatura da
exaustão. A sonda lambda com aquecimento
pode ser instalada à uma grande distância do
motor, de modo que, o problema de diminuição
da vida útil do sensor, devido à exposição a Figura 21: Esquema de um mapa de rotina de
elevadas temperaturas e por períodos longos, funcionamento. [MILHOR (2002)]
deixa de existir. Com o aquecimento interno, a
sonda tem um aquecimento mais rápido, de
modo que, de 20 a 30 segundos após o início 3.4.1 Dosagem de combustível
de funcionamento do motor, a temperatura de
operação já será alcançada e o controle em O processamento de dados na unidade de
malha fechada ativado. Pelo fato de que, a comando: A UCE, fabricada em técnica
sonda com aquecimento, sempre está operando analógica, sem memória física, processa os
na temperatura ideal, pode-se alcançar e manter sinais enviados pelos sensores e a partir destes
um baixo nível de emissão por mais tempo. determina o tempo de injeção, como medida
Desde que se tenham corretas condições de para a quantidade de combustível a ser
operação, a sonda lambda aquecida pode ter injetada. A unidade de comando abrange os
sua vida útil além dos 100 000 km. Porém, a grupos operacionais como formadores de
fim de se evitar danos, o motor deve ser pulsos e divisor de freqüência para a
operado com combustível livre de chumbo. elaboração do sinal de ignição, multivibrador
divisor de comando para formação do tempo
básico de injeção, estágio multiplicador para
3.4 Rotinas de funcionamento: adaptação do tempo básico de injeção às
diversas condições operacionais do motor e
Uma exigência básica para qualquer estágio final para comando das válvulas
sistema de controle, é que se conheça o sistema injetoras, em circuitos integrados.
a ser controlado. No caso dos motores de A unidade de comando fornece ainda um
combustão interna, o conhecimento do sistema sinal de saída de grande precisão sobre a
a ser controlado vem de um processo carga do motor, que pode ser utilizada
experimental denominado mapeamento. Este também por outros sistemas existentes no
processo é realizado em uma bancada veículo (por exemplo, para ajuste do ponto de
dinamométrica, e a partir das curvas de torque ignição em sistemas eletrônicos de ignição).
do motor, potência, consumo específico e nível Volume básico na região de carga
de emissões desejados, monta-se tabelas de parcial: A UCE define o tempo de injeção a
carga x rotação x ponto de ignição, carga x partir do sinal de volume de ar e sinal da
rotação x tempo de injeção, entre outras como rotação. Ambos os sinais são uma medida
temperatura do motor x tempo de injeção para a carga momentânea do motor (volume
(utilizada na partida do motor). Estas curvas de ar por curso do pistão), a partir da qual é
são armazenadas na memória da UCE em calculado o volume básico de combustível a
formas de tabelas que serão recuperadas ponto ser injetado que, conforme o regime de
a ponto, de acordo com as condições de funcionamento, está subordinado ainda a
operação do motor. Veja o exemplo de um outros fatores de correção.
mapa segundo uma situação específica: Partida a frio: Na partida a frio, a mistura
ar-combustível empobrece. Para compensar

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este empobrecimento e para facilitar a partida carga do motor, a unidade de comando
do motor a frio, deve ser injetada uma reconhece, a partir do sinal do medidor de
quantidade adicional de combustível no fluxo de ar, se existe uma condição de
momento da partida. Este maior volume de aceleração, enriquecendo a mistura. Este
injeção na partida é obtido, através de um enriquecimento depende da temperatura do
aumento no tempo de injeção e duplicação da motor.
freqüência de injeção das válvulas injetoras, ou Funcionamento com freio motor:
através de uma válvula adicional de partida a Mediante desligamento da alimentação de
frio, cujo tempo de ligação é limitado por um combustível com o uso do freio motor,
interruptor térmico de tempo, que trabalha em obtém-se nítida economia de combustível
função da temperatura e do tempo. O maior (cut-off), não somente em descidas de serras,
volume injetado no motor por ocasião da mas também no tráfego urbano, com total
partida a frio é limitado pela rotação, pela segurança. Os dados para a realização deste
temperatura e pelo tempo. parâmetro provém do potenciômetro da
Fase de aquecimento do motor e ar quente: borboleta, e da rotação do motor, que é
Após a partida, o motor frio precisa em um medida através do sistema de ignição.
curto período de tempo, de um enriquecimento Correção de altitude: A menor
adicional da mistura ar-combustível, para que densidade do ar em pontos mais elevados
seja assegurado um funcionamento “redondo” (serras) requer uma redução na quantidade de
do motor. A função de enriquecimento na fase combustível. A correção de altitude é feita por
de aquecimento do motor foi projetada de tal um sensor que detecta a pressão do ar. O
modo que assegura uma perfeita aceleração em sensor emite uma tensão como função da
todas as temperaturas com simultânea redução altitude para a UCE, que então com base nesta
no volume de combustível injetado. O informação altera o tempo de injeção.
enriquecimento após a partida, é comandado Limitação da rotação: A alimentação de
em função do tempo, e o enriquecimento combustível pode ser bloqueada para
durante a fase de aquecimento do motor é limitação da rotação máxima do motor. Esta
comandado em função da temperatura do função pode ser incorporada ao sistema para
motor. aumentar a vida útil dos motores, evitando
Marcha - lenta: 0 adicionador de ar, seu sobre-giro, processo que danifica o motor
fornece ao motor, contornando a borboleta de irreversivelmente. Esta função também pode
aceleração, um volume de ar adicional. Assim, ser usada em países que possuem regras
o motor frio recebe uma maior quantidade de rígidas com respeito ao controle de
mistura tal, que a rotação de marcha-lenta é velocidade de veículos automotivos leves em
mantida apesar do atrito mais elevado. Um auto-estradas.
bimetal eletricamente aquecido comanda a Na tabela podemos verificar a estratégia
seção transversal da abertura do adicionador de que é desenvolvida por alguns sensores
ar. conforme regime de funcionamento:
Plena carga: Em regime de plena carga, a
mistura de ar-combustível deve ser enriquecida
em relação à mistura em regime de carga
parcial. O quanto esta mistura deve ser
enriquecida é programado na UCE, em função
do tempo de injeção. A UCE recebe a
informação “plena carga” via interruptor da
borboleta de aceleração conectado a borboleta
de aceleração.
Aceleração: Para obter uma boa passagem
da marcha - lenta para a aceleração, deve
ocorrer um enriquecimento na variação da

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(marcha lenta, cargas parciais e plena carga),
por intermédio do interruptor da borboleta.
Grandezas de medição para adaptação fina:
Para se otimizar a dirigibilidade, pode-se
levar em consideração, outros regimes de
funcionamento e outras influências na
dosagem do combustível, comportamento de
transição nas acelerações, limitação de
rotação máxima e operação com freio motor
são realizados através dos sensores já
mencionados. Nestes regimes de funcio-
namento os sinais destes sensores tem entre si
uma determinada correlação. Esta correlação
é reconhecida pela unidade de comando que
atua então de modo adequado nos sinais de
comando para válvulas de injeção.

Tabela 2: características de operação. 3.4.2.1 Particularidades da coleta de


[MILHOR (2002)] informações:

Volume de ar aspirado: Através da


3.4.2 Grandezas de Medições e Regime de palheta sensora do medidor de fluxo de ar, é
Funcionamento medido o volume total de ar aspirado pelo
motor. O princípio de medição baseia-se na
Dentro do aspecto das grandezas de medição da força desenvolvida pelo ar
medição e regime de funcionamento, observa- aspirado sobre a palheta sensora. A um
se que as grandezas de medição representativas determinado volume de ar, ajusta-se uma
do regime de funcionamento do motor, podem determinada posição angular. A palheta
ser diferenciadas de acordo com o seguinte sensora atua sobre o cursor do potenciômetro,
esquema: que emite um sinal de tensão correspondente
Grandezas de medição principais: As ao ângulo da palheta sensora, enviando este
grandezas principais são a rotação do motor e a sinal à UCE.
quantidade de ar aspirada pelo motor. A partir O volume de ar aspirado serve, além da
destas duas, é determinada a quantidade de ar rotação, como grandeza principal de comando
por curso do pistão, a qual serve como medida para a formação do sinal de carga da
direta para o regime de carga do motor.; quantidade básica de injeção.
Grandezas de medição para adaptação: Para A medição do volume de ar considera
regimes de funcionamento do motor que diversas variações no regime de
divergem do regime normal, a mistura deve ser funcionamento do motor que podem
adaptada para estas condições. Trata-se desenvolver-se durante sua vida útil, como
principalmente dos seguintes regimes de por exemplo desgaste e alteração na
funcionamento; partida a frio, fase de regulagem das válvulas. Como o volume de ar
aquecimento e adaptação de carga. A captação aspirado deve passar primeiramente pelo
para as fases de partida a frio e de aquecimento medidor de fluxo de ar antes que chegue à
é realizada através de sensores, que informam à câmara de combustão, o sinal do medidor de
unidade de comando a temperatura do motor. fluxo de ar adianta-se ao enchimento real do
Para a adaptação, aos diversos regimes de cilindro com ar. Isto permite a qualquer
carga a unidade de comando recebe as instante a formação correta da mistura ar-
informações das diversas faixas de carga combustível em caso de variação da carga.

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Rotação: A informação sobre a rotação e Bibliografia
disparo do impulso de injeção é fornecida pelo
sistema de ignição e enviada à unidade de MILHOR, Carlos Eduardo; Sistema de
comando. desenvolvimento para controle eletrônico dos
Temperatura do motor: O sensor de motores de combustão interna; Dissertação de
temperatura no circuito de água de Mestrado – Escola de Engenharia se São
refrigeração do motor mede a temperatura do Carlos – Universidade de São Paulo, 2002.
motor e emite um sinal elétrico para a unidade BRUNELLI – Rafael Rogério; Estudo
de comando. sobre os sistemas de gerenciamento de
Regime de carga: O reconhecimento dos motores automotivos e sobre o uso do gás
dois regimes de funcionamento do motor, natural veicular, trabalho de conclusão curso
marcha lenta e plena carga, é importante para o superior em Engenharia Mecânica,
enriquecimento da mistura em regime de plena Universidade de Caxias do Sul, 2000.
carga e para o desligamento em caso de BOSCH; Catálogo Injeção Eletrônica
funcionamento com freio motor. A fim de 2001;
satisfazer os diferentes critérios de otimização CÂMARA; Julio César Chaves;
da mistura para estes dois regimes de Monitoramento eletrônico da mistura
funcionamento, o interruptor da borboleta de ar/combustível em motores de combustão
aceleração emite o sinal “marcha lenta” e interna ciclo Otto, Dissertação de Mestrado –
“plena carga”, para a UCE. O potenciômetro da Universidade Federal da Bahia, Bahia 2006.
borboleta, é instalado em contato direto com a
borboleta de aceleração, no corpo da admissão
de ar e combustível do sistema.
Tensão da bateria: O tempo que a válvula
de injeção leva para abrir e fechar depende da
tensão da bateria. Para compensar o retardo no
tempo de abertura das válvulas de injeção, a
unidade de comando corrige as variações na
tensão da bateria através de alteração dos
tempos de injeção de combustível.

Figura 22: Esquema representativo do funcionamento de


uma unidade de comando eletrônico (UCE).
[BRUNELLI (2000)]

A partir das várias informações referentes


ao comportamento do sistema, decisões
referentes ao regime de funcionamento são
tomadas e implementadas através do programa
existente para cada faixa de funcionamento.

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